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NOTA: ______________
A1 / A2
Observando o Código Civil Brasileiro que regulamenta o casamento, podemos concluir que o
casamento entre Markus e Renate, não pode ser automaticamente reconhecido, apenas com a fixação do
domicílio da família no Brasil, pois todo casamento que celebrado no exterior para ter validade em território
nacional, deve ser registrado em até 180 (cento e oitenta) dias no cartório do domicílio dos nubentes ou no
1º Ofício da Capital do Estado em que residam conforme art. 1544, CC.
Neste mesmo pensamento, podemos incluir também o texto do Art. 32, da Lei de Registros Públicos.
Art. 32. Os assentos de nascimento, óbito e de casamento de brasileiros em país
estrangeiro serão considerados autênticos, nos termos da lei do lugar em que forem
feitos, legalizadas as certidões pelos cônsules ou quando por estes tomados, nos termos
do regulamento consular.
§ 1º Os assentos de que trata este artigo serão, porém, transladados nos cartórios de 1º
Ofício do domicílio do registrado ou no 1º Ofício do Distrito Federal, em falta de domicílio
conhecido, quando tiverem de produzir efeito no País, ou, antes, por meio de segunda
via que os cônsules serão obrigados a remeter por intermédio do Ministério das Relações
Exteriores.
RE 646721
Ementa: Direito constitucional e civil. Recurso extraordinário. Repercussão geral.
Aplicação do artigo 1.790 do Código Civil à sucessão em união estável homoafetiva.
Inconstitucionalidade da distinção de regime sucessório entre cônjuges e
companheiros. 1. A Constituição brasileira contempla diferentes formas de família
legítima, além da que resulta do casamento. Nesse rol incluem-se as famílias formadas
mediante união estável, hetero ou homoafetivas. O STF já reconheceu a “inexistência de
hierarquia ou diferença de qualidade jurídica entre as duas formas de constituição de
um novo e autonomizado núcleo doméstico”, aplicando-se a união estável entre pessoas
do mesmo sexo as mesmas regras e mesas consequências da união estável heteroafetiva
(ADI 4277 e ADPF 132, Rel. Min. Ayres Britto, j. 05.05.2011) 2. Não é legítimo
desequiparar, para fins sucessórios, os cônjuges e os companheiros, isto é, a família
formada pelo casamento e a formada por união estável. Tal hierarquização entre
entidades familiares é incompatível com a Constituição de 1988. Assim sendo, o art.
1790 do Código Civil, ao revogar as Leis nº 8.971/1994 e nº 9.278/1996 e discriminar a
companheira (ou o companheiro), dando-lhe direitos sucessórios bem inferiores aos
conferidos à esposa (ou ao marido), entra em contraste com os princípios da igualdade,
da dignidade humana, da proporcionalidade como vedação à proteção deficiente e da
vedação do retrocesso. 3. Com a finalidade de preservar a segurança jurídica, o
entendimento ora firmado é aplicável apenas aos inventários judiciais em que não tenha
havido trânsito em julgado da sentença de partilha e às partilhas extrajudiciais em que
ainda não haja escritura pública. 4. Provimento do recurso extraordinário. Afirmação,
em repercussão geral, da seguinte tese: “No sistema constitucional vigente, é
inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros,
devendo ser aplicado, em ambos os casos, o regime estabelecido no art. 1.829 do
CC/2002”.
RE 878694 / MG
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal
Federal, por seu Tribunal Pleno, na conformidade da ata de julgamento, sob a
presidência da Ministra Cármen Lúcia, em, apreciando o Tema 809 da repercussão geral,
por maioria e nos termos do voto do Ministro Relator, dar provimento ao recurso, para
reconhecer de forma incidental a inconstitucionalidade do art. 1.790 do CC/2002 e
declarar o direito da recorrente a participar da herança de seu companheiro em
conformidade com o regime jurídico estabelecido no art.1.829 do Código Civil de 2002,
vencidos os Ministros Dias Toffoli, Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski, que votaram
negando provimento ao recurso. Acordam, vencido o Ministro Marco Aurélio, em fixar
tese nos seguintes termos: “É inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre
cônjuges e companheiros prevista no art. 1.790 do CC/2002, devendo ser aplicado, tanto
nas hipóteses de casamento quanto nas de união estável, o regime do art. 1.829 do
CC/2002”. Ausentes, justificadamente, os Ministros Dias Toffoli e Celso de Mello, que
votaram em assentada anterior, e, neste julgamento, o Ministro Luiz Fux, que votou em
assentada anterior, e o Ministro Gilmar Mendes. Não votou o Ministro Alexandre de
Moraes, sucessor do Ministro Teori Zavascki, que votaram em assentada anterior.
O Professor Fábio Vieira Figueiredo nos esclarece esse processo do entendimento das situações do
casamento para a união estável.
Afim elucidar a sucessão hereditária, Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho deixam um
conceito base.
“Dá-se, pois, a sucessão hereditária ou “mortis causa”, quando em virtude do
falecimento de alguém (sucedido ou autor herança), o seu patrimônio é transferido a
determinadas pessoas, legitimadas a recebê-lo (sucessores), as quais, assim,
substituem-no na titularidade desses bens ou direitos. .” (STOLZE e PAMPLONA FILHO,
2018, 1455).
BIBLIOGRAFIA
GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil, 2. ed., v, I. São Paulo:
Forense, 2002. 1720 p.
LÔBO, Paulo Luiz Netto. Direito civil. 2ª. ed. São Paulo: Forense, 2009. 480 p.
FIGUEIREDO, Fábio de Oliveira. Manual de Direito Civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Jus Podivm, 2020. 880 p.