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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ - UNIFAP

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

RELATÓRIO DE DANOS:
Igreja de São José de Macapá

Macapá-AP
2016

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ANANDA BRITO
BRUNO TITO
GABRIEL GALEÃO
LORENA MORAES

RELATÓRIO DE DANOS:
Igreja de são José de Macapá

Trabalho referente à avaliação final, apresentado na disciplina


de Projeto Arquitetônico V, do Curso Bacharelado de
Arquitetura e Urbanismo, na Universidade Federal do Amapá
(UNIFAP), sob a orientação da Prof.ª Eloane Cantuária.

Macapá-AP
2016

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SUMÁRIO

1- Contexto Teórico.......................................................................................... 4
2- Introdução.................................................................................................... 4
3- Histórico....................................................................................................... 6
4- Cronologia................................................................................................... 9
5- Contextualização do Entorno.................................................................... 10
6- Insperção detalhada.....................................................................................13
7- Identificação das causas (diagnóstico) .......................................................14

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1. CONTEXTO TEÓRICO

Este trabalho é o resultado de pesquisas teóricas e análise in loco da Igreja


São José de Macapá. A metodologia, portanto, baseou-se no estudo de livros,
artigos, normas e códigos nos quais a Igreja é objeto principal ou de alguma maneira
inclui-se como referência para outras discussões teóricas.

Desta forma, destacamos as seguintes referências:

- Jarbas A. Calvalcanti em seu livro Fortaleza de São José de Macapá, dedica um


capítulo acerca do surgimento da Igreja de São José de Macapá, enfatizando sua
importância histórica e religiosa, desde a segunda metade do século XVIII.

- Nilson Montoril em seu blog Arambaé discorre sobre a influência cultural da igreja
para a cidade, além de enfatizar citações do Padre Júlio Maria Lombaerd sobre a
arquitetura da igreja em 1913.

- O blog Porta retrato – Macapá/Amapá de outrora, escrito por João Lázaro que
descreve a igreja a partir de fotografias antigas, mostrando como sua arquitetura foi
se modificando ao longo dos tempos.

- Outro autor que escreveu brevemente sobre o assunto foi Rogério Castelo, em seu
site Amapá, minha terra amada!!, ressalvando a importância da igreja de São José
como Igreja Matriz da cidade.

Também foram levados em considerações relatórios feitos pelo IPHAN, tais como
Levantamento Histórico da Igreja de São José de Macapá, elaborado com a
finalidade de tombar o monumento.

Além dessas pesquisas foram feitas análises a partir de visitas e levantamentos


feitos pelo grupo. Tais diagnósticos consideram os aspectos físicos da igreja, seu
entorno, sua infraestrutura, sua dinâmica social e, principalmente, o levantamento de
danos de sua estrutura.

2. INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo o estudo de danos na Igreja de


São José de Macapá, o qual visa identificar seu real estado de conservação, além
de analisar a evolução da edificação ao longo do tempo. Tendo como base registros
e fotografias antigas, fica evidente a descaracterização de sua linguagem

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arquitetônica no decorrer de sua história. Porém, baseado em no período que fora
construída e nas plantas do projeto original, pode-se considerá-la como maneirista,
porém, em decorrência de adições posteriores, não há um consenso entre teóricos
sobre seu estilo arquitetônico.

Começou a ser construída em 1752 e ficando pronta somente em 1761,


sua inauguração teria sido “um grande acontecimento sócio religioso”
(CAVALCANTI,1997), isso só teria sido possível pela promoção do povoamento à
categoria de vila, além do planejamento da coroa portuguesa para tornar Macapá
“um centro agrícola e industrial”. Segundo relatórios do IPHAN (Instituto do
Patrimônio Histórico e Nacional), sua primeira grande reforma data de 1948, com
padres missionários assumindo sua gestão.

Baseado em observações in loco é perceptível a conservação inadequada


desta edificação histórica para a cidade. Apesar das constantes tentativas para seu
tombamento, baseado na sua importância histórica e religiosa para a cidade de
Macapá, ainda não é considerado patrimônio histórico tanto nas esferas Estadual ou
Federal. Devido a isso, não há uma gestão de preservação especifica, que permita a
constante manutenção da Igreja de São José com ajuda de profissionais
especializados.

Logo, a estrutura da Igreja de São José está constantemente sendo


“ameaçada” seja pela utilização de técnicas e materiais inapropriados para sua
conservação, ou pelo crescimento urbano intenso em seu entorno, além de
prejudicar a visibilidade da edificação, a estrutura como um todo é prejudicada pelo
constante fluxo de automóveis na frente da fachada principal.

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Fig. 1: Igreja de São José – 2016

. Fonte: Ananda Bastos.

3. HISTÓRICO

A igreja é um importante marco histórico- religioso para a população


macapaense, estando intimamente ligada a memória cultural da cidade, pois leva o
nome do santo padroeiro da cidade, e assim, tornando-se também um símbolo.

Sua origem vem com o crescimento do povoado de Macapá e a


necessidade de uma edificação para realizar as atividades religiosas. A região de
Macapá era planejada para se tornar um “grande centro agrícola e industrial”
(CAVALCANTI,1997, p.41), logo o então Governador da Capitania do Grão-Pará,
Francisco Xavier de Mendonça Furtado, incentivou este crescimento e em 1758,
elevou Macapá a categoria de vila. Quanto a necessidade de uma paroquia,
Mendonça Furtado já havia tomado iniciativa (1752) de edificar uma casa de colmo
para tal finalidade.

No entanto antes de tornar-se Macapá uma vila, conseguiu convencer o rei


de Portugal, D. José I, sobre a importância de se construir uma igreja na região. A
edificação só ficou pronta em 6 de março de 1761, durante a gestão de Melo e
Costa, sendo sua inauguração um grande evento sócio religioso e marcando a união
entre os poderes religioso e político (CAVALCANTI, 1997, p.41).

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Fig.2: Planta original da Igreja

Fonte: Acervo Profª Ma. Dinah Tutuya

Fig.3: Uma das primeiras fotos da Igreja de São José

. Fonte: http://casteloroger.blogspot.com.br

As plantas da Igreja foram traçadas pelo sargento-mor Manoel Pereira de


Abreu e aprovadas pelo engenheiro Antônio José Landi, este responsável por
elaborar desenhos e mapas planejados para a região (MONTORIL,2012) . Sobre
seu aspecto original, Nilson comenta:

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O aspecto do templo era bem singular. Nas laterais havia uma porta e uma janela alta. A
frente do prédio tinha uma porta central de uma só folha. Ao alto, figuravam duas janelas
gradeadas com ferro. Ao lado esquerdo do templo se levanta um campanário com uns 15
metros de altura. Em cada face do campanário há um sino. O acesso ao campanário era
feito por uma porta posterior à fachada, cujo acesso era feito através da “Passagem Espírito
Santo”, existente à esquerda do templo, entre o ele e a Casa Paroquial À direita da Igreja de
São José havia a “Passagem Santo Antônio”, separando a casa de orações do prédio do
Senado da Câmara.
(NILSON MONTORIL, 2012)

É uma das poucas edificações do século XVIII, ainda presente na cidade de


Macapá. Apesar das várias intervenções a mais significativa data de 1948, com a
vinda do PIME (Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras), sendo o Padre Mário
Limonta, encarregado de reformar a igreja e a casa paroquial.

As modificações mais aparentes foram: o surgimento de três portas nas


laterais de cada lado e fechadas as janelas, retirou-se o púlpito, o batistério e os
bancos próximos ao altar principal, os altares laterais da nave principal foram
eliminados, o púlpito permaneceu recebendo melhoramentos, a mesa de comunhão
de ferro fundido foi retirada e substituída por outra de alvenaria, a Igreja foi pintada
por dentro e por fora, além da troca das imagens religiosas (MONTORIL,2012)

Fig.4: Igreja de São José em 1949

Fonte: http://porta-retrato-ap.blogspot.com.br

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Fig.5: Igreja de São José em 2016

Fonte: Ananda Brito

Por ser um monumento histórico para a cidade, a Igreja presenciou o


crescimento de Macapá em seu entorno, onde desenvolveu-se o centro comercial da
cidade. Tal acontecimento pode ser considerado sobre dois aspectos, visto que por
causa do constante fluxo de pessoas e eventos culturas ligadas à figura da Igreja, a
mesma sempre é frequentada por fies e turistas. Porém, devido a certo descaso com
esta edificação tão importante para os macapaenses, é visível a ação do tempo e os
danos causados por ações intempéries e antrópicas, seja por vandalismo ou por uso
incorreto de técnicas e materiais aplicados na igreja.

4. CRONOLOGIA

1751 - Durante o período de colonização do povoado de Macapá, houve a


necessidade de catequizar seus habitantes, além de celebração de cultos
religiosos;

1752 - Mendonça Furtado, então Governador da Província do Grão-Pará, manda


edificar uma casa de colmo maior que as outras para atender as
necessidades paroquiais;

1754 - Mendonça Furtado envia uma carta à Coroa Portuguesa incentivando a


construção de uma igreja na região;

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1761 - Inauguração da nova Igreja Matriz, fortificando a união entre a Igreja católica
e a Coroa Portuguesa;

Início do século XIX – Ocorre a reforma mais expressiva, feita antes da


chegada dos padres italianos, é mérito do sacerdote francês François
Rellier;

1948 - Chegavam a Macapá, por via fluvial, os padres do Pontifício das Missões
Estrangeiras. Sendo o mestre em restaurações, Padre Mário Limonta,
encarregado de reformar a igreja e a casa paroquial;

1980 – Foi elevada à categoria de Dioceses pelo Papa João Paulo II, com a Bula
“Confarentia Epsicopalia Brasiliensis”, sendo instalada solenemente no ano
seguinte;

2016 - Recentemente iniciou-se uma reforma na Igreja de São José. Segundo


entrevista com a equipe de reforma, trata-se de uma iniciativa do pontificado
e não está sendo acompanhado por especialistas em restauro.

5. CONTEXTUALIZAÇÃO DO ENTORNO

A Igreja de São José situa-se na Rua São José entre Av. Pres. Getúlio
Vargas e Av. General Gurjão. Do lado esquerdo da igreja temos a Biblioteca Pública
do estado do Amapá, do lado direito temos a Diocese de Macapá. Nas suas
proximidades temos a Praça Veiga Cabral, o Villa Nova Shopping e o Teatro das
Bacabeiras.

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O entorno da Igreja de São José vem sendo transformado aos poucos. O
mais recente empreendimento que teve grande impacto sob a edificação, foi a
construção do Vila Nova Shopping. Visivelmente a edificação do shopping afeta
diretamente a igreja, desde o âmbito estrutural até o paisagístico.
Segundo Brandi (1977), a arquitetura também é considerada obra de arte, e
por consequência tem natureza de monumento histórico e de obra de arte. Contudo,
o monumento está relacionado ao lugar onde se encontra, com o seu entorno, e
conservá-lo requer conservar o ambiente em que o monumento foi construído.
Portanto a criação do Vila Nova Shopping e posteriormente o aumento da
construção, com uma nova entrada bem ao lado da igreja, descaracteriza o
monumento.

O centro da cidade, onde a igreja está localizada, é um local de constante


movimento, o Largo dos Inocentes que fica na parte posterior é um ponto de
encontro de jovens e adultos. E há uma constante movimentação na lateral
esquerda, por ser uma via que dá aceso a rua Tiradentes, a igreja é visitada a todo
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momento pelos féis, seja para meditarem ou somente para fazer reverência às
imagens que lá estão.

ANEXO II DESCRIÇÃO DOS SETORES URBANOS E DE TRANSIÇÃO URBANA E


DOS SETORES DE PROTEÇÃO AMBIENTAL 3
SETORES: Setor Residencial 5 ( SR5 )
Descrição dos Limites: Área delimitada pelo polígono formado pela interseção das
seguintes vias ou referências: inicia pela confluência da foz do canal do Jandiá com
a Rua Beira Rio (incluída), seguindo por esta até a Rua Rio Tepé (excluída), daí
segue até a Rua Cândido Mendes (incluída), daí segue até a Av. Ernestino Borges
(excluída), daí segue até a Rua São José (incluída), daí segue até a Av. Ana Nery
(incluída), daí segue até a Rua José Serafim (incluída), daí segue até a Rua São
Paulo (incluída), seguindo até a margem direita do canal de Jandiá e daí até o ponto
inicial.

ANEXO III QUADRO DE USOS E ATIVIDADES


SETOR: Residencial 5 - SR5
DIRETRIZES: uso residencial; atividades comerciais e de serviços de apoio à
moradia com restrição às atividades que causem impactos ambientais ou incômodo
a vizinhança
USOS PERMITIDOS: residencial uni e multifamiliar; comercial, de serviços e
industrial níveis 1 e 2
OBSERVAÇÕES: comercial nível 2 exceto atacadista

ANEXO V QUADRO DE INTENSIDADE DE OCUPAÇÃO


SETOR: RESIDENCIAL 5 - SR5
DIRETRIZES PARA INTENSIDADE DE OCUPAÇÃO: média densidade, ocupação
horizonta
PARÂMETROS PARA OCUPAÇÃO DO SOLO
CAT MÁXIMO: 1,0 (A)
ALTURA MÁXIMA DA EDIFICAÇÃO (M): 8
TAXA DE OCUPAÇÃO MÁXIMA: 70%
TAXA DE PERMEABILIZAÇÃO MÍNIMA: 15%
AFASTAMENTO MÍNIMO FRONTAL: 3,0
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AFASTAMENTO MÍNIMO LATERAL E FUNDOS: 1,5 (e) ou 2,5 (d)

ANEXO VI QUADRO DAS VAGAS DE GARAGEM E ESTACIONAMENTOS


ATIVIDADES: Igrejas e templos
NÚMERO MÍNIMO DE VAGAS PARA VEÍCULOS: número de vagas a ser definido
pelo órgão competente, considerando as características especiais da localização e
da via.

6. INSPEÇÃO DETALHADA

O objetivo deste trabalho é a elaboração de um diagnóstico de patologias da


Igreja de São José, localizada no centro da cidade de Macapá.
As ações climáticas constituem um dos principais fatores que contribuíram para o
aumento da deterioração da igreja. Para a elaboração do diagnóstico, foi realizado
um levantamento das patologias dos ambientes, considerando-se a ação do tempo,
e a degradação causada pelos agentes de deterioração.
Para realizar o mapa de danos na Igreja de São José foram feitas seis
visitas no decorrer de quatro meses. Após a realização das visitas à edificação,
pôde-se elaborar as fichas de mapa de danos onde foram identificadas as patologias
que a edificação apresenta e o grau de comprometimento dos elementos.
As fichas foram divididas de acordo com os ambientes da igreja, são eles:
entrada, nave, altar, sacristia, torre sino, mezanino e área externa. Em cada ficha
foram pontuados de acordo com o grau de infestação com a significação presente
na tabela 1 e para o melhor entendimento dos aspectos das manifestações
patológicas na tabela 2:

Tabela 1 - Grau de infestação

Fraca Infestação

Moderada Infestação

Forte Infestação

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Fonte: Produzido por Lorena Moraes

Tabela 2 - Manifestações patológicas

Manifestações Aspectos
Eflorescência Manchas de umidade -pó branco acumulado na superfície
Bolor Manchas esverdeadas ou escuras -revestimento em
desagregação
Vesículas -Empolamento da pintura
-Bolhas com umidade
Descolamento com empolamento -Descolamento do emboço formando bolhas
-Reboco com som cavo
Descolamento em placas -Placa endurecida quebrando com dificuldade
-Som cavo
Fissuras Horizontais -Ao longo da parede
-Descolamento do revestimento com som cavo
Fissuras Mapeadas -Forma variada e em toda a superfície
Infiltração - Umidade
Corrosão
Apodrecimento de madeira
Fonte: Diagnóstico de patologias da Capela Senhor do Bonfim (1880): Cemitério da Santa Casa
de Pelotas/RS.

Foram feitos registros fotográficos de todas as patologias e as mesmas


foram anexadas no mapa de danos com a devida identificação de seu local na
planta baixa, para melhor entendimento. No decorrer do presente estudo (março de
2016), a igreja de São José estava passando por uma reforma em seu interior e
exterior, portanto os resultados de conservação foram considerados satisfatórios
com exceção de alguns detalhes.

7. IDENTIFICAÇÃO DAS CAUSAS (DIAGNÓSTICO)

O diagnóstico pretende identificar as causas dos danos e degradações,


com base nos dados adquiridos. As manifestações patológicas observadas Igreja de
São José, através de levantamento fotográfico no local, são decorrentes da falta de
um plano de manutenção desde a construção da capela e decorrentes do clima
local.

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Para a recuperação de edificações antigas, são válidos os mesmos
princípios como nos prédios novos. Porém, para edificações antigas é restrito o uso
de materiais, técnicas e detalhes pela incompatibilidade com os materiais e técnicas
antigas.
As fissuras encontradas em muitas paredes, principalmente nas paredes
externas, aparecem quando a argamassa apresenta expansão ou retração durante a
fase de endurecimento, quando a argamassa seca muito rapidamente ocorrem as
retrações e quando há magnésio na cal, ou a cal não foi bem extinta, acontecem as
expansões.

Figura 11 :PD 9 apresenta grande quantidade de fissuras

Fonte: Arquivo pessoal


Figura 12 :PD6 apresenta grande quantidade de fissuras

Fonte: Arquivo pessoal


Alguns pontos da parede externa e entrada da igreja apresentam vesículas,
que são formação de bolhas derivadas da evaporação da água infiltrada nas
alvenarias, é uma patologia frequente nas construções que geralmente dá origem ao
descolamento e ao esfarelamento do revestimento, o que pode acarretar o
descascamento da pintura, como é visto na parede do arco do meio na fachada
principal, atingindo um maior ou menor grau conforme a exposição à umidade.

Figura 13: Presença de formação de bolhas na PD2

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Fonte: Arquivo pessoal

Figura 14: Presença de formação de vesículas na entrada principal

Fonte: Arquivo pessoal

A parede PD25 na torre /sino apresenta uma lacuna, que são aberturas de
0,5 a 1,5 mm, que podem surgir na estrutura, as causas podem ser, entre outras:
trincas por recalque (acomodação do solo, da fundação, de aterro); trincas de
retração (fissuramento da argamassa de revestimento, de piso cimentado); trincas
por movimentação (movimentação da estrutura, do madeiramento do telhado, etc);
trincas de amarração (falta de amarração nos cantos das paredes).

Figura 15: Lacuna na PD25 do Torre sino

Fonte: Arquivo pessoal

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Segundo Verçoza (1991, p, 48), a umidade também pode causar trincas
em alvenarias. Se a alvenaria umedece muito em determinada zona, os tijolos
incham e o trecho úmido se dilata, provocando trincas no limite com a área seca,
pode ser o caso nesta lacuna da torre /sino, pois em toda a sua dimensão a parede
apresenta marcas de infiltração.
A edificação apresenta bolor em alguns pontos, como no arco de entrada
para o mezanino. Isto acontece quando em muitos pontos sobre o material, cresce o
fungo, as enzimas funcionam como um ácido que ataca e queima o material,
tornando a cor quase sempre escura, quase preta. Há então o surgimento de
manchas que podem ser de outras tonalidades (esverdeada, branca, avermelhada,
etc.),

Figura 16: Bolor na PD25

Fonte: Arquivo pessoal

No piso, em todos os ambientes, percebe-se que os ladrilhos hidráulicos


estão quebrados, desgastados, manchados e deteriorados pela ação das
intempéries. Há a presença de fissuras e o descolamento de algumas peças, que
sofreram reformas com o emprego de cimento queimado, como na sacristia e em
alguns pontos da entrada e nave.

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Figura 17 : Perda do piso original na sacristia

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 18: Uso do cimento queimado na sacristia

Fonte: Arquivo pessoal

Na torre/sino a madeira do piso que leva ao mezanino está em estado de


degradação avançado. O apodrecimento das pontas das tesouras é decorrente da
madeira se apoiar na parede, e absorver a umidade que é comum na alvenaria. A
decomposição da madeira ocorre pela ação dos fungos e pode tomar diversos
aspectos que variam com o tempo, o mais comum é o enegrecimento da madeira,
pode esfarelar, ficar oca ou porosa.

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Figura 19: Apodrecimento da madeira no torre sino

Fonte: Arquivo pessoal

A umidade, segundo Verçoza (1991, p. 149), é a manifestação patológica


mais frequente nas edificações, é o que acontece na Igreja de São José. A
infiltração acontece por :
 Infiltrações provenientes de chuvas que penetram na edificação
 Umidade de condensação procedente do vapor de água que se condensa nas
superfícies ou no interior dos elementos das edificações.
 Umidades por capilaridade com absorção da água do solo pelas fundações,
paredes, migrando para as fachadas e piso.
Em todas as paredes é visível as marcas deixadas pela umidade. No teto em alguns
pontos é visível manchas com tonalidade amarelada, podendo ser causada por
excesso de umidade.

8. CONCLUSÕES

É incontestável que a igreja de São José é um patrimônio cultural do Amapá.


Um monumento que revela muito da história do Estado. A igreja com o passar do
tempo foi adquirindo grande importância para os amapaenses e expressa de forma
histórica, cultural e social a identidade do povo.

Portanto, preservar e cuidar da Igreja é imprescindível. Considera-se que o


presente trabalho alcançou o seu propósito ao fazer o mapa de danos na Igreja de
São José e chegar ao diagnóstico de patologias que o edifício apresenta.

Foi possível verificar através de levantamento fotográfico, que a edificação


de 377 anos de idade encontra-se com a volumetria em estado mediano, ou seja,

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todas as partes da construção encontram-se deteriorações, mas que não chegam a
precariedade, com exceção da torre sino que está em estado preocupante.

O grande problema que a Igreja apresenta é em relação a umidade. Para


tanto é necessário que seja feito uma melhor execução do sistema de captação de
águas pluviais do telhado. Que seja usado materiais específicos para tratar as
patologias, como impermeabilizantes.

É preciso criar planos de manutenção permanentes, e pensar em estratégias


que mostrem à população a importância histórica da edificação considerada
patrimônio histórico da cidade, pois dessa forma a ação de vandalismo seria evitada.
Sem esses procedimentos poderá ocorrer uma perda para o patrimônio, pondo em
risco a autenticidade, integridade e as condições necessárias para a preservação
dos valores históricos e artísticos da igreja.

Foi verificado na reforma mais atual (2016) feita no período de análise da


igreja para o presente estudo, que na torre sino, onde existem várias patologias, foi
feito somente uma pintura nas paredes, de forma unicamente estética, o que não
funcionou, pois, dias depois as marcas de infiltração, bolor estavam presentes
novamente. Portanto para futuros trabalhos na edificação, sugere-se estudos
detalhados dos materiais e das técnicas de restauração apropriadas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 BRANDI, Cesare. Teoria Del Restauro. Roma: Einaudi, 1977.
 CAVALCANTI, Jarbas A.; Fortaleza de São José; 2ed.; 1997.
 VERÇOSA, Ênio J. Patologia das Edificações. Porto Alegre: Sagra, 1991;
p.173;
 INSTITUTO DO PATRIMONIO HISTÓRICO E ARTISTICO NACIONAL.
Levantamento Histórico sobre a Igreja de São José de Macapá. Macapá,
2014.
 CASTELO, Rogério; A Igreja de São José de Macapá; Macapá-AP;
maio.2011. Disponível em:
<http://casteloroger.blogspot.com.br/2011/05/patrimonios-do-amapa-igreja-
de-sao-jose.html>. Acesso em: 20/03/2016;
 LÁZARO, João; A Velha Igreja Matriz de São José de Macapá; Macapá-
AP; set.2012. Disponível em: <http://porta-retrato-
ap.blogspot.com.br/2012/08/a-velha-igreja-matriz-de-sao-jose.html>. Acesso
em:20/03/2016;
 MONTORIL, Nilson; A Igreja Matriz De São José De Macapá; Macapá, AP;
set.2012. Disponível em: <http://montorilaraujo.blogspot.com.br/2012/09/a-
igreja-matriz-de-sao-jose-de-macapa.html>. Acesso em: 20/03/2016.

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