Você está na página 1de 53

FEUP – MIEQ – Análise Matemática II Caderno de exercícios (resoluções)



10. FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS: DERIVADAS PARCIAIS


10.1. Derivadas parciais
10.2. Diferencial de funções de duas ou mais variáveis
10.3. Derivação de funções compostas de duas ou mais variáveis
10.4. Derivação de integrais em ordem a um parâmetro
10.5. Funções implícitas e a sua derivação
10.6. Máximos e mínimos de funções de duas ou mais variáveis
10.7. Derivada direcional e gradiente
10.8. Máximos e/ou mínimos com restrições: método dos multiplicadores de
Lagrange


Caderno de exercícios (Resoluções) 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

10.1. Derivadas parciais

1. Comente as seguintes afirmações referindo se são verdadeiras ou falsas:


a) Se P = f (T , V ) é uma função que exprime P (em bar) como função da temperatura T (em °C)

∂P kg
e o volume (em m3), então tem unidades 2 4 ;
∂V s m
∂f ∂f
b) Para f ( x, y ) , tem as mesmas unidades que ;
∂x ∂y

∂f
c) A derivada parcial não está definida nos casos em que y não aparece explicitamente na
∂y
fórmula de f, tal como em f ( x, y ) = x2 + x +5;

d) Seja P = f ( n, c ) o preço (em €) de um automóvel usado com n quilómetros e c o seu custo

∂P ∂P
quando novo. Então e têm o mesmo sinal.
∂n ∂c
Resolução:
kg
a) Recorde-se que bar tem unidades de Pascal [=] (P = F/A e F = ma …).
s2m

Portanto
∂P
[=]
kg / s 2 m ( )kg
[=] 2 4 . Portanto aquelas unidades estão corretas;
∂V m 3
s m

b) A afirmação não é, em geral, correta. Apenas no caso particular de x e y terem as mesmas


unidades;
∂f
c) Não é verdade. Nestas circunstâncias = 0;
∂y

d) Sabe-se que o preço do automóvel usado diminui com os quilómetros (com n) e aumenta com
∂P ∂P
o custo quando novo (com c). Ou seja, <0e > 0, logo aquela afirmação está errada.
∂n ∂c
2. Obtenha uma estimativa de fx(2, 6) com base nas curvas de nível de f ( x, y ) representadas na

figura junta. f (3) = 13.2


f (1) = 14.9
y 8
16
14
6
12
10
4 8
6
2
4

2 4 6 8 x 10
1 3


Caderno de exercícios (Resoluções) 10.1. Derivadas parciais 10.1. 2
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

Resolução:
Podemos ler no gráfico (por interpolação gráfica), para um intervalo em x centrado em x = 2 (y
= 6, const), f (1) = 14.9 e f (3) = 13.2. Usando a definição:
f ( 2 + h ,6 ) − f ( 2 − h ,6 ) f (3,6) − f (1,6) 13.2 − 14.9
fx(2, 6) = lim ≈ ≈ = − 0.9.
h→0 2h 3 −1 3 −1
3. Use o gráfico da função f ( x, y ) (na figura abaixo) no domínio 0 ≤ x ≤ 4 ∧ 0 ≤ y ≤ 4 para ordenar

por ordem decrescente os seguintes valores: fx(3, 2), fx(1, 2), fy(3, 2), fy(1, 2), 0.

y
x
Resolução:
fy(1, 2) > fy(3, 2) > 0 > fx(3, 2) > fx(1, 2).

4. A temperatura (em °C) no ponto (x, y) de uma placa metálica plana é dada pela função T(x,
y) = x3 + 2y2 + x. Determine a taxa de variação da temperatura quando, a partir do ponto (1, 2),
se move:
a) Para a direita numa direção paralela ao eixo Ox;
b) Para cima, numa direção paralela ao eixo Oy;
c) Esboce T(x, y) na vizinhança de (1, 2).
Resolução:

( )
a) ∂T (1,2) = 3 x 2 + 1 ( x,y )= (1,2 ) = 4ºC/u. de comprimento;
∂x

b) ∂T (1,2 ) = 4 y ( x,y )= (1,2 ) = 8ºC/u. de comprimento;


∂y

c) Na vizinhança de (1, 2) podemos aproximar T(x, y) pelo plano tangente à superfície neste
ponto: Tp = 10 + 4(x – 1) + 8(y – 2).
z

∡=4 ∡=8
(1, 2, 10)

y
x

Caderno de exercícios (Resoluções) 10.1. Derivadas parciais 10.1. 3
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

5. Calcule fx, fy e fz das seguintes funções:
a) f ( x, y, z ) = z xxy; b) f ( x, y, z ) = z ln(x2y cos z);
 xz   1 
c) f ( x, y, z ) = y−3/2 sec   ; d) f ( x, y, z ) = arctg  2 3  ;
 xy z 
 y  
 z 
e) f ( x, y, z ) =arcsen   ; f) f ( x, y, z ) = cosh z senh2(x2yz).
 xy 
Resolução:
∂f
a) = z(xy xxy–1 + yxx ln x) = z(y xxy + yxxyln x);
∂x
∂f
= z xxxy ln x = z xxy+1 ln x;
∂y
∂f
= xxy;
∂z
∂f 2 z ∂f z ∂f
b) = ; = ; = ln(x2y cos z) – z tg z;
∂x x ∂y y ∂z
∂f  z   xz   xz   z   xz   xz 
c) = y−3/2   tg   sec   =   tg   sec   ;
∂x y  y  y 
5 / 2    y
  y    y  
∂f 3  xz   xz   xz   xz 
= − y−5/2 sec   –      
∂y  y 2  tg  y  sec  y  ;
2  y      
∂f  x   xz   xz   x   xz   xz 
= y−3/2   tg   sec   =  5 / 2  tg   sec   .
∂z  y  y   y y   y  y
1
− 2 2 3
d) ∂f = x y z = −
y2z3
;
∂x 1 + 1 1+ x2 y4z6
x2 y4z6
2
− 3 3
∂f xy z 2 xyz 3
= =− ;
∂y 1 1 + x2 y4z6
1+ 2 4 6
x y z
3
− 2 4
∂f xy z 3 xy 2 z 2
= =− ;
∂z 1 1 + x2 y4z6
1+ 2 4 6
x y z
z
− 2
∂f x y = z
e) = − ;
∂x z2 x x y2 − z2
2
1− 2 2
x y
z

∂f xy 2 z
= =− ;
∂y z 2
y x y − z2
2 2
1−
x2 y2


Caderno de exercícios (Resoluções) 10.1. Derivadas parciais 10.1. 4
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

1
∂f xy 1
= = ;
∂z z2 x y − z2
2 2
1− 2 2
x y
∂f
f) = 4xyz cosh z senh (x2yz) cosh(x2yz);
∂x
∂f
= 2x2z cosh z senh (x2yz) cosh(x2yz);
∂y
∂f 1
= 2x2y cosh z senh (x2yz) cosh(x2yz) – senh z senh2(x2yz).
∂z 2 z
∂2 f ∂2 f
6. Mostre que as seguintes equações satisfazem a equação de Laplace, + =0:
∂x 2 ∂y 2
a) f ( x, y ) = 5xy; b) f ( x, y ) =ex sen y + ey cos x;
y
c) f ( x, y ) = ln(x2 + y2); d) f ( x, y ) =arctg .
x
Resolução:
∂2 f ∂2 f
a) = 0; = 0;
∂x 2 ∂y 2
∂2 f ∂2 f
b) = ex sen y – ey cos x; = – ex sen y + ey cos x;
∂x 2
∂y 2

∂2 f 2 y 2 − 2x2 ∂2 f 2x2 − 2 y2
= ; 2 = ;
( ) ( )
c)
∂x 2 x2 + y2
2
∂y x2 + y 2
2

∂ f
2
2 xy ∂ f
2
2 xy
= =− .
(x ) (x )
d) ;
∂x 2 2
+y 2 2 ∂y 2 2
+ y2
2

∂2z ∂2z
7. Mostre que as seguintes equações satisfazem a equação da Onda, a 2 = :
∂x 2 ∂t 2
a) z = sen(x – at); b) z = cos(4x + 4at);
c) z = ln(x + at); d) z = sen(wat) sen(wx).
Resolução:
∂2z ∂2z
a) = – sen(x – at) ; = – a2 sen(x – at);
∂x 2
∂t 2

∂2z ∂2z
b) = – 16 cos(4x + 4at); = – 16a2 cos(4x + 4at);
∂x 2
∂t 2

∂2z 1 ∂2z a2
c) =− ; =− ;
∂x 2 ( x + at ) 2 ∂t 2 ( x + at ) 2

∂2z ∂2z
d) = –w2 sen(wat) sen(wx) ; = –a2 w2 sen(wat) sen(wx).
∂x 2 ∂x 2
∂y
8. Determine , i = 1, n, nos seguintes casos:
∂xi

Caderno de exercícios (Resoluções) 10.1. Derivadas parciais 10.1. 5
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

1/ n
 n 
a) y = cos(x1 + 2x2 + … + nxn); b) y = 
 ∑
xk 

.
 k =1 
Resolução:
∂y
a) = – i sen(x1 + 2x2 + … + nxn);
∂xi
1 / n −1
∂y 1  
n
b) = xk 
∂xi n  k =1  ∑ .

9. Seja f ( x, y, z ) = yex + x ln z. Verifique que fxz = fzx e que fzzx = fzxz = fxzz. Diga também como
exprime estas derivadas na notação com os “∂”.
Resolução:

fxz =
∂2 f
=

∂ z ∂ x ∂z
( 1
ye x + ln z = ;
z
) fzx=
∂2 f
=
∂ x 1
 = ;
∂ x ∂ z ∂x  z  z

∂3 f ∂  ∂ 2 f  x 
 −  = − 1 ;
fzzx = =
∂x∂z 2 ∂x  ∂z 2  z 2 
 z2

∂3 f ∂ ∂ x 1
fzxz = =  =− 2 ;
∂z∂x∂z ∂z ∂x  z  z

fxzz =
∂3 f
=
∂z ∂x ∂z
2
∂2
2
( 1
ye x + ln z = − 2 .
z
)
10. Mostre que, sendo u(x, y) e v(x, y) funções que satisfazem as equações de Cauchy-Riemann, isto
∂u ∂v ∂u ∂v
é, que = ∧ =− , então u, v e (u + v) satisfazem a equação de Laplace (ver problema 3).
∂x ∂y ∂y ∂x

Resolução:

∂ 2u ∂ 2v ∂ 2u ∂ 2v ∂ 2v ∂ 2v ∂ 2u ∂ 2u
De facto, já que = ∧ 2 =− e como = ⇒ 2 + 2 = 0;
∂x 2 ∂x∂y ∂y ∂y∂x ∂x∂y ∂y∂x ∂x ∂y

∂ 2v ∂ 2u ∂ 2 v ∂ 2u ∂ 2v ∂ 2v
Também: =− ∧ 2 = ⇒ 2 + 2 = 0;
∂x 2 ∂x∂y ∂y ∂y∂x ∂x ∂y

∂ 2 (u + v ) ∂ 2u ∂ 2v ∂ 2 (u + v ) ∂ 2u ∂ 2v
Quanto a (u + v), como = + ∧ = + ⇒
∂x 2 ∂x 2 ∂x 2 ∂y 2 ∂y 2 ∂y 2

∂ 2 (u + v ) ∂ 2 (u + v )
⇒ + = 0.
∂x 2 ∂y 2


Caderno de exercícios (Resoluções) 10.1. Derivadas parciais 10.1. 6
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

10.2. Diferencial de funções de várias variáveis

1. Em cada caso, verifique que a aproximação linear local no ponto indicado é a apresentada:
2x + 1
a) ex sen y ≈ y em (0, 0); b) ≈ 1 + 2x – y em (0, 0);
y +1
2x 2x − y − z + 2
c) ≈ em (1, 1, 1).
y+z 2

Resolução:
∂z ∂z
∆f ≈ df = z – z0 = ( x0 , y 0 ) (x – x0) + ( x0 , y 0 ) (y – y0) para z = f ( x, y ) :
∂x ∂y

∂z ∂z
a) z0 = 0; ( 0 ,0 ) = 0 ; (0,0) = 1 ⇒ ex sen y ≈ y à volta de (0, 0);
∂x ∂y

∂z ∂z 2x + 1
b) z0 = 1; ( 0 ,0 ) = 2 ; (0,0) = –1 ⇒ ≈ 1 + 2x – y à volta de (0, 0);
∂x ∂y y +1

∂z ∂z
∆f ≈ df = w – w0 = ( x0 , y 0 , z 0 ) (x – x0) + ( x0 , y0 , z0 ) (y – y0) +
∂x ∂y
∂z
+ ( x0 , y 0 , z 0 ) (z – z0) para w = f ( x, y, z ) ;
∂z
∂z ∂z ∂z
c) w0 = 1; (1,1,1) = 1; (1,1,1) = – 1/2; (1,1,1) = – 1/2
∂x ∂y ∂z

2x 2x − y − z + 2
⇒ ≈ em (1, 1, 1).
y+z 2

x2 y2 z2
2. Mostre que a equação do plano tangente ao elipsoide + + = 1 no ponto P0(x0, y0, z0),
a2 b2 c2
xx0 yy0 zz0
z0 ≥ 0 é 2
+ 2
+ = 1.
a b c2
Resolução:

x2 y2 z2
+ + = 1 define z(x, y) implicitamente. A equação do plano tangente é:
a2 b2 c2
∂z ∂z
z = z0 + ( x0 , y 0 , z 0 ) (x – x0) + ( x0 , y0 , z0 ) (y – y0)
∂x ∂y
2x
∂z Fx 2 c 2 x0
onde =− = − a = − e
∂x Fz 2z a 2 z0
c2 ( x0 ,y 0 ,z 0 )

2y
∂z F 2 c 2 y0
= − b
y
=− = −
∂y Fz 2z b 2 z0
c2 ( x0 ,y 0 ,z 0 )


Caderno de exercícios (Resoluções) 10.2. Diferencial de funções de várias variáveis 10.2. 1
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

Substituindo:

c 2 x0 c 2 y0
z+ ( x − x0 ) + ( y − y0 ) = z0 multiplicando por z0 e dividindo por c2:
a 2 z0 2
b z0

zz 0 x0 y0 z 02
+ ( x − x0 ) + ( y − y0 ) = ⇒
c2 a 2
b2 c2

zz 0 xx0 yy0 z 02 x02 y02


⇒ + + = + +
c2 a2 b2 c2 c2 c2
Tendo em conta a equação do elipsoide, o lado direito da equação iguala a unidade:
zz 0 xx0 yy0
⇒ 2
+ 2
+ = 1 c.q.d
c a b2
3. Numa placa metálica aquecida de modo desigual, T(x, y) representa a temperatura no ponto (x,
y). Se T(2, 1) = 135, Tx(2, 1) = 16 e Ty(2, 1) = –15, estime a temperatura em (2.04, 0.97).

Resolução:
Usando a aproximação linear à volta de (x0, y0):
T(x, y) ≈ T(x0, y0) + Tx(x0, y0)(x – x0) + Ty(x0, y0)(y – y0)
Com (x0, y0) = (2, 1):
T(2.04, 0.97) ≈ 135 + 16(2.04 – 2) – 15(0.97 – 1) = 135 + 0.64 – 0.45 = 135.19.

4. Mostre que qualquer plano tangente ao cone z2 = a(x2 + y2) no ponto P0(x0, y0, z0) que não seja
o vértice, passa pelo vértice.

Resolução:
A equação do cone também é implícita: z2 – a(x2 + y2) = 0
ax0 ay
Assim, a equação do plano tangente é z = z0 + ( x − x0 ) + 0 ( y − y0 )
z0 z0

O vértice é a origem de coordenadas. Fazendo x = 0 ∧ y = 0:

éz=
(
z02 − a x02 + y02 )
= 0, ou seja, o plano passa na origem de coordenadas, como se queria
z0

demonstrar.

5. Suponha que f ( x, y , z ) é diferenciável no ponto (2, 1, −2) com f ( 2,1,−2) = 0, f x ( 2,1,−2) = –1,

f y (2,1,−2) = 1 e f z ( 2,1,−2) = –2. Obtenha o valor estimado de f (1.98,0.99,−1.97 ) .

Resolução:

f (1.98,0.99,−1.97 ) ≈ 0 –1(1.98 – 2) + 1(0.99 – 1) – 2(–1.97 –(–2)) = –0.05.


Caderno de exercícios (Resoluções) 10.2. Diferencial de funções de várias variáveis 10.2. 2
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

6. A lei dos gases perfeitos estabelece que a pressão, P, o volume, V, e a temperatura, T, de um gás
perfeito estão relacionados de acordo com PV = RT, onde R é uma constante. Estime a variação
percentual da pressão quando a temperatura do gás aumenta de 3% e o volume também
incrementado de 5%.

Resolução:
RT
R
ΔT − 2 ΔV
RT R RT Δ P
P = ⇒ ΔP ≈ ΔT + − 2 ΔV ⇒ ≈ V + V ⇒
V V V P RT RT
V V
ΔP ΔT ΔV ΔP
⇒ ≈ + − ⇒ ≈ 0.03 + 0.05 = 0.08 ou 8%.
P T V P

7. A equação de estado de van der Waals relaciona a pressão, P, com o volume, V, a temperatura,
T, de uma certa quantidade, n, de um gás:
 2 
 P + n a (V − b) = nRT
 V 2 

Para a, b, n e R constantes, determine uma aproximação linear que lhe permita determinar a
variação de pressão, ∆P = P – P0, que resulta de uma variação de temperatura, ∆T = T – T0, e de
uma variação de volume, ∆V = V – V0.

Resolução:

 ∂P   ∂P 
Por linearização à volta de à volta de (P0, T0, V0): ∆P =   ∆T +   ∆V
 ∂T T0 ,V0  ∂V T0 ,V0

Como é possível explicitar a equação de estado em ordem a P, as derivadas PT e PV são calculadas

nRT n2a
de imediato. Tem-se que P = − 2 ⇒
(V − b) V

 ∂P  nR  ∂P  nRT0 2n 2 a
donde   = e  =− +
 ∂T T0 ,V0 (V0 − b)  ∂V T0 ,V0 (V0 − b) 2 V03

 2 
⇒ ∆P =
nR
∆T +  − nRT0 + 2n a ∆V .
(V0 − b)  (V − b) 2 V03 
 0

8. Suponha que as quantidades medidas x e y podem ter erros associados de r% e s%,


respetivamente. Para cada uma das seguintes funções de x e y estime o erro máximo que pode
afetar o valor calculado de z:

a) z = xy; b) z = x/y; c) z = x2y3; d) z = x3 y .

Resolução:
Estão em causa erros relativos.

Caderno de exercícios (Resoluções) 10.2. Diferencial de funções de várias variáveis 10.2. 3
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

∆z y∆x x∆y ∆z ∆x ∆y
a) ∆z = y ∆x + x ∆y ⇒ ≈ + ⇒ ≈ + = r% + s%;
z xy xy z x y
∆x x ∆z ∆x / y x / y2 ∆z ∆x ∆y
b) ∆z ≈ + − 2 ∆y ⇒ ≈ + − ∆y ⇒ ≈ + = r% + s%;
y y z x/ y x/ y z x y
∆z 2 xy3 3x 2 y 2 ∆z ∆x ∆y
c) ∆z ≈ 2 xy 3∆x + 3 x 2 y 2 ∆y ⇒ ≈ 2 3 ∆x + 2 3 ∆y ⇒ ≈ 2 + 3 =
z x y x y z x y
= 2r% + 3s%;
x3
x3 ∆z 3 x 2 y ∆z
2 y ∆x 1 ∆y
d) ∆z ≈ 3x 2 y ∆x + ∆y ⇒ ≈ 3 ∆x + 3 ∆y ⇒ ≈ 3 + =
2 y z x y x y z x 2 y
= 3r% + ½ s%.
9. O período de um pêndulo (o tempo que decorre entre duas passagens sucessivas pela mesma

posição), T, é calculado por T = 2π L / g . Pretende-se usar o pêndulo para calcular a aceleração

da gravidade, g, num certo local. Determine o erro relativo máximo que pode afetar o resultado
deste cálculo se o erro do valor medido para o período, T, e para o comprimento, L, for de 1% e
0.5%, respetivamente.
Resolução:

4π 2 L 4π 2 8π 2 L
g= ⇒ ∆g = ∆L + − ∆T ⇒
T2 T2 T3

∆g 4π 2 / T 2 8π 2 L / T 3 ∆g ∆L ∆T
⇒ = ∆L + − ∆T ⇒ = + −2 =
g 4π L / T
2 2
4π L / T
2 2
g L T

= 0.5 + 2 × 1.0 = 2.5%.

10. Um fluido atravessa um tubo de 1m de comprimento com um raio r = 0.005 ± 0.00025m sob uma
pressão p=105 ± 1000Pa, a um caudal volúmico v= 0.625 × 10−9m3/s. Estime o erro máximo que

π p r4
se comete ao calcular a viscosidade, η, do fluido através da equação v = .

Resolução:

π p r4  ∂η   ∂η  π r4 4π p r3
η = ⇒ |∆η | =   ∆p +   ∆r = ∆p + ∆r =
8v  ∂p   ∂r  8v 8v

=
(
π  5 × 10-3 )
4
1000 +
(
4 × 105 × 5 × 10-3 )
3 
25 × 10−5  Pascal × m =
8  625 × 10-12 625 × 10-12 
 

π 4 
= 1000 + 1000 = 225π Pa × m .
8 5 

11. Refira, justificando se são verdadeiras ou falsas as seguintes afirmações:


Caderno de exercícios (Resoluções) 10.2. Diferencial de funções de várias variáveis 10.2. 4
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

a) A linearização local de f ( x , y ) = x2 + y2 em qualquer ponto (x, y) conduz a uma estimativa por

excesso do valor da função;

b) Se duas funções f e g têm o mesmo diferencial em qualquer ponto (x, y) do seu domínio, então
f = g;

c) df = 0 ⇔ f = const;

d) Fazendo zoom para suficientemente perto do ponto (a, b) no diagrama com as curvas de nível
de f, as curvas de nível serão exatamente paralelas e igualmente separadas.

Resolução:

a) É falsa, antes pelo contrário. Em qualquer ponto (x, y) a estimativa que se obtém por
linearização tem um valor menor que o valor verdadeiro da função. É uma estimativa por
defeito. Percebe-se que assim é se verificarmos que o gráfico desta função é um paraboloide
circular de concavidade virada para cima. A linearização em qualquer ponto é traduzida pelo
plano tangente. Este plano tangente encontra-se sempre abaixo da superfície z = f ( x , y ) . Mas
esta observação geométrica pode ser complementada por uma demonstração algébrica:

A aproximação fp(x, y) à função f ( x , y ) = x2 + y2 à volta de (x0, y0) é:

fp(x, y) = x02 + y02 + 2x0∆x + 2y0∆y (∆x = x – x0; ∆y = y – y0)

O valor real da função no ponto (x, y) é:

f ( x , y ) = (x0 + ∆x)2 + (y0 + ∆y)2 = x02 + 2x0∆x + (∆x)2 + y02 + 2y0∆y + (∆y)2

Verifique pois que f ( x , y ) – fp(x, y) = (∆x)2 + (∆y)2

que é sempre positivo, ou seja f ( x , y ) > fp(x, y) ∀(x, y).

b) É falsa. Se o diferencial de f ( x , y ) é df = P(x, y)dx + Q(x, y)dy, então todas as funções (ou

família de funções) f ( x , y ) = ∫ P( x, y) dx + C (ou f ( x, y ) = ∫ Q( x, y) dy + C ) têm o mesmo


diferencial;

c) É falsa. A implicação f = const ⇒ df = 0 é verdadeira, mas a contrária não se verifica. A não ser
que fosse referido que df = 0, ∀(x, y), ou em qualquer ponto do domínio no caso de se tratar
de funções de mais de duas variáveis. Não sendo o caso, df pode ser nulo num número finito
de pontos (no caso de funções de duas variáveis são pontos onde o plano tangente é
horizontal) mas não significa que f = const.


Caderno de exercícios (Resoluções) 10.2. Diferencial de funções de várias variáveis 10.2. 5
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

d) É falsa. Comece-se por perceber que curvas de nível exatamente paralelas e igualmente
espaçadas ocorrem apenas para funções lineares. Logo a afirmação é desde logo falsa porque
aquela característica das curvas de nível não depende do zoom. Porém, é certo que quando
ampliamos suficientemente a escala junto do ponto (a,b), significa que consideramos uma
vizinhança cada vez mais próxima daquele ponto e, portanto, uma aproximação linear é cada
vez mais precisa. Nessas circunstâncias, as curvas de nível tendem a ser “mais paralelas” e
“mais igualmente espaçadas”, mas nunca serão exatamente paralelas e igualmente espaçadas.


Caderno de exercícios (Resoluções) 10.2. Diferencial de funções de várias variáveis 10.2. 6
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

10.3. Derivação de funções compostas de duas ou mais variáveis
1. Em cada caso, utilize a regra de derivação em cadeia (ou regra de derivação de funções
compostas) para calcular as derivadas da variável dependente em ordem a todas as variáveis
independentes:

ye y
a) Se w = w(x, y) com y = y(x). Aplique na situação em que w = e y = sen x;
x
b) Se w = w(y, z) com y = y(x) e z = z(x). Aplique na situação em que w = z cos y onde y
2
= sen x e z = e x ;
x− y
c) Se w = w(x, y), com x(u, v) e y(u, v). Aplique em w = , se x = uv e y = u/v;
x+ y

x− y x+ y
d) Se w = w(u, v, x, y), com x(u, v) e y(u, v). Aplique em w =u +v , se x = uv e y
x+ y x− y

= u/v;
e) Se w = w(x1, x2, …, xn, y1, y2, …, ym), com cada um dos yi = yi(x1, …, xn). Verifique que todos
os casos possíveis de funções compostas são apenas casos particulares desta situação mais
1/ n 1/ m
 n   m 
geral. Aplique para o caso de w = 
 ∑ xk 


 ∑ yj 

se yj = cos j(x1 + 2x2 …+ nxn) .
 k =1   j =1 
Resolução:
dw ∂w ∂w dy ye y
a) = + ⇒ dw = − 2 + 1 (e y + ye y ) cos x ;
dx ∂x ∂y dx dx x x

dw ∂w dy ∂w dz 2
b) = + ⇒ dw = − z sen y cos x + 2 x e x cos y ;
dx ∂y dx ∂z dx dx

∂w ∂w ∂x ∂w ∂y ∂w 2y 2x 1
c) = + ⇒ = v − ;
∂u ∂x du ∂y ∂u ∂u ( x + y )2 (x + y ) 2
v

∂w ∂w ∂x ∂w ∂y ∂w 2y 2x u
= + ⇒ = u + ;
∂v ∂x dv ∂y ∂v ∂v (x + y )2 (x + y ) 2
v2

∂w ∂w ∂w ∂x ∂w ∂y
d) = + + ⇒
∂u ∂u ∂x du ∂y ∂u

∂w x − y  2 y 2y   − 2x 2x 1
⇒ = + u − vv +  u + v ;
∂u x + y  ( x + y )2
(x − y )   (x + y )
2 2
(x − y )2 v
 
∂w ∂w ∂w ∂x ∂w ∂y
= + + ⇒
∂v ∂v ∂x dv ∂y ∂v

∂w x + y  2 y 2y   − 2x 2x  u 
⇒ = + u − v u +  u + v  − 2  ;
∂v x − y  ( x + y )2
(x − y )   (x + y )
2 2
(x − y )  v 
2


Caderno de exercícios (resoluções) 10.3. Derivação de funções compostas de duas ou mais variáveis 10.3. 2
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

e) É a situação geral na medida em que contempla a situação em que, na fórmula da
função w, surgem não apenas as variáveis intermédias, y, mas também as variáveis
independentes, x. Portanto:

∂w ∂y j
m
∂w  ∂ w 
=  +
∂xi  ∂xi  y ∑ ∂y
j=1 j ∂xi
j

 ∂w 
(no caso, particular, de só surgirem as variáveis intermédias, y, o termo   seria
 ∂xi  y j

nulo). Assim:
1− n  1− m 
n  m 
∂w 1      n   n 
n m m
1  m
=
∂xi n  ∑ xk 


∑ yj –
 ∑ m ∑ yk 

j cos 
j −1
 ∑ kx x  i sen 
  ∑ kxk   .

 k =1   j =1  j =1   k =1   k =1   k =1 
 
2. A equação de van der Waals estabelecendo a relação P-V-T de um gás é a seguinte:

 1 
 P + 2 (V − b) = k T , onde k, a e b são constantes.
 V 
Admitindo que o gás atravessa um processo transiente (em que as propriedades estão sujeitas a
dT dP
alterações com o tempo, t), escreva a expressão que lhe permite calcular em temos de ,
dt dt
dV
, P e V.
dt
Resolução:
A situação é relativamente simples porque se pode explicitar a equação em ordem a T:
1 1 
T =  P + 2 (V − b)
k V 
Assim, temos uma situação em que T = T(P, V) com P = P(t) e V = V(t). Portanto:
dT ∂T dP ∂T dV
= +
dt ∂P dt ∂V dt

dT V − b dP 1  b − V   1   dV .
Ou seja: = +  2 3  +  P + 2  
dt k dt k  V   V   dt

x = t
3. Um móvel desloca-se sobre a curva C dada pelas equações  2 . Se z = x + y , determine
2 2
 y = −t
dz
(sendo s o comprimento do arco) sobre a curva C no ponto P = (2, –4).
ds
Resolução:
Tem-se que z = z(x, y) onde x = x(t) e y = y(t) e, por fim, t = t(s). Logo:


Caderno de exercícios (resoluções) 10.3. Derivação de funções compostas de duas ou mais variáveis 10.3. 3
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

dz  ∂z dx ∂z dy  dt
=  +  (*)
ds  ∂x dt ∂y dt  ds
Recorde-se que o comprimento de arco é definido como sendo: (∆s)2 = (∆x)2 + (∆y)2

 ∆ x  2  ∆ y  2 
que multiplicando e dividindo por (∆t)2: (∆s )2 =   +    (∆t )
2
 ∆ t   ∆ t  
rearranjando e tomando o limite quando ∆t → 0:

 ∂z dx ∂z dy 
 + 
dt 1 dt  ∂x dt ∂y dt 
= , que substituindo em (*): =
ds 2 2 ds 2
 dx   dy 
2
 dx   dy 
  +    + 
 dt   dt   dt   dt 
dt 2 x − 4 zy
Calculando as derivadas e substituindo: =
ds 1 + 4t 2
dt 36
No ponto P = (2, –4) ⇒ t = 2 ⇒ = .
ds 17
dw
4. Seja w = w(x, y) onde x = x(t) e y = y(t). Tendo em atenção que é agora uma função de t, x(t)
dt
e y(t), w’(t, x, y):
2 2
d 2w ∂w d 2 x ∂w d 2 y ∂ 2 w  dx  ∂ 2 w  dx  dy  ∂ 2 w  dy 
a) Mostre que: = + +   + 2    +  
dt 2 ∂x dt 2 ∂y dt 2 ∂x 2  dt  ∂x∂y  dt  dt  ∂y 2  dt 

d 2w d  dw   ∂ ∂  dx  ∂  dy  dw 
 = +  +    ;
dt  dt   ∂t ∂x  dt  ∂y  dt  dt 
nota: verifique que =
dt 2

d 2w
b) Calcule para w = xy, com x = t2 e y = t + 1 de 3 maneiras diferentes: i) por
dt 2
dw
substituição de x(t) e y(t) em w; ii) Derivando em ordem a t; iii) Usando a expressão
dt
dada na alínea anterior.

Resolução:
dw ∂w dx ∂w dy ∂w
a) = + é, para além de uma função de x e y que surgem em ∂w e ,
dt ∂x dt ∂y dt ∂x ∂y

d 2w
uma função de t, que surge em dx e dy . Para obter 2 derivamos em ordem a t a
dt dt dt
dw
função = w’(t, x, y). Esta derivada em ordem a t, nestas condições, implica derivar em
dt
dx
ordem a t (mantendo x e y constantes) e derivar em ordem a x e y, multiplicados por e
dt
dy
, respetivamente. Isto é:
dt


Caderno de exercícios (resoluções) 10.3. Derivação de funções compostas de duas ou mais variáveis 10.3. 4
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

d  dw   ∂ ∂  dx  ∂  dy    dw   ∂ ∂  dx  ∂  dy    ∂w dx ∂w dy 
  =  +   +    =  +   +     +  .
dt  dt   ∂t ∂x  dt  ∂y  dt    dt   ∂t ∂x  dt  ∂y  dt    ∂x dt ∂y dt 

Usando a propriedade distributiva:

d  dw  ∂  ∂w dx ∂w dy   dx  ∂  ∂w dx ∂w dy   dy  ∂  ∂w dx ∂w dy 
 =  + +    + +    + 
dt  dt  ∂t  ∂x dt ∂y dt   dt  ∂x  ∂x dt ∂y dt   dt  ∂y  ∂x dt ∂y dt 

A derivada que constitui a primeira parcela obtém-se tendo em conta que t surge
dx dy
apenas em e :
dt dt

∂  ∂w dx ∂w dy  ∂w d 2 x ∂w d 2 y
 + = + ;
∂t  ∂x dt ∂y dt  ∂x dt 2 ∂y dt 2

A derivada que constitui a segunda parcela obtém-se tendo em conta que x surge em
∂w ∂w
e :
∂x ∂y

 dx  ∂  ∂w dx ∂w dy   dx  ∂ w dx ∂ w dy  ∂ 2 w  dx 
2
2 2
∂ 2 w dx dy
   +  =   + =   + ;
 dt  ∂x  ∂x dt ∂y dt   dt  ∂x 2 dt ∂x∂y dt  ∂x 2  dt  ∂x∂y dt dt

A derivada que constitui a terceira parcela obtém-se, de modo semelhante, tendo em


∂w ∂w
conta que y surge também em e :
∂x ∂y

 dy  ∂  ∂w dx ∂w dy   dy  ∂ w dx ∂ w dy  ∂ w dx dy ∂ 2 w  dy 
2 2 2
   +  =   + 2 = + 2  ;
 dt  ∂y  ∂x dt ∂y dt   dt  ∂y∂x dt ∂y dt  ∂y∂x dt dt ∂y  dt 

Colocando em equação as três parcelas, obtemos a expressão pretendida que se


queria demonstrar.

b) i) w = t2(t+1) = t3 + t2 ⇒ dw = 3t2 + 2t;


dt

d 2w
= 6t + 2;
dt 2

dw ∂w dx ∂w dy d 2w
ii) = + = y.2t + x = 2t(t+1) + t2 = 3t2 + 2t ⇒ = 6t + 2;
dt ∂x dt ∂y dt dt 2
2 2
d 2w ∂w d 2 x ∂w d 2 y ∂ 2 w  dx  ∂ 2 w  dx  dy  ∂ 2 w  dy 
iii) = + +   + 2    +   =
dt 2 ∂x dt 2 ∂y dt 2 ∂x 2  dt  ∂x∂y  dt  dt  ∂y 2  dt 

= y.2 + x.0 + 0 + 2(2t)(1) + 0 = 2y + 4t = 6t + 2.


∂2w ∂2w
5.* Derive a expressão que lhe permite calcular e no caso em que w = w(x, y), onde x
∂u 2 ∂v 2
= x(u, v) e y = y(u, v).


Caderno de exercícios (resoluções) 10.3. Derivação de funções compostas de duas ou mais variáveis 10.3. 5
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

Resolução:
A resolução é semelhante à efetuada no problema anterior. A primeira derivada:
∂w ∂w ∂x ∂w ∂y
= +
∂u ∂ x ∂u ∂y ∂u

∂w ∂w ∂x ∂y
é agora função, não apenas de x e y (em e ), mas também de u e v (em e
∂x ∂y ∂u ∂u

). Portanto, para obter a 2ª derivada em ordem a u, devemos derivar a primeira derivada,


não apenas em ordem a x e y, mas também em ordem a u:

∂ 2w ∂  ∂w   ∂ ∂  ∂x  ∂  ∂y    ∂w ∂x ∂w ∂y 
=    +   +     + =
∂u 2 ∂u  ∂u   ∂u ∂x  ∂u  ∂y  ∂u    ∂x ∂u ∂y ∂u 

 ∂w ∂ 2 x ∂w ∂ 2 y   2 2   2 2
 +  ∂ w  ∂x  + ∂ w ∂x ∂y  +  ∂ w ∂x ∂y + ∂ w  ∂y   =
2 2
=  + 2
 ∂x ∂u ∂y ∂u   ∂x  ∂u  ∂x∂y ∂u ∂u   ∂y∂x ∂u ∂u ∂y  ∂u  
2 2 2

 ∂w ∂ 2 x ∂w ∂ 2 y   ∂ 2 w  ∂x  2 ∂ 2 w ∂x ∂y ∂ 2 w  ∂y  
2
=  + 2
 +   + 2 +   ;
 ∂x ∂u ∂y ∂u 
 ∂x  ∂u  ∂x ∂y ∂u ∂u ∂y  ∂u  
2 2 2

Facilmente se deduz que a segunda derivada em ordem a v é:

∂ 2w  ∂w ∂ 2 x ∂w ∂ 2 y   ∂ 2 w  ∂x  2 ∂ 2 w ∂x ∂y ∂ 2 w  ∂y  
2
=  + +   + 2 +   .
∂v 2  ∂x ∂v 2 ∂y ∂v 2   ∂x 2  ∂v  ∂x∂y ∂v ∂v ∂y 2  ∂v  

∂2w ∂2w ∂2w 1 ∂w 1 ∂2w


6. Seja w=w(x, y) onde x=r cos θ e y= r sen θ. Mostre que + = + + 2 2.
∂x 2 ∂y 2 ∂r 2 r ∂r r ∂θ
Resolução:
Podemos usar o resultado da alínea anterior onde u ≡ r e v ≡ θ :

∂w ∂w ∂x ∂w ∂y ∂w ∂w
= + = cos θ + sen θ
∂r ∂x ∂r ∂ y ∂ r ∂x ∂y

∂2w  ∂w ∂ 2 x ∂w ∂ 2 y   ∂ 2 w  ∂x  2 ∂ 2 w ∂x ∂y ∂ 2 w  ∂y  
2
=  +  +
2    + 2 +    =
∂r 2  ∂x ∂r ∂y ∂r   ∂x  ∂r  ∂x∂y ∂r ∂r ∂y  ∂r  
2 2 2

∂2w ∂2w ∂ 2w
= cos 2 θ + 2cos θ sen θ + sen 2 θ
∂x 2 ∂x∂y ∂y 2

∂2w  ∂w ∂ 2 x ∂w ∂ 2 y   ∂ 2 w  ∂x  2 ∂ 2 w ∂x ∂y ∂ 2 w  ∂y  
2
=  +  +   +2 +    =
∂θ 2  ∂x ∂θ 2 ∂y ∂θ 2   ∂x 2  ∂θ  ∂x∂y ∂θ ∂θ ∂y 2  ∂θ  

 ∂w ∂w   ∂2w ∂2w ∂ 2w 
=  − r cos θ − r sen θ  + (− r sen θ )2 2 + 2r 2 sen θ cos θθ + (r cos θ )2 2 
 ∂x ∂y   ∂x ∂x∂y ∂y 

Verifique que se colocarmos em equação, se obtém a igualdade pretendida.


Caderno de exercícios (resoluções) 10.3. Derivação de funções compostas de duas ou mais variáveis 10.3. 6
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

10.4. Derivação de integrais em ordem a um parâmetro

1. Calcule as derivadas em ordem a x das seguintes funções de x:


∞ ∞
1 − xy 2 1
a) f (x) = ∫
1
y
e dy ; b) f (x) = ∫y
1
1 + xy 3 dy ;

Resolução:
∞ ∞ ∞
df d  1 − xy 2  d  1 − xy 2 
∫ ∫ (− y )e
2

− xy
a) = e dy =  e  dy = dy =
dx dx  y  dx  y 
1  1 1


e− x
b
2 b
lim  e − xy  = −
1
∫ (− 2 xy )e ∫ (− 2 xy )e
1 − xy 2 1 − xy 2
= dy = lim dy = ;
2x 2 x b →∞ 2 x b →∞  1 2x
1 1

∞ ∞ ∞
d  1  d 1  y2
1 + xy 3 dy  =
df
b)
dx
=
dx  y ∫  ∫ 
dx  y
1 + xy 3  dy =

∫2 1 + xy 3
dy =
1  1 1

b
1 3xy 2 b

∫2 lim  1 + xy 3  dy = ∞ (a derivada não está definida).


1
= lim dy =
3x b → ∞ 1 + xy 3 3 x b → ∞  1
1

π d 2 J 0 ( x) 1 dJ 0 ( x)
1 + + J 0 ( x) = 0 .
2. **
Se J0(x) =
π ∫ 0
cos ( x sen φ ) dφ , mostre que
dx 2 x dx

Resolução:
dJ 0 ( x ) π d 2 J 0 ( x) π
1 1
dx = −
π ∫
sen ( x sen φ ) sen φ dφ ⇒
0
dx 2 = −
π
cos ( x sen φ ) sen 2φ dφ ; ∫
0

π π
d 2 J 0 ( x) 1 1
+ J ( x )
∫ φ − φ φ cos ( x sen φ ) cos 2φ dφ ∫
2
0 = cos ( x sen ) (1 sen ) d =
dx 2 π π
0 0

Multiplicando por x, pode resolver-se por partes:


 d 2 J 0 ( x)  π
x +  1
 dx 2

J 0 ( x )
 =
 π ∫
cos ( x sen φ ) x cos φ cos φ dφ
0

fazendo f’ = cos ( x sen φ ) x cos φ dφ e g = cos φ

tem-se que: f = sen ( x sen φ ) e g’ = − sen φ dφ


π π π
1 1  1

π
0

cos ( x sen φ ) x cos φ cos φ dφ =  sen ( x sen φ ) cos φ  +
 π  0 π
0
sen ( x sen φ ) sen φ dφ = ∫
d 2 J 0 ( x) 1 dJ 0 ( x)
=0–
dJ 0(x)
⇒ 2
+ + J 0 ( x) = 0 c.q.d.
dx dx x dx


Caderno de exercícios (resoluções) 10.4. Derivadas de integrais em ordem a um parâmetro 10.4. 0
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais


2 π
3.* Sabendo que ∫
0
e − x dx =
2
, mostre, por derivação em ordem a α, que:


cos (α x ) dx =
− x2 π −α 2 / 4
∫e
0
2
e .

Resolução:
∞ ∞ ∞
e − x cos (α x ) dx = − xe− x sen(α x ) dx = ∫ (− 2 x )e sen (α x ) dx
d 2 2 1 − x2
dα ∫
0
2 ∫
0 0

Este integral pode resolver-se por partes fazendo f’ = (− 2 x )e − x dx ⇒ f = e − x e g = sen(α x ) ⇒


2 2

g’ = α cos(α x) dx :
∞ ∞
1  b 
e − x cos (α x ) dx =  lim e-x sen(αx ) − α e − x cos(αx)dx
d 2 2

2

dα ∫ 2 b →∞   0

0  0
∞ ∞
e − x cos (α x ) dx = − e cos (α x ) dx
d 2 α − x2

dα ∫0
2 ∫
0

α
e − x cos (α x ) dx , podemos escrever:
2

dI
Designando por I o integral, I = =− I
dα 2
0
Separando variáveis e integrando ambos os membros:
α2
dI α α2 −
∫ I
=− ∫
2
dα ⇒ ln I = –
4
+C ⇒ I = k e 4 (onde k = eC)

∞ α2

Ou seja:
∫e
− x2
cos (α x ) dx = k e 4


−x2 π π π
Como se sabe que ∫e
0
dx =
2
, ou seja, para α = 0, I =
2
⇒k=
2

∞ α2
π −
Assim, e finalmente: ∫e
− x2
cos (α x ) dx = e 4 c.q.d.
2
0

x /( 2 kt )
−u 2 ∂ 2C ∂C
4.*
Mostre que C= ∫
0
e du satisfaz a equação às derivadas parciais k
∂x 2
=
∂t
.

Resolução:
Podemos tentar generalizar. A situação geral seria:
h ( x,t )

∫( f) (u)du = F(h(x,t)) – F(g(x, t)), onde F = ∫ f (u )du


g x,t

∂C dF ∂h dF ∂g
Assim, = − = f ( h( x, t )) − f ( g ( x, t ))
∂t dh ∂t dg ∂t


Caderno de exercícios (resoluções) 10.4. Derivadas de integrais em ordem a um parâmetro 10.4. 1
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

2
x
∂C  x  − 4kt
Neste caso: ∂t =  − 3/ 2 e
 4t k 

x2 x2 x2
∂C  1  − 4kt ∂2C  1  − 2x  − 4kt  − x  − 4kt
=  e ⇒ ∂x2 =   e =  e
∂x  2 kt   2 kt  4kt   4(kt )3/ 2 

Podemos facilmente verificar que a equação às derivadas parciais é satisfeita.


x x
d 3 −y
5. Mostre que
dx ∫
e − y ( x − y )3 / 2 dy =
1
2
e ∫
x − y dy , para x > 0.
1

Resolução:
Devemos usar a regra de Leibniz generalizada aplicada a este caso:
v( x) v
d ∂f ( x,y )
∫ f ( x, y ) dy = f ( x,v) dv − f ( x,u ) du +

dF ( x )
= dy
dx dx dx dx ∂x
u ( x) u

o que dá:

∫ dx [e ]
x x
d d

−y
e -y ( x − y )3 / 2 dy = e − x ( x − x) 3 / 2 .1 − e −1 ( x − 1)3 / 2 .0 + ( x − y )3 / 2 dy
dx
1 1

∫ [ ]
x x
d −y 3 −y
=
1
dx
e ( x − y )3 / 2 dy =
2 ∫
e ( x − y )1/ 2 dy
1
c.q.d.


Caderno de exercícios (resoluções) 10.4. Derivadas de integrais em ordem a um parâmetro 10.4. 2
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

10.5. Funções implícitas e a sua derivação

1.* Considere que a equação F(x, y) = 0 define implicitamente y(x) num certo domínio. Determine a

d2y
expressão que lhe permite calcular . Aplique para o caso de x2 + 3xy + y2 – 2x + y = 5.
dx 2
Resolução:
É possível obter esta expressão de dois modos:
i) Derivando implicitamente a equação da primeira derivada:
2
 ∂ ∂ dy  ∂F ∂F dy  dy d2y dy  dy 
 +  +  = 0 ⇒ Fxx + Fyx + Fy + Fxy + Fyy   = 0
 ∂x ∂y dx  ∂x ∂y dx 
2
dx dx dx  dx 

d2y dy
que pode ser resolvida em ordem a 2
após substituir = − Fx/Fy :
dx , dx

d2y 2 Fxy Fx Fy − Fxx Fy2 − Fyy Fx2


= ;
dx 2 Fy3

dy d2y ∂ ∂  Fx    Fx 
+ −   
ii) Derivando implicitamente
dx
= − Fx/Fy :
dx 2
= 
∂x ∂y  Fy  − Fy  =
     

F xx F y − F yx F x F x F xy F y − F yy F x 2 F xy F x F y − F xx F y − F yy F x
2 2
= − + = ;
F y2 Fy F y2 F y3
Sendo x2 + 3xy + y2 – 2x + y = 5, tem-se que:
Fx = 2x + 3y –2; Fxx = 2;
Fxy = 3;
Fy = 2y + 3x + 1; Fyy = 2;

d2y 6(2 x + 3 y − 2)(2 y + 3x + 1) − 2(2 y + 3x + 1) 2 − 2(2 x + 3 y − 2) 2


=
dx 2 (2 y + 3x + 1)3

2. Considere que a equação (x + y)2 = (y – z)3 define z como função de x e y. Determine:

∂z ∂z ∂2z ∂2 z
a) e ; b) e .
∂x ∂y ∂x 2 ∂y 2
Resolução:

∂z 2( x + y ) ∂z 2( x + y ) − 3( y − z ) 2
= –Fx/Fz = − ; = –Fy/Fz = −
∂x 3( y − z ) 2 ∂y 3( y − z ) 2

∂2z ∂ ∂  F   Fx  2 Fxz Fx Fz − Fxx Fz2 − Fzz Fx2


=  +  − x   −  =
∂x  ∂x ∂z  Fz
2
  Fz  Fz3

Fx = 2(x + y); Fxx = 2;


Caderno de exercícios (resoluções) 10.5. Funções implícitas e sua derivação 10.5. 1
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

Fxz = 0;
Fz = 3(y – z)2; Fzz = –6(y – z);

∂2z − 18( y − z ) 4 + 24( y − z )( x + y ) 2


= ;
∂x 2 27( y − z ) 6

∂2z  ∂ ∂  Fy   Fy  2Fyz Fy Fz − Fyy Fz2 − Fzz Fy2


=  +  −   −
  F
 =
 ;
∂y 2  ∂y ∂z  Fz  z  Fz3

Fy = 2(x + y) – 3(y – z)2; Fyy = 2 – 6y;


Fyz = 6(y – z);

∂2z
=
[ ] [
36( y − z ) 2( x + y ) − 3( y − z ) 2 ( y − z ) 2 − 9( 2 − 6 y )( y − z ) 4 + 6( y − z ) 2( x + y ) − 3( y − z ) 2 ]
2
.
∂y 2 27( y − z ) 6

 F ( x, y, z) = 0
3.* Considere que as equações simultâneas  definem implicitamente, por exemplo,
G ( x, y, z) = 0
y(x) e z(x) (alternativamente, pode considerar que definem x(y) e z(y), ou ainda x(z) e y(z)).
dy dz
a) Por derivação implícita, encontre as expressões que lhe permitem calcular e
dx dx
dx dz dx
(alternativamente, encontre as expressões que lhe permitem calcular e , ou ainda
dy dy dz
dy
e );
dz
 x 2 + y 2 + z 2 = 4
b) Aplique no caso de  2 e interprete geometricamente o problema.
 x − y + 2 z = 0
2 2

Resolução:
a) Obtemos as duas derivadas derivando implicitamente ambas as equações:

 ∂F ∂F dy ∂F dz
 ∂x + ∂y dx + ∂z dx = 0

 que constitui um sistema de duas equações em duas incógnitas,
 ∂G + ∂G dy + ∂G dz = 0
 ∂x ∂y dx ∂z dx

dy dz
e . Resolvendo em ordem a estas variáveis:
dx dx

∂F ∂F ∂F ∂F
− −
∂x ∂z ∂y ∂x
∂G ∂G ∂G ∂G
− −
dy ∂x ∂z = Fz G x − Fx G z dz ∂y ∂x Fx G y − Fy G x
= e = = ;
dx ∂F ∂F Fy G z − Fz G y dx ∂F ∂F Fy G z − Fz G y
∂y ∂z ∂y ∂z
∂G ∂G ∂G ∂G
∂y ∂z ∂y ∂z


Caderno de exercícios (resoluções) 10.5. Funções implícitas e sua derivação 10.5. 2
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

dy − 4 xz x dz − 8 xy 2x
b) = = − e = = −
dx 12 yz 3y dx 12 yz 3z

 y = y(x)
Geometricamente, o gráfico de  é uma curva no espaço, interseção da esfera de raio
 z = z(x)
2 (de equação x2 + y2 + z2 = 4) com o cone elíptico (x2 – 2y2 + z2 = 0).

4.* Seja k uma constante positiva e considere o plano tangente à superfície xyz = k num ponto do
primeiro octante. Mostre que o tetraedro definido por este plano tangente e os planos
coordenados tem volume constante, independente do ponto de tangência. Qual é esse volume?
(nota: volume do tetraedro V = 1/3Abh, onde Ab é a área da base e h a altura).

Resolução:

A equação xyz = k define z = z(x, y) que até pode ser explicitada: z = k/xy. O ponto tangente num
ponto qualquer (x, y) = (a, b) é:

∂z ∂z
z = z(a, b) + ( x − a) + ( y − b) ⇒
∂x ( a ,b ) ∂y ( a ,b )

k  k   k 
⇒ z= + − ( x − a ) +  − 2 ( y − b ) ⇒
ab  a 2b   ab  z

⇒ z = 3k − k2 x − k 2 y
ab a b ab

Seja x0, y0 e z0 a interseção deste plano com os eixos coordenados: z0


y0 y
3k k
x0 obtém-se para y = 0 e z = 0 ⇒ − 2 x0 = 0 ⇒ x0 = 3a;
ab a b

3k k
y0 obtém-se para x = 0 e z = 0 ⇒ − y0 = 0 ⇒ y0 = 3b;
ab ab 2
x0
3k x
z0 obtém-se para x = 0 e y = 0 ⇒ z0 = ;
ab

Verifique-se agora que a Ab, a área da base do tetraedro definido por este plano tangente e os
x0 y 0 9 ab 3k
planos coordenados é Ab = = . Por outro lado, a altura do tetraedro é h = z0 = .
2 2 ab
1 9 ab 3k 9k
Portanto, o volume: V = 1/3Abh = = , independentemente do ponto de tangência
3 2 ab 2
3k
(a, b, ).
ab


Caderno de exercícios (resoluções) 10.5. Funções implícitas e sua derivação 10.5. 3
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

5. A equação f ( y / x, z / x) =0 define implicitamente z como função de x e y, z = z(x, y). Mostre que

∂z ∂z
x + y = G (z ) e determine G(z). (exame EN 2014.06.30)
∂x ∂y

Resolução:
Comece-se por reescrever f em termos de u e v: f (u, v) = 0, com u = y/x e v = z(x, y)/x.

Derivando ambos os membros de f (u, v) = 0 em ordem a x:


∂z
∂f ∂u ∂f ∂v ∂u x − z ( x, y )
∂v
= ∂x 2
y
+ = 0 onde =− 2 e
∂u ∂x ∂v ∂x ∂x x ∂x x
 ∂z 
 x − z ( x, y )  ∂z
y
⇔ − 2 fu +  ∂x f
 f v = 0 ⇔ x = y u + z ( x, y )
x  x 2
 ∂x fv
 
 
Derivando ambos os membros de f (u, v) = 0 em ordem a y:

∂f ∂u ∂f ∂v ∂u 1 ∂v 1 ∂z
+ = 0 onde = e =
∂u ∂y ∂v ∂y ∂y x ∂y x ∂y

1  1 ∂z  ∂z f
⇔ fu +   fv = 0 ⇔ y = − y u
x  x ∂y  ∂y fv

∂z ∂z
Assim: x + y = z ( x, y ) ⇒ G(z) = z.
∂x ∂y
_____________
Também se pode fazer, já que para todos os efeitos se tem que f ( x, y, z ) =0 define

implicitamente z = z(x, y):


∂f ∂u ∂v
fu + fv
∂z ∂x = − f u (− y / x ) + f v (− z / x ) = y / x fu + z / x
2 2
= − ∂x = − ∂x
∂x ∂f ∂v f v (1 / x) fv
fv
∂z ∂z

∂f ∂u ∂v
fu + fv
∂z ∂y ∂y ∂y f (1 / x) f
=− = − = − u = − u …
∂y ∂f ∂v f v (1 / x) fv
fv
∂z ∂z


Caderno de exercícios (resoluções) 10.5. Funções implícitas e sua derivação 10.5. 4
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

10.6. Máximos e mínimos de funções de duas ou mais variáveis

1. Mostre que entre todos os paralelogramos de perímetro L, o quadrado de lado L/4 é o que tem
área máxima (nota: a área do paralelogramo é dada por A = absenα, onde a e b são os
comprimentos de dois lados adjacentes, e α o ângulo por eles formado).
Resolução:
 A = ab sen α a( L − 2a)
 ⇒ A(a, α) = sen α a
2a + 2b = L 2
α
b
 ∂A  L − 2a
 ∂a = 0  2 − a  sen α = 0
 ∂A ⇒   ⇒ (da 2ª equação) a = L/2 ∨ cos α = 0
 = 0  a(L − 2 a)
cos αα= 0
 ∂α  2

A solução a = L/2 não interessa porque implica b = 0, logo não haveria realmente um
paralelogramo.

Só pode ser cos α = 0 ⇒ α = π/2. Substituindo na 1ª equação resulta a = L/4 (c.q.d.).

2. Uma caixa retangular com 18 l, aberta no topo, deve ser construída com diferentes materiais com
diferentes custos: Para a base o material custa 3 c€/cm2, para a frente 2 c€/cm2, e para os lados e
parte posterior 1 c€/cm2. Determine as dimensões da caixa de modo a que o custo seja mínimo.

Resolução:
C = 3xy + 2xz + 2yz + xz = 3xy + 3xz + 2yz
54 36
xyz = 18 ⇒ C(x, y) = 3xy + +
y x
 ∂C  36
 ∂x = 0 3 y - = 0
⇒  x2 ⇒ x = 2 ∧ y = 3 ⇒ z = 3. z 18 l
 ∂C 54
= 0 y
 = 0 3 x -
 ∂y  y2 x

3. Se uma caixa retangular sem tampa deve ter um volume fixo V, que dimensões relativas
minimizam a área das suas faces.
Resolução:

A = xy + 2xz + 2yz (usando as dimensões da figura do problema anterior).


2V 2V
xyz = V ⇒ A(x, y) = xy + +
y x
 ∂A  2V
 ∂x = 0  y − 2 = 0
⇒  x ⇒x=y= 3
2V ⇒ z = V1/3/22/3.
 ∂A 2V
 = 0 x − 2 = 0
 ∂y  y


Caderno de exercícios (resoluções) 10.6. Máximos e mínimos de funções de duas ou mais variáveis 10.6. 1
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

4. Uma caixa retangular tem três faces sobre os planos coordenados e um vértice sobre o plano ax
+ by + cz = 1. Calcule o volume da maior caixa com estas características.

Resolução: z
1/c
V = xyz com ax + by + cz = 1 ⇒ V(x, y) =
xy
(1 − ax − by)
c
 ∂V = 0 y axy
 ∂x  c (1 − ax − by) − c =0
 ∂V ⇒ x ⇒
= 0 bxy
  (1 − ax − by) − = 0 1/b
 ∂y c c
y
 1 1/a
x=
1 − 2ax − by = 0  3a
1 − ax − 2by = 0 ⇒  x
 y = 1
 3b
1 1
⇒z= ⇒ V= .
3c 27abc

5. Determine as dimensões da caixa retangular de maior volume que pode ser circunscrita no
elipsoide 4x2 + 9y2 + 16z2 = 144.

Resolução:

Considere-se apenas o elipsoide no 1º octante de modo a ser possível explicitar

z = 144 − 4 x 2 − 9 y 2 .

V = 8 xyz ⇒ V(x, y) = 8 xy 144 − 4 x 2 − 9 y 2

 32 x 2 y
 ∂V = 0 8 y 144 − 4 x 2
− 9 y 2
− =0
 ∂x  144 − 4 x 2 − 9 y 2
 ∂V ⇒  ⇒
 = 0 8 x 144 − 4 x 2 − 9 y 2 − 36 xy 2
 ∂y =0
 144 − 4 x 2
− 9 y 2

( )
 y 144 − 4 x 2 − 9 y 2 − 4 x 2 y = 0
⇒
( )
 x 144 − 4 x − 9 y − 9 xy = 0
2 2 2

Multiplicando a primeira por x, a segunda por y e subtraindo:


2
9xy3 – 4x3y = 0 ⇒ y = x . Substituindo na 2ª equação acima:
3
4
x =2 3 ⇒ y = 3 ⇒ z = 3
3
V = 64 3 .


Caderno de exercícios (resoluções) 10.6. Máximos e mínimos de funções de duas ou mais variáveis 10.6. 2
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

x2 y2 z2
6. Generalize o problema anterior para o elipsoide + + = 1.
a2 b2 c2

Resolução:

2 2
V(x, y) = 8 xy 1 −  x  −  
y
   
a b

 x
2
 2 2 8 y a
8 y 1 −  x  −  y  −   =0
 a b 2 2
 
 ∂V = 0 1 −   −  
x y

 ∂x  a b
 ∂V ⇒  2 ⇒
 = 0   y
 ∂y  2
 x − y  −
2 8 x 
b
8 x 1 − a b =0
     2
 y
2
1 −   −  
x
   b
a

 2
y 
2 2
1 −   −    −   = 0
x x
  a   b    a  b
⇒  ⇒ y = x
  x   y    y 
2 2 2 a
1 −  a  −  b   −  b  = 0
 

Substituindo numa das equações acima:

2
a 3 b 3 c 3 8abc 3
1 − 3  = 0 ⇒ x =
x
⇒y= ⇒ z= ⇒ V= .
 
a 3 3 3 9

7. Determine o ponto de x + 2y + z = 1 mais próximo de (0, 1, 0).

Resolução:

d2 = x2 + (y – 1)2 + z2 , com z = 1 – x – 2y ⇒ d2(x, y) = x2 + (y – 1)2 + (1 – x – 2y)2

( )
∂ d 2  1
 ∂x = 0 4 x + 4 y = 2 x = − 6 1
( )
 2
∂ d = 0
⇒ 
4 x + 10 y = 6
⇒
y =
2
⇒ z = − .
6
 ∂y  3

x = t  x = 2s
 
8. Mostre que o quadrado da distância entre as curvas no espaço  y = t + 1 e  y = s − 1 tem um
 z = 2t  z = s + 1

único ponto crítico e é um ponto de mínimo.

Resolução:

d2 = (x1 – x2)2 + (y1 – y2)2 + (z1 – z2)2 ⇒ d2(t, s) = (t – 2s)2 + [t+1 – (s–1)]2 + [2t – (s +1)]2


Caderno de exercícios (resoluções) 10.6. Máximos e mínimos de funções de duas ou mais variáveis 10.6. 3
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

( )
∂ d 2 
t =
1
 ∂t = 0 12t − 8s = 0  5 z
 ( )
 2
∂ d
⇒ 
− 8t + 12s = 2
⇒
s = 3
 ∂s = 0  10
Mostra-se que é um mínimo usando o valor do hessiano, ∆(s, t):
2
∂ 2 (d 2 ) ∂ 2 (d 2 )  ∂ 2 (d 2 )  x
∆(s, t) = − 
∂t 2 ∂s 2  ∂s∂t 

∂ 2 (d 2 ) ∂ 2 (d 2 ) ∂ 2 (d 2 )
onde =12; =12; =–8 ⇒
∂t 2 ∂s 2 ∂s∂t
y
∂ 2 (d 2 ) ∂ 2 (d 2 )
∆(s, t) = 144 – 64 = 80 > 0 com >0 (e > 0 ), é um ponto de mínimo.
∂t 2 ∂t 2

9. Seja a função f ( x, y) = 4x2 – 3y2 + 2xy definida no quadrado 0 ≤ x ≤ 1 ∧ 0 ≤ y ≤ 1.

a) Determine os máximos e mínimos de f sobre cada uma dos lados do quadrado;


b) Determine os máximos e mínimos de f sobre cada uma das diagonais do quadrado;
c) Determine os máximos e mínimos de f sobre todo o quadrado;

Resolução:

a) Temos 4 lados do quadrado:


df
i) 0 ≤ x ≤ 1 ∧ y = 0 ⇒ f (x,0) = 4x2; = 0 ⇒ 8x = 0 ⇒ x = 0;
dx

d2 f
= 8 > 0 ⇒ (0, 0) é um ponto de mínimo;
dx 2
df
ii) 0 ≤ x ≤ 1 ∧ y = 1 ⇒ f (x,1) = 4x2+ 2x – 3 ; = 0 ⇒ 8x + 2 = 0 ⇒ x = –1/4;
dx
Está fora do domínio de definição de x. Não há ponto crítico da função sobre lado do
quadrado 0 ≤ x ≤ 1 ∧ y = 1;
df
iii) x = 0 ∧ 0 ≤ y ≤ 1 ⇒ f (0, y) = –3y2 ; = 0 ⇒ –6y = 0 ⇒ y = 0;
dy

d2 f
= − 6 < 0 ⇒ (0, 0) é um ponto de máximo;
dx 2
df
iv) x = 1 ∧ 0 ≤ y ≤ 1 ⇒ f (1, y) = 4 – 3y2 + 2y ; = 0 ⇒ –6y + 2 = 0 ⇒ y = 1/3;
dy

d2 f
= − 6 < 0 ⇒ (1, 1/3) é um ponto de máximo;
dx 2
b) Há duas diagonais: i) x = y; e ii) y = 1 – x:


Caderno de exercícios (resoluções) 10.6. Máximos e mínimos de funções de duas ou mais variáveis 10.6. 4
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

df
i) x = y: f ( x, x) = 3x2 ; = 0 ⇒ 6x = 0 ⇒ x = 0;
dx

d2 f
= 6 > 0 ⇒ (0, 0) é um ponto de mínimo;
dx 2
df
ii) y = 1 – x: f ( x,1 − x) = 8x – x2 – 3 ; = 0 ⇒ 8 – 2x = 0 ⇒
dx
⇒ x = 4;
Está fora do domínio de definição de x.
Não há ponto crítico da função sobre a diagonal do quadrado
0 ≤ x ≤ 1 ∧ y = 1 – x;

 ∂f
 ∂x = 0 8 x + 2 y = 0

c)  ⇒ ⇒ só tem a solução (0, 0).
∂f
 = 0 2 x − 6 y = 0
 ∂y

2
∂2 f ∂2 f  ∂2 f 
∆(x, y) = −   = 8×(–6) – 4 = – 52 < 0 é um ponto de sela, como se esperava.
∂x 2 ∂y 2  ∂x∂y 

10. Determine os extremos absolutos das seguintes funções nas regiões limitadas indicadas:

a) f ( x, y) = xey – x2 – ey, na região retangular de vértices (0, 0), (0, 1), (2, 1) e (2, 0);

b) f ( x, y) = x y2, na região definida por x ≥ 0, y ≥ 0 e x2 + y2 ≤ 1.

Resolução:
Extremos absolutos são i) máximo ou mínimos locais interiores; ii) Pontos onde as derivadas não
estão definidas; iii) Pontos fronteira.
a) Comece-se pode determinar os pontos críticos interiores:

 ∂f e y − 2 = 0
 ∂x = 0 x = 1
 
i)  ⇒ ⇒  ⇒ f (1, ln 2) = –1;
∂f
 = 0  xe y - ey = 0  y = ln 2
 ∂y 

ii) Pontos onde as derivadas não estão definidas: não existem;


iii) Pontos fonteira: Há 4 linhas de fronteira:
df
a) Sobre o lado 0 ≤ x ≤ 2 ∧ y = 0 ⇒ f (x,0) = x – x2 – 1; = 0 ⇒ 1 – 2x = 0 ⇒ x = 1/2;
dx
f (1/ 2,0) = –3/4; Nos extremos: f (0,0) = –1; f (2,0) = –3;
df
b) Sobre o lado 0 ≤ x ≤ 2 ∧ y = 1 ⇒ f (x,1) = xe – x2 – e; = 0 ⇒ e – 2x = 0 ⇒ x = e/2;
dx
f (e / 2,1) = e2/4 – e; Nos extremos: f (0,1) = –e; f (2,1) = e – 4;


Caderno de exercícios (resoluções) 10.6. Máximos e mínimos de funções de duas ou mais variáveis 10.6. 5
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

df
c) Sobre o lado x = 0 ∧ 0 ≤ y ≤ 1 ⇒ f (0, y) = – ey; = 0 ⇒ – ey = 0 não tem qualquer
dy

solução, isto é, não existem pontos críticos sobre este lado do quadrilátero;
df
d) Sobre o lado x = 2 ∧ 0 ≤ y ≤ 1 ⇒ f (2, y) = 2 ey – 4 – ey; = 0 ⇒ ey = 0 não tem
dy
z
qualquer solução…; y

Assim, o máximo absoluto é: x

Max{–1, –3/4, –3, e2/4 – e, –e, e – 4} = –3/4;

(sobre o lado 0 ≤ x ≤ 2 ∧ y = 0)

O mínimo absoluto é o

min{-1, –3/4, –3, e2/4 – e, –e, e – 4} = –3;

(também sobre o lado 0 ≤ x ≤ 2 ∧ y = 0)

b) Comece-se, também, pode determinar os pontos críticos interiores:

 ∂f  y2 = 0
= 0 ∀ x
 ∂x  
i)  ⇒ ⇒  ⇒ f (x,0) = 0;
∂f
 = 0 2 xy = 0  y = 0
 ∂y 

ii) Pontos onde as derivadas não estão definidas: não existem;


iii) Pontos fonteira. Há três linhas de fronteira:
df
a) Sobre o lado 0 ≤ x ≤ 1 ∧ y = 0 ⇒ f (x,0) = 0; = 0 verifica-se ∀x; f (x,0) = 0;
dx
df
b) Sobre o lado x = 0 ∧ 0 ≤ y ≤ 1 ⇒ f (0, y) = 0; = 0 verifica-se ∀y; f (0, y) = 0;
dy
df 3
c) Sobre o arco x2 + y2 ≤ 1 ⇒ f ( x, y( x)) = x(1 – x2); = 0 ⇒ 1 − 3x 2 = 0 ⇒ x = ;
dy 3
 3 6 2 3
f , 
 3 3  = 9 ;
 
2 3 2 3 2 3
Concluindo: Máximo absoluto = Max{0, }= ;Mínimo absoluto = min{0, } =0.
9 9 9
11. Um cabo com 120m de comprimento é dividido em três segmentos de comprimento x, y e 120
– x – y. Cada segmento é moldado na forma de um quadrado. Se f ( x, y) representar a soma das

áreas destes quadrados, mostre que tem um único ponto crítico e é um mínimo local. Verifique
que, no entanto, será possível maximizar aquela área total. Explique esta situação.
Resolução:


Caderno de exercícios (resoluções) 10.6. Máximos e mínimos de funções de duas ou mais variáveis 10.6. 6
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

 ∂f 1
= 0 ( 2 x + y − 120 ) = 0 x = 40
 ∂x 
2 2 2
 x   y   120 − x − y  
f ( x, y) =   +   +   ⇒  ⇒ 8 ⇒  ,
4  4  4  ∂f 1
 = 0  (x + 2 y − 120 ) = 0 
 y = 40
 ∂y  8

f = 300m2.
2
∂2 f ∂2 f  ∂2 f  1 1 1
2
3 ∂2 f ∂2 f
∆(x, y) = −   × − com > (e > 0 ), é um
4 4  8 
= = > 0 0
∂x 2 ∂y 2  ∂x∂y  64 ∂x 2 ∂y 2

ponto de mínimo.

Porém, este é apenas um mínimo local. Extremos absolutos encontram-se nos pontos fronteira
do domínio de interesse. Este domínio é: x ≥ 0 ∧ y ≥ 0 ∧ x + y ≤ 120 (um triângulo no primeiro
quadrante de lado 120). Procuremos estes extremos:

2 2
 y   120 − y  df
i) Sobre o lado x = 0 ∧ 0 ≤ y ≤ 120: f (0, y) =   +   ; = 0 ⇒ y = 60;
 4   4  dy
f (0,60) = 450m2; Nos extremos: f (0,0) = 900m2; f (0,120) = 900m2;

2 2
 x   120 − x  df
ii) Sobre o lado y = 0 ∧ 0 ≤ x ≤ 120: f (0, y) =   +   ; = 0 ⇒ x = 60;
 4   4  dx
f (60,0) = 450m2; Nos extremos: f (0,0) = 900m2 ; f (120,0) = 900m2;
2 2
 x   120 − x 
iii) Sobre o lado y =120 – x : f ( x,120 − x) =   +   , função idêntica às anteriores.
4  4 
Conclusão: O mínimo absoluto é f = 300m2 com x = 40m e y = 40m (todos os segmentos iguais).
O máximo absoluto ocorre se x = y = 0, isto é, se apenas tivermos um segmento de
120m, um quadrado de 30m de lado, obtendo-se uma área de 900m2.
z
f =900
f =900

f =900
(0,120)
y

(40,40)

(120,0)


x
Caderno de exercícios (resoluções) 10.6. Máximos e mínimos de funções de duas ou mais variáveis 10.6. 7
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

12.* O designado método dos mínimos quadrados consiste em ajustar um modelo matemático a um
conjunto de dados experimentais por minimização dos resíduos, isto é, as diferenças entre os
valores calculados pelo modelo matemático e os valores experimentais. Por exemplo, se tivermos
um conjunto de n pares de valores experimentais, (yi, xi), i = 1, n, e se o modelo for linear, y = a1
x + a0, então designa-se de resíduo, ri, a diferença entre o valor tabelado, yi, e o valor calculado,
y = a1 xi + a0 , ou seja, ri = a1 xi + a0 – yi. Assim, pelo método dos mínimos quadrados, a melhor
reta que ajusta os pontos experimentais é aquela que minimiza a soma do quadrado dos resíduos,
n
SQR(a0, a1) = ∑ (a x
i =1
1 i + a0 − yi )2 .

a) Mostre que os parâmetros da reta (declive e ordenada na origem), a0, a1, que melhor ajusta os
n pares de pontos (yi, xi), i = 1, n, devem satisfazer as condições:

 n   n  n
 ∑ xi2 a1 + 
 i =1   ∑xi a0 =
 ∑x y i i
 i =1  i =1
;
 n
  n

 ∑ x a + n a =

i 1 0 ∑ yi
 i =1  i =1

b) Mostre que os parâmetros da reta de ajuste são dados por:


n  n  n  n n
n ∑ ∑
xi yi − 
 ∑
xi 

yi 
 ∑ xi ∑ yi
a1 = i =1  i =1  i =1  e, a0 = y − a1 x , onde x = i=1
e y = =1
i
;
n  n 2 n n
n∑ ∑
xi2 − 

xi 

i =1  i =1 
c) Use estas expressões para determinar a reta que melhor ajusta os valores abaixo tabelados.
Represente graficamente os pontos e a reta para aferir da qualidade do ajuste.

y 4.1 3.4 3.1 2.4 1.9


x 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0

Resolução:
n
a) Sendo a soma dos quadrados dos resíduos, SQR(a0, a1) = ∑ (a x
i =1
1 i + a0 − yi )2 , função de duas

variáveis a0 e a1, os parâmetros da reta, então o mínimo de SQR será um ponto crítico.
Portanto:

 n  n n
 ∂SQR 2 (a1xi + a0 − yi ) = 0
 ∂a = 0

∑ n a0 + a1 xi =

∑ ∑ yi
0
 ∂SQR ⇒  i =n1 ⇒  n
i =1
n
i =1
n
 2 (a x + a − y )x = 0 a
 ∂a1
= 0
 ∑
1 i 0 i i  0 ∑ xi + a1 ∑xi
2
= ∑
xi yi
 i =1  i =1 i =1 i =1 c.q.d.


Caderno de exercícios (resoluções) 10.6. Máximos e mínimos de funções de duas ou mais variáveis 10.6. 8
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

b) Usando a regra de Cramer para resolver o sistema de equações, obtém-se diretamente (todos
os somatórios são extensivos de i = 1 até n):

∑y
n

∑ x ∑ xy = n∑ xy - ∑ x ∑ y
∑ x n∑ x − (∑ x )
a1 = 2
n 2

(c. q. d.)
∑ x ∑ x2
Por outro lado, resolvendo a primeira equação em ordem a a0:
n n n n

∑1 yi ∑1 xi ∑
i =1
xi ∑y
i =1
i
i= i= ou a0 = y − a1 x , onde x = e x=
a0 = − a1 (c.q.d);
n n n n
c)
x y
1,0 4,1
2,0 3,4
3,0 3,1
4,0 2,4
5,0 1,9 n= 5

SUM x SUM y SUM x2 SUM xy a0 a1


15,0 14,9 55 39,3 4,6 −0,54

4.5
x-y data
4 y = -0,54x + 4,6
Linear (x-y data)
3.5

2.5

1.5

0.5

0
0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0


Caderno de exercícios (resoluções) 10.6. Máximos e mínimos de funções de duas ou mais variáveis 10.6. 9
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

10.7. Derivada direcional e gradiente

1. A resposta de um estudante ao pedido de determinação da derivada direcional de f ( x, y) = x2ey

r r r r 4r 3r
no ponto (1, 0) na direção de v = 4i + 3 j foi: Dur f( 1, 0 ) = ∇f( 1,0 ) • u = i + j.
5 5

Como sabe, de imediato, que a resposta está errada? Qual a resposta correta?

Resolução:

A derivada direcional é um escalar, não um vetor.

r 4 3 4 3 11
Dur f( 0 , 1 ) = ∇f( 1,0 ) • u = 2 xe y , x 2e y ( 1,0 ) • , = 2, 1 • , = .
5 5 5 5 5

r r r
2. a) Determine Q que dista 0.1 de P = (0, 0) na direção de v = − i + 3 j ;

r r r
b) Use P e Q para estimar a derivada direcional de f ( x, y) =x + y2 na direção de v = − i + 3 j ;

c) Qual é o valor exato da derivada direcional referida em b).

Resolução:

a) Seja ∆x e ∆y a diferença de coordenadas entre P e Q ⇒ ∆x2 + ∆y2 = 10–2


r r r ∆y
Na direção de v = − i + 3 j ⇒ =– 3
∆x

  ∆y  2  1 3
⇒ ∆x 2 1 +    = 10–2 ⇒ ∆x = − , ∆y = ;
  ∆x   20 20

 1 3 
− + 2 −0
f (Q) − f ( P)  20 20  17
b) Dur f ( P) = r lim
r r r ≈ =− ≈ – 0.425…;
Q − P →0 Q−P 0.1 40

1 3 1
c) Dur f ( P) = 1, 2 y ( 0 ,0 ) • − , =− .
2 2 2

3. Determine a derivada direcional de f no ponto P na direção do vetor que faz um ângulo θ com a
parte positiva do eixo Ox na direção contrária ao movimento dos ponteiros do relógio.

a) f ( x, y) = xy , P = (1, 4), θ = π/3;

b) f ( x, y) = tg(2x + y) , P = (π/6, π/3), θ = 7π/4.

Resolução:

r 1 3
a) O vetor unitário cuja direção faz um ângulo π/3 com Ox é o vetor u = , .
2 3


Caderno de exercícios (resoluções) 10.7. Derivada direcional e gradiente 10.7. 1
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

r
A derivada direcional é: Dur f( 1, 4 ) = ∇f( 1, 4 ) • u .

y x 1 1
∇f = , ⇒ ∇f( 1, 4 ) = 1, ⇒
2 x 2 y 4

π/3
⇒ Dur f( 1, 4 ) = 1 × 1 + 1 3 = 1 + 3 ;
2 4 2 2 8 1/2

r 2 2
b) O vetor unitário cuja direção faz um ângulo 7π/4 com Ox é o vetor u = ,− .
2 2
r
A derivada direcional é: Dur f(π / 6, π / 3 ) = ∇f(π / 6, π / 3 ) • u .

∇f = 2 sec 2 ( 2 x + y), sec 2 ( 2 x + y) ⇒ 7π/4 = –π/4

∇ f( π / 6 , π / 3) = 8 ,4 ; 1

⇒ Dur f (π/6, π/3) = 4 2 − 2 2 = 2 2 .

4. Determine a derivada direcional de f ( x, y) =ex sec y no ponto P = (0, π/4), na direção da origem.

Resolução:
r
O vetor unitário cuja direção da origem a partir do ponto P = (0, π/4) é o vetor u = 0,−1 .
r
A derivada direcional é: Dur f (0, π/4) = ∇f (0, π/4) • u .

∇f = e x sec y,e x sec y tg y ⇒ ∇f ( 0, π/4) = 2 , 2 ⇒ Dur f (0, π/4) = − 2 .

x r
5. Seja f ( x, y) = . Encontre o vetor u na direção do qual Dur f (2, 3) = 0 .
x+ y

Resolução:

y −x 3 −2 r
∇f = , ⇒ ∇f( 2, 3 ) = , . Se u = a, b : Dur f (2, 3) = 0 ⇒
(x + y ) ( x + y )
2 2 25 25

3a 2b r 2 13
⇒ − = 0 ⇒ b = 3/2 a. Como u é um vetor unitário: a 2 + 9 / 4a 2 = 1 ⇒ a = e
25 25 13
3 13
b= .
13
r 3 4 r 4 3
6. Considere que Dur f (1, 2) = − 5 e Dvr f (1, 2) = 10 sendo u = ,− e v= , , determine:
5 5 5 5
a) fx(1, 2); b) fy(1, 2); c) A derivada direcional de f na direção da origem.

Resolução:


Caderno de exercícios (resoluções) 10.7. Derivada direcional e gradiente 10.7. 2
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

3 4
 fx = 5
f ( 1,2 ) − f y( 1,2 ) = −5
 5 x 5 
a) e b)  ⇒  ;
 f x( 1,2 ) + 3 f y( 1,2 ) = 10
4  f y = 10
 5 5

r −1 − 2
c) w = 0,0 − 1,2 = − 1,−2 ⇒ Dwr f (1, 2) = 5,10 • , = 5 5.
5 5

7. Esboce a curva de nível de f ( x, y) que passa por P e represente o vetor ∇f:

a) f ( x, y) = 4x – 2y + 3, P = (1, 2);

b) f ( x, y) = y/x2, P = (–2, 2);

c) f ( x, y) = x2 – y2, P = (2, –1).

Resolução:
a) ∇ f( 1,2 ) = 4 , − 2 (a curva de nível e ∇f são normais);

2y 1 1 1
b) ∇f (−2,2) = − , = , (a curva de nível e ∇f são normais);
x3 x 2 ( −2 ,2 )
2 4

c) ∇f ( 2 ,-1) = 2 x, − 2 y = 4 ,2 (a curva de nível e ∇f são normais).


( 2 ,−1)

curva de nível (y = 2x)


2
2.5

2
a) ∇f ∇f
∇f 2.0

2 4 6
1.5

c) 2 4 curva de nível (y = x2/2)


1.0 −2 curva de nível (y =– x2 − 3 )
b)
0.5

−2.0 −1.5 −1.0 −0.5

8. Determine o vetor unitário normal à curva de nível de f ( x, y) =4 x2y, no ponto P = (1, –2).

Resolução:

O vetor ∇f é normal à curva de nível. ∇f = 8 xy, 4 x 2 ; ∇f( 1, − 2 ) = − 16 , 4 ;pretendendo-se

r ∇f 16 4 1
o vetor unitário, então u = = − , = − 4,1 . O vetor simétrico,
f 16 + 16
2
16 + 16
2 17

1
4,−1 também é normal à curva de nível.
17


Caderno de exercícios (resoluções) 10.7. Derivada direcional e gradiente 10.7. 3
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

9. Determine o vetor unitário na direção do qual f decresce mais rapidamente no ponto P e qual a
taxa de variação de f nessa direção:

a) f ( x, y) = 20 – x2 – y2, P = (–1, –3);

b) f ( x, y) = exy, P = (2, 3);

c) f ( x, y) = cos(3x – y), P = (π/6, π/4).

Resolução:

A direção na qual f decresce mais rapidamente é a de − ∇f e a taxa de variação é − ∇ f .

1
a) ∇f ( −1, − 3) = − 2 x, − 2 y = 2 ,6 ; a direção pretendida é a de − 2,6 ; a taxa de
( −1,− 3) 40

variação é − 40 ;
1
b) ∇f ( 2 ,3) = xe xy , − ye xy = e 6 3,2 ; a direção pretendida é a de − 3,2 ; a taxa de
( 2 ,3) 13

variação é − e 6 13 ;

c) ∇ f (π / 6 ,π / 4) = 2 2 ; a direção pretendida é
− 3 sen (3 x − y ) , sen (3 x − y ) = −3 ,
( π / 6 ,π / 4 ) 2 2

2
a de 3,−1 ; a taxa de variação é − 5 .
2 5

10. Um caminhante encontra-se no ponto (–100, –100, 430) duma montanha cuja altitude é dada por
z = 500 – 0.003x2 –0.004y2 (todas as dimensões em m).

a) Suponha que pretende deslocar-se na direção Este (direção positiva do eixo do Ox). Nesse
instante, qual é o ângulo de inclinação da sua trajetória?

b) Repita a a alínea anterior para o caso de se deslocar na direção Norte (na direção positiva do
eixo Oy);

c) Em que direção(ões) o ângulo de subida/descida é 45°?

Resolução:

a) Na direção Este a taxa de variação é zx = –0.006x. Para x = –100 ⇒ zx = –0.6. O ângulo pedido
é arctg 0.6;

b) Na direção Norte a taxa de variação é zy = –0.008y. Para y = –100 ⇒ zy = –0.8. O ângulo pedido
é arctg 0.8;

c) Pretende-se saber em que direção a derivada direcional é 1:


Caderno de exercícios (resoluções) 10.7. Derivada direcional e gradiente 10.7. 4
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

−6 −8
Dur f (−100, − 100) = ∇f (−100, − 100) • a,b ⇒ x, y a,b = 1 ⇒
1000 1000

2
10 − 6a  10 − 6a 
⇒ b= ; como a ,b é um vetor unitário ⇒ a 2 +   =1 ⇒
8  8 

⇒ a = 0.6 ⇒ b = 0.8;

Portanto, na direção do vetor 0.6, 0.8 a taxa de variação é 1, o ângulo de subida é 45°. Por

outro lado, na direção contrária, na do vetor simétrico − 0.6, − 0.8 a taxa de variação é –1 e o

ângulo de descida é de 45°.

11. A derivada de z = f ( x, y) no ponto (2, 1) na direção de (1, 3) é − 2 5 , e na direção de (5, 5) é 1.


Determine zx e zy no ponto (2, 1).

Resolução:

r − 1,2
v1
∇z(2, 1) • r = − 2 5 ⇒ z x ,z y • = − 2 5 ⇒ −zx + 2zy = –10
v1 ( 2 , 1) 5

r 3,4
v2
∇z (2, 1) • r = 1 ⇒ z x ,z y • = 1 ⇒ 3zx + 4zy = 5
v2 (2 , 1) 5

− z x + 2 z y = −10 zx = 5
 ⇒ .
 3z x + 4 z y = 5  z y = −5 / 2

12. Classifique como falsas ou verdadeiras as seguintes afirmações, justificando devidamente:

a) Se o ponto (a, b) se encontra na curva de nível f ( x, y) = k, então a tangente a esta curva de

nível no ponto (a, b) tem declive f y (a, b) / f x (a, b) ;

r
b) A derivada direcional Dur f é paralela a u ;
r
c) Se grad f (a, b) = i ⇒ f (a + 1, b) > f (a, b) ;

d) O vetor grad f ( x, y) é perpendicular às curvas de nível, e quanto mais juntas se encontram

estas linhas (para valores de f igualmente separados), menor o valor de ∇ f ;


r
e) Se f ( x, y) = ex + y então Dur f ≤ 2 , ∀u ;

f) As curvas de nível de f ( x, y) = x 2 + y 2 + x e g ( x, y) = x 2 + y 2 − x são perpendiculares.


Caderno de exercícios (resoluções) 10.7. Derivada direcional e gradiente 10.7. 5
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

Resolução:
a) É falsa. Seja c , d o vetor que tem a direção da tangente a f ( x, y) no ponto (a, b).

Note, então, que o declive desta tangente é d/c.


A tangente à curva de nível e o vetor ∇f são perpendiculares.
Portanto:

c, d • f x (a, b), f y (a, b) = 0 ⇒ ∇f


(a, b)
⇒ c f x (a, b) + d f y (a, b) = 0 ⇒ d/c = – f x (a, b) / f y (a, b)

e não o valor dado; f(x, y)= k

b) É falsa. A derivada direcional é um escalar …;


r
c) É falsa. De facto, grad f (a, b) = i significa que f, em (a, b), cresce mais rapidamente na direção

de Ox+. Porém, isso só é verdade na vizinhança imediata de (a, b). O ponto (a + 1, b) pode ser
“demasiado longe” e f ( x, y) tornar-se decrescente entre f (a, b) e f (a + 1, b) ;

d) É falsa. Embora esteja correto a parte em que se refere que grad f ( x, y) é perpendicular às

curvas de nível, mas se estas estiverem mais juntas (e correspondendo cada uma a valores de
f igualmente separados) significa que f varia mais rapidamente e, portanto, o vetor grad f é
maior (e não menor);
r
e) É verdadeira. De facto Dur f = 1,1 • u = 2 cosθ 1 ≤ 2
r r r r r
1
Usando v • u = v • u cosθ , e onde u é o vetor unitário, por definição de derivada direcional;

f) É verdadeira. Se são perpendiculares, também o serão os respetivos vetores gradiente. E,


nessas circunstâncias, ∇f • ∇g = 0. Então:

x y x y
∇f = + 1, ; ∇g = − 1, ⇒
x2 + y2 x2 + y2 x2 + y2 x2 + y2

⇒ ∇f • ∇g = 0 ⇒ as curvas de nível são perpendiculares.

1
13. Se grad f = 2 xy + 1, x 2 + qual é a função f ( x, y) se f(0, 0) = 0 ?
1+ y

Resolução:

∂f
Dado que
∂x
= 2xy + 1 ⇒ f ( x, y) = ∫ (2 xy + 1)dx = x y + x + K(y)
2


Caderno de exercícios (resoluções) 10.7. Derivada direcional e gradiente 10.7. 6
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

onde K(y) é a constante de integração, que pode ser função de y. A determinação desta
“constante” de integração faz-se derivando agora f ( x, y) = x2y + x + K(y) e comparando com x2

1 dK ( y ) 1
+ ⇒ x2 + = x2 + ⇒
1+ y dy 1+ y

dK ( y ) 1
⇒ = ⇒ K(y) = ln(1 + y) + C
dy 1+ y

⇒ f ( x, y) = x2y + x + ln(1 + y) + C

Sabendo que f (0,0) = 0 ⇒ C = 0 ⇒ f ( x, y) = x2y + x + ln(1 + y).

∂ ∂
14. Mostre que o operador ∇ ≡ , tem as seguintes propriedades:
∂x ∂y

u  v∇u − u∇v
a) ∇(uv) = u∇v + v∇u; b) ∇  = , onde u = u(x, y) e v = v(x, y).
v v2

Resolução:

∂ ∂ ∂u ∂v ∂u ∂v ∂u ∂u ∂v ∂v
a) ∇(uv) = , (uv) = v + u , v +u = v ,v + u ,u =
∂x ∂y ∂x ∂x ∂y ∂y ∂x ∂y ∂x ∂y

= u∇v + v∇u cqd. ;

∂u ∂v v ∂u − u ∂v
v −u
u ∂ ∂ u ∂x ∂x , ∂y ∂y
b) ∇  = ,  = =
v ∂x ∂y  v  v 2
v 2

1  ∂u ∂u ∂v ∂v  v∇u − u∇v
=  v ,v − u ,u = cqd. ,
2  
v  ∂x ∂y ∂x ∂y  v2

15. Em ’45, Londres era atingida pelas bombas V-1 e V-2. Um matemático mapeia as ocorrências e

desenvolve modelos probabilísticos no sentido de prever onde será a próxima explosão. Certo dia

chegou a P(x, y) = x2 – y2 + 2xy (P é a probabilidade em %, x e y as distâncias, em milhas, a dois

eixos ortogonais de referência). Em (5, 5), determine:


a) Qual a direção por onde a probabilidade diminui mais rapidamente?
b) Se na direção de (0, 0) a probabilidade aumenta ou diminui?
c) Qual(ais) a(s) direção(ões) em que a probabilidade não se altera.

Resolução:


Caderno de exercícios (resoluções) 10.7. Derivada direcional e gradiente 10.7. 7
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

a) ∇f = 2 x + 2 y,2x − 2 y ⇒ ∇f (5,5) = 20,0

A probabilidade aumenta mais rapidamente na direção 20,0 ⇒ diminui mais rapidamente

na direção contrária, ou seja, na direção − 20,0 , a partir de (5, 5);

1
b) D ur f = 20,0 • − 5,−5 = −20 50 < 0 ⇒ a probabilidade decresce;
50

c) D ur f = 20,0 • a, b = 0 ⇒ a = 0, ∀b ⇒ a probabilidade não se altera na direção de (vetor

unitário 0,1 .


Caderno de exercícios (resoluções) 10.7. Derivada direcional e gradiente 10.7. 8
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

10.8. Máximos e/ou mínimos com restrições: Método dos multiplicadores de Lagrange

1. A figura mostra as curvas de nível da y


g(x, y) = 0 f = 500
6 f = 400
função f ( x, y) . Refira se, estando x e y sujeitos à f = 300
f = 200
4
f = 100
restrição g ( x, y) = 0, f tem um máximo, um mínimo f=0
2

ou nenhum deles. Em caso afirmativo, refira onde, e


2 4 6 8 10
quanto, aproximadamente. x
Resolução:

A função f ( x, y) tem um máximo, no valor de cerca de 200, para (x, y) ≈ (3.5, 2.8).
r r
2. Seja f uma função diferenciável e seja grad f (2,1) = − 3i + 4 j . Verifique se o ponto (2, 1) é um
ponto de máximo ou de mínimo de f sujeita à restrição:

a) x2 + y2 = 5;

b) (x – 5)2 + (y + 3)2 = 25.


Resolução:
Para que o ponto (2, 1) seja um ponto de máximo ou de mínimo, é necessário ∇f (2,1) seja

proporcional a ∇g (2,1) :

a) ∇f (2,1) = − 3,4 e ∇g (2,1) = 4,2 . Facilmente se verifica que:

~∃ λ ∈ ℝ: − 3,4 = λ 4,2 ⇒

⇒ (2, 1) não é ponto de máximo nem de mínimo de f ( x, y) sujeita a x2 + y2 = 5;

b) ∇f (2,1) = − 3,4 e ∇g (2,1) = − 6,8 . Facilmente se verifica que:

∃ λ = 2 ∈ ℝ: − 3,4 = λ − 6,8 ⇒

⇒ (2, 1) é um ponto de máximo nem de mínimo de f ( x, y) sujeita a (x – 5)2 + (y + 3)2 = 25.

3. Use o método dos multiplicadores de Lagrange para resolver os seguintes problemas da Secção
10.6:
a) Problema 2; b) Problema 4; c) Problema 5; d) Problema 7.
Resolução:
a) f ( x, y, z) = 3xy + 3xz + 2yz

g( x, y, z) = 0 ≡ xyz = 18 z 18 l
y
x

Caderno de exercícios (resoluções) 10.8. Máximos e/ou mínimos c/ restrições: multiplicadores de Lagrange 10.8. 1
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

 ∂f ∂g
 ∂x = λ ∂x
 ∂f ∂g 3 y + 3 z = λyz
 =λ 3 x + 2 z = λxz
∇f = λ ∇g ⇒  ∂y ∂y ⇒ 
3 x + 2 y = λxy
 ∂f ∂g 
 =λ  xyz − 18 = 0
 ∂z ∂z
 g(x, y, z) = 0
Multiplicando a primeira por x, a 2ª por y e subtraindo: 2y – 3x = 0;
Multiplicando a 2ª por y, a 3ª por z e subtraindo: 3x(z – y) = 0 ⇒ x = 0 ∨ z = y; Como x = 0
não é opção, só interessa z = y;
9 3
Substituindo na 4ª (y = z = 3/2 x): x = 18 ⇒ x = 2 ⇒ y = z = 3;
4
b) f ( x, y, z) = xyz z

g( x, y, z) = 0 ≡ ax + by + cz – 1 = 0. 1/c

 ∂f ∂g
 ∂x = λ ∂x
 ∂f ∂g  yz = λa
 =λ  xz = λb
∇f = λ ∇g ⇒  ∂y ∂y ⇒ 
xy = λc 1/b
 ∂f ∂g  y
 =λ  + by + cz = 1
ax
 ∂z ∂ z 1/a
 g(x, y, z) = 0
Dividindo a 1ª pela 2ª: y/x = a/b; x

Dividindo a 2ª pela 3ª: z/y = b/c ⇒ z/x = a/c;

1 1 1 1
Substituindo na 4ª: ax + ax + ax = 1 ⇒ x = ;y= ;z= ⇒V= ;
3a 3b 3c 27abc
c) f ( x, y, z) = 8xyz

g( x, y, z) = 0 ≡ 4x2 + 9y2 + 16z2 – 144 = 0.

 ∂f ∂g
 ∂x = λ ∂x 8 yz = 8 λx
 ∂f ∂g 8 xz = 18 λy
 =λ 
∇f = λ ∇g ⇒  ∂y ∂y ⇒ 
 ∂f ∂g 8 xy = 32 λz
 = λ 4 x 2 + 9 y 2 + 16 z 2 = 144
 ∂z ∂z
 g(x, y, z) = 0
4 2
Dividindo a 1ª pela 2ª: y/x = x/y ⇒ y = ± x (só interessa a raiz positiva);
9 3
9 3
Dividindo a 2ª pela 3ª: z/y = y/z ⇒ z = ± y (só interessa a raiz positiva);
16 4
⇒ z = x/2.

Substituindo na 4ª: 4x2 + 4x2 + 4x2 =144 ⇒ x = 2 3


Caderno de exercícios (resoluções) 10.8. Máximos e/ou mínimos c/ restrições: multiplicadores de Lagrange 10.8. 2
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

4 3
⇒y= ⇒z= 3 ⇒ V = 64 3 ;
3
d) f ( x, y, z) = x2 + (y – 1)2 + z2

g( x, y, z) = 0 ≡ x + 2y + z – 1 = 0

 ∂f ∂g
 ∂x = λ ∂x 2 x = λ
 ∂f ∂g 2(y − 1 ) = 2 λ
 =λ 
∇f = λ ∇g ⇒  ∂y ∂y ⇒  ⇒ y = 2x +1 ∧ z = x ⇒
 ∂f ∂g 2 z = z
 =λ  x + 2 y + z = 1
 ∂z ∂z
 g(x, y, z) = 0
1 2
⇒ x + (4x + 2) + x = 1 ⇒ x = − =z∧y= .
6 3

x2 y2
4. Use o método dos multiplicadores de Lagrange para determinar a elipse + = 1 que passa
a2 b2
pelo ponto (4, 1) e tem área mínima (nota: a área da elipse é π ab).
Resolução:
f (a, b) = π ab

 ∂f ∂g  32
 ∂a = λ ∂a  πb = −λ a 3
 ∂f ∂g 
16 1  2
g (a, b) = 0 ≡ 2 + 2 − 1 = 0 ⇒ ∇f = λ ∇g ⇒  =λ ⇒  πa = −λ 3 ⇒
a b  ∂b ∂b  b
 g(a, b) = 0  16 + 1 = 1
  a 2 b 2
Multiplicando a primeira por a, a 2ª por b e subtraindo: a = 4b;

x2 y2
Substituindo na 3ª: b= 2 ; a=4 2 e a elipse de menor área que passa por (4, 1) é + =1
32 2
(pode demonstrar-se que é um ponto de mínimo pelo teste da 2ª derivada procurando os pontos
críticos da área apenas função de um dos coeficientes, a por exemplo, A(a) = πab(a), em b(a) é

x2 y2
conhecida implicitamente como sendo + = 1 ).
a2 b2

x2 y2 z2
5. Use o método dos multiplicadores de Lagrange para determinar o elipsoide + + = 1 que
b2 c 2a2
4
passa pelo ponto (1, 2, 3) e tem volume mínimo (nota: o volume do elipsoide é π abc).
3
Resolução:
4
f (a, b, c) = π abc
3


Caderno de exercícios (resoluções) 10.8. Máximos e/ou mínimos c/ restrições: multiplicadores de Lagrange 10.8. 3
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

 ∂f ∂g
 ∂a = λ ∂a
 ∂f ∂g

g(a, b, c) = 0 ≡ 2 + 2 + 2 − 1 = 0 ⇒ ∇f = λ ∇g ⇒  ∂b = λ ∂b
1 4 9

a b c  ∂f ∂g
 ∂c = λ ∂c
 g (a, b, c ) = 0
4 2
 3 πbc = −λ a3
4
 πac = −λ 8
 b3 ⇒ 2 = 8 = 18 ⇒ a
⇒ 3 = 3;b =2 3;c =3 3.
4 18 a2 b2 c2
 πab = −λ
3 c3
1 4 9
 2 + 2 + 2 =1
a b c
x2 y 2 z 2
O elipsóide é + + = 1 de volume V = 24 3 π.
3 12 27

6. Use o método dos multiplicadores de Lagrange para determinar o vetor tridimensional cujo
comprimento é 5 e cuja soma das suas componentes é máxima.
Resolução:
f ( x, y, z) = x + y + z
 ∂f ∂g
 ∂x = λ ∂x
 ∂f ∂g
 =λ
g( x, y, z) = 0 ≡ x + y + z = 5 ⇒ ∇f = λ ∇g ⇒  ∂y
2 2 2
∂y ⇒
 ∂f ∂g
 ∂z = λ ∂z
 g (x, y, z ) = 0

 x
1 = λ
 x2 + y2 + z2
 y
1 = λ 5
⇒  x2 + y2 + z2 ⇒ x=y=z= .
 z 3
1 = λ
 x2 + y2 + z2
 2
 x + y2 + z2 = 5

7. A base de uma caixa retangular custa, por m2, três vezes mais do que os lados e topo. Use o
método dos multiplicadores de Lagrange para determinar as dimensões da caixa com custo
mínimo se o seu volume for de 54m3.

Resolução:
f ( x, y, z) = 4xy + 2xz + 2yz
z 54 m3
g( x, y, z) = 0 ≡ xyz = 54 y
x


Caderno de exercícios (resoluções) 10.8. Máximos e/ou mínimos c/ restrições: multiplicadores de Lagrange 10.8. 4
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

 ∂f ∂g
 ∂x = λ ∂x
 ∂f 4 y + 2 z = λyz
∂g 4 x + 2 z = λxz
 =λ
∇f = λ ∇g ⇒  ∂y ∂y ⇒ 
2 x + 2 y = λxy
 ∂f ∂g 
 ∂z = λ ∂z  xyz − 54 = 0
 g (x, y, z ) = 0

Multiplicando a primeira por x, a 2ª por y e subtraindo: 2z(y – x) = 0 ⇒ z = 0 ∨ y = x; como z
= 0 não é opção, só interessa y = x;
Multiplicando a 2ª por y, a 3ª por z e subtraindo: z = 2y ⇒ z = 2x;

Substituindo na 4ª: 2 x3 = 54 ⇒ x = 3 = y, z = 6.

8. Considere um triângulo de lados x, y e z. Seja s relacionado com o perímetro do seguinte modo:


2s = x + y + z. A área, então, pode ser dada pela fórmula de Heron: A2 = s(s – x)(s – y)(s – z). Use
o método dos multiplicadores de Lagrange para mostrar que o triângulo de um dado perímetro
com área máxima é um triângulo equilátero.

Resolução:
Se o perímetro é fixo, seja P, s é uma constante, s = P/2. O máximo da Área, A, é o mesmo que o
máximo de A2. Portanto:
f ( x, y, z) = s(s – x)(s – y)(s – z)
g( x, y, z) = 0 ≡ x + y + z – s = 0

∇f = λ ∇g ⇒

 ∂f ∂g
 ∂x = λ ∂x
 ∂f − s ( s − y )(s − z ) = λ
∂g − s ( s − x)(s − z ) = λ
 =λ
⇒  ∂y ∂y ⇒ − s ( s − x)(s − y ) = λ ⇒ (s – x) = (s – y) ∧ (s – y) = (s – z) ⇒
 ∂f ∂g 
 ∂z = λ ∂z x + y + z − s = 0
 g (x, y, z ) = 0

⇒ x = y = z, o triângulo é equilátero.
9. Use o método dos multiplicadores de Lagrange para determinar as dimensões relativas do cilindro
circular de volume fixo, V, e de menor área de superfície.
Resolução:
f (r, h) ≡ A(r, h) = 2πr2 + 2πrh

 ∂A ∂g
 ∂r = λ ∂r

 ∂A ∂g
g(r, h) = 0 ≡ π r2 h – V = 0 ⇒ ∇A = λ ∇g ⇒  =λ ⇒
 ∂ h ∂h
 g (r, h) = 0



Caderno de exercícios (resoluções) 10.8. Máximos e/ou mínimos c/ restrições: multiplicadores de Lagrange 10.8. 5
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

4π r + 2π h = 2 λπ rh

⇒  2π r = λπ r 2 ⇒ h = 2r ⇒ r = 3
V / 2π .
 π r 2h = V

10. Use o método dos multiplicadores de Lagrange para determinar o ponto da interseção dos planos
x + 3y – 2z = 11 e 2x – y + z = 3 que se encontra mais próximo da origem de coordenadas.
Resolução:

f ( x, y, z) ≡ d 2 = x2 + y2 + z2

g1( x, y, z) = 0 ≡ x + 3y – 2z – 11 = 0 ∧ g2 ( x, y, z) = 0 ≡ 2x – y + z – 3 = 0

 ∂f ∂g1 ∂g 2
 ∂x = λ1 ∂x + λ2 ∂x 2 x = λ1 + 2 λ2
 ∂f ∂g ∂g 2 2 y = 3 λ − λ
 = λ1 1 + λ2  1 2  x=3
 ∂y ∂y ∂y 
 ∂f ∂g1 ∂g 2 ⇒ 2 z = −2 λ1 + λ2 ⇒ y=2
 = λ1 + λ2  x + 3 y − 2 z = 11  z = −1
 ∂z ∂z ∂z  
 g1 ( x, y, z ) = 0 2 x-y + z = 3
 g 2 ( x, y, z ) = 0

11. Uma tremonha de transporte de grão tem a forma de um cone


acoplado a um cilindro, conforme a figura junta. Se o volume total é de h

27m3, determine as dimensões h e k que minimizem a área de


k s
superfície (nota: recorde que o volume do cone é 1/3π r2k e a sua área
superficial é de π rs.
r = 60cm
Resolução:

f (k , h) ≡ A(k , h) = 2πrh + πrs; s = k 2 + (0.6)2 ⇒ A(k , h) = 1.2πh + 0.6 k 2 + 0.36

g (k , h) = 0 ≡ 0.36πh + 0.12 π k – 27 = 0

 ∂A ∂g
 ∂h = λ ∂h  1.2π = 0.36 λπ  6π
 k=
 ∂A ∂g   225 − π 2
∇A = λ ∇g ⇒  = λ ⇒  0.6 k
= 0.12 λπ ⇒  .
 
 ∂k ∂k
 k 2 + 0.36 h = 1  225 − 6π 
 g ( h , k ) = 0 0.36 πh + 0.12 πk = 27  
3 π 
 225 − π 2 


12. Um marco é constituído por três secções, dois cones e um cilindro entre eles. Todos com a mesma
altura. Para uma área de superfície especificada, qual a forma com maior volume?
Resolução:
5
f (r, h) ≡ V (r, h) = π r 2 h ;
3


Caderno de exercícios (resoluções) 10.8. Máximos e/ou mínimos c/ restrições: multiplicadores de Lagrange 10.8. 6
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

g(r, h) = 0 ≡ 2π r  h + r 2 + h2  – A = 0;
  h
 ∂V ∂g
 ∂r = λ ∂r
 ∂g
∇V = λ ∇g ⇒  ∂V = λ ⇒ h
 ∂h ∂h
 g (r, h) = 0
 h
10  r2  r
 π rh = 2πλ r 2 + h 2 + + h
3  
 r 2 + h2 

5  rh 
⇒  π r 2 = 2πλ + r ; Dividindo a 1ª pela 2ª e definindo x = h/r :
 
3  r +h
2 2
 
  2
 2π r  h + r + h  = A
2

  

(1 + x 2 ) + 1 + x 1 + x 2 2
2x = ⇒ x=
x + 1+ x 2 5

A = 2π r 2  x + 1 + x 2  ⇒ r =
A 2A
Substituindo na última: ;h= .
  2π 5 π5 5
13.* a) Use o método dos multiplicadores de Lagrange para demonstrar que o produto de três
números positivos, x, y e z, cuja soma é S, fixa, é máximo se forem todos iguais;

x + y + z
b) Use o resultado para demonstrar que 3 xyz ≤ ;
3

c) Generalize o resultado da alínea a) para o caso do produto de n números positivos, x1x2…xn,


n
tais que ∑ x = S , ser máximo se todos os x
i =1
i i forem iguais. Mostre em seguida que

x1 + x2 + ... + xn
n x1 x2 ...xn ≤ o que demonstra que a média geométrica nunca é maior
n
que a média aritmética.

Resolução:

a) f ( x, y, z) = xyz;

g( x, y, z) = 0 ≡ x + y + z – S = 0;

 ∂f ∂g
 ∂x = λ ∂x  yz = λ
 ∂f ∂g  xz = λ
 = λ ∂y 
⇒  ∂y ⇒  ⇒ x = y = z = S/3 c.q.d.;
 ∂f = λ ∂g  xy = λ
 ∂z ∂z  x + y + z = S

 g ( x, y, z ) = 0


Caderno de exercícios (resoluções) 10.8. Máximos e/ou mínimos c/ restrições: multiplicadores de Lagrange 10.8. 7
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

(1)
S3 x + y + z
b) xyz ≤ 3
⇒ 3 xyz ≤ c.q.d.;
3 3

(1) – Se x, y e z forem números diferentes, decorre do resultado da alínea anterior que o seu produto é inferior ao
que se obteria se fossem todos iguais e esse produto seria S3/33 …

c) f ( x1, x2 ,..., xn ) = x1x2… xn;

g ( x1, x2 ,..., xn ) = 0 ≡ x1 + x2 + … + xn – S = 0;

 ∂f ∂g
 ∂x1 = λ ∂x1
 ∂f  x2 x3...xn = λ
∂g  x x ...x = λ
 =λ  1 3 n
 ∂x2 ∂x2
⇒  ⇒ ... ⇒ x1 = x2 =… = xn = S/n ⇒
...
  x x ...x = λ
 ∂f = λ ∂g  1 2 n −1
 ∂xn ∂xn  x1 + x2 + ... + xn = S

 1 2 ..., xn ) = 0
g ( x ,x ,

Sn x1 + x2 + ... + xn
⇒ x1x2…xn ≤ n
⇒ n x1x2...xn ≤ c.q.d..
n n

14. Use o método dos multiplicadores de Lagrange para determinar os pontos mais alto e mais baixo
 x = cos t

da linha no espaço  y = sen t . Interprete graficamente o problema.
 z = sen t

z
Resolução:
f ( x, y, z) = z;

g1( x, y, z) = 0 ≡ x2 + y2 – 1 = 0 ∧ g2 ( x, y, z) = 0 ≡ y – z = 0;
y
 ∂f ∂g1 ∂g 2
 ∂x = λ1 ∂x + λ2 ∂x
 ∂f 0 = 2 λ1 x
∂g ∂g 2 0 = 2 λ y + λ x
 = λ1 1 + λ2  x = 0
 ∂y ∂y ∂y  1 2

⇒  ∂f ∂g1 ∂g 2 ⇒ 1 = − λ2 ⇒  y = ±1 ⇒ há 2 pontos críticos:
= λ1 + λ2  x2 + y2 = 1  z = ±1
 ∂z ∂z ∂z
  
 g1 ( x, y, z ) = 0  y = z

 g 2 ( x, y, z ) = 0
(0, 1, 1) ∧ (0, –1, –1). Naturalmente (0, 1, 1) é o ponto mais elevado e (0, –1, –1) o mais baixo.

Consiste na localização dos “pólos Norte e Sul” de uma circunferência no espaço definida pela
interseção do cilindro x2 + y2 = 1 com o plano y = z.


Caderno de exercícios (resoluções) 10.8. Máximos e/ou mínimos c/ restrições: multiplicadores de Lagrange 10.8. 8
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

15. Use o método dos multiplicadores de Lagrange para determinar os pontos da linha no espaço
 x = sen t

 y = 1 + 2 cos t mais próximos e mais afastados da origem. Interprete graficamente o
 z = 3 sen t

problema.
Resolução:
f ( x, y, z) ≡ d 2 = x2 + y2 + z2; y

g1( x, y, z) = 0 ≡ x2 +
( y − 1)
2
–1 = 0 ∧ g2 ( x, y, z) = 0 ≡ z – 3x = 0;
4 z
 ∂f ∂g1 ∂g 2 2 x = 2 λ1 x − 3 λ2
 ∂x = λ1 ∂x + λ2 ∂x 
 ∂f ∂g ∂g 2 2 y = λ1(y − 1 ) x = 0
 = λ1 1 + λ2 
 ∂y ∂y ∂y 2 

⇒  ∂f ∂g1 ∂g 2 ⇒ 2 z = λ2 ⇒  y = −1 ∧ y = 3
= λ1 + λ2  
 ∂z

∂z ∂z
x 2 +
( y − 1)2 = 1  z = 0 x
 g1 ( x, y, z ) = 0  4
  z = 3 x
 g 2 ( x, y, z ) = 0
(0, 3, 0) e (0, –1, 0) são os pontos mais afastado e mais próximo, respetivamente, da elipse na

interseção entre o cilindro elíptico x2 +


( y − 1)2 =1 e o plano z = 3 x.
4
16. Um tanque de armazenamento tem a forma cilíndrica e de extremidades hemisféricas. Se a sua
capacidade for de 1000 l, determine as suas dimensões (r, h) de
r
modo que a quantidade de material gasto seja mínimo (Notas: o
h
volume da esfera e a sua área superficial são, respetivamente,
4/3π r3 e 4π r2).

Resolução:
f (r, h) ≡ A(r, h) =4π r2 + 2π r h;
g(r, h) = 0 ≡ 4/3π r3 + π r2 h – 1000 = 0;

 ∂A ∂g  4 r + h = λ ( 2 r 2 + r h)
 ∂r = λ ∂r 
 ∂A ∂g 
∇A = λ ∇g ⇒  =λ ⇒ 2 = λ r . Substituindo a 2ª na 1ª:
 ∂h ∂h 4 3
 g (r, h) = 0  π r + π r h = 1000
2
 3
4r + h = 4r + 2h ⇒ h = 0. Portanto, pretendendo minimizar a área superficial, o tanque de
armazenamento deve reduzir-se a uma esfera e não ter aquela forma cilíndrica.

17. Um compartimento de armazenamento climatizado tem a forma de um prisma retangular e deve


ter um volume de 1000m3. Como o ar quente sobe, a perda de calor por unidade de área pelo
topo é quíntupla da que se verifica pelo chão. Também a perda de calor pelas quatro paredes


Caderno de exercícios (resoluções) 10.8. Máximos e/ou mínimos c/ restrições: multiplicadores de Lagrange 10.8. 9
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

laterais, também por unidade de área, é tripla da que se verifica pelo chão. Determine as
dimensões do compartimento que minimizam as perdas de calor e, por conseguinte, minimizam
o custo de aquecimento.

Resolução:

Seja QC a perda de calor por unidade de área (em w/m2, por exemplo);
f ( x, y, z) = QC [6xy + 3(2xz + 2yz)];
g( x, y, z) = 0 ≡ xyz – 1000 = 0;
z
 ∂f ∂g  λ y
 ∂x = λ ∂x 6 y + 6 z = Q yz
 C x
 ∂f ∂g λ
 = λ ∂y 6 x + 6 z = xz 6QC
⇒  ∂y ⇒  QC ⇒ x=y=z= ⇒
 ∂f = λ ∂g  λ
λ
 ∂z ∂z 6 x + 6 y = xy
  QC
 g (x, y, z ) = 0  xyz = 1000

3QC
⇒λ= ⇒ x = y = z = 10m.
5

18. Repita o problema anterior mas para a situação em que as perdas de calor pelo topo e lados se
mantêm, mas o chão é agora melhor isolado de modo a que as perdas por este lado se podem
considerar nulas.

Resolução:
f ( x, y, z) = QC [5xy + 3(2xz + 2yz)];
g( x, y, z) = 0 ≡ xyz – 1000 = 0;

 ∂f ∂g  λ
 ∂x = λ ∂x 5 y + 6 z = Q yz
 ∂f ∂g  C

 ∂y = λ ∂y 5 x + 6 z = λ xz λ
⇒  ⇒  QC ⇒ Subtraindo a 2ª à 1ª: 5( y − x) = z ( y − x)
 ∂f = λ ∂g  λ
QC
 ∂z ∂z 6 x + 6 y = xy
  QC
 g (x, y, z) = 0  xyz = 1000

λ λ
⇒ z = 5 ∨ y = x. Para z = 5 , substituindo na 1ª ⇒ z = 0 que é uma solução que não
QC QC
12QC
interessa. Portanto, terá que ser y = x. Substituindo na 3ª: y = x = . Substituindo na 2ª: z
λ
10QC QC
= . Da última equação tira-se que λ = 3 180 , donde, finalmente:
λ 5
60 50
x=y= 3
m e z= 3
m.
180 180


Caderno de exercícios (resoluções) 10.8. Máximos e/ou mínimos c/ restrições: multiplicadores de Lagrange 10.8. 10
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

19. Um canal de irrigação, com forma trapezoidal, tem uma área da secção reta transversal de 50m2.
O caudal que suporta é inversamente proporcional ao perímetro molhado, P, isto é, ao perímetro
do trapézio exceto o topo (ver figura). Assim, para maximizar o
b
caudal no canal é necessário proceder à minimização daquele
perímetro. Determine os valores da profundidade, d, da largura, x d
w e do valor do ângulo θ que maximizam o caudal suportado pelo θ θ

canal. w

Resolução:

P = w + 2x

2d
d = x senθ ⇒ x = d/senθ ⇒ P = w +
sen θ

A = 50m2 = wd + bd

b = x cosθ ⇒ wd + d 2 cotg θ = 50

 ∂P ∂A
 ∂d = λ ∂d  2
 ∂P  sen θ = λ(w + 2d cotg θ)
∂A 
∇P = λ∇A ⇒  =λ ⇒ 1 = λd
 ∂w ∂w
 ∂P = λ ∂A
− 2d cotg θ cosec θ = d 2 λ − cosec2 θ

( )
 ∂θ ∂θ 

50 50
substituindo a 2ª na 3ª: ⇒ cotgθ = ½ cosecθ ⇒ θ = π/3 ⇒ d = ,w= 2 .
3 3 3

20. Classifique como verdadeira ou falsa cada uma das seguintes proposições:

a) Se f ( x, y) sujeita à restrição g ( x, y) = c tem um máximo local em (a, b), então g (a, b) = c;


r
b) Se f ( x, y) sujeita à restrição g ( x, y) = c tem um máximo local em (a, b), então ∇f (a, b) = 0 ;

c) A função f ( x, y) = x + y sujeita à restrição x – y = 0 não tem um ponto de máximo global;

d) Se ∇f (a, b) e ∇g (a, b) apontam em sentidos contrários, então (a, b) é um ponto de mínimo

local de f ( x, y) sujeita à restrição g ( x, y) = c.

Resolução:

a) Verdadeira. Se (a, b) é uma máximo local de f sujeita a g ( x, y) = c, o ponto (a, b) pertence à

curva g ( x, y) = c e, portanto, g (a, b) = c;


Caderno de exercícios (resoluções) 10.8. Máximos e/ou mínimos c/ restrições: multiplicadores de Lagrange 10.8. 11
FEUP – MIEQ – Análise Matemática II 10. Funções de várias variáveis: Derivadas parciais

r
b) Falsa. Embora seja possível. ∇f (a, b) = 0 ⇒ (a, b) é um ponto crítico de f. Os pontos de

máximo e de mínimo condicionados não são, em geral, pontos críticos de f;

c) Verdadeira. A restrição implica x = y ⇒ f ( x, y( x)) =2x que é uma função monótona crescente

sem pontos críticos;

d) É falsa. Pode ser ponto de máximo ou de mínimo. Significa que λ < 0, mas isto não tem
qualquer significado quanto ao tipo de extremo em análise. Recorde até que a restrição
g( x, y) = c pode ser arbitrariamente escrita como sendo c – g( x, y) = 0 que tem o vetor
gradiente com sentido contrário a da equação g ( x, y) = c original, não sendo por esta alteração

que a natureza do extremo é alterada.


Caderno de exercícios (resoluções) 10.8. Máximos e/ou mínimos c/ restrições: multiplicadores de Lagrange 10.8. 12

Você também pode gostar