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A Questão Alemã

1. Cromo é que se transforma a Alemanha? [1947-1949]


2. Potências ocidentais – como conviver com a Alemanha?

A criação da República Federal Alemã significa que este novo estado se encontra obrigado a
aceitar o estatuto de obrigação de limites máximos referentes à indústria.

Estatuto do Ruhr – autoridade internacional com o intuito de subtrair o estatuto da, à época,
Alemanha do pós-guerra.

Declaração Schuman

Robert Schuman fora, porventura, um negociador fundamental de importantes tratados e


iniciativas, assim como o Conselho da Europa, o Plano Marshall e a NATO – iniciativas que
procuravam, e procuram, reforçar a cooperação no âmbito da aliança ocidental e unificar a
Europa. Todavia, Robert Schuman ficou sobretudo conhecido devido à agora denominada
Declaração Schuman, na qual, em linhas muitos gerais, propôs à Alemanha e aos restantes
países europeus que conjugassem esforços com vista à união dos seus interesses económicos.
Schuman acreditava que a interligação desses interesses – meramente económicos, diga-se –
tornaria a guerra “não só impensável como materialmente impossível”.

Como vimos anteriormente, foi a 9 de Maio de 1950 que Robert Schuman proferiu a chamada
Declaração Schuman – em nome do Governo francês –, inspirada e elaborada no plano de Jean
Monnet, onde propunha que toda a produção franco- alemã de carvão e de aço fosse colocada
sob uma Alta Autoridade. Essa proposta assentava na ideia de que, se a produção desses
recursos fosse partilhada pelos dois países mais poderosos – economicamente – do continente,
evitar-se-ia a ocorrência de futuras guerras.

Constituição de uma única Alemanha neutral.


Para que serve a Alemanha unificada? Para a França uma Alemanha unificada pode ser
sobejamente perigosa. Todavia, a França não coloca o cenário de parte. O que realmente
importa é saber em que moldes o será feito.

Resta saber porque é que o governo francês se preocupava, à data, com a ameaça à paz mundial.
Consta que a Europa estava demasiado perto da União Soviética, o que só por si se revelava
bastante perigoso; dado que a URSS se tornou, à data de 1949, uma potência nuclear. Foi,
portanto, imperial, a necessidade de refundar a Europa. A França vai assumir um papel
fundamental, visto ser promotora do projeto da União Europeia, sempre com o objetivo de
conceber a paz.

A solidariedade pretende uma autoridade supranacional, capaz de escapar à influência dos


Estados.

É, todavia, a braços com o cenário descrito que importa saber qual é a visão da Inglaterra, em
primeira instância, em relação à declaração de Robert Schuman. A França pretendia fazer uma
liderança assente nos setores estratégicos; visão contrária aos interesses da Inglaterra que
pretendia manter a sua relação com os Estados Unidos da América [a Inglaterra rejeita a sua
despromoção].

Os países reagem à declaração de Schuman de forma, diga-se, distinta. A Holanda e a Bélgica


tinham receios, dado que as suas capacidades produtivas eram naturalmente inferiores em
comparação com as da França e com as da República Federal da Alemanha. Não podiam,
todavia, deixar de integrar esta reformulação do mercado, tendo com conta a sua pequena
dimensão.
Ora, resta-nos saber o que é que os Países Baixos e a Bélgica foram, pois, negociar. À parte da
uniformização dos mercados, a Bélgica e os Países Baixos negociaram a igualdade dos
pequenos e dos grandes através do sistema de pagamentos – que permitia a melhoria das
condições de trabalho e da transferência de componentes tecnológicos – a melhoria das
condições de trabalho e por último, mas não menos importante, a redução da intervenção do
Estado no domínio das propinas industriais.

Comunidade Europeia do Carvão e do Aço

Em menos de seis anos após o final da Segunda Guerra Mundial, e em menos de um ano de
negociações, a 18 de Abril de 1951 foi celebrado em Paris, entre Bélgica, França, Itália,
Luxemburgo, Países Baixos e a República Federal da Alemanha, o Tratado Constitutivo da
Comunidade Europeia do Carvão e do Aço. Esta nova Organização Europeia era um símbolo
jurídico-político da reconciliação entre antigos beligerantes e, mais do que isso, do
estabelecimento de um novo modo de relações entre países.

Uma característica importante foi a criação, como vimos anteriormente, de uma Alta Autoridade
que, entre as demais responsabilidades, assegurava a supervisionação do mercado, controlava o
respeito pelas regras da concorrência e assegurava a transparência dos preços.

O objetivo, primeiro, deste tratado era contribuir, graças ao mercado comum do carvão e do aço,
para a expansão económica, o emprego e para um melhor nível de vida. Ao criar um mercado
comum, o tratado instaurou a livre circulação de produtos, desprovidos de direitos aduaneiros e
de encargos. Proibiu, igualmente, as medidas ou práticas discriminatórias, as subvenções, os
auxílios estatais – ou encargos especiais impostos pelo Estado – e as práticas restritivas.
A Comunidade Europeia do Carvão e do Aço desempenhava sobretudo um papel indireto, e
subsidiário, através da cooperação com os governos, e das intervenções em matéria de preços e
de política comercial.

Em suma, diferentemente do que ocorrera com a Organização para a Cooperação Económica


Europeia e com o Pacto de Bruxelas, a proposta da constituição da Comunidade Económica do
Carvão e do Aço não tinha por fundamento a oposição escalar típica da Guerra Fria que opunha
os Estados Unidos da América e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, mas sim “(...)
propunha construir um mecanismo institucional voltado a lidar – e não a eliminar – a tradicional
oposição escalar existente nas relações entre os países europeus: a oposição entre as
estatalidades isoladas da Alemanha e da França.”

Dificuldades inerentes à constituição desta comunidade.

 Modernização da produção.
 Contratação de elevado número de indivíduos para fazer frente à necessidade aparente
de mão de obra.
 Fórmula única que, por ser europeia, acabaria por ser extensível à totalidade dos
estados-membros que acompanhassem esta decisão.

Reformulação dos fluxos laborais no pós segunda-guerra Fazer frente aos elevados níveis de
pobreza.
A CECA é a primeira etapa preliminar. A experiência bem sucedida vem fazer emergir outras
questões. A visão supranacionalista, da lógica integradora, cresce. Induz a aplicação do mesmo
princípio. A resolução de novos problema as novos domínios.

Foi nos termos da Declaração Schuman que o estabelecimento da CECA deveria constituir a
pedra basilar de um processo que, porém mais vasto, visaria a criação de uma federação
europeia. Todavia, o sucesso da primeira comunidade europeia levou a uma leviandade no
lançamento imediato de outros objetivos de integração para fazer face às dificuldades políticas
da época é de referir, sem ordem específica, a polémica relativa à questão do rearmamento
alemão. Com efeito, no contexto da Guerra Fria, e na sequência da Guerra da Coreia, os
compromissos dos Aliados relativos ao desarmamento alemão pareciam irremediavelmente
ultrapassados, ou exceção da França que continuava a opor-se à possibilidade deste.

A Guerra da Coreia foi travada entre 25 de Junho de 1950 e 27 de Julho de 1953, opondo a
Coreia do Sul e os seus aliados - que incluíam os Estados Unidos da América e o Reino Unido -
à Coreia do Norte, apoiada pela República Popular da China e pela União Soviética. O resultado
foi a manutenção da divisão da península da Coreia em dois países distintos.

Para superar este impasse (resultante do veto francês) perante o que se afigurava como a
inevitabilidade de fazer participar a Alemanha Ocidental na defesa do seu território face a uma
hipotética agressão proveniente da República Democrática Alemã, o, à data, primeiro-ministro
francês René Pleven - inspirado em Jean Monnet -apresentou um plano (apresentado em 1951)
que previa o alargamento da experiência da primeira comunidade europeia ao domínio da
defesa, contornando o problema da criação de um exército alemão através da formação de um
corpo de forças armadas europeias.
Foi com este propósito que os Estados-membros da CECA assinaram, em Maio de 1952, o
tratado constitutivo de uma Comunidade Europeia de Defesa conheceu obstáculos
intransponíveis por parte da França.
Se bem que os demais estados-membros da CECA tivessem ratificado o Tratado.

Na verdade, a forte oposição dos comunistas, assim como a forte oposição do General Charles
De Gaulle a qualquer tipo de compromisso que permitisse o rearmamento alemão, temendo
perder a sua soberania (bem como o clima de degelo no ambiente de Guerra Fria, facilitado pela
morte de Josef Stalin), fizeram com que a Assembleia Nacional francesa tivesse recusado a
ratificação deste a Agosto de 1954, comprometendo, desta forma, a viabilidade desta
organização e arrastando, por consequência, o destino da Comunidade Política Europeia.

A questão fundamental é saber como é que a França pode recuperar o estatuto de “grande
potência” sem que se permita a abdicar do seu exército.

O plano acabaria, como vimos anteriormente, por ser chumbado na Câmara Francesa.

Diferença entre federação e confederação.

Processo de decisão horizontal. Unanimidade.

A França perde assim capacidade de resposta aos seus problemas individuais. Em 1954 o
problema voltou assim à “estaca zero”.

Como é que se resolve o problema de defesa da Europa?

O Pacto de Bruxelas vai redefinir-se em termos da sua natureza geográfica para abranger a RFA
e a Itália. A união da Europa Ocidental adquire uma nova expressão, inscrita no contexto da
NATO. Primeira fase de reação militar quando e se possível.
A inserção da RFA neste contexto vai induzir ao reconhecimento pleno da sua soberania, ou
seja, cessa o fim do estatuto de ocupação. A partir de 1954 a RFA é um estado de direito sem
tutela externa.

A quem pertence, pois, o Sarre?


A administração francesa no Sarre deixa assim de existir.

Os anos de 1954 e 1955 são dotados de elevada incerteza. Se por um lado se pretende estender
uma visão conjunta europeia, por outro não se sabe como.
Criação de uma dimensão europeia favorável à progressão do comércio, sem entraves. Que
comércio e que entraves? OECE.

União Europeia de pagamentos


A Organização Económica de Cooperação Europeia, também conhecida por OECE, que havia
sido criada para administrar os fundos do Plano Marshall, criou em 1950 a União Europeia de
Pagamentos. A UEP era basicamente uma câmara de compensação internacional que tornava
possível, dentro de certos limites, a inter-convertibilidade das moedas europeias.
Foi no âmbito da UEP que se assistiu à criação da primeira unidade de conta europeia, na qual
se contabilizavam os saldos positivos ou negativos da balança de pagamentos. Era portanto
uma unidade de conta do tipo paritário.

Continuou a ser utilizada pela CEE até 1977, sobrevivendo assim à UEP.

Cada país prestava uma quota que permitia a cada um dos países usufruir de um crédito de 20%
da sua quota. A totalidade dos movimentos era reportado mensalmente. Qual a consequência?
Os países não podiam exceder 60% da sua quota, sob pena de serem induzidos a medidas de
austeridade, como a redução de consumos internos, promoção da desvalorização da moeda.
Todos os países da OECE são chamados a assinar, em 1951, o código de liberalização do
comércio.
Na Europa desta época, no início dos anos 50, existem adeptos fervorosos da liberalização. O
caso da Itália é sobejamente curioso.

Aposta em quebrar o protecionismo intrínseco desde os tempos da sua unificação.

Cimeira de Messina de 1955

É absolutamente essencial relançar o projeto europeu, estabelecendo uma agenda


suficientemente interessante para o desenvolvimento de um “aprofundamento europeu” com
base no comércio.

Instituição de uma comissão


O que é que se pretende com esta comissão? Esta comissão reúne de forma relativamente
frequente e tem representantes dos trabalhadores, das indústrias, etc.

As perspectivas essenciais são as seguintes:


1. Comércio;
2. Domínio dos Transportes;
3. Políticas sociais;
4. Energia nuclear.

A Conferência de Messina, de Junho de 1955, reuniu os representantes dos, à data, seis Estados-
membros da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, para a discussão do relançamento do
processo de integração, dado o contexto.
Os países do Benelux - traduzindo o compromisso europeu dos primeiros-ministros Paul-Henri
Spaak e Joseph Bech, bem como do ministro dos negócios estrangeiros holandês Johan Willem
Beyen – tiveram, pois, uma atuação concertada. Conseguiram, com ela, o apoio do ministro
italiano Gaetano Martino para uma concepção, mais alargada, de integração europeia; perante as
reticências do ministro alemão Walter Hallstein a par da preferência francesa pela integração
setorial da energia atómica.

A 1956 dá-se a crise do Suez, o desenrolar de um conflito no Médio Oriente, envolvendo


diretamente a França, a Grã-Bretanha, Israel e o Egito.
No entanto, este conflito, que ficará conhecido como a “Guerra de Suez”, de curta duração e
aparentemente esquecido e subvalorizado, rapidamente se estenderia a um endurecimento das
posições políticas de todas as grandes potências mundiais e viria a alterar, profundamente, a
situação político-económica europeia.
Este acontecimento marca a extensão da Guerra Fria à região do Médio Oriente, cabendo-lhe
um lugar de destaque no agudizar das relações entre os dois blocos que a protagonizavam e que
se vinham agravando, sobretudo a partir de 1954, por um lado, com a retirada do apoio soviético
a Israel transferido para os governos dos estados pós-coloniais de quem esperavam conseguir
uma ameaça ao fornecimento petrolífero da Europa e, por outro, com o estabelecimento
estratégico da Liga do Norte, que formando uma aliança entre a Turquia, o Irão, o Paquistão, a
Grã-Bretanha e os Estados Unidos, visavam garantir esse fornecimento e constituíam uma séria
ameaça à fronteira da União Soviética, levando-os a optarem por apoiar a causa árabe, com
particular ênfase no interesse dos palestinianos, já que era a mais fácil e popular forma de
granjear simpatias no mundo árabe e muçulmano.

Tratado de Roma
O Tratado de Roma ocupa um lugar de importância primordial no processo de construção
europeia. É ele que instituiu a Comunidade Económica Europeia, em Março de 1957.
Com efeito, foi o Tratado de Roma que permitiu alterar o quadro de relacionamento entre os
países da Europa ocidental, de forma duradoura, e, no termo da Guerra Fria, criar um quadro de
referência que orientou a transição para a democracia dos países da Europa central e de leste;
bem como a evolução para uma economia de mercado.
A Comunidade Económica Europeia visava uma integração geral das atividades económicas dos
Estados-membros, com o objetivo da criação de um mercado comum europeu; que
estabelecesse os fundamentos de uma união cada vez mais estreita entre os povos europeus. Por
seu turno, a Comunidade Europeia da Energia Atómica – instituída no Tratado Euratom, no
mesmo ano – abrangia apenas o setor da energia nuclear para fins civis. A importância deste
pode ser claramente constatada no contexto do alargamento.

Os principais objetivos deste tratado foram o de 1. promover a investigação e assegurar a


difusão dos conhecimentos técnicos, 2. estabelecer normas de segurança uniformes com vista a
proteger a saúde da população e dos trabalhadores da indústria, 3. facilitar a investigação e 4.
garantir que os materiais nucleares não eram desviados para fins diferentes daqueles a que se
destinavam.

Todavia, no que respeita à Comunidade Económica Europeia, a proposta inicial era a de uma
união aduaneira aplicável a produtos industriais – que vinha ao encontro dos interesses das
economias mais industrializadas –; a contraproposta francesa defendia que esta lógica de
mercado teria que incluir necessariamente, também, os produtos agrícolas. Esta posição –
subscrita pela Itália – defendia que a União Aduaneira teria de ser transversal à totalidade dos
géneros e não apenas restrita a um setor específico, exigindo, portanto, um sistema de
financiamento para salvaguarda dos produtores agrícolas face ao comércio externo.

1. O nascimento do mercado comum

Os tratados que o instituem são assinados em Roma a 25 de Março de 1957. O Mercado


Comum é concebido como uma união aduaneira. A passagem à prática desta união deve ser
feita progressivamente, em três períodos de quatro anos. Durante cada uma das fases os países
membros deverão reduzir as taxas alfandegárias a aplicar aos outros membros. Será estabelecida
uma taxa eterna comum, a aplicar a países terceiros. Concretizar-se-ia também a abertura
progressiva das fronteiras a deslocações internas de trabalhadores e ao movimento de capitais.
Os territórios do ultramar seriam admitidos a título experimental.

2. A Euratom

A criação da Euratom obedece a uma dupla finalidade, assegurar o fornecimento em boas


condições da energia de que a Europa necessitava, como também permitir à “Europa dos Seis”
uma maior independência em matéria atómica. Deste modo, a Euratom não foi criada para
centralizar a produção de energia atómica dos seis países. Existe, pois, uma central de
abastecimento que dispõe de uma opção de compra sobre minerais, matérias brutas e matérias
fósseis produzidas nos países-membros, tendo o direito de exclusividade sobre a celebração de
contratos de fornecimento destes materiais, caso provenham do exterior. A Comunidade
exercera assim um controlo rigoroso, que incluía inspeções locais.
Apesar das esperanças depositas neste organismo, a Euratom revelou-se um fracasso. Porquê?
As reservas da França, desejosa de preservar a independência em questões de energia atómica
para construir a sua própria bomba, e os entraves dos Americanos, que não queriam que os
Europeus se autonomizassem em questões de energia atómica, fizeram fracassar os projetos
mais ambiciosos.
Quando em 1957, por proposta da França, os países europeus colocaram a hipótese de construir
uma fábrica de separação isotópica que lhes permitisse serem autossuficientes em urânio
enriquecido, os Americanos baixam de tal modo o preço de venda do produto aos Europeus que
estes desistem de enveredar por tão elevados investimentos.
Os dois tratados instituem, portanto, uma zona económica específica, a da “Europa dos Seis”,
uma Europa continental.

Quem são? França, RFA, Países Baixos, Itália, Luxemburgo, Bélgica.

Análise do preâmbulo do Tratado da Euratom

Comunidade Europeia da Energia Atómica. Porque é que a energia nuclear é um recurso


essencial? Garantir a autonomia energética da Europa Ocidental. Do ponto de vista geopolítico,
as grandes companhias europeias, que tinham encetado a extração petrolífera do Médio Oriente
na sequência do final da Grande Guerra, eram agora acompanhadas por outras grandes
empresas.
A Comissão reservava o direito de contactar qualquer entidade, inscrita num Estado-membro,
com o objetivo de conhecer num primeiro momento - e apreciar num segundo - as investigações
em curso. Significa isto que a Euratom reservava o direito de assumir uma dinâmica
supranacional sempre que assim o desejasse. Vigora a lógica supranacional.
Ideia de criação de uma comunidade que estivesse acima dos constrangimentos nacionais. A
ideia de Jean Monnet prendia-se na criação de uma corpo de cientistas que “servisse primeiro a
Europa”.

3. A EFTA

O Reino Unido, que se recusou a entrar para o Mercado Único, tentou criar uma vasta zona de
comércio livre que inclua todos os países da OECE, que englobaria o Mercado Comum e o
desproveria da sua própria razão de ser.
Perante a recusa francesa, os Britânicos criaram, juntamente com outros países europeus -
nomeadamente, Portugal, Suíça, Áustria, Dinamarca, Noruega e Suécia -, a Associação
Europeia de Comércio Livre, a EFTA, instituída no Tratado de Estocolmo de 20 de Novembro
de 1959.
O Mercado Comum entra efetivamente em vigor a 1 de Janeiro de 1959 e, apesar da
concorrência da EFTA, conquista rapidamente grande importância. A descida dos diretos
alfandegários e o alargamento dos contigentes de mercadorias processam-se normalmente.
Estudam-se, por sua vez, modalidades com vista a uma política agrícola e financeira comuns.
Tudo corre tão bem que, no Verão de 1961, o primeiro-ministro britânico Harold MacMillan,
decide encetar negociações com vista à entrada da Grã-Bretanha no Mercado Comum.

4. A resolução do conflito do Sarre

Muito embora a solução não tenha passado pela integração europeia, desaparece o principal
motivo tensão entre a França e Alemanha. Em março de 1952, o chefe do governo do Sarre, J.
Hoffmann, tentando encontrar uma solução para o problema, lança a ideia da europeização do
território. Foi difícil a França e a Alemanha chegarem a acordo sobre as modalidades a adotar,
com os Franceses a fazerem depender a ratificação da CED da resolução prévia desta questão e
a opinião pública do Sarre a mostrar-se favorável à integração pura e simples na República
Federal da Alemanha.
O Plano Van Naters - nome do relator do Conselho da Europa -, de 17 de Setembro de 1953,
propõe que o Sarre se torne num território europeu e sede de instituições europeias, possuindo
um governo local e ficando económica e monetariamente inserido no sistema francês.
Após o fiasco da CED, a França vê na resolução do problema do Sarre uma condição essencial
para se poderem considerar acordos mais globais. A 23 de Outubro de 1954, Franceses e
Alemães aceitam o Plano Van Naters, sob a condição do estatuto do Sarre ser submetido a
referendo. A consulta popular ocorre a 23 de Outubro de 1955 e confere a vitória aos
partidários da integração na Alemanha, que rejeitam o estatuto europeu que lhes era
proposto. Após várias negociações, Franceses e Alemães chegam então a acordo em Outubro de
1956 A partir de 1 de Janeiro de 1957, o Sarre reunificaria-se politicamente com a
Alemanha; no domínio económico, a reunificação verificar-se-ia a partir de 1 de Janeiro de
1960.
Como recompensa, a França obtém remessas de carvão do Sarre e a canalização do Mosela, o
que lhe permitiria desenvolver a siderurgia da Lorena. Desaparece assim a principal fonte de
tensão entre a França e a Alemanha.

Análise do preâmbulo da Comunidade Económica Europeia

Se por um lado a Euratom era pautada por uma lógica supranacionalista, a Comunidade
Económica Europeia não seguia o mesmo caminho.

O Tratado de Roma, constituinte do Mercado Comum, é negociado por uma elite francesa que
é, curiosamente, afastada. Em Maio de 1957 é estabelecida uma nova República em França,
com Charles De Gaulle a assumir as funções que lhe foram definidas.
Como vimos anteriormente, a vontade expressa da França sublinhava o mercado agrícola como
parte integrante do novo Mercado Comum. Sem esta parte fundamental, não existiria nenhum
tipo de acordo.
A França mostra-se indisponível para integrar a grande zona de comércio livre apresentada pelo
Reino Unido.

Política Agrícola Comum

Se por um lado a RFA tinha reservas relativamente à PAC, dado que a sua agricultura era
sobejamente protegida, por outro a França estava alistada a ter um modelo de financiamento que
1. permita o estabelecimento de um preço base e que 2. seja acompanhado pelas diversas
economias europeias. Refira-se também que a França defendia uma lógica de capacidade de
escoamento de produtos, através dos excedentes.

Plano Fouchet de 1961


Aquilo que se pretende é um caminho específico e independente da “Europa dos Seis”, aberta,
todavia, à entrada de novos membros.
Em 1961, uma comissão intergovernamental, presidida por Christian Fouchet, um diplomata
francês, é encarregada pelos Seis de elaborar propostas concretas para promover a União
política.
Na sequência dos trabalhos, a comissão propõe a criação de uma União com o objetivo de
instaurar uma política externa comum e uma política comum de defesa. Três objeções
conduzem ao malogro das negociações no quadro deste plano; 1. a incerteza quanto à
participação do Reino Unido, 2. as divergências sobre a questão de uma defesa europeia, que
aspire à independência em relação à Aliança Atlântica, e 3. o caráter excessivamente
intergovernamental das instituições propostas, que corria o risco de esvaziar de conteúdo o
caráter supranacional das instituições comunitárias existentes.
A Bélgica, o Luxemburgo e os Países Baixos mostravam-se claramente contra o projeto
apresentado.

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