Você está na página 1de 8

DOI: 10.1590/1413-81232018244.

05362017 1247

Matriciamento em Saúde Mental: práticas e concepções

artigo article
trazidas por equipes de referência, matriciadores e gestores

Matrix support in mental health: practices and concepts


brought by reference teams, matrix teams and managers

Alexandra Iglesias (https://orcid.org/0000-0001-7188-9650) 1


Luziane Zacché Avellar (https://orcid.org/0000-0003-3125-2174) 2

Abstract The scope of this study was to ana- Resumo Objetivou-se neste estudo analisar o
lyze matrix support in mental health from the matriciamento em saúde mental a partir das
practices and conceptions brought by reference práticas e concepções trazidas pelas equipes de
teams, matrix teams and managers on the topic. referência, equipes matriciais e gestores a respei-
To achieve this, semi structured interviews were to da temática. Para tanto foram realizadas en-
conducted with 41 participants, among whom trevistas semiestruturadas com 41 participantes,
there were 11 managers, 12 reference team pro- dentre eles 11 gestores, 12 profissionais de equipes
fessionals from Health Units and 18 matrix team de referência das Unidades de Saúde e 18 profis-
professionals from Psychosocial Care Centers, in sionais de equipes matriciais dos Centros de Aten-
addition to 110 hours of observations of matrix ção Psicossocial, além de 110 horas de observações
practices based on field journal records. The data das práticas matriciais com registros em diário
were then submitted to content analysis. From de campo. Os dados foram submetidos a análise
the information gathered by the participants, de conteúdo. A partir das informações trazidas
two lines of thought were highlighted about the pelos participantes destacaram-se dois grupos de
concept of Matrix Support, namely as a forum for entendimentos sobre Matriciamento: Matricia-
productive meetings between health teams on the mento como possibilidade de encontro produtivo
one hand, and as a strategy of training-on-the- entre equipes de saúde e Matriciamento como es-
job on the other. These concepts were discussed in tratégia de formação em serviço. Tais concepções
juxtaposition with the data brought from the ob- foram discutidas em contraposição aos dados tra-
servations of the daily work in practice. Because of zidos das observações do cotidiano desta prática. A
this contradiction, it was possible to perceive the partir daí foi possível apreender a necessidade de
1
Departamento de
Psicologia, Universidade need to create, systematize and strengthen spaces criação, sistematização e fortalecimento de espa-
Federal do Espírito Santo for dialog between reference teams, matrix teams ços de diálogo entre equipes de referência, equipes
(UFES). Avenida Fernando and managers, such that the consolidation of ma- matriciais e gestores para a consolidação do ma-
Ferrari 514,
Goiabeiras. 29075-015 trix support may occur. triciamento.
Vitória ES Brasil. Key words Matrix support, Mental health, Pri- Palavras-chave Apoio matricial, Saúde mental,
leiglesias@gmail.com mary health care, Health management Atenção básica, Gestão em saúde
2
Programa de Pós-
Graduação em Psicologia,
Departamento de
Psicologia Social e do
Desenvolvimento, UFES.
Vitória ES Brasil.
1248
Iglesias A, Avellar LZ

Introdução Método

Vários autores estudam e destacam a necessidade Trata-se de uma pesquisa de abordagem qua-
de integração da saúde mental ao cotidiano das litativa, realizada em um município do sudes-
práticas da Atenção Básica para a efetivação da te brasileiro, o qual se compõe de 29 Unidades
integralidade do cuidado em saúde1-4. Neste con- Básicas, sendo que 23 trabalham sob a égide da
texto, o matriciamento em saúde mental surgiu Estratégia de Saúde da Família (ESF), três na ló-
como uma importante estratégia para fazer valer gica da Estratégia de Agentes Comunitários de
tal articulação, de modo a garantir um cuidado Saúde (EACS) e três delas Núcleos Ampliados de
ampliado à saúde, por meio da interação dia- Saúde da Família (NASF), sem ESF e EACS. As
lógica entre os diversos saberes indispensáveis Unidades de Saúde da Família do município são
à produção de saúde. Segundo o Ministério da compostas por equipes com médico, enfermeiro,
Saúde5, o matriciamento consiste em um arranjo agentes comunitários de saúde e auxiliares de en-
organizacional que visa outorgar suporte técnico fermagem. Contam ainda com equipe de Saúde
-pedagógico em áreas específicas às equipes res- Bucal composta por dentista, técnico de higiene
ponsáveis pelo desenvolvimento de ações básicas dental e auxiliar de consultório dentário. Além
de saúde para a população. disso, durante o período da pesquisa todas elas
Assim, o matriciamento se afirma como re- também contavam com: assistente social, farma-
curso de construção de novas práticas em saúde cêutico, fonoaudiólogo, profissional de educação
mental também junto às comunidades, no terri- física, psicólogo e sanitarista, alocados na Unida-
tório onde as pessoas vivem e circulam, pela sua de Básica. Na ocasião da pesquisa o município
proposta de encontros produtivos, sistemáticos ainda não contava com Núcleos de Apoio à Saú-
e interativos entre equipes da Atenção Básica e de da Família (NASF).
equipes de saúde mental. Em relação à saúde mental, o matriciamento
Contudo, a efetivação desta prática enfrenta é realizado pelos três Centros de Atenção Psicos-
desafios importantes: mudanças nas relações de social - CAPS (CAPS III, CAPS III álcool e drogas
trabalho – historicamente hierarquizadas; mu- e CAPS infanto-juvenil) juntamente às 30 Unida-
dança no modo fragmentado de se operar o cui- des de Saúde existentes no município. Essa rede
dado em saúde; mudança na formação em saúde conta ainda com médicos psiquiatras em um
– centrada na perspectiva biomédica; mudança Centro Municipal de Especialidade e com um
no modo de praticar saúde – que transcende o hospital da rede estadual, ambos mantem pouca
setor saúde. articulação com a Atenção Básica e os CAPS.
Isto significa que a concretização do matricia- Para este estudo foram realizadas entrevistas
mento em saúde mental em toda sua potenciali- semiestruturadas com 41 participantes, dentre
dade depende do empenho, disponibilidade e mu- eles: os três diretores de CAPS, dois coordenado-
danças por parte de todos os envolvidos. Implica res municipais da área técnica de saúde mental (o
negociação entre os diversos saberes presentes, coordenador atual e o coordenador da época da
para a construção de diretrizes sanitárias e estra- implantação do matriciamento no município),
tégias de cuidado pertinentes a um determinado seis gerentes de Unidades de Saúde, doze profis-
contexto6. Envolve parceria entre usuários, gesto- sionais de equipes de referência das Unidades de
res dos serviços e demais instâncias, equipes res- Saúde e 18 profissionais de equipes matriciais dos
ponsáveis pelo cuidado longitudinal dos usuários CAPS. Para escolha destas Unidades e dos profis-
em saúde (equipes de referência), equipes que se sionais entrevistados, a pesquisadora selecionou
agregam às equipes de referência disponibilizando aqueles com os quais mantinha menor contato
sua prática e conhecimento específico em uma de- no dia a dia de trabalho, já que a pesquisadora,
terminada área (equipes matriciais), para a com- na ocasião era servidora pública do município.
posição de um cuidado integral em saúde. Mediante tais entrevistas, foi possível conhe-
Neste sentido questiona-se: Quais as possibi- cer o entendimento dos profissionais de saúde
lidades concretas de consolidação desta prática em relação às práticas de matriciamento por eles
matricial em toda sua potencialidade? A partir desenvolvidas, bem como compreender as difi-
de tal questão, buscou-se analisar neste estudo culdades e as possibilidades existentes para o seu
o matriciamento em saúde mental, a partir das desenvolvimento.
práticas e concepções trazidas pelas equipes de Além das entrevistas, realizou-se observação
referência, equipes matriciais e gestores a respei- dos encontros entre equipes de referência e equi-
to da temática. pes matriciais em Unidades de Saúde. Ao todo
1249

Ciência & Saúde Coletiva, 24(4):1247-1254, 2019


foram 36 dias de observação, o que significou 110 triciamento à possibilidade de garantia de encon-
horas. A intenção inicial era participar das reu- tro produtivo entre equipes da Atenção Básica e
niões regionais, que contemplavam a presença equipes dos CAPS, com vistas à ampliação do
das equipes de referência, das equipes matriciais cuidado em saúde mental. Neste sentido, foi tra-
e da gestão, incluindo a coordenação municipal zido nas entrevistas a possibilidade desta estraté-
de saúde mental; no entanto, como tais reuniões gia de trabalho fomentar a integralidade, reabi-
foram extintas, foi feita a observação dos encon- litação psicossocial, corresponsabilidade do serviço
tros matriciais entre profissionais da Atenção Bá- com o cuidado (grupo gestores).
sica e dos CAPS. Essas reuniões aconteciam, em O resultado da concepção mencionada ante-
média, uma vez por mês, geralmente, no espaço riormente é a afirmação de que houve melhoria
da própria Unidade, com dois profissionais do no diálogo, inclusive sobre os medos que alguns
CAPS (equipe matricial) de categorias diversas e profissionais das Unidades de Saúde sentiam em
profissionais da Atenção Básica (equipe de refe- lidar com pessoas em sofrimento psíquico. Eu vi
rência) – principalmente, assistente social, psicó- que o CAPS se aproximou das discussões a respeito
logo, agente comunitário de saúde e enfermeiro. do território e a US da saúde mental (grupo ges-
Tanto as entrevistas quanto as observações tores). Vejo que depois que começou a ter o apoio
foram realizadas após consentimento dos parti- matricial, de se encontrar mesmo, mais profissio-
cipantes, da Secretaria Municipal de Saúde e do nais na Unidade começaram a se envolver na saú-
Comitê de Ética em Pesquisa. de mental, além do psicólogo, ainda não é o ideal
Para essas observações utilizou-se de roteiro (grupo equipe de referência). Tinha aquele medo,
com questões referentes ao modo como os ato- ainda tem, falou ‘saúde mental’, ‘aí meu Deus’, mas
res presentes se relacionavam e como o matricia- mudou, CAPS e Unidade conversam (grupo equi-
mento acontecia em ato. Todas as informações pe matricial).
e impressões da pesquisadora foram registradas A concepção de que o matriciamento consis-
em diário de campo. te no encontro produtivo entre equipes de saúde
A partir daí, os dados das entrevistas e do di- é defendida por vários autores que tratam deste
ário de campo foram analisados tendo como base assunto8-13. Segundo Bertussi11, o matriciamento
a análise de conteúdo de Bardin7, a qual consiste se refere a essa criação de espaços de encontros
em um conjunto de técnicas de análise das comu- favoráveis ao diálogo e à pactuação; no caso da
nicações que visa obter indicadores pertinentes saúde mental, principalmente com vistas à am-
à inferência de conhecimentos relativos às con- pliação das possibilidades de fomento de um cui-
dições de produção/recepção destas mensagens. dado integral à pessoa em sofrimento psíquico,
Para a análise foram consideradas as falas como por meio do envolvimento de vários serviços,
um relato do “grupo equipe de referência”, do setores e atores na empreitada da desinstitucio-
“grupo equipe matricial” e do “grupo gestores”. nalização e promoção à saúde.
Contudo, as análises das entrevistas e das ob-
servações revelam também, a predominância de
Resultados e discussões certa aspereza nas relações entre os profissionais
e gestores envolvidos, bem como a pouca pre-
Como resultado destacou-se dois principais sença dos gestores neste trabalho, como se o ma-
grupos de entendimentos: Matriciamento como triciamento fosse unicamente responsabilidade
possibilidade de encontro produtivo entre equi- dos matriciadores dos CAPS e necessário apenas
pes de saúde e Matriciamento como estratégia de às equipes da Atenção Básica. O matriciamento
formação em serviço, que serão descritos e discu- foi implantado e meio que deixado por conta dos
tidos com base na literatura da área. As categorias CAPS capacitarem a Atenção Básica; é importante
de análise serão ilustradas com algumas falas/ para os dois. Agora é com eles (grupo de gestores).
recortes das entrevistas e dos diários de campo, Isto pode apontar certa confiança por parte
escolhidas por serem representativas da ideia da gestão nos profissionais da atenção básica e
central da categoria. dos CAPS em trabalharem na lógica do matri-
ciamento, mas também sinaliza pouco envolvi-
Matriciamento como possibilidade de mento e certo desconhecimento das responsabi-
encontro produtivo entre equipes de saúde lidades dos gestores com esta proposta matricial;
principalmente ao considerar a extinção, por essa
Na análise das entrevistas dos três grupos de gestão, dos espaços de encontros, existentes neste
entrevistados, foi marcante a associação do ma- município, entre matriciadores, gestores e equi-
1250
Iglesias A, Avellar LZ

pes de referência14, unanimemente destacados as pessoas que vivenciam o sofrimento psíqui-


pelos entrevistados como importante espaço para co, baseadas, grande parte das vezes, no estigma,
a consolidação do matriciamento. Mantiveram-se na segregação e na desqualificação desses sujei-
os encontros entre as equipes matriciais e as de tos18. Requisita, assim, a inserção da pessoa em
referência, que ocorrem nos espaços das Unida- sofrimento psíquico como sujeito de direito, que
des, geralmente para a discussão de caso. Certa- como qualquer indivíduo deve ter seu acesso as-
mente trata-se de um espaço importante para a segurado em todos os níveis de atenção, inclusive
consolidação do matriciamento, mas que não e principalmente na Atenção Básica.
contempla a participação dos gestores para algu- Nesse sentido, como nos trazem autores
mas deliberações necessárias relativas ao processo nacionais e internacionais6,19-21, que tratam da
matricial, como, por exemplo, a garantia de horá- descentralização da atenção em saúde mental
rio na agenda dos profissionais para a efetivação e desestigmatização do sofrimento psíquico, a
de ações conjuntas entre os dois serviços. consolidação das propostas trazidas pela Refor-
Vale destacar que apenas em um único en- ma Sanitária e pela Reforma Psiquiátrica – sus-
contro de quatro horas – das 110 horas de ob- tentáculos do matriciamento – requerem uma
servação realizada – o diretor de um dos CAPS garantia de sistematicidade e continuidade dos
e o diretor de uma Unidade estiveram presentes encontros entre a saúde mental e a Atenção Bá-
para mediarem uma tensão existente entre equi- sica. Além de tal regularidade desses encontros,
pe da Atenção Básica e equipe matricial do CAPS. eles devem estar abertos à crítica, ao confronto
Neste momento o diretor do CAPS proferiu uma de ideias, ao questionamento das realidades pro-
palestra para falar de suas experiências bem suce- duzidas, a fim de evitar qualquer cristalização do
didas neste trabalho interdisciplinar. processo e favorecer as transformações neces-
Neste caso a tensão em si não foi discutida sárias à promoção à saúde. Como nos traz Fi-
nessa reunião, prevaleceram nos encontros sub- gueiredo e Onocko-Campos22, o matriciamento
sequentes reuniões burocráticas de encaminha- necessita ser realimentado constantemente por
mentos dos casos e das situações envolvendo espaços de reflexão e formação permanente, para
a temática da saúde mental. Com falas do tipo: que não se perca em uma prática hierarquizada e
Vocês do CAPS querem empurrar mais isso para a especializada baseada em procedimentos.
gente, saúde mental é com vocês (grupo equipe de Como nos traz Bertussi11, a intenção com es-
referência). tes encontros não deve ser pôr fim as disputas,
Manteve-se claramente o distanciamento en- conflitos e tensões existentes nestas relações, mas
tre as duas equipes (equipe da Atenção Básica e de colocá-los em outro patamar que possibilite,
equipe do CAPS), ao ponto de alguns profissio- justamente, diálogos abertos à negociação e a
nais da Unidade de Saúde sentarem fora da roda instituição de outros modos destes atores se re-
de discussão, em algumas dessas reuniões que lacionarem, outras possibilidades de organização
participamos, e se recusarem a integrar o deba- da gestão do cuidado em saúde, outros processos
te sobre um determinado caso, por considera-lo de trabalho implicados com a vida individual e
repetitivo e desnecessário, acrescentando não coletiva da população como um todo.
entenderem porque os manicômios deixaram de Para exemplificar: uma situação que chamou
existir, era só humanizar mais (grupo equipe de atenção e mobilizou Unidade de Saúde e CAPS
referência). Apesar dos incômodos gerados por foi o caso de um senhor em ideação suicida e uso
esta fala, inclusive apontados depois por vários prejudicial de álcool, que acabou vindo a óbito
profissionais nos corredores dos serviços, tais di- por complicações no seu estado geral de saúde.
vergências, mais uma vez, não foram discutidas. Apesar das diferenças de entendimentos entre
Tudo isso gerou um espaçamento ainda maior gestores, matriciadores e equipes de referência
entre uma reunião de matriciamento e outra, ao a respeito da condução do caso – presentes nos
invés de uma intensificação dos encontros, que relatos das entrevistas – estas questões não foram
permitissem trabalhar estas divergências de con- colocadas em discussão em nenhuma reunião
cepções tão caras à Reforma Psiquiátrica15-17. matricial, ao contrário, um ficou atribuindo ao
A Reforma Psiquiátrica Brasileira comparece outro a responsabilidade por possíveis equívocos
justamente, como um processo de luta pela cons- desta condução.
trução contínua de reflexão e transformação nos A partir da análise das entrevistas observou-
campos assistencial, cultural e conceitual, com se que: para o gestor, o caso foi mal sucedido por-
vistas à mudança das relações que a sociedade, que os matriciadores dos dois CAPS não conse-
os sujeitos e as instituições estabeleceram com guiram se integrar para garantir a regularidade
1251

Ciência & Saúde Coletiva, 24(4):1247-1254, 2019


dos acompanhamentos pelos dois serviços ao destaque o caso de um jovem em uso prejudicial
usuário e assegurar que a Unidade mantivesse vi- de drogas, a articulação matricial entre Unidade
sitas domiciliares sistemáticas e atendimento mé- de Saúde, CAPS, CRAS e o próprio usuário, re-
dico para revisão do quadro clínico da pessoa em sultou na construção de um projeto terapêutico
questão. A equipe de referência da Atenção Bási- singular, o qual possibilitou uma mudança no
ca, por sua vez, também percebeu o caso como modo da comunidade perceber esse jovem e con-
sendo mal sucedido por entender que a equipe sequentemente uma maior circulação do mesmo
matricial deveria ter inserido o usuário em aten- pelo território. O processo de acompanhamento
ção diária no CAPS e a gestão deveria se posi- e cuidado desta pessoa acabou por incentivá-la a
cionar com critérios claros a respeito da atenção se inserir em curso profissionalizante na área de
em saúde mental. A equipe matricial, por fim, panificação e ser reconhecida pela comunidade
analisou o caso como bem sucedido por conside- por suas habilidades na cozinha. Este jovem vol-
rar que foi possível envolver muitas pessoas neste tou a estudar e retomou seu emprego, continua
cuidado ao usuário, mesmo que depois ele tenha a fazer o uso de drogas, porém, as pessoas não
vindo a óbito por complicações no seu quadro o veem mais como o drogado do bairro (grupo
geral de saúde. De qualquer modo, essa equipe equipe matricial).
matricial acrescentou: é que a Atenção Básica Pode-se considerar tal intervenção como
também poderia ter se empenhado mais no acom- uma ação voltada à promoção, à saúde e à de-
panhamento desse caso (grupo equipe matricial). sinstitucionalização, na medida em que se afir-
Como nos diz Campos23: ao discutir as di- ma o sujeito como corresponsável por sua vida,
ferenças de opiniões sobre uma mesma situa- capaz de junto a outros atores sociais, inventar
ção: quem estaria com a “verdade”? A partir da outros modos, outras posturas e outras formas
contraposição das informações trazidas das en- de estar no mundo. Além disso, essa intervenção
trevistas com os dados das observações, pode se opera também pela desinstitucionalização, no
dizer que todas as perspectivas são parcialmente momento em que avança no sentido de mudança
“verdadeiras”. Contudo, o que não houve foi o no modo da comunidade acolher e enxergar esta
encontro produtivo destes pontos de vistas para pessoa em sofrimento.
a construção conjunta das transformações neces-
sárias a este contexto. Desta forma, corrobora-se Matriciamento como estratégia
a afirmativa de Campos23 sobre a importância da de formação em serviço
consolidação de espaço coletivo, que implique
em “análise, discussão, interpretação, deliberação, Foi marcante também a associação por parte
contrato conjunto e definição de tarefa”, para que dos gestores, matriciadores e equipes de referên-
esta diferença de percepção não “vire guerra civil, cia do matriciamento à possibilidade de forma-
porque, se virar guerra civil” é o sistema único ção em serviço. Eu entendo que no matriciamento
de saúde quem perde. O autor23 destaca estes es- uma equipe que está diante de um caso complexo
paços dialógicos como capazes de construir uma solicita o apoio para quase que supervisionar o
compreensão complexa das situações. Acrescen- caso e dar orientação a esta equipe para ação, como
ta-se ainda a capacidade desses encontros dialó- uma formação mesmo (grupo gestores). O apoio
gicos, clarificar as responsabilidades de cada um tem a ver com uma capacitação técnica-pedagógica
neste processo, que assim, possivelmente, terá para a equipe aqui também cuidar do paciente com
força para diminuir as asperezas das relações e transtorno mental (grupo equipe de referência).
consequentemente, viabilizar a proposta do SUS A gente vê o matriciamento como uma formação
e a perspectiva de integração do matriciamento. em serviço, em que nós e a atenção básica apreen-
Neste sentido, foi possível acompanhar tam- demos um com o outro, encontro, entende? (grupo
bém, encontros matriciais marcadamente favo- equipe matricial).
ráveis à promoção à saúde e a desinstituciona- Tal concepção está ligada à conceituação tra-
lização, reconhecidos inclusive pelos envolvidos zida por Campos e Domitti8 e pelo Ministério da
como conquista de uma prática diferenciada em Saúde5, que anunciam a função de suporte téc-
saúde (grupo equipe de referência). A partir da nico-pedagógico do matriciamento às equipes
integração matricial com construção comparti- que prestam atenção aos problemas de saúde da
lhada de projetos terapêuticos singulares (PTS), população.
foi possível promover uma maior circulação pelo Os entrevistados afirmaram o matriciamento
território, de pessoas que antes não eram perce- como uma possibilidade de formação voltada à
bidas como parte daquela comunidade. Merece troca, inclusive um matriciador fala em entrevis-
1252
Iglesias A, Avellar LZ

ta da perspectiva de alternância de papéis entre de discussão sobre um determinado caso, seja em


equipe de referência e equipe matricial, uma vez sua ação de impedimento de livre fluxo ao espe-
que entende que todos ensinam e aprendem nesta cialista, que se apresenta como uma função do
relação matricial (grupo equipe matricial). matriciamento25 para a construção de um cuida-
Estas informações contrastam em certo pon- do integral em saúde.
to os dados provenientes da análise dos diários Neste contexto, cada um dos profissionais
de campo, uma vez que prevaleceu em ato uma tende a se fixar no seu núcleo de saber, em uma
relação formativa em que o matriciador transmi- relação com o saber voltada à definição e afir-
te o que deve ser feito pela equipe de referência; mação de fronteiras rígidas. Assim, qualquer
ou quando considera que o caso tem indicação opinião ou crítica que toca o núcleo de saber
para o CAPS, o encaminha para aquele serviço, do outro é percebida como descabida e invasiva,
inclusive é isto que por vezes esperam as equipes prevalecendo “um ima­ginário de mútua exclusão
de referência também. Eu penso que o CAPS vem e competitividade”26 entre equipe de referência
aqui para triar quem vai para lá, e vou te falar, e matriciadores. Isso dificulta sobremaneira o
dá um alivio quando vai para lá, menos um; é só compartilhamento de saberes e práticas preten-
expectativa (grupo equipe de referência). didos pelo matriciamento para a construção con-
Quando os encontros matriciais estão foca- junta de um cuidado integral em saúde.
dos na transmissão de informação do matricia- Dessa forma, não foi possível observar efeti-
dor à equipe de referência, geralmente se estrutu- vamente aquela possibilidade de alternância de
ra relações marcadamente verticalizadas, inclusi- papéis entre equipes de referência e matriciadores,
ve tal percepção é trazida também por gestores, conforme anunciado acima por um matriciador.
matriciadores e equipes de referência nas entre- As funções em grande parte se mantiveram rígi-
vistas, como se apenas a Atenção Básica tivesse das: o matriciador/especialista – que tem o conhe-
algo a aprender e os matriciadores a ensinar. O cimento em saúde mental – deve dar as instruções
apoio na verdade é para dizer o que tem que fazer, e a equipe de referência – desprovida deste conhe-
fiscalizar, cobrar, aí ficam difíceis as relações, por cimento específico – assimilar este treinamento.
que são profissionais do mesmo nível, só de serviços Diante destas discussões, faz-se indispensável
diferentes (grupo gestores). encarar este processo formativo e o diálogo sobre
Neste sentido, é possível deixarem escapar os pressupostos do matriciamento e seus objeti-
momentos importantes de vinculação e discus- vos como uma necessidade de aprofundamento
sões envoltas ao cuidado em saúde mental, por por todos os envolvidos neste trabalho, uma vez
entenderem que a função do matriciamento se que apesar de gestores, matriciadores e equipes
limita a transmissão de informação. Como ob- de referências trazerem em algumas entrevistas
servado em um registro do diário de campo: a conceituações próximas ao que teoricamente tem
médica de família falava, em uma reunião ma- sido discutido sobre matriciamento, em ato foi
tricial, de sua angústia diante do pouco tempo possível observar ainda práticas na contramão à
para atender uma pessoa em intenso sofrimento complexidade da proposta matricial, como, por
psíquico. Na fala da médica: Assim fica difícil, a exemplo, a subutilização dos recursos matriciais
gente tem que lutar para fazer Estratégia de Saúde – geralmente restritos à discussão superficial de
da Família, porque se não luta a gente fica fingindo caso; equipes de referência fixas na ideia de enca-
que está atendendo. minhamento; gestores que desconhecem as pre-
Nesta situação, a equipe matricial presen- tensões do matriciamento; matriciadores com
te nesta reunião solicitou que voltassem para a insuficiente identificação com a proposta, desco-
discussão de caso, perdendo a oportunidade de nhecimento do que seja matriciamento e pouco
construir uma parceria e vinculo com aquela manejo das tecnologias relacionais – que devem
equipe. Desta forma, a situação-problema trazi- permear este processo de trabalho.
da não foi agarrada como uma possibilidade de O matriciamento prima pela possibilidade
efetiva problematização para a construção de re- de aprender a aprender inclusive com as críticas,
lações de maior entrosamento destas equipes e de com as dúvidas, com os equívocos, com o pro-
alternativas viáveis de resolução da situação24. cesso, por uma relação mais transversalizada de
Por outro lado, por vezes, também foi pos- saber/poder27. Nisto está implicada certa perda
sível observar equipes de referência em posição de identidade profissional, de status, de ambien-
de interpretar todas as atitudes da equipe matri- tes profissio­nais e modos de trabalho familiares,
cial como falta de disponibilidade, seja quando a o que reafirma a necessidade de uma proposta de
equipe matricial solicitava um aprofundamento formação em serviço sistemática e longitudinal
1253

Ciência & Saúde Coletiva, 24(4):1247-1254, 2019


envolvendo gestores, equipes de referência e ma- duzindo ainda mais a possibilidade de discussão
triciadores, para que as possíveis resistências a e análise das tensões existente nessa relação ma-
tantas mudanças não se revertam em prática que, tricial. As funções – equipe de referência e equipe
apesar de carregar o nome de matriciamento em matricial – por vezes se mantiveram rígidas: os
saúde mental, caminhe na direção contrária aos matriciadores [...] para dizer o que tem que fazer,
princípios do SUS, à Política de Atenção Básica, à fiscalizar, cobrar [...] e a equipe de referência para
Reforma Psiquiátrica6. assimilar a orientação.
Diante dessas análises, este estudo reforça a
necessidade de criação, sistematização e fortale-
Considerações finais cimento de espaços de diálogo entre equipes de
referência, equipes matriciais e gestores, para a
A análise do matriciamento a partir das concep- consolidação do matriciamento. O matriciamen-
ções trazidas pelas equipes de referência, equipes to em saúde mental, com todos os desafios que
matriciais e gestores a respeito da temática, pos- carrega, depende de um processo de construção
sibilitou perceber mudanças importantes no cui- de modos de se relacionar mais integrados, que
dado em saúde mental. A partir do matriciamen- não cabe em encontros eventuais ou esporádicos.
to essas transformações ocorreram tanto para os Inclusive nessa proposta matricial cabe a discus-
CAPS – que se aproximaram das discussões a res- são daquelas tensões e dos processos de trabalho
peito do território (grupo gestores) – quanto para desses serviços envolvidos.
as Unidades de Saúde, as quais se apropriaram da Como nos traz Bastos28, o matriciamento en-
temática da saúde mental. Destacam-se ainda a volve um transformar-se e ofertar-se ao outro,
redução dos medos, principalmente de profissio- para a promoção coletiva de saúde em conformi-
nais das Unidades de Saúde, em lidar com as pes- dade às politicas públicas. Desta forma, pode-se
soas em sofrimento psíquico e a aproximação en- dizer que não basta implantar o matriciamento
tre Unidades Básicas de Saúde e CAPS, em uma se certas garantias não acompanharem este traba-
troca produtiva de saberes e práticas. lho, como aqueles encontros produtivos, regula-
Desta forma, foi possível acompanhar en- res e longitudinais, que envolvam equipes de refe-
contros matriciais marcadamente favoráveis à rência, matriciadores e gestores. Nisso os gestores
promoção à saúde e a desinstitucionalização, re- têm uma grande responsabilidade, se afirmando
conhecidos como conquista de uma prática dife- como também imprescindíveis na consolidação
renciada em saúde (grupo equipe de referência). do matriciamento. A partir daí é possível um
Ressalta-se a maior circulação pelo território, de processo de efetivação da proposta matricial de
pessoas que antes não eram percebidas como formação em serviço, construção de um trabalho
parte de uma determinada comunidade. São interdisciplinar, descentralização da saúde mental
visíveis, então, os efeitos decorrentes desses en- e, consequentemente, de integração da pessoa em
contros produtivos para usuários, trabalhadores sofrimento psíquico como sujeito de direito.
e sistema de saúde como um todo. Por tudo isto, reforça-se a necessidade de
Por outro lado, principalmente no que se re- formação nesta perspectiva matricial, análise e
fere à análise das práticas a partir das observa- acompanhamento constante desta prática, para
ções de campo, foi possível apreender certa as- que em nome do matriciamento em saúde men-
pereza nas relações entre profissionais e gestores tal não se reproduzam práticas que carregam
envolvidos, em um movimento de nomeação de apenas um nome politicamente aceito e valori-
culpados em relação a um caso, por exemplo, zado, sem se sustentar no que ele traz de mais
entendido por alguns com mal sucedido. Desta- importante para a consolidação dos princípios
cou-se ainda certo desconhecimento das respon- doutrinários do SUS: a transformação das rela-
sabilidades de cada um desses atores – equipe de ções no sentido de maior compartilhamento para
referência, equipe matricial e gestores – no ma- as transformações sociais.
triciamento, com pouco envolvimento da gestão
nesse processo, como se o matriciamento fosse
unicamente responsabilidade dos matriciado-
res dos CAPS e necessário apenas às equipes da Colaboradores
Atenção Básica.
Nesse contexto, foram extintos os espaços de A Iglesias trabalhou na concepção, pesquisa e re-
encontros, existentes neste município, entre ma- dação final e LZ Avellar trabalhou na concepção
triciadores, gestores e equipes de referência, re- e revisão crítica do trabalho.
1254
Iglesias A, Avellar LZ

Referências

1. Lancetti A. Saúde mental e Saúde da Família. In: Lan- 18. Amarante P. Loucura, cultura e subjetividade: concei-
cetti A, organizador. Saúde Loucura. 2ª ed. São Paulo: tos e estratégias, percursos e atores da reforma psiqui-
Hucitec; 2001. p. 117-120. átrica brasileira. In: Fleury S, organizador. Saúde e De-
2. Souza AC. Em tempos de PSF: novos rumos para atenção mocracia: a luta do CEBES. São Paulo: Lemos Editorial;
em Saúde Mental? [dissertação]. Rio de Janeiro: Fio- 1997. p.163-186.
cruz; 2004. 19. Nicácio MF. Utopia da realidade: contribuições da de-
3. Tanaka OY, Lauridsen-Ribeiro E. Desafio para a Aten- sinstitucionalização para a invenção de serviços de Saú-
ção Básica: incorporação da assistência em saúde men- de Mental [tese]. Campinas: Universidade Estadual de
tal. Cad Saude Publica 2006; 22(9):1845-1853. Campinas; 2003.
4. Onocko-Campos R, Gama CA, Ferrer AL, Santos 20. Patel V, Maj M, Flisher AJ, De Silva MJ, Koschorke M,
DVD, Stefanello S, Trapé TL, Porto K. Saúde mental Prince M; WPA Zonal and Member Society Represen-
na Atenção Primária à Saúde: um estudo avaliativo em tatives. Reducing the treatment gap for mental disor-
uma gran­de cidade brasileira. Cien Saude Colet 2011; ders: a WPA survey. World Psychiatry 2010; 9(3):169-
16(2):4643-4652. 176.
5. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Saúde Mental e Aten- 21. Minoletti A, Rojas G, Horvitz-Lennon M. Salud mental
ção Básica: o vínculo e o diálogo necessários. In: Brasil. en atención primaria en Chile: aprendizajes para Lati-
MS. Saúde Mental no SUS: os centros de atenção psicos- noamérica. Cad Saude Colet, 2012; 20(4):440-447.
social. Brasília: MS; 2003. p. 77-84. 22. Figueiredo MD, Campos RO. Saúde Mental e Aten-
6. Hirdes A, Silva MKR. Apoio matricial: um caminho ção Básica à Saúde: o Apoio Matricial na constru-
para a integração saúde mental e atenção primária. ção de uma rede multicêntrica. Saúde Debate 2009;
Saúde Debate 2014; 38(102):582-592. 32(79):143-149.
7. Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Ed. 70; 1988. 23. Campos GWS. Apoio matricial e práticas ampliadas e
8. Campos GWS, Domitti AC. Apoio Matricial e equipe compartilhadas em redes de atenção. Psicol Rev 2012;
de referência: uma metodologia para gestão do traba- 18(1):148-168.
lho interdisciplinar em saúde. Cad Saude Publica 2007; 24. Oliveira GN. Apoio Matricial como Tecnologia de Ges-
23(2):399-407. tão e Articulação em Rede. In: Campos GW S, Guerrei-
9. Bezerra E, Dimenstein M. Os CAPS e o trabalho em ro AVP, organizadores. Manual de Práticas de Atenção
rede: tecendo o Apoio Matricial na Atenção Básica. Psi- Básica: saúde ampliada e compartilhada. São Paulo:
col, Cienc Prof 2008; 28(3):632-645. Hucitec; 2008. p. 154-178.
10. Dimenstein M, Severo AK, Brito M, Pimenta AL, Me- 25. Figueiredo MD. Saúde Mental na Atenção Básica: Um
deiros V, Bezerra E. O Apoio Matricial em Unidades de estudo hermenêutico-narrativo sobre o Apoio Matricial
Saúde da Família: experimentando inovações em Saú- na rede SUS-Campinas (SP) [dissertação]. Campinas:
de Mental. Saude Soc 2009; 18(1):63-74. Universidade Estadual de Campinas; 2006.
11. Bertussi DC. O Apoio Matricial rizomático e a produção 26. Cunha GT, Campos GWS. Apoio matricial e Atenção
de coletivos na gestão municipal em saúde [tese]. Rio de Primária em Saúde. Saúde Soc 2011; 20(4):961-970.
Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2010. 27. Iglesias A. O Matriciamento em Saúde Mental sob vários
12. Morais APP, Tanaka OY. Apoio matricial em saúde olhares [tese]. Vitória: Universidade Federal do Espírito
mental: alcances e limites na Atenção Básica. Saúde Soc Santo; 2015.
2012; 21(1):161-170. 28. Bastos ENE. A prática cotidiana e a função apoiado-
13. Minozzo F, Da Costa II. Apoio matricial em saúde ra. In: Seminário Nacional de Humanização do SUS,
mental: fortalecendo a saúde da família na clínica da 2, 2009, Brasília. Anais do II Seminário Nacional de
crise. Rev Latinoamericana de Psicopatologia Funda- Humanização: Trocando Experiências. Aprimorando
mental 2013; 16(3):438-450. o SUS, 2009. [acessado 2016 Out 28]. Disponível em:
14. Iglesias A, Avellar LZ. Matrix Support in mental health: http://www.sispnh.com.br/anais/inicio.asp
The experience in Vitória, Espírito Santo. J Health Psy-
chol 2016; 21(3):346-355.
15. Amarante P. Novos sujeitos, novos direitos: o debate
em torno da Reforma Psiquiátrica. Cad Saude Publica
1995; 11(3):491-494.
16. Amarante P. Loucos pela vida. Trajetória da reforma psi-
quiátrica no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz; 1998.
17. Alverga AR, Dimenstein M. A reforma psiquiátrica e os Artigo apresentado em 24/11/2016
desafios na desinstitucionalização da loucura. Interface Aprovado em 27/06/2017
Botucatu 2006; 10(20):299-316. Versão final apresentada em 29/06/2017

CC BY Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons

Você também pode gostar