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Victor Moura

Para a Lua e as Borboletas

BRAVOS® 2019 - Victor Moura


Roteiro e arte por Victor Moura

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Prefácio:

Ana Lúcia Merege


P or que tantas histórias de autores contemporâneos são
ambientadas na Idade Média? Por que, após tanto tempo,
continuamos a buscar inspiração em sagas, contos de fadas e gestas de
cavaleiros? E por que isso nos empolga tanto?
A resposta mais longa passaria por uma explicação a respeito
dos registros daquele período – no total, cerca de mil anos repletos de
acontecimentos de tirar o fôlego. Guerras, invasões, Cruzadas, a construção
de castelos e as viagens ao Oriente, os primeiros clarões da Renascença em
meio a uma terrível epidemia. Muitos vestígios materiais ficaram daquela
época, mas boa parte do que se sabe provém de textos literários: crônicas
sobre reis, povos e cidades, relatos de guerras e viagens, romances de
cavalaria, poemas trovadorescos, sátiras, literatura de fundo moral.
Embora orientada pela visão cristã de mundo, essa literatura não excluía
os elementos fantásticos. Pelo contrário, admitia tanto os milagres e a
intervenção divina quanto a existência de bruxas, dragões, duendes
e animais fantásticos. Em suma, toda uma atmosfera propícia à magia
e ao maravilhamento, que até hoje nos fascina com sua promessa de...
Aventura.
Sim, aventura. É a resposta mais curta para a pergunta que iniciou
este texto; é isso que nos encanta na Idade Média. Aventura sob a forma de
magia, de combate, de jornada que os leitores trilham passo a passo com
seus heróis. Aventura de que o sapo, protagonista de “Bravos”, tenta fugir
desde os primeiros quadrinhos, mas para a qual parece estar destinado,
como prevê a raposa Albuquerque. Sapo e raposa, aliás, são boas escolhas
neste caso: Renart, o Raposo, protagoniza uma série de contos morais
e satíricos dos séculos XII-XIII, fazendo supor que Albuquerque é mais
do que um simples escudeiro, ao passo que os sapos sempre estiveram
associados às trevas, à bruxaria, ao desconhecido. E, sob outra ótica,
podem também ser o disfarce sob o qual se oculta um príncipe, o que nos
faz aguardar com expectativa um confronto em que, talvez, espelhos sejam
quebrados e máscaras caiam por terra.
Victor Moura já flertou com o fantástico e o sobrenatural em
seus trabalhos anteriores. Em “Bravos”, sua primeira incursão pela
Idade Média, ele conduz o leitor por um cenário ao qual não faltam reis,
cavaleiros e castelos, apresenta uma história cheia de mistérios e traições
e introduz heróis carismáticos – mas, acima de tudo, acena com um
irresistível chamado à aventura.
Como recusar?

Ana Lúcia Merege é curadora de Manuscritos da Biblioteca Nacional brasileira,


autora de vários artigos e do livro “Os Contos de Fadas: Origem, História e
Permanência no Mundo Moderno” (Ed. Nova Alexandria). Sob o seu outro
chapéu, escreve literatura fantástica, destacando-se o romance “O Caçador”
(Franco Editora) e a série de fantasia épica iniciada por “O Castelo das Águias”
(Editora Draco). Também pela Draco, organizou as coletâneas “Excalibur”, com
várias releituras do mito arturiano, e “Medieval : contos de uma era fantástica”.
Contato: anamerege@gmail.com
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CHOP! vup!


tá atrasado,
lourenço.

9
Bom..
deve ser, de repente,
porque você marcou
do outro lado
DA FLORESTA

Eu gosto
Desse lado
da floresta.

Além do mais,
é mais perto de onde
estamos indo.

É logo Ali, depois


daquelas montanhas

Ah que ótimo...

10
Você
trouxe
salgadinho?

que?
não!

Tá sendo complicado
viajar com você.

A gente não tá indo


viajar, albuquerque.
Tá indo resolver
algo sério.

ah
não!

Você ao menos leu


a carta que eu te
mandei até o fim.

li sim, uai. texto,


texto, texto, dormi,
acordei, pulei pro
final.

11
Albuquerque,
o rei nos convidou para
debater sobre o novo
sistema de comércio dele
e a forma como isso está
afetando a população da
floresta.

hmmm..
parece que
temos algo aí!

Como
assim?
tudo indica que
estamos saindo para
uma aventura!

será
mesmo?

Em hipótese ALGUMA
eu vou participar de
qualquer tipo de
aventura.

reino,
castelo, só que eu não
floresta... participo de aventuras.
tudo aqui está já aviso logo. não quero
cheirando a frustrar a expectativa
aventura, De ninguém.
ein!

hmmmm...

14
A gente tá arrasando
na atenção. Destaque e
glamour.

a maioria
aqui nunca viu um
sapo e uma raposa
falante! vamos
ser discretos.

15
eu sou
sempre
discreto.

Boa noite,
senhor.

Viemos
para a reunião hmm...ah, tá.
com o rei. beleza. Obrigado.

Todas as reuniões
dessa noite foram
adiadas para
amanhã.

A gente vai isso o


ter que arrumar que?
uma estalagem, pra
passar a noite.


ouvindo
isso?

o
Som da
aventura.

17
que?

Eu não
vou discutir
com você.

pois eu
também não
vou discutir
comigo. que?

Boa
noite.

Queríamos um
quarto pra essa
noite.

certo.

18
19
Tump! thump! Você
ouviu isso?
Thump!

isso o
que? me deixa
dormir Sério, tem um
barulho vindo do
teto.

TUMP!
TUMP!

VOCÊ TÁ
VENDO alguma coisa
na janela?

NÃO, EU
fechei os olhos
com medo.

21
Que que
eu faço?

sei lá!

AH HH H H H
AA
AAA
A
AA
A
A

ah, boa.
pensei nisso
também.

USA A
ESPADA!

Então anda!
Esse cara não tá aqui
segurando essa faca
pra cortar um
bolo não.

22
vooosh

rapaiz!

Vocês precisam
vir comigo. Aqui
não é seguro.

você pode
De repente elaborar
sobre o que está
acontecendo?

é, a gente
é meio devagar. Os homens-espelho
estão atrás de vocês
dois por algum motivo.
Se eles estão aqui é
porque o rei os quer
mortos.

Isso não é
possível. foi O próprio
rei que nos convocou
aqui sobre uma reunião
para negociar as áreas
da floresta e...ah,
tá, saquei.

23
Homens-espelho?
Os E porque Esse cara
homens- tava usando uma
espelho máscara kabuki
estão japonesa?
por toda
parte.

é isso que
são os homens-
espelho. meros
reflexos do rei
de vidro. Eles
se apropriam da
imagem falsa de
formas, objetos,
culturas.

É o que mais
assusta sobre eles. são
capazes de usar uma máscara kabuki,
certamente sem saber o que simboliza,
representa, ou significa de verdade.
Simplesmente porque é “visualmente legal”.
Os homens espelho só entendem o reflexo
do mundo, mas não seu conteúdo.
isso é perigoso.

para eles a forma


e o conteúdo são a mesma coisa.
mas Se a aparência e o conteúdo de algo
fossem iguais qualquer investigação científica
seria desnecessária, pois bastaria olhar para o
objeto e o saberiamos. é isso que os torna
agentes cegos do absurdo. se o rei
de vidro mandou eles aqui
vocês estão em perigo.

Então
vambora.

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