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ATIVIDADES AVALIATIVAS A1 E A2

NOTA: ______________

Disciplina(s): DIREITO CIVIL – FAMÍLIA E SUCESSÕES – 9º SEMESTRE

Professor: ROBERTO BOLONHINI JUNIOR / Turma: DIR5AN-MCC

CIRCULE ABAIXO ATIVIDADE CORRESPONDENTE A ATIVIDADE RESOLVIDA NESTE FORMULÁRIO:

A1 / A2

LUIZ ALFREDO MACIEL DA SILVA / RA: 81727882


MAURICIO SOARES DOS ANJOS / RA: 817124445
NICOLE NAVES CARA PEREIRA / RA: 817123655
THIAGO DOS SANTOS SILVANO / RA: 81717261
1- O casamento de Markus e Renate pode produzir efeitos perante o ordenamento jurídico brasileiro,
automaticamente, com a fixação do domicílio deles no Brasil?

Observando o Código Civil Brasileiro que regulamenta o casamento, podemos concluir que o
casamento entre Markus e Renate, não pode ser automaticamente reconhecido, apenas com a fixação do
domicílio da família no Brasil, pois todo casamento que celebrado no exterior para ter validade em território
nacional, deve ser registrado em até 180 (cento e oitenta) dias no cartório do domicílio dos nubentes ou no
1º Ofício da Capital do Estado em que residam conforme art. 1544, CC.

“Art. 1.544. O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas


autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a
contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo
domicílio, ou, em sua falta, no 1 o Ofício da Capital do Estado em que passarem a
residir.”

Neste mesmo pensamento, podemos incluir também o texto do Art. 32, da Lei de Registros Públicos.
Art. 32. Os assentos de nascimento, óbito e de casamento de brasileiros em país
estrangeiro serão considerados autênticos, nos termos da lei do lugar em que forem
feitos, legalizadas as certidões pelos cônsules ou quando por estes tomados, nos termos
do regulamento consular.
§ 1º Os assentos de que trata este artigo serão, porém, transladados nos cartórios de 1º
Ofício do domicílio do registrado ou no 1º Ofício do Distrito Federal, em falta de domicílio
conhecido, quando tiverem de produzir efeito no País, ou, antes, por meio de segunda
via que os cônsules serão obrigados a remeter por intermédio do Ministério das Relações
Exteriores.

Afirma assim, Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho.


“Isso se aplica em tanto ao casamento do cidadão estrangeiro quanto do brasileiro que
contrai núpcias fora do país, independentemente de ser ali domiciliado ou não, seja
casando-se com outro brasileiro, se com um estrangeiro.” (STOLZE e PAMPLONA FILHO,
2018, 1186).

E outra reflexão faz Paulo Lôbo.


“Na hipótese de casamento de brasileiros ou de brasileiro (a) com estrangeiro (a)
celebrado perante autoridade estrangeira, o termo respectivo deverá ser autenticado
em Consulado brasileiro e, posteriormente, traduzido por tradutor juramentado ou
tradutor ad hoc designado pelo juiz, para que possa ser registrado no Brasil. O registro
poderá ser negado se o documento contiver obrigações e direitos incompatíveis com os
princípios enunciados da Declaração Universal dos Direitos do Homem (Resolução nº
843/54, da ONU), da qual o Brasil é signatário, e na Constituição Brasileira. (LÔBO, 2009,
p. 98).

Corroborando este entendimento, segue decisão do STJ:


RECURSO ESPECIAL Nº 1.621.173 - MG (2016/0220668-0) RELATOR : MINISTRO LUIS
FELIPE SALOMÃO RECORRENTE : M S R (MENOR) REPR. POR : R R G - POR SI E
REPRESENTANDO ADVOGADOS : LUIZ FERNANDO VALLADAO NOGUEIRA - MG047254
LUCILA CARVALHO VALLADAO NOGUEIRA E OUTRO (S) - MG134774 RECORRIDO : C R S
Z ADVOGADO : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS - SE000000M RECURSO ESPECIAL.
DIVÓRCIO. CASAMENTO NO EXTERIOR. AUSÊNCIA DE REGISTRO NO BRASIL. VALIDADE.
PRECEDENTES. RECURSO PROVIDO. 1. "O casamento realizado no exterior produz efeitos
no Brasil, ainda que não tenha sido aqui registrado" (REsp 440.443/RS, Rel. Ministro Ari
Pargendler, Terceira Turma, julgado em 26/11/2002, DJ 26/05/2003, p. 360). 2. Recurso
especial provido. DECISÃO 1. Cuida-se de recurso especial interposto por M S R, com
fundamento no art. 105, III, a e c, da Constituição da República, contra acórdão proferido
pelo TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS, assim ementado: AGRAVO
DE INSTRUMENTO - DIREITO DE FAMÍLIA - AÇÃO DE DIVÓRCIO - CASAMENTO
CELEBRADO NO ESTRANGEIRO - INEXISTÊNCIA DE TRASLADO/REGISTRO JUNTO AO
CONSULADO BRASILEIRO - IMPOSSIBILIDADE DE SE DECRETAR O DIVÓRCIO. I - Na esteira
do art. 1.544 do CCB/2002, diz o art. 32 da Lei n.º 6.015/73, "os assentos de nascimento,
óbito e de casamento de brasileiros em país estrangeiro serão considerados autênticos,
nos termos da lei do lugar em que forem feitos, legalizadas as certidões pelos cônsules
ou quando por estes tomados, nos termos do regulamento consular". II - Não cuidando
a parte de providenciar a documentação necessária para legalizar o casamento
realizado no estrangeiro, inviável o pedido de divórcio por ela formulado perante a
justiça brasileira; isto porque, se não há casamento válido sob a ótica da legislação
nacional, obviamente não há como se decretar o divórcio. Opostos embargos de
declaração, foram rejeitados. Em suas razões recursais, aponta a parte recorrente, além
de dissídio jurisprudencial, ofensa ao disposto nos arts. 1.544 do Código Civil e 32 da Lei
nº 6.015/73. Sustenta, em síntese, a possibilidade de decretação do divórcio no Brasil,
embora o casamento tenha sido celebrado no exterior, sem registro no Brasil. Crivo
positivo de admissibilidade na origem (fls. 399-400). Parecer do Ministério Público
Federal às fls. 423-426. É o relatório. Decido. 2. Na espécie, a Corte local concluiu pela
impossibilidade de se decretar o divórcio ante a inexistência de casamento válido na
ótica da legislação nacional. Segue trecho da fundamentação do acórdão recorrido: "[...]
Deste modo, resta claro que o casamento realizado entre brasileiros ou entre brasileiro
e estrangeiro no exterior deve seguir a lei do local da realização e legalizadas as
certidões pelos cônsules do Brasil para fins de registro junto ao competente cartório de
registro civil. Analisando os documentos e razões recursais, as agravantes apenas
juntaram a certidão de casamento emitida pela autoridade chilena (fl. 51-TJ), inexistindo
nos autos sua pertinente regularização/traslado junto ao Consulado do Brasil. Força
convir, não cuidando a parte de providenciar a documentação necessária para legalizar
o casamento realizado no estrangeiro, inviável o pedido de divórcio por ela formulado
perante a justiça brasileira; isto porque, se não há casamento válido sob a ótica da
legislação nacional, obviamente não há como se decretar a divórcio. [...]" (fl. 332)
Verifica-se que o entendimento da Corte local está em dissonância com a jurisprudência
do STJ. Ressalta-se que a jurisprudência desta Corte Superior é no sentido de que o
casamento realizado no exterior é válido no Brasil, ainda que não tenha sido aqui
registrado. Nesse sentido: ____________ CIVIL. CASAMENTO REALIZADO NO
ESTRANGEIRO, SEM QUE TENHA SIDO REGISTRADO NO PAÍS. O casamento realizado no
exterior produz efeitos no Brasil, ainda que não tenha sido aqui registrado. Recurso
especial conhecido e provido em parte, tão-só quanto à fixação dos honorários de
advogado (REsp 440.443/RS, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, TERCEIRA TURMA, julgado
em 26/11/2002, DJ 26/05/2003, p. 360) ____________ CIVIL. CASAMENTO REALIZADO
NO ESTRANGEIRO. MATRIMÔNIO SUBSEQÜENTE NO PAÍS, SEM PRÉVIO DIVÓRCIO.
ANULAÇÃO. O casamento realizado no estrangeiro é válido no país, tenha ou não sido
aqui registrado, e por isso impede novo matrimônio, salvo se desfeito o anterior. Recurso
especial não conhecido. (REsp 280.197/RJ, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, TERCEIRA
TURMA, julgado em 11/06/2002, DJ 05/08/2002, p. 328) ____________ A propósito: No
que diz respeito à alegação de nulidade do casamento por ausência de registro perante
autoridades brasileiras, trata-se de matéria que desborda do juízo de delibação própria
da homologação e, ademais, não merece guarida. Isso porque o casamento celebrado
no exterior seguindo todo o rito necessário condizente com a lei do país em que foi
realizado, constitui ato jurídico perfeito e por isso já possui existência e validade, sendo
o seu registro no Cartório de Registro Civil apenas meio de se dar publicidade ao ato. O
registro, no Brasil, é ato de natureza meramente declaratória e não constitutiva, não
sendo, dessa feita, indispensável para a validação do casamento. (SEC 10.411/EX, Rel.
Ministro OG FERNANDES, CORTE ESPECIAL, julgado em 05/11/2014, DJe
16/12/2014)(g.n.) No mesmo sentido: REsp nº 1.483.844-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, in
DJ 04/08/2015; e, REsp nº 1.087.281-RN, Rel. Min. Marco Buzzi, in DJ 06/08/2013. Desse
modo, o acórdão recorrido merece reparo nesse ponto. 3. Ante o exposto, dou
provimento ao recurso especial para determinar o retorno dos autos à origem para
prosseguimento do feito, afastando a impossibilidade do pedido de divórcio por
invalidade do casamento no Brasil. Publique-se. Intimem-se. Brasília, 27 de novembro
de 2018. Ministro Luis Felipe Salomão Relator. (Superior Tribunal de Justiça STJ -
RECURSO ESPECIAL:REsp 1621173 MG 2016/0220668-0).
2 - Com a morte de Renate na Alemanha como ocorrerá a sucessão dos bens deixados no Brasil? Quem
serão os herdeiros de Renate? Explique informando o quinhão (valor) para cada herdeiro.
Como os bens não podem ficar em um titular, eles podem ser transmitidos de 2 formas, nas relações
comerciais ou inter vivos ou no caso apresentado por sucessão hereditária. Ocorre que naturalmente os
bens de Renate iriam ser transferidos para seus filhos, pois não seus legítimos sucessores, pois como vimos
Markus e Renate não fizeram o registro de seu casamento no exterior conforme o ordenamento jurídico
pede. Mas já existe entendimento jurisprudencial com posicionamento pacificado de que mesmo cônjuge
em que configura união estável, situação que podemos encaixar na situação de Markus e Renate, o cônjuge
sobrevivente pode ser colocado como herdeiro para fins sucessórios. Sendo assim ocorrerá que os bens
deixados por Renate, serão partilhados entre Markus e seus filhos.
Entendimento pacificado do STF.

RE 646721
Ementa: Direito constitucional e civil. Recurso extraordinário. Repercussão geral.
Aplicação do artigo 1.790 do Código Civil à sucessão em união estável homoafetiva.
Inconstitucionalidade da distinção de regime sucessório entre cônjuges e
companheiros. 1. A Constituição brasileira contempla diferentes formas de família
legítima, além da que resulta do casamento. Nesse rol incluem-se as famílias formadas
mediante união estável, hetero ou homoafetivas. O STF já reconheceu a “inexistência de
hierarquia ou diferença de qualidade jurídica entre as duas formas de constituição de
um novo e autonomizado núcleo doméstico”, aplicando-se a união estável entre pessoas
do mesmo sexo as mesmas regras e mesas consequências da união estável heteroafetiva
(ADI 4277 e ADPF 132, Rel. Min. Ayres Britto, j. 05.05.2011) 2. Não é legítimo
desequiparar, para fins sucessórios, os cônjuges e os companheiros, isto é, a família
formada pelo casamento e a formada por união estável. Tal hierarquização entre
entidades familiares é incompatível com a Constituição de 1988. Assim sendo, o art.
1790 do Código Civil, ao revogar as Leis nº 8.971/1994 e nº 9.278/1996 e discriminar a
companheira (ou o companheiro), dando-lhe direitos sucessórios bem inferiores aos
conferidos à esposa (ou ao marido), entra em contraste com os princípios da igualdade,
da dignidade humana, da proporcionalidade como vedação à proteção deficiente e da
vedação do retrocesso. 3. Com a finalidade de preservar a segurança jurídica, o
entendimento ora firmado é aplicável apenas aos inventários judiciais em que não tenha
havido trânsito em julgado da sentença de partilha e às partilhas extrajudiciais em que
ainda não haja escritura pública. 4. Provimento do recurso extraordinário. Afirmação,
em repercussão geral, da seguinte tese: “No sistema constitucional vigente, é
inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros,
devendo ser aplicado, em ambos os casos, o regime estabelecido no art. 1.829 do
CC/2002”.

RE 878694 / MG
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal
Federal, por seu Tribunal Pleno, na conformidade da ata de julgamento, sob a
presidência da Ministra Cármen Lúcia, em, apreciando o Tema 809 da repercussão geral,
por maioria e nos termos do voto do Ministro Relator, dar provimento ao recurso, para
reconhecer de forma incidental a inconstitucionalidade do art. 1.790 do CC/2002 e
declarar o direito da recorrente a participar da herança de seu companheiro em
conformidade com o regime jurídico estabelecido no art.1.829 do Código Civil de 2002,
vencidos os Ministros Dias Toffoli, Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski, que votaram
negando provimento ao recurso. Acordam, vencido o Ministro Marco Aurélio, em fixar
tese nos seguintes termos: “É inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre
cônjuges e companheiros prevista no art. 1.790 do CC/2002, devendo ser aplicado, tanto
nas hipóteses de casamento quanto nas de união estável, o regime do art. 1.829 do
CC/2002”. Ausentes, justificadamente, os Ministros Dias Toffoli e Celso de Mello, que
votaram em assentada anterior, e, neste julgamento, o Ministro Luiz Fux, que votou em
assentada anterior, e o Ministro Gilmar Mendes. Não votou o Ministro Alexandre de
Moraes, sucessor do Ministro Teori Zavascki, que votaram em assentada anterior.

E nosso ordenamento jurídico vem afirmar que:

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: (Vide Recurso


Extraordinário nº 646.721) (Vide Recurso Extraordinário nº 878.694)
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este
com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de
bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da
herança não houver deixado bens particulares;

O Professor Fábio Vieira Figueiredo nos esclarece esse processo do entendimento das situações do
casamento para a união estável.

“Sem embargos dessa multiplicidade de julgados a respeito da união estável, seria


correto concluir que se iniciou na doutrina e jurisprudência a praxe de haver a utilização
dos fundamentos estabelecidos pelo STF quando o julgamento do RE646.721 como
forma de possibilitar a extensão de certas matérias do casamento também à união
estável.” (FIGUEIREDO, 2020, p. 830).

Afim elucidar a sucessão hereditária, Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho deixam um
conceito base.
“Dá-se, pois, a sucessão hereditária ou “mortis causa”, quando em virtude do
falecimento de alguém (sucedido ou autor herança), o seu patrimônio é transferido a
determinadas pessoas, legitimadas a recebê-lo (sucessores), as quais, assim,
substituem-no na titularidade desses bens ou direitos. .” (STOLZE e PAMPLONA FILHO,
2018, 1455).

Ficando assim a divisão dos bens de Renate.


a) R$ 280.000,00 – Referente ao lote de 10.000m² em Brotas/SP, sendo que Markus já tinha R$
20.000,00 em participação, esse valor já subtraiu a sua parte, sendo agora dividida entre ele e os
filhos.
b) R$ 500.000,00 – Referente a casa no bairro dos Jardins, em que constava 50% para cada cônjuge e
assim sendo esse valor, será dividido entre ele e os filhos.

BIBLIOGRAFIA
GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil, 2. ed., v, I. São Paulo:
Forense, 2002. 1720 p.
LÔBO, Paulo Luiz Netto. Direito civil. 2ª. ed. São Paulo: Forense, 2009. 480 p.
FIGUEIREDO, Fábio de Oliveira. Manual de Direito Civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Jus Podivm, 2020. 880 p.

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