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31/1/2011

CURSO: A CONSTRUÇÃO
DA DOCÊNCIA NO ENSINO
SUPERIOR: FUNDAMENTOS
E PRÁTICAS (2011)

Módulo I – Tema I.1 – 1ª aula

Ser professor no ensino superior:


histórias de vida, trajetórias
formativas e práticas docentes.

Zeila de Brito Fabri Demartini

HISTÓRIA DE VIDA DE
PROFESSORES

O trabalho do educador
envolve:
-conhecimento
- dedicação
-Reflexão/pesquisa

REFLEXÃO CONTÍNUA SOBRE:

|- a própria formação (processos de


educação escolar e não escolar)
| - os educadores/teóricos
| - o contexto sócio-econômico-
cultural em que a prática
pedagógica se desenvolve.

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ESSA REFLEXÃO IMPLICA EM:


| -estudos/leituras

|- observação da realidade pelo educador


|- importância da observação pelo próprio
educador neste processo (comparações):
| - perspectiva histórica

| - situação atual da educação em diferentes


contextos e para diferentes grupos sociais

A HISTÓRIA DE VIDA DOS PROFESSORES


COMO MEIO IMPORTANTE PARA REALIZAR
A OBSERVAÇÃO DESTES ASPECTOS

ABORDAGEM BIOGRÁFICA
E O TRABALHO COM AS
HISTÓRIAS DE VIDA

1) – Conceituação
Narrar sua própria existência consiste numa autobiografia, e toda história de
vida poderia, a rigor, ser enquadrada nessa categoria tomada em sentido lato.
Mas no sentido restrito a autobiografia existe sem nenhum pesquisador, é essa
sua forma específica. É o narrador que, sozinho, manipula os meios de registro,
quer seja a escrita, quer o gravador. Foi ele também que, por motivos
estritamente pessoais, se dispôs a narrar sua existência, fixar suas recordações;
deu-lhes o encaminhamento que melhor lhe pareceu e, se utilizou o gravador,
não raro ele mesmo efetua em seguida a transcrição, ou pelo menos a corrige.
Na autobiografia não existe, ou se reduz ao mínimo, a intermediação de um
pesquisador; o narrador se dirige diretamente ao público, e a única
intermediação está no registro escrito, quer se destine ou não o texto à
publicação.
A biografia, por sua vez, é a história de um indivíduo redigida por outro; existe
aqui a dupla intermediação que a aproxima da história de vida, consubstanciada
sua presença do pesquisador e no relato escrito que sucede às entrevistas. O
objetivo do pesquisador é desvendar a vida particular daquele que está
entrevistando ou cujos depoimentos está estudando; mesmo que neste estudo
atinja a sociedade em que vive o biografado, o intuito é, através dela, explorar
os comportamentos e as fases da existência individual. (QUEIROZ, 1991, p. 9).

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“A história de vida, por sua vez, se define como o relato de


um narrador sobre sua existência através do tempo,
tentando reconstituir os acontecimentos que vivenciou e
transmitir a experiência que adquiriu. Narrativa linear e
individual dos acontecimentos que nele considera
significativo, através dela se delineiam as relações com os
membros do seu grupo, de sua profissão, de sua camada
social, de sua sociedade global, que cabe ao pesquisador
desvendar Desta forma
desvendar. forma, o interesse deste último está em
captar algo que ultrapassa o caráter individual do que é
transmitido e que se insere nas coletividades a que o
narrador pertence. Porém, o relato em si mesmo contém o
que o informante houve por bem oferecer, para dar idéia do
que foi sua história de vida e do que ele mesmo é.”
(QUEIROZ in LUCENA, CAMPOS E DEMARTINI orgs,
2008, p. 43)

2) – Diferentes formas e
usos:

- mais amplas (cobrindo


toda experiência de vida)

- mais resumidas
(detalhando algumas
experiências)

3) O PROCESSO DE OBTENÇÃO:
|- escrito (autobiografias)
|- oral (relatos geralmente
construídos
íd conjuntamente
j com
outro participante pesquisador)
|- a situação de entrevista

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4) Os roteiros possíveis:

-Cronológico

-Temático

5) Os instrumentos:

gravador, vídeo, caderno de campo,


máquina
á i fotográfica,
f áfi
arquivos etc.

6) A complementaridade das
fontes:

- orais (relatos)
- escritas (cartas, documentos,
material didático...)
- iconográficas (fotos, filmes etc.)

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7) A importância do registro da
prática docente e do arquivamento
de documentos, visando:

-reflexão sobre questões atuais


-reflexão sobre questões futuras

O uso de histórias de vida na educação permite a reflexão sobre:

1. as influências familiares e teóricas na formação do educador;


2. as qualidades e dificuldades/deficiências na formação recebida;
3. as práticas pedagógicas que desenvolve, os problemas do dia-a-
dia, as avaliações;
4. os relacionamentos estabelecidos com alunos de diferentes
grupos econômicos,
raciais e culturais;
5. as formas como reage aos desafios;
6. as políticas educacionais e suas influências no trabalho
pedagógico que
desenvolve, as representações sobre as propostas de ensino;
7. as modificações do campo educacional (municipal, estadual e
federal e como as
vivenciou).

As pesquisas que desenvolvemos sobre questões


educacionais em São Paulo, pautaram-se por essas
preocupações: um novo olhar sobre os sujeitos envolvidos
e sobre as fontes pesquisadas. Nas mesmas, tanto as
narrativas escritas na forma de autobiografias, como as
construídas a partir de entrevistas realizadas sob a forma
de histórias de vida permitiram levantar novas questões,
especialmente
p sobre as relações
ç entre diferentes g
grupos
p
da população e a educação. No questionamento de
situações pretéritas, a análise de autobiografias e de
relatos orais foi fundamental; as memórias de educadores
e de alunos que passaram por vivências educacionais em
diferentes contextos, evidenciam que as narrativas
(auto)biográficas são produzidas pelos sujeitos (e seus
grupos) sempre relacionadas a determinados tempo e
espaço.

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