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1.

A previsão da possibilidade de a empresa monopolizar a produção e o comércio de


alimentos na região Norte e Nordeste do país viola os princípios da concorrência e da livre
iniciativa?

No caso citado entendemos que essa possibilidade de monopólio viola o princípio da livre
concorrência, uma vez que, a ALIMENTOS BRASIL S/A será a única empresa a fornecer e
produzir e comercializar alimentos na região Norte e Nordeste do País, desestimulando assim
outra empresas e até pequenos produtores a investirem neste ramo de atuação. O artigo 170, CF,
IV garante expressamente a livre iniciativa, permitindo assim que outras empresas tivessem a
liberdade de produzir e comercializar nos ramo citado, consagrando assim, a livre iniciativa como
um valor social, fundamento de nosso república. Ainda seria possível recorrer a Lei 12.529/2011,
mais conhecida como Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC), que no seu capítulo
III, Da Secretaria de Acompanhamento Econômico, art. 19, caput e inciso I, explicita que esta
secretaria tem o deve de promover a concorrência nos órgãos do governo.
O princípio da livre iniciativa, significa que o Estado não deve restringir o exercício da
atividade econômica, salvo nos casos que se fizer necessário, para fins de proteção do
consumidor e toda a sociedade (FIGUEIREDO, 1975). O STF já explicitou já decidiu sobre o tema,
por exemplo, quando tratou da responsabilidade objetiva da União e à qualificação jurídica do
dano causado ao setor sucralcooeiro, em virtude da fixação dos preços dos produtos do setor em
valores inferiores ao levantamento de custos realizados pela Fundação de Getúlio Vargas (ARE
884325 RG, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Relator(a) p/ Acórdão: Min. EDSON FACHIN,
julgado em 26/06/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-172 DIVULG 01-09-2015 PUBLIC 02-09-
2015).
No que se refere a livre concorrência percebemos que ela está intimamente ligada ao
princípio da livre-iniciativa, sendo um dos alicerces da economia liberal, ou seja, só existe livre-
concorrência onde o Estado garante a livre iniciativa (FIGUEIREDO, 1975). O STF também
decidiu, por exemplo que a proibição ou restrição da atividade de transporte privado individual por
motorista cadastrado em aplicativo é inconstitucional, por violação da livre iniciativa e livre
concorrência (RE 1054110, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em
09/05/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-194 DIVULG 05-09-2019 PUBLIC 06-09-2019).
Apesar dessa decisão não tratar especificamente do ramo alimentício, poderíamos usá-la como
sustentação na argumentação de que existindo apenas uma empresa para comercializar os
produtos alimentícios no Norte e Nordeste, levaria de ao monopólio, que neste caso específico é
proibido.
Diante do exposto acima fundamentado com base na legislação, doutrina e jurisprudência,
continuamos a sustentar que o monopólio pretendido pela empresa ALIMENTOS BRASIL S/A fere
os princípios da livre iniciativa e livre-concorrência, sendo dever do Estado coibir tal
comportamento de possível concentração e abuso de poder econômico.

2. A atuação da empresa estatal caracteriza qual (quais) forma (formas) de intervenção no


Estado no domínio econômico? Para responder, apresente todas as formas de intervenção
do Estado no domínio econômico.

O Estado interfere no domínio econômico como agente normativo e regulador; exercendo


as funções de fiscalização, incentivo e planejamento. Para isso ele poder atuar na exploração
direta da atividade econômica, quando esta seja necessária aos imperativos da segurança
nacional ou de relevante interesses coletivo, como disposto no art. 173 da CF. Neste sentido a
própria lei destaca que a criação de empresas públicas e as empresas de sociedade de economia
mista serão a forma direta desse tipo de intervenção. Vale a pena citar que tais empresas devem
explorar apenas atividades econômicas de produção ou comercialização de bens e serviços. No
que se refere a prestação de serviços públicos, esta pode der diretamente ou por
concessão/permissão, conforme o disposto no at. 175, CF. Por fim destacamos ainda o rol
taxativo do art. 177, CF, sobre o monopólio que é permitido União atuar, como por exemplo, a
refinação de petróleo nacional ou estrangeiro.
Como agente regulador o Estado deve proceder na liberação, no acompanhamento
vigilância de toda e qualquer atividade econômica, para corroborar citamos para isso o art. 170 e
até mesmo a recente MP 881/2019 que tratam desse poder regulatório. Quando se trata de
função de incentivo, o Estado deve atuar estimulando, apoiando e auxiliando as atividades
econômicas dos particulares, sendo que essa atuação pode ser positiva (adoção de medias
premiais e não coativas) e ou de forma negativa (intensificando ou diminuindo as medidas estatais
no intuito de incentivar ou prejudicar os particulares). As atividades de fomento podem ser:
subvenção; financiamento, incentivo fiscal ou doação, venda, cessão/concessão, desapropriação.
Quando se trata do planejamento no voltemos para o art. 48, CF, que trata do plano plurianual
(inciso II) e dos planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento, assim
como os arts. 180, 182, 187 da CF, que estabelece as condições para o desenvolvimento do país.
No campo doutrinário vemos que a Carta Política estabelece que é defeso ao
Estado a exploração direta da atividade econômica, excepcionando, tão somente, nos
casos eventuais em que se configure imperativo de segurança nacional ou relevante
interesse coletivo, além das hipóteses taxativas de monopólio constitucional
(FIGUEIREDO, 1975). Na jurisprudência podemos aponta uma ADI que questiona o art. 1
da Lei 3.364/2000, do Estado Rio de Janeiro sobre a concessão de meia-entrada para
casas de diversões, praças desportivas e similares aos jovens de 21 anos, no qual o STF
decidiu que a competência neste caso é concorrentes, não havendo legislação federal
sobre a matéria, tendo o Estado do Rio de Janeiro para legislar neste sentindo, sendo
assim o STF declarou improcedente a ação ajuizada (ADI) pela Confederação Nacional
do Comércio (CNC). Aqui vemos claramente o Estado do Rio atuar como no domínio
econômico visando garantir o efetivo exercício à educação, à cultura e ao desporto
conforme disposto no art. 6, CF (ADI 2163, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Relator(a) p/ Acórdão:
Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 12/04/2018, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-167 DIVULG 31-07-2019 PUBLIC 01-08-2019).
Diante do exposto acima podemos apontar que a empresa ALIMENTOS BRASIL S/A, uma
sociedade de economia mista, criada por lei federal, demonstra a intervenção do Estado na
economia, a fim de promovera a produção e comercialização de alimentos na produção no Norte e
Nordeste do Brasil, afim de melhorar o desabastecimento da região, muitas vezes atingido pela
seca em alguns meses do ano, no caso mais especifico da região no Nordeste, amparado pela lei
173, CF.

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