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Prefácio
A presente apostila foi baseada no livro Análise de Investimentos - Matemática
Financeira, Engenharia Ecônomica e Tomada da Decisão, 5ª edição da Vértice sendo autores os
professores Nelson Casarotto F° e Bruno Hartmut Koppitke. Atualmente este livro está sendo
impresso pela Atlas. Esta obra é o livro texto do curso de Economia da Engenharia dos cursos
de Engenharia de Produção da UFSC. Selecionou-se uma parte básica da matemática financeira
e uma parte introdutória da Economia da Engenharia. Inclui-se um capítulo de história dos juros,
listas adicionais de exercícios e textos complementares ao final de cada capítulo.
Muito importante nesta disciplina para fixação dos conceitos é resover problemas. Por
este motivo colocaram-se as listas adicionais, inclusive surigirão algumas dificuldades em entender
um ou outro exercício, até aparentes contradições de nomenclatura. É preciso esclarecer que o
mercado funciona assim, boa parte dos operadores não tiveram uma formação correta nesta
área, todavia um analista de investimentos trabalhará neste ambiente. Isto é, ter bem claro os
conceitos básicos e literalmente traduzir, o que o mercado queria dizer, para um fluxo de caixa.
Finalmente, incluí-se alguns textos para quebrar um pouco a aridez da matéria e
compementar com assuntos correlatos ao tema em estudo.

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Sumário
Introdução................................................................ 4
Histórico ............................................................................................... 4
PRIMEIROS PROBLEMAS SOBRE JUROS ............................................................................................................5
TABELAS DE JUROS.................................................................................................................................................5
BIBLIOGRAFIA ...........................................................................................................................................................6

Como Estudar .......................................................... 8

Capítulo 1 ................................................................ 9
Juros: Conceito e Modalidades............................................................ 9
1.1 JUROS SIMPLES .................................................................................................................................................10
1.2 JUROS COMPOSTOS.........................................................................................................................................10
1.3 COMPARAÇÃO: JUROS SIMPLES E JUROS COMPOSTOS......................................................................11
1.4 FLUXO DE CAIXA E SIMBOLOGIA ...............................................................................................................12

Dica de tempo ........................................................ 13

Capítulo 2 .............................................................. 14
Relações de Equivalência................................................................... 14
2.1 RELAÇÃO ENTRE "P" E "F" ............................................................................................................................14
2.2 PERÍODOS NÃO INTEIROS..............................................................................................................................16
2.3 RELAÇÃO ENTRE "F" E "A" ...........................................................................................................................18
2.4 RELAÇÃO ENTRE "P" E "A" ...........................................................................................................................19
2.5 EXERCÍCIOS COM RESPOSTAS.....................................................................................................................23

Aprendizagem ........................................................ 26

Capítulo 3 .............................................................. 27
Considerações Sobre Taxas de Juros................................................. 27
3.1 TAXA NOMINAL E TAXA EFETIVA ............................................................................................................27
3.2 CONVERSÃO DE UMA TAXA NOMINAL EM EFETIVA ..........................................................................29
3.3 CONVERSÕES ENTRE TAXAS EFETIVAS....................................................................................................29
3.4 TAXAS COBRADAS ANTECIPADAMENTE...............................................................................................30
3.5 EXERCÍCIO COM RESPOSTAS SOBRE TAXAS NOMINAIS E EFETIVAS............................................31
3.6 TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) E TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE (TMA)....................32

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3.7 EXERCÍClOS COM RESPOSTAS SOBRE TAXA INTERNA DE RETORNO E TAXA MÍNlMA DE
ATRATIVIDADE......................................................................................................................................................37

Definição formal de Engenharia ............................. 40

Capítulo 4 .............................................................. 41
Amortização de Dívidas ..................................................................... 41
4.1 SISTEMA FRANCÊS DE AMORTIZAÇÃO...................................................................................................41
4.2 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE (SAC) ................................................................................46
4.3 COMPARAÇÃO ENTRE O SISTEMA FRANCÊS (PRICE) E O SAC.........................................................48
4.4 O PERÍODO DE CARÊNCIA..............................................................................................................................49

O herói na janela ................................................... 53

Capítulo 5 .............................................................. 54
Inflação e Variações Cambiais........................................................... 54
5.1 CONCEITOS.........................................................................................................................................................54
5.2 TAXA GLOBAL DE JUROS ..............................................................................................................................54
5.3 INFLAÇÃO NA ANÁLISE DE INVESTIMENTOS........................................................................................58
5.4 - EXERCÍCIOS SOBRE AMORTIZAÇÃO DE DÍVlDAS E CORREÇÃO MONETÁRIA........................60

Indexadores em vigor.............................................. 63

Planos Econômicos ................................................ 64

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Introdução
Histórico
Muitas decisões dos engenheiros, atualmente, envolvem considerações de fluxo de caixa
que não ocorrem ao mesmo tempo. Embora o valor do dinheiro no tempo (juro composto) seja
usado, corriqueiramente, nas análises de alternativas de investimento, este conceito nem sempre
teve a aceitação atual.
Buscando a história dos juros verifica-se a intolerância e a inconsistência das
manifestações dos sentimentos populares, em qualquer época e país civilizado, contra os juros e
os emprestadores de dinheiro.
O Código de Hamurabi (2, secção 48-52), Rei da Babilônia em 2500 BC, previa que
os juros em empréstimos agrícolas podiam ser pagos em grãos pelo valor de mercado, se o
devedor não tivesse o dinheiro. O Código criava alguns riscos para os credores ao definir que
um abatimento no juros devidos caso a safra fosse prejudicada por situações imprevistas, como
por exemplo enchentes destruindo as lavouras. Mas os juros não seriam abatidos por negligência
no cuidado da plantação. Os templos eram os bancos agrícolas, e a maioria das dívidas eram a
eles devidas.
Aristóteles, confundindo riqueza com dinheiro através do qual a riqueza é transacionada,
condenou como não natural a obtenção de qualquer aumento em virtude de um empréstimo em
dinheiro, baseado em que o dinheiro não pode reproduzir a sua espécie.
A proibição cristão da usura origina-se na lei de Móises, no Deuterônomio xxiii 19-20:
Era proibido cobrar juros de um irmão, mas permitido de um estrangeiro.
Até o Papa Alexandre VII (1660) a usura era considerada “um pecado horrível e
condenável”; somente em 1730 os juros receberam a aprovação de Roma, pelo papa Benedito
XIV.
Para os protestantes a partir de 1534 com Henrique VIII, ao romper com Roma por
causa do divórcio da sua segunda mulher - Ana Bolena, e Calvino (em 1536 com a publicação
do seu manifesto), era permitido cobrar juros.

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Em virtude deste conflito entre a moral, os preceitos legais e o valor econômico surgiu
uma distinção entre “usura” e “juro”, chamou-se uma taxa exorbitante de usura e uma moderada
de juro.
As primeiras taxas dos Romanos eram apresentadas como 1/20, 1/25 ou 1/100; a idéia
de definir os juros ou lucros ou perdas como uma proporção, provavelmente, vem desta forma.

PRIMEIROS PROBLEMAS SOBRE JUROS

1 - Autor: Desconhecido. Aparece numa tábua da Coleção do Louvre, cerca de 1700


A.C.
Problema: Quanto tempo levará para uma certa quantia dobrar de valor, numa taxa
anual de juros compostos de 20 porcento?
Solução: Utilizado o cálculo manual, quatro multiplicações de 1,2 com uma
interpolação final.
2 - Autor: Fibornaci, Liber Abaci, 1202 A.D.
Problema: Uma pessoa aplica um denário numa taxa de juros a qual em cinco anos
lhe dá dois denários, e a cada cinco anos depois deste o dinheiro dobra. Quantos
denários ele ganhará a partir deste em 100 anos?
Solução: Como em 1614 foi descoberto o logaritmo Neperiano e só depois dele é
que surgiu o conceito de expoente, então o cálculo foi mesmo manual; i. é, a
multiplicação de 2 por si mesmo 20 vezes, num total de 19 cálculos separados e no
final subtrai-se a quantia original. O resultado final é 1023 denários.

TABELAS DE JUROS

Até o século 16 o cálculo de juros era considerado muito complicado e o poucos


iniciados que o conheciam não divulgavam-no.
As primeiras tabelas publicadas foram em Lyons, França, em 1558, a seguir em
Antuérpia em 1582.

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Nos tempos atuais a primeira manifestação sobre a necessidade de Análise de


Viabilidade podemos atribuir ao francês J. Depuit que, em 1844, escreveu “A Medição das
Utilidades em Obras Públicas”.
Em 1902 surgiu a lei nos Estados Unidos chamada “The Rivers and Harbor Act” (Lei
dos Rios e Portos) que determinava a qualquer obra, objetivando Rios e Portos, ter os seus
méritos analisados num relatório do Corpo de Engenheiros do Exército.
Em 1936 surgiu a famosa lei americana “United States Flood Control Act” (Lei do
Controle das Enchentes) que estipulava textualmente: “qualquer Obra Pública, objetivando
melhorias em águas correntes e controle das enchentes, somente deverá ser autorizada se os
Benefícios resultantes forem superiores aos Custos estimados”.
Em 1940 tal princípio foi estendido a qualquer Obra Pública, seja em nível federal,
estadual ou municipal. Surgiram então instruções específicas do Departmento de Defesa, da
Presidência dos Estados Unidos, do Corpo de Engenheiros do Exército, do Congresso Norte-
Americano.
Em 1965 a ONU organizou um Simpósio sobre Avaliação e Preparo de Análises de
Projetos. Suas recomendações produziram em 1966/67 as famosas “Guidelines for Project
Evaluation” (Linhas Mestras para Avaliação de Empreendimentos) a partir das quais diversos
países em desenvolvimento elaboraram Metodologias Específicas de Avaliação de Projetos para
cada país respectivo.
Durante muito tempo os livros de Análise de Investimentos tinham um extenso apêndice
com tabelas financeiras, em alguns casos era a maior parte do livro.
Com o advento das calculadoras científicas portáteis, de baixo custo e com a função yX
facilitou-se muito os cálculos financeiros; atualmente com as calculadoras financeiras e as
planilhas para cálculo para microcomputadores com inúmeras funções financeiras embutidas
diminui em muito o esforço braçal.
O analista fica liberado para montar o problema corretamente e estudar o risco envolvido
nos projetos, a previsão de receitas e despesas; esta análise do risco é o grande desafio de
momento para os militantes na área de análise de investimentos.

BIBLIOGRAFIA

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Smith, Gerald W. “A Brief History of Interest Calculations”, The Journal of Industrial


Engineering, october 1967, pp 569-574.
Hirschfeld, Henrique; Circular 04/87 - Junho 1987, Associação Brasileira de Engenharia
Econômica e de Custos

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Como Estudar
“Economia da Engenharia”

Sugestão de um Método

Considerando: Disciplina está baseada num livro texto

1) Ler o Capítulo, após cada aula

2) Fazer um resumo do mesmo

3) Resolver problemas, do livro, das listas, etc.,

4) Entender os princípios, não decorar tipos.

5) Trabalho em grupo é muito bom

6) Mas resolvam por conta, debatam em grupo

7) Com isto surgem dúvidas objetivas

8) Procurar monitoria, docente, etc.

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Capítulo 1
Juros: Conceito e Modalidades
Os fatores de produção considerados em economia - trabalho, terra, capacidade
administrativa, técnica e o capital - são remunerados cada um de uma forma. Ao trabalho o
salário, à terra o aluguel, à capacidade administrativa o lucro, à técnica o "royalty" e, finalmente,
ao capital cabem os juros.
Os juros são, portanto, o custo do capital, sendo esta expressão freqüentemente utilizada
como sinônimo de juros. Mais especificamente, os juros são o pagamento pela oportunidade de
poder dispor de um capital durante determinado tempo.
Na sociedade atual, quase todas as pessoas estão envolvidas em transações de juros.
As compras a crédito, os cheques especiais, compras de casas próprias, são alguns exemplos
deste envolvimento.
Na administração de empresas, a ocorrência dos juros é ainda mais intensa. Alguns
exemplos são: desconto de duplicatas, compras a prazo, vendas a prazo e obtenção de
empréstimos.
Podemos afirmar, sem medo de errar, que todas as transações que envolvem dinheiro
devem ser analisadas considerando-se os juros envolvidos explicitamente ou implicitamente. Uma
compra à vista também é analisada considerando-se juros.
Quando situações econômicas são investigadas, as quantias de dinheiro envolvidas são
sempre relacionadas com um fator indispensável e incontrolável: o tempo.
Neste estudo, todas as quantias de dinheiro serão referidas a uma data e somente
poderão ser transferidas para uma outra data considerando os juros envolvidos nesta
transferência.
Será, pois, proibido somar ou subtrair quantias de dinheiro que não se referirem à mesma
data.

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1.1 JUROS SIMPLES

Quando são cobrados juros simples, apenas o principal rende juros, isto é, os juros são
diretamente proporcionais ao capital emprestado.
Os juros, J, valem:

J = iPn (1)

onde:
P = principal ou capital na data de hoje
i = taxa de juros
n = número de períodos de juros.
De acordo com a fórmula (1), os juros obtidos em 2 anos são o dobro dos juros de 1
ano, visto que aumentam linearmente.
O montante F, obtido por um empréstimo, que deverá ser devolvido ao cabo de n
períodos será:

F = P + J = P + inP = P( 1 + in )
Este montante F pode ser, também, chamado de valor futuro.

1.2 JUROS COMPOSTOS

Neste caso, após cada período de capitalização, os juros são incorporados ao principal e
passam a render juros também. Um exemplo: supor UM 100,00 (UM = Unidade Monetária)
emprestadas por 3 meses a uma taxa de juros de 5% ao mês.

O quadro a seguir mostra a evolução da dívida:


Mês Juros do mês Montante devido F
0 100
1 100 x 0,05 = 5 105
2 105 x 0,05 = 5,25 110,25
3 1 10,25 x 0,05 = 5,5125 115,7625

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Depois de cada mês (período de capitalização do exemplo), os juros são somados à


dívida anterior, e passam a render juros no mês seguinte. Tudo se passa como se a cada mês
fosse renovado o empréstimo, mas no valor do principal mais juros relativos ao mês anterior.
Atualmente os juros compostos são os mais utilizados, razão pela qual esta apostila está
voltada para esta modalidade de juros. Os juros simples, quando utilizados, ainda o são como
herança do tempo em que não se dispunha de máquinas de calcular com funções de cálculos
exponenciais.

1.3 COMPARAÇÃO: JUROS SIMPLES E JUROS COMPOSTOS

Vamos elaborar um quadro comparativo de um empréstimo de UM 100,00 a juros de


5% ao mês durante um ano.

Montante F
Final do Mês Juros Simples Juros Compostos
1 100 100
2 100+0,05x100 = 105 100+0,05x100 = 105
3 105+0,05x100 = 110 105+0,05x105 = 110,25
4 110+0,05x100 = 115 110,25x(1+0,05) = 115,7625
... ... ...
12 160 179,5856

No caso de juros simples, 5% ao mês correspondem a 60% ao ano, ou seja, taxas


proporcionais (5% a.m. é proporcional a 60% a.a.) são iguais. Em juros compostos temos:
5% a.m. ≠ 60% a.a. pois
5% a.m. = 79,5856% a.a.

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1.4 FLUXO DE CAIXA E SIMBOLOGIA

A visualização de um problema envolvendo receitas e despesas que ocorrem em instantes


diferentes do tempo é bastante facilitada por uma representação gráfica simples chamada
diagrama de fluxo de caixa.

2.000 2.000
Exemplo :
0 1 2 3 4 5

3.000

A representação do fluxo de caixa de um projeto consiste de uma escala horizontal, onde


são marcados os períodos de tempo; e na qual são representadas por setas para cima as
entradas e com setas para baixo as saídas de caixa. A unidade de tempo - mês, semestre, ano -
deve coincidir com o período de capitalização de juros considerado.
O diagrama acima representa um investimento de UM 3.000,00 agora, que rende UM
2.000,00 no final do terceiro período, mais UM 2.000,00 no final do quinto período. Quantias
de dinheiro na data de hoje são representadas por P e quantias isoladas no futuro são chamadas
de F. Tem-se então, no projeto considerado, um P de UM 3.000,00 e duas quantias F de UM
2.000,00, uma no período n = 3, outra no período n = 5.
As transfomações de fluxos de caixa são bastante facilitadas pelo emprego do conceito
de série uniforme A e série gradiente G.
A série uniforme A é definida como sendo uma série constante de pagamentos (ou
recebimentos) que inicia no período 1 e termina no período n. Ela corresponde às mensalidades
ou anuidades na prática.

Seu fluxo de caixa é o seguinte:

0 1 2 n

A 12
13

Dica de tempo

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14

Capítulo 2
Relações de Equivalência
Neste capítulo serão apresentados os métodos utilizados para transformar fluxos de
caixa. Em outras palavras, serão estudadas as fórmulas e a utilização das tabelas financeiras.

2.1 RELAÇÃO ENTRE "P" E "F"

objetivo: Transformar um valor presente em um montante equivalente e vice-versa, o que


permite resolver problemas do tipo:
a) Qual valor que deverá ser investido hoje a uma determinada taxa de juros para se
obter uma quantia F após certo tempo?
b)Investindo hoje uma quantia P a uma dada taxa, qual será a quantia F obtida após n
períodos?

Dedução: Será resolvido o problema:

0 n 0
Dado
determinar n

Se foi emprestada uma quantia P, após o primeiro período de capitalização a dívida será:
Principal + juros = P + iP = P (1+i)
No final do segundo período:
Dívida anterior + juros = P (1+i)+ iP (1+i) = P (1+i)2
No final do terceiro Período ter-se-á:
Dívida anterior + juros = P (1+i)2 + iP (1+i)2 = P(1+i)3
Generalizando pode-se concluir que no final de n períodos o montante será:

14
15

F = P( 1 + i )n (2)

O fator (1+i)n está tabelado sendo chamado (F/P; i; n), isto é, achar F dado P à taxa i
em n períodos.
Pode-se escrever:

F = P( F / P ; i ; n) (3)

Se for desejado achar P a partir de F basta transformar a relação (2):

1
P=F (4)
( 1 + i)
n

1
O fator também está tabelado sendo chamado (P / F , i ; n ), isto é, achar P
( 1 + i)
n

dado F à taxa i em n períodos.

Exercício 1: Paulo conseguiu um papagaio (empréstimo) de UM 100.000,00 em um banco que


cobra 5% ao mês de taxa de juros. Quanto deverá pagar se o prazo do empréstimo
for de cinco meses? Resolva o problema:
a)analiticamente (fórmulas)
b)utilizando a tabela financeira

Solução:

a) F = P( 1 + i )n
= 100.000(1+0,05)5
= 127.628,16
b) F = P(F/P; 5 %; 5)
= 100.000,00 x 1,276282
=127.628,20

Exercício 2: Após quantos meses um certo capital empregado a 5% a.m. duplica seu valor?

Solução:

15
16

No caso de F = 2P
Substituindo em (l) temos:(1,05)n = 2;
n log 1,05 = log 2
onde:
n= 14,21
ou seja, são necessários 15 meses para mais do que duplicar o capital empregado.
∗ Este exercício também pode ser resolvido com auxílio da tabela financeira:
Se F = 2P então de (2):
(F/P; i; n)
Verificando-se na tabela de 5%, vê-se que n está compreendido entre 14 e 15.

Exercício 3: Caso a inflação esteja estabilizada em 20% ao mês, calcule em quantos meses os
preços triplicam.

Solução: As fórmulas desenvolvidas servem tanto para cálculo de juros como, para cálculos
envolvendo inflação, correção monetária e aumentos em geral desde que expressos
em taxas por período.
Semelhantemente ao exercício 2, temos
F = 3P
Na tabela de 20%
(F/P; 20%; n) = 3 para n ≅6
ou seja, quando a inflação é de 20% ao mês os preços triplicam a cada semestre.

2.2 PERÍODOS NÃO INTEIROS

As transformação de fluxos de caixa envolvendo períodos não inteiros podem ser feitas
de duas maneiras:
1. Pela convenção linear
2. Pela convenção exponencial
Ambos os métodos podem ser considerados corretos, embora conduzam a resultados
ligeiramente diferentes.

16
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A convenção linear consiste na determinação do resultado por interpolação fincar (regra


de três).
Ao utilizar-se as fórmulas com expoentes fracionários obtém-se o resultado pela
convenção exponencial, a qual é condizente com o conceito de equivalência.
Exercício 4: Qual é o montante obtido pela aplicação de UM 10.000,00 a 5% a.m. durante 14
meses e 15 dias?
a) Pela convenção linear
b) Pela convenção exponencial
Solução:
a) Convenção linear:
Por esta convenção calculam-se os valores capitalizados a 14 e 15 meses. Uma
interpolação linear fornecerá resposta:

(F/P; 5%; 14) = 1,97993


(F/P; 5%; 15) = 2,07893
2,07893 - 1,97993 = 0,099

Interpolação:
0,099 30 dias
X 15 dias X=0,0495

O fator será:
1,97993 + 0,0495 = 2,029430
F = 10.000x 2,02943 = 20.294,30

Uma outra maneira é aplicando o fator F/P dos juros compostos para 14 meses e o fator
F/P dos juros simples para 0,5 meses, visto serem os juros simples lineares .
F = 10.000 x (F/P; 5%, 14) x (l + 0,05 x 0,5)
= 20.294,30

b) Convenção Exponencial:

17
18

Por esta convenção aplica-se o fator F/P dos juros compostos por 14,5 meses.
F = 10.000 x (1 + 0,05)14,5 = 20.288,26
Graficamente tem-se a seguinte situação:

F
Linear

Exponencial
10.000

meses
14 14,5 15

2.3 RELAÇÃO ENTRE "F" E "A"

Objetivo: Obter um montante F equivalente a uma dada série uniforme de pagamentos A, e


vice-versa. Um exemplo é o caso de depósitos programados para uma retirada futura.

Dedução: Vamos resolver o problema:

Dado achar
F
0 1 2 3 n 0 1 2 3

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19

Levando sucessivamente todas as prestações A para o futuro temos:

F = A(l+i)n-1+ A(1+i)n-2 + A(1 +i)n-3+... + A(1+i) + A

1° pgto + 2° pgto + 3 °pgto +...+ penúltimo + último

F= A[1+(1+ i)+...+(1+ i )n-2+(1+ i )n-1

Entre os colchetes têm -se uma progressão geométrica com” termos sendo o primeiro 1 e
a razão (1 + i). Recorrendo-se à expressão da soma dos termos de urna progressão geométrica,
obtém-se:

(1 + i)
n
−1
F=A (5)
i
(1 + i)n − 1
O fator é (F/A; i; n) achar F dado à taxa i em n períodos. A sua inversão
i
permite encontrar (6).

i
A= F (6)
(1 + i )n − 1
ou

A = F(A / F ; i ; n ) (7)

2.4 RELAÇÃO ENTRE "P" E "A"

Objetivo: Obter o valor presente equivalente a ma série uniforme e vice-versa. Isto permitirá
resolver problemas de determinação de prestações mensais, preços à vista ou a
prazo.
Dedução: Será determinada a fórmula que permite a seguinte transformação:

Dado achar

19
20

P
0 1 2 3 n
0 1 2 3 n

Trazendo sucessivamente os valores do 1°, 2°, etc. pagamentos para o presente, obtém-
se:

A A A A
P= + + + . ..+
(1 + i) (1 + i) 2 ( 1 + i ) 3 (1 + i) n
1° pgto + 2° pgto + 3° pgto + ..... + n° pgto
Fazendo as transformações devidas e aplicando-se a expressão de soma dos termos de
uma Progressão Geométrica decrescente limitada, obtém-se:

(1 + i) − 1
n

P=A (8)
i( 1 + i)
n

se considerarmos:

( 1 + i) − 1
n

= (P / A ; i ; n) então P = A( P / A ; i ; n ) (9)
i(1 + i)
n

ou

i( 1 + i)
n

A= P (10)
(1 + i) n
−1

e A = P(A / P ; i ; n ) (11)

Exercício 5: Paulo está interessado em comprar uma moto cujo preço à vista é UM
400.000,00. Se Paulo der uma entrada de UM 50.000,00 e pagar o restante em
24 meses, qual será o valor da prestação se a taxa for de 5% ao mês?

Solução: Valor financiado = 400.000,00 - 50.000,00 = 350.000,00. O problema agora se


resume em achar o valor de A no fluxo de caixa a seguir:

20
21

350.000

1 24

i = 5%
A
A = P (A/P; 5 %; 24)
= 350.000,00 x 0,07247
= 25.364,50
Exercício 6: Um objeto custa à vista UM 5.000,00. Se o comprador der uma entrada de UM
1.000,00, quantas prestações mensais de UM 500,00 deverão ser pagas e qual valor
da última prestação caso a loja cobre juros de 5% ao mês?

Solução: A quantia financiada é de UM 4.000,00. Logo deverá ser determinado quantas


prestações de UM 500,00 eqüivalem a UM 4.000,00 a 5% a.m.
Como o número de prestações possivelmente não será inteiro, sobrará uma quantia
inferior a UM 500,00 a ser paga nominal.
Supondo entretendo, que o número de prestações seja inteiro tem-se:

4.000,00
P = A(P/A;i;n)
0 1 2 3 n
4.000,00 = 500,00 (P/A;0,05;n)
(P/A; 0,05; n) = 8

A= 500,00

Verificando-se a tabela de 5 % na coluna P/A observa-se que para:


n= 10, P/A = 7,72173
n= 11, P/A = 8,30641
ou seja, se o comprador pagar 10 prestações, a dívida não terá sido completamente saldada se o
comprador pagar 11 prestações terá pago a mais.

21
22

O comprador deverá pagar então 10 prestações de UM 500,00 mais uma quantia


inferior a UM 500,00 no 11° período:

0 1 2 3 9 10 11

500,00

4000 = 500 X (P/A; 0,051; 10) + F(P/F; 0,05; 11)


4000 − 500 x 7 , 72173
F=
0, 58468
F = 237,97

Exercício 7: Calcule os valores presente dos seguintes fluxos de caixa:

a)

0 1 2 3 10
i= 10%
100

b)

0 1 2 3 4 15
i = 10%
50

70

22
23

Solução: Primeiro calcula-se o valor Futuro referente à Série Uniforme e após calcula-se o valor
Presente, tudo numa só expressão:
a) P = 100 x (F/A; 10%; 9) x (P/F; 10%; l0)
= 523,55
b) P = 50 x (F/A; 10%; 12) x (P/F; 10%; 15) + 70 x (P/F; 10%; 15)
= 272,72

Resolva o exercício anterior sem empregar o fator (F/A; i; n;):

Solução:
a) P = 100 (P/A;10%; 9) (P/F;10%; 1)
= 523,55
b) P = 50 (P/A; 10%; 12) (P/F; 10%; 3) + 70 (P/F; 10%; 15)
= 272,72
2.5 EXERCÍCIOS COM RESPOSTAS

1) Ache os seguintes fatores na tabela financeira:


a) Valor atual de um montante quando n = 48; i = 1,5%
b) (P/G; 0,41; 21). Obs.: taxa = 0,41 ou 41 %
c) (A/G; 0,0225; 36)
2) Ache os seguintes fatores na tabela financeira:
a) (A/F; 0,35; 15), o que permite este fator?
b) Valor hoje de uma quantia depositada há um ano atrás rendendo juros de 15 % ao
mês.
3) Calcule com auxílio de uma calculadora:
(F/G; 0,75; 10)
(P/F; 0,125; 10,6)
(P/G; 0,21; 45)

Respostas:
1) 0,4893; 594: 14; 12

23
24

2) a) 0,00039256 - Achar a série uniforme (A) equivalente a um valor futuro considerada a taxa
de 35% ao período.
3) 436,8034; 0,2869348; 22,6311368

Exercícios: Lista Adicional 1

1- Quanto deverá receber uma pessoa que empresta R$ 500,00 por 8 meses, a taxa de
10% ao mês?
2- Determinar a taxa de juros correspondente a uma aplicação de R$ 200,00, por 6
meses e valor de resgate de R$ 325,00.
3- Uma pessoa emprestou a um amigo a importância de R$ 1.000,00, a taxa de
120% ao ano, pelo prazo de 3,5 anos. Determinar o valor de resgate.
4- Uma Letra de Câmbio foi emitida por R$ 100,00 e resgatada por R$ 200,00.
Sabendo-se que a taxa de rendimento‚ de 210% ao ano, calcular o prazo.
5- Calcular o montante produzido pela aplicação de 10 parcelas mensais de R$ 5,00
cada, sabendo-se que a taxa é de 8% ao mês e que essas aplicações são feitas no final de cada
período (pagamentos postecipados).
6- Utilizando os mesmos dados do exemplo anterior, calcular o montante admitindo que
as aplicações sejam efetuadas no início de cada período (pagamento antecipado ).
7- Uma pessoa aplicou R$ 30,00 por mês em uma " Caderneta de Poupança
Programada " tendo resgatado R$ 2.239,91 no final de 24 meses. Determinar a taxa média de
rendimento do aplicador, sabendo-se que nesta modalidade de aplicação os pagamentos são
antecipados.
8- Um banco empresta R$ 1.800,00 para ser liquidado em 12 prestações mensais
iguais. Sabendo-se que a taxa cobrada pela instituição é de 10,5% ao mês e que a primeira
prestação vence um mês após a data de operação, calcular o valor das prestações mensais.
9- Uma geladeira está anunciada por R$ 400,00 à vista ou em 6 prestações mensais de
R$ 199.00 cada, sendo a primeira paga no dia da compra ( pagamentos antecipados ). Calcular
a taxa cobrada pela loja.

24
25

10- Quanto terá no final de 7 meses uma pessoa que aplicar hoje R$ 800,00 e fizer, a
partir do próximo mês, mais 6 aplicações mensais e consecutivas de R$ 300,00. Sabendo-se que
o rendimento contratado é de 9% ao mês?
11- Uma empresa pagará o equivalente a R$ 500,00 por mês correspondente a uma
operação de leasing. O contrato foi firmado por 3 anos ( 36 prestações mensais ), sendo a
primeira paga por ocasião da assinatura do contrato ( pagamentos antecipados ). O valor
residual a ser pago no final de 3 anos será de R$ 320,00. Sabendo-se que a taxa cobrada na
operação será de 2,5% ao mês, calcular o valor do equipamento objeto do leasing.
12- Calcular o valor do equipamento, admitindo, no exercício anterior, que os
pagamentos sejam postecipados.
13- Vamos admitir que no caso do exercício anterior o valor residual não fosse
conhecido e que o valor do equipamento fosse de R$ 11.909,67, tivesse sido informado.
Determinar o valor residual, introduzindo na sua calculadora todos os dados do problema.
14- Uma Letra de Câmbio com renda mensal de R$ 100,00, com prazo de 12 meses e
valor de resgate de R$ 1.000,00, foi negociada por R$ 1.036,00 ( já incluso o Imposto de
Renda).Calcular a taxa liquida mensal de rendimento do aplicador.

25
26

Aprendizagem

26
27

Capítulo 3
Considerações Sobre Taxas de Juros
3.1 TAXA NOMINAL E TAXA EFETIVA

Freqüentemente nas transações financeiras a taxa de juros informada é apenas


aparentemente correta. São utilizados artifícios para que a taxa pareça mais elevada ou mais
baixa. Se um título rende 36% ao ano, é dito que o mesmo rende 3% ao mês, o que é incorreto;
36% a.a. corresponde a 2,6% ao mês. Uma taxa mensal de 4% a.m. é muitas vezes dita 48%
a.a. com capitalização mensal. E 4% ao mês correspondem, entretanto, a 60% a.a.
Para que uma taxa de juros seja considerada efetiva é necessário que o período referido
na taxa coincida com o período de capitalização, caso contrário a taxa será dita nominal. Até
agora foram consideradas apenas taxas efetivas.
Exemplos de taxas nominais são:

- 40% a.a. com capitalização mensal;


- 12% a.s. com capitalização trimestral.

Quando é dito que a taxa é de 60% ao ano com capitalização mensal, significa que a taxa
a ser efetivamente considerada será de :

60%
= 5% ao mês
12

Ora, 5% aplicados durante 12 períodos equivalem a:


(1, 05) 12 − 1 = 80% ao ano, que é a taxa efetiva anual.

27
28

28
29

3.2 CONVERSÃO DE UMA TAXA NOMINAL EM EFETIVA

Seja uma taxa nominal r capitalizada m vezes por período. Será determinada a taxa
equivalente i por período. Seja, ainda, P uma quantia emprestada à taxa r. O montante F
formado após um período é:

r m
F = P(1+ ) = P(1+ i)1 (17)
m
de onde:
r m r m
(1 + i ) = ( 1 + ) ou i = (1 + ) −1 (18)
m m

ou seja, o montante poderá ser calculado por qualquer uma das taxas: nominal ou efetiva.

Exercício 8: Qual a taxa efetiva anual de 30% a.a. com capitalização, trimestral?

Solução:
Aplicando a expressão (18):
0, 3 4
i = (1+ ) − 1 = 33, 55 a.a
4

3.3 CONVERSÕES ENTRE TAXAS EFETIVAS

Para a transformação de taxas efetivas, relativas a períodos distintos, utilizam-se as


expressões:

(1 + i ) = (1 + im ) m ou i = (1 + im ) m − 1 (19)

onde:
i é a taxa do período maior;
im é a taxa do período menor;
m é o número de vezes que o período menor ocorre no período maior.

29
30

Analogamente, dada uma taxa i para um período maior; calcula-se a taxa im para um
período menor através da expressão:

(1 + im ) = (1 + i ) 1/ m ou im = (1 + i ) 1/ m − 1
(20)

Exercício 9: Qual a taxa efetiva mensal de 24% a.a. com capitalização semestral?

Solução:
Primeiramente calcula-se a taxa efetiva semestral:
24
24% a.a. c./cap. semestral = = 12% ao semestre
12

Aplicando-se (l9): Tem-se então

(1 + 0,12) = (1 + im)6
ou por (20):
im = taxa mensal = (1 + 0,12)1/6 - 1 = 1,9% ao mês

3.4 TAXAS COBRADAS ANTECIPADAMENTE

Infelizmente nem todos os problemas de taxa efetiva e taxa nominal podem ser resolvidos
aplicando-se as fórmulas (18), (19) e (20). Os órgãos financeiros utilizam-se de uma grande
variedade de artifícios para encobrir taxas de juros mais altas por eles cobradas efetivamente.
Uma das fórmulas utilizadas freqüentemente, é cobrar os juros antecipadamente.

Exercício 10: Calcule a taxa efetiva mensal de juros referente a um empréstimo com prazo de 3
meses sabendo que é cobrado antecipadamente uma taxa de 22%.

30
31

Solução:
Considera-se um empréstimo de:
UM 100.000,00 - 22% = 78.000,00
Tem-se, pois o seguinte fluxo de caixa:

78.000

0 1 2 3

100.000

De onde:
78.000 (l + i) 3 = 100.000
1 + i - (100/78)3 = 1,0863 e i = 8,63% a.m.

Em operações bancárias de desconto de duplicatas, com freqüência é utilizado este


artifício.

3.5 EXERCÍCIO COM RESPOSTAS SOBRE TAXAS NOMINAIS E EFETIVAS

1) Qual é à taxa equivalente mensal, de 42% ao ano capitalizada trimestralmente?


Resp.: 3,38%

2) Qual é a taxa efetiva anual, de 24% ao semestre capitalizada mensalmente?


Resp.: 60,1 %

3) Uma companhia planeja depositar UM 100.000,00 em um fundo no fim de cada ano,


durante os próximos 3 anos.
Se o fundo paga uma taxa de juros de 6,00% ao ano, com capitalização quadrimestral,
quanto a companhia terá no fim do sexto ano.
Resp.: 380.920,27
4) Quais as séries uniformes equivalentes aos seguintes fluxos de caixa:

31
32

20 20 20 .......... 20

0 1 2 3 4 5 6 10
i = 5%

Resposta: 9,7558
20 20 20 .......... 20

0 1 2 3 4 5 6 19 20
i = 6%

20 20 20

Resposta: 1,0625

3.6 TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) E TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE


(TMA)

Por definição a taxa interna de retorno de um fluxo de caixa é a taxa para a qual o valor
presente do fluxo é nulo.

Exemplo:
É feito um investimento de US$ 1.000,00 que renderá US$ 200,00 por ano durante 6
anos. Qual é a TIR deste investimento?

200 200

0 1 2 3 4 5 6

1.000

32
33

Valor Presente = - 1.000 + 200 x (P/A; i; 6) = 0


1. 000
(P/A; i; 6) = = 5,00
200

Verificando nas tabelas, vê-se que os valores mais próximos a 5,00 para (P/A; i; 6)
correspondem às taxas de: 5,4 e 5,5%.

Freqüentemente, entretanto, a taxa de retorno só pode ser encontrada por tentativas e,


infelizmente, não existem métodos que permitam obter o resultado em poucas - 2 ou 3 -
tentativas.

Como regra geral sugere-se o seguinte procedimento para a determinação de taxas de


retorno:
1) Arbitrar uma taxa e calcular o valor presente do fluxo de caixa.
2) Se o valor presente for positivo, aumentar o valor da taxa e recalcular. Se for negativo,
diminuir o valor da taxa.
3) Repetir o passo 2 até que se chegue a um valor presente tão próximo de zero quanto
se queira.

Existem "Softwares" de computador para a resolução deste problema. Algumas


calculadoras já possuem esta função pré-programada, como é caso das calculadoras financeiras
Hewlet Packard.

Exercício 11: Qual é a taxa de retorno do fluxo de caixa abaixo:

2.000

600 600 600

0 1 2 3 4 5

1.000

33
34

2.000

Solução:
1) Supondo que a taxa julgada mais adequada seja 4%
VP = - 2000 - 1000 (P/F; O,04; 1) + 600 (P/A; O,04; 3) x (P/F; O,04; 1) +
2000 (P/F; O,04; 5)

VP = - 2000 - (1000 x 0,96154) + (600 x 2,775 x 0,96154) + (2000 x 0,82193)


VP = 283,28
A aproximação ainda não é boa!
2) A taxa estipulada foi muito baixa, pois VP > 0. Utilizando-se uma taxa de 7% tem-se:
VP = -2000 - (1000 x 0,93458) + (600 x 2,6242 x 0,93458) + (2000 x 0,71299)
VP = 37,09

3) A taxa efetivamente é mais próxima de 7%. Talvez 6% seja uma boa estimativa.
VP = - 2000 - (1000 x 0,9434) + (600 x 2,6729 x 0,0434) + (2000 x 0,74726)
VP = 64,09
A melhor estimativa continua sendo 7%. Uma interpolação linear poderá dar uma boa
aproximação para a próxima estimativa:

64,09 + 37,09 = 101,18 -- 1,00


37,09 -- x
x = 0,3666

A nova estimativa será:

7 - 0,3666 = 6,6334

Arredondando, tem-se 6,6% que será utilizado para o novo cálculo do VP:

VP = - 2000 - (1000 x 0,93805) + (600 x 2,64361 x 0,93805) + (2000 x 0,72646)

34
35

VP = 2,80

A estimativa já pode ser considerada suficientemente boa:

i = 6,6%

frente à resposta exata que seria de 6,6279%,

GRÁFICO DO VALOR PRESENTE EM FUNÇÃO DA TAXA DE JUROS

O gráfico abaixo mostra a variação típica do valor presente de um fluxo de caixa para
diversas taxas de juros:

VP

Taxa de retorno

Para uma taxa de juros igual a zero, o valor presente é o simples somatório das parcelas
do fluxo de caixa. A medida que é incrementada a taxa de juros, o fluxo de caixa passa a ser
descontado progressivamente até que o valor presente se iguale a zero. A taxa de juros
correspondente a este ponto é a taxa de retorno. Prosseguindo o incremento na taxa de juros o
valor presente passa a ser negativo.

35
36

TAXA MÍNlMA DE ATRATIVIDADE

Um conceito também muito utilizado é o de Taxa Mínima de Atratividade. A TMA é a


taxa a partir da qual o investidor considera que está obtendo ganhos financeiros. Uma das
formas de se analisar um investimento é confrontar a TIR com a TMA do investidor.

Um exemplo de aplicação do conceito de Taxa Mínima de Atratividade:

Exercício 12: Em 01/01/78 um investidor adquiriu um titulo por UM 100.000,00 para ser
resgatado em 6 meses rendendo 2% ao mês. em 01/03/78, um segundo
investidor propõe ao primeiro, a aquisição deste título. Quando deve oferecer se
sua TMA for de 2,5% a mês?

Solução:
a) Cálculo do valor do título

0 1 2 3 4 5 6

100.000

F = 100.000 - (F/P; 2%; 6) = 112.616,24

b) Cálculo de quanto o segundo investidor deve pagar:

112.616,24

0 1 2 3 4 5 6

36
37

P = 112.616,24 - (P/F;2,5%;4) = 102.024,76

3.7 EXERCÍClOS COM RESPOSTAS SOBRE TAXA INTERNA DE RETORNO E


TAXA MÍNlMA DE ATRATIVIDADE

1) Uma pessoa vende um carro por UM 20.000,00 à vista. O mesmo carro pode
também ser negociado a prazo nas seguintes condições:

- uma entrada de UM 4.000,00


- 12 prestações mensais iguais de UM 1.500,00
- 2 prestações semestrais (a 1ª aos 6 meses e a 2ª aos 12 meses) de UM 3.000,00 cada.

Qual a taxa de juros que está sendo considerada na compra a prazo, ou seja, a taxa de
retorno do vendedor?

2) Calcule a taxa de retorno do plano abaixo:


Veículo plano 24
Valor a ser financiado: UM 60.000,00

1° período 1° período 1° período 1° período


( 6 meses) ( 6 meses) ( 6 meses) ( 6 meses)
3.147,00 3.713,00 4.382,00 5.164,00
mensais mensais mensais mensais

3) Paulo possui UM 100.000,00 aplicados na Caderneta de Poupança, rendendo em


média 5% ao mês. Um corretor oferece a Paulo dois títulos: um deve ser resgatado
em 9 meses por UM 55.000,00, e o outro deve ser resgatado em 12 meses por UM
85.000,00. O que Paulo deve fazer? ,

37
38

4) Na compra à vista de uma geladeira o vendedor concede um desconto de 10% sobre


o preço básico. Este preço básico será acrescido de 15% no caso de uma compra
em 3 vezes sem entrada. Qual a taxa de juros (compostos) ao mês envolvida na
transação?

5) Quais as taxas de juros efetivas ao mês envolvidas nas seguintes transações:

a) Uma duplicata de UM 50.000,00 é descontada por UM 36.000,00, 45 dias antes de


seu vencimento.
b) 500 % ao ano com capitalização trimestral.

Respostas:
1 - 6,2 a. m.
2 - 4% a.m.
3 - Se Paulo aplicar os UM 100.000,00 nos títulos, terá um rendimento de 3,2 % ao
mês. Então é melhor ficar com o dinheiro na poupança.
4 - i = 13,33% a.m.
5 - a) 24,48% ; b) 31,04%

Exercícios: Lista Adicional 2

1 - A que taxa de juros deverá ser aplicado um capital qualquer para que, ao final de 24
meses, o montante seja o triplo do valor aplicado? Considere os diferentes tipos de juros (simples e
composto).
2 - Qual a taxa efetiva anual equivalente a:
a) 24% ao semestre com capitalização mensal;
b) 48% ao ano descontando-se as inflações trimestrais de 10%, 11%, 9% e 12% ao
trimestre;
c) 1% ao mês no regime de juros simples;
d) 2% ao mês no regime de juros contínuos.
3 - Calcular a taxa efetiva anual equivalente às seguintes taxa nominais:

38
39

a) 12% a.a. com capitalização mensal


b) 10% ao semestre com capitalização trimestral
c) 15% a.a. Capitalizada instantaneamente.
4 - Qual o valor a ser depositado, agora, num fundo de reserva para poder realizar dois
pagamentos sem deixar saldo, sendo o primeiro de 10.000 u.m., realizado após quatro meses da data
presente, e o segundo de 18.000 u.m., após sete meses dessa mesma data. Considere a taxa de
juros como 3% ao mês e os regimes de juros simples e compostos. Como poderiam ser
interpretadas as soluções obtidas no regime de juros simples ao variarmos a data focal ( data para a
qual se calcula a relação de equivalência de capital ).
5 - Quanto se deve investir hoje a juros de 8% ao ano capitalizados trimestralmente, para se
ter R$ 15.000,00 daqui a 12 anos?
6 - Qual é o montante acumulado a partir do principal R$ 2.895,00 empregado a 3,5% ao
mês durante 42 meses?
7 - Qual é o valor atual de uma série uniforme de R$ 400,00 durante 12 meses, a juros de
2,5% ao mês?
8 - Quanto teremos acumulado ao final de 75 meses, se investirmos mensalmente R$150,00
a 6% ao mês?
9 - Quanto deveremos depositar trimestralmente numa conta que rende 6% por trimestre,
para termos R$22.800,00 daqui a 8 anos e 9 meses?
10 - Uma dívida de R$ 1.000,00 deve ser paga em 12 parcelas mensais, a juros de 3% ao
mês. Qual o valor da mensalidade?
11 - Um artigo custa CR$ 220,00 à vista. O pagamento a prazo implica num sinal de CR$
50,00 e quatro mensalidades de CR$ 50,00. Qual é a taxa de juros cobrada?
12 - Determine a série uniforme equivalente ao fluxo de caixa que se segue, a juros de 10%
por período.

0 1 2 3 4 5
6 6

1000
1200
1400
1800
2300
2600
6000

13 - Qual a taxa efetiva anual equivalente a 2% ao mês, capitalizados mensalmente?

39
40

Definição formal de Engenharia

40
41

Capítulo 4
Amortização de Dívidas

A disponibilidade de recursos é sem dúvida, um fator imperativo para a concretização de


um investimento. Ao se construir uma casa própria, ao se adquirir um equipamento industrial é
necessário que se tenha disponibilidade de recursos.
Se a pessoa, no caso da casa própria, ou a empresa, no caso do equipamento, dispõem
de um fundo, como por exemplo, caderneta de poupança ou depósito bancário respectivamente,
poderão lançar mão desses fundos para efetivarem seu investimentos. Porém, na falta desses
recursos, ou se esses forem insuficientes, terão que recorrer a empréstimos.
O valor desses empréstimos, ou seja, o Principal, evidentemente terá que ser restituído à
instituição financeira acrescido da sua remuneração, que são os Juros. Às formas de devolução
do Principal mais Juros, chama-se de Sistemas de Amortização. Os mais usuais, normalmente
praticados por instituições bancárias, serão vistos neste capítulo.
Evidentemente que nos empréstimos pessoais, pode ocorrer uma gama de formas de
amortização, notadamente em pequenas transações, não cabíveis de serem analisadas pela sua
singularidade.

4.1 SISTEMA FRANCÊS DE AMORTIZAÇÃO

Este sistema também é conhecido pelos nomes de "Sistema Price” ou "Sistema de


Prestação Constante", e é muito utilizado nas compras a prazo de bens de consumo - crédito
direto ao consumidor.
Nesse sistema as prestações são constantes e correspondem, pois, a uma série uniforme
A.
Uma das razões de se estudar amortização de dívidas é de se obter respostas às
perguntas:
Qual o estado da dívida? Quanto já foi amortizado?

41
42

Quando uma dívida é saldada em prestações o devedor deverá, normalmente, restituir o


principal mais os juros.
As prestações pagas são compostas de uma parcela de juros e uma parcela de
amortização. A amortização corresponde à parcela da prestação que é descontada do principal.

Exercício 13: Uma pessoa consegue um empréstimo de UM 100.000,00 a ser pago em


20 prestações iguais e semestrais a uma taxa de juros efetiva de 50% a.a.
Calcule:

a) qual a taxa semestral;


b) qual o valor das prestações;
c) qual a parcela da primeira prestação que é amortização, e qual a que é relativa
aos juros.

Solução:
A taxa semestral pode ser calculada diretamente pela fórmula:
is = (1 + ia)1/2 - 1
is = (1+0,5)1/2 - 1
is = 0,225 = 22,5 %
A prestação vale:
A = P x (A/P; 0,225; 20)
A = 22.895,39
E os juros:
j=Pxi
j = 100.000,00 x 0,225
j = 22.500
Prestação = amortização + juros
p=a+j
a = 22.895,39 - 22.500
a = 395,39

42
43

Neste sistema, a parcela de juros decresce com o tempo, ao passo que a parcela de
amortização aumenta com o tempo. Graficamente pode-se apresentar este comportamento da
seguinte maneira:

Representação da Prestação:

juros

Prestação

amortização
n

Representação do Saldo Devedor

Saldo
Devedor

AMORTIZAÇÃO E JUROS

Se a quantia emprestada for P, o valor da prestação p será:


p = P x (A/P; i; n)
A parcela de juros da primeira prestação será:
j1 = ip
A primeira amortização a, valerá:

43
44

a1 = p - j1 = Po (A/P; i; n;) - iP
Pi (1 + i ) n − iP
a1 =
(1 + i) − 1

Pi( 1 + i ) n − i ( 1 + i ) n + i
a1 =
(1 + i) n − 1
i
a1 = P
(1 + i) n − 1
a1 = P (A/F; i; n)

A segunda amortização, a2, é obtida da relação:


p = a1 + jl = a2 + j2
a2 = a1 + (j1 - j2)
mas,
j2 = jl - (i x ai)
onde (i x a1 ) representa os juros da parcela que já foi amortizada:
i x a1 = j1 - j2
de onde,
a2 = a1 + (i x a1)
a2 = a1 (1 + i)
e da mesma forma,
a3 = a2 (1 + i )

O SALDO DEVEDOR:

Imediatamente após o pagamento da k-éslma prestação, pode ser calculado da seguinte forma:

k k+1 k+2 k+3 ........... n

44
45

O valor presente deste fluxo de caixa corresponde ao saldo devedor, ou seja, o saldo devedor é
o valor presente das prestações futuras.

SDk = p x ( P/A; i; n - k)
Exemplo da Aplicação do Sistema Francês de Amortização:

Exercício 14: Montar a planilha financeira para um financiamento de UM 1.000,00, a 36% ao ano
nominais, com prazo de 4 meses, amortizável em 4 prestações mensais. Calcular também
o saldo devedor imediatamente após a 2 prestação, mas sem o uso da planilha.

Solução:
a) Cálculo da taxa mensal:
0 , 36
i= = 0,03 ao mês
12
b) Cálculo dos juros (l° mês):
j1 = 0,03 x 1000 = 30
c) Cálculo da prestação:
p = P (A/P; 3%; 4) = 1000 x 0,269 = 269
d) Cálculo da amortização (1° mês):
a1 = pl - jl = 269 - 30 = 239
e) Desenvolvimento da planilha:

MÊS PRESTAÇÃO JUROS AMORTIZAÇÃO SD


0 ..... .... ..... 1.000,0
1 269,0 30,0 239,0 761,0
2 269,0 22,8 246,2 514,8
3 269,0 15,4 253,6 261,2
4 269,0 7,8 261,2 0
Total 1.000,0

45
46

f) Cálculo do SD após a 2 prestação: ainda faltarão mais duas e como o saldo devedor é
o valor presente das prestações futuras, tem-se:

SD2 = 269 (P/A; 3%; 2) = 514,8

4.2 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE (SAC)

Este sistema foi popularizado pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH), que o
adotou nos financiamentos de compra da casa própria. Atualmente ele é muito utilizado para
financiamentos de longo prazo
Como as amortizações são constantes, o seu valor é obtido dividindo o principal P pelo
número de prestações n . A primeira prestação vale então:
Prestação = Amortização + Juros
P
p1 = + iP
n
A segunda prestação é menor, pois os juros tendem a diminuir:
P
p2 = + [i (P - a)]
n
onde a = amortização

O saldo devedor diminui linearmente e se obtém subtraindo do principal o valor da


amortização vezes o número de prestações pagas:

SDk = P - a.k ; onde k = n° de prestações pagas .

Graficamente , os comportamentos da Prestação e do Saldo Devedor podem ser


apresentados da seguinte forma:

Representação da Prestação:

juros
46
Prestação
47

Representação do Saldo Devedor:

Saldo
Devedor

Exercício 15: Considere um empréstimo de UM 100.000,00 a ser pago pelo SAC em 20


prestações semestrais sendo a taxa de 22,5% ao semestre.
(Vide exercício 13).

a) Qual o valor da primeira prestação?


b) Qual o valor da última prestação?
c) Qual o saldo devedor imediatamente após a 5 prestação?

Solução:
P
a) p1 = + iP
n
100. 000
p1 = + 0,225 x 100.000
n
p1 = 5.000 + 22.500 = 27.500

47
48

b) Após o pagamento da penúltima prestação, o saldo devedor é apenas uma


amortização que vale UM 5.000,00. Quando o devedor pagar a última
prestação, deverá pagar além desta amortização os juros sobre ela:

P20 = 5.000 + 0,225 x 5.000


P20 = 6.125

c) SD = P- ak
SD = 100.000 - (5.000 x 5) = 75.000
4.3 COMPARAÇÃO ENTRE O SISTEMA FRANCÊS (PRICE) E O SAC

Ambos os sistemas, PRICE e SAC, estão corretos e são equivalentes para uma dada
taxa de juros. No sistema SAC as prestações, no início, são maiores que as prestações pelo
sistema PRICE. Depois de um certo número de prestações o valor pago pelo sistema PRICE
passa a ser maior.

Uma comparação entre os exercícios 14 e 16 realça bem estas diferenças.

Exercício 16: Considerando-se novamente o enunciado do exercício 14, elaborar a


tabela agora para o Sistema de Amortização Constante.
a)Taxa mensal:
0 , 36
i= = 0,03 = 3% ao mês
12
b) Cálculo dos juros (l° mês):
jl = iP = 0,03 x 1000 = 30
c) Cálculo da amortização:
P
a= = 250
4
d) Cálculo da primeira prestação:
p1 = 250 + 30 = 280
e) Desenvolvendo a planilha:

48
49

MÊS PRESTAÇÃO AMORTIZAÇÃO JUROS SD


0 ..... ..... .... 1.000,0
1 280,00 250,0 30,0 750,0
2 272,5 250,0 22,5 500,0
3 2650 250,0 15,0 250,0
4 257,5 250,0 7,5 ....

Observa-se que no Sistema Francês, a prestação era constante e no valor de 269. Aqui
no SAC a prestação inicia maior, ocorrendo gradativa diminuição.
O saldo devedor é o somatório das amortizações que faltam, por exemplo.
SD2 = 2 X 250 = 500
Na prática há uma predominância na utilização do Sistema Francês para empréstimos de
prazo curto (ate 12 meses), visto ser facilmente calculável a prestação. O tomador do
empréstimo de curto prazo possui normalmente a preocupação de saber se poderá cumprir o
compromisso.
Já para os empréstimos de longo prazo, normalmente utilizados para investimentos fixos
(prédios, equipamentos, etc.), é mais difundido o sistema SAC. A preocupação do tomador
passa a ser mais econômica do que financeira. Qual a taxa de juros que incidirá sobre o saldo
devedor e quanto representa este valor em relação à Taxa de Retorno do investimento a ser
feito?

4.4 O PERÍODO DE CARÊNCIA

Uma prática muito utilizada pelos organismos financeiros é a concessão de um


período de carência no financiamento. A carência é um período no qual o tomador só paga os
juros, de sorte que o Principal permanece constante. Isto possibilita uma certa folga ao tomador.
Em algumas situações também pode ocorrer capitalização dos juros durante a carência.
Se no exercício 14, que tratava de um financiamento de UM 1000, pelo sistema
francês, amortizado em 4 prestações, fosse concedido um mês de carência a planilha ficaria
constituída da seguinte forma:

49
50

MÊS PRESTAÇÃO JUROS AMORTIZAÇÃO SD


0 ..... .... ..... 1.000,0
1 30,0 30,0 ..... 1.000,0
2 269,0 30,0 239,0 761,0
3 269,0 22,8 246,2 514,8
4 269,0 15,4 253,6 261,2
5 269,0 7,8 261,2 0

50
51

Exercícios: Lista Adicional 3

1- a) Calcular os valores das parcelas de juros e amortização referentes à primeira


prestação, de um empréstimo de R$ 853,20, a taxa de 3% ao mês, para ser liquidado em 10
prestações iguais.

b) Calcular o valor do saldo devedor existente no final do 6o mês (após pagamento da


6ª prestação).
c) Calcular o valor da parcela de amortização correspondente a 5ª prestação
d) Calcular o valor das amortizações acumuladas até o 4ª mês, ou seja, a soma das
parcelas correspondente às quatro primeiras prestações.
e) Calcular o valor dos juros acumulados entre o sexto e nono mês, ou seja, entre a
sexta e a nona prestação.
Nota: Ao mencionar "entre a sexta e a nona prestação" entende-se a sexta exclusive e a nona
inclusive.
2- a)Calcular o saldo devedor de um empréstimo de R$ 10.000,00, feito em 24
prestações mensais e iguais, à taxa de 3,5% ao mês, após o pagamento da 13ª prestação.
b) Calcular o valor da parcela de amortização referente à 12ª prestação do empréstimo
referido no exercício anterior.
3- Calcular o valor dos juros acumulados entre a 84ª e 96ª prestação, correspondentes a
um empréstimo de R$35.000,00, à taxa de 1% ao mês, para pagamento em 120 prestações
mensais e iguais.
4- Um empréstimo de R$ 20.000,00 é concebido para ser pago em 20 prestações
trimestrais. Sabendo-se que a taxa de juros é de 10% ao trimestre, calcular:
a) o saldo devedor após o pagamento da 10ª prestação;
b) o valor total das amortizações feitas até a época do pagamento acima.
5- Elaborar um plano de pagamentos, com base no sistema de Amortização Constante,
correspondente a um empréstimo de R$ 1.000,00, á taxa de 3% ao mês, a ser liquidado em 10
prestações mensais
6- No dia 31/07/78 uma empresa firmou um contrato de financiamento de capital de giro
no valor de R$ 150.000,00, para ser liquidado em 18 prestações mensais e iguais de
R$11.609,49, com vencimento para o último dia de cada mês. Sabendo-se que a empresa

51
52

encerra seus balanços no dia 31 de dezembro de cada ano, determinar o total de juros pagos e
contabilizados nos exercícios de 1978 e 1980.
7- Um apartamento é vendido por R$ 150.000,00, sendo R$ 10.000,00 de entrada e o
restante em 60 prestações mensais, à taxa de 2,5% ao mês, pelo Sistema de Amortização
Constante.
Calcular:
a) o valor da 1ª e da última prestação;
b) o valor do decréscimo mensal das prestações;
c) o valor das parcelas de juros referentes a 37ª e a 38ª prestação;
d) o somatório da 41ª até a 50ª prestação (ambos os limites incluídos);
e) o total de juros a ser pagos até a liquidação do débito.
8- Em agosto em 1977 uma pessoa adquiriu uma casa financiada pela Caixa Econômica
Estadual em 120 prestações mensais, pelo sistema SAC. Sabendo-se que o valor financiado foi
o limite permitido pelo Sistema Financeiro de Habitação, de 3.500 UPC, que a taxa de juros
contratual foi de 10% ao ano ( ou 0,8333% ao mês, conforme estabelecido no contrato ) e que a
primeira prestação foi paga no mês de setembro desse mesmo ano, calcular:
a) o valor das amortizações pagas até dezembro de 1979 (inclusive);
b) o valor da prestação a vencer em dezembro de 1981 a respectiva parcela de juros;
c) o total dos juros pagos durante o ano de 1979 ( para efeito da declaração do Imposto
de Renda, admitindo-se que fosse permitida a informação em UPC).

52
53

O herói na janela

53
54

Capítulo 5
Inflação e Variações Cambiais

5.1 CONCEITOS

A inflação é a perda do poder aquisitivo da moeda. Várias podem ser suas causas, tais como
aumento da demanda de um bem sem condições de se aumentar proporcionalmente sua
produção, aumento de custos de fatores de produção de alguns produtos, especulação com
estoques ou excesso de circulação de moeda, entre outras.

Mas o que nos interessa, neste capítulo, é como introduzir seus efeitos na matemática
financeira e na análise de investimentos.

Na matemática financeira, a inflação é considerada nos empréstimos através da correção


monetária. A correção monetária, teoricamente, é um instrumento de correção da moeda na
exata medida do efeito da inflação. Porém, os índices oficiais de correção monetária podem não
refletir realmente a inflação.

Por esta razão, na análise de investimentos usa-se a inflação, medida através de índices de
preço, ao invés da correção monetária.

A variação cambial, ou seja, a valorização relativa de uma moeda (perante outra moeda),
aparecerá nos problemas de empréstimos de forma análoga à correção monetária.

5.2 TAXA GLOBAL DE JUROS

Freqüentemente é conveniente determinar uma taxa que englobe correção monetária e juros,
como é o caso das taxas aplicadas nas compras a prazo.

54
55

Vamos supor uma quantia P à qual vamos aplicar uma taxa global i'. O montante F após
um período vale:
F = P (1 + i' )

Por outro lado, aplicando primeiro a correção monetária θ, obtemos o principal corrigido
monetariamente (P corr ).

Pcorr = P(1 + θ)

A taxa de juros i deverá ser aplicada ao principal corrigido:

F = Pcorr (1 + i) = P(1 + θ ) (1 + i)
F = P(1 + i + θ + θi)

donde:

i'= i + θ + θi)

É mais prático, entretanto, aplicar primeiro uma taxa (correção monetária, inflação ou
variação cambial) e depois a taxa de juros e então:

(1 + i') = (1 + θ ) (1 + i)

Exercício 17: Uma empresa brasileira fez um empréstimo equivalente a UM 2.000.000,00 em


um banco alemão, nas seguintes condições:
- Juros de 2,8% ao trimestre;
- Pagamentos em 5 prestações anuais pelo SAC, em Marcos.
Se a valorização do Marco em relação à nossa moeda nos próximos anos for
estimada em 36%, 35%, 38% 40% e 39%, calcule o valor em UM das
prestações a serem pagas.

55
56

Solução:

Taxa equivalente anual:


(1 + 0,028) 4 = 1 + i → i = 11, 679242%

Valor das amortizações:

2.000.000
= 400. 000 ⇒ amortização não corrigida
5

Juros

11, 68
j1 = x 2. 000. 000 = 233.584,84
100
11,68
j2 = x1. 600. 000 = 186. 867 , 88
100
11, 68
j3 = x1. 200. 000 = 140.150 , 91
100
11, 68
j4 = x 800. 000 = 93. 433, 94
100
11, 68
j5 = x 400. 000 = 46. 716, 97
100

1 Prestação = ( 400.000 + 233.584,84)1,36 = 861.675, 38


2 Prestação = (400.000 + 186.867,88)1, 36x1, 35 = 1.077.487,81
3 Prestação = (400.000 + 140.150,91)1,36x1,35x1, 38 = 1.368.569,56
4 Prestação = (400.000 + 93.433,94)1, 36x1, 35x1,38x1, 40 = 1.750.356,13
5 Prestação = ( 400.000 + 46.716, 97)1,36x1,35x1, 38x1,40x1,39 = 2.202,46

Normalmente, empréstimos em moeda estrangeira são tomados em valores expressos


naquela moeda. Então elabora-se a planilha financeira em Marcos, Dólares, ou outra moeda, e
na época dos pagamentos é feita a conversão para a nossa moeda.

56
57

Para empréstimos em moeda nacional, elabora-se a tabela com os valores originais, e esta
tabela será corrigida à medida que haja variações de correção monetária, de forma análoga ao
ocorrido no exercício 17. Para este exercício, teria-se as seguintes planilhas financeira em
UM mil originais e UM mil corrigidos.
Tabela em Um mil originais

Período Prestação juros Amortização SD

0 --- --- --- 2000


1 633 233 400 1600
2 587 187 400 1200
3 540 140 400 800
4 493 93 400 400
5 447 47 400 ---

Tabela em UM mil corrigidos

Período θ SD Corrig. Prestação Juros Amortização SD

0 -- --- --- --- --- 2000


1 36 2720 633 233 400 1600
2 35 2937 587 187 400 1200
3 38 3040 540 140 400 800
4 40 2838 493 93 400 400
5 39 1972 447 47 400 ---

Para financiamentos pelo Sistema Francês, procede-se de maneira análoga.

Quando ocorre carência, via de regra são cobrados apenas os juros, sendo a correção
ou a variação cambial, capitalizadas.

Exercício 18: Qual deve ser a taxa global anual a ser cobrada por um banco que quer 1% ao
mês de juros além da correção monetária que é prevista em 15% ao trimestre?
Solução 1:
A taxa de juros anual será:
57
58

(1 + 0,01) 12 − 1 = 0, 1268
A taxa de correção monetária anual será:
(1 + 0,15) 4 − 1 = 0 , 749
Logo a taxa global anual a ser cobrada será:
(1,1268)(1, 749) - 1 = 0,9708 = 97,08%
Solução 2:
i ' = (1 + 0, 01) 12 x( 1, 15) 4 − 1 = 97 , 08%

5.3 INFLAÇÃO NA ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

No Brasil, freqüentemente a correção monetária assume variações diferentes dos índices de


inflação.

Por isso a análise de investimentos deve ser baseada nos índices de inflação, quando esta
ocorrer. Por exemplo, um aplicador que teve um rendimento de 45% a.a. quando a inflação
neste ano foi de 30% teve um rendimento real de:

1,45
− 1 = 0 ,1154 ou 11,54%
1,30

Também a utilização da variação cambial em análise de investimentos pode conduzir a erros,


haja vista ser apenas relativa. Teoricamente existe a seguinte relação entre inflação e variação
cambial:

(i + θ ) = (1 + θ 1)(1 + θ 2)

onde:

θ = inflação da nossa moeda;


θ1= valorização da moeda externa em relação à nossa moeda (variação cambial);
θ2= inflação da moeda externa.
58
59

59
60

5.4 - EXERCÍCIOS SOBRE AMORTIZAÇÃO DE DÍVlDAS E CORREÇÃO


MONETÁRIA

1. a) Construa um quadro de amortização de uma dívida de UM 50.000 resgatada pelo


sistema PRICE em 5 prestações a juros de 10 % ao período.

b) Construa um quadro de amortização, com os dados do item a, no sistema SAC.

2. Considere uma dívida de UM 100.000,00 a ser resgatada em 25 prestações com 4%


de juros. Depois de quantas prestações o valor da prestação do sistema PRICE passa a
ser superior a do SAC.
R.: Após 10 prestações. E se houver Correção Monetária de 10% ao período?

3. Qual a taxa efetiva anual de:


a) 60 % ao ano com capitalização trimestral
R.: 75%

b) Correção Monetária de 10% ao mês e juros de 12% ao ano:


R.: 252%

c) 30% ao semestre com capitalização quinzenal


R.: 8l%

d) 50% ao ano com Correção Monetária de 15% ao trimestre:


R.: 162 %

4. Um empréstimo de UM 100.000,00 em dólares deve ser pago no final de dois anos


com juros de 1% ao mês. Quanto deverá ser devolvido se a valorização do Dólar for de
25% ao semestre em relação à UM?
R.: 309.993,81

60
61

5. Uma pessoa fez um empréstimo de UM X a juros de 4% ao mês e saldou a dívida


pelo SAC em 10 prestações. A soma dos valores nominais das prestações foi de
50.000,00. Se a dívida tivesse sido paga pelo Sistema PRICE qual seria a soma dos
valores nominais das prestações?
R.: 50.529,08

6. UM 200.000,00 foram financiados em 20 prestações mensais pelo SAC com juros de


80% a.a. através de uma financeira. A financeira pretende vender os títulos da dívida por
UM 220.000,00. Qual a taxa que a pessoa que comprar os títulos irá “ganhar”?
R.: i = 3,8%

Exercícios: Lista Adicional 4

1- Um imóvel foi comprado em certa época por R$ 20.000,00 e vendido por 3 anos
mais tarde por CR$ 100.000,00. Qual foi a Taxa de Juros, sabendo-se que o índice de inflação
nestes 3 anos foi de 50% a.a.?
2- Um profissional liberal comprou para o seu uso profissional um automóvel no valor de
CR$1.000.000 em janeiro de 1979. Considerando que para a sua Declaração de Imposto de
Renda utiliza um Livro Caixa, pergunta-se:
a) Em que data deve ser lançado no livro caixa o valor de CR$ 1.000.000,00 como
despesa?
b) A partir de que mês ele deve lançar a depreciação?
c) Durante quanto tempo deve lançar mensalmente o valor da depreciação como
despesa?
d) Qual o valor que deve ser lançado na primeira depreciação?
e) Qual o valor que deve ser lançado na última depreciação e qual a sua data?
Dados: URV (jan.79) = CR$ 326,82
URV (fev.79) = CR$ 334,20
URV (jan.84) = CR$ 7.545,98
Depreciação Anual do automóvel: 20%

61
62

3- Uma pessoa comprou um imóvel em que permaneceu uma dívida de 15 milhões de


cruzeiros, em abril de 1979, a ser paga em cinco parcelas anuais, sem juros, reajustadas pelos
valores das URV de abril de cada ano. Quais os valores das parcelas, considerando os seguintes
valores das URV:
URV (abril 1979) = CR$ 350,51
URV (abril 1980) = CR$ 546.64
URV (abril 1981) = CR$ 877,86
URV (abril 1982) = CR$ 1.683,14
URV (abril 1983) = CR$ 3.588,63
URV (abril 1984) = CR$ 10.235,03
4- Uma pessoa pagou a prestação da casa própria igual a R$ 820,00. Sabendo que a
prestação anterior paga foi igual a R$ 500,00 e que a taxa de juros aplicada neste período é de
1%, pergunta-se qual foi a taxa de correção monetária?
5- Uma empresa pediu um financiamento de CR$ 100.000.000,00, o qual será pago em
três parcelas anuais iguais sujeitas à correção Monetária provindas das URV e mais 20% a.a. de
taxa de juros. A empresa prevê uma correção monetária anual igual a 60%. Qual seria o valor de
cada uma das 3 parcelas a ser paga?
6- Um indivíduo com 55 anos de idade pretende fazer uma aposentadoria suplementar.
Atualmente recebe honorários de R$ 600.000,00 por ano. Pretende aposentar-se dentro de 10
anos a partir de hoje, pleiteando receber uma aposentadoria suplementar equivalente hoje a
R$600.000,00 anuais, durante 5 anos após a aposentadoria. A sua intenção é realizar depósitos
na caderneta de poupança programada, a qual oferece uma taxa de juros ( admitamos) de 7%
a.a. E mais correção monetária a que ele atribuiu um valor médio de 50% a.a. Pergunta-se:
a) Quanto ele irá receber em cada um dos 5 anos?
b) Quanto ele terá de depositar anualmente na caderneta de poupança durante os 10
anos?

62
63

Indexadores em vigor

63
64

Planos Econômicos

64
65

Histórico das Moedas

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