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DISTÚRBIOS ESPECIFICOS DA LINGUAGEM (DEL) E OS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO DE
CRIANÇAS
DAIANA ANDRADE ROSA (Discente do curso de Pedagogia da UNOESTE‐ Email
dai_rosa@hotmail.com)
PRISCILA FERREIRA NAVARRO (Discente do curso de Pedagogia da UNOESTE)
JAQUELINE BATISTA DE OLIVEIRA COSTA (Docente do Curso de Pedagogia da UNOESTE)
RESUMO
A aprendizagem da linguagem escrita depende, em grande parte, do processo da fala. Assim,
crianças com algum tipo de Distúrbio Específico da Linguagem têm maior probabilidade em
apresentar dificuldades na aquisição dessas habilidades. Nesse sentido o presente trabalho tem
como objetivo geral caracterizar, com base na literatura específica, os principais Distúrbios
Específicos da Linguagem (DEL) e discorrer sobre os métodos que tem sido utilizado no processo
de alfabetização de crianças. Trata‐se de uma pesquisa de natureza bibliográfica que busca
conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existentes sobre tema em
pauta, a partir de referências teóricas publicadas em documentos. O estudo do tema demonstrou
que um dos métodos de alfabetização que vem sendo considerado eficiente no processo de
alfabetização de crianças com DEL é o método fônico. Pesquisas científicas feitas com crianças de
escolas públicas e particulares, inclusive crianças com severo distúrbio motor e da fala e com a
professora em sala de aula confirmaram sua eficácia e importância no processo fonológico.
Porém, para auxiliar a criança no desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita, é
necessário que os professores estejam habilitados e munidos de conhecimentos acerca dos
diferentes distúrbios da linguagem para que possam selecionar métodos de alfabetização
adequados a essas crianças.
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
Segundo Launay (1989), a linguagem é o meio de comunicação exclusivo do ser
humano, substituindo a comunicação gestual e mímica, sendo a gestual utilizada apenas em casos
em que não é possível a comunicação verbal, ou seja, quando as pessoas possuem algum tipo de
Distúrbios Específicos da Linguagem (DEL). De acordo com Zorzi (2005), os distúrbios de
linguagem são alterações que afetam todo desenvolvimento linguístico da criança, ou seja, o uso
da linguagem, a aquisição do vocabulário, os morfemas e os fonemas, a semântica, o domínio
formal e a sintaxe.
Conforme Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96 (BRASIL, 1996) todas as
crianças com necessidades educacionais especiais devem ser incluídas na escola regular. Essa
determinação legal lança sobre a escola e, especialmente sobre o professor, a responsabilidade de
garantir uma educação inclusiva e de qualidade a todas essas crianças.
Nesse sentido, a presente pesquisa justifica‐se devido ao fato de sabermos que
muitos professores ainda não estão preparados e desconhecem os métodos de ensino eficazes na
alfabetização dessas crianças.
A realização desse estudo visa contribuir com o processo de reflexão sobre a
importância de uma formação docente que capacite o professor para atuar com esse grupo
específico de alunos. Sabemos que cabe aos professores a seleção de métodos que ajude essas
crianças a desenvolverem melhor seu potencial de aprendizagem. Nesse sentido, entendendo
melhor os Distúrbios Específicos da Linguagem o professor terá maior facilidade de identificar as
dificuldades encontradas por seus alunos.
Nesse sentido o trabalho tem como objetivo geral caracterizar, com base na
literatura específica, os principais Distúrbios Específicos da Linguagem (DEL) e discorrer sobre os
métodos que podem ser utilizados pelos professores no processo de alfabetização de crianças.
METODOLOGIA
A presente pesquisa caracteriza‐se como um estudo de natureza bibliográfica.
Nessa modalidade de estudo busca‐se conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas
do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema a partir de referências
teóricas publicadas em documentos.
RESULTADOS
Possíveis Causas e Classificação dos Distúrbios Específicos da Linguagem
Para Reed (1994); Chevrie‐Muller; Narbona, (2005), Apud Luchesi (2008) as
dificuldades no desenvolvimento das habilidades de fala e linguagem da criança podem ocorrer na
carência de uma etiologia identificada e determinada, caracterizando‐se como um déficit
específico em relação às outras áreas do desenvolvimento, que se encontram preservadas.
De acordo com Zorzi (2005) em muitos casos não é possível chegar a um
diagnóstico preciso das causas desses distúrbios, porém ele aponta duas classes amplas de fatores
que em muitos casos, atuam em conjunto, sendo elas: características ou fatores relativos a criança
e características ou fatores relativos ao meio. As características do sujeito dizem respeito as
alterações de natureza orgânica; distúrbios emocionais importantes; alterações de ordem
cognitiva. As características do meio são problemas familiares, falta de estimulação, exigência
maior do que a capacidade da criança.
Existem diferentes tipos de Distúrbios Específicos da Linguagem, dentre os quais se
destacaremos os mais comuns: A disfasia que consiste em um tipo de DEL que, segundo Launay
(1989) é caracterizado como distúrbio funcional, que não possui resíduo de lesão orgânica
detectável clinicamente. A maioria das crianças que apresentam disfasia e que possuem um lar
acolhedor, tendo pouca perturbação em seu desenvolvimento psicoafetivo, obtêm uma evolução
favorável no que diz respeito à afetividade; por outro lado, as crianças que tem perturbações
afetivas desde cedo evoluem pouco e continuam com distúrbios de comportamento e adaptação,
além disso, sua linguagem pode progredir muito pouco ou até mesmo nada.
A afasia é caracterizada por uma desintegração íngreme da linguagem, que decorre
de danos cerebrais originados por fatores como traumatismo, intoxicações e ou por fatores
endógenos ao organismo do indivíduo, como tumores ou acidentes vasculares cerebrais variados e
aneurisma (JAKUBOVICZ e CUPELLO,1996).
A Gagueira, de acordo com a Classificação Internacional das Doenças (CID‐10, 1993, p. 282)
é caracterizada por repetições ou ampliações frequentes de sons, de sílabas ou de palavras, ou por
hesitações ou pausas frequentes que perturbam a fluência verbal. Só se considera como transtorno caso a
amplitude da perturbação incapacite de modo marcante a fluidez da fala.
Dificuldades de Aprendizagem de Crianças com DEL
Conforme Cesar (2004), as crianças com DEL apresentam dificuldades como:
deficiência no vocabulário; desenvolvimento retardado da estruturação de sentenças e deficiência
na capacidade de formular ideias. Crianças que apresentam problema de articulação não
conseguem pronunciar de forma correta todas as consoantes e suas combinações.
Para Nicolielo, Fernandes, Garcia, et.al (2008) a aprendizagem da linguagem escrita
é dependente da capacidade de processar a fala, pois estas estão estritamente interligadas.
Contudo, esta aprendizagem depende, em grande parte, do processo da fala. Assim, crianças com
algum tipo de problema na fala têm maior probabilidade em obter dificuldades na escrita e na
leitura.
Ainda conforme Nicolielo, Fernandes, Garcia, et.al (2008), pesquisas comprovaram
que a maioria das crianças com DEL terá dificuldades na escola em diferentes graus. Pois, essas
crianças quando entram em contato com outras, principalmente no ambiente escolar, começam a
ser criticadas prejudicando o relacionamento com outras pessoas.
As dificuldades dessas crianças se apresentam mais especificamente na consciência
fonológica, porém, outros componentes do processamento da linguagem são caracterizados como
a origem da dificuldade linguística e consequência dos problemas com a leitura e a escrita.
Geralmente, espera‐se que a criança quando inserida no ensino fundamental já
esteja apta para compreender grande parte das informações recebidas e de se expressar
claramente, de conseguir partilhar seus sentimentos e fazer suas necessidades conhecidas. A
proficiência da fala, linguagem e comunicação implicam no desenvolvimento social, emocional e
cognitivo da criança. Pesquisas comprovam que o falar e o ouvir são aspectos importantes para
um processo mais rápido de aprendizagem.
No entanto, crianças com distúrbio da fala podem apresentar dificuldades na
aprendizagem como também no acesso ao conteúdo curricular. Dificuldades da linguagem que são
persistentes prejudicam a educação dessas crianças, pois torna presente problemas na aquisição
da leitura e escrita, fazendo com que aumente o grau de frustração, falta de compreensão e
dificuldade para acompanhar o currículo que resulta um comportamento agressivo.
Nesse sentido, para ajudar no desenvolvimento dessas habilidades, o professor
pode auxiliar o aluno adotando estratégias e um método de ensino eficiente para a aprendizagem
da leitura e da escrita.
Para tanto, é necessário que os professores estejam habilitados e munidos de
conhecimentos acerca dos diferentes distúrbios da linguagem para que possam selecionar
métodos de alfabetização adequados a essas crianças.
O Processo de Alfabetização e seus Métodos
A alfabetização escolar é compreendida “como processo de ensino e aprendizagem
da leitura e escrita em língua materna, na fase inicial de escolarização de crianças”. Trata‐se de um
processo complexo uma vez que envolve ações especificamente humanas (MORTATTI, 2010).
De acordo com Sebra e Dias (2011) ao longo da história da educação e da pedagogia
surgiram vários métodos de alfabetização, dentre os quais se destacam o método global; o
método sintético; o método de palavração; o método de sentenciação; o método alfabético; o
método silábico, o analítico e método fônico.
Conforme Sebra e Dias (2011), o método global também denominado como
ideovisual tem a ideia de que a aprendizagem da escrita se dá através da identificação visual da
palavra. O processo de ensino se dá através das associações entre as palavras e seus significados.
Os métodos globais ou ideovisuais tem como ponto de partida as unidades, ou seja,
palavras, parágrafos, textos, sentenças ou palavras chave, assim o aprendiz partiria das unidades
maiores e significativas para em seguida chegar à compreensão das unidades menores que fazem
parte da composição das palavras. (SEBRA E DIAS, 2011).
O método Sintético foi utilizado até meados do século XVIII. Segundo Frade (2007),
esse método privilegia o sentido do ouvido, ou seja,
Os métodos sintéticos em geral, parecem privilegiar o sentido do
ouvido na relação com os sinais gráficos e neles eram comuns os
exercícios de leitura em voz alta e o ditado: todas estas atividades
guardam coerência com um tipo de pressuposto: da transformação
da fala em sinais gráficos. (FRADE, 2007, p.25)
Conforme Faria (2003 Apud MIRANDA, BARROS e SILVA, 2009), nesse método
começava‐se pelo mais simples, ou seja, pelas letras, para depois passar para o mais difícil que são
os textos. O método sintético possui variações sendo estas: método alfabético e método silábico.
De acordo com Frade (2007), no procedimento do ensino, utilizam‐se cartões com
gravuras para relacionar com palavras, e também exercícios sinestésicos para movimentar a
escrita de cada palavra.
O método alfabético ou de soletração é mencionado com sendo um dos mais
antigos. De acordo com Frade (2007), através de pesquisas pode‐se observar em sua aplicação
uma sequência modelar:
... a decoração oral das letras do alfabeto, seu reconhecimento
posterior em pequenas sequências e numa sequência de todo o
alfabeto e, finalmente, de letras isoladas. Em seguida a decoração de
todos os casos possíveis de combinações silábicas, que eram
memorizadas sem que se estabelecesse a relação entre o que era
reconhecido graficamente e o que as letras representavam, ou seja,
a fala. (FRADE, 2007, p.22‐23)
A autora ressalta que o método era utilizado seguindo uma linha de memorização e
adição de letras, na qual os alunos tinham que buscar por si só as relações dos sinais gráficos com
a fala.
Temos ainda o método silábico no qual o ensino é diretamente voltado a sílaba; seu
desenvolvimento é feito através de uma sequência de apresentação, na qual se iniciado do mais
fácil para o mais difícil. Na maioria das cartilhas dos métodos silábicos são destacadas palavras‐
chave utilizadas para apresentar as silabas, e assim estudadas em famílias silábicas, em seguida se
junta as silabas formando novas palavras e frase, somente com as silabas que foram estudadas
(FRADE, 2007).
Por fim, temos o método analítico que parte do todo para as partes, tendo como
objetivo a exclusão da decifração e buscando a compreensão. Nesse método a unidade principal é
a análise da palavra, da frase e do texto.
Frade (2007) destaca que no método analítico privilegia‐se, nos exercícios
indicados, o reconhecimento da palavra sem passar pela leitura labial. Ainda recomenda‐se a
cópia e a leitura silenciosa, sendo a maior parte do tempo reservado para a cópia.
Dentre os métodos de alfabetização utilizados na educação brasileira, o método
fônico vem sendo considerado como eficiente no processo de alfabetização de crianças com DEL.
Conforme Capovilla e Capovilla (2004) Apud Miranda, Barros e Silva (2009), pesquisas científicas
feitas com crianças de escolas públicas e particulares, inclusive crianças com severo distúrbio
motor e da fala e com a professora em sala de aula confirmaram sua eficácia e importância no
processo fonológico.
O método fônico apresenta dois objetivos principais: desenvolver as habilidades
metafonológicas e ensinar as correspondências grafofonêmicas, ou seja, distinguir a relação entre
sons e letras, e incentivar desenvolvimento da consciência fonológica, ou seja, manipular e refletir
sobre os sons da fala (SEBRA; DIAS, 2011). De acordo com Miranda, Barros e Silva (2009), vários
países vêm adotando o método fônico e tem obtido resultados positivos.
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
Os dados acima apresentados suscitam uma série de questionamentos: seria o
método fônico uma alternativa possível para a alfabetização de crianças com Distúrbios
Específicos da Linguagem? Existe um método específico que garanta a aprendizagem da leitura e
escrita da criança com DEL? Os professores recebem formação inicial e continuada que garantam
uma aplicação segura desses métodos de ensino.
Sabemos que a alfabetização escolar no Brasil vem sofrendo uma série de percalços
político, metodológico, etc. Nesse sentido, é necessário ampliar a discussão sobre métodos de
alfabetização, para não incorrermos no risco de aderirmos propostas equivocadas e que
intensifiquem os prejuízos para o aprendizado das crianças e para a sociedade brasileira. Pois,
seria ingênuo acreditar que um método por si só resolva os problemas da alfabetização.
REFERÊNCIAS
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