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Graffiti – Expressando a Identidade da Massa

Este artigo acadêmico consiste num estudo da identidade da sociedade, da


cultura, da origem e a relação humana, no meio da violência, do preconceito, da política
social e econômica. Isto implica entender que o graffiti proporciona na sociedade o
“grito” que muitos desejam. Utilizando uma linguagem codificada em pleno espaço da
cidade, fazendo uso de vários suportes como os muros, fachadas, paredes, e outras
construções. O que está gravado, inscrito nos muros das cidades não é só desenhos,
expressões ou mensagens bonitas, mas também está mostrando algo em que as pessoas
podem repudiar, mas isso faz parte do contexto e assim nos olhos de muitos é
irrelevante, uma rebeldia desnecessária, mas o que realmente está sendo mostrado, é
para chocar e enfatizar algo e marcando o que o artista, a sociedade e o mundo está
passando, deixando claro que a partir do momento que olhar possam sentir e de alguma
forma se identificar.
O graffiti faz parte de uma arte urbana que vai muito mais além de apenas se
inserir no meio da calma ou do caos, o graffiti não só traduz o que o artista está se
expressando, mas também a sociedade por diversos motivos, verídico ou apenas
relatando uma ideia.
As cidades, as ruas e os muros, se transformam, trazendo para esse meio
uma interação diferente, apesar que muitos não concordam, julga essa forma de arte de
vandalismo, arte ilegal, como uma poluição visual,os artistas de rua sabem se inserirem
e mostram sua arte para todo tipo de público, onde se concretiza o objetivo dessa forma
de arte que é a liberdade de expressão. A rua é o lugar onde se encontra a diversidade,
onde a rotina da sociedade se manifesta, o espaço perfeito para poder grafitar e fazer
suas inscrições, interagindo com a sociedade de forma divertida, colorida ou expondo de
maneira inteligente nas questões que as pessoas venham enfrentando.

“Grafite tem origem no termo italiano graffito, que deriva do latim


graphium. Inicialmente, designou um estilete utilizado para escrever sobre
placas de cera. Posteriormente, a forma plural, graffiti, nomeou as
inscrições gravadas na pré-história e na antiga Roma. Em 1965, a palavra
graffiti foi utilizada para definir as pichações com spray e nos anos 70,
para indicar as modernas pinturas feitas com a mesma tinta. O termo
pichação remete às inscrições realizadas com piche em muros na antiga
Roma. Adquiriu arbitrariamente uma conotação pejorativa, quando se
tornou uma prática de protesto social nos bairros periféricos de Nova
Iorque, na década de 1960, e, mais tarde, quando foi utilizado por torcidas
organizadas em práticas ilegais ou por grupos de controle do narcotráfico,
mais especificamente nos bairros do Bronx e Harlem” (Schultz, 2010).
O graffiti até hoje não conseguiu conquistar seu espaço, pelo o que o julgam
de pichação, não entendem o que está além do pensamento e a expressão do que está
grafitado, a linguagem da rua não é dominada apenas pelo os que vivem naquele local, a
rua é governada por ela mesma, é livre, e os que habitam esse lugar, tentam decretar,
fazendo com que não é direito de ninguém o mudar, a rua sozinha se emancipa, e assim,
os artistas utilizam desse método para defenderem seus objetivos, na tentativa de
conseguir reconhecimento e respeito, para que vejam aquele local diferente, clamando
que quem utiliza dessa forma de arte é marginal. Entretanto os artistas ligados ao grafite
enfrentam desafios, preconceitos, mas essa não aceitação, transforma em incentivo para
que quem apropria do graffitiaos poucos vaifazendo-oconseguir ganhar seu espaço,
apontando para uma arte urbana real e significativa, encontrada em prédios
abandonados ou em pequenos espaços da cidade.
"A gente já não aguenta mais responder perguntas do tipo
´qual a diferença entre grafite e pichação? ´ Isso não
importa"- Gustavo Pandolfo
(São Paulo, BR Press, 2006)

Refletindo a realidade das ruas, o graffiti manifesta-se no cenário da


metrópole como uma arte criminosa.A linguagem da rua, da marginalidade, que não
pede licença e que clama nas paredes da cidade sobre os transtornos de uma
geração.Baseado nisso, a arte de grafitar se torna um condutor de comunicação urbana
intrigante.
Destina – se de uma arte de origem negra, pobre, localizado na periferia e
nas favelas. Revelando uma cultura ainda existente, mas que é produzida de varias
maneiras. Trazendo novos suportes, e obtendo apoio de muitas fontes, relacionando o
dia – a – dia com um futuro que talvez não exista, ou um passado diferente com um
novo hoje, o graffiti traz perguntas e respostas, fazendo sentido ou não, questionando o
que vivenciamos e o que já foi vivenciado, de maneira divertida entretendo o público,
ou utilizando de um local degradante apontando algo triste, e assim o graffiti “brinca”
com um jogo que não sabemos quem é o “vencedor” .
“O grafite é meio magico, você não toca a
sujeira, você transforma numa coisa bacana”
- Os Gêmeos

Através de uma comunicação limitada,as pessoas hoje têm apenas um foco,


é apenas através da tecnologia, da internet, conectados pela rede wireless (sem fio), o
wifi, olhares e dedos vidrados à tela do aparelho com as cabeças abaixadas na maior
parte do tempo, algo que indica um semblante vazio. As cidades viraram um cenário de
uma nova intensidade de alienação marcada pela inovação das tecnologias. É mais
relevante responder uma mensagem no celular do que responder alguém que pergunta as
horas no centro da cidade. A partir dessa nova forma de comunicação que vem
apresentando muitas falhas e questões relacionados a relação humana, o graffiti se
sobressai, por “roubar” a atenção - tão cara hoje em dia – da sociedade e fazendo com
que reconquistem uma humanidade que está sendo perdida.
Quebrando a monotonia o graffiti consegue passar uma luz no cotidiano. É
gratificante defender a arte, o graffiti e a arte de rua, pois no mundo em que vivemos
hoje é viável acreditar que a arte tem poder e é capaz de“salvar” o mundo e “curar” as
pessoas.
Quem utiliza da arte para se comunicar tem ânsia de chamar atenção, e a
arte de rua é perfeita para cumprir esse papel, mesmo não sendo aceita por muitos, o
graffiti se apropria dessa recusa para ganhar mais “voz”, conseguindo exibir seu visual
com grandeza.
Visando nas questões da sociedadea arte pode sensibilizar a mente e o
coração das pessoas, trazer a humanidade que tanto precisamos de volta, mudar nossos
pensamentos, nossas atitudes, nosso mundo. Na rua encontramos a diversidade, mas ali
também se encontra a igualdade e o amor pelo próximo.Afinal é o que deveríamos
encontrar, mas a partir dessa falta, o graffiti “grita” sobre isso.
Em relação a esse tema, as obras do artista de rua Banksy define
perfeitamente o objetivo desse artigo. Através de seus trabalhos e obras será concluído a
razão pelo estudo que esse artigo consiste.
Pseudônimo de um artista de rua britânico,Banksy (1974), é muito
conhecido por seus trabalhos, que tem como conceito a política, o capitalismo e
atualmente por vivermos em um mundo caótico, poluído, onde as pessoas estão
perdendo sua humanidade, o bom senso, traz nos seus trabalhos a realidade de um
mundo desumano. Arte interessante e conquistadora, fascina quem olha, transmitindo
uma moral que serve de carapuça para muitos, trabalhos inteligentes que não tem como
negar respeito para sua arte.
Anônimoe utilizando a identidade de um delator ele faz jus aos seus
trabalhos, trazendo um personagem andrógeno Banksy revela nas ruas histórias fictícias
ou verídicas que não temos a chance de julgar, a partir do momento que vemos,
identificamos, e nos cala,nos deixando sem reação. Seu anonimato é o ponto alto de
todo o seu trabalho, com isso ele é capaz de apropriar da identidade de todos sem pedir
permissão, interagindo com todas as culturas, com todas as personalidades, com todas
as raças e origens, passando por cima de todas as leis, regras, sem ordem e limite, vai
atrás de uma história para nos fazer refletir e deixar marcado. Com o intuito de crescer e
progredir de maneira inteligente no dia – a – dia da sociedade, a rua, é onde ele
consegue colocar na vida das pessoas sentimentos, querendo ou não. O fazer parte não
importa para ele, mas sim o estar envolvido naquilo, você sendo culpado ou não, ele te
envolve e você nem sabe.
A massa tenta sair despercebida, mas Banksy te delata, e assim tudo que se
pode imaginar, ele faz, para tentar chamar a atenção, esse é o seu objetivo, gostando ou
não ele consegue te tirar da sua zona, levando para muitas situações.
A cultura da rua existe vários tipos de arte (street art), como intervenções,
esculturas, o graffiti, a dança (street dance, break dance), a música (rap, hip hop), o
teatro (com performances dentro e fora do palco) e desde de 2014 considerado no
esporte como o skate. Isso é a cultura do graffiti é de onde é sua origem, e ninguém
pode muda-la. A partir desse conhecimento, o graffiti encontra um “lar” em toda origem
e a cultura de todos os povos do mundo, esse “lar” é como o graffiti utiliza de sua forma
de expressão para poder chegar ate você, os artistas de ruas e os grafiteiros não tem só
uma “casa”, afinal a “casa” deles é o mundo. Sem preconceito, atrás de amor, paz,
igualdade, a arte de rua e o graffiti é incompreendida, e é dessa maneira que será
entendido o anonimato de Banksy, suas obras se refere a todos.
Banksy utiliza de todos os tipos de suporte da arte de rua, não só o graffiti, e
é com esse apoio que consegue expressar e manifestar todas as identidades, a identidade
da massa.

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