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RESUMO
O abuso sexual é um fato que ocorre com inúmeras mulheres e, como não consentido, torna-se um fato traumático para
suas vidas, trazendo problemas sociais e sexuais em futuros relacionamentos. O abuso é recorrentemente cometido por
agressores próximos às vítimas, desde pessoas com menos vínculo ou o próprio companheiro. O abusador faz com que
a mesma se reprima através de insultos, fazendo com que desenvolva baixa autoestima, depressão, isolamento social e
problemas relacionados à sexualidade. Muitas mulheres que passam pelo abuso sexual não apresentam o apoio da
família, pois ainda, a sociedade acredita que as mulheres são culpadas por sofrerem este tipo de violência, seja por
roupas curtas, decotada ou maquiagem marcante que podem chamar a atenção do sexo masculino. Assim, o objetivo do
presente estudo é descrever e discutir sobre mulheres vítimas de abuso sexual e possíveis problemas psicológicos em
futuros relacionamentos. Para este estudo foram utilizados 95 artigos científicos, 23 livros e 3 teses de mestrado que
defende este tema, datados de 1979 a 2019. Os artigos científicos utilizados para compor este trabalho são com base no
site: Scielo, BVS e Biblioteca Digital USP. Sendo utilizadas palavras de busca, “abuso sexual”, “mulheres”, “impacto
psicológico” e “gênero”. Os resultados deste trabalho mostram que, quando mulheres sofrem abuso sexual na infância
ou adolescência podem desencadear problemas psicológicos, bem como, interferência em seus relacionamentos
afetivos, trazer problemas sexuais, perda de confiança no parceiro, e também desenvolver depressão, que junto a ela
podem acarretar em problemas emocionais que podem interferir na grande parte no ciclo da vida adulta da mulher. Com
base nos resultados do presente estudo, conclui-se que mulheres vítimas de abuso sexual podem apresentar problemas
psicológicos em relacionamentos. Grande parte dos casos de abuso sexual é causada pela a existência das diferenças de
gênero, pelo poder do homem sobre o corpo da mulher e as relações entre o feminino e masculino, e entende-se que se
faça necessário políticas públicas mais seguras e confiáveis para a proteção da mulher em seus diferentes contextos
sociais.
Palavras Chave: Abuso Sexual; Mulheres; Impacto Psicológico; Gênero.
ABSTRACT
Sexual abuse is a fact that occurs with countless women and, as not consented, becomes a traumatic fact for their lives,
bringing social and sexual problems in future relationships. Abuse is recurrently committed by aggressors close to the
victims, from less bonded people or their partner. The abuser represses her through insults, causing her to develop low
self-esteem, depression, social isolation and problems related to sexuality. Many women who experience sexual abuse
do not have the support of their families, because society still believes that women are guilty of suffering this type of
violence, either for short, low-cut clothes or striking makeup that can attract male attention. Thus, the aim of the present
study is to describe and discuss about women victims of sexual abuse and possible psychological problems in future
relationships. For this study we used 95 scientific articles, 23 books and 3 master's theses that defend this theme, dated
from 1979 to 2019. The scientific articles used to compose this work are based on the site: Scielo, VHL and USP
Digital Library. Using search words, "sexual abuse", "women", "psychological impact" and "gender". The results of this
paper show that when women are sexually abused in childhood or adolescence they can trigger psychological problems
as well as interference with their affective relationships, bring about sexual problems, loss of trust in their
partner, and also develop depression, which together with them can lead to emotional problems that can
greatly interfere with a woman's adult life cycle. Based on the results of the present study, it is concluded
that women victims of sexual abuse may present psychological problems in relationships. Most cases of
sexual abuse are caused by the existence of gender differences, the power of men over women's bodies
and the relationships between the female and male, and it is understood that safer and more reliable public
policies are needed to the protection of women in their different social contexts.
Keywords: Sexual Abuse; Women; Psychological impact; Genre.
INTRODUÇÃO
Simone de Beauvoir (2016) trouxe o pensamento de como a mulher é vista entre
o olhar da sociedade, e de como o homem e a mulher foram e são criados de modos
diferentes, sendo assim, a mulher sempre foi educada para ser uma boa moça, educada,
gentil e agradar o homem, já o homem sempre foi educado para que sempre honre sua
masculinidade, o que faz com que reproduza a cultura machista, onde filhos aprendem
com os pais que a melhor maneira de lidar com situações é a violência e a
superioridade.
No entanto, a violência de superioridade passa a ser entendida como “Violência
Oculta”, que é o modelo de como as mulheres aprendem a agir de forma passiva, sem
expressar a violência e despertar sua feminilidade, o que faz com que abra espaço para
violência contra mulher, fazendo com que sejam incapazes de se proteger, abrindo
espaço para a violência sexual e doméstica que se acompanha nos dias atuais
(BEAUVOUIR, 2016).
O abuso sexual é um ato universal, sem restrições de idade, sexo ou classe
social, no qual as mulheres constituem um grupo mais vulnerável. De acordo com a
Organização Mundial de Saúde - OMS, o abuso sexual é toda forma de obter ato sexual,
seja ele por coerção e comentários sexuais, prática sexual forçada ou tentativa de
estupro, carícias indesejadas, sexo oral forçado, praticada por qualquer pessoa, seja em
casa ou no trabalho. O abuso sexual cometido por parceiro íntimo, conhecido por
violência doméstica é o mais comum, mas pouco reconhecido pelas mulheres que
sofrem, pois culturalmente ainda é levado em consideração de que a mulher deve servir
seu marido, o que leva o baixo número de denúncias (OMS, 2002).
O Ministério da Saúde (2011) aponta que o abuso sexual é um caso de saúde
pública, e que de quatro mulheres uma sofre violência de gênero. No Brasil, em sua
grande maioria, mulheres que sofrem deste tipo de violência partem de seus próprios
parceiros íntimos. Diante disso, entende-se que o abuso sexual não se limita entre meio
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familiar, parte de um problema social no qual deve ser investigado e solucionado, pois
se trata de grandes problemas que podem acarretar às vítimas, trazendo questões de
desigualdade de gênero recorrente no país e no mundo, que separa o masculino do
feminino entre seus papeis e posições, fazendo com que grande parte das mulheres seja
reprimida submetendo-se sempre ao homem.
Compreender o abuso sexual e porque acomete tanto as mulheres é uma questão
antiga, muitas mulheres ainda se escondem por trás de pressões psicológicas feitas por
seus parceiros quando se trata de violência doméstica, muitas se sentem culpadas,
humilhadas, e tendem a desenvolver sentimentos de medo e receio de não serem
compreendias, o que dificulta a revelação do abuso sexual (DREZETTE et al 2011).
Para a mulher, a violação de seu corpo é algo grave e cruel, pois se trata de algo
íntimo que somente lhe pertence. Após o ato, muitas mulheres se sentem envergonhadas
e com dificuldades em revelar, pedir ajuda ou denunciar, por medo ou receio de
revivescer o ato, e adquirir o pensamento de que possa acontecer novamente (FACURI,
2013).
Por tanto, as causas desse sofrimento na mulher são uma normalidade quanto ao
abuso sexual, algumas vítimas não conseguem voltar a sua vida normal, obtendo formas
de proteção como “[...] sendo a única maneira, o isolamento do contato com outras
pessoas, tendo um grande avanço no aumento de peso, não se importando com a
aparência, fazendo com que esse comportamento seja como uma proteção contra os
homens” (SLEGH, 2006).
A OMS (2002) considera que mulheres vítimas de abuso sexual podem acarretar
em problemas médicos, sociais e psicológicos, das consequências podem ocasionar no
Transtorno de Estresse Pós-Traumático – TEPT, assim como: depressão, ansiedade,
distúrbio alimentares, baixa autoestima, distúrbios sexuais, entre outros.
Dessa forma, pode-se entender como o abuso sexual pode acarretar na vida das
mulheres, trazendo sérios problemas relacionados quanto à sexualidade, isolamento
social, podendo afastar-se de futuros relacionamentos por medo, insegurança, quebra de
confiança em outras pessoas devido ao abalo psicológico e físico adquirido ao longo do
evento estressor.
Assim, o objetivo do presente estudo é descrever e discutir sobre mulheres
vítimas de abuso sexual e possíveis problemas psicológicos em futuros relacionamentos.
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MÉTODO
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Quando se fala de mulheres vítimas de abuso sexual, deve-se analisar e
compreender se as mesmas passam por problemas psicológicos em outros
relacionamentos sejam eles sociais e afetivos, pois é possível que mulheres que passam
pelo abuso sexual tenham uma vida normal, mas a sua maioria passa por problemas
psicológicos sérios que necessitam de atenção e discussões para que seja tratada a
desigualdade de gênero que pode contribuir para que essa violência ocorra (LÓPEZ, et
al, 2017).
Para Cótica et al (2015), não se trata de um percurso fácil para a vítima, mas
acaba se tornando um evento que pode prejudicar na qualidade de novos
relacionamentos amorosos e problemas psicológicos, trazendo danos sociais cognitivos
em sua fase adulta. Para este estudo foram compilados artigos científicos, livros e teses
de mestrado totalizando 121 obras.
Em uma avaliação para obter resultado sobre o estado emocional de um casal
atual, mostrou-se que 59,8% das mulheres se sentem bem em seus relacionamentos
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nos casos de abusos sexuais contra mulheres e crianças do sexo feminino por meio de
ameaça psicológica. Dentre dessas ameaças consta também a intimidação por arma de
fogo, onde se pode afetar cerca de 5% a 65% das mulheres colocando-as em risco para
contaminações de doenças sexualmente transmissíveis (DREZETT et al, 2012).
As possibilidades que explicam a contaminação por DST por parceiro íntimo
pode implicar na relação sexual sem o consentimento da mulher, sendo por obrigação e
sem o uso de preservativos que podem prejudicar e desenvolver lesões nas áreas
genitais e anais que facilitam as doenças sexualmente transmissíveis, além disso,
pesquisam mostram que os homens em determinada parcela tem como hábito furar a
camisinha para que a parceira engravide sem o seu consentimento, portanto mostra-se
que mulheres que tem grande quantidade de filhos, apresentam sofrer violência íntima
por seu parceiro (BARROS et al, 2011).
Pesquisas realizadas no Estado do México mostrou a porcentagem de mulheres
que sofrem violência por parceiro íntimo, sendo violência desde a psicológica a sexual,
sendo que de 3 (três) mulheres, 1 (uma) sofre violência por parceiro íntimo. De
procedência psicológica mostrou-se um percentual de 32%, física apontou 19%,
violência econômica ficou em 14%, e em menor grau a violência sexual foi relatada
entre 8,5% (CORTES et al, 2015).
Conforme os dados acima, o menor percentual é em relação à violência íntima,
isso porque o homem na relação conjugal tem maior facilidade de controlar a parceira
usando questões emocionais e isso pode refletir a relação de poder. No entanto, os
homens que fundamentam a violência contra a mulher como forma de discipliná-las
tendem a serem mais agressivos com possibilidades de violência sexual contra a
parceira. Fazer o uso do controle emocional na parceira íntima podem trazer questões
comportamentais que podem prejudicar a mulher em seu bem-estar físico sexual e
psicológico (ANTAI, 2011).
Em estudos feitos em vários países mostram-se que o número de mulheres que
sofreram abuso sexual ou outro tipo de violência por parceiro íntimo é sempre alto,
revelando entre 15 a 71% em algum período de suas vidas. Entre os abusos sexuais
encontra-se um porcentual de entre 40 e 70% de crimes cometidos por homicídios, que
também em sua maioria são acometidos por o cônjuge ou parceiro íntimo. Portanto, é
possível que antes ao crime de homicídio acontecer, a mulher tenha vindo sofrer
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CONCLUSÕES
Com base nos resultados do presente estudo pode-se concluir que o abuso sexual
é um caso de saúde pública, e que mesmo com o surgimento de políticas públicas e
programas de apoio a mulheres ainda pode ser cometido e se perpetuar ao longo dos
anos. Pois se entende que a o abuso sexual se dá a partir da violência e desigualdade de
gênero, onde esse quadro ainda necessita de um olhar mais cauteloso e sério quebrando
do ciclo de violência que torna insistente entre as mulheres.
Acresce que o abuso sexual pode prejudicar mulheres em futuros
relacionamentos mesmo que o percentual de violência por parceiro íntimo seja mais
baixo, pois entende que as mulheres ainda sentem a dificuldade em recorrer à ajuda, por
medo, vergonha, culpa ou por não terem o apoio da família. Compreende-se que o apoio
familiar nesses casos é de grande importância, pois se torna como base para o
enfrentamento do trauma e o rompimento do ciclo de violência contra mulher.
Dessa forma, a ajuda de um psicólogo(a) social e de um(a) assistente social é
indispensável, pois são eles que solicitarão recursos para esclarecimento sobre o direito
da mulher, sobre os meios de proteção e combate a violência por meio do Centro de
Referência Especializado de Assistência Social – CREAS, ou por meio de
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REFERÊNCIAS