Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
FATEMA
volume
Curso Bacharel em Teologia nº 1
CURSO BACHAREL DE TEOLOGIA - VOLUME 01
FACULDADETEOLÓGICA
Copyright ©2010 FAULDADE TEOLÓGICAMARANATA
MARANATA
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta
obra pode ser apropriada e estocada em sistema de
banco de dados ou processo similar, em qualquer
forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia,
gravação, etc., sem a permissão da edição.
Coordenação Editorial
Faculdade Teológica Maranata
Dr. Edson Mendonça
Revisão de Texto
Faculdade Teológica Maranata
Capa
Littera Conteúdos Editoriais
Diagramação
Littera Conteúdos Editoriais
O
O presente material foi desenvolvido para desempenhar a função de facilitador no aprendiza-
do de todos aqueles que desejam conhecer mais a respeito de Deus. A Palavra do Senhor, em diversas
passagens, nos incentiva a buscar conhecer as coisas de Deus. Esta é a razão de existir da Teologia, em
seu sentido mais amplo.
O mundo em que vivemos atualmente se encontra mergulhado na frieza espiritual e no materia-
lismo, propagando aos quatro cantos da Terra a inexistência ou a inoperância divina. E nós, como Igreja
do Senhor, devemos nos cercar de todas as ferramentas disponíveis para que, conhecendo o nosso Deus
e internalizando mais e mais as verdades divinas, possamos “responder com mansidão a qualquer pes-
soa que nos pedir a razão da nossa fé”.
Assim, a Faculdade Teológica Maranata, oferece conhecimento profundo tanto aos principiantes,
dano-lhes a oportunidade de sistematizar os conhecimentos bíblicos, como aos obreiros já militantes na
causa do Mestre, que passam a ter mais subsídios para ampliarem seus conhecimentos. O certo é que,
em ambos os casos, o curso trará a todos mais edificação espiritual e, consequentemente, mais firmeza
e desempenho na propagação do Evangelho.
O curso Bacharel traz 03 módulos com 12 disciplinas cada, passando por todos os temas relevantes
e essenciais para o conhecimento teológico. Esperamos que as aulas sejam proveitosas e que, verdadeira-
mente, todos cresçam no Espírito, servindo este conteúdo como ponto de partida para uma vida de esfor-
ço, dedicação na busca constante para conhecer mais e mais as verdades e mistérios do nosso Deus..
Volume 01
01. Teologia Sistemática...........................................................................................................................7
02. Cristologia.........................................................................................................................................12
03. Antropologia.....................................................................................................................................24
04. Soteriologia......................................................................................................................................29
05. Bibliologia.........................................................................................................................................38
06. Apologética.......................................................................................................................................46
07. Angelologia......................................................................................................................................58
10. Filosofia...........................................................................................................................................105
11. Hamartiologia.................................................................................................................................111
12. Pneumatologia...............................................................................................................................117
Bibliografia ...........................................................................................................................................125
Teologia Sistemática 7
01
Teologia Sistemática
8 - Nível Bacharel
Nível Bacharel
Curso Teológico -Maranata
As obras de dogmática ou de Teologia Sistemática geral- pode dar de Deus, visto que Deus não é um dentre várias espé-
mente começam com a Doutrina de Deus. Há boas razões para cies de deuses, que pudesse ser classificado sob um gênero úni-
começar com a Doutrina de Deus, se partirmos da admissão de co. No máximo, só é possível uma definição analítico-descritiva.
que a Teologia é o conhecimento sistematizado de Deus de quem, Esta simplesmente menciona as características de uma pessoa
por meio de quem, e para quem são todas as coisas. Em vez de ou coisa, mas deixa sem explicação o ser essencial. E mesmo
surpreender-nos de que a dogmática começa a Doutrina de Deus, uma definição dessas não pode ser completa, mas apenas par-
bem poderíamos esperar que seja completamente um estudo de cial, porque é impossível dar uma descrição de Deus positiva
Deus, em todas as suas ramificações do começo ao fim. Iniciamos exaustiva (Como oposta a uma negativa). A Bíblia nunca ope-
o estudo de Teologia com duas pressuposições, a saber, (1) Que ra com um conceito abstrato de Deus, mas sempre O descreve
Deus existe; (2) Que Ele se revelou em Sua Palavra Divina. como o Deus vivente, que entra em várias relações com as suas
criaturas, relações que indicam vários atributos diferentes. Sua
essência em (Pv 8.14), a natureza de Deus em (2 Pe 1.4). Outra
1. Prova Bíblica da Existência de Deus passagem repetidamente citada como contendo uma indicação
da essência de Deus, e como a que mais se aproxima de uma
Para nós a existência de Deus é a grande pressuposição da
definição na Bíblia é (Jo 4.2) “Deus é espírito, e importa que os
teologia, não há sentido em falar-se do conhecimento de Deus, se
seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.”
não se admite que Deus existe. Embora a verdade da existência de
O ser de Deus é caracterizado por profundidade, plenitu-
Deus seja aceita pela fé, esta fé se baseia numa informação confi-
de, variedade, e uma glória que excede nossa compreensão, e a
ável. O Cristão aceita a verdade da existência de Deus pela fé. Mas
Bíblia apresenta isto como um todo glorioso e harmonioso, sem
esta fé não é uma fé cega, mas fé baseada em provas, e as provas
nenhuma contradição inerente. E esta plenitude de Deus acha
se acham, primariamente, na Escritura como a Palavra de Deus
expressão nas perfeições de Deus, e não doutra maneira. Da sim-
inspirada, e, secundariamente, na revelação de Deus na natureza.
plicidade de Deus segue-se que Deus e seus atributos são um.
Nesse sentido a Bíblia não prova a existência de Deus. O que mais
Comumente se diz na Teologia que os atributos de Deus são o
se aproxima de uma declaração talvez seja o que lemos em Hb
próprio Deus, como Ele se revelou a nós. Os escolásticos acentua-
11.6. A Bíblia pressupõe a existência de Deus em sua declaração
vam o fato de que Deus é tudo quanto Ele tem. Ele tem vida, luz,
inicial, “No princípio criou Deus os céus e a Terra”. Vê-se Deus em
sabedoria, amor, justiça, e se pode dizer com base na Escritura
quase todas as páginas da Escritura Sagrada em que Ele se revela
que Ele é vida, luz, sabedoria, amor, justiça. Os escolásticos afir-
em palavras e atos. Esta revelação de Deus constitui a base da nos-
mavam ademais, que toda a essência de Deus é idêntica a cada
sa fé na existência de Deus, e a torna uma fé inteiramente razoável.
um dos atributos, de modo que o conhecimento de Deus é Deus,
Deve-se notar que é somente pela fé que aceitamos a revelação a vontade de Deus é Deus, e assim por diante... Alguns deles che-
de Deus e que obtemos uma real compreensão do seu conteúdo: garam mesmo a dizer que cada atributo é idêntico a cada um dos
“Disse Jesus, Se alguém quiser fazer a vontade dele conhecerá demais atributos, e que não existem distinções lógicas em Deus.
a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim
mesmo” (Jo 7.17). É este conhecimento intensivo, resultante da
II. Atributos de Deus
íntima comunhão com Deus, que Oseias tem em mente quando diz
“Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor” (Os 6.3). O
incrédulo não tem nenhuma real compreensão da Palavra de Deus. 1. Atributos Incomunicáveis
As Palavras de Paulo são muito pertinentes nesta conexão: Onde
Salientam o Ser absoluto de Deus. Considerando ab-
está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste
soluto como aquilo que é livre de todas as condições (ou
século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria do mundo?
Incondicionado ou Auto-existente), de todas as relações (o
Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por
Irrelacionado), de todas as imperfeições (o Perfeito), ou livre
sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que creem, pela
de todas as diferenças ou distinções fenomenológicas, como
loucura da pregação (1 Co 1.20,21).
matéria e espírito, ser e atributos, sujeito e objeto, aparência e
realidade (O real, a realidade última).
I. Relação do Ser e dos Atributos de Deus.
a) A Existência Autônoma de Deus:
O Ser de Deus
É como o Ser auto-existente e independente que Deus
É evidente que o Ser de Deus não admite nenhuma defi- pode dar a certeza de que permanecer á eternamente o mesmo,
nição científica. Uma definição Genético-sintética assim, não se com relação ao seu povo. Encontram-se indicações adicionais dis-
Teologia Sistemática 9
so na afirmação presente em (Jo 5.26). Na declaração de que ele como Justiça, verdade, sabedoria, luz, vida, amor, etc. E
é independente de todas as coisas e que todas as coisas só exis- assim, indica que cada uma destas propriedades, devido
tem por meio dele (Sl 94.8s.; Is 40.18 s.; At 7.25) e nas afirmações a sua perfeição absoluta, é idêntica ao seu ser.
que implicam que Ele é independente em seu pensamento (Rm
11.33,34) em sua vontade (Dn 4.35; Rm 9.19; Ef 1.5; Ap 4.11) em 2. Atributos Comunicáveis
seu poder (Sl115.3 , e em seu conselho (Sl 33.11).
É nos atributos comunicáveis que Deus se posiciona
b) A Imutabilidade de Deus: como Ser moral, consciente, inteligente e livre, como Ser pes-
soal no mais elevado sentido da palavra.
Em virtude deste atributo, Ele é exaltado acima de tudo
quanto há, e é imune de todo acréscimo ou diminuição e de todo a) A Espiritualidade De Deus
desenvolvimento ou diminuição e de todo desenvolvimento ou de-
A Bíblia não nos dá uma definição de Deus. O que mais
cadência em seu ser e em suas perfeições. A imutabilidade de Deus
se aproxima disso é a palavra dita por Jesus à mulher sama-
é claramente ensinada em passagens da Escritura com (Ex 3.14; Sl
ritana: Deus é espírito, (Jo 4.24). Trata-se, ao menos, de uma
102.26-28; Is 41.4; 48.12; Ml 3.6; Rm 1.23, Hb 1.11,12; Tg 1.17).
declaração que visa dizer-nos numa única palavra o que Deus
c) A infinidade de Deus: é. A ideia de espiritualidade exclui necessariamente a atribui-
ção de qualquer coisa semelhante à corporalidade a Deus e,
1) Sua perfeição absoluta. O poder infinito não é um quan- assim condena as fantasias de alguns dos antigos gnósticos
tum absoluto, mas, sim, um potencial inexaurível de ener- e dos místicos medievais, e de todos os sectários dos nossos
gia, e a santidade infinita não é um quantum ilimitado dias que atribuem o corpo a Deus. Atribuindo espiritualidade
de santidade, mas, sim, uma santidade qualitativamente a Deus podemos afirmar que Ele não tem nenhuma das pro-
livre de toda limitação ou defeito. A prova bíblica disto priedades pertencentes à matéria, e que os sentidos corporais
acha-se em (Jó 11.7 - 10; Sl 145.3; Mt 5.48). não O podem discernir. Paulo fala dele como: o Rei eterno,
2) Sua eternidade. A infinidade de Deus em relação ao imortal, invisível (1 Tm 1.17), e como o Rei dos reis e Senhor
tempo é denominada eternidade. A forma em que dos senhores; o único que possui imortalidade, que habita em
a Bíblia apresenta a eternidade de Deus está nas luz inacessível, a quem homem algum jamais viu, nem é capaz
passagens bíblicas de (Sl 90.2; 102,12; Ef 3.21). de ver. A Ele honra e poder eterno. Amém (1 Tm 6.15,16).
3) Sua imensidade . A infinidade de Deus também pode
ser vista com referência ao espaço, sendo, então, 3. Atributos Intelectuais
denominada imensidade. Em certo sentido, os ter-
mos imensidade e onipresença, como são aplicados
1) O conhecimento de Deus
a Deus, denotam a mesma coisa e, portanto, podem
ser considerados sinônimos. A onipresença de Deus é Pode-se definir o conhecimento de Deus como a per-
revelada claramente na Escritura (1 Rs.8.27; Is 66.1; feição de Deus pela qual Ele, de maneira inteiramente única,
At. 7.48,49; Sl.139.7-10; Jr.23.23,24; At.17.27,28). conhece-se a Si próprio e a todas as coisas possíveis e reais
num só ato eterno e simples. A Bíblia atesta abundantemente
d) A unidade De Deus
o conhecimento, como por exemplo, em (1 Sm 2.3; Jó 12.13;
1) Unitas Singularitatis - Este atributo salienta a unidade e Sl 94.9; 147.4; Is 29.15; 40.27,28).
a unicidade de Deus, o fato de que Ele é numericamente
a) Sua Natureza
um e que, como tal, Ele é único. Provas Bíblicas compro-
vam com passagens de texto em (1 Rs 8.60; 1 Co 8.6; 1 É conhecimento caracterizado por perfeição absoluta.
Tm 2.5). Outras passagens salientam não a unidade, mas É inato e imediato, e não resulta de observação ou de um
a sua unicidade (Dt 6.4; Zc 14.9; Êx 15.11). processo de raciocínio.
2) Unitas Simplicitatis - Quando falamos da simplicidade de O conhecimento que Deus tem de Si mesmo e de todas as
Deus, empregamos o termo para descrever o estado ou coisas possíveis, um conhecimento que repousa na consciência de
qualidade que consiste em ser simples, a condição de es- Sua Onipotência. É chamado necessário porque não é determina-
tar livre de divisão em partes e, portanto, de composição. do por uma ação da vontade divina. Também é conhecido como
A perfeição agora em foco expressa a unidade interior e conhecimento de simples inteligência, em vista do fato de que é
qualitativa do ser divino. A escritura não a afirma explici- pura e simplesmente um ato do intelecto divino, sem nenhuma
tamente, mas ela está implícita onde a Bíblia fala de Deus ação concomitante da vontade divina. O livre conhecimento de
10 - Nível Bacharel
Nível Bacharel
Curso Teológico -Maranata
Deus é aquele que ele tem de todas as coisas reais, isto é, das 4. Atributos Morais
coisas que existiram no passado, que existem no presente ou que
1. a) A Bondade de Deus: Mc.10.18; Lc.18.18,19; Sl.36.9;
existirão no futuro. Fundamenta-se no conhecimento infinito que
Sl.145.9,15,16; Sl.36.6; 104.21; Mt 5.45; 6.26; Lc 6.35; At 14.17.
Deus tem do seu propósito eterno, totalmente abrangente e imu-
b) O Amor de Deus: Jo 3.16; Mt 5.44; 45 ; Jo.16.27;
tável e é chamado livre conhecimento porque é determinado por
Rm.5.8; 1Jo.3.1.
um ato concomitante da vontade.
c) A graça de Deus: Segundo a Escritura, é manifestada não
b) Sua Extensão só por Deus, mas também pelos homens, caso em que denota o
favor de um homem a outro (Gn 33.8,10,18; 39.4; 47.25; Rt 2.2; 1
O conhecimento de Deus não é perfeito somente em sua Sm.1.18; 16.22. Lemos em Ef.1.6,7; 2.7-9; Tt 2.11 ; 3.4-7; Is 26.10;
natureza, mas também em sua abrangência. É chamado onis- Jr.16.13; Rm.3.24; 2Co 8.9; At 14.3; At 18.27; Ef 2.8; Rm.3.24; 4.16;
ciência, porque é absolutamente compreensivo. Diversas passa- Tt 3.7; Jo 1.16; 2 Co 8.9; 2 Ts 2.16; Ef 2.8; e Tt.2.11).
gens da Escritura ensinam claramente a onisciência de Deus. d) A Misericórdia de Deus: Pode-se definir a misericórdia
Ele é perfeito em conhecimento (Jó 37.16), não olha divina como a bondade ou amor de Deus demonstrado para com
para a aparência exterior, mas para o coração (1 Sm 16.7 ; os que se acham na miséria ou na desgraça, independentemente
1 Cr 28.9,17 ; Sl 139.1-4; Jr 17.10), observa os caminhos dos dos seus méritos. (Dt.5.10; Sl.57.10; 86.5; 1 Cr 16.34; 2 Cr 7.6; Sl
homens (Dt 2.7; Jó 23.10; 24.23; 31.4; Sl 1.6; 119.168), conhe- 136; Ed 3.11; 1 Tm 1.2; 2 Tm 1;1; Tt 1;4; Êx 20.2; Dt 7.9; Sl 86.5;
ce o lugar da sua habitação (Sl 33.13), e os dias da sua vida Lc.1.50; Sl 145;9; Ez 18.23,32; 33.11; Lc 6.35,36).
(Sl 37.18). A escritura ensina a presciência divina de eventos 2- A Santidade de Deus: Sua ideia fundamental é a de
contingentes (1 Sm 23.10-13; 2 Rs 13.19 ; Sl 81.14,15; Is 42.9; uma posição ou relação existente entre Deus e uma pessoa ou
48.18; Jr 2.2,3; 38.17-20. Ez 3.6; Mt 11.21). coisa (Ex 15.11; 1 Sm 2.2; Is.57.15; Os 11.9; Jó 34.10; At 3.14;
Jo 17.11; 1Pe 1.16; Ap 4.8; 6.10).
2) A Sabedoria de Deus 3 - A Justiça de Deus: A ideia fundamental de Justiça é a
Pode-se considerar a sabedoria de Deus como um as- de estrito apego à lei. Geralmente se faz distinção entre a justiça
pecto do Seu conhecimento. O conhecimento é adquirido pelo absoluta de Deus e a relativa. Aquela é a retidão da natureza di-
estudo, mas a sabedoria resulta de uma compreensão intui- vina, em virtude da qual Deus é infinitamente reto em Si mesmo,
tiva das coisas. A Escritura refere-se à sabedoria de Deus em enquanto que esta é a perfeição de Deus pela qual Ele se man-
muitas passagens, e até a apresenta como personificada em tém contra toda violação da Sua Santidade e mostra, em tudo e
por tudo, que Ele é o Santo (Ed 9.15; Sl 119.137; 145.137; 145.17;
Pv 8. Vê-se esta sabedoria particularmente na criação (Sl 19.
Jr 12.1; Dn 9.14; Jo 17.25; 2 Tm 4.8; 1 Jo 2.29; 3.7; Ap 16.5; Dt 4.8;
1-7; 104. 1-34), na providência (Sl 33.10,11; Rm 8.28) e na
Is 3.10,11; Rm 2.6; 1 Pe 1.17; Dt 7.9,12,13; 2 Cr 6.15; Sl 58.11; Mq
redenção (Rm 11.33; 1 Co 2.7; Ef 3.10).
7.20; Mt 25;21,34; Rm 2.7; Hb.11.26; Lc 17.10; 1 Co 4.7; Rm 1.32;
3) A veracidade de Deus 2.9; 12.19; 2 Ts 1.8; Lc 17.10,1; 1 Co.4.7; Jó 41.11).
Quando se diz que Deus é a verdade, esta deve ser en- 5. Atributos de Soberania
tendida, em seu sentido mais abrangente. Primeiramente, Ele é a
verdade num sentido metafísico, isto é , nele a ideia da Divindade A soberania de Deus recebe forte ênfase na Escritura.
se concretiza perfeitamente; Ele é tudo que como Deus deveria Ele é apresentado como o Criador, e Sua vontade como a cau-
sa de todas as coisas. Em virtude de sua obra criadora, o céu,
ser e, como tal, distingui-se de todos os deuses, assim chamados,
a terra e tudo o que eles contêm lhe pertencem.
os quais são chamados ídolos, nulidades e mentiras (Sl 96.5; 97.7;
Ele está revestido de autoridade absoluta sobre as hos-
115.4-8; Is 44.9,10). Ele é também a verdade num sentido ético
tes celestiais e sobre os moradores da terra. As provas bíblicas
e, com tal, revela-se como realmente é, de modo que a sua reve-
da soberania de Deus são abundantes, mas aqui nos limitare-
lação é absolutamente confiável (Nm 23.19; Rm 3.4; Hb. 6.18).
mos a referir-nos a algumas das passagens mais significativas.
Finalmente, Ele é também a verdade num sentido lógico e, em
(Gn.14.19; Êx 18.11; Dt 10.14,17; 1 Cr 29.11,12; 2Cr 20.6; Ne
virtude disto, conhece as coisas como realmente são, e constitui
9.6; Sl 22.28; 47. 2,3,7,8; Sl 50.10-12; 95.3-5; 115 :3; 135. 5,6;
de tal modo a mente do homem que este pode conhecer, não
145.11 -13; Jr.27.5; Lc 1.53; At 17.24-26; Ap 19.6).
apenas a aparência , mas também a realidade das coisas.
A escritura é muito enfática em suas referências a Deus
III. A Trindade Santa
como a verdade (Êx 34.6; Nm 23.19; Dt 32.4; Sl 25.10; 31.6; Is
65.16; Jr. 10.8,10,11; Jo 14.6; 17.3; Tt 1.2; Hb 6.18; 1 Jo 5.20,21). A palavra Trindade não é tão expressiva como a pala-
Teologia Sistemática 11
vra holandesa Drieenheid, pois pode simplesmente denotar o 1 Jo 1;1-3; 2 Co 4.4; Hb 1.3; Jo 1.14,18; 3.16,18; 1 Jo 4.9;
estado tríplice (ser três), sem qualquer implicação quanto à Mq 5.2; Jo 1. 14,18; 3.16; 5.17,18,30,36; At 13.33; Jo 17.5; Cl
unidade dos três. Geralmente se entende, porém, que, como 1.16; Hb 1.3; At 13.33; Hb 1.5; 2 Sm 7.14; Jo 5.26; Jo 1. 3,10;
termo técnico na teologia, inclua essa ideia. Mesmo porque, Hb 1. 2,3; Jo 1.9; Sl 40.7,8; Ef 1.3 – 14).
quando falamos da Trindade de Deus, nos referimos a uma c) O Espírito Santo, ou a Terceira Pessoa da Trindade. O
trindade em unidade, e a uma unidade que é trina. nome aplicado a terceira pessoa da trindade. (Jo 4.24; Gn 2.7;
6.17; Ez 37.5,6; Gn8.1; 1 Rs 19.11; Jo 3.8; Sl 51.11; Is 63.10,11;
1) As três pessoas consideradas separadamente Sl 71.22; 89.18; Is 10.20; 41.14; 43.3; 48.17; Jo 14.26; 16. 7-11;
a) O Pai, ou a Primeira Pessoa da Trindade. O nome Rm 8.26; Jo 16.14; Ef 1.14; Jo 15.26; 16.7; 1 Jo 1.1; Jo 14; 16-
“Pai” em sua aplicação a Deus. (1 Co 8.6 ; Ef 3.15; Hb 12.9; Tg 18; Rm 8.16; At 16.7; 1 Co 12.11; Is 63.10; Ef 4.30; Gn1. 2; 6.3;
1.17; Dt. 32.6; Is 63.16; 64.8; Jr 3.4; Ml 1.6; 2.10; Mt 5.45 ; 6.6- Lc 12.12; Jo 15.26; 16.8; At 8.29; 13.2; Rm 8;11; 1 Co 2.10,11;
15; Rm 8.16; 1 Jo 3.1; Jo 1.14,18; 5.17-26; 8.54; 14.12,13). A Lc1.35; 4.14; At 10.38; Rm 15.13; 1 Co 2.4.
primeira pessoa é o Pai da Segunda num sentido metafísico.
Esta é a paternidade originária de Deus, da qual toda A relação do Espírito Santo com as outras pessoas da
paternidade terrena é apenas um pálido reflexo. trindade são controvérsias trinitárias que levaram a conclusão
b) O Filho, ou a Segunda Pessoa da Trindade. O Nome de que o Espírito Santo, como o Filho, é da mesma essência do
“Filho” em sua aplicação a Segunda pessoa. A Segunda pes- Pai e, portanto, é consubstancial com Ele. E a longa discussão
soa da trindade é chamada “Filho” ou “Filho de Deus” em acerca da questão, se o Espírito Santo procedeu somente do
mais de um sentido do termo. (Jo 1.14,18; 3.16,18; Gl 4.4; 2 Pai ou também do Filho, foi firmada finalmente pelo Sínodo
Sm 7.14; Jô 2.1; Sm 2.7; Lc 3.38; Jo 1.12; Jo 5.18 - 25; Hb 1; de Toledo em 589, pelo acréscimo da palavra “Filioque” (e do
Mt 6.9; 7.21 Jo 20.17; Mt 11.27; Mt 26.63; Jo 10.36; Mt 8.29; Filho) à versão latina do Credo de Constantinopla: “Credimus
26.63; 27.40; Jo 1.49; 11.27; 2 Co 11.31; Ef 1.3; Jo 17.3; 1 Co in Spiritum Sanctum que a Patre Filioque procedidit” “(Cremos
8.6; Ef 4. 5,6; Lc 1.32,35; Jo 1.13; Cl 1.15; Hb 1.6; Jo 1.1-14; no Espírito Santo , que procede do Pai e do Filho”
02
Cristologia
Cristologia 13
Cristo. Ele atribuía a Cristo duas partes ou divisões. Uma hu- to em espírito, e perturbou-se” (Jo 11.33); “E, por-
mana, outra divina. Quando Jesus estava dormindo, por exem- quanto os filhos participam da carne e do sangue,
plo, era a parte humana que dormia. Mas quando acordava e também ele participou dos mesmos, para que pela
repreendia os ventos, era a parte divina que estava em ação. morte aniquilasse o que tinha o império da morte,
Esta ideia, logo se vê, é muito errônea. Jesus não se divide em isto é, o diabo” (Hb 2.14).
duas partes. Não é que ele agisse ora por meio da natureza c) Jesus tinha poderes e característicos que pertenciam
humana, ora por meio da sua natureza divina. Quando agia, à natureza humana. Ele sentia fome: “E, tendo je-
fazia-o com toda a sua personalidade, e não só com a nature- juado quarenta dias e quarenta noites, depois teve
za divina, ou com a humana. fome” (Mt 4.2). Sentiu cansaço: “E eis que no mar
se levantou uma tempestade tão grande que o bar-
2.6. A teoria de Eutiques co era coberto pelas ondas; ele, porém, estava dor-
mindo” (Mt 8.24).
Segundo esta teoria, as duas naturezas de Cristo fun- d) Jesus tinha uma mente humana. Ele pensava e co-
diram-se de maneira que formavam uma terceira natureza, nhecia: “Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas
que nem era divina nem humana. Assim sendo, Jesus não era estavam acabadas, para que a Escritura se cumprisse,
humano e nem tampouco divino. disse: Tenho sede”(Jo 19.28). Jesus sentia amor: “E
Entre tantas teorias, qual a verdadeira? Destas, nenhuma. Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: falta-te
uma coisa: vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos
2.7. O ensino da Bíblia pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-
me”(Mc 10.21). “Jesus sentia indignação, condoen-
Segundo os ensinos da Bíblia, há uma só personalida-
do-se da dureza do seu coração disse ao homem:
de em Cristo, mas duas naturezas: a humana e a divina, cada
Estende a tua mão. E ele a estendeu, e foi-lhe restitu-
qual perfeita. Mas estas duas naturezas eram de tal modo uni-
ída a sua mão, sã como a outra” (Mc 3.5).
das e relacionadas que formavam uma única personalidade. O
e) Jesus estava sujeito às leis de desenvolvimento: “E
Novo Testamento revela, com toda clareza, que Jesus era uma
o menino crescia, e se fortalecia em espírito, cheio
unidade. Havia uma dualidade quanto à sua natureza, porém, de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele...
quanto à personalidade, havia uma unidade. E aconteceu que, passados três dias, o acharam no
templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-
os, e interrogando-os” (Lc 2.20,46). “Porque naqui-
3. As duas naturezas de Cristo
lo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode
Neste estudo queremos provar pelas Escrituras que socorrer aos que são tentados” (Hb 2.18). “Ainda
Jesus não só tinha duas naturezas (divina e humana), mas que era Filho, todavia aprendeu a obediência pelas
também que cada uma destas era real e perfeita. coisas que padeceu” (Hb 5.8).
exceto no pecado” (Hb 4.15). “Aquele que não co- conhecerei o Espírito de Deus: Todo espírito que con-
nheceu pecado, fê-lo pecado por nós; para que nele fessa que Jesus veio em carne é de Deus” (1 Jo 4.2).
fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Co 5.21). Ademais, todos os discursos de Jesus revelam que ele
c) A natureza humana de Cristo cresceu juntamente se considerava uma personalidade só, e não duas.
com a natureza divina. E por causa disso não há b) Os atributos e os poderes de ambas as naturezas
um paralelo entre Ele e nós, neste sentido. Jesus é o são consignados a uma só pessoa. “Acerca de seu
único neste mundo. Filho, que foi gerado da descendência de Davi, se-
gundo a carne” (Rm 1.13). E ainda 1 Pe 3.18; Hb
3.2. A Deidade de Cristo 1.2,3; Ef 4.10; Mt 28.19,20.
c) As Escrituras consideram o valor da concordância fei-
O Novo Testamento estabelece mui claramente a dei- ta por Jesus como dependente de uma união destas
dade de Jesus Cristo pelo seguinte modo: duas naturezas. “E pela cruz reconciliar com Deus a
ambos em um corpo, matando neles as inimizades. E,
3.2.1. Mostrando que Jesus tinha conhecimento
vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe,
da sua própria deidade:
e aos que estavam perto; porque por ele ambos temos
“Se vos falei das coisas terrestres, e não crestes, como acesso em um mesmo Espírito ao Pai” (Ef 2.16-18).
crereis se vos falar das celestiais? E ninguém subiu ao céu,
A natureza da união das duas naturezas
se não o que desceu do céu, a saber, o Filho do homem, que
está no céu”(Jo 3.12 e 13). “Disse-lhes Jesus: Em verdade, em Devemos notar, em primeiro lugar, a grande importân-
verdade vos digo que antes que Abraão fosse feito eu sou” (Jo cia da união das duas naturezas, divina e humana, em Cristo
8.58).Ler ainda Jo 14.9,10. Jesus. O cristianismo é a união espiritual entre Deus e o ho-
mem, e, para que se realizasse esta união, Deus, na Pessoa de
3.2.2. Mostrando que Jesus Jesus Cristo, uniu-se à humanidade. Assim, Cristo tornou-se
exercia poderes e prerrogativas divinas: o coração do cristianismo; e na sua própria Pessoa foram re-
solvidos todos os problemas religiosos. Sobre a importância
“Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos
desta união passemos a considerar as seguintes passagens:
conhecia, e não necessitava de que alguém testificasse do ho-
“Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém
mem, porque ele bem sabia o que havia no homem” (Jo 2.24,
conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser
25). “Sabendo, pois, Jesus todas as coisas que sobre ele haviam
revelar” (Mt 11.27). E ainda Cl 1.27; Cl 2.2,3; Jo 17.3.
de vir, adiantou-se, e disse-lhes: A quem buscais?” (Jo 18.4). E
Os problemas principais que se nos deparam nesta união.
ainda Jo 18.4; Mc 2.7; Mc 4.39.
Um dos problemas aqui é: como podem haver duas naturezas
3.2.3. A união destas numa só personalidade? Como pode haver uma natureza huma-
duas naturezas numa só Pessoa na sem personalidade? E como pode haver uma natureza divina
sem personalidade? Como já de sobejo dissemos, não é possível
As Escrituras representam Jesus Cristo como uma só dar uma explicação satisfatória deste problema, mas a Bíblia en-
Pessoa, em que se unem as duas naturezas, divina e humana, sina, com toda a clareza, que Jesus tinha duas naturezas, e era
e cada uma delas perfeita quanto à essência e quanto aos seus uma só Pessoa. Este fato representa-nos, por assim dizer, o cora-
atributos. Estas duas naturezas, inseparavelmente unidas numa ção da encarnação. E a encarnação é a solução deste problema.
só personalidade divino-humana, constituem para nós um mis-
tério. É impossível para nós explicar a união das duas naturezas A base da união
numa só pessoa, mas as provas que encontramos são tantas que A possibilidade da união de Deus com a humanidade
nem podemos duvidar desta verdade. se acha em Deus ter criado o homem à sua imagem. O homem
foi criado semelhante a Deus. Existe, por isso, a possibilidade de
3.2.3.1. Provas da união das duas naturezas,
Deus encarnar-se, isto é, de assumir também a humanidade.
divina e humana, na Pessoa de Jesus.
d) Um dos problemas mais difíceis. Esta é a questão mais
a) Jesus sempre falava de si mesmo e os outros também difícil, a união das duas naturezas numa só persona-
falavam a respeito dele como de uma só pessoa. “E lidade. Jesus não era duas pessoas, nem tampouco
eu deu-lhes a glória que a mim me deste, para que tinha uma personalidade dupla. Ele era uma Pessoa,
sejam um, como nós somos um” (Jo 17.22). “Nisto mas dotada de duas naturezas: uma divina, e outra
16 16 - Nível Bacharel
Nível Bacharel
Curso Teológico -Maranata
humana. Como sabemos, o Verbo uniu-se com a hu- Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes
manidade pela encarnação. A personalidade humana que o mundo existisse” (Jo 17.5).
só começou a existir quando a natureza humana co- Constitui também na submissão do Verbo ao Espírito Santo.
meçou a ser uma pessoa. E esta natureza humana “Até o dia em que foi recebido em cima, depois de ter dado man-
crescia junto com a natureza divina. Nunca houve, damento pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera” (At 1.2).
portanto, duas personalidades em Cristo Jesus. “Enquanto a Jesus de Nazaré, como Deus, o ungiu com o Espírito
e) O efeito da natureza divina sobre a humana. A união Santo e com virtude...” (At 10.38). “Quanto mais o sangue de Cristo,
da natureza divina com a humana fez com que esta que, pelo Espírito Eterno, se ofereceu a si mesmo...” (Hb 9.14).
participasse dos poderes e glória daquela. Isto é, quan- “Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto...” (Mt 4.1).
do Jesus estava aqui na Terra, tinha poderes que não A humilhação consistiu também em Jesus deixar de usar
pertenciam aos homens em geral. Convém notar, po- dos poderes que lhe eram garantidos por sua natureza divina. “E
rém, que ele nem sempre usou destes poderes. A pri- disse-lhe o diabo: Se tu és o Filho de Deus, dize a esta pedra que se
meira tentação foi neste sentido, isto é, o tentador quis transforme em pão. E Jesus lhe respondeu, dizendo: Escrito esta que
induzir Jesus a prevalecer-se desses poderes sobre-hu- nem só de pão viverá o homem, mas de toda Palavra de Deus” (Lc
manos para o seu próprio proveito. Naquela ocasião 4.3,4). “Ou pensas tu que não poderia eu agora orar a meu Pai, e ele
Jesus recusou-se a fazer tal coisa, mas, quando tinha não me daria mais de doze legiões de anjos?” (Mt 26.53).
diante de si a multidão faminta, usou os seus poderes,
multiplicando os pães e os peixes para alimentá-la.
4.3. Épocas da humilhação de Jesus
f) O efeito da natureza humana sobre a divina. Quando a
natureza divina uniu-se com a humana, tornou-se então, a) A primeira foi quando o Verbo preexistente se fez carne;
possível a Jesus Cristo padecer, sofrer e até morrer. b) A segunda foi durante o tempo da sua submissão ao
g) A necessidade da encarnação. A encarnação era neces- Espírito e às leis humanas;
sária para que se estabelecesse a reconciliação entre c) A terceira foi por ocasião da sua morte no Calvário
o homem e Deus. “Pelo que convinha que em tudo
fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e 4.4. O estado exaltação
fiel sumo sacerdote nas coisas que são para com Deus,
para expiar os pecados do povo. Porque naquilo que Épocas de sua exaltação. Depois da sua morte, Jesus voltou
ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos para a destra do Pai, recebeu novamente aquela glória que tinha
que são tentados” (Hb 2.17,18). antes que o mundo existisse, e entrou em pleno uso daqueles po-
h) A eternidade da união. Encontramos na Bíblia ensinos deres que tivera antes do período da sua humilhação. (At 7.55).
de que a união da natureza humana com a divina é
eterna e indissolúvel. Quando o Verbo uniu-se à carne,
uniu-se de uma vez para sempre. (Hb 7.24-28). 5. Jesus Cristo possui os nomes e
títulos de Deus
4. Os dois estados de Jesus O argumento mais forte acerca da divindade de Cristo
foi o que mais enraiveceu seus contemporâneos. Ele conferiu
para si os nomes e títulos dados a Deus no Antigo Testamento
4.1. O estado de humilhação e também permitiu que outros assim o chamassem. Quando
Jesus reivindicou esses títulos divinos, os principais dos judeus
A passagem mais importante sobre este assunto é a se-
ficaram tão irados que tentaram matá-lo por blasfêmia. As
guinte: “O qual, sendo em forma de Deus, não teve por usurpa-
autoridades judaicas não tinham dúvidas: aquele professor
ção ser igual a Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a
galileu afirmava ser o Deus Todo-poderoso.
forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado
Pode-se objetar que o fato de Jesus reivindicar esses
em forma como homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obe-
diente até a morte, e morte de cruz” (Fp 2.6-8). nomes e títulos divinos não o igualavam a Deus. Muitas pes-
soas tem um mesmo nome e título: um indivíduo pode ser um
homem, um marido, um amigo e um gerente de vendas ao
4.2. A humilhação de Cristo caracterizada
mesmo tempo. Alguns nomes e títulos, porém, são exclusivos
O Verbo preexistente fez-se homem, deixando a sua gló- e só podem ser usados por uma única pessoa. Por exemplo, só
ria divina para tomar o lugar de servo. “E agora glorifica-me tu, ó pode haver um Presidente do Brasil em cada mandato. Vários
Cristologia 17
dos nomes e títulos que a Bíblia usa para Jesus são dignos de Seguem-se onze exemplos do Novo Testamento onde
uma única pessoa: a saber, Deus. Cristo é chamado de Deus.
1. Em Hebreus 1, onde é apresentada a supremacia de
5.1. IAVÉ (Jeová) Cristo sobre os Anjos e Profetas, o escritor diz: “Mas,
acerca do Filho: o Teu trono, ó Deus (Theos) é para
Jesus reivindicou para si o nome de Deus mais respei- todo o sempre”. Hb 1.8, citado acima, é uma men-
tado pelos judeus, tido como tão sagrado que eles nem sequer ção direta do Salmo 45.6, 7, onde o termo “Deus”
o pronunciavam: Y H W H (hoje frequentemente pronunciado remete de fato a Deus.
como Iavé ou Jeová). 2. Pedro chamou Cristo de “Deus” (Theos). Ele escreveu:
Deus revelou pela primeira vez o significado deste “Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo... na jus-
nome ao seu povo em Ex 3, depois de Moisés haver lhe per-
tiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 1.1 ).
guntado por qual nome deveria chamá-lo, o Senhor respon-
3. A mesma construção foi usada também por Paulo, ao
deu: “EU SOU O QUE SOU ...Assim dirás aos filhos de Israel:
instruir Tito para que esperasse “A manifestação da
EU SOU me enviou a vós outros” (Ex 3.13,14).
glória do nosso Deus e Salvador Cristo” (Tito 2.13 ).
EU SOU não é tradução de Y H W H. Todavia, trata-se de
4. Tomé que duvidou da ressurreição, disse “Se eu não
um derivado do verbo “ser”, do qual também deriva o nome di-
vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser
vino IAVÉ (YHWH) em Ex 3.15. Portanto, o título ‘EU SOU O QUE
o meu dedo, e não puser a minha mão no seu lado,
SOU’ indicado por Deus a Moisés é a expressão mais plena de
de modo algum acreditarei” (Jo 20.25). Quando
seu ser eterno abreviada no v. 15 para um nome divino Y H W
Jesus apareceu a Tomé, replicou: “Põe aqui o teu
H. A Septuaginta, versão grega do Antigo Testamento hebraico,
dedo e vê as minhas mãos ; chega também a tua
traduziu o primeiro uso da expressão EU SOU em Ex 3.14 por
mão e põe no meu lado; não sejas incrédulo, mas
EGO EIMI (O grego era a língua falada nos dias de Jesus, sendo
crente” (v. 27). Tomé replicou: “Senhor meu e Deus
o idioma em que o Novo Testamento foi escrito).
meu! (Theos)” (v.28). Inexiste a possibilidade de se
Nos dias de Jesus, a forma enfática “eu sou” (Ego
supor que as palavras de Tomé não fossem dirigidas
Eimi) em grego era então o equivalente do hebraico Iavé.
a Jesus. Tomé usou os dois títulos a fim de expres-
Dependendo do contexto, podia ser uma maneira imperiosa
sar sua compreensão da divindade e soberania de
de dizer: “EU SOU” (Como em João 9.9), ou podia designar o
Cristo. Jesus não o censurou por blasfêmia; pelo
próprio Deus, o eterno EU SOU.
contrário, aceitou os títulos da divindade.
Em várias ocasiões Jesus empregou o termo ‘ego eimi’
5. Atos 2.36 diz: “Deus o (Jesus) fez Senhor e Cristo “. O
referindo-se a si mesmo, na forma unicamente usada para Deus.
v.39 fala de Deus como “O Senhor nosso Deus”: por-
O exemplo mais nítido é aquele em que os judeus disseram a
tanto, Cristo é Senhor (v. 36), é também Deus (v. 39)
Jesus: “‘Ainda não tens cinquenta anos, e viste a Abraão?’ Jesus
6. At 16.31 e 34 se referem à crença no Senhor Jesus
respondeu-lhes: ‘Em verdade, em verdade eu vos digo: antes
como fé em Deus.
que Abraão existisse, EU SOU’ (grego: Ego Eimi). Então pega-
7. Ap 7.10-12,17 diz: “E clamavam em grande voz, di-
ram em pedras para atirarem nele” (Jo 8.8, 57-59). Os judeus
zendo: Ao nosso Deus que se assenta no trono, e
quiseram matá-lo pela sua presunção em declarar-se divino. O
ao Cordeiro, a salvação. Todos os anjos estavam de
Antigo Testamento era claro. O castigo prescrito para a blasfê-
pé rodeando o trono, os anciãos e os quatro seres
mia era apedrejamento até a morte (Lv 24.16).
viventes, e, ante o trono se prostraram sobre os seus
Os escritores do Novo Testamento, convencidos de que
Jesus era Deus, não viram dificuldades em atribuir-lhe passa- rostos e adoraram a Deus, dizendo: Amém. O louvor
gens do Antigo Testamento que se referiam a YHWH (Jeová). e a glória, e a sabedoria, e as ações de graça, e a
Ex.: Marcos, ao citar Is 40.03. Paulo citou Jl 2.32 em Rm 10.13; honra, e o poder, e a força sejam ao nosso Deus pe-
Pedro citou o mesmo versículo de Jl em Atos 2.21. los séculos dos séculos. Amém... pois o Cordeiro que
se encontra no meio do trono os apascentará e os
guiará para as fontes das águas da vida. E Deus lhes
5.2. Deus
enxugará dos olhos toda a lágrima”. Note que no
A palavra grega traduzida centenas de vezes no Novo v.10 é Deus que está sentado no trono, e no v.17 é o
Testamento por “Deus” é “Theos”, correspondendo ao hebraico Cordeiro (Jesus) que se encontra no meio do trono.
Elohim no Antigo Testamento. Jesus é chamado por esse nome 8. Em At 18, “O caminho do Senhor... a respeito de Jesus”
várias vezes, para diferenciá-lo dos falsos deuses. (v. 25) é o mesmo que “caminho de Deus” (v.26).
18 18 - Nível Bacharel
Nível Bacharel
Curso Teológico -Maranata
9. Outro nome para o Messias era ‘Emanuel’ (Is 7.14), Ap 22.12-16: “E eis que venho sem demora... Eu
que traduzido literalmente significa “Deus conos- sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último, o prin-
co”. Em Mt 1.23 este título é claramente atribuído cípio e o fim... Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos
a Jesus: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz testificar estas coisas...”.
um filho, e ele será chamado pelo nome Emanuel As passagens acima reivindicam claramente a divinda-
(que quer dizer Deus conosco). de de Cristo. Não podem haver dois primeiros e dois últimos,
10. Is 9.6 contém a profecia: “Porque um menino nos nas- dois alfas e dois ômegas.
ceu, um filho se nos deu: o governo está sobre seus om-
bros: e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus 5.4. Senhor
Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”. Esta profecia
referente a Jesus, o Messias, indica que um de seus no- O título ‘Senhor’ é usado livremente em ambos os
mes seria “Deus Forte” ou El GIBBOR em hebraico. Testamentos referindo-se a Deus e a Jesus. No Antigo Testamento,
11. Jo 1.1,14 diz: “No princípio era o Verbo, e o Verbo a palavra hebraica para Senhor é Adonai. Na Septuaginta e no
estava com Deus, e o Verbo era Deus (Theos)... e o Novo Testamento, o termo traduzido por “Senhor” é Kúrios. Tanto
Verbo se fez carne, e habitou entre nós”. Não existe Adonai como Kúrios eram usados para Deus pelos judeus.
passagem mais usada nem mais controvertida sobre Kúrios tinha dois sentidos no Novo Testamento, um co-
a divindade de Cristo do que esta de Jo 1.1. Há pouca mum e outro sagrado. O uso comum ocorria numa saudação
dúvida de que o Verbo se refere a Jesus, já que o v. amável significando “Senhor” ou “mestre”. O sentido sagra-
14 diz : “e o Verbo se fez carne, e habitou entre nós”. do implicava divindade.
Os versículos 1 e 14 pregam literalmente a divindade Existem diversos exemplos bíblicos onde Jesus é nitidamente
de Cristo, declarando que o Verbo estava “com Deus”, chamado “Senhor” no sentido sagrado. Paulo, por exemplo, escre-
“era Deus” e “se fez carne”. veu: “Ninguém, que fala pelo Espírito de Deus... pode dizer: Senhor
Jesus! senão pelo Espírito Santo” (I Co 12.3).
5.3. Alfa e ômega: O Primeiro e Último Exemplos de orações feitas à Jesus no céu, como Senhor:
1. Em At 7. 59-60, Estevão invoca a Jesus como Senhor.
Os termos Alfa e Ômega constituem uma descrição 2. Em I Co 1.2 Paulo escreve aos “santos”... “Que em
bela e reverente de Deus. Muito antes de as estrelas encherem todo lugar invocam o nome do nosso Senhor Jesus
os céus e o nosso universo existir, Deus era. Ele é eterno. Gn Cristo, Senhor deles e nosso”.
1.1 diz: “No princípio Deus...” Só Deus merece os títulos Alfa 3. E ainda: II Co 12.8-9; I Jo 5.13-15; II Co 4.4-5; At 8.24.
(o primeiro) e Ômega (o último). Pedro e Paulo, cada um por sua vez, declaram que Jesus
Esses nomes expressam, portanto, a natureza externa de é o Senhor de todos (At 10.36; Rm 10.12). Paulo disse ainda:
Deus. Ele é a fonte e o destino de toda criação. Nenhum ser criado “... Porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o
teria o direito de afirmar ser o primeiro e último de tudo que existe. Senhor da Glória” (I Co 2.8). Quem é o Senhor da glória? O Salmo
Jesus e Deus são chamados de Alfa e Ômega, o primei- 24.10 afirma que “o Senhor (YHWH) dos Exércitos, ele é o rei da
ro e último, na Bíblia: glória”. Veja também o Salmo 96.7,8.
Is 41.4: “Eu sou, o Senhor (Iavé), o primeiro, e com os Compare-se ainda Is 42.22-24 com Fp 2.10-11). E ain-
últimos eu mesmo”. da Ex 31.13-17 com Mt 12.8.
Is 48.12: “Eu sou o mesmo, sou o primeiro, e também
o último”. 5.5. Salvador
Ap 1.8: “Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, aquele
que é, que era e que há de vir, o todo-poderoso”. O Deus do Antigo Testamento afirmou indiscutivelmente
Ap 21.6, 7: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o que só ele é o salvador. “Eu, eu sou o Senhor (Iavé) e fora de
fim, Eu, a quem tem sede darei de graça da fonte da mim não há salvador” (Is 43.11). As Escrituras, porém, declaram
água da vida. O vencedor herdará estas coisas, e lhe explicitamente que Jesus também é salvador.
serei Deus e ele me será filho”. Compare os versículos aqui mencionados a seguir e concor-
Ap 1.17-18: “Eu sou o primeiro (Protos) e o último demos: Is 43.3; Mt 1.21; I Tm 4.10; Jo 4.42; Lc 1.47; Lc 2.11.
(Eschatos), e aquele que vive; estive morto, mas eis Paulo disse a Tito para aguardar a bendita esperança, “a
que estou vivo pelos séculos dos séculos...” manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo
Ap 2.8: “Ao anjo da igreja em Esmirna escreve: ... o pri- Jesus” (Tt 2.13). O contexto deste versículo é importante. Num
meiro e o último, que esteve morto e tornou a viver”. espaço de doze versículos, Paulo emprega os nomes: “Deus, nos-
Cristologia 19
so Salvador”, e: “Jesus, nosso Salvador”, quatro vezes alternada- A passagem inteira (Jo 5.17-30) constitui uma das decla-
mente (Tt 2.10,13; 3.4,6). rações mais consistentes sobre a divindade de Cristo de toda a
Bíblia. Jesus é aquele que irá “julgar os vivos e os mortos”. Assim
5.6. Rei sendo, Jesus e Iavé apresentam-se com um único Juiz.
céus, para encher todas as coisas” (Ef 4.10). Cristo garantiu a 6.5. Eternidade
seus discípulos: “Porque onde estiverem dois ou três reunidos
em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18.20). O Deus da Bíblia é eterno. Ele não teve um “come-
ço” como os testemunhas de Jeová e os membros caminhos
Internacional afirmam (incluindo-se, num certo sentido, tam-
6.2. Onisciência
bém os mórmons ) .
Quando dizemos que Deus é onisciente, estamos reco- Ao predizer o nascimento de Jesus. O Messias, o profeta
nhecendo que sua capacidade intelectual é ilimitada. Ele sabe Miquéias disse: “Cujas origens são desde os tempos antigos, des-
tudo que pode ser conhecido, real ou latente por ser conheci- de os dias da eternidade” (Miquéias 5.2). Isaías, falando também
do, por toda a eternidade. do nascimento de Cristo, declarou que, entre outras designações,
O Novo Testamento descreve Cristo como um ser pleno a criança seria chamada “PAI DA ETERNIDADE” (Is 9.6). Jesus
de onisciência conhecimento de tudo - passado, presente e disse: “Antes que Abraão existisse, Eu existia...” Jesus foi mais
futuro. Em Jo 2.2-25 lemos que Jesus “conhecia a todos” e adiante, autonomizando-se o “EU SOU” eterno, onipresente.
“sabia o que era a natureza humana”. Os discípulos deram
este testemunho: “Agora vemos que sabes todas as coisas” 6.6. Imutabilidade
(Jo 21.17). Ratificando sua onisciência, a Bíblia diz que Cristo
A maioria dos dicionários define imutável como “não
sabia de antemão ‘quem o havia de trair (Jo 6.64).
sujeito a mudança”. Deus é imutável na sua pessoa. Embora
ele aja no tempo, e mude e estabeleça relacionamentos no
6.3. Onipotência tempo, a sua essência, que inclui seus atributos, jamais muda
As palavras hebraicas El Shaddai podem ser traduzidas (Ml 3.6; Tg 1.17; Sl 33.11; Is 46.9,10). Podemos confiar que ele
por “Deus Todo Poderoso”. Deus é onipotente ou todo-pode- nos amará eternamente e manterá suas promessas. Jesus atra-
roso. Os milagres de Cristo testificam seu poder sobre o mun- vessou evidentemente as fases do desenvolvimento humano,
do material, mas suas palavras e sua ressurreição proclamam mas manteve-se imutável no que diz respeito à sua natureza
autoridade e poder sobre toda criação. divina. As Escrituras declaram ousadamente que “Jesus Cristo
Vejamos alguns exemplos da onipotência de Cristo: ontem e hoje é o mesmo, e o será para sempre” (Hb 13.8).
. Poder para perdoar pecados (Mt 9.6); Jesus e o Pai são imutavelmente um só em essência.
. Todo poder nos céus e na terra (Mt 28.18); Vimos assim quantos versículos bíblicos revelam que
. Poder sobre a natureza (Lc 8.25); Jesus Cristo possui todos os atributos do Deus eterno.
. Poder sobre a sua própria vida (Jo 10.18);
. Poder para conceder vida eterna a outros (Jo 17.2);
7. Jesus Cristo possui a
6.4. Pré-existência autoridade de Deus
A autoridade de Deus em Jesus é vista quando Cristo
Outro atributo que Jesus e Deus compartilham é a pré-
reivindica o direito de ser adorado. Ele também proclamou
existência.
autoridade para ressuscitar a si mesmo, e falou com imensa
Muitas passagens bíblicas apoiam a existência de
autoridade, como o próprio Deus.
Jesus antes de seu nascimento aqui na terra, não como uma
simples noção da presciência de Deus, mas como realidade.
Jesus disse: “Vim do Pai e entrei no mundo; todavia
7.1. Recebeu adoração
deixo o mundo e vou para o Pai” (Jo 16.28). Muitas vezes Poucos assuntos são tratados na Bíblia com mais clareza
Jesus afirmou que fora enviado ao mundo, deixando implícita que o tema da adoração. Tanto o Antigo como o Novo Testamento
sua origem extraterrena (Jo 3.32-34; 4.34; 5. 23; 6.29). Ele enfatizam que só Deus deve receber culto. Jesus disse a Satanás:
disse a Nicodemos : “... Ora, ninguém subiu ao céu, senão “Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele darás culto” (Mt 4.10;
aquele que de lá desceu, a saber ,o Filho do Homem”(Jo 3.13). Lc 4.8). Nenhum homem ou anjo deve ser adorado (Mt 4.10; Ap
E ainda: O Autor de Hebreus admitiu a pré-existência de Cristo 19.20.8,9). Deus não dá sua “glória” a outrem (Is 42.8).
quando escreveu que Moisés considera “o opróbrio de Cristo O Novo Testamento emprega uma palavra especial
por riquezas do que os tesouros do Egito” (Hb 11.26). para o ato de adorar, o termo grego ‘proskuneo’. Foi essa pa-
lavra usada por Jesus ao ordenar a Satanás que adorasse só
a Deus: ela é empregada mais do que qualquer outro termo
22 22 - Nível Bacharel
Nível Bacharel
Curso Teológico -Maranata
para se descrever a adoração prestada a Deus (Jo 4.24; Ap Esse trecho de Filipenses também ensina que Jesus
5.14; 7.11; 11.16 etc.). “existia” em duas formas: como Deus (v.6) e depois como servo
Depois de Jesus ter curado um homem, este exclamou: “Creio (v.7), tornando-se em semelhança de homem. O fato de Paulo
Senhor: e o adorou” (pretérito perfeito de proskuneo) (Jo 9.38). A ter mencionado que Jesus foi reconhecido em figura humana,
mesma palavra grega é usada em Mt 14.33, quando os discípulos indica tratar-se de algo inesperado - Deus tornou-se homem.
adoraram Jesus depois de vê-lo andar por sobre a água. Em outra A palavra “usurpação” não implica que Jesus estava tentando
ocasião, quando os discípulos viram Jesus depois da ressurreição, igualar-se a Deus, mas sim que era igual. Ele não se agarrou ou
Jesus foi adorado. Em todas essas circunstâncias, o mesmo Jesus que se apegou às suas prerrogativas divinas enquanto se achava
censurava Satanás por tentá-lo a adorar erradamente, não se retraiu na terra. Jesus viveu na terra pelo poder do Pai. Deus Filho, em
horrorizado porque “só Deus deve receber culto”. Em vez disso, ele submissão ( por ordem e não por natureza) a Deus Pai, tor-
recebeu a adoração como um direito seu. nou-se homem; assumiu uma segunda natureza real, natureza
humana, e depois realizou voluntariamente o ato supremo de
7.2. Teve autoridade para ressuscitar a si mesmo submissão: o auto-sacrifício pelos pecados do mundo.
O fato de Jesus ter assumido a forma humana na encar-
Embora Jesus estivesse sujeito à morte como homem, ele nação permitiu que Deus fosse visto no sentido mais plano possí-
reivindicou o poder e a autoridade para ressuscitar a si mesmo, vel neste mundo. Em Jesus Cristo, o Deus-homem contemplamos
os quais pertenciam exclusivamente a Deus. Alguns poderiam “a glória como do unigênito do Pai” (Jo 1.14). Outras passagens,
perguntar: “Se Jesus Cristo é Deus, como ele pôde ressuscitar porém, dizem: “Porquanto homem nenhum pode ver a minha
a si mesmo?”. Em Jo 2.19, Jesus disse: “Destruí este santuário face, e viverá”; ninguém jamais viu a Deus; “A quem homem al-
(referindo-se ao seu corpo - v. 21), e em três dias o reconstrui- gum jamais viu, nem é capaz de ver” (referindo-se a Deus). (Ex
rei”. Em relação à sua vida, ele disse: “Tenho autoridade para a 33.20; João 1.18; I Tm 6.16 ; João 4.12; etc.)
entregar e também para reavê-la” (Jo 10.18). Ninguém poderia ver a totalidade de Deus em todo o
seu poder e esplendor e viver, isto é verdade. Só a presença
7.3. Falava como Deus dos seres angelicais já fazia com que os indivíduos piedosos
Jesus não só reivindicou os nomes, títulos e atributos sentissem grande temor e reverência, quando quase a ponto
de Deus, recebeu adoração e alegou possuir autoridade para de morrerem (Dn 10.5-11).
ressuscitar a si mesmo, mas também disse coisas que cabiam Deus, todavia, foi “visto”. Quando Moisés pediu para ver
somente a Deus. Certa vez, quando os fariseus enviaram sol- a Deus, este respondeu: “Homem nenhum verá a minha face e
dados para prendê-lo , estes voltaram de mãos vazias. Quando viverá”. Mas prosseguiu dizendo que colocaria Moisés na fenda
lhes perguntaram por que não o haviam prendido, tudo o que da rocha e poria sobre ele a sua mão. A seguir, a sua “glória”
puderam responder foi: “Jamais alguém falou como este ho- passaria. Depois de passar a sua “glória”, disse Deus: “Em ti-
mem” (Jo 7.46). Era verdade, ALELUIA! rando eu a mão, tu me verás pelas costas; mas a minha face
não a verás” (Êxodo 33.23). Moisés viu então, embora apenas
até onde era permissível. Existem também outras ocasiões em
7.4. Deus tornou-se homem em Jesus Cristo
que Deus foi “visto”. Depois de Jacó ter lutado com um “ho-
Na encarnação, Jesus decidiu voluntariamente colocar- mem”, uma manifestação física de Deus, pois a Bíblia diz que
se sob a autoridade do Pai. Ele não fez isso por necessidade, mas ele “lutara com Deus” (Gn 32.28, compare com Os 12.3,4). Jacó
por escolha, como parte do plano de Deus. Paulo explica-o em disse : “Vi a Deus face a face, e a minha vida está salva” (Gn
Fp 2.5-8: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve tam- 32.3). Moisés, Arão, Nadabe e Abiú juntamente com setenta an-
bém em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus não ciãos de Israel, “viram o Deus de Israel... eles viram a Deus” (Ex
julgou por usurpação o ser igual a Deus: antes a si mesmo se 24.9-11). O pai de Sansão exclamou: “Certamente morreremos,
esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em seme- porque vimos a Deus” (Jz 13.22). Depois de uma visão celestial
lhança de homens: e, reconhecido em figura humana, a si mes- de Deus, Isaías disse: “Eu vi o Senhor... Meus olhos viram o Rei,
mo se humilhou, tornando-se obediente até à morte de cruz”. o Senhor dos Exércitos” (Is 6.1-3,5).
A declaração de que Jesus abriu mão de sua igualdade com A Bíblia sugere, então, que seres humanos não podem
Deus Pai supõe que ele ocupava tal posição. (A palavra gre- ver a glória e o poder de Jesus Cristo. Jesus disse que ver a ele
ga para “igual” deriva de isos, o mesmo termo usado como era o mesmo que ver a Deus (Jo 12.45; 14.5-9). Cl 1.15 decla-
prefixo do vocábulo isósceles, que em geometria designa o ra que Cristo é a “imagem do Deus invisível”. O escritor de
triângulo que possui dois lados iguais). Hebreus disse que Cristo é o “Esplendor da glória (do Pai) e a
Cristologia 23
expressão exata do seu Ser” (Hb 1.3). No texto original grego, Filho de Davi. Neste caso (Huios) de Davi é geralmente
o sentido aqui é de “reprodução exata”, um termo mais forte interpretado como uma figura, porque Jesus não descendia
do que o de Cl 1.15. diretamente da primeira geração de Davi (Veja Mt 22.40-45).
Todavia, pode também significar que Jesus é um descendente
7.5. Jesus Cristo como Filho e herdeiro de Davi.
Filho do homem. O termo filho do homem é distintamente
A palavra ‘filho’ na Bíblia é usada de várias maneiras, genéri- judaico. Um indivíduo podia ser chamado de “filho do homem”.
cas ou figuradamente. No grego, duas palavras foram traduzidas por O profeta Ezequiel foi mencionado por esse título noventa e nove
“filho”: Teknon e Huios. Teknon, o equivalente grego de filho para vezes. A expressão adquiriu teor messiânico em Dn 7.13,14.
nós, veio de uma raiz ligada a parto e pode ser traduzido por filho, O uso feito por Cristo desse título percorre duas linhas
filha, ou criança. O outro termo grego, Huios, também pode ser em- de pensamento. Primeira, “filho do homem” revela uma figura
pregado literalmente; mas, como indica a Exaustive Concordance de divina (Mt 9.6; Mc 2.10; Lc 5.24...). Segunda, o emprego “filho
Strong, era “usado em grande parte para o parentesco imediato ou do homem” revela uma figura humana (Mt 11.29; Mc 8,31).
figurado”. A palavra filho foi empregada para Jesus em pelo menos Filho de Deus. Chegamos agora à denominação: “Filho
quatro sentidos: filho de Maria, filho de Davi, filho do homem e filho de Deus”. Como entendê-la? O fato de Jesus Cristo ser o filho de
de Deus. Esses quatro termos descrevem a relação natureza de Jesus Deus é essencial para a doutrina da encarnação. Jesus é o filho
com o Pai e com a humanidade. de Deus na Escritura. O Pai não se tornou homem. O Espírito não
Filho de Maria, segundo a natureza humana de Jesus, se tornou homem. O termo filho (Huios) de Deus pode ser usado
Maria era sua mãe. para inferir a plena divindade de Cristo, assim como o termo “fi-
lho do homem” implicava sua plena humanidade.
03
Antropologia
Antropologia 25
B) Alguns textos da Bíblia mostram que nosso espírito possui b) A consciência refletida
a função da consciência (não dizemos que o espírito é a
Nos obriga a voltar deliberadamente aos estados psí-
consciência), a função da intuição (ou sentido espiritual), e a
quicos, a fim de observá-los. A consciência deve ser regida
função da comunhão (ou adoração). Observemos cada função.
pelo princípio da moral e esboçar em nós o dever de conhecer-
nos a nós mesmos.
I) A função da consciência:
c) a influência da consciência
a) endurecer o espírito (Dt 2.30)
b) quebrantar o espírito (Sl 34.18) 1º) testifica ao homem (Rm 2.15)
c) renovar o espírito (Sl 51.10) 2º) acusa do pecado (Mt 27.3)
d) sentimento do espírito (Jo 11.33) 3º) o sangue de Jesus nos purifica da má consciência (Hb 9.14)
e) amargura de espírito (At 17.16) 4º) a consciência dos santos devem ser pura (Hb 13.18)
maneira que possa ser atraente, sobre a vida dos O homem foi criado à semelhança de Deus. Foi feito
homens ilustres e a vida dos santos. como Deus em caráter e personalidade. Em todas as escrituras
3º) No intelecto – cumpre também para fazer a memó- o ideal do alvo exposto diante do homem é de ser semelhante
ria dar todo o seu rendimento: visual, palavras lidas, a Deus (Lv 19.2; Mt 5.45-48; Ef 5.1) e ser como Deus significa
auditivo, imagens evocadas e gestos. ser como Cristo, que é a imagem do Deus invisível.
Consideremos alguns dos elementos que constituem a
imagem de Deus (divina) no homem:
5. O corpo do homem
I) Parentesco com Deus
O homem, através de corpo, não só é Senhor de si mesmo
como também graças a ele torna-se Senhor do mundo. Assim o A relação de Deus com as primeiras criaturas viventes
corpo torna-se um dos componentes fundamentais do existir, do consistia em essas, de maneira inflexível, obedecerem aos instin-
viver, do conhecer, do desejar, do fazer, do ter, etc., ou seja, doi tos implantados pelo criador, mas a vida que inspirou ao homem
criado por Deus como elemento essencial do homem. Sem ele, o foi resultado verdadeiro da personalidade de Deus. O homem, na
homem não poderá realizar as seguintes coisas: alimentar, repro- verdade, tem um corpo feito de pó da terra, mas Deus soprou nas
duzir, aprender, comunicar, divertir, trabalhar, adorar, etc. narinas o sopro de vida (Gn 2.7).
É mediante o corpo que o homem é um ser social. Dessa maneira dotou-o de uma natureza capaz de co-
Mediante o corpo do homem é um ser religioso e, por meio nhecer e servir a Deus. Por causa desta imagem divina todos
dele, suas obras ser um dia aprovadas ou reprovadas diante os homens são por criação, filhos de Deus.
de Deus (I Co 5.10) Mas, desde que essa imagem foi manchada pelo pecado,
O corpo do homem é o templo de Deus (I Co 3.16). os homens devem ser recriados ou nascidos de novo (Ef 4.24)
Por dentro está a alma do homem, que constitui a sua vida para que em realidade sejam filhos de Deus.
interior e inclui sua emoção, vontade e mente no mais interior, Um erodido da língua grega aponta o fato de uma das
além do véu, jaz o santo dos santos, no qual nenhuma luz hu- palavras gregas traduzidas por homem (anthropos) ser uma
mana jamais entrou e olho humano algum jamais penetrou. combinação de palavras, significando literalmente: “aquele
Ele é o esconderijo do altíssimo, a habitação de Deus. que olha para cima”.
Ele é o espírito do homem. O corpo é comparado ao atrito ex-
terior, claramente visível a todos. O corpo propriamente dito, II) Caráter moral
que é formado de pó da terra tem em si variados elementos O reconhecimento do bem e do mal pertence ao ho-
específicos que compõem a substância do universo físico. mem, somente ele pode discernir o bem do mal. Um animal
a) Nomes do corpo pode-se ensinar a não fazer certas coisas, porque estas coisas
são contrárias à vontade de seu dono e não porque o animal
I) Casa ou tabernáculo (II Co 5.1). É a tenda na qual a alma saiba o que é corretas ou erradas.
do homem, qual peregrina mora durante sua via- Os animais na possuem natureza religiosa ou moral
gem do tempo para a eternidade. A morte desarma e assim, não são capazes de serem instruídos nas verdades
a barraca e a alma parte (Is 38.12; II Pd 1.13,14) concernentes a Deus e a moral.
II) Invólucro (Dn 7.15). O corpo é a bainha da alma, a morte
é o desembainhar a espada. III) Razão
III) Templo. É um lugar consagrado pela presença de Deus,
O animal é meramente uma criatura da natureza, o
um lugar onde a onipresença de Deus é localizada
homem é o Senhor da natureza. Ele é capaz de refletir sobre si
(I Rs 8.27,28)
próprio e arrazoar a respeito das causas e das coisas.
O corpo de Cristo foi um templo (Jo 2.21), porque Deus estava
Pensem nas invenções maravilhosas que surgiram da
nele (II Co 5.19). Quando Deus entra em relação espiritual com uma
mente do homem. O relógio, o microscópio, o computador, o
pessoa o corpo torna-se um templo do Espírito Santo (I Co 6.19)
telégrafo, etc, etc... E outras numerosas maravilhas que são
demais para se mencionarem.
6. A imagem de Deus no homem IV) Capacidade para a imortalidade
“Façamos o homem a nossa imagem, conforme a nossa A existência da árvore da vida no jardim do Édem in-
semelhança” (Gn 5.1; Ec 7.29; At 17.26,28,29; I Co 11.7; Tg 3.9). dica que o homem nunca teria morrido se não tivesse deso-
28 28 - Nível Bacharel
Nível Bacharel
Curso Teológico -Maranata
bedecido a Deus. Mas Cristo veio ao mundo para colocar o forças da natureza uma contra as outras, mandava os ventos
alimento da vida ao nosso alcance para que não pereçamos, ajudá-los a enfrentar o mar.
mas vivamos para sempre. Se é tão maravilhoso o domínio do homem sobre a
natureza externa e inanimada, mais maravilhoso ainda é o
V) Domínio sobre a terra domínio sobre a natureza animada.
O homem foi designado para ser a imagem de Deus Veja o falcão treinado a derribar a presa aos pés do
com respeito à soberania e, como ninguém pode ser monarca seu dono e voltar quando os grandes espaços o convidam à
sem súdito e sem reino, Deus deu-lhe um “império” como um liberdade. Vejam o cão usar a velocidade a serviço do dono,
“povo” Deus os abençoou e lhe disse: “frutificai, multiplicai- tomar a presa que não será sua. Vejam o camelo transportar
vos, enchei a terra e sujeita-a; dominai sobre os peixes do mar, homem através de um deserto.
sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam Tudo isso nos mostra a capacidade criadora do homem
sobre a terra” (Gn 2.28; Sl 8.5-8). e a sua semelhança com Deus o seu criador.
Em virtude dos poderes implícitos em ser o homem for- A queda do homem na perda e desfiguramento da
mado à imagem de Deus, todos os seres viventes sobre a terra imagem divina. Isto não quer dizer que os poderes mentais e
estavam entregues nas criaturas que o rodeava. psíquicos (a alma) foram perdidos, mas que a inocência origi-
O homem tem enchido a terra com suas produções. nal e a integridade moral nas quais foi criado, nas quais foram
É um privilégio especial do homem em subjugar o poder da criadas, foram perdidas por sua desobediência.
natureza à sua própria vontade. Ele obrigou o relâmpago a ser Portanto, o homem é absolutamente incapaz de salvar-
o seu mensageiro, tem circundado o globo, subindo até as nu- se a si mesmo e está sem esperança a não ser por um ato de
vens e penetrando as profundezas do mar. Ele tem jogado as graça que lhe restaure a imagem divina.
04
Soteriologia
30 30 - Nível Bacharel
Nível Bacharel
Curso Teológico -Maranata
ção de toda a culpa e castigo. Isto acontece devido ao fato de como condição de o homem obter a vida eterna, e como o ho-
que a justificação não se pode repetir. mem jamais foi capaz de cumprir inteiramente com as exigên-
cias divinas neste sentido, em vez de abolir a lei, Deus enviou
O elemento positivo Jesus Cristo para cumpri-la por nós. Deste modo, por meio de
Jesus Cristo, “Todo o que crê é justificado de todas as coisas das
O elemento positivo da justificação se distingue em duas
quais vós não pudestes ser justificados pela lei de Moisés”.
partes: a) a adoção de filhos; e b) o direito à vida eterna.
Pelo processo da justificação Deus adota o crente Um novo relacionamento com Deus
como seu filho, conferindo-lhe todas as regalias decorrentes
Mediante a justificação, a separação existente entre Deus
dessa filiação. Essa filiação por adoção deve ser distinguida
e o homem por causa do pecado, é abolida através de Jesus
da filiação moral dos crentes que resulta da regeneração e
Cristo, e transformada em “paz com Deus”. A ira de Deus é tra-
santificação. Deste modo os crentes são filhos de Deus, não
duzida em benignidade, legal e completamente.
apenas em decorrência da adoção, e portanto, num sentido
“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus, por
jurídico, mas também em virtude do novo nascimento, e con-
meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Logo, muito mais agora, sendo
sequentemente num sentido espiritual.
justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira”.
Já o direito à vida eterna está virtualmente incluído no
elemento precedente. Quando os pecadores são adotados como Uma nova concepção da culpa pessoal
filhos de Deus, tomam posse de todos os direitos legais de filhos,
Mediante a justificação, o crente é uma pessoa livre do
e se tornam herdeiros de todas as bênçãos da salvação na vida
peso da culpa pessoal. No que pesem as lembranças dos peca-
presente, e além dessas recebem o direito à “herança incorruptí-
dos de outrora, e as acusações por parte do diabo, o crente se
vel, sem mácula, imarcescível, reservada no céu” para eles.
mantém confiante na provisão justificadora de Deus em seu
Obtenção e conservação da justificação favor a pessoa de Jesus Cristo. Deste modo “Quem intentará
acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica.
Os efeitos da justificação pela fé abrangem a totalidade Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu”.
da vida do crente. No passado, a fé justificou-o, libertando-o ini- Independentemente do pecado outrora cometido,
cialmente da condenação do pecado. No presente, a fé continua todo ele foi absolvido pela obra meritória de Jesus no calvá-
justificá-lo, libertando-o da prática do pecado. Na medida em que rio. “Quanto está longe o oriente do ocidente, assim afasta [o
ele continua na fé, a justificação do crente culminara na glorifica- Senhor] de nós as nossas transgressões”.
ção, libertando-o para sempre da presença do pecado.
“Desde o momento da conversão até o fim da vida Uma nova concepção do futuro
terrena, a justificação é sempre a mesma. O crente poderá
A justificação tem o duplo mérito de nos libertar tanto da
necessitar de perdão como o filho do pai, mas nunca mais culpa do passado quanto dos temores do futuro. Uma vez justi-
será considerado criminoso perante o juiz. A justificação é o ficado por Deus, o crente pode saber, nesse exato momento, que
ato de juiz; o perdão é ato de pai. A justificação abrange o é salvo. Ele não precisará esperar até a consumação dos séculos
passado, o presente e o futuro. A questão do pecado, entre a para ver se foi “suficientemente bom” para merecer a salvação.
alma e Deus, foi resolvida para sempre. É possível o crente ser O crente encara com confiança o futuro, sabendo que, a qual-
um filho desobediente, e assim necessitar da vara de castigo quer momento, poderá entrar na presença de Deus, purificado de
do pai, mas nunca mais pode ser considerado pecador perdido todos os seus pecados e vestido com as vestes da justiça do Cristo.
e sujeito à condenação do juiz”. “Afim de que, justificados por graça, nos tornemos
seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna”.
Os benefícios da justificação
“Porque me cobriu vestes de salvação, e me envolveu
A justificação não é uma experiência, é uma declaração le- com o mando da justiça”.
gal de justiça, só possível mediante um relacionamento com Cristo.
Esta declaração traz inúmeros benefícios à vida do crente justifica-
do, entre os quais se destacam os seguintes: 8. A regeneração
A regeneração é a obra sobrenatural e instantânea de
Um novo relacionamento com a lei
Deus que outorga nova vida ao pecador que aceita a Cristo como
A justificação concede ao crente uma nova posição em seu salvador pessoal. Através desse milagre, o pecador é ressusci-
relação à lei de Deus. Uma vez que a lei divina exigia obediência tado da morte (do pecado) para a vida (na justiça de Cristo).
Soteriologia 33
Esta nova vida é a natureza divina que passa a habi- “E o testemunho é este, que Deus nos deu a vida eter-
tar no crente, mediante o poder do Espírito Santo. Sem esta na; e esta vida está no seu Filho. Aquele que tem o Filho tem
miraculosa transformação espiritual, o pecador arrependido a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida.
permaneceria morto na sua natureza pecaminosa e incapaz Estas coisas vos escrevi, a fim de que tendes a vida eterna a
de conhecer a Deus num relacionamento pessoal. vós outros que credes em nome do Filho de Deus”.
filho; um novo membro da família, com plenos direitos sobre Aqueles que fazem parte da família de Deus participam
o patrimônio da família que a adotou. de um amor e solicitudes especiais uns para com os outros. É
A adoção espiritual é baseada neste mesmo princípio, exatamente este amor que comprava a realidade da nossa
se bem que a adoção divina é infinitamente mais abrangente adoção como filhos de Deus. “Nós sabemos que já passamos
no seu alcance e finalidade. Depois que o homem, que por da morte para a vida, porque amamos os irmãos; aquele que
natureza é filho da ira, crê em Cristo, é feito filho de Deus, e ama não permanece na morte. Nisto conhecerão todos que
passa a ter os direitos e privilégios inerentes àquela posição: sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros”.
o privilegio da filiação, de ser membro da família de Deus, e o
direito de ser herdeiro de Deus e co-herdeiro com Cristo. O crente como herdeiro do céu
Mediante a adoção divina, o crente não somente é ele-
O crente como filho de Deus vado à posição de participante de aristocracia do céu, como
O relacionamento filial do crente com Deus independe também torna-se herdeiro do maior patrimônio do universo:
do tempo. Não é uma esperança futura, mas um usufruto pre- “...somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e
sente. Quanto a isso escreve o apóstolo João: “Amados, agora co-herdeiros com Cristo”.
somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que have- Em contraste com as heranças terrestres que são entregues
mos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos ao herdeiro só quando o pai morre, o crente recebe a sua herança
semelhantes a ele, porque havemos de vê-lo como ele é”. em abundante vida. Além da herança recebida aqui como usufruto
Um dos privilégios que goza o filho de Deus diz respei- e antegozo, dentre outras coisas, Deus nos assegura: “Um reino
to à estreita comunhão que ele goza com o seu pai celestial. de glória... Uma pátria melhor, uma cidade... Uma coroa de glória...
Contrastando o relacionamento amoroso e filial que o crente Verão a sua face... Reinarão para sempre e sempre... Para uma heran-
goza com Deus, com a atitude de um escravo que treme de ça incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para
medo diante do seu Senhor, escreve o apóstolo Paulo: “Porque vós outros, que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé,
não recebestes o espírito da escravidão para viverdes outra para salvação preparada para revelar-se no último tempo”.
vez atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, base- São as imensuráveis riquezas de Cristo, o nosso “irmão
ados no qual chamamos: Aba Pai”. mais velho”, que nos fazem abundantemente ricos também. “Pois
A Bíblia ensina o crente a temer a Deus, mas numa conheceis a graça do Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre
atitude de respeito e reverência, e não de angústia e de medo. por amor de vós para que pela sua pobreza vos tornásseis ricos”.
O espírito de Cristo libertou o crente do medo servil de ser
castigado ou rejeitado por causa do menor erro que pudesse Bênçãos decorrentes da adoção
desagradar a seu Senhor. O crente deve saber que é filho e Dentre as incontáveis decorrentes da adoção divina,
não mero empregado de Deus.
através da qual somos feitos legítimos filhos de Deus, se des-
Como filho de Deus o crente deverá obedecer-lhe; su-
tacam as seguintes:
jeitar-se a orientação e disciplina do seu pai; ir à presença do
pai livre e desimpedidamente, tantas vezes deseje. Libertação da escravidão da lei
O crente como irmão de Jesus Cristo Ismael e Isaque não podiam viver sob o mesmo teto.
Ao adotar um crente como filho, Deus criou uma posi- Ismael era o filho da escrava, enquanto Isaque era filho da
ção de honra e dignidade anteriormente inexistente. Este fato esposa legítima. “E assim, irmãos, somos filhos não da escrava,
modificou toda a hierarquia do universo. Deste modo, apesar e, sim, da livre. Deus enviou seu filho... Para resgatar os que
de os anjos terem sido criados superiores ao homem, median- estavam sob a lei para que recebêssemos a adoção de filhos”.
te a provisão divina para a salvação e adoção do crente, este Esse lugar de adoção tira de nosso pescoço o jugo do qual diz
foi exaltado para dominar sobre os anjos. o apóstolo – “nem nossos pais puderam suportar, nem nós”. A
Hb 2.11 diz que Cristo não se envergonha de chamar adoção traz-nos a liberdade não de pecar, mas da filiação.
os crentes de “irmãos”. Ser chamado “filho de Deus” é em si
Libertação do medo
um privilégio difícil de entender, mas ser chamado “irmão de
Jesus Cristo” é quase além da imaginação. É um fato extre- Os filhos de Deus com frequência sofrem temores – o
mamente maravilhoso! temor de falhar, o medo do passado, do presente, do futuro;
Em Cristo, todos os crentes foram feitos irmãos uns e o medo de satanás, ou do homem, ou de si mesmo. Esses
dos outros. Jesus disse: “Porque um só é vosso mestre, e vós temores e medos não provêm de Deus, uma vez que “Deus
todos sois irmãos”. não nos tem dado o espírito de covardia”.
Soteriologia 35
A apropriação dos nossos direitos de doação nos livra- Aqui temos a santificação ao nível da experiência cris-
rá do temor. “Porque não recebestes o espírito da escravidão tã no cotidiano. Fala da assimilação da vontade de Deus pelo
para viverdes outra vez atemorizados, mas recebestes o espírito cristão no seu dia-a-dia.
de doação”. Há grande conforto e alívio ao nos lembrarmos Falando da santificação como uma realidade presente,
que podemos confiar no cuidado do pai celeste, uma vez que escreveu o apóstolo Paulo: “Não que já tenha alcançado, ou que
somos seus filhos pela fé em Jesus Cristo. seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui
Deste modo o medo é anulado para dar lugar à confiança filial. também preso por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo
que o haja alcançado; mais uma coisa faço, e é que, esquecendo-
Segurança e certeza me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão
diante de mim, prossigo para o alvo, pelo premio de soberana vo-
“O próprio espírito dá testemunho com o nosso espíri-
cação de Deus em Cristo Jesus”.
to, de que somos filhos de Deus”. Uma vez que o testemunho
A santificação como experiência presente fala do nos-
do Espírito Santo é um testemunho verdadeiro, então há gran-
de segurança e certeza no seu testemunho. so crescimento em Cristo, da maturidade da vida cristã e do
A exclamação ‘Aba Pai’ é coisa real, nascida do próprio es- progresso espiritual capaz de conduzir o crente a alcançar a
pírito de Deus. Isso nos liberta da incerteza no que diz respeito ao estatura de varão perfeito.
porvir, e também arrependimentos do passado, ao mesmo tempo
A santificação no futuro
em que leva a presente comunhão do Pai, a quem pertencemos.
“Mas chegastes ao monte de Sião, e à cidade do Deus vivo,
10. Santificação à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos; à universal
assembleia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus,
Santificação é a obra da graça pela qual o crente é e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados. E
separado do ego e da pecaminosidade interior, e, pela conces- a Jesus, o mediador duma nova aliança, e ao sangue da aspersão,
são do Espírito Santo, separado para a santidade e o serviço que fala melhor do que o de Abel”.
de Deus. Marca uma crise subsequente à conversão, quando Só quando os crentes adentrarem o grande portal de
o pecador é levado a ver sua necessidade e se apropria da cristal das mansões de Deus cumprir-se-á na sua inteireza o
provisão que Deus fez por ele. ideal joanino: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda
não é manifestado o que havemos de ser, mas sabemos que,
A natureza da santificação
quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque
“Santificação”, na Bíblia, é um termo de grande abran- assim como é o veremos”.
gência e de rico significado para a vida do crente. Relacionada
com a experiência da vida cristã, a santificação tem a ver com o O propósito da santificação
tempo passado, presente, e futuro da sua vida. Para melhor com-
A santificação tem como finalidade primordial acudir
preender isto, atentemos para os três tempos da santificação:
a necessidade mais profunda da criatura humana, identifican-
Santificação do passado do-a com Cristo. Essa necessidade está retratada com matizes
mui vivos no capítulo 7 da carta de Paulo aos romanos, de
“Na qual vontade temos sido santificados pela oblação
acordo com este escrito de Paulo, existe um inimigo interior
do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez... Porque com uma só
chamado “a lei do pecado”; e que há necessidade da obra
oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados”.
regeneradora do espírito no sentido de que o pecador “tenha
Em Cristo o crente é posicionalmente santificado no mo-
prazer na lei de Deus”. Também é preciso que o espírito revele
mento da sua conversão. Este nível de santificação se dá como ao pecador que “Em mim... Não habita bem algum”.
concessão divina através de Jesus Cristo, independentemente do A santificação é a provisão feita por Deus. Mas, como
que o crente possa ou não fazer. Aqui a santificação é uma expe- podemos experimentar a apropriação disso? Pela identifica-
riência instantânea. Isto é: Posicionalmente, em Cristo, o crente ção com Cristo em sua morte. Devemos consentir em morrer
não poderá ser mais santo amanhã do que é hoje. com Cristo em sua morte. Precisamos subir à cruz com ele, e
Santificação no presente de toda a nossa vontade renunciar ao ego que há causado
todos os nossos distúrbios. A crucificação é o único meio de
“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo libertação “estou crucificado com Cristo”.
o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados Que tem tudo isso a ver com a santificação? Simplesmente
irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”. isto: o Espírito Santo não santificará a vida egoísta, ou a natureza
36 36 - Nível Bacharel
Nível Bacharel
Curso Teológico -Maranata
pecaminosa. Essa precisa identificar-se com Cristo na cruz antes Separação do pecado
que o Espírito Santo possa realizar sua obra de santificação e
enche-la. Pode acontecer que nossa compreensão de tudo isso “Assim, pois, se alguém a si mesmo se purificar destes
seja um tanto vaga no tempo em que nos entregamos ao enchi- erros, será utensílio para honra, santificado e útil ao seu pos-
suidor, estando preparado para toda boa obra”. A presença do
mento do espírito, mas ele nos conduzirá fielmente para a frente,
pecado na nossa vida é incompatível com interesse de Deus
e, seja qual for a luz que ele nos fornecer no futuro, é contraba-
em nos usar no cumprimento da sua vontade.
lançada pelo fato de que toda controvérsia foi resolvida quando
nos entregamos a ele”. Dedicação ao serviço de Deus
Meios de santificação Só após serem purificados de pecados é que os crentes
poderão assimilar em suas vidas o ideal do Espírito Santo como
Na obra da santificação há o lado humano e o lado
diz o apóstolo Paulo: “Rogo-vos pois, irmãos pela compaixão de
divino. Do lado divino a obra é completa e resultante duma
Deus, que apresentais os vossos corpos como um sacrifício vivo,
série de fatores, dignos da consideração do crente.
santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”.
Somos santificados pela palavra
Jesus orou ao pai acerca dos seus discípulos, dizendo: Deus não arrasta ninguém pelo caminho do discipula-
“Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como do, da dedicação e serviços verdadeiros. É um ato espontâneo
tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E por e completo da parte do cristão.
eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam
santificados na verdade”. 11. É possível perder a salvação?
A Palavra de Deus tem o mérito de purificar e levar as
No V século da nossa era, Agostinho pontificou que o
manchas do pecado que maculam a alma e prejudicam as re-
crente, em circunstância alguma, poderá perder a salvação.
lações entre Deus e o homem, para tanto, torna-se imprescin-
Segundo ele, o crente uma vez salvo, permaneceria salvo por
dível que o crente ame-a, leia-a e permita que ela faça parte
toda a eternidade, independentemente das suas ações ou ati-
da sua vida cotidiana.
tudes. Esta declaração deu início a um debate doutrinário e
Somos santificados pelo sangue de Jesus teológico que permanece até os nossos dias.
Sobre o sangue carmesim do nosso salvador repousa toda O argumento das Escrituras
a nossa pureza e vitória. “por isso foi que também Jesus, para san-
tificar o povo, pelo seu próprio sangue, sofreu fora da porta”. Um dos maiores argumentos bíblicos, segundo o qual
Sempre que o Espírito Santo lida conosco, seja por causa o crente pode perder a salvação, é frequente menção do con-
dos nossos atos pecaminosos ou por causa da nossa natureza dicional “se”, com respeito à salvação como uma experiência
tendente para o pecado, ele nos faz voltar ao calvário e nos cons- humana, depende da situação do crente, e é manifesta em ex-
cientiza de que o sangue derramado na cruz não foi em vão, mas pressões bíblicas tais como: “permanecer em Cristo”, “continu-
é eficaz para romper com o circulo do pecado em nossa vida. ar na fé”, “andar na luz”, “não retroceder”, etc. Segue-se uma
Somos santificados pela trindade lista de trechos das escrituras onde estas frases aparecem.
A Bíblia atribui a santificação cristã tanto ao pai, como “Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora”.
ao filho e ao Espírito Santo: “Se é que permaneceis na fé”.
- “E o mesmo Deus da paz vos santifique em tudo”. “Se retiverdes a palavra tal como vo-la preguei”.
- “Pois, tanto o que santifica [o contexto refere-se a Jesus], “Se negligenciardes tão grande salvação”.
como os que são santificados, todas vêm de um só”. “Se de fato guardarmos firmes até ao fim a confiança”.
- “Deus vos escolheu desde o princípio, para a salvação “Se retroceder”.
pela santificação do espírito e fé na verdade”. “Se, porém, andarmos na luz”.
- “Eleitos... Em santificação do espírito”.
Uma vez que o Deus trino e uno opera em favor da
nossa santificação, devemos cooperar com Ele. Advertências diretas
O escritor da epístola aos hebreus advertiu que é pos- Mais tarde, porém, ele rejeitou a Deus e começou a
sível deixar o coração encher-se de descrença, ao ponto de adorar os falsos deuses. Felizmente, em tempo, retornou a
perder a salvação: “Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça Deus, não porque fosse predestinado à salvação, mas porque
de haver em qualquer de vós perverso coração de incredulida- deu lugar ao arrependimento no seu coração.
de que vos afaste do Deus vivo”. No Novo Testamento, o exemplo mais destacado dum
A epístola de Judas leva-nos a meditar nos santos do desviado e apóstata, é o de Judas Iscariotes. Judas, no prin-
Antigo Testamento, nos dias de Moisés, quando diz: “Quero, pois, cípio era um verdadeiro crente, pois jamais Cristo confiaria a
lembrar-vos que o Senhor, tendo libertado um povo tirando-o da um pecador o ministério de evangelizar, curar enfermos e ex-
terra do Egito, destruiu, depois, os que não creram”. pulsar demônios. Porém, já por ocasião da última ceia, Judas
Há uma exortação severa de João, que não deixa dúvida havia abandonado a fé. Cristo sabia que Judas já não fazia
alguma quanto à possibilidade de alguém perder a sua salvação: parte do grupo dos salvos. O próprio Judas confirmou isto,
“O vencedor, de nenhum modo sofrerá o dano da segunda morte”. quando traiu a Cristo e cometeu suicídio.
“Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa”. Himeneu e Alexandre, dois dos cooperadores de Paulo,
após manterem a fé e boa consciência, naufragaram na fé,
Exemplos a considerar pelo que Paulo os entregou a satanás.
A Bíblia não apenas ensina sobre a possibilidade de se Demas, outro associado ministerial de Paulo, é decla-
perder a salvação, como também registra casos de várias pes- rado um ajudante fiel. Estava presente quando Paulo escrevia
soas que viraram as costas para Deus, perdendo por completo suas epistolas aos colossenses e a Filemom. Paulo mesmo o
a comunhão com ele. chamou de “cooperador” seu. É, pois, difícil compreender que
No Antigo Testamento, lemos acerca de Saul que “Deus Demas não fosse um crente verdadeiramente salvo. Apesar
lhe mudou o coração” e que “O espírito de Deus se apossou de disto, mais tarde abandonou a fé, literalmente perdeu a salva-
Saul”. Mais tarde, porém, tornou-se possuído dum espírito malig- ção, por causa do seu “amor ao presente século”.
no, e acabou a sua vida cometendo suicídio. Apesar de tudo, o crente não tem porque ter medo. Pois
Está dito de Salomão, que na sua juventude “amava aquele que não dormita e nem dorme, “aquele que te guarda”,
ao Senhor, andando nos preceitos de Davi, seu pai”. diz: “seja fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida”.
1. O que é salvação?
2. O que é conversão?
3. O que é arrependimento?
4. O que é fé?
5. Existem especialmente dois elementos na justificação. Quais? Explique-os.
6. O que é regeneração?
7. O que é santificação?
8. Quantas vezes a palavra fé aparece no Novo Testamento?
9. Quais são os passos que levam o homem ao arrependimento uma vez Deus operando?
10. Quais as funções do arrependimento?
38 38 - Nível Básico
Nível Bacharel
Curso Teológico -Maranata
05
Bibliologia
Bibliologia 39
1. Materiais em que a Bíblia Deus é seu autor. Foram cerca de quarenta os escri-
foi originalmente escrita tores da Bíblia. Deste modo, a palavra escrita de Deus foi
dada. Esses homens pertenceram as mais variadas profissões
Papiro: Material extraído de uma planta aquática des- e atividades, escreveram e viveram distantes uns dos outros
se mesmo nome. Há várias menções dele na Bíblia, como por em épocas e condições diferentes. Levaram 1500 anos para
exemplo, Jo 8.11; Ex 3.2; Is 18.2 Jo 12. De papiro deriva o ter- escrever a Bíblia. Apesar de todas estas dificuldades, ela não
mo papel. Seu uso na escrita vem de 3000 a.C., no Egito. contém erros nem contradições. Há sim dificuldades na com-
Pergaminho: É a pele de animais, curtida e prepara- preensão, interpretação, tradução, aplicação, mas isso do lado
da para escrita. É material superior ao papiro, porém de uso humano, devido a nossa incapacidade em todos os sentidos.
mais recente do que aquele teve seu uso generalizado, a par- A existência da Bíblia, abrangendo escritores, sua forma-
tir do início do século I, na Ásia menor. É também citado na ção, composição, preservação e transmissão, só pode ser expli-
Bíblia, exemplo II Tm 4.11. cada como milagre de Deus, ou melhor: Deus é seu autor. Foram
cerca de quarenta os escritores da Bíblia. Deste modo, a palavra
escrita de Deus foi dada por canais humanos, assim como foi a
2. Formatos primitivos da Bíblia palavra viva - Cristo (Ap 19.13). Esses homens pertenceram as
Foram dois os formatos: mais variadas profissões e atividades, escreveram e viveram dis-
Rolos: Era um rolo de fato, feito de papiro ou pergaminho. tantes uns dos outros em épocas e condições diferentes.
Era preso a dois cabos de madeira para facilitar o manuseio. Cada
livro da Bíblia era um rolo em separado. Naquele tempo ninguém
podia conduzir pessoalmente a Bíblia como fazemos hoje. O que 6. A origem do nome Bíblia
tornou isso possível foi a invenção do papel no século II pelos Este nome consta apenas da capa da Bíblia, mas não o
chineses, e a do prelo de tipos móveis pelo alemão Gutenberg em
vemos através o volume sagrado. Foi primeiramente aplicado
1450 d.C., possibilitando o formato dos livros atuais.
por João Crisóstomo, grande reformador de Constantinopla.
Códice: É uma obra no formato de livro de grandes
(398 – 404 d.C.). O vocábulo “Bíblia” significa etimologica-
proporções. Nosso vocábulo livro vem do latim líber, que sig-
mente “coleção de livros pequenos”, isto porque os livros da
nificou primeiramente casca de árvore, depois livro.
Bíblia são pequenos, formando todos um volume não muito
grande como tão bem conhecemos. De fato, a Bíblia é uma co-
3. Tipo de escrita primitiva da Bíblia leção de livros. São perfeitamente harmônicos entre si. É devi-
do a isso que a palavra ‘Bíblia’ sendo plural no grego passou
Manuscrito: Tudo era feito pelos escribas de modo la- a ser singular nas línguas modernas. A folha de papiro prepa-
borioso, lento e oneroso. Desse tempo para cá, Deus tem abenço- rada para a escrita, os gregos chamavam ‘biblion’, e ao plural
ado maravilhosamente a difusão do seu livro, de modo que hoje deste chamavam ‘biblos’. Portanto o vocábulo ‘Bíblia’ deriva
em dia milhões de exemplares são impressos em muitos pontos da língua grega. Os vocábulos ‘Bíblia’ e ‘biblion’ constam do
do globo com rapidez e facilidade em modernas impressoras. Novo Testamento grego, mas não referente à própria Bíblia.
- Bíblia: II Tm 4.13; Ap 20.12; Dn 4.2.
- Biblion: Lc 4.17; Jo 20.30.
4. As línguas originais da Bíblia:
Hebraico: Para o Antigo Testamento
Grego: Para o Novo Testamento 7. O que é a Bíblia
Estas são duas línguas principais em que a Bíblia foi
É a revelação de Deus à humanidade. É a definição
inspirada e escrita. As traduções só conservam a inspiração
canônica mais curta da Bíblia. Tudo o que Deus tem prepara-
quando reproduzem fielmente o original.
do para o homem, bem como o que ele requer do homem, e
tudo o que o homem precisa saber espiritualmente da parte
dele quanto a sua redenção e felicidade eterna, está revelado
5. Os escritores da Bíblia
na Bíblia. Tudo o que o homem tem a fazer é tomar a Palavra
A existência da Bíblia, abrangendo seus escritores, sua de Deus e apropriar-se dela pela fé. O autor da Bíblia é Deus,
formação, composição, preservação e transmissão, só pode seu real intérprete é o Espírito Santo, e seu assunto central é o
ser explicada como milagre de Deus, ou melhor: Senhor Jesus Cristo. O homem deve ler a Bíblia para ser sábio,
40 40 - Nível Básico
Nível Bacharel
Curso Teológico -Maranata
crer na Bíblia para ser salvo e praticar a Bíblia para ser santo escrituras). Os textos em línguas originais de que utilizam os
ou santificado. A coleção completa dos livros divinamente ins- atuais eruditos no preparo das modernas versões, são repro-
pirados constituindo a Bíblia é chamada de Cânon. duções das atuais cópias de originais. Há inúmeras, em várias
partes do mundo. Discorrer sobre elas foge ao escopo desta
Os nomes canônicos obra, esses manuscritos existentes harmonizam-se admiravel-
mais comuns do livro sagrado: mente, assegurando-nos assim da sua autenticidade.
A confirmação disso vemos nos manuscritos do mar morto.
Escrituras ou Sagradas Escrituras (Mt 21.42; Rm 1.2).
Resumo: Em 1947, próximo ao mar morto foi descoberto um ma-
Livro do Senhor (Is 34.16).
nuscrito do profeta Isaías, em forma de rolo, escrito em hebraico,
A Palavra de Deus (Mc 7.13; Hb 4.12).
datado no ano 100 a.C., sendo assim mais velho que o mais anti-
Oráculos de Deus (Rm 3.2).
go manuscrito bíblico até então conhecido! (Muitos outros foram
também encontrados, e centenas de fragmentos de outras obras).
Pois bem, o texto desse manuscrito quando compa-
8. Manuscritos originais da Bíblia
rado com o das nossas Bíblias, concorda plenamente. Esta é
Os manuscritos originais, isto é, saído das mãos dos es- uma prova singular de autenticidade das escrituras, ao consi-
critores, não existe nemhum conhecido no momento. Deus na derarmos que o citado manuscrito de Ísaias tem agora mais
sua providência permitiu isso. Se existisse algum, os homens o de 2000 anos de existência!
adorariam mais do que o seu divino autor. A serpente de metal Os manuscritos bíblicos são sempre indicados pela
posta entre os israelitas como meio de auxílio à fé em Deus (Nm abreviatura ‘Ms’.
21.8,9; Is 45.22), foi depois idolatrada por eles (II Rs 18.4). Deus
cuidou do sepultamento de Moisés e ocultou o seu local porque Famosas traduções da Bíblia:
certamente o povo adoraria seu corpo, (Dt 34.5, 6). O Diabo tinha
interesse na idolatria e contendeu com o arcanjo que procedeu A Septuaginta. Foi a primeira tradução da Bíblia. Local:
ao funeral de Moisés (Jd 9). Milhões, em muitas terras adoram a Alexandria, no Egito. Data: Cerca de 285 a.C. A tradução foi feita do
cruz de Cristo, ao invés do Cristo da cruz. É também o caso da vir- hebraico para o grego. Compreendia só o Antigo Testamento, é eviden-
gem mãe de Jesus Cristo, que milhões adoram-na mais do que ao te. Foi a Bíblia que Jesus e seus apóstolos usaram. A mais antiga cópia
filho. Além disso, temos a considerar o seguinte, historicamente, da septuaginta está na biblioteca do Vaticano. Data de 325 a.D.
quanto à inexistência de manuscritos originais. Vulgata. É uma tradução da Bíblia toda, feita por
1) Era de costume dos judeus enterrar os manuscritos Jerônimo, concluída em 405 a.D.
estragados pelo uso ou qualquer outra causa, para evitar sua Local: Belém, Palestina. Jerônimo foi um notável eru-
mutilação ou deturpação. dito da igreja que estava em Roma, a qual mantinha pureza
2) Os reis idólatras e ímpios de Israel, podem ter des- espiritual. A tradução foi feita do hebraico para o latim – a lín-
truído muitos ou contribuído para isso, como é o caso descrito gua oficial do império romano. É ela a versão oficial da igreja
em Jeremias 36.20-26. romana desde o concílio de Trento (1546 a.D.).
3) O monstro Antíoco Epífanes, rei da Síria (175 – 164
a.C.), durante seu reinado dominou sobre toda a Palestina. Foi
A versão autorizada ou versão do rei Tiago. Local da
um homem extremamente cruel. Tinha prazer em aplicar tor-
tradução: Inglaterra. Data: 1611 a.D., essa versão até hoje é
turas. Decidiu exterminar a religião judaica. Assolou Jerusalém
em 168 a.C. Profanando o templo e destruindo todas as có- a predileta dos povos de fala inglesa. O povo inglês tem alta
pias que achou das escrituras. veneração pela Bíblia. Ela formou a mentalidade deste povo e
4) Nos dias dos ‘feros’ e do imperador romano é tida como o seu sustentáculo e seu maior legado.
Diocleciano (284 - 302 a.D.), os perseguidores dos cristãos
destruíram quantas cópias acharam das escrituras. Durante Traduções da Bíblia até hoje. A Bíblia toda ou em par-
dez anos, Diocleciano mandou vasculhar o império visando tes acha-se traduzida, em 1.500 línguas assim:
destruir rodos os escritos bíblicos. Chegou a crer que tives-
se destruído todos os escritos sagrados. Tanto que mandou
cunhar uma moeda especial, comemorando tal vitória. A li- A Bíblia toda 255 línguas
teratura judaica afirma que a missão da chamada ‘grande
Só o Novo Testamento 346 línguas
sinagoga’, presidida por Esdras, foi reunir e preservar os ma-
nuscritos originais do Antigo Testamento. Os que serviram os Porções 899 línguas
setenta no preparo da septuaginta (A primeira tradução das
Bibliologia 41
A versão de Almeida
A versão da Imprensa bíblica. A INN lançou em
Almeida traduziu primeiro do Novo Testamento, o qual 1968. Após anos de cuidadoso trabalho, uma nova versão
foi publicado em 1681, em Amsterdam, Holanda. Na biblioteca em português, conhecida como VIBB, baseada na tradução
nacional do Rio de Janeiro há um exemplar da terceira edição do de Almeida. A edição de 1968 apareceu apenas em formato
Novo Testamento de Almeida, feita em 1712. de púlpito. Em 1972 foi lançado o formato popular, comum.
Depois, Almeida traduziu o a.T. até o livro de Ezequiel. Nessa versão foram utilizados os melhores textos em hebraico
A essa altura Deus o chamou para o lar celestial, 1691. e grego. Ótima versão.
Ministros do evangelho, amigos seus terminaram a tradução,
a qual foi publicada completa em 1753. Outras versões: A igreja católica romana tem publica-
A Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira de Londres do mais edições dos evangelhos e Novo Testamento. Os itálicos,
começou a publicar a tradução de Almeida em 1809, mas notas e apêndices conduzem, é claro, às doutrinas daquelas igre-
apenas o Novo Testamento. A Bíblia completa num só volume jas. Os Testemunhas de Jeová publicam uma versão falsificada de
veio a partir de 1819. O texto em apreço foi revisado em 1894 toda a Bíblia – “A tradução Novo Mundo”. O texto é mutilado e
e 1925. A Bíblia de Almeida foi publicada a primeira vez no cheio de interpolação. Foi preparado para apoiar as cenas Anti-
Brasil em 1944, pela Imprensa Bíblica Brasileira, de organi- Bíblicas dessa seita falsa.
zação batista. A sociedade bíblica britânica e estrangeira tem A importância da Bíblia em Português. A língua por-
sido maravilhosamente usada por Deus na disseminação da tuguesa é falada em todos os continentes, fato que revela a
Bíblia em português, um trabalho pioneiro e continuado. importância da Bíblia em Português, em todos os sentidos.
A versão ARC (Almeida Revisada e Corrigida) a im-
prensa bíblica Brasileira, publicou em 1951 a edição revista e As Bíblias de edição católico-romana
corrigida abreviadamente conhecida por ARC.
A versão ARA (Almeida Revista e Atualizada). Uma co- Estas têm 7 livros a mais, perfazendo 73 ao todo. Esses
missão de especialistas Brasileiros trabalhando de 1945 a 1955 livros a mais são os chamados “apócrifos”, palavra que no
preparou a edição revisada e atualizada de Almeida, conhecida sentido religioso significa: “Não genuíno”. São livros não
abreviadamente por ARA. É uma obra magnífica, com melhor lin- inspirados por Deus. Os 7 apócrifos estão inseridos todos no
guaguem e maior tradução. O n.T. foi publicado em 1951. O a.T. Antigo Testamento. Isso foi feito muito depois de encerrado
em 1958. A publicação é da sociedade bíblica do Brasil. o cânon do a.T., por conveniência da igreja romana. Também
Existe uma comissão permanente revisadora do ARA. foram acrescentados alguns trechos a mais em alguns livros.
Revisão é uma atualização do texto em vernáculo, para que A aprovação deles, por essa igreja deu-se no concílio de Trento
se o entenda melhor. Razão: Uma língua viva evolui como em 1546, em meio a muita controvérsia seus títulos são:
todas as coisas vivas. Há uma comissão viva permanente de
revisão da ARA, mantida pela Sociedade Bíblica Brasileira, Tobias
acompanhando os progressos da crítica textual. Judite
42 42 - Nível Básico
Nível Bacharel
Curso Teológico -Maranata
As sociedades bíblicas
As Bíblias católicas têm livros cujos nomes diferem da-
queles empregados nas edições evangélicas. Essas diferenças não Há no Brasil entidades evangélicas publicadoras e dis-
têm grande importância. Entretanto, como os protestantes usam tribuidoras de Bíblias. A primeira é a Imprensa Bíblica Brasileira
também Bíblias de edição católica, é bom que se dê um quadro (IBB), fundada em 02/07/1940. A segunda é a Sociedade
explicativo, que os auxilie no manejo das diferentes edições. Bíblica do Brasil, fundada em 10/06/1948, resultante da fu-
são, em 1942, das agências que no Brasil funcionavam, da
Bíblia protestante Bíblia católica Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira e da Sociedade
I, II Samuel I, II Reis Bíblica Americana.
A primeira remessa de Bíblias para aquisição popular
I, II Reis III, IV Reis
chegou ao Brasil, em 1822- O ano da nossa independência
I, II Crônicas I, II Esdras
política. É significativa esta conotação entre a chegada aqui
Como se vê, é simples questão de nomes, mais ou da Bíblia em massa e a independência do Brasil. A primeira
menos apropriados, seguindo o critério das autoridades que trazendo a emancipação espiritual, a segunda, a nacional ou
dirigem as edições, e para todos eles há justificativa histórica política. Essa primeira remessa foi de 2.000 exemplares de
e tradicional. Bíblias e novos testamentos, enviada pela sociedade bíblica
Notam-se também variações na numeração dos Salmos. britânica e estrangeira, com sede em Londres. Porto de chega-
Vejamos essas variações num quadro. Assim: da ao Brasil: Recife.
Em 1855 novas portas se abrem para uma maior di-
Bíblia católica Bíblia protestante fusão da Bíblia no Brasil, com a fundação da primeira igreja
Sl 9, 10 Sl 8 evangélica em nossa terra, a Congregacional, pelo missioná-
Sl 11-113 Sl 10-112 rio Robert Kalley e esposa. A partir daí ele desenvolveu grande
Sl 114, 115 Sl 113 esforço para a divulgação da Bíblia no ano seguinte.
Em 1856 foi fundada a primeira agência distribuidora de
Sl 116 Sl 114-115
Bíblias no Brasil, pela sociedade bíblica britânica e estrangeira
Sl 117-146 Sl 116-145 (SBBE). A segunda foi a da sociedade bíblica americana (SBA),
Sl 147 Sl 146,147 fundada em 1816. Ambas estabeleceram-se no Rio de Janeiro.
Antes disso, Bíblias já circulavam no Brasil, vindas através de
Conclusão: Cancelados os livros apócrifos, as Bíblias comandantes de navios que as entregavam a casas comerciais
católicas e protestantes são substancialmente idênticas. Basta estrangeiras para revenda. Outro fator marcante foram os distri-
conferi-las. Aparecem naturalmente variações na linguagem e buidores itinerantes (co-portadores), como é o caso do ver. James
até mesmo de sentido, o que é inevitável, em qualquer obra de Thompson enviado pela SBEE em 1818, o qual trabalhou através
tradução. A causa às vezes está na diferença de competência das Américas, distribuindo o santo livro. Outro caso que muito
do tradutor, outras vezes nas variações das fontes originais. contribui para o mesmo fim é o do missionário D. P. Kidder, me-
Os nossos 39 livros do a.T., os católicos chamam todista, que distribuiu exemplares da Palavra de Deus em quase
Protocanônicos. Os que chamamos Pseudoepigráficos, eles cha- todo o Brasil, a partir de 1837. Só na eternidade se revelará o
mam apócrifos. (Os evangélicos chamam de Pseudoepigráficos benefício que as sociedades bíblicas acima mencionadas, coad-
a um grupo de livros espúrios, nunca reconhecidos pela igreja juvantes por pioneiros indômitos como os mencionados, têm tra-
católica. A esses, essa igreja chama apócrifos). zido ao Brasil no sentido espiritual, social e cultural, mediante a
Bibliologia 43
bendita semeadura pioneira do livro de Deus. Funciona também Se alguma falha for encontrada na Bíblia, será sempre do
no Brasil, com sede em São Paulo, a sociedade bíblica Trinitariana, lado humano, como tradução mal feita, grafia inexata, interpre-
de igual modo empenhada na disseminação da Palavra de Deus tação forçada, má compreensão de quem estuda, falsa aplicação
entre o nosso povo. A Bíblia foi impressa por evangélicos a pri- quanto aos sentidos do texto, etc. Portanto quando encontramos
meira vez no Brasil em 1944, pela Imprensa Bíblica Brasileira. na Bíblia um texto descrente, não pensemos logo que é erro!
Há em todo o mundo atualmente 55 sociedades bíbli- Saibamos refletir como Agostinho que disse: “Em um caso desse,
cas. Na distribuição de Bíblia em todo o mundo, o Brasil ocupa deve haver erro do copista, que não consigo entender...”
o segundo lugar.
A estrutura da Bíblia
As modernas versões da Bíblia Estudaremos neste ponto um resumo da estrutura da
Bíblia, quanto a sua composição em partes principais, livros,
Sendo este um assunto de grande extensão, temos
classificação dos livros, por assunto, divisão dos livros em ca-
apenas algumas considerações.
pítulos e versículos e certas particularidades indispensáveis.
Versões e revisões da Bíblia decorrem da necessidade de
Divisão em partes principais. São duas: antigo e Novo
atualização da linguagem. A língua sendo um instrumento vivo
Testamento. O a.T. é três vezes mais volumoso do que o n.T.
de comunicação e expressão evolui, modifica-se e aumenta à
Composição quanto a livros. São 66, sendo 39 no a.T. e 27
medida que o tempo corre. No caso Bíblia, quando se faz mis-
ter, é preciso fazer mudanças na linguagem do texto, para que a no n.T. o maior livro é o dos salmos; o menor é III João.
mensagem do mesmo não mude. Divisão em capítulos. São 1189, sendo 929 no a.T. e 260
A mensagem da Bíblia é divina, não mudando jamais; no n.T. o maior capítulo é o Salmo 119, ; o menor é o Salmo 117.
mas a linguagem é humana e muda com o tempo. Inúmeras A Bíblia foi dividida em capítulos no ano de 1250 a.D. por
palavras e frases da época em que Almeida fez sua tradução Hugo de Saint Cher, abade dominicano, estudioso das escrituras.
da Bíblia para o português, caíram de desuso ou alteraram o Divisão em versículos. São 31.173, sendo 23.214 no a.T.
sentido, ao mesmo tempo em que, novas palavras entraram e 7.959 no n.T. o maior versículo está em Ester 8.9 e o menor em
continuamente para a língua. Êxodo 20.13, na ARC; em Lucas 20.30, na TRBB; em Jo 3.2, na ARA.
Revisão é uma linguagem para conservação de sentido da Como se vê, depende da versão. Noutras línguas variam também.
mensagem. Repetimos: A mensagem do texto é divina; a lingua- Isso não tem muita importância. As Escrituras foram divididas em
gem em que o texto está escrito é humana. A primeira é imutável; versículos em duas etapas: a.T. em 1445 pelo rabi de Paris. Stevens
a segunda está sempre mudando. É necessário, pois, que nas novas publicou a primeira Bíblia dividida em capítulos e versículos em
versões e revisões, quando feitas com todo cuidado, santo temor, 1555, sendo esta a vulgata em inúmeros casos, essas divisões são
idoneidade e devoção a Deus, a linguagem seja atualizada para inexatas, bipartindo o texto e alterando a linha do pensamento.
que a mensagem divina seja comunicada com toda a fidelidade e São utilizadas na localização de qualquer fração do texto.
seriedade, conforme a capacidade de expressão da língua. Classificação dos livros. Os 66 livros estão classificados
ou agrupados por assuntos, sem ordem cronológica. É bom ter
A unidade física da Bíblia isso em mente ao estudar a Bíblia, pois evitará muitos mal-
entendidos, especialmente na esfera da história, da profecia e
A unidade e existência física da Bíblia até os nossos dias
no desenvolvimento da doutrina.
só pode ser explicada como um milagre. Há nela 66 livros, escri-
A classificação dos livros do a.T. por assuntos, vem da or-
tos por cerca de 40 escritores, cobrindo um período de 16 séculos.
dem cronológica dos mesmos, o que para o leitor menos avisado,
Esses homens tinham diferentes atividades e escreveram sob di-
dá lugar a não poucas confusões quando o mesmo procura agru-
ferentes situações. Na maior parte dos casos não se conheceram,
par os assuntos cronologicamente.
escrevendo em duas línguas principais. Devido a essas circuns-
No Antigo Testamento, os 39 livros estão divididos em
tâncias, em muitos casos, os autores nada sabiam sobre o que já
4 classes: Lei, História, Poesia, Profecia.
havia sido escrito, muitas vezes um escritor iniciava um assunto
e, século depois outro completava-o. Tudo isso somado num livro Os livros de cada classe são os seguintes:
puramente humano daria uma babel indecifrável! Imagine o que Lei: 5 livros – De Gênesis a Deuteronômio, estes cinco li-
seria fisicamente a Bíblia, se não fosse a mão de Deus! vros são chamados Pentateuco. Tratam da criação e da lei.
Quanto à unidade física da Bíblia, ninguém sabe ao certo História: 12 livros – De Josué a Ester. Contém a histó-
como os 66 livros encontraram-se e agruparam-se num só volu- ria do povo escolhido: Israel.
me; isso é obra de Deus. Sabemos que os escritores não escreve- Poesia: 5 livros – de Jó a Cantares. São chamados poéti-
ram os 66 livros de uma só vez, nem em um só lugar, nem com o cos devido ao gênero do seu conteúdo e não por outra razão.
objetivo de reuni-los num só volume, mas em intervalos, durante Profecia: 17 livros – De Isaías a Malaquias. Esses 17
16 séculos, em que lugares que vão de Babilônia a Roma. livros estão subdivididos em dois grupos:
44 44 - Nível Básico
Nível Bacharel
Curso Teológico -Maranata
Profetas maiores: 5 livros, de Isaías a Daniel Propagação: Os Atos dos Apóstolos tratam da propa-
Profetas menores: 12 livros, de Oséias a Malaquias. gação de Cristo por meio da Igreja.
Os nomes maiores “maiores e menores” referem-se ao Explanação: As epístolas tratam da explanação de
volume de matéria dos livros em extensão do ministério proféti- Cristo. São os detalhes da doutrina.
co. Na Bíblia hebraica (o nosso Antigo Testamento), a divisão dos Consumação: O apocalipse trata de Cristo consumado
livros é bem diferente, como já falamos. todas as coisas. C.I. Scofield.
No Novo Testamento, os 27 livros também são divididos, Tendo Cristo como o tema central da Bíblia, podemos resu-
mas em 4 classes: Biografia, História, Doutrina, Profecia. mir todo o Antigo Testamento numa frase: “Jesus virá”, e o Novo
Os livros de cada classe são os seguintes: Testamento noutra frase: “Jesus já veio” (é claro, como redentor).
Biografia: São os 4 evangelhos. Descrevem a vida terrena Assim sendo, as escrituras sem pessoas inspiradas por Deus seriam
do Senhor Jesus e do seu glorioso ministério entre os homens. como a física sem a matéria e a matemática sem os números.
História: É o livro de Atos dos Apóstolos. Registra a his-
tória da igreja primitiva, seu viver e agir. O livro mostra que o Fatos e particularidades da Bíblia:
segredo do progresso da igreja é a plenitude do Espírito Santo. O Salmo 119 tem, em hebraico, 22 seções de 8 versículos
Doutrina: São 21 livros chamados epístolas ou car- cada. O número 22 corresponde ao de letras do alfabeto hebraico.
tas. Vão de Romanos a Judas. Umas são dirigidas a igrejas e Cada uma das 22 seções inicia com uma letra do referido alfabeto,
outras a indivíduos, etc. As sete que vão de Tiago a Judas, são e em cada sessão dos versículos começam com a letra da respectiva
chamadas epístolas universais ou gerais. seção. Ali, em hebraico, os capítulos 1, 2 e 4 tem 22 versículos cada,
Profecias: É o livro de Apocalipse. Esta palavra sig- correspondendo às 22 letras do alfabeto, de Álef a Tau. Porém o
nifica ‘revelação’. Trata da volta da pessoa do Senhor Jesus à capítulo 3 tem 66 versículos, levando cada 3 deles, a mesma letra do
Terra, é o inverso do livro de Gênesis, que narra como tudo alfabeto. Há outros casos assim na estrutura da Bíblia. Isso jamais
começou. Apocalipse trata como tudo se findará. poderia ser obra do acaso. Por exemplo: O salmo 22 é alfabético-
um versículo para cada letra hebraica, o livro de Ísaias é uma mi-
Há outras modalidades de classificação, mas a que vai
niatura da Bíblia: Tem 66 capítulos correspondentes aos 66 livros. A
acima, parece-nos bastante simples e prática.
primeira seção tem 39 capítulos, correspondendo à mensagem do
A disputa dos 66 livros. Os que organizaram a presente dis-
Antigo Testamento. A segunda seção tem 27 livros tratando de con-
posição dos livros foram, sem dúvida, guiados por Deus, por que
nota-se uma gradativa correlação doutrinária entre os mesmos. forto, promessa e salvação, correspondendo à mensagem do Novo
Exemplo disso: No Antigo Testamento há uma linda Testamento. O Novo Testamento termina mencionando o Novo Céu
relação entre o livro dos Salmos e o de Provérbios. Nunca po- e a Nova Terra. O mesmo ocorre no término de Ísaias (66.22). O pró-
deriam vir separados. Os Salmos tratam do nosso andar com prio nome ‘Ísaias’ tem semelhança com o de Jesus, pois seu nome
Deus e Provérbios sobre o nosso andar com os homens. Estes quer dizer “Salvação por Jeová”, Jesus (Jeová) é a salvação.
livros não poderiam estar distantes.
Exemplos no Novo Testamento: as epístolas. Vejamos: A frase “não temas”, ocorre 365 vezes em toda a
- Romanos, fala da salvação. Bíblia, o que dá uma para cada dia do ano.
- I e II Coríntios, fala da vida cristã disciplinada. O capítulo 19 de II Reis é idêntico ao 37 de Isaías.
- Efésios, Filipenses e Colossenses, falam da vida consagrada. O Antigo Testamento encerra com a palavra “maldição”, o
- I e II Tessalonessesnses, falam da vinda de Jesus. Novo Testamento encerra citando “A graça de nosso Senhor Jesus
- I e II Timóteo e Tito, falam de obreiros e ministério. Cristo”. A Bíblia foi o primeiro livro impresso no mundo após a in-
- I e II Pedro, falam de provas e tribulações. venção do preto; isto se deu em 1452 em Mainz, Alemanha.
Os Números 3 e 7 predominam admiravelmente em
O tema central de todos os títulos da Bíblia: toda a Bíblia.
O Senhor Jesus Cristo. Ele mesmo declara em Lc 24.27,44 O nome de Jesus consta no primeiro e último versículo
e Jo 5.39. do Novo Testamento.
Considerando Cristo como o tema central da Bíblia, os A Bíblia completa pode ser lida em 70 horas e 40 minutos,
66 livros poderão ficar resumidos em 5 palavras, todas refe- na decadência de leitura de púlpito. O Antigo Testamento leva 52
rentes a Cristo, assim: horas e 20 minutos. O Novo Testamento 18 horas e 20 minutos.
Preparação: Todo o Antigo Testamento trata da prepa- Que estás fazendo, irmão, para difundir a Bíblia, o livro
ração para o advento de Cristo.
que te salvou?
Manifestação: Os evangelhos tratam da manifestação
de Cristo ao mundo, como redentor.
Bibliologia 45
06
Apologética
Apologética 47
I. Introdução B) Necessidade
Há muitos que têm dito, e são cristãos convictos, da não
A. Conceituação necessidade da apologética, e vão além, a acusa de erro. Dizem
eles “A Bíblia é como um leão, capaz de defender-se muito bem.
Apologético é, por assim dizer, um ramo da teologia Simplesmente solte-a e deixe-a”. Certamente o leão não preci-
que se ocupa com a validação (a determinação do valor) das sará defender-se no seu próprio habitat, mas terá pouca chance
verdades básicas do cristianismo. Se, portanto, a tarefa da te- numa auto-estrada e contra armas modernas. A questão não é
ologia é definir o conteúdo das verdades reveladas na Bíblia, de que a Bíblia necessite apoio humano, e sim, que precisa ser
a da apologética será a de defender a sua validade. defendida e comunicada de maneira relevante ao homem.
O temo “apologético” tem origem no grego, “apolo-
gia”, que significa defesa. Era geralmente usado para descre- 1. Exemplos bíblicos
ver a defesa de um advogado numa corte judicial.
Faraó, Ex 5.2; 14º 18 31; Boal, I Rs 18.24; idolatria, Is
Sempre que a verdade cristã, o evangelho, foi atacado,
40.12; 48.5; areópago, At 17.16-31; II Co e defesa apostólica
houve necessidade de uma defesa do mesmo, da parte de seus
de Paulo; Atos é, provavelmente, a defesa de Paulo diante de
proponentes. A verificação de tal fato ver-se-á mais adiante.
César, II Tm 4.11.16.
Definido, pois, apologética é a arte e ciência de per-
suadir, de argumentar, de validar a fé cristã. Werner Häuser, 2. Uma aparente contradição – Cl 2.8
Introd. à Apologética.
Mesmo com tais exemplos bíblicos, há aqueles que
Há 2 finalidades específicas na apologética: lançam mão de passagens que presumivelmente proíbem o
1. A defesa do cristianismo histórico (i.e., bíblico). raciocínio apologético.
Desde quando foi concebido, o cristianismo enfrenta Muitos citam Cl 2.8. Entretanto, a passagem exorta
ataques, dos mais variados, ao longo dos séculos. A defesa se contra as filosofias oriundas do homem, essencialmente hu-
faz necessária. manas e naturais; nada contra a filosofia em defesa de Cristo.
Shoeffer diz para não termos medo de usar a palavra Ora, como poderemos evitar enganos e enfrentar erros das
“defesa”, porquanto qualquer pessoa que apresente uma filosofias humanísticas, nada sabendo sobre elas? Devemos
posição, que é dita como válida (a fé), tem que saber validá- lembrar que era a filosofia “gnóstica” que ameaçava os cris-
la e justificá-la ante as indagações e inquisições dos seus tãos colossenses. Por isso, Cl 2.8 exemplifica, em seu contexto
ouvintes. a própria apologética, em vez de proibi-la, pois Paulo, dizendo
A ideia de defesa é importante não somente para res- o que disse, fez apologia da fé. Cf. II Co 10.1-6.
ponder aos ataques levantados contra a fé, mas também para Obs.: Note o uso de “diolegomai”, At 18.4, que quer
mim mesmo diante de Deus, no sentido de manter uma inte- dizer, “dialogava, argumentava”.
gridade, saudável entre minha vida devocional e intelectual,
afinal “crer é também pensar”, cf. Rm 12.1,2 (observar a co-
notação de “metanoia”). II) Metodologia
Por metodologia queremos falar do método ou sistema
2. A comunicação da fé (i.e., das verdades reveladas adequado à Bíblia sobre o qual podemos desenvolver na nossa
na Bíblia) apologética. Será que por vezes não estamos mesmo usando
É importante notar que a apologética cristã nunca valores e raciocínios meramente humanos que não são trans-
deve parar na “defesa” diante dos ataques dos inimigos. O Dr. mitidos? Há necessidade de ter-se uma visão, mesmo que geral,
Shaeffer ilustra dizendo que “não é como viver num castelo dos tipos de testes para a determinação do que é verdade ou
com a ponte levantada e ocasionalmente atirar uma pedra não, que o mundo usa, em sua busca pela verdade.
por cima das muralhas”, o Deus que intervém, p. 215. Paulo
fala de armas da justiça, tanto defensivas, quanto ofensivas, A. As tentativas de verificação da verdade
isto relacionado à palavra da verdade, em II Co. 6.7. O lado
(i.e., aos testes humanos)
ofensivo, positivo da apologética é a comunicação do evan-
gelho ao homem atual em termos que ele possa entender. A Vamos citar, neste ponto, uma série de sistemas huma-
ênfase bíblica é na necessidade de conhecimento anterior à nos de busca de verdade, destacando suas principais ênfases
salvação, cf. Jo 20.30,31 e Lc 1.1.4. e implicações:
48 48 - Nível Bacharel
Nível Bacharel
Curso Teológico -Maranata
bolsa que envolve o coração”. O mesmo médico O túmulo de Jesus ficava próximo ao local da crucifica-
afirma que a morte de Cristo não se deveu ao fator ção. A entrada, que deveria ter de 1,20m. a 1,50m. de altura
normal nas crucificações, sufocamento, mas de uma (Cf. Jo 20.5), foi fechada com uma pedra que Marcos descreveu
deficiência cardíaca provocada pelo choque e pela como héyas, “extremamente grande” (Mc 16.4). Cálculos de
constrição do coração. Testemunho médico confir- engenharia demonstraram que tal pedra deveria pesar cerca
ma que, numa pessoa saudável, cerca de 30 cc de de duas toneladas. Um manuscrito atualmente localizado em
fluído pericárdio estão presentes e que uma ruptura Cambridge afirma, no próprio texto (Não na margem, onde os
do pericárdio e do coração provocaria vazamento comentários pessoais dos escribas eram anotados) de Marcos
de líquido suficiente para justificar a expressão 16, que vinte homens não a poderiam mover. Surge a pergun-
“sangue e água” (Jo 19.34). ta: Como teriam José e Nicodemos rolado tal pedra para a
G. Costumes romanos se seguiram à crucificação. porta do túmulo? Embora os detalhes da resposta não apare-
Normalmente os soldados romanos dividiam entre si çam no texto bíblico, temos razão de crer que a pedra estava
as vestes das vítimas; no caso de Cristo, que só tinha a presa por uma cunha num plano inclinado. Tudo que José pre-
túnica, então foi preciso lançar sortes. O outro costume cisou fazer foi retirar a cunha e a pedra rolou para o lugar que
romano descrito acuradamente nos evangelhos é a fixa- deveria ocupar. O tamanho da pedra e sua posição naquele
ção do titulus, ou a descrição do crime, no alto da cruz. primeiro dia da semana em Jerusalém serão de importância
vital na consideração das teorias sobre a ressurreição.
O túmulo foi guardado por forte esquema de segu-
rança. Céticos afirmam que se tratava da guarda do templo,
a mesma que demonstrara sua incompetência alguns meses
antes não conseguindo prender Jesus no templo (Cf. Jo 7.32,
45). Em primeiro lugar, a guarda do templo não era um ban-
do de incapazes. A disciplina era tão rígida que um guarda
apanhado dormindo seria açoitado e queimado vivo! Há boas
razões para se crer que a guarda do sepulcro era uma guar-
da romana. Primeiramente, isto é gramaticalmente possível;
existe em Mt 27.65) é um imperativo presente, segundo a. T.
Robertson. Em segundo lugar, isto é linguisticamente correto,
pois a palavra “solidarius” (um latinismo) é uma referência
C) O sepultamento de Jesus. clara à guarda romana (Guarda Pretoriana). João emprega a
palavra para descrever os guardas do templo (Jo 7.45). Em
Enquanto a morte de Cristo seguiu de perto os costu-
terceiro lugar, isto é histórica e hermeneuticamente provável,
mes dos romanos, seu sepultamento apresentou um caráter
pois a resposta seca de Pilatos condiz bem com o desprezo
eminentemente judaico, conforme demonstraremos abaixo:
que votava aos judeus e sua contrariedade com toda aquela
Não se permitiu ao corpo ficar na cruz durante a noi-
situação. Tal grupo, portanto, era composto de pelo menos 16
te. O talmude babilônico, comentando sobre Dt 21.23, exige
homens (cf. At 12.4) que se revezava em turnos de 4 pessoas a
o sepultamento antes do anoitecer. João 19.31,42 confirma
cada quatro horas. Documentos militares e pesquisas históri-
exatamente a conformidade com tal exigência.
cas revelam que a guarda romana era uma pequena máquina
Os detalhes mencionados em Jo 19.38-42, estão exa-
tamente de acordo com a tradição judaica. Esta exigia com de guerra e sugerem que dormir no serviço era falha tão horri-
água morna (com leitura de Ez 36.25), o envolvimento do cor- velmente punida que virtualmente não acontecia (cf. At 12.18,
po com lençois de linho (nunca menos de três), a aplicação de 19). Comprovação disto é o fato de que, compreendendo o
um emplastro de mirra e aloés (que virtualmente mumifica- perigo da situação, não foram ao governador e sim aos prin-
va o cadáver), e a cobertura do rosto com um lençol à parte cipais sacerdotes, que lhes poderiam amenizar ou contornar o
dos lençois. A quantidade de especiarias mencionadas em Jo problema diante de Pilatos. Prova adicional de que se tratava
19.39 (aproximadamente 45 quilos) era perfeitamente com- de uma guarda romana é a afirmação de que os principais
patível com a posição de Jesus (um rabi). Josefo indica que sacerdotes os subornaram (Mt 28.12), fato absolutamente
quando Herodes, o Grande, foi enterrado, foram necessários desnecessário caso se tratasse da guarda do templo.
500 servos para transportar as especiarias. O túmulo de Jesus foi selado (Mt 27.66). O selo só po-
deria ser colocado na presença de oficiais e soldados romanos.
50 50 - Nível Bacharel
Nível Bacharel
Curso Teológico -Maranata
Servia como autenticação de que o corpo de Jesus realmen- D. João 20.1 usa o verbo “tirar” (que significa levantar
te estava ali, sob a autoridade do governo romano. Colin e carregar algo) na voz passiva. A indicação é que
Chapman cita uma inscrição romana da primeira metade do a pedra deveria estar suficientemente distante do
primeiro século, encontrada na Galiléia, que mencionava um sepulcro para dar tal impressão a um observador.
decreto de César (Tibério ou Cláudio) instituindo pena capital
para violação de sepulturas. Como anteriormente a legislação Diante de tais observações e evidências uma coisa fica
romana previa apenas pesada multa para tal crime, podemos clara: mesmo que os guardas tivessem todos dormindo (algo
conjecturar que o agravamento da sentença tenha se devido extremamente improvável), teria sido impossível que os discí-
à agitação provocada pela ressurreição de Jesus. pulos tivessem conseguido remover a pedra sem acordá-los.
demais correntes do testemunho. Um número qualquer de te- A. Lake despreza, sem qualquer razão textual, teológi-
orias diferentes, cada uma delas concebivelmente aplicável a ca ou literária, parte da evidência em Marcos 16.6,
parte da evidência, sem que todas se ajustem coerentemente a frase crucial, “ele ressuscitou”.
num padrão inteligível, não pode oferecer alternativa aquela B. Lake e outros defensores desta teoria afirmam que
interpretação que se ajusta perfeitamente ao todo. pessoas para quem Jesus era extremamente preciso
O outro princípio pode ser extraído das palavras de um e amado, depois de algumas horas, esquecer a loca-
dos maiores historiadores da história da igreja, Philip Schaff. lização de seu túmulo.
Ele afirma que o propósito do historiador não é construir uma C. Esta teoria precisa afirmar ainda que todos os envol-
história a partir de noções preconcebidas e ajusta-la ao seu vidos no incidente se dirigiram ao túmulo errado. Isto
próprio gosto, mas reproduzir-la a partir da evidência disponí- envolveria Pedro e João, a guarda romana provavel-
vel e deixar a evidência falar por si mesma.
mente os membros do sinédrio, além, é claro, dos anjos
Com estes dois princípios em mente, o da consideração
mencionados pelos evangelistas. Esta teoria, portanto,
de toda a evidência existente e o da não utilização de ideias
também não satisfaz os dois princípios histórico-jurídi-
preconcebidas, consideremos as teorias anti-supernaturalistas
cos acima estabelecidos e deve ser rejeitada.
sobre a ressurreição.
Elas se dividem basicamente em dois grupos. O primeiro
3. A teoria da lenda. Alguns historiadores e teólogos têm
é o das teorias que afirmam que o túmulo de Jesus permaneceu
afirmado que as narrativas da ressurreição são lendas, surgidas
ocupado; o segundo é o das teorias que admitem a existência de
muito tempo depois de Cristo ter morrido. Esta teoria depende
um túmulo vazio. Consideremo-los nesta ordem:
em muito de se poder provar que as narrativas e menções bí-
blicas à ressurreição foram escritas pelo menos uns cem anos
A) Teorias do túmulo ocupado
depois dos acontecimentos daquela páscoa. Todavia.
1. A teoria do túmulo desconhecido. Esta, uma das pri- A. A menção datável mais antiga à ressurreição é
meiras explicações humanísticas sobre a ressurreição, afirma aquela feita por Paulo em 1 Coríntios 15, escrita
que o corpo de Jesus foi provavelmente retirado da cruz pelos apenas 23 anos depois da morte de Cristo. William
seus executores e lançado em cova comum, jamais sepultado F. Albright, famoso arqueólogo e linguista, afirmou
num túmulo particular. que um período de 20 à 50 anos é pequeno demais
Uma aparente comprovação desta teoria era a crença para permitir sequer a deturpação das palavras es-
de que crucificados não recebiam sepultura própria. Todavia, pecíficas usadas por Jesus. John a. T. Robinson, que
Há testemunho arqueológico de que alguns crucifica- não pertence ao círculo dos conservadores, defende
dos recebiam sepultamento particular (cf. Supra, pp. 5-7,9). a tese de que todos os livros do Novo Testamento
Mesmo que os discípulos e as mulheres não soubes- foram escritos antes de a.D. 70, o que fica dentro
sem a localização do túmulo, Jose de Arimateia sabia. Tudo dos limites estabelecidos por Albrecht.
que tinham a fazer era pedir-lhe uma simples informação. B. Se a ressurreição foi uma lenda formulada vários
Os romanos e judeus sabiam, pois colocaram ali uma anos depois, pela consciência ou imaginação coleti-
pedra selada. va da comunidade cristã, como explicar a pregação
Esta teoria, portanto, não satisfaz os dois princípios dos primeiros anos do cristianismo? Será que as fi-
acima estabelecidos e deve ser rejeitada. guras de Pedro, Paulo, Gamaliel e Herodes Agripa
II também são lendas cristãs? E mesmo se a res-
2. A teoria do túmulo errado. Kirsopp Lake, um dos surreição fosse uma lenda propagada desde os pri-
iniciadores desta teoria argumenta que Jerusalém continha mórdios do cristianismo, por que foi combatida tão
muitos lugares semelhantes àquele em que Jesus foi supos- ferozmente pelos judeus?
tamente enterrado e isto teria confundido as mulheres que, C. Se a ressurreição foi uma lenda, que dizer então da
observando à distancia, foram depois a um sepulcro errado. honestidade dos cristãos que proclamavam como
Lake afirma que tal teoria explicaria o sepulcro aberto e a fato histórico? Onde estaria a coerência de tal ati-
aparição de um jovem que lhes teria dito: “ele não está aqui: tude com o ensino de Jesus? Se a ressurreição foi
vede o lugar onde ele foi posto”, apontando para outro sepul- uma simples lenda, como é que tal segredo jamais
cro, bem como a subsequente fuga das mulheres, apavoradas “vazou”? Por que os cristãos se deixaram matar
por ter sido descoberto seu plano de entrar no sepulcro de um quando poderiam ter escapado à morte e a terríveis
homem condenado pelos romanos. Todavia, torturas simplesmente admitindo a verdade?
52 52 - Nível Bacharel
Nível Bacharel
Curso Teológico -Maranata
Histórica e logicamente esta teoria fica a dever. Ela “percepção de sensações sem objeto que lhes dê cau-
despreza o fato bem estabelecido da fidelidade da narrativa sa direta. Interpretação anormal das experiências idea-
neostestamentária e impõe à igreja o uso de artifícios indig- tivas como percepções reais”. Estas r outras definições
nos de sua fidelidade ao ensino de Cristo. médicas e psiquiátricas indicam que numa alucinação,
o nervo ótico não é estimulado por ondas luminosas, e
4. A teoria da ressurreição espiritual. Esta teoria pode sim por uma causa psicológica íntima. Isto já contradiz
receber outros nomes, todos eles indicando que embora a res- o fidedigno relato bíblico, onde as aparições são fre-
surreição não tenha sido uma realidade objetiva, foi uma rea- quentemente seguidas de contato físico.
lidade subjetiva. Bultmann resume tal posição ao afirmar: “a B. Alucinações, no entender de psicólogos e psiquiatras,
ressurreição em si mesma não é um acontecimento da história ocorrem geralmente com um determinado tipo de
passada. Tudo que o criticismo histórico pode afirmar é que os pessoas emocionalmente perturbada, o esquizofrê-
primeiros discípulos vieram a crer na ressurreição... (crença nico (pessoa que perdeu o contato com a realidade
que pode ser explicada) pela intimidade pessoas que os dis- e vive num mundo próprio por ela criado). Alguns
cípulos desfrutaram com Jesus... Reduzindo a ressurreição a paranoicos também demonstraram tendências a
uma série de visões subjetivas”. Todavia, alucinações. Dificilmente se poderia acusar quais-
A. Embora tal relativismo possa satisfazer a mentali- quer daquelas pessoas de esquizofrenia ou para-
dade Kirkegaardiana de um Rudolf Bultmann, não noia. Mesmo Maria Madalena, cuja vida anterior
satisfaria a obstinada objetividade dos judeus do poderia ter sido considerada “esquizofrênica” pelos
primeiro século. Testemunho bíblico e extra-bíblico padrões psiquiátricos, revela nos relatos da ressur-
confirma a ideia que para a mente do primeiro sé- reição um comportamento perfeitamente normal.
culo nada menos do que a restauração de vida ao C. Alucinações, segundo autoridades médicas, estão
corpo de uma pessoa podia ser qualificado como intimamente ligadas às experiências passadas e ao
ressurreição. subconsciente. Por isso, é muito difícil que duas pes-
B. O Novo Testamento claramente demonstra que soas, por mais íntima que tenha sido sua convivên-
Jesus não deixou margem à ideia de uma ressurrei- cia, tenham a mesma alucinação ao mesmo tempo.
ção espiritual. Se por um lado ele ordenou a Maria As aparições foram muitas e muito detalhadas para
Madalena que não o tocasse, ele se ofereceu aos se encaixarem num padrão alucinatório. Além disso,
discípulos para dissipar, quaisquer dúvidas quanto houve uma ocasião em que Cristo apareceu de uma
à sua natureza corpórea e material (Jo 20.17; Lc só vez a 500 pessoas. Josh MacDowell sugere ironi-
24.39). Evidência adicional de que não foi apenas o camente que tal fenômeno de alucinação coletiva
espírito de Jesus que “ressuscitou” (ou permaneceu seria milagre maior que a própria ressurreição.
vivo na mente dos discípulos) é que seus pés foram D. Alucinações acontecem com pessoas quês estão pre-
realmente tocados (Mt 28.9) e que ele ingeriu ali- dispostas a crer naquilo que vêm a imaginar. Tal não
mento (Jo 21.9-14; Lc 24.42, 43). foi o caso das primeiras testemunhas da ressurreição.
Para ter validade, tal teoria teria que provar a não-his- As mulheres foram ao túmulo para ungir um cadáver;
toricidade da evidência bíblica, que a contraria frontalmente. ao serem confrontadas com o túmulo vazio, pensara
É também uma clara tentativa de forçar fatos para que estes que o corpo havia sido roubado. Ao verem o Cristo
se conformem a uma ideia pré-concebida. Por tudo isso, deve ressurreto, confundiram-no com o jardineiro. Ao ou-
ser rejeitada. virem o relato das mulheres os discípulos não creram.
Mesmo assim de longo tempo de conversa ao longo
5. A teoria das alucinações. Esta é sem dúvida a mais da estrada para Emáus, os dois discípulos não perce-
divulgada e mais facilmente “aceitável” das teorias humanis- beram estar diante do Cristo ressurreto. Certamente
tas sobre a ressurreição de Jesus Cristo. Diz simplesmente que tais pessoas não eram candidatos a alucinações. E
os discípulos e as mulheres pensaram ter visto a Jesus; na o que dizer de Paulo, que votava ódio e desprezo à
verdade, estavam apenas tendo alucinações, algumas delas pessoa de Jesus de Nazaré?
individuais, outras coletivas. Todavia, E. Alucinações são um fenômeno constante na vida da-
A. Alucinações, por definição e natureza, não servem para queles que as experimentam. As aparições de Cristo
descrever as experiências dos discípulos com Cristo. terminam abruptamente 40 dias depois de terem
O novo dicionário brasileiro define alucinação como começado (à exceção da aparição do apóstolo
Apologética 53
Paulo). Céticos poderiam argumentar que ao longo acordadas teriam executado sua função à risca, por
da história da cristandade tais alucinações têm sido amor à suas própria vidas.
frequentes. Tal argumento é extremamente tênue, já D. Não somente tal ação teria sido contrária aos prin-
que tais “aparições” nunca se conformam aos pa- cípios pregados e vividos pelos apóstolos e seus se-
drões do Novo Testamento acima descritos. guidores, mas incrível transformação operada nos
F. Finalmente a teoria das alucinações não se coaduna apóstolos entre a morte de Cristo e pentecostes
com fatos objetivos – o túmulo vazio, o selo quebra- teria se baseado numa colossal mentira, sem que a
do, a fuga da guarda, os lençois, a incrível versão dos verdade tivesse jamais transpirado!
sacerdotes e suas ações retaliatórias subsequentes. E. Finalmente, se o corpo tivesse sido realmente roubado
pelos discípulos, como explicar as aparições de Cristo
Apesar se der mais “popular” das teorias que afirmam a pessoas que não pertenciam ao círculo cristão (e.g.
que o túmulo de Jesus permaneceu ocupado, a teoria das alu- Tiago, Paulo) e ao círculo imediato de apóstolos (i.e. os
cinações é a mais fraca de todas, carecendo de base científica quinhentos e poucos irmãos citados por Paulo)?
e histórica. Na verdade, é preciso mais fé para se aceitar a Esta teoria não explica todos os fatos. Também não é
teoria das alucinações do que para crer na ressurreição. coerente com o testemunho secular quanto à elevada ética
Conclusão: as cinco teorias do túmulo ocupado carecem dos primeiros cristãos. Mesmo um feroz crítico do cristianis-
de base factual e têm que ser rejeitadas numa avaliação racional. mo, como David Strauss, afirmou que os discípulos sincera-
Somente a pressuposição de que uma ressurreição corporal é im- mente criam que Jesus havia ressuscitado.
possível pode levar alguém a aceitar qualquer uma delas.
2. As autoridades esconderam o corpo. Esta é uma va-
B) Teoria do túmulo vazio riação da teoria anterior que, embora pareça atraente e viável,
é também eivada de contradições:
Nesta parte do curo avaliaremos as teorias racionalistas
que se baseiam na realidade da tumba vazia. Os acontecimentos A. Primeiramente, por que haveriam as autoridades de
narrados no final dos evangelhos e no começo do livro de atos fazer exatamente aquilo que lhes viria a causar pro-
apontam como já mencionamos, para o fato de que aqueles que blemas? Por que arriscar sua segurança política e
realmente poderiam estar de posse do corpo (judeus e romanos) até pessoal com o extravio do cadáver?
nada fizeram pra destruir ainda o cristianismo. B. Em segundo lugar, por que teriam elas ficado tão es-
Nossa análise voltará a se basear nos dois princípios já tranhamente dóceis quando aquele bando de faná-
empregados de avaliação da totalidade da evidência e da não ticos começou a encher Jerusalém com sua insidiosa
imposição de ideias preconcebidas. heresia? Tudo que precisavam fazer era chamar como
1. O corpo foi roubado pelos discípulos. Esta foi a pri- testemunhas os que haviam transportado o cadáver
meira e ainda é uma das principais teorias racionalistas para José para o túmulo “oficial”. Melhor ainda, poderiam
explicar o túmulo vazio. Mateus a registrou em seu evangelho exibir o cadáver perante a multidão reunida para o
e ela é mencionada pelo apologista Justino, em sua obra diá- dia de pentecostes. O cristianismo seria abortado em
logo contra trifo. A versão dos líderes judaicos é muito incoe- Jerusalém e jamais teria se espalhado pelo mundo.
rente e facilmente condenável. Senão vejamos:
A. O suborno oferecido aos guardas prova que eram uma A teoria do desmaio e da reivindicação. Esta teoria, mui-
guarda romana. Isto torna muito pouco provável, se to popular entre os racionalistas dos séculos xviii e xix, afirma
não impossíveis que tivessem todos dormindo ao mes- que Jesus não morreu, de fato. Foi realmente pregado na cruz e
mo tempo. Já sugerimos que mesmo que se tratasse da sofreu terríveis dores, choque emocional e físico e razoável per-
guarda do templo, a disciplina seria igualmente rígida. da de sangue. Os discípulos, pensando que seu mestre morrera,
B. Mesmo que tivessem todos dormindo, isso tornaria enterraram o corpo ainda com vida. O ar frio do sepulcro revivi-
a identificação dos supostos ladrões impossível. O ficou a Jesus e assim seus discípulos vieram a crer que se tratara
testemunho da guarda seria fatalmente rejeitado realmente de uma ressurreição dentre os mortos. Todavia,
num tribunal competente. A. É francamente impossível que uma pessoa que passara
C. Mesmo que tivessem dormido e os discípulos vindo a noite em claro, fora brutalmente açoitada pelos ro-
roubar o corpo, o deslocamento da enorme pedra manos e ficara tão fraca que não pudera carregar um
para a posição inocentemente descrita pelos evan- peso de 50 quilos, tivera mãos e pés dilacerados por
gelhos fatalmente acordaria os guardas. Uma vez enormes pregos e fora ferido por uma lança na região
54 54 - Nível Bacharel
Nível Bacharel
Curso Teológico -Maranata
do coração ainda aguentasse 36 horas num túmulo almente de reconhecê-lo, uma vez vencido seu cetismo original?
frio sem qualquer espécie de assistência médica. Onde estão as marcas apresentadas por Jesus? Onde os gestos e
B. É absolutamente impossível que depois de 36 horas, a maneira de partir o pão que o identificou em Emáus?
vivo apesar de todas as expectativas, Jesus tivesse Schonfield elimina todas as aparições de Jesus (a exce-
conseguido mover uma pedra de duas toneladas e ção de quatro) como não históricas. Seu critério? Elas não se
escapar incólume de uma companhia de 6 soldados encaixam sem sua teoria preconcebida. Além disso, despreza
romanos. o testemunho bíblico sobre José de arimateia e o testemunho
C. É ridículo pensar que em tais condições, Jesus pudes- histórico sobre a ética e a fibra dos seguidores de Jesus Cristo
se ter dado a seus discípulos a impressão de glória diante da perseguição.
e majestade que eles certamente tiveram ao ponto A teoria do conluio da páscoa, engenhosa e facilmen-
de proclamá-la como Deus e Senhor. David Strauss, te vendável, apresenta as mesmas deficiências das anteriores.
o cético alemão do século ixi, avaliou esta teoria Poderíamos dizer que é uma versão mais hollywoodiana da teo-
como impossível de crer e incapaz de transformar ria do desmaio. Seu cetismo para com a narração bíblica revela a
“sua (dos discípulos) tristeza em entusiasmo e ter predisposição em não aceitar a verdade mesmo quando ela está
elevado sua reverência ao nível de adoração”. aparentemente e é verificável, historicamente e literalmente.
Esta teoria ignora um fato básico mencionado nos 5. Conclusão: as várias teorias racionalistas que ten-
evangelhos. A morte de Jesus foi confirmada pelos romanos, o tam explicar o túmulo vazio foram “pesadas e achatadas em
que equivale a dizer que foi constatada por pelo menos qua- falta”. Além de serem falhas em suas próprias afirmações,
tro oficiais “especializados” em crucificações. Ignora ainda o combinam a estas algumas das pressuposições daqueles que
embalsamamento do corpo de Jesus e os lençóis intactos. defendem uma ressurreição espiritual ou existencial de Jesus.
É uma tentativa desesperada de explicar racionalmen- Em sua maioria, exigem mais fé que a simples narrativa dos
te o inexplicável. evangelhos. A teoria de que Jesus deixou o túmulo ressurreto,
pelo poder de Deus, se harmoniza perfeitamente com os fatos
4. Teoria do conluio (ou trama) da páscoa. Esta teoria, po- narrados nas escrituras sem procurar ajusta-los a uma ideia
pularizada no livro the passover plot, de huch schoafield, afirma preconcebida. Ela ainda é aceita por meio da fé, mas uma fé
que Jesus sinceramente acreditava ser o messias e, assim, plane- racional e historicamente confiável.
jou sua vida e uma pretensa morte para dar credibilidade à sua
convicção, a essa altura já instilada em seus seguidores.
O conluio incluía Jesus, José de arimatéia e um jovem des- IV. Provas circunstânciais
conhecido. No conluio constavam a crucificação e um pseudo- que apontam para a realidade da
sepultamento. O plano fracassou por causa da lança romana que ressurreição
perfurou o coração de Jesus, causando sua morte.
Para consertar as coisas, o corpo de Jesus, depois de Em linguagem jurídica, provas circunstanciais são aque-
sepultado foi retirado de lá por josé e pelo jovem desconheci- las que não são provenientes do relato de testemunhas oculares,
do, que passou depois a assumir o papel do falecido Jesus. As mas fatos relacionados ao ocorrido e dos quais se podem tirar
“aparições” foram entendidas pelos discípulos como evidên- deduções ou fazer interferências.
cia da ressurreição e assim a história foi propagada. As provas circunstanciais podem ser extremamente
Schonfield acaba por advogar uma ressurreição “espi- importantes num julgamento, pois, ao contrário do testemu-
ritual” de Cristo, que vive onde imperam a justiça, a retidão e nho direto, não são fáceis de engendrar ou “fabricar”.
a paz. Todavia, Examinaremos algumas das evidências circunstanciais
Schonfield é gritantemente culpado de selecionar para a ressurreição de Cristo.
como autênticos somente os fatos úteis ou necessários à sua
sabedoria. Ele rejeita o fato da guarda romana ao túmulo por- A transformação dos discípulos
que somente Mateus a registra. Todavia, por ser essencial à O aparecimento da igreja cristã
sua teoria, o golpe de lança é mantido como verdadeiro, em- A mudança do dia de adoração
bora seja registrado apenas por João. Onde está a coerência, As ordenanças do batismo e da ceia
dr. Schonfield? Transformação de vidas ao longo da história
Schonfield quer nos fazer crer que os discípulos, íntimos,
companheiros de Jesus por três anos e meio, deixariam eventu-
Apologética 55
V. Uma harmonia das aparições grupo de mulheres era maior do que Mateus dá a entender.
de Jesus após sua ressurreição Pelo menos quatro são mencionadas por nome, e Lucas 24.10
indica que havia mais algumas. A aparente discrepância sobre
Esta tentativa de harmonizar os relatos dos evangelhos os anjos poderia ter-se devido ao fato de algumas terem visto
no tocante às aparições do Cristo ressurreto se baseia em duas um anjo e outras terem visto dois anjos.
ideias: a primeira é que os discípulos e as mulheres estavam
passando por uma experiência tão traumática que suas emo- D) As mulheres fogem do túmulo
ções (não sua capacidade intelectual ou sanidade mental) fi- (Mt 28.8; Mc 16.8; Jo 20.2)
caram oscilantes por algum tempo. A segunda é que o fato de
um evangelista não utilizar certo material em sua narrativa não Mateus registra a confusão emocional de que foram
implica em sua ignorância do mesmo. Em outras palavras, cada possuídas as mulheres e Marcos acrescenta a informação de
um deles selecionou incidentes com os quais formou um fluxo que o medo sobrepujou a alegria, impedindo-as de obede-
narrativo que satisfizesse seus objetivos como historiador. cer à ordem do anjo. Eventualmente, maria madalena deixa
Como simples exemplo deste fato, podemos citar que o grupo e vai relatar o ocorrido a pedro (Jo 20.2); seu relato,
se observarmos o evangelho de Lucas, teríamos a impressão entretanto, não inclui a ressurreição, mas somente a remo-
de que Cristo ressuscitou e subiu aos céus no mesmo dia! No ção do corpo. A omissão da aparição de anjos sugere que as
entanto, como o próprio Lucas, o autor de atos, nos indica, próprias mulheres foram as primeiras a imaginar uma teoria
quarenta dias se passaram entre os dois eventos. Seria impos- racionalista para explicar a ressurreição.
sível taxá-lo de ignorante em tais condições; o óbvio ululante
é que Lucas preferiu um relato mais conciso das aparições e E) A aparição a Maria Madalena
ministérios de Jesus depois de sua ressurreição. (Mc 16.9-11; Jo 20.11-18)
Por uma questão de economia, as passagens bíblicas se-
rão aqui apenas mencionadas e não escritas em sua totalidade. Maria madalena volta ao sepulcro após pedro e João
Quando necessário, pequenos comentários serão adicionados. e ali permanece depois de sua partida. Sozinha, testemunha
nova aparição angélica, expressando sua tristeza por não
A) A saída para o túmulo encontrar ali o corpo de seu Senhor. Marcos explicitamente
(Mt 28.1; Mc 16.1, 2; Lc 24.1; Jo 20.1) declara que maria madalena foi a primeira testemunha da
ressurreição (a narrativa joanina confirma esta fato).
Um estudo das declarações iniciais nas narrativas da res-
surreição sugere que as mulheres partiram em direção ao túmulo F) A aparição ao grupo de mulheres e seu
enquanto ainda estava escuro e chegaram ao seu destino quan-
relatório aos discípulos (Mt 28.9-10; Mc 16.10,
do os primeiros raios do sol surgiram sobre Jerusalém.
11; Lc 24.9-11; Jo 20.18)
B) O terremoto A esta altura mal podemos precisar se maria madalena
(Mt 28.2-4; Mc 16.3-4; Lc 24.2; Jo 20.1) foi sozinha ao encontro dos discípulos, se voltou intencional-
mente ao grupo de mulheres ou se as encontrou acidental-
A julgar pela sequência apresentada por Mateus, único mente. Marcos e João sugerem que ela foi sozinha, mas o fato
a mencionar o terremoto, este aconteceu enquanto as mulhe- de se limitarem à sua participação não torna a singularidade
res estavam a caminho. de seu relato obrigatória. Pode-se supor que, tendo indo e re-
Mateus indica que o anjo se assentou sobre a pedra remo- latado o que vira não recebeu crédito, indo então ao encontro
vida; isto não contradiz Marcos e Lucas, pois ele fala da perspectiva das mulheres para conseguir apoio para seu testemunho.
dos soldados (só mencionados por ele), enquanto os outros dois A narrativa de Mateus indica claramente que maria
evangelistas narram o incidente da perspectiva das mulheres. Nada madalena estava no grupo que viu o Senhor ressurreto e o
impedia o anjo de se deslocar da pedra para o interior do sepulcro. texto majoritário sugere que Mateus estava consciente da
omissão que fazia a eventos significativos. Tendo escolhido
C) As declarações dos anjos o grupo feminino como seu “porta-voz oficial”, ele deixa de
(Mt 28.5-7; Mc 16.5; Lc 24.3-8) lado a aparição pessoal a maria madalena (cf. Dt 19.15).
A sugestão textual vem com a frase **************
Lucas é o único a mencionar dois anjos, pois Mateus **********************************************
e Marcos mencionam a presença de um (não há contradição, ****, omitidas nas modernas edições críticas. Se adotarmos a
pois não dizem “um só anjo”). Lucas também indica que o posição acima sugerida, teríamos uma perfeita harmonia en-
56 56 - Nível Bacharel
Nível Bacharel
Curso Teológico -Maranata
tre o relato de Marcos e Mateus. Recebendo o relato dos anjos L) A aparição a sete discípulos
as mulheres partem rapidamente; repentinamente são assal- junto ao mar da Galileia (Jo 21.1-23)
tadas por medo e incredulidade e para ou voltam ao lugar de
onde haviam vindo. Maria madalena continua e avisa pedro Aqui temos registrado o único milagre realizado por
e João. Estes vão ao túmulo e voltam. Jesus aparece a maria, Jesus depois de sua ressurreição. Sua semelhança com a pri-
ela se reúne às outras mulheres e então ocorre a segunda meira pesa milagrosa é mais do que simples acidente; era
aparição. Isso “forçaria” Mateus à aparente redundância nos comprovação definitiva para aqueles sete de que realmente
versículos 8 e 9 do capítulo 28. Jesus havia ressuscitado e que duvidar seria puro pecado.
Lucas não indica que as mulheres relatam as aparições.
Embora a primeira vista isto possa parecer contraditório ou possa M) A aparição sobre
indicar ignorância por parte de Lucas. Todavia, como (paulo tam- um monte na Galileia (Mt 28.16-20)
bém omite as aparições às mulheres, podemos inferir que ambos,
íntimos companheiros, preferiram concentrar sua apologia no Mateus não nos narra a ascensão. A grande comissão não
testemunho masculino, mais aceitável à sociedade de sua épo- foi a última ordem de Jesus aos discípulos mas fazia parte de
ca). Lucas dificilmente poderia ser acusado de ignorância, pois um conjunto de ordens mencionadas em conjunto pelos quatro
menciona o testemunho das mulheres em 24.22-24. evangelhos e pelo livro de atos. A preocupação de Mateus era a
autoridade de Jesus e a transmissão desta autoridade para os dis-
G) A aparição aos dois discípulos a cípulos depois da ressurreição; por isso, ele se limita a mencionar
estrada de Emáus (Lc 24.13-35) este incidente onde seu tema principal transpira. Podemos inferir
que, tal como no sermão do monte, outros estavam presentes
Esta aparição e a chave do testamento da ressurreição (cf. I Co 15.6; Mt 5.1 e 7.28) e que os que duvidaram fossem
em Lucas. Ocorreu na tarde do primeiro dia da semana e revela o os quatro que não haviam assistido a pesca milagrosa e haviam
estado de incredulidade que predominava entre os discípulos. A novamente cedido ao seu próprio racionalismo.
narrativa de Lucas indica que a partida de Jesus de emáus não foi
convencional, mas que ele desapareceu instantaneamente. Isto N) A aparição final em Jerusalém
permitiria que ele se tivesse encontrado com pedro antes que (Lc 24.44-53; At 1.4-12)
cleopas e seu companheiro incógnito voltassem a Jerusalém com
a notícia confirmada da ressurreição. A descrição de Lucas sugere que o Senhor participou
de uma refeição com seus discípulos e depois, levando-os até o
H) A aparição a Pedro (Lc 24.34; 1Co 15.5) monte das oliveiras, ali se despediu deles, deixando-lhes a última
“divisão” da grande comissão, o serem suas testemunhas. O pa-
Embora não descrita em detalhes, esta aparição é uma drão parece idêntico ao das narrativas anteriores à ressurreição,
das mais significativas, pois foi a primeira a um dos apóstolos. com uma refeição “didática” e a ida a um local afastado onde
Por isso, merece menção especial por paulo, já que pedro era algum acontecimento especialmente marcante se registrava.
o primus inter pares dos onze. Obs.: Apenas uma passagem deixou de ser mencio-
nada, por uma incerteza quanto à sua posição cronológica;
I) A aparição aos onze (Lc 24.36-43; Jo 20.19-23) trata-se de Marcos 16.14-18.
O termo onze aqui empregado como um termo técnico, pois Pelo tom de censura e incredulidade, ela deve ser in-
sabemos que Tomé não estava com eles. Esta aparição se deu na cluída entre as primeiras aparições de Jesus, talvez sendo a
noite do dia da ressurreição, conforme indicado em (Jo 20.19). versão marcada de Lucas 24.44-53, João 20.19-23. Esta hipó-
tese parece ser confirmada pelas palavras do versículo 14, que
indica que os discípulos até aquela ocasião ainda não tinham
K) A aparição posterior aos onze em Jerusalém
visto pessoalmente ao Senhor ressurreto.
Tomé, numa atitude “cientifica”, negou-se a crer se Assim, provamos que a ideia de que todas as “versões”
não tivesse evidência material da ressurreição. Tendo-a rece- da grande comissão não foram dadas numa única ocasião e
bido, porém, confessou a Jesus como Senhor e Deus, numa no último dia de Jesus sobre a terra. Para uma opinião contrá-
das mais belas cenas do Novo Testamento. É interessante no- ria quanto à cronologia desta passagem, consultar the life of
tar que na estrutura do evangelho de João, o apóstolo colo- christ in stereo, onde ela é colocada no dia da ascensão.
cou dois céticos reconhecendo a divindade de Jesus; no início
natanael (1.45-49), no final tomé (20.24-29).
Apologética 57
1. O que é Apologética?
2. Quais são as duas finalidades específicas na Apologética?
3. O que é Agnosticismo?
4. Qual o nome do chicote que os Romanos usavam para açoitamento?
5. Quantos quilos a barra superior da cruz pesava?
6. Quantos metros havia na estrada do túmulo de Jesus? E quantas toneladas pesava a
pedra que foi usada para fechar?
7. Qual a afirmação do racionalismo?
8. Por quem foi iniciada a crucificação? E como?
9. Segundo o Dr. C. Truman o golpe da lança em Jesus causou o que de fato?
10. Em quantos grupos se dividem, a teoria Anti- Supernaturalista? Quais?
58 58 - Nível Bacharel
Nível Bacharel
Curso Teológico -Maranata
07
Angelologia
Angelologia 59
de Israel. Foi Gabriel que trouxe a Zacarias a mensagem do alcance que a doutrina da eleição soberana deve ter na relação
nascimento de João e foi ele que veio com a maior de todas as dos anjos para com o seu Criador. A queda de alguns anjos foi tão
mensagens à Virgem Maria quanto ao nascimento de Cristo e antecipada por Deus quanto a queda do homem. Está também
o Seu ministério como Rei sobre o trono de Davi (Lc 1.26-33) implícito que os anjos passaram por um período de experiência.
O que Lúcifer intentou no Éden já tinha feito nos céus.
Serafins (Is 6.1-3)
Miríades de espíritos:
O título serafins fala de adoração incessante, do seu
ministério de purificação e de sua humildade. Eles aparecem Ministradores celestiais (Hb 1.13,14; Ap 5.11).
apenas uma vez nas Escrituras sob esta designação (Is 6.1-3).
Sua atribuição tripla de adoração conforme registrada por Anjos Especialmente Nomeados
Isaías foi repetida por João (Ap 4.8) e sob o título de criaturas
viventes, fato esse que de longe estabelece a identidade do Certos anjos só ficaram conhecidos pelo serviço que presta-
grupo. A palavra significa no hebraico “Queimadores”. ram. Destes, temos aqueles que serviram como anjos de juízo (Gn
19.13; 2 Sm 24.16; 2 Rs 19.35; Ez 9.1,5,7; Sl 78.49). Vejamos:
Querubins (Gn 3.22-24; Ez 10.1-3)
Vigilante (Dn 4.13,23);
O título Querubim fala de sua posição elevada e santa e
Anjo do Abismo (Ap 9.11);
sua responsabilidade está intimamente relacionada com o trono
Aquele que tem autoridade sobre o fogo (Ap 14.18);
de Deus como defensores de Seu caráter e presença santos.
O anjo das águas (Ap 16.5);
Os querubins aparecem pela primeira vez junto ao por-
Os sete anjos (Ap 8.2).
tão do Éden, depois que o homem foi expulso e como protetores
para que o homem não retornem, poluindo a santa presença de
NOTA: Nas obras apócrifas há menção de três anjos
Deus. Aparecem novamente como protetores, embora em ima-
que não foram mencionados na Bíblia, a saber, Rafael, Uriel
gens de ouro, sobre a arca da aliança, onde Deus se comprazia
e Jeremiel.
em habitar. A cortina do tabernáculo separava a presença di-
vina do povo ímpio, tinha bordados de figuras de Querubins
(Êx 26.1). Ezequiel refere-se a estes seres chamando-os pelo
7. A Natureza dos Anjos
seu título dezenove vezes e a verdade relacionada com eles
deriva destas passagens. Ele os apresenta com quatro rostos São seres espirituais (Hb 1.14).
diferentes: de um leão, de um boi, de um homem e a face de Não se reproduzem segundo a sua espécie (Mc 12.25).
uma águia (Ez 1.3-28; 10.1-22) Este simbolismo relaciona-se Os anjos mencionados nas Escrituras são designados pelo
imediatamente com as criaturas viventes da visão de João (Ap sexo masculino (Gn 18.1-2; cf. Zc 5.9).
4.6-5.14,etc. A tradução por animais não é satisfatória). Não morrem (Lc 20.36).
São distintos dos seres humanos (Sl 8.4-5).
Governadores Têm grande poder (2 Pe 2.11).
Mencionamos cinco representações principais de su-
premacia destes seres, a saber: tronos, domínios, principados, Como seres espirituais
autoridades e poderes.
Louvam a Deus (Ap 5.11; 7.11).
Tronos: Refere-se àqueles que estão sentados sobre eles;
Cumprem a sua vontade (Nm 22.22; Sl 103.20).
Domínios: Àqueles que dominam;
Veem a sua face ( Mt 18.10).
Principados: Àqueles que governam;
Estão em submissão a Cristo ( 1 Pe 3.22).
Poderes: Àqueles que exercem supremacia;
São superiores aos seres humanos (Hb 2.6,7).
Autoridades: Àqueles que são investidos de respon-
Habitam no céu (Mc 13.32).
sabilidade imperial.
Não devem ser adorados (CL 2.18; Ap 19.9,10).
Podem aparecer em forma humana (geralmente como
Anjos Eleitos (1 Tm 5.21);
moços, sem asas, cf. Gn 18.2,16; 19.1; Hb 13.2.
A referência, em 1 Tm 5.21, aos “anjos eleitos”, descortina
imediatamente um campo interessante de pesquisa referente ao
Angelologia 61
8. Os ministérios dos Anjos Protegem os santos que temem a Deus (Sl 34.7; 91.11; Dn 6.22);
Castigam os inimigos de Deus (2 Rs 19.35; At 12.23; Ap 14.17);
Lutam contra as forças demoníacas (Ap 12.7-9);
8.1. A Cristo Acompanharão a Cristo quando ele voltar (Mt 24.30,31);
Estarão presentes no julgamento da raça humana (Lc 12.8,9).
Predisseram o seu nascimento (Lc 1.26-33).
Anunciaram o seu nascimento (Lc 2.13).
Protegeram a criança (Mt 2.13). 9. O Anjo do Senhor
Fortaleceram a Cristo depois da tentação (Mt 4.11).
Estavam preparados para defendê-lO (Mt 26.53). É mister fazer menção especial ao “Anjo do SENHOR”
Confortaram-nO no Getsêmani (Lc 22.43). (às vezes, “o Anjo de Deus”).
Rolaram para longe a pedra que fechava a entrada ao Seu primeiro aparecemento foi a Agar, no deserto (Gn
sepulcro de Jesus (Mt 28.2). 16.7); outros aparecimentos incluíram pessoas como Abraão
Anunciaram a ressurreição (Mt 28.6). (Gn 22.11,15), Jacó (Gn 31.11-13), Moisés (Êx 3.2), todos os
israelitas durante o êxodo (Êx 14.19) e mais tarde em Boquim
8.2. Aos Crentes (Jz 2.1,4), Balaão (Nm 22.22-36), Josué (Js 5.13-15, onde o
príncipe do exército do SENHOR é mais provavelmente o Anjo
Seu ministério geral é de ajuda (Hb 1.14).
do SENHOR), Gideão (Jz 6.11), Davi (1 Cr 21.16), Elias (2 Rs
Estão envolvidos com as respostas das orações (At
1.3-4), Daniel (Dn 6.22) e José (Mt 1.20; 2.1.13).
12.7).
Observam as experiências dos crentes (1 Co 4.9; 1 Tm 5.21).
Tarefas realizadas pelo Anjo do SENHOR:
Encorajam nas horas de perigo (At 27. 23-24).
Estão interessados nos esforços evangelísticos dos cren- Mensagens ao povo do Senhor (Gn 22.15-180);
tes (Lc 15.10; At 8.26). Suprir necessidades do povo do Senhor (1 Rs 19.5-7);
Ministram aos justos na hora de sua morte (Lc 16.22; Jd 9). Proteger o povo de Deus do perigo (Êx 14.19);
Ocasionalmente destruir os inimigos de Jeová (Êx 23.23);
8.3. Às Nações Punia os rebeldes (2 Sm 24.16,17).
Porque o anjo do Senhor está tão estreitamente iden- dessa condição, Cristo veio a morrer (Jo 3.16) e reconciliar
tificado com o próprio Senhor, e porque ele apareceu em for- o mundo com Deus (2 Co 5.18,19). Nunca devemos afirmar
ma humana, alguns consideram que ele era uma aparição do que “Deus está no controle de tudo”, a fim de esquivar-nos
Cristo eterno, a segunda pessoa da Trindade, antes de nascer da responsabilidade de lutar seriamente contra o pecado, a
da virgem Maria. iniquidade ou a mornidão espiritual.
Há, no entanto, um sentido em que Deus está no contro-
le do mundo ímpio. Deus é soberano e, portanto, todas as coisas
acontecem de acordo com sua vontade permissiva e controle
ou, às vezes, através da sua ação direta, de conformidade com
Satanologia o seu propósito e sabedoria. Mesmo assim, na presente era da
história, Deus tem limitado seu supremo poder e domínio sobre
A DOUTRINA DE SATANÁS o mundo. Esta limitacão é apenas temporária, porque no tempo
determinado pela sua sabedoria, Ele destruirá toda a iniquida-
de e o próprio Satanás (Ap 19.20). Somente então é que “Os
1. Satanás reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo,
Satanás (Gr. Satan, que significa adversário), foi antes e ele reinará para todo o sempre” (Ap 11.15).
um elevado anjo, criado perfeito e bom. Foi designado como O império do mal sobre o qual Satanás reina é altamente
ministro junto ao trono de Deus, porém num certo tempo, organizado e exerce autoridade sobre regiões do mundo inferior,
antes de o mundo existir, rebelou-se e tornou-se o principal os anjos caídos (Ap 12.7), os homens perdidos (Jo 12.31; Ef 2.2) e
adversário de Deus e dos homens (Ez 28.12-15). o mundo em geral (Lc 4.5,6; 2 Co 4.4). Satanás não é onipresente,
Satanás na sua rebelião contra Deus arrastou consigo onipotente, nem onisciente; por isso a maior parte da sua ativida-
uma grande multidão de anjos inferiores (Ap 12.4). Satanás e de é delegada a seus inumeráveis demônios (Ap 16.13,14).
muitos desses anjos inferiores decaidos foram banidos para Jesus veio à terra a fim de destruir as obras de Satanás
a terra e sua atmosfera circundande, onde operam limitados (1 Jo 3.8), de estabelecer o reino de Deus e de livrar o homem
segundo a vontade permissiva de Deus; do domínio de Satanás (1 Jo 3.8), Lc 4 : 19; 13.16; At 26.18).
Satanás, também chamado “a serpente”, provocou a Cristo, pela sua morte e ressurreição, derrotou Satanás e ga-
queda da raça humana (Gn 3.1-6). Nesse episódio, a serpente nhou a vitória final de Deus sobre ele (Hb 2.14).
levantou-se contra Deus através da sua criação. Declarou que No fim da presente era, Satanás será confinado ao abis-
aquilo que Deus dissera a Adão não era a verdade, por fim, mo durante mil anos (Ap 20.1-3). Depois disso será solto, e fará
ela foi a causa de Deus amaldiçoar a criação, inclusive a raça um derradeira tentativa de derrotar Deus, seguindo-se sua ruína
humana que ela fizera à sua imagem. A serpente é posterior- final, que será o seu lançamento no lago do fogo (Ap 20.7-10).
mente identificada com Satanás ou o Diabo (Ap 12.9; 20.2). Satanás atualmente guerreia contra Deus e seu povo
Certamente Satanás controlou a serpente e usou-a como ins- (Ef 6.11-18), procurando desviar os fieis da sua lealdade a
trumento para efetuar a tentação (2 Co 11.3,14). Cristo (2 Co 11.3) e fazê-los pecar e viver segundo o sistema
do mundo (1 Tm 5.15). O cristão deve sempre orar por livra-
mento do poder de Satanás, para manter-se alerta contra seus
2. Todo o mundo está no maligno ardis e tentações (Ef 6.11), e resistir-lhe no combate espiritual,
permanecendo firme na fé (Ef 6.10-18).
Nunca compreenderemos adequadamente o NT a não
ser que reconheçamos o fato subjacente nele de que Satanás
é o Deus deste mundo. Ele é o malígno, e o seu poder controla 3. A personalidade de Satanás
o presente século mau (cf. Lc 13.16; 2 Co 4.4; Gl 1.4; Ef 6.12).
As Escrituras não ensinam que Deus hoje controla di-
retamente este mundo ímpio, cheio de gente pecaminosa, de Ele possui intelecto (2 Co11.3).
maldade, de crueldade, de injustiça, de impiedade, etc. Deus Ele tem emoções (Ap 12.17).
não deseja, nem causa, de nenhuma maneira, todo o sofri- Ele tem vontade (2 Tm 2.26).
mento que há no mundo; nem tudo quanto aqui ocorre pro- Ele é tratado como pessoa moralmente responsável (Mt 25.41).
cede da sua perfeita vontade. A Bíblia indica que atualmente Pronomes pessoais são usados para descrevê-lo (Jó 1).
o mundo não está sob o domínio de Deus, mas em rebelião
contra seu governo e sob o domínio de Satanás. Por causa
Angelologia 63
Ele é uma criatura (Ez 28.14). Expulso de Sua Posição Original no Céu (Ez 28.16).
Ele é um ser espiritual (Ef 6.11-12). Julgamento pronunciado no Édem (Gn 3.14-15).
Ele pertence à ordem angelical dos querubins (Ez 28.14). Julgado na Cruz (Jo 12.31).
Ele era a maior das criaturas angelicais (Ez 28.12) Expulso dos Céus na Metade da Tribulação (Ap 12.13).
Preso no Abismo no Início do Milênio (Ap 20.2).
5.2. Traços de sua personalidade Lançado ao lago de Fogo ao Fim do Milênio (Ap 20.10).
3. Possessão Demoníaca
Demonologia Definição de Possessão Demoníaca. Possessão
A DOUTRINA DOS DEMÔNIOS demoníaca é a habitação de um demônio numa pessoa, exer-
cendo controle e influência diretos sobre ela, com certo prejuízo
para as funções mentais e / ou físicas. A possessão demoníaca
1. Origem dos Demônios deve ser distinguida da influência demoníaca ou atividade de-
moníaca contra uma pessoa. Nestas duas últimas formas de
A) Almas dos homens Maus já Mortos. Um ponto de atuação, o demônio atua de fora para dentro; na possessão, e
vista pagão grego. opera de dentro da própria pessoa. Por esta definição, o crente
B) Espíritos Desencarnados de uma Raça Pré-adâmica. não pode ser possuído por um demônio já que é habitado pelo
A Bíblia nunca menciona a existência de tal raça. Espírito Santo. O crente pode, contudo, ser alvo de opressão
C) Descendência de Anjos e Mulheres Antediluvianas demoníaca a tal ponto de dar a impressão de estar possuído.
(Gn 6.1-4).
D) Anjos Caídos. Satanás é um anjo, e é chamado príncipe 3.1. Efeitos da Possessão Demoníaca
dos demônios (Mt 12.24), indicando que os demônios são anjos e
não uma raça pré-adâmica. Além disso, Satanás tem uma hierar- A) Ocasionalmente, doença física ( Mt 9.32-33). Mas
quia bem organizada de anjos (Ef 6.11-12), e é razoável supor que a doença e a possessão são distinguidas uma da
estes sejam demônios. Alguns demônios já estão presos (2 Pe 2. 4; outra nas Escrituras (At 5.16).
Angelologia 65
08
Heresiologia I
Heresiologia I 67
Uma seita é identificada, em geral, por aquilo que ela gar o evangelho completo (Mt 13.25). 5) A falsa hermenêutica
prega a respeito dos seguintes assuntos: (2 Pe 3.16). 6) A falta de conhecimento da verdade bíblica (1Tm
1) Sobre a Bíblia sagrada; 2) Sobre a pessoa de Deus; 2.4); e 7) A falta de maturidade espiritual (Ef 4.14).
3) Sobre a queda do homem e do pecado; 4) Sobre a pessoa e
a obra de Cristo; 5) Sobre a salvação; e 6) Sobre o porvir. Conclusão
Se o que uma seita ensina sobre estes assuntos não se
coaduna com as escrituras, podemos estar certos de que estão Embora não se possa negar a realidade das seitas, não
diante de uma seita herética. podemos por isso desanimar, a tarefa de evangelizar inclui
não só os pecadores, mas também às “ovelhas perdidas da
casa de israel”. Muitos adeptos das seitas são pessoas que se
II. Característica de uma seita falsa afastaram da fé cristã movidas pelo melhor desejo de servir a
Deus. Outras foram enganadas por falsas promessas e ilusões.
Após analisar os aspectos de uma heresia, passamos A todos esses devemos, também, o nosso amor. Esperamos
aos aspectos comuns de uma seita falsa. São eles: que o estudo das heresias não só o habilite a “resistir o mal”
(Ef 6.10-13), como a compadecer-se dos que estão em dúvi-
1. Autoridade extra-bíblica. Embora quase todas as sei- das “arrebatando-os do fogo” (jd 23).
tas reconheçam a importância da Bíblia, seu conte-
údo doutrinário esta baseado, também, em escritos
supostamente “inspirados” de seus fundadores. A III. Pré-requisitos para
estes, dão o mesmo valor que as escrituras, quando evangelizar adeptos de seitas
não maior. Alguns grupos mais radicais negam par-
tes inteiras da Bíblia; outros, como seitas orientais, Em primeiro lugar é importante ter consciência de que
a desprezam completamente. o membro de uma seita falsa precisa tanto do genuíno evan-
2. Exclusividade de salvação. Na concepção de seus adep- gelho de Cristo quanto qualquer pessoa não cristã. Na realida-
tos somente eles são os eleitos para o privilégio de de ainda mais. Pois enquanto o pecador pode até reconhecer
uma salvação que, às vezes, resume-se tão somente na a sua necessidade de Deus, o sectário crê firmemente que já
aceitação de um “conhecimento superior”, “reencar- “venceu”, quando na realidade caminha para o inferno com a
nações” sucessivas para fins de “purificação”. Bíblia na mão. Assim, a seita torna-se uma ameaça mais séria
3. Exclusivismo da verdade. Como no item anterior, seus à igreja por ser uma simulação de igreja.
adeptos se arrogam serem,”os donos da verdade” . Não Portanto, para lidar com adeptos de seitas, é preciso pos-
importando o tempo de existência da seita. Com esse suir alguns requisitos básicos como os que relacionamos a seguir:
tipo de atitude, excluem toda a possibilidade da aceita-
ção de qualquer ensino contrário às suas doutrinas. 1. Ter segurança de sua salvação. Dialogar com um
4. Auto salvação. De um modo geral as seitas falsas en- sectário sobre suas crenças sem uma experiência
sinam aos homens a se salvarem e a desenvolverem pessoal com Cristo, equivale a usar uma arma en-
a sua própria salvação, através da prática de boas furrajada: o tiro pode sair pela culatra. Ao invés de
obras, meditação contemplativa, etc. ganha-lo, pode-se sair confundido e “baleado”.
5. Prática de proselitismo. Esta é uma das suas principais
características. As seitas (em especial, as proféticas) 2. Ter profundo conhecimento bíblico. O cristão médio não
não direcionam suas mensagens aos não evangeliza- conhece a Bíblia suficiente para perceber e refutar os er-
dos, ma sim aos que já possuem uma experiência de ros contidos nas meias-verdades das seitas. E ninguém
salvação de preferência, os novos convertidos, fingin- tem conhecimento maior desse fato que os seus adeptos.
do-se de cordeiros atacam como lobos o rebanho do Para superar essa deficiência é necessário um estudo site-
Senhor. Todo cuidado é pouco!!! mático das escrituras, se possível diariamente.
Entre as muitas razões para o surgimento das seitas 3.Ter uma vida de oração e comunhão com Deus. Qualquer
falsas no mundo, hoje, destacam-se as seguintes: cristão deve reconhecer que, sem isso, a derrota é pra-
1) A ação diabólica no mundo (2 co 4.4); 2) A ação dia- ticamente certa. Só o contato permanente com Deus
bólica contra a igreja (Mt 13.25); 3) A ação diabólica contra a pode capacitá-lo a discenir e combater as doutrinas
Palavra de Deus (Mt 13.19). 4) O descuido da igreja em empre- “enganadoras e ensinos de demônios” (itm 4.1).
Heresiologia I 69
4. Estar familiarizado com as suas doutrinas. Para se 11. Ofereça-se para ler a literatura dele se ele prometer
obter um bom resultado na refutação das doutrinas ler a sua.
de uma seita é preciso conhecer o seu conteúdo. 12. Lembre-se que sinceridade e zelo por si só não
Ao dialogar com um sectário é fundamental estar bastam. Alguém pode ter essas qualidades e ainda
seguro de qualquer fato ou doutrina relacionada a assim estar errado (Mt 23.15; 1.13,14)
sua seita que se pretende usar. Para isso, recomen- 13. Dê o seu testemunho de uma forma positiva e alegre.
damos ao cristão que leia material escrito sobre o 14. Termine com uma oração. Se Deus o dirigir, pregue
assunto dentro de uma visão cristã. o evangelho através de sua oração.
Sob perseguição, a igreja cresceu sem misturar-se com 2. Essa posição deu a Pedro não só a primazia sobre os
doutrinas anti-bíblicas (apesar do surgimento de movimentos demais apóstolos como também a autoridade para
esporádicos) até 313 D.C. representar a Cristo na Terra;
3. Pedro, sendo o primeiro bispo de Roma, foi também
II. Constantino e o cristianismo o primeiro papa do qual descendem todos os de-
mais com igual importância a autoridade até aos
A influência social da igreja no império romano foi pro- nossos dias.
gressiva e benéfica até o início do reinado de constantino. Este Usando paráfrase (interpretação paralela) para enfa-
imperador, às vésperas da batalha para decisão do trono, teve uma tizar o sentido por ele subentendido de (Mt 16.19), o padre
visão segunda a qual foi-lhe mostrada uma cruz das seguintes pa- Miguel Maria Giambelli em seu livro “A igreja católica e os
lavras: “com este sinal, vencerás”. Vitorioso, ele promulgou o edito protestantes”, na pág. 68 cita dessa forma o texto:
de tolerância em 313 D.C., pelo qual resgatava o cristianismo da “Nesta minha igreja, que é o reino de Deus na Terra,
condição de ilegalidade em que até então se encontrava. eu te darei a plenitude dos poderes executivos, legislativo e
Constantino se considerava “o cabeça da igreja”. A judiciário, de maneira que qualquer coisa que tu decretas, eu
partir dessa auto-definição, ele iniciou a designação de cargos ratificarei lá no céu, porque tu agirás em meu nome e com
eclesiásticos para atender as necessidades das igrejas espa- minha autoridade”.
lhadas pelo império. Não é necessário uma análise muito profunda para se
Mais tarde esses cargos passaram a ser comprados e observar o quanto de absurdo estas afirmações contém. À luz
vendidos, prática essa conhecida por “simonia” (At 8.18). da Bíblia, a teologia católica no que diz respeito de (Mt 16.13-
Seu sucessor, Teodósio (378 – 395 d.C.), tornou o cris- 19), está longe da verdade. Vejamos alguns argumentos que
tianismo a religião oficial obrigatória do império romano. podem ser usados para refutar tais distorções do ensino bíbli-
A oficialização do cristianismo como a religião do im- co. São eles:
pério romano provocou a entrada de multidões no seio da
igreja. Mas, quase sempre, a quantidade prejudica a qualida- 1. Argumento textual
de. Assim, grande parte dos recém-chegados não era conver-
tida e sim “convencida” por força do decreto. Outros tinham Em (Mt 16.18), o termo usado para “Pedro” é o subs-
interesse apenas nos benefícios conferidos aos cristãos, tais tantivo masculino “petros” que significa “fragmentos de ro-
como: isenção de impostos, do serviço militar, salários pelo cha”, “pedrinha”. Caso fosse o objetivo de Jesus dar a Pedro
estado, etc. Esses privilégios, que em sua maior parte eram os privilégios que a igreja católica romana deseja fazer crer,
concedidos aos líderes das igrejas, desencadearam uma ver- teria usado o substantivo feminino “petra”, cujo significado é
dadeira corrida a cargos e títulos. “rocha”, pedra grande e firme.
A partir daí, a igreja, embora crescesse em importância
política e financeira, entrou em franca decadência espiritual.
2. Argumento da confissão
Ela, que havia resistido por mais de trezentos anos aos ata- O fundamento sobre o qual Cristo disse que edificaria
ques do império romano pela mensagem do evangelho e o a sua igreja, na realidade, está contido na confissão de Pedro
sangue de seus mártires, foi por ele conquistada ao adaptar- no verso 16; o fundamento seria a expresso da fé, pela reve-
se ao seu próprio modo de vida. A entrada disfarçada no culto lação divina, de que Jesus é “o Cristo, o filho de Deus vivo”.
do pensamento pagão e suas práticas pouco a pouco fizeram A igreja subsistiria aos ataques do inferno por meio dessa fé
surgir doutrinas e costumes estranhos na igreja com enorme Hb 3.1;4.14 e 10.23.
prejuízo aos princípios básicos do cristianismo. É sobre essas
doutrinas e dogmas estranhos defendidos pelo catolicismo 3. Argumentos dos privilégios
romano que tratarão os próximos textos.
Com base em passagens como (Mt 18.18) e (Jo 20.23),
chega-se à conclusão de que os privilégios atribuídos pelo
III.Pedro, o fundamento da igreja?
clero romano exclusivamente a Pedro foram, na verdade, es-
A igreja católica romana ao interpretar Mt 16.13-19, tendidos a todos os discípulos. Com isso tornam-se iguais, não
afirma ser essa passagem prova categórica de Pedro ter sido havendo lugar para uma primazia especial.
eleito como o fundamento da igreja. Seguindo esse raciocínio Na realidade, os discípulos são considerados como
chegam, ainda, às seguintes conclusões: “fundamento” da igreja pelo fato de terem sido o núcleo atra-
1. Pedro é base (rocha) sobre a qual seria edificada a igreja; vés do qual o cristianismo se espalhou pelo mundo (Ef 2.20).
Heresiologia I 71
PEDRO mas que não deram plena satisfação à justiça divina (“a base
1. Financeiramente pobre – At 3.6;1 da doutrina contida na profissão de fé, papa Pio IV”).
2. Homem humilde, recusava adoração – At 10.25, 26 A doutrina do purgatório foi dogmatizada pelo concílio de
3. Era casado – Mt 8.14,15 Trento (1545) com a seguinte recomendação: “Este santo concílio
4. Estava sujeito a falhas e repressões – Gl 2.11-14 ordena a todos os bispos que, diligentemente, se esforcem para
PAPA que a salutar doutrina concernente ao purgatório – transmitida a
1. Administradores das grandes fortunas da igreja nós pelos veneráveis pais e sagrados concílios – seja crida, susten-
2. Frequentemente aceitam adoração tada ensinada e pregada em toda a parte pelos fiéis em Cristo”.
3. São celibatários (não pode casar-se) Principais textos bíblicos usados pela igreja católica na ten-
4. Consideravam-se infalíveis nas suas decisões e decretos tativa de dar apoio bíblico à doutrina do purgatório: Mt 12.32,36;
oficiais (“ex-cáthedra”) Lc 12.47,48; I Co 3.15.
São várias. Vejamos algumas: 1. Orações pelos mortos. É de se supor que a prática ro-
1. O fato do bispo de Roma ser o bispo da antiga ca- manista de interceder pelos mortos tenha-se gerado da
pital do mundo é de que o seu primeiro bispo havia falsa interpretação às palavras de Paulo em: (I Tm 2.1).
sido Pedro, segundo uma tradição. 2. Esmolas. Dar esmolas com a intenção de aplicá-las
2. Após a queda de Roma ante os bárbaros (476 D.C.), e a nas necessidades da alma que pena no purgatório, “É
consequente fragmentação do império romano ocidental, jogar água nas chamas de devoram-na”. Pretende a
o bispado de Roma tornou-se o único governo estável da igreja romana que, “exatamente como a água apaga o
Europa. Isto lhe dava muita força moral e política. fofo mais violento, assim a esmola lava o pecado”.
3. Em muitas ocasiões, os papas foram também os governa- 3. Missas. As missas são tidas como os principais recursos
dores políticos de Roma e de grandes regiões da Itália. empregados em benefício das almas que estão no purga-
Com isso, a igreja foi se tornando proprietária de terras, tório, pois, segundo o ensino romanista, a missa benefi-
as quais geravam rendas que eram devidamente aplicadas na cia não só a alma que sofre no purgatório, como também
criação e manutenção de um exército particular. acumula méritos àqueles que as mandam dizer.
Assim, depois seriam formados os “estados pontifícios” e É necessário dizer que todos esses meios só teriam valida-
o “santo império romano”, constituídos por terras doadas pelos de quando realizados através da igreja. Isso, ao longo dos sécu-
imperadores. los, tem sido uma importante fonte de renda para os seus cofres,
verdadeira exploração da ignorância bíblica de seus “fiéis”.
V. A doutrina do purgatório Foi a utilização do “privilégio de poder militar o sofrimen-
to dos que estavam no purgatório” somente concedida ao papa
Esta doutrina data de 593 D.C., na vigência do papado que levou Sisto IV, em 1476, a iniciar a prática de aplicar as “in-
de Gregório I, que adicionou o conceito do “lugar de purifica- dulgências” (esmolas intercessoras) às almas no purgatório.
ção” entre o céu e o inferno à teologia da igreja. Essa prática horrorizou Lutero, em 1517, ao presenciar
a venda de certificados assinados pelo papa com a seguinte
1. A doutrina do explicada promessa entre outras:
“... Ao tilintar das moedas no fundo da caixa, as almas
1. O purgatório é o lugar onde são purificados os cha-
dos vossos amigos saem do purgatório e entram no céu”.
mados pecados veniais (perdoáveis, pecados leves)
Para Martinho Lutero, um piedoso monge agostiniano,
que impedem a entrada do ser humano no céu.
“estava-se vendendo o privilégio de pecar”. Sua reação, na
2. O purgatório é um lugar de sofrimento muito seme-
forma de 95 teses, nas quais combatia essa aberração teoló-
lhante ao inferno, mas não permanente como ele. O
gica, desencadeou o movimento da reforma.
escritor católico Mazzareli calcula que um homem de
sessenta anos ficará cerca de 1.800 anos se purifican-
IV. Refutação
do no purgatório, pagando trinta pecados por dia.
Em nenhuma passagem da Bíblia se encontra indício
2. Quem vai para o purgatório de algo parecido com o “purgatório romano”. Ela é muito
Os que praticarem pecados veniais; clara ao afirmar que só existem dois lugares para o destino
Os de morte súbita, sem tempo de arrependimento, do ser humano após a morte: céu ou inferno. Não há possibi-
Heresiologia I 73
lidade ‘pós-túmulo’ para se mudar esse destino através de um “Está divinamente revelado que o papa, quando fala ‘ex-
lugar intermediário de purificação. cáthedra’2, reveste-se de infalibilidade na definição de doutrinas
Observe no quadro abaixo um resumo da doutrina do pertinentes a fé e a moral, e que tais definições são de si mesmas,
purgatório e a sua refutação à luz da Bíblia: irreformáveis, e não porque a igreja consiste nisso”.
O que diz a Bíblia: O único meio de purificação de pecados Dogmas da infalibilidade papal
é o sangue de Jesus (I Jo 1.7; Rm 3.25; 8.1).
Dogma: O dogma da inefabilidade papal é uma revelação divina;
O que diz a Doutrina do Purgatório: Lugar intermediário
entre o céu e o inferno. Refutação: A história do homem está cheia de falsas revelações
O que diz a Bíblia: Só existem dois lugares após a morte: (I Rs 22.6; Jr 23.16; 28.1-17; 37.19);
Céu (Fp 3.20; Rm 10.6) e Inferno (Sl 9.27; Lc 12.5). Dogma: O papa quando fala ‘ex-cáthedra’, é infalível nos
seus ensinos.
O que diz a Doutrina do Purgatório: Vão para o
purgatório os que praticam pecados menores. Refutação: É antibíblica, pois:
O que diz a Bíblia: Quem morre em seus pecados, está - Todo homem é falível em seus pensamentos e palavras (Sl
condenado (Jo 3.15; Mc 16.15). 94.11; Tg 3.8-10).
- Todo homem é passível de julgamento, I Co 10.15; 14.29; I Ts 5.12.
O que diz a Doutrina do Purgatório: Através da igreja
pode-se abreviar o sofrimento no purgatório.
O que diz a Bíblia: Nada pode modificar o destino dos 2. Conclusão
mortos (Lc 16.26).
O papa é considerado infalível em seus ensinos porque
o concílio do vaticano, sob a ordem de um deles, declarou que
ele o era, mas veja o que disse Jesus a esse respeito:
VI. A infalibilidade papal “Deixai-os, são condutores cegos: ora, se um cego
guiar outro cego, ambos cairão na cova” (Mt 15.14)
1. Razões dessa doutrina
VII. A doutrina da transubstanciação
Essa doutrina não foi cogitada na igreja antes de 600
D.C., no entanto, a partir do auge do poder papal (1198 – Em 1215 D.C., o papa Inocêncio III convocou o quarto
1216), muitos pontífices passaram a defendê-la por razões concílio de Latrão para definição de vários temas dos doutri-
facilmente compreensíveis. nários. Entre os assuntos tratados, foi decidida a transforma-
Vejamos alguns exemplos do desenvolvimento dessa ção do ensino da transubstanciação em artigo de fé para a
doutrina: igreja católica romana.
1. Inocêncio III (1198 – 1216) afirmava: “Todas as coi-
sas no Céu, na Terra e no Inferno estão sujeitas ao 1. A doutrina definida e explicada
vigário de Cristo” e “o papa é menor que Deus, mas
Segundo a teologia católica romana:
é maior que o homem... julga a todos os homens,
Transubstanciação é a doutrina segundo a qual no mo-
mas não é julgado por ninguém”1.
mento em que o sacerdote pronuncia as palavras de institui-
2. Pio IX (1845 – 1878) dizia que “todos os dogmas da
ção na missa: “Este é o meu corpo... Este é o meu sangue”,
igreja católica foram ditados por Cristo, mediante seus vice-
são transformados, quanto às suas substâncias, no corpo e
regentes na Terra”.
sangue de Cristo, tão perfeitos e reais como estão no Céu,
3. O concílio do Vaticano de 1870 D.C., sob a direção do papa
embora mantenha suas formas exteriores.
Pio IX definiu o dogma da infalibilidade papal nos seguintes termos:
2. Interpretação dessa doutrina 2. A promessa de Jesus que estaria com os seus discí-
pulos todos os dias (Mt 18.20), não sugere, em ab-
1. A substância do corpo e sangue de Cristo estariam de soluto, a doutrina da transubstanciação, e sim a sua
forma metafísica no pão e no vinho, não sendo passí- presença espiritual entre eles (At 18.9-10; 23.11).
vel de qualquer verificação científica. 3. Essa doutrina, assim como as outras definidas no quar-
2. As características próprias do pão e do vinho, tais como
to concílio de Latrão (confissão auricular, controle das
peso, cor, gosto ou mesmo a estrutura dos átomos en-
ordens monásticas e a inquisição) teve como objetivo
volvidos não teriam necessidades de modificação ma-
geral fortalecer o controle da igreja sobre o povo, e o
terial de quaisquer espécies;
fim específico de aumentar o poder papal.
3. O que se altera é o elemento místico ou metafísico que
não está sujeito à percepção dos sentidos humanos e não VIII. Os sete sacramentos
podem ser avaliados por qualquer teste científico;
4. “... Quem come e bebe não discernindo o corpo do A igreja católica romana, no afã de transformar seus
Senhor...” (I Co 11.29). Quem não discerne o corpo erros doutrinários em ensaios sagrados, institui a crença em
(transubstanciação) do Senhor, isto é, não diferencia determinados tópicos por ela denominada de “sacramentos”
o pão que é servido na missa do que é vendido na (do latim) “sacramentum”, termo jurídico que significa um ju-
padaria, está sob condenação. ramento sagrado feito no templo, e o que a partir do século
Passemos à análise dos aspectos principais dessa dou- XII passou a ser usada para designar os “sete sinais sagrados
trina e a refutação de cada um deles, no quadro abaixo: maiores instituídos por Cristo”.
A seguir, citemos alguns trechos do livreto “O que são
sacramentos?” Autoria do padre Amaurílio de Souza, para se ter
Dogmas da transubstanciação
uma ideia melhor do assunto na concepção católica romana.
Dogma: A substância mística do corpo de Cristo está
presente no pão e no vinho da missa; 1. O que são sacramentos?
Refutação: O pão e o vinho são simbólicos dos elementos do 1. Sinais sagrados, porque exprimem uma realidade sa-
sacrifício de Jesus “corpo e sangue” (Lc 22.19,20; I Co 11.23-25); grada, espiritual;
Dogma: Pela transubstanciação dos elementos o corpo de 2. Sinais eficazes, porque além de simbolizarem um
Cristo torna-se tão perfeito e real como no céu; certo efeito, produzem-no realmente;
Refutação: O corpo de Cristo hoje, na Terra, é a igreja (I Co 3. Sinais de graça, porque transmitem dons diversos
10.16-17; 12.27 Ef 1.22-23; 5.30); da graça divina;
4. Sinais de fé, porque não somente supõem a fé em
Dogma: A substância mística do corpo de Cristo não está
quem os recebe, mas porque nutrem, robustecem e
sujeita à percepção dos sentidos ou avaliação científica;
exprimem a fé;
Refutação: Se não pode ser percebida ou avaliada, como 5. Sinais da igreja, porque foram confiados à igreja,
pode ser descrita ou entendida? (Mc 7.7); são celebrados em nome da igreja (citado de Fiore,
Dogma: Não discernir o corpo de Cristo, em I Co 11.29, Carlo, “A liturgia do povo de Deus”, edições Lumem
significa não diferenciar o pão da missa do da padaria, o que Christi, Rio de Janeiro, pág. 67).
resulta em condenação; “O povo gosta, pede e acredita nos sacramentos. Vê
Refutação: O que traz juízo é não reconhecer o valor da nos sacramentos uma fonte de felicidade”.
igreja como o corpo de Cristo, ver (At 5.1-11; I Tm 1.19,20);
Dogma: A missa renova o sacrifício de Cristo através do 2. Por que sete sacramentos?
milagre da transubstanciação. No início da igreja, haviam dezenas de sinais sagrados.
Refutação: O sacrifício de Cristo foi único e perfeito No ano de 304, enumerou-se 304 desses “sinais”. A partir
(Hb 9.11-12, 25-28). do século XII, sete gestos primordiais foram destacados como
sacramentos no sentido que entendemos hoje (em 1545).
3. Outras considerações O concílio de Trento definiu que os sacramentos são
sete. Este número na Bíblia indica perfeição: são sete os dias
1. Mesmo após a ressurreição, e já corpo glorificado, Jesus da semana, em sete dias Deus criou o mundo... Com o núme-
não estava em dois lugares ao mesmo tempo. Como ro sete expressamos a experiência humana toda (idem, pág.
pode agora estar no céu e nas hóstias das missas por 9,10). A seguir, apresentamos uma síntese dos sete sacramen-
todo o mundo ao mesmo tempo? tos e a posição bíblica sobre eles:
Heresiologia I 75
3. Sacramentos?
1. O batismo
A. É uma ordenança de Cristo, não um sacramento
1. O batismo
(Mt 28.19; Mc 16.16);
A. É um sacramento instituído por Cristo;
B. É uma demonstração pública de uma experiência interior
B. É o nascimento para vida em Cristo;
(Mc 16.16; At 3.19; 8.36,37);
C. Insere a criança na igreja;
C. Não existe base bíblica para o batismo infantil, o batismo somen-
te tem validade se houver arrependimento e fé (Mt 3.7,9).
2. Segurança da salvação
2. Confirmação ou crisma
A. Quem firma o cristão na fé é Jesus (I Co 2.5) o Espírito
A. Firma o cristão na fé.
Santo (Rm 8.14, ainda vs. 16,26-27).
B. Dá o Espírito Santo.
B. Quem “dá” o Espírito Santo é o Pai (Jo 3.34; 14.16-26; At 5.32).
3. Ceia do Senhor
3. Eucaristia ou missa
A. O sacrifício de Cristo foi único e perfeito
A. Renova o sacrifício do calvário.
(Hb 10.12-14; I Pe 3.18).
B. O pão e o vinho são transformados no corpo real de Cristo
B. O pão e o vinho são elementos simbólicos do sacrifício de
pela transubstanciação.
Cristo (Lc 22.19,20; I Co 11.23-26).
6. Consagração
6. Ordem ou consagração
A. Cristo deu a grande comissão a todos os discípulos (Mt 28.18-
A. Somente os bispos e os padres podem realizar a grande
20; Mc 16.15-18; Lc 24.47,48; At 1.8 e 11.20).
comissão
B. Todos os que creem em Cristo são chamados sacerdotes (I
B. Só tem o ofício sacerdotal aquele que for ordenado pela igreja.
Pe 2.5-9; Ap 1.16)
C. O sacerdote deve ser celibatário (não casado).
C. Os oficiais da igreja podem e “devem” ser casados (I Tm 3.2-12)
7. O matrimônio
7. O matrimônio A. É uma instituição divina, não um sacramento (Gn 2.24)
A. É um dom sagrado de Deus B. A Bíblia usa o casamento para ilustrar a união de Deus com Israel
B. É a imagem da união de Deus com a humanidade e a igreja de Cristo (Is 54.5; Jr 3.14; Os 2.19-20; Ef 5.23,24-32).
C. Só a igreja pode validar o casamento ou sua realização C. É reconhecido o casamento civil, porém os cristãos devem
evitar o jogo desigual (I Co 7.39)
76 76 - Nível Bacharel
Nível Bacharel
Curso Teológico -Maranata
X. A igreja romana e a Bíblia A igreja romana usa o termo “tradição” para designar
o processo de transmissão oral de fatos, lendas e pensamen-
Na introdução do estudo das heresias da igreja ro- tos dos santos do passado, que servem para influenciar a con-
mana, dissemos que a razão de tantos absurdos teológicos duta e crença do presente.
em seus ensinos deve-se ao desvio contínuo dos seus líderes
Partindo desse princípio, escreveu o padre Bernard
dos princípios bíblicos. E, como seus liderados não estudam a
Cunway em 1929 d.C., “... A Bíblia, em si mesma, não é mais
Bíblia para avaliar o que lhes é ensinado, segue-se que cada
que letra morta, esperando por um intérprete divino: ela não
vez mais os erros vão tornando ares de autenticidade em ra-
está arranjada de forma sistemática, como o credo ou o cate-
zão do tempo decorrido de sua criação.
cismo; frequentemente ela é obscura, e de difícil entendimento,
Pode-se afirmar que o maior aliado da igreja romana na
como são Pedro diz de certas passagens das cartas de Paulo (I
implantação progressiva de suas aberrações teológicas foi a ig-
norância bíblica do povo para quem elas foram transmitidas. Pe 3.16; At 8.30-31); como ela é, está aberta a falsa interpreta-
A princípio, a falta de conhecimento bíblico deriva-se ção. Além disso, certo número de verdades reveladas tem che-
das dificuldades enfrentadas pelo povo em adquirir um exem- gado até nós somente por meio da tradição”. (grifo nosso)
plar da Bíblia que, segundo os historiadores eclesiásticos, “cus- Com esse tipo de crença não é de admirar que a tradição
tava o equivalente a um ano de serviço de um trabalhador”. tenha tanta influencia na teologia católica romana. Para se ter
Depois, no decorrer dos tempos, com o clero assumido cada uma ideia do tamanho dessa influencia Leia o que diz o “com-
vez mais uma função política, era-lhe interessante manter o pêndio do vaticano II”, onde a tradição é equiparada à própria
poder a qualquer custo mesmo que isso significasse suprir o Bíblia, “... Não é através da escritura apenas que a igreja deriva
contato do povo com as escrituras, único instrumento capaz sua certeza a respeito de tudo que foi revelado. Por isso ambas
de revelar o quanto de paganismo já fazia parte da igreja. (escritura e tradição) devem ser aceitas e veneradas com igual
Este pensamento chegou ao auge em 1229 d.C., quan- sentido de piedade e reverência” (pág. 127 - grifo nosso).
do, no concílio de Tolosa, a igreja romana tomou a medida Analisemos agora os principais pontos do dogma da
extrema de proibir o uso da Bíblia pelos leigos. tradição à luz da Bíblia, no quadro a seguir:
78 78 - Nível Bacharel
Nível Bacharel
Curso Teológico -Maranata
te movimento carismático4 surgido na igreja romana, o leitor De lá sucederam-se outros importantes encontros como
pode concluir que o futuro remoto a que se referia o profeta seguem:
chegou. Porém, se esse mesmo leitor for um cristão sincero e 1967 – Universidade de Notre Dame – Paris, França
piedoso fatalmente surgirão perguntas como estas: (1.000 pessoas presentes) – 1973 – Oitavo congresso interna-
- Mas o que significa, na prática, o movimento caris- cional sobre renovação carismática (30.000 pessoas presen-
mático romano para os seus adeptos? Um despertamento tes, representando 40 nações).
para evangelização, um reforço a uma vida de santificação,
como se ensina nos movimentos pentecostais? No Brasil
- E o problema do culto idolatra? Qual a consequência
O movimento carismático romano em terras brasilei-
da experiência carismática romana quanto a ela, frente ao en-
ras teve início em Campinas, através do padre jesuíta Harold
sino bíblico sobre o assunto?
J. Rahm. A escolha dessa cidade como base para começar o
Com base nessas indagações, cremos ser possível estabe-
movimento não foi fruto do acaso.
lecerem-se padrões de avaliação e autenticação do movimento
Na realidade era o resultado de uma estratégica plane-
carismático romano que tantas dúvidas e confusões têm trazido
jada para anunciar a ameaça às tradições católicas campinei-
ao meio pentecostal denominacional. Muitos irmãos, talvez por
ras, em virtude do grande número de missionários evangélicos
temor de cometer o famoso “pecado imperdoável” de Mt 12.31-
32, omitem-se de pronunciar qualquer julgamento a respeito: norte- americanos ali residentes.
outros rejeitam totalmente essa possibilidade enquanto outros De campinas, o movimento carismático espalhou-se
estão até dispostos a aceitar o fato, embora sob condições. por todo o Brasil.
No meio de toda essa complicação, quem afinal está Agora passemos a uma análise dos principais aspectos
com a razão? Para se chegar a uma conclusão equilibrada do movimento carismático romano. Com base em declarações
faz-se necessário primeiro conhecer o processo de desenvol- e testemunhos extraídos do livro “os católicos pentecostais”,
vimento desse movimento. acima referidos com o ensino bíblico a respeito.
Concluindo, podemos afirmar o seguinte sobre o movi- 1. Humanismo 1400 – 1500 d.C.
mento “pentecostal” da igreja romana:
1. O concílio Vaticano II, entre outras resoluções, criou Doutrina dos humanistas (pessoas versadas no estudo
a proposta do ecumenismo, ou seja, “reunir todos das letras clássicas, consideradas como instrumento de edu-
cação moral) que ressuscitaram o estudo das línguas eruditas
os cristãos no mesmo barco da fé”. Com isso, o
e das literaturas antigas.
clero romano esperava atingir dois alvos da maior
importância: 1. Manter os católicos dentro da sua 2. Existencialismo 1900 d.C.
igreja; 2. Conter o crescimento dos evangélicos pen-
tecostais, principalmente por ser esse crescimento Doutrina filosófica, materialista, que afasta todas as
resultante da conversão de católicos romanos; influências espirituais da vida do homem. Todos os problemas
2. Com a reação negativa dos meios pentecostais ao morais e sociais devem ser resolvidos por meios naturais da
ecumenismo, a solução encontrada pelo clero ro- própria existência humana, sem que se recorram influências
mano foi criar um movimento em suas fileiras de metafísicas e religiosas.
características semelhantes à dos pentecostais de-
3. Liberalismo teológico
nominacionais, que reservasse, entretanto, a mesma
linha doutrinária tradicional da igreja romana; Este movimento que se caracteriza pelo radicalismo de
3. Assim, é fácil compreender porque esse pretenso movi- suas posições doutrinárias, para as quais não admite contesta-
mento “pentecostal” conserva, ou melhor, fortalece os ções. É originário da alta crítica (parte da hermenêutica que estu-
laços do católico romano às crenças e práticas idóla- da questões de autoria, data e composição dos livros da Bíblia).
Heresiologia I 81
Entre outros, repudia ensinos como a inerência da Bíblia, o nas- O rev. Canaan Banana, líder metodista do Zimbabue,
cimento virginal de Cristo, etc. Além de defender a destruição da fez a seguinte adaptação da oração do pai nosso:
ordem atual (embora não apresente um substituto satisfatório). “Pai nosso que está no gueto,
Degradado seja o vosso nome
4. Modernismo teológico Nossa servidão é abundante,
Teologia secularizada e não espiritualizada que, entre Vosso nome é zombado,
outros ensinamentos, apresenta Jesus como um “revolucio- Como uma torta no céu;
nário histórico”. Sua premissa maior é a defesa de uma her- Ensinai-vos a exigir,
menêutica “anto-pacote teológico”. Seus precursores foram: Nossa cota de ouro,
Bultman, Tilick, Karl Barth, etc. Perdoai-vos a nossa submissão
Quando exigimos nossa cota de justiça,
3. Definindo a teologia da libertação Não nos deixe cair em cumplicidade,
Livrai-nos de nossos temores;
Numa tentativa de definir esse movimento pode-se di- Por que nossa é a vossa soberania,
zer que ele é a contextualização teológica da realidade políti- Vosso poder é libertação,
ca, com ênfase na sensibilidade aos mais pobres. Para os seus Por séculos e séculos. Amém”. (Mission trends nº 3. Pág. 157)
teólogos, a missão principal da igreja é cuidar dos problemas Com base nas citações acima não fica difícil de obser-
sociais do povo, estudando a causa e as soluções das chamadas var que o alicerce desse movimento não é a Palavra de Deus.
injustiças sociais. Somente assim ela cumprirá o seu objetivo,
Seus princípios doutrinários, na verdade, são inspirados numa
sendo “a igreja dos pobres, feita pelos pobres e para os pobres”
teologia secularizada, política e revolucionária e de ideologia
(Leonardo Boff, teologia do cativeiro e da libertação. Pág. 231)
marxista (base do sistema comunista).
Para ampliar nossa compreensão do assunto, vejamos
Agora, passemos a uma análise dos elementos chaves
o que dizer alguns de seus defensores, entre teólogos católi-
da teologia da libertação à luz da Bíblia:
cos e protestantes.
Jurgen Moltman, teólogo alemão escreveu:
“O conceito que eu considero o mais realista é que ao Teologia da libertação: Deus
mesmo tempo leva em si o futuro da Europa e o socialismo A. Transcendente “elevado”, só acessível em ações de
democrático. Além de Sarx, existe também Lasalle; isto é, além justiça (José p. Miranda, Marx e a Bíblia. Pág. 49).
da libertação econômica da exploração, também existe a luta B. Toma partido dos pobres e considera os ricos como
pelo direito universal ao voto e pela participação no governo, blasfemadores (Gutierrez).
a luta pela libertação política” (Mission trends nº4. Pág 67). Refutação: Deus
Kenneth D. Kaunda, filho de missionários africanos e A. Transcendente, mas também imanente (acessível
presidente da Zâmbia, na conferência de igrejas africanas em pela fé) Sl 90.2; Is 40.22,26; 57.15.
1974, assim se expressou: “Os movimentos de libertação rea- B. Imparcial para com todos. Jo 34.18,19; Mt 5.45; At
firmam com frequência seu compromisso com o não-racismo
10.34,35; Rm 10.12.
e sempre disseram que sua luta armada não é contra o ho- Teologia da libertação: Jesus Cristo
mem branco. É contra a injustiça, a opressão, a exploração e o
A. É o libertador revolucionário.
colonialismo que, para sua desgraça dura há tantos anos”.
B. Foi morto por tomar partido dos pobres, contra os
Os movimentos de libertação, em muitas maneiras, estão
dominadores da sua época.
ajudando a criar condições onde as metas expressas no evangelho
Refutação: Jesus Cristo
cristão possam ser alcançadas. (Mission trends nº 3. Pág. 174)
A. É o libertador espiritual. Lc 4.9; Rm 6.17,18,22,23; Gl 5.1.
Gustavo Gutierrez, padre, peruano e professor de te-
B. Sua morte foi um sacrifício substitutivo. Is 53.5; Gl 3.13;
ologia em lima, considerado o teólogo sistemático do movi-
Hb 2.9; 9.28; I Pe 2.24; 3.18.
mento, escreveu:
Teologia da libertação: O pecado
“O pecado requer uma libertação radical, mas isto
A. É social, não individual.
necessariamente inclui uma libertação de natureza política.
B. É a escravidão a força do capitalismo opressor.
Somente participando de modo militante e efetivo no progres-
Refutação: O pecado
so histórico da libertação, será possível para nós distinguir-
A. É de responsabilidade pessoal Dt 24.16; Ez 18.20;
mos inimizade fundamental em toda inimizade parcial. Esta
Rm 14.12.
libertação é o presente que Cristo nos traz”. (Mission trends
B. É a violação das leis de Deus. Rm 14.1-7; I Jo 3.4.
nº 3. Pág. 66) (grifo nosso)
82 82 Curso Teológico -Maranata - Nível Bacharel
Nível Bacharel
1. A teologia da libertação parte de uma premissa fal- A história do espiritismo é tão antiga quanto
sa ou estabelecimento a libertação do homem pelo a humanidade. Na realidade, essa doutrina maligna
homem. Com isso, anula a importância de Cristo no tem seus primórdios já no éden. Ali, por meio de uma
processo da salvação; serpente, Satanás enganou os primeiros pais, no que
2. Para os teólogos libertacionistas, evangelismo sig- se conhece como a primeira sessão mediúnica na Terra
nifica dar condições para o homem livrar-se da
(Gn 3.1-6)5.
violência e da opressão. Esta interpretação foge in-
teiramente do sentido bíblico onde evangelizar quer Práticas espíritas são encontradas entre quase todos
dizer “proclamar boas novas de salvação”; os povos da antiguidade, sendo que suas literaturas, pinturas,
3. Outra doutrina errônea é a que proclama “ser o po- arquiteturas e religião estão profundamente influenciadas por
bre salvo, por ser pobre”. Esse tipo de ensino subs- elas, às vezes, a base fundamental da crença.
titui a necessidade da fé pela posição financeira e Chineses, indianos, babilônios, egípcios, bem como os
social do indivíduo. gregos e romanos tinham grandes preocupação em manter
contato com os mortos.
5. Conclusão Os povos que habitavam Canaã praticavam habitual-
mente a feitiçaria o que mereceu uma severa advertência aos
Embora se saiba da visão distorcida da teologia da li- hebreus, conforme Dt 18.9-14.
bertação quanto a vários aspectos do evangelho e sua aplica- Nesta lição estudaremos as raízes do espiritismo, suas
ção prática, não podemos deixar de reconhecer alguns pontos principais crenças e divisões, analisando-os à luz da Palavra
positivos em seu conteúdo. de Deus.
Vejamos alguns deles: Vejamos os assuntos que trataremos nesta lição:
1. Sua ênfase doutrinária está voltada primeiro para o - Síntese histórica
indivíduo e depois para os sistemas e organizações. - Cultos espíritas afro-brasileiros
Isto é um alerta para os que se dedicam mais à for- - A doutrina da reencarnação
mação de grandes patrimônios e “impérios eclesi-
ásticos” do que a atender as necessidades reais dos
5 O termo espiritismo designa a doutrina filosófica e religiosa baseada na crença
membros do corpo de Cristo (assistência, aconse- da comunicação entre vivos e mortos por meio da mediunidade (incorporação de
lhamento, doutrinamento, etc.); espírito-guia).
Heresiologia I 83
- Doutrinas espíritas à luz da Bíblia declarou haver recebido de Deus poder para explicar as escri-
- Saul e a médium de En-Dur turas e comunicar-se com o Além.
Seus seguidores espalharam centros de sessões espí-
II. Síntese histórica ritas por todo Estocolmo, capital da Suécia. Seu movimento,
junto com o de Mesmer na Alemanha, originou-se grande sur-
to de práticas espíritas na época.
1. Uma história antiga
publicação do Livro dos Espíritos, considerado “a Bíblia do espiri- Esses deuses que eram considerados entidades prote-
tismo” (pág. 44, edições CPAD, RJ. 1987). toras pelos africanos, segundo os umbandistas, incorporam-se
Explorando com perfeição a emotividade, subdesenvolvi- nos médiuns “evoluídos” para fazerem o bem. O orixá é mo-
mento e religiosidade do povo brasileiro não foi difícil para o espi- tivo de orgulho para o médium (cavalo), e a ele se faz oferen-
ritismo chegar onde chegou com suas afirmações de intermediação das, banhos de purificação ou preparação do ambiente (casa
entre mortos e vivos, promessas e curas e fachadas cristãs. ou terreiro) com incenso ou perfumes. Além da crença nos ori-
xás, os adeptos da umbanda creem também na operação de
III. Cultos espíritas afro-brasileiros grande número de entidades como segue:
a) Iaras – Espíritos encarregados da purificação (afas-
tamento de espíritos contrários) em seus locais de
1. Umbanda
trabalho.
Este movimento espírita também é conhecido como b) Crianças – Espíritos que simbolizam a alegria do
“espiritismo de umbanda” e “lei de umbanda”, e é o que término das reuniões.
mais tem se alastrado no país. c) Caboclos – Espíritos de índios, encarregados dos
Reunindo elementos da antiga macumba, que não está de passes, conselhos, consultas, etc.
tudo extinta, associados aos do catolicismo romano e do espiritismo d) Pretos-Velhos – Espíritos de velhos africanos, que
kardecista, tem procurado apresentar uma fachada atraente e popu- auxiliam os caboclos, e a quem também são atribu-
lar, o que explica sua grande expansão nos últimos anos. ídos curas e orientações.
Áreas de maior atuação: regiões sudeste, Minas Gerais,
1.3. Linha doutrinária
São Paulo e Rio de Janeiro.
Além das práticas espíritas, a umbanda possui crenças
1.1. Origem do umbanda panteístas (Deus é a energia presente em todas as coisas) e poli-
A palavra ‘umbanda’, segundo Lourenço Braga “do teístas (adoração a vários deuses africanos e mitológicos).
lado de Deus ou do bem” (umbanda e quimbanda, RJ, 1956).
Para chegar a essa conclusão, esse autor recorreu a 1.4. Tipos de reuniões
um processo simplista de interpretação da origem da palavra
“umbanda” que no seu entender é o resultado da composição a) Centro de mesa
do termo “um” unidade que representaria Deus, mais “ban-
O dirigente fica sentado a uma mesa com os médiuns
da”, lado, resultando na definição acima citada.
ao seu redor.
Braga continua, “umbanda é magia, é fazer magia e
Estes concentram-se e recebem os pretos-velhos e o
saber jogar com as forças ocultas existentes no universo, quer
caboclo ao som de cânticos. Consultam-se também espíritos
sejam elas provindas de espíritos de categorias diferentes, quer
falecidos recentemente. Este tipo de reunião é mais apropria-
sejam elas vibrações provindas de planetas, em ondas diversas:
quer sejam elas emanadas dos corpos: fluídos, eletrônico, gaso- do aos umbandistas “intelectualizados”, oriundos da classe
so, líquido e sólido; quer sejam elas provindas dos elementos: média, para quem os ambientes das outras modalidades tor-
éter, fogo, ar, água e terra, por intermédio dos elementos: etére- nam-se constrangedores.
os, salamandras, silfos, ninfas e gnomos” (idem). b) Ritualista (terreiro)
Uma etimologia séria dessa palavra é apresentada por
Artur Ramos, sociólogo, pesquisador da influência negra no Brasil, A sessão é presidida pelo “pai” ou “mãe de santo” que
em seu livro “As culturas negras no novo mundo”. Para ele, tan- dirige a “gira” (Roda ritualística formada pelos “filhos da fé”),
to o termo “umbanda” quanto “quimbanda” tem suas origens marcada com palmas e pontos, ao som do atabaque (tambor sa-
no radical “mbanda” da palavra “ki-mbanda” (grão sacerdote grado). Todos se vestem de branco. À medida que as entidades se
angolano-conguês) que no Brasil passou a significar ora feiticeiro incorporam os médiuns “prestam caridade” aos assistentes.
ou sacerdote, ora lugar da macumba ou processo ritual.
c) Ritmada e ritualista
1.2. Seus deuses
Este tipo de reunião caracteriza-se pelo uso de instru-
Os umbandistas adoram e servem aos orixás (deuses), forças mentos musicais e roupas típicas coloridas. São providencia-
divinizadas da natureza, imateriais e espirituais, que segundo a crença dos “assentos” (altares de material sagrado onde o Deus mora
africana, guiam os terrestres. Alguns deles: (a) Ogum – Deus da guerra; ou descansa) para os orixás, e os atabaques são consagrados.
(b) Xangô – Deus dos trovões; (c) Oxossi – Deus das matas, etc. O processo de incorporação e semelhante ao anterior.
86 86 - Nível Bacharel
Nível Bacharel
Curso Teológico -Maranata
As duas últimas modalidades são voltadas para a clas- portaria sua aproximação” (ibidem, pg.25 e 26). Este reco-
se popular, por razões econômicas e emocionais. nhecimento produz uma preocupação tão grande e constante
entre os quimbandistas em geral, que agradá-lo torna-se um
1.5. Tipos de adeptos culto de fato.
Numa escola inferior, a quimbanda reverencia os exus,
a) Os ativos tipos de espíritos mais destacados formando enormes exérci-
tos e agindo em todos os setores da terra. Estes recebem os
Neste grupo encontram-se os “pais” e “mães de san-
mais diversos nomes, conforme os lugares ou funções onde
to”, os “cavalos” desenvolvidos ou em desenvolvimento.
atuam. Alguns deles: Exu das sete ventanias, Exu das sete
Estes são os que observam com rigor os rituais, têm melhor
montanhas, etc. Dentre os exus, destacam-se os seguintes:
conhecimento doutrinário e convicções firmes.
a) Omulo-rei: Orixá-chefe da linha das almas. A ele é atri-
b) Os participantes buída a função de receber todos os espíritos que são
levados ao cemitério quando morrem seus corpos.
São aqueles que frequentam habitualmente os terreiros,
b) Pomba-gira: Exu feminino representado pela está-
às vezes por gosto, às vezes para resolver problemas diversos.
tua de uma mulher branca, avermelhada e de seios
Têm conhecimento doutrinário superficial, e convicções divididas
nus. É um demônio terrível e temido pelos próprios
entre sua religião de origem e as crenças umbandistas. macumbeiros.
c) Os eventuais c) João-caveira: É o lugar-tenente de Omulo-rei. Quando
o “trabalho” é feito nos cemitérios, é agradado com
Também conhecidos por “interesseiros”, só procuram os velas pretas.
terreiros quando em situações difíceis, recebem “passes”, “bên- d) Exus das encruzilhadas: São reconhecidos como diabos.
çãos”, etc. Mas ignoram a doutrina e pouco compreendem do
ritual. Geralmente definem-se como católicos romanos. 2.3. Linha doutrinaria
Como na umbanda, a quimbanda também é panteís-
2. Quimbanda
ta, politeísta e fetichista, prestam culto a objetos sagrados.
Embora quase semelhantes, a quimbanda não é igual à Sua característica principal é a utilização de poderes malignos
umbanda. Na verdade, existe rivalidade não disfarçada entre para a prática do mal. Seu conjunto de doutrinas, no entanto
as duas, visto os umbandistas afirmarem que sua finalidade é sempre é bem definido.
contrabalançar os efeitos maléficos da quimbanda.
No entanto, à primeira vista, fica difícil definir os limites
2.4. Tipos de reunião
de cada linha, pois seus adeptos invocam as mesmas entidades e
usam os mesmos pontos de trabalho. Só uma análise mais profun- Sendo a quimbanda quase uma cópia da forma de culto
da de cada uma é capaz de revelar seus aspectos característicos. umbandista (já que seus adeptos sempre utilizam os mesmos lo-
As maiores áreas de atuação da quimbanda são os cais e elementos ritualísticos). A diferença entre as duas encontra-
mesmos da umbanda. se apenas nas entidades invocadas e objetivos da invocação.
Conforme analisamos nesta mesma lição do Este tipo de culto semelhante à quimbanda é caracte-
rizado por seus rituais sangrentos e ocultismo deliberado para
tópico, a raiz da palavra quimbanda (mbanda) é idêntica
esconder suas práticas grosseiras e, às vezes, criminosas.
a da umbanda, o que explica em parte a semelhança
Praticamente não existem livros sobre o candomblé e
de seus rituais e elementos de crença. suas doutrinas rituais ou práticas. O que se conhece sobre ele são
declarações de pessoas que de lá saíram, através de um encontro
2.2. Seus deuses
transformador com Cristo. Dissemos ‘transformador’, pois seus
Os quimbandistas creem num chefe supremo a adeptos julgam jamais poder deixá-lo. “Uma das suas práticas
quem chamam de “Maioral da lei de quimbanda”. Segundo características, a de “fazer a cabeça” é, na realidade, um ritual
Lourenço Braga, já citado, “... O chamado Maioral, conheci- grosseiro e diabólico, conforme descreve a ex-mãe-de-santo...”
do no catolicismo como Satã, Satanás, Diabo... possui uma (emprevan, 2ª. Pág.35,36) “Para se tornar Lawo, ou seja, “filho-
irradiação de luz vermelha tão forte que nenhum de nós su- de-santo”, é necessário raspar a cabeça e na mesma hora rece-
Heresiologia I 87
ber o batismo no sangue de animais... Como poderia descrever as a beber uma parte. Segundo ela, “O banho era tão podre que
emoções de... sentir aquele líquido quente derramado sobre mim, atraía moscas, porque durante 17 dias, sem poder tocar em seu
a cair na roupa e no corpo todo, para depois secar e me deixar próprio corpo, sem escovar os dentes, a Lawo fica trancada no
durante 24 horas como um bicho chagado de ferida mortal?” quarto junto com outras candidatas, e ali satisfaz todas as ne-
Prosseguindo em seu relato, ela conta como tinha que cessidades do corpo”. Quanto absurdo: para que o leitor possa
ser banhada durante 17 dias, duas vezes por dia, com uma in- distinguir as principais diferenças entre os grupos acima, apre-
fusão de folhas, misturada com sangue, da qual era obrigada sentados um quadro comparativo entre eles, no texto a seguir.
Quadro Comparativo
Umbanda Quimbanda Candomblé
Procurar desfazer os trabalhos da Procurar fazer um trabalho maior
Igual à quimbanda.
quimbanda. que o da umbanda para anulá-lo.
Predominam nas oferendas, flores, velas, Predominar o sangue e o sacrifício Usam misturas de ervas com terra sagrada,
perfumes, enfeites, etc. de animais. pedra, etc.
O verde (a cor do sangue de seus trabalhos é
Cores preferidas: branca e azul. Predomina o preto e o vermelho. igual à umbanda). As oferendas aos exus são
feitas somente para afastá-los.
Divide-se em 7 linhas (agrupamentos de Igual à umbanda, com a diferença,
espíritos), divididas em 7 falanges. Chefes porém, nos nomes dos chefes das
das linhas: Orixás das falanges: Oguns. linhas e falanges designados de exus.
Frase típica: “Deus é bom, mais o
Frase típica: “Deus é pai de todos...”
diabo não é mau...”
2. Doutrina definida “A mim veio, pois, a palavra do Senhor, dizendo: Antes que eu te
formasse no ventre materno, eu te conheci, e antes que saísse da
A palavra reencarnação vem da composição do prefi-
madre, te consagrei e te constitui profeta às nações” (Jr 1.4,5).
xo “re” (repetição) mais o verbo “encarnar” (assumir forma
Interpretação espírita reencarnacionista: Essa passagem
material, tomar corpo), significando, portanto, tornar a tomar refere-se à preexistência do ser humano na condição de espírito
corpo ou assumir novamente forma material. Mais especifi- ainda não encarnado, que aguarda o momento de reencarnar
camente, a doutrina da reencarnação ensina que a vida dos para começar a se desenvolver, ou, que já viveu, “desencarnou”
seres humanos é a repetição de outras existências: “Revividas (morreu) e aguarda uma nova encarnação.
em outros corpos, ou como afirma ainda Allan Kardec: ‘A re- Refutação bíblica/teológica: Jeremias refere-se à
encarnação é a volta da alma à vida corpórea, mas em outro determinação de Deus que o havia designado para sua obra
corpo especialmente formado para ela e que nada tem de co- desde o tempo em que o profeta ainda se encontrava no
mum com o antigo’” (O evangelho segundo o espiritismo, FEB, ventre de sua mãe. Compare Sl 139.13-16; Is 49.5; Gl 1.15
39ª., Rio de Janeiro, pág. 67). com o que o próprio Deus afirma em Is 46.9,10.
8 Wilkins, “The phisical phenomena in spiritualism revealed” (citando “Um dos presidentes em um acampamento nacional sobre espiritismo”).
9 “The banner of Light”, 03/12/1886.
10 “Spiritual telegraph”, nº 37.
11 Dr. Weisse, citado por Hanson, em “Demonology or spiritualism” pág. 147.
12 “Obras póstumas”, 20ª. Ed., pág. 149-150.
13 “A margem do espiritismo”, pág. 147.
14 “O reformador”, outubro de 1.951, pág. 236.
15 “O evangelho segundo o espiritismo”, pág. 90,91.
16 “O livro dos espíritos”, pág. 24.
17 G.g. André, em “Spiritism unveiled”, pág. 36.
18 “O livro dos espíritos”, questões 128 e 131.
19 R.b. Jones, citando a. Conan Doyle em “Spiritism in bible light”. Pag. 55 – 13. G.g. André em “The true Light”. Pág. 162.
20 “Outlines of spiritualism”. Pág. 13.
21 “a margem do espiritismo”. Pág. 214.
22 “Mind and matter”, de 08/05/1880.
23 “Mind and matter”, de junho de 1880.
Heresiologia I 91
09
Geografia Bíblica
Geografia Bíblica 93
IV. O dilúvio:
III. Geografia pré-diluviana inundação extraordinária
a) O jardim do Éden. Em Gn 2.8, a Bíblia diz: “E plantou
o Senhor Deus um jardim no Éden da banda do oriente, e pôs ali o a) Deus determinou o dilúvio
homem que tinha formado”. Éden significa deleite (hebraico). Em Gn 6.17 a Bíblia diz que foi Deus que determinou o
Não se sabe exatamente o lugar onde ficava o jar- dilúvio por causa da violência sobre a terra Gn 6.11. Foi, sem
dim. Calcula-se que ficava nas proximidades onde existiu a dúvida alguma, o mais notável juízo conhecido até hoje sobre
Babilônia (na Mesopotâmia), que quer dizer: entre rios (grego) a humanidade. Deus já havia notificado o homem sobre essa
e fica entre os rios ‘Tigre’ e ‘Eufrates’.
b) O rio que saía do Éden: Em Gn 2.10, diz: e saía
um rio do Éden para regar o jardim. Veja o cuidado de Deus: 1 Atualmente não existe nenhum rio que se divide em quatro braços. Temos que
considerar aqui o fato de Deus ter expulsado o homem do jardim, e, consequente-
criou um rio para regar e abastecer o jardim, por causa do ho-
mente, o jardim desde então não existiu mais naquele lugar, e, depois da catástrofe
mem que ali tinha sido posto. Esse rio se dividia e se tornava do dilúvio a geografia foi sobremaneira alterada. Por isso, só dois desses rios são
em quatro braços. Ele tem muito em comum com aquele do conhecidos com precisão: o Tigre e o Eufrates.
94 94 - Nível Bacharel
Nível Bacharel
Curso Teológico -Maranata
tado pelos reis que o conheceram, e Israel se fortaleceu, até que 3. A peregrinação no deserto
se levantou um outro rei que não conhecia a José e veio a per-
seguição. Acredita-se que o faraó que reinava na época de José Seiscentos mil homens, fora os meninos, diz Ex 12.37,
pertencesse aos hicsos, reis pastores que dominaram de 1.710 até se puseram a caminho.
1.570 a.C. pensa-se que os hicsos fossem de origem semita.
3.1. Antes do mar Vermelho:
2. A saída do Egito De Ramessés para Sucote.
De Sucote para Etã ex 13.20
Foi depois de 10 pragas que faraó não suportou mais
De Etã para Pi-Hairote, ex 14.1. Diante de Baal-Zefon,
reter o povo de Deus ao ver o Egito todo e a sua própria casa
entre Migdol e o mar.
chorarem por seus primogênitos mortos, faraó se levantou de
noite com os seus servos e a ordem: “Levantai-vos, saí do 3.2. Depois do mar Vermelho até o Sinai:
meio do meu povo” (Ex 12.29-32). Assim partiram os filhos de
Israel, de Ramessés para Sucote (Ex 12.37). Depois da travessia que se deu no golfo de Suez, nas proxi-
Ramessés ficava na terra de Gósen, que era a melhor midades de Pi-Hairote, eles entraram no deserto de Sur, Ex 15.22
parte do Egito onde ficou estabelecido Israel quando Jacó 1ª parada: Mar onde as águas eram amargas, Ex 15.23
desceu para o Egito com sua família, Gn 47.6. Ramessés foi 2ª parada: Elim, onde havia 12 fontes de águas e 70
construída pelos filhos de Israel como cidade de tesouro para palmeiras, Ex 15.27
faraó, Ex 1.11. Ver mapa que se segue. 3ª parada: Saíram de Elim e vieram ao deserto de Sim,
entre Elim e Sinai, Ex 16.1. Já fazia um mês que Israel tinha
saído do Egito. Foi aqui que Deus mandou o maná e as codor-
ninhas, Ex 16.13,14
4ª parada: Refidim (Ex 17.1). Daí para Horebe, onde
Moisés feriu a rocha e dela saiu água para o povo beber. Ex
17.6,7. Esse é Massá e Meribá de Horebe, que é contenda.
Onde estão o monte Sinai e Horebe, o monte de Deus, Ex 3.1
33.37-38), onde Arão morreu com 123 anos, v. 39. Depois 2. Israel passa o Jordão
Israel partiu do monte Hor dando volta à terra de Edom. Aqui
o povo murmurou contra Deus e contra Moisés. Nm 21.4,5 A ordem de Josué foi: “Provede-vos de comida, porque
daqui a três dias passareis este Jordão, para possuirdes a terra
e reclamou do maná dizendo: a nossa alma tem fastio deste
que vos dá o Senhor” (Js 1.10,11).
pão tão vil. No versículo 6, a Bíblia diz que o Senhor enviou
Josué não se deixou intimidar pelo grande “obstáculo”
serpentes ardentes que morderam muitos murmuradores, e
que estava à frente: o Jordão, apesar do rio estar transbordan-
muitos morreram. E eles vieram a Moisés e disseram: “‘Ora
do pelas ribanceiras (Js 3.15-17). Deus escolhe a hora mais
a Deus para que tire de nós estas serpentes’, e Moisés orou e
difícil, às vezes!
o Senhor lhe disse: ‘Levanta uma haste com uma serpente de O Jordão transbordava, o leito desse rio ficava muito
metal e será que todo o mordido que olhar para ela viverá’” avançado na época das cheias, porém, para Deus nada é im-
Nm 21.7-9. Aqui está pintado o quadro da própria situação possível (Lc 1.37).
do mundo que foi ferido de morte pela serpente, mas Cristo Quando os pés dos sacerdotes que levavam a arca se
foi pendurado no madeiro, e todo aquele que olhar para ele molharam nas águas, o rio parou! As águas se fizeram em
será salvo (Is 45.22; Jo 3.14-16). ‘montão’. Isso se deu a 30 km a norte de Jericó, o leito do
E de Bamote ao vale que está no campo de Maobe, Jordão se secou uns 50 km. E Israel passou em seco.
no cume de Pisga, à vista do deserto. Israel mandou os men-
sageiros a Siom, rei dos amorreus (Nm 21.20-35), pedindo 3. Começa a guerra: Jericó é destruída
passagem, mas este não concedeu, pelo que Israel lutou e
Deus entregou a Siom e tudo o que era seu nas mãos de isra- Jericó cerrou-se e ninguém entrava e nem saía. Deus
el. O mesmo acontecendo com Ogue, rei de Basã. Finalmente disse para Josué: “Olha, tenho dado Jericó nas tuas mãos, bem
Israel acampa-se nas campinas dos moabitas, junto ao como o seu rei e os seus valorosos” (Js 6.1,2). Foi na 7ª volta
que o povo gritou e os muros vieram a baixo, Js 6.16-20.
Jordão de Jericó (Nm 33.48).
norte, depois da divisão do reino, que englobava 10 tribos. É 30 anos. Também lá estavam o monte Tabor, o vale de Jisrael,
citada 93 vezes no a.T., 4 nos evangelhos e 7 em Atos. etc. Foi na Galiléia que o Senhor desenvolveu a maior parte do
Como o reino do norte ocupava toda a região, desde seu ministério terreno. Ele morou em Cafarnaum, que estava
Betel até Dã, e desde o mar Mediterrâneo até a Síria e Amom, às margens do mar da Galiléia (Mc 2.1; Mt 9.1). Jesus era cha-
no tempo do rei Jeroboão, havia um bezerro de ouro em Betel mado de galileu (Mt 26.69). Na Galiléia Jesus fez a chamada
e outro em Dã, postos ali por ele mesmo. I Rs 12.28,29 dos seus apóstolos (Mt 4.13-23; Mc 1.39; Lc 4.44; 8.1).
O reino do norte era chamado de Israel, e o do sul, de
Judá. O reino do norte foi para o cativeiro no ano 722 a.C., para a 4º) Peréia - seu nome é “terra de além”,
Assíria. II Rs 18.9-12, sob o comando de Sargom que foi sucessor por se achar do outro lado do Jordão
de Salmaneser, aquele que havia feito o cerco 3 anos antes. Esse nome não aparece na Bíblia, porém, foi o nome
Samaria ficava 60 km ao norte de Jerusalém. Alexandre que Flávio Josefo usou para designar a terra do outro lado do
Magno a tomou no ano 322 a.C. depois Herodes, o grande, a Jordão. Limitava-se: ao sul, no rio Arnom; ao norte, na cidade de
reconstruiu e a fortificou e lhe dei o nome de Sebastia. Samaria Gadara, perto do rio Iarmuque que Flávio Josefo diz ser a capi-
recebeu cedo a luz do evangelho, sendo visitada pelo Senhor tal da Peréia, a oeste, com o rio Jordão, e a leste, com Gersas. Na
Jesus, Jo 4.4-25. E depois em At 8.1-25, o evangelho de nosso Peréia estava Betânia ou Betábara, onde João Batista batizava
Senhor Jesus Cristo toma grande vulto. no Jordão, Jo 1.28. Hoje a região pertence à Jordânia.
Os samaritanos: Assim eram chamados os habitan- 5º) Decápolis – vem do grego e quer
tes de Samaria e todos os habitantes do reino do norte, II Rs dizer “dez cidades” - Mt 4.25; Mc 7.31; Mc 5.20.
17.29. O nome também foi aplicado à seita deles, que ainda
O nome se origina do conjunto de 10 cidades onde
hoje existe no meio dos judeus. Na época do Senhor Jesus na
moravam os gregos. Seus nomes são: Citópolis ou Betseã,
Terra, eram inimigos dos judeus, isso desde que Samaria foi
Hipos, Damasco, Gadara, Rafana, Canata, Pela, Diom, Gerasa
para o cativeiro para a Assíria. Sargom II, rei da Assíria, deixou
e Filadélfia. Essa província começava na planície de Esdraelom
os pobres na terra e trouxe gente de Babel, de Cuta, de Ava,
e avançava para o norte do Jordão, ocupava o lado leste do
de Hamate e de Sefarvaim, para colonizar o país, II Rs 17.24.
Jordão. Limitava ao norte com as partes da Síria, ao sul, com
Isso resultou numa raça mestiça (Ed. 4.2,9), que os judeus
a Peréia, a oeste, tinha o mar da Galiléia, e, a leste, Gerasa. A
,quando voltaram do cativeiro na Babilônia, não aceitaram que
Bíblia diz que grandes multidões vinham de lá para seguir a
eles viessem ajudar na reconstrução de Jerusalém, do templo e
Jesus, (Mt 4.25). Em Mt 5.20, Jesus foi lá e libertou um ende-
dos muros, daí a inimizade, Ne 4.2; Jo 4.9; At 10.28. Os samarita-
moniado, que morava nos sepulcros (v. 3), de tal maneira que
nos baseavam sua crença somente no pentateuco, desprezando
o homem liberto ficou pregando em Decápolis, (v. 20).
o restante do a.T.; guardavam o sábado e as festas, praticavam a
circuncisão, veneravam o monte Gerezim, onde construíram um
6. Os quatro mares de Israel
templo, o qual foi destruído no ano 128 a.C.
3º) Galiléia - seu nome quer dizer “círculo” (IRs 9.11) 1º) O mar da Galileia
Esta província ocupava toda a parte norte da palestina. É um lago de água doce formado pelo rio Jordão. É
Era chamada de Galiléia das gentes por ser habitada por mui- chamado de ‘mãe’ dado a sua extensão e tamanho. Mede
tos estrangeiros (Is 9.1; Mt 4.15). Os seus limites eram: ao nor- 23.600m de comprimento desde a entrada do Jordão até a
te, o Anti-Líbano; ao oeste a Fenícia; ao sul, Samaria, e a leste, sua saída. Em frente de Magdala está a sua maior largura,
o mar da Galiléia e o rio Jordão. Tem uns 50km de largura e que é de 13.900m. A sua profundidade é de 50m em média.
uns 100 de comprimento. A grande mistura de povos nessa É grandemente piscoso. Nas suas águas são encontradas
região, serviu para deturpar o idioma, originando um novo 22 espécies de peixes. Está a 225m. Abaixo do nível do mar
“dialeto”, por isso os galileus eram conhecidos no jeito de Mediterrâneo. Este belo e maravilhoso lago tem quatro nomes
falar (Mc 14.70; Lc 22.59; Mt 26.73; At 2.7). Na Galiléia esta- na Bíblia que são:
vam pontos importantes como: o mar da Galiléia, onde Jesus Mar da Galiléia, Mt 4.18 – mar Tiberíades, Jo 6.1; 21.1
andou por cima das águas e também Pedro (Mt 14.22-33); a Lago de Genezaré, lc 5.1 – mar de Quinerete, Nm 34.11
cidade de Nazaré, onde viviam Maria e José (lc 2.4,5) antes Ao redor do lago existiam cerca de 10 cidades, das
de Jesus nascer e também depois de Jesus nascer, depois da quais algumas ainda existem. A mais importante cidade era
volta do Egito (Mt 2.23; Lc 2.39), e onde Jesus viveu até quase Cafarnaum, onde o Senhor residiu (mc 2.1).
102 102 Curso Teológico -Maranata - Nível Bacharel
Nível Bacharel
Hoje só existem ruínas dessa cidade; Magdala (Mt O mar vermelho é famoso pela passagem de Israel pelo
15.39); Betsaida, (Mc 6.45;) Corazim, (Lc 10.13); Gadara, meio dela à pés enxutos (Ex 14.15-31). Faz parte do oceano
Mc 5.1; Tiberíades, Hipos, etc. índico e na parte setentrional divide-se em dois golfos, o de
É cercado por montanhas dos dois lados; exceto onde Suez e o de Ácaba ou de Eilat. No golfo de Suez está a divisa
entra o Jordão. O monte Hermom está ao norte de onde vem dos continentes africanos e asiáticos, atualmente comunica-
o vento frio, porque o Hermom está sempre coberto de neve, se com o mar Mediterrâneo, pelo canal de Suez. Calcula-se
e, pela diferença de temperatura formam-se violentas tem- que a travessia dos israelitas se deu nas proximidades dos
pestades, e o vento sopra furiosamente sobre as águas que lagos amargos no golfo de Suez. Pensa-se que no ponto onde
se encapelam, Mt 8.24. Foi por cima das águas encapeladas os israelitas atravessaram fosse de 10 a 15 km a sua largura.
desse lago que o Senhor andou (Mt 14.25). Está a 160 km No interior dos dois golfos, que formam uma forquilha,
distante de Jerusalém. está o deserto do Sinai e o próprio monte Sinai, com 2630m,
onde Moisés recebeu as leis (Ex 19).
2º) O mar Morto
No golfo de Eilat ou de Ácaba estava a cidade de Eziom-
O contrário do mar da Galiléia, o mar morto é um lago Geber onde Salomão fez naus para ir a Ofir buscar ouro, I Rs
de água salgada. Mais salgada do que a água do oceano. As 9.26-28. Lá também os navios de Josafá se quebraram, I Rs
dos oceanos têm cerca de 3% de sal, as do mar morto, 26%. 22.49. Atualmente está a cidade de Eilat às suas margens, no
Suas águas são tão densas que fazem o corpo humano flutuar. golfo de Ácaba, que pertence a israel.
É possível uma pessoa deitada de costas nas suas águas ler O fundo do mar vermelho é, sem dúvida alguma, algo
uma revista sem se afundar. de deslumbrante de se ver, pela sua constituição de peixes e
O nome mar morto não aparece na Bíblia. Esse nome é corais e pelas suas “águas super transparentes”.
em decorrência de não haver vida nele. Não há peixes no mar
morto, porém é riquíssimo em minerais, como Potássio, Sódio,
gás Carbônico, Chumbo, Fosfato, etc. Seus nomes na Bíblia
são: mar Salgado (Gn 14.3); mar de Campina (Dt 3.17); mar
Oriental (Ez 47.18), mar de Arabá.
Adquiriu o nome de mar Morto no século II a.C. Josefo
o chama de lago do Asfalto. O Talmude lhe dá o nome de mar
de Sodoma. E os árabes o chamam de mar de Ló.
Sua forma é oval, suas medidas aproximadas são: 76km2,
sua profundidade é de 400m ao norte, e ao sul, de 3 a 4m. Recebe
toda a água do Jordão e dos demais rios da região.
Está na maior depressão da Terra, 393m, abaixo do
nível do mar Mediterrâneo. E por ser tão baixo não desá-
gua, simplesmente “evapora”. Sua evaporação é da ordem
de 6 milhões de toneladas por dia. A temperatura na região
chega a 50ºc em certas épocas do ano. Nas suas margens
do lado ocidental estão soterradas as cidade de Sodoma e
Gomorra. Está cercado de montanhas do lado oriental, que
são as montanhas de Moabe, e do lado ocidental, as mon-
tanhas da Judéia. A Bíblia diz que antes da destruição, esse
lugar era uma campina verdejante, tanto que Ló quis habitá-la
(Gn 13.10; 19.28).
Seu nome é: mar do meio da terra ou mar o interior pelo Deus o abriu para Israel passar, sob o comando de
fato dele entrar pelo meio dos continentes europeu e africano e Josué, Js 3.15-17; Elias e Eliseu, ao ferí-lo com a capa, fizeram
depois o asiático. Comunica-se com o atlântico pelo estreito de com que ele se abrisse e eles o atravessaram, II Rs 2.8,9. Do
Gibraltar e com o mar vermelho pelo canal de Suez. outro lado Elias foi levado por Deus aos Céus, num redemoi-
Sua profundidade chega a 3.960m. Seu comprimento nho. Eliseu ao voltar sozinho, pergunta: “Onde está o Deus de
é de 3.700m; tem uma superfície de 3 milhões de km2. Banha Elias?” E fere o rio Jordão com a capa de Elias e novamente
toda a costa ocidental de Israel, . Na Bíblia é chamado de: “o suas águas se abrem e Eliseu atravessa, II Rs 2.13,14. E o
grande mar”, Js 9.11; o “mar dos filisteus”, Ex 23.31. Nas acontecimento mais importante, de tantos que a Bíblia men-
suas margens aparecem, na Bíblia, o monte Carmelo, que é o ciona, foi sem dúvida, o batismo do Senhor Jesus nas suas
monte do profeta Elias, I Rs 18.44; a cidade de Cesaréia onde águas, nas proximidades de Jericó em Betábara, Mt 3.13.
morava Cornélio, At 10.1, e a cidade de Jope, Jn 1.3. Aqui o
rei Salomão recebeu madeira vinda do Líbano para construir Rios que deságuam no Jordão
o templo, II Cr 2.16. Os mais importantes são: o Iarmuque e o Jaboque (Gn
Jonas embarcou em Jope para ir a Tarsis, Jn 1.3. Nas 32.22), que ficam do lado da Transjordânica, e ainda o rio Arnom
águas deste mar, o grande peixe engoliu Jonas. O nome (Is 16.2). Porém o Arnom deságua no mar Morto, e do lado de
Mediterrâneo é moderno. Canaã, o Querite, onde Elias ficou, rio esse que secou por causa
Atualmente existem cidades grandes e importantes à bei- do período da seca de três anos e meio (I Rs 17.5-7).
ra do Mediterrâneo, do lado da palestina, como Tel-aviv, com 400
mil habitantes, que engloba a antiga Jope, Haifa, com 300 mil Rios que deságuam no mar Mediterrâneo
habitantes, que fica na região onde está o monte Carmelo.
O rio Belus, que na Bíblia aparece com o nome de
Tel-aviv é a 2ª cidade de Israel em importância, é a ca-
Sior-Libenate (Js 19.26), é um “wadi”, um rio temporário. Só
pital comercial de israel. Enquanto que Jerusalém é a capital
corre na época das chuvas. Deságua nas proximidades de Aco,
política de Israel, com 430 mil habitantes. Haifa, a 3ª cidade.
no Mediterrâneo.
Podemos ainda mencionar às margens do Mediterrâneo, a an-
Rio Quisom – Nasce no monte Gilboa em Esdraelom.
tiga cidade de Aco ou acre, uma das mais cidades do mundo,
É um rio “perene”, corre toda época do ano. É o segundo rio
mencionada na Bíblia em Jz 1.31. A distância de Tel-aviv a
depois do Jordão. Foi nesse rio que Elias matou os profetas
Haifa é de 95 km e de Haifa a Aco é de 22 km.
de Baal, depois da sua vitória no monte Carmelo, I Rs 18.40.
Deságua no Mediterrâneo, perto de Haifa.
7. Os rios de Israel Rio Caná – É um ribeiro propriamente dito, que corre
para o Mediterrâneo, vindo das proximidades de Siquém, do
O rio Jordão, seu nome quer dizer, “o que desce”. Esse
vale de Micmetá, a 6 km ao sul de Siquém; era a fronteira na-
significado é interessante, pois todos os rios descem, mas o
tural entre Efraim e Manassés, Js 16.8. É mencionado somente
rio Jordão tem esse nome pelo fato dele correr na maior parte
no a.T. esse rio é um “wadi” também. O nome “Caná” vem do
do seu curso, abaixo do nível do mar Mediterrâneo. Ele nasce
hebraico, que é: lugar de juncos.
nas encostas do monte Hermom, formado pelas nascentes do
Rio Gaás – Também é um ribeiro temporário só corre
“Banias”, “Dan” e “Hasbani”, a alguns metros acima do nível
água na época das chuvas, é um “wadi”. Gaás é também um
do mar, e desce passando pelo vale de “Hulé” chega e forma monte em Efraim (Js 24.30). O ribeiro Gaás é citado 2 vezes
o “mar da Galiléia”, onde já está com 225m. Abaixo do nível na região montanhosa de Efraim, banha a planície de Sarom
do mar, sai e continua descendo e deságua no “mar morto”, e deságua no Mediterrâneo perto de Jope.
com 393m abaixo do nível do mar, é a maior depressão do Rio Soreque – Seu nome quer dizer “vinha escondi-
globo da terra. Seu curso total é de 250 km, sua largura média da” (Jz 16.4). É o nome de um vale bíblico, também por onde
é de 25 km; sua profundidade é de 2m em média, isso em corre o ribeiro. Ele começa nas montanhas de Judá. Nas suas
tempo não chuvoso, porque nas épocas de chuvas seu volume proximidades existiam muitas “vinhas”, daí o nome ‘Soreque’.
d’água aumenta consideravelmente. Deságua no Mediterrâneo, entre Jope e Ascalom.
Em Gn 13.10,11, o Jordão já é mencionado, portan- Rio Besor – Davi chegou a esse ribeiro quando per-
to ele era conhecido com esse nome desde os mais remotos seguia os amalequitas (I Sm 30.9). O nome “Besor” é “refri-
tempos bíblicos. gério”. Também é um “wadi”, e deságua no Mediterrâneo, ao
sul de Gaza. Começa nas montanhas da Judéia.
104 104 Curso Teológico -Maranata - Nível Bacharel
Nível Bacharel
1. O que é Geografia?
2. O que é Geografia Bíblica?
3. O rio que saía do Édem tinha quatro braços. Quais eram eles?
4. Quantos dias ou anos Noé e sua família passaram dentro da Arca?
5. Cite lugares e regiões importantes do mundo antigo.
6. Quantos quilômetros Abraão percorreu de Ur até Canaã?
7. O que quer dizer Êxodo?
8. Quantos anos o povo de Israel foram escravos do Egito?
9. Moisés morreu com quantos anos?
10. O que quer dizer Judeia e Samaria?
Filosofia 105
10
Filosofia
106 106 Curso Teológico -Maranata - Nível Bacharel
Nível Bacharel
Desde então Tales (623 - 546 a.C.) atribui às águas pri- a estrutura de cada ser, Demócrito é o fundador do atomismo,
mordiais a origem de todas as coisas, afirmará que a Água é a e de modo mais geral de filosofia chamada mecanicista que
substância única, permanecendo sempre a mesma em todas as erige a Geometria em metafísica, reduz, todas às coisas a ex-
transformações dos corpos. Para Anaxímenes (540 -475 a.C.) tensão e ao movimento e, pretende explicar, por um acervo de
é o fogo, para Anaximandro (610 - 547 a.C.) é o infinito (no circunstâncias fortuitas, a organização das coisas.
sentido de indeterminado). Água, ar, fogo, e infinito são tidos, Escola Pitagórica e Eleática. Paralelamente à cor-
por algo de ativo, de vivo, de animado, que uma força interior rente filosófica Jônica nos séculos VI e V a.C. viram duas cor-
torna capaz de fecundidade multiforme e sem limites. rentes filosóficas: a pitagórica e a eleática.
Por esta escola Jônica tão primitiva, chamada Hilozoísta Pitágoras de Samos (572 - 500 a. C), fundador de uma so-
porque atribui a vida à matéria, vemos que se deve tomar pelo ciedade filosófica, religiosa e política, que tomou conta do poder
que há de mais rudimentar em filosofia, doutrinas tais como o em algumas cidades da Grande Grécia (Itália Meridional).
“monismo materialista”, que ensina a existência de uma úni- A ciência dos números que lhe revelou essas realida-
ca substância material, o “evolucionismo” (Spencer e Darwin) des invisíveis, cuja ordem imutável domina e governa o curso
que pretende explicar todas as coisas pelo desdobramento do vir-a-ser, e daí por diante só conhece os números.
histórico, o desenvolvimento ou a evolução de qualquer coisa Os pitagóricos acreditavam igualmente que o ciclo dos
preexistente. períodos cósmicos devia trazer eternamente, com longos in-
Para Heráclito (500 a.C.), “físico” ou filósofo da na- tervalos, a volta de todas as coisas, que se reproduziam iden-
tureza sensível, esta realidade é a mutação ou a Vir-a-ser. Vê ticamente nos seus menores detalhes.
de tal modo mudarem-se as coisas, que proclama ser tudo A astronomia é uma das ciências que receberam da
mudança. Não tocamos duas vezes o mesmo ser, não nos ba- escola pitagórica, notável desenvolvimento. Filolaos afirmou
nhamos duas vezes no mesmo rio. No momento que levamos que a Terra, o Sol e todos os astros rodavam à volta de um
a mão sobre a coisa, está já cessou de ser o que era. O que misterioso centro do mundo ocupado pelo fogo. “Vivendo
é, muda, pelo fato de ser. “Nós entramos e não entramos no e movendo-se na ciência dos números”, escreve Aristóteles.
mesmo rio. Somos e não somos”. “Se não esperais o ines- Eles juntaram e coordenaram todas as concordâncias que pu-
perado” dizia ele “não chegareis, à verdade, que é difícil de deram observar entre os números e as harmonias de um lado,
discernir e que é apenas acessível”. e os fenômenos celestes e o conjunto do Universo.
Em consequência, todas as coisas a seu ver são diferen- 4. Eleática. O filósofo mais profundo e o verdadeiro
ciações produzidas pela discórdia ou pela guerra de um princípio fundador da Escola Eleia (Itália Meridional) é Parmênides de
único em movimento, que ele imagina sob a forma do fogo, dum Eleia (nascido em 540 a.C.).
fogo etéreo, vivo e divino. Desde o princípio, vimos aparecer a Ultrapassando o mundo das aparências sensíveis e
manifesta necessidade que leva ao Monismo (doutrina que faz até o próprio mundo dos números e das formas ou essências
de todas as coisas um único ser) e ao Panteísmo (Doutrina que metafísicas, alcança aquilo que, nas coisas é propriamente o
confunde o mundo e Deus) toda a filosofia do ‘vir-a-ser puro’. objeto da inteligência
Escola Atomística (Demócrito de Abdera (470 - Parmênides torna-se cativo do ser. Só uma coisa ele vê:
361 a. C.). Espírito muito menos profundo e que procura as o que é, e não pode deixar de ser, o ser é, o não-ser não é. Por
ideias fáceis, no fluxo de fênomenos sensíveis, algo de fixo e conseguinte, foi o primeiro filósofo que destacou e formulou
estável, mas, em vez de recorrer a inteligência vai buscá-lo na o princípio de identidade ou de não contradição, princípio su-
imaginação. A única realidade que reconhece é desse modo, premo de todo pensamento.
qualquer coisa que, ultrapassando a percepção dos sentidos 5. Escola Sofística. A sofística não é uma doutrina; é
externos, vem, todavia cair sob a imaginação - isto é a pura antes, uma atitude viciosa do espírito.
quantidade geométrica, como tal sem qualidades (sem cor, Os sofistas desviam a ciência do seu objeto e subtra-
sem odor, sem sabor, etc.) e que, nas três dimensões, do es- em-na à sua regra; os sofistas eram, pois, tudo menos sábios.
paço, só comporta a extensão. Tudo então deverá explicar-se, Professores ambulantes que recolhiam honras e dinheiro. Eram
a seu ver, pelo cheio que ele confunde com o ser, e o vácuo, enciclopedistas, conferencistas, jornalistas. Queriam as vanta-
que confunde com o não-ser: o cheio é dividido em porções gens da ciência, sem querer a verdade. Sob este ponto-de-vista
de extensão indivisíveis (“átomos”), que são separados pelo notabilizavam-se como racionalistas e sábios universais, davam
vácuo e eternamente em movimento e que, entre si, só se explicações falsamente claras para todas as coisas, e preten-
diferenciam pela figura, pela ordem, e pela situação e atribui diam reformar tudo - até mesmo as regras de gramática e o
à necessidade cega do acaso à ordem do universo, assim com gênero de substantivos. Por isso interessavam-se de preferência
108 108 Curso Teológico -Maranata - Nível Bacharel
Nível Bacharel
pelas coisas humanas, que de todas são as mais complexas e traposição de opiniões vai passando de uma afirmação a outra
menos certas, mas onde o homem pode realizar melhor sua ci- e busca as leis por força das quais fazemos essa operação. Não
ência em poder e glória; na História, no Direito, na Política, na se pode asseverar que Aristóteles seja o inventor da Lógica, pois
retórica. E passavam por professores de “virtude”. Platão, na Dialética havia concebido uma lógica implícita, porém
Nestas condições é natural que a única doutrina a que as leis do silogismo e suas figuras representam obra sua.
haja chegado à sofística tenha sido o que chamamos o relativis- O método de Aristóteles é a Lógica, que não mudou em
mo e o ceticismo. Protágoras de Abdera (480 - 410 a.C) declara- seus aspectos essenciais até hoje. A filosofia para Aristóteles
va, por exemplo, que o homem é a medida de todas as coisas, baseia-se na demonstração da prova “uma afirmação que
das que são enquanto são e das que não são enquanto não são, não está provada não é verdadeira” ou pelo menos, não sei
o que significava a seu ver que tudo é relativo às disposições do se é ou não verdadeira.
sujeito e que o verdadeiro é o que parece tal a cada pessoa.
6. Escola Socrática
Foi Sócrates (469 - 399 a.C.) quem salvou o pensamen- IV. A divisão da Filosofia
to grego do perigo mortal em que o colocava a sofística.
Sócrates faz profissão de ignorância e ensina aos seus ou- Lógica
vintes a procurar somente a verdade. Toda a sua obra foi, portanto, Ciência do raciocínio, ou, ainda, arte e ciência do pen-
uma obra de conversão, procurou soerguer a razão, orientando-a samento. O Termo ‘raciocínio’ pode apresentar dois sentidos:
para a verdade, isto é para aquilo para o qual ela foi feita. somente a dedução ou toda a espécie de inferências e, por-
Sócrates retifica o pensamento filosófico, disciplina-o tanto, dedução e indução. A lógica em sentido restrito limita-
e impõe-lhe a investigação das essências e das definições. Ele se ao raciocínio dedutivo, ao silogismo; em sentido amplo,
também se comparava a um aguilhão, encarregado de picar abrange a indução.
e acordar os atenienses e de forçar sua razão a um perpétuo A definição de Stuart Mill: “Ciência das operações do
exame de consciência: ofício que os atenienses deviam retri- espírito que concernem à estimação da prova”, mostra a de-
buir com a cicuta, oferecendo ao velho Sócrates, já perto do terminação do critério de evidência, como objetivo da Lógica
fim da vida, a mais bela morte que a sabedoria puramente e seu papel é expor as provas do verdadeiro e do falso, a fim
humana pode condicionar. de atingir a verdade, o que a liga intimamente ao processo.
Seus discursos visavam principalmente ao problema Ex.: Todo Gato é animal
da conduta da vida humana, ao problema da moral. Devo fa- Ora, vivente é animal
zer só o que me é bom, e o que me é bom é o que me é útil Logo, gato é vivente.
- verdadeiramente útil.
Pelo duplo caráter, metafísico e científico, de seu ensina- Metafísica
mento moral, Sócrates opõe-se fundamentalmente aos sofistas e A Metafísica divide-se em, Teodiceia, Ontologia e Crítica.
pode ser considerado como o fundador da ciência moral. Metafísica Teodiceia. Estuda o ser enquanto ser; mas
7. Escola Platônica. Platão nasceu em Atenas (426 ou por isso mesmo deve estudar a causa do ser: eis a razão porque a
430 a.C). Ele aperfeiçoa o método de Sócrates e o transforma sua parte mais elevada (Que tem por objeto aquele que é o pró-
na “Dialética”, que se funda “não em opiniões distintas, mas prio ser subsistente) é chamada de Metafísica – Teologia Natural
em uma opinião e sua crítica”, ou ainda de “passar de con- (Ciência de Deus enquanto Ele é acessível à razão natural).
ceito em conceito, de proposição em proposição até atingir os Metafísica Ontologia. Estuda como se divide o ser em
conceitos mais gerais e os primeiros princípios” (República). todo domínio das coisas criadas (divisão do ser em potência e
Partindo-se de uma hipótese, vai-se melhorando-a com ato, essência e existência) do ponto-de-vista das diversas espé-
críticas, e como é no diálogo que se aprimoram as ideias median- cies de seres criados (divisão do ser em substância e acidente).
te afirmações e negações, denominou-se Dialética esse método. Essência. Objeto do pensamento considerado como
Verifica-se que a Dialética de Platão e a Maiêutica de tal, em primeiro lugar. Aquilo que é.
Sócrates conservam o método de iniciar de uma hipótese ou Ex.: Esta flor é branca.
ideia e melhorá-la por meio do diálogo. Existência. Para tais sujeitos individuais é que nosso
8. Escola Aristotélica. Aristóteles nasceu em Estagira espírito se dirige em primeiro lugar. “Ato de ser”. Ex.: Pedro é
(Macedônia 384 -322 a.C.). Foi discípulo de Platão. Aristóteles alto, ri e mexe-se. (sujeito de ação).
desenvolve a Dialética platônica e a faz mudar de aspecto. Estuda Como definir substância: Pedro, por exemplo, existe como um
e fixa-se no movimento da razão intuitiva, que por meio de con- todo e não como parte de um ser ou sujeito em que ele existiria.
Filosofia 109
Sua natureza pelo contrário faz parte dele e existe nele, Psicologia. Se é a inteligência ou a razão que faz com que
a natureza de Pedro existe em Pedro e faz parte de Pedro. A o homem seja homem, os problemas que dizem respeito à ope-
substância é uma coisa, ou uma natureza à qual convém exis- ração intelectual deverão dominar toda a ciência do homem. E se
tir por si ou em razão de si mesma e não em outra coisa. de fato o problema capital da Psicologia é o da origem das ideias:
Acidentes. Não é a substância fragmentada, ou subs- como explicar a presença em nós mesmos destas ideias que nos
tância diminuída. Consideramos os acidentes e os “fenôme- servem para raciocinar sobre as coisas e pelas quais as coisas nos
nos” como fragmentos de matéria encaixada num suporte. não são apresentadas sob um estado de Universalidade?
Portanto, a inteligência e a vontade são em nós coisas reais O objeto como objeto de sensação ou de imagem e o
distintas a de nossa substância. O acidente é uma natureza ou objeto tomado em sua individualidade. Se, por conseguinte, o
essência à qual convém existir em outra coisa. que conhecemos diretamente pelas nossas ideias não é indi-
Fenomenistas. Não há substância; os acidentes que vidual, não é porque nossas ideias seriam justamente tiradas
aparecem aos sentidos, ou à consciência (fenômenos) são a por nós das nossas sensações e das nossas imagens, mas de
única realidade. Sensualistas ingleses - Escola Neocriticista maneira que não passe nelas absolutamente nada do objeto
“Filosofia do Vir-a-ser-puro”. tal qual é como objeto de imagem ou de sensação.
Potência. É o determinável, o acabável ou perfectível Ética. Ciência prática, que visa alcançar o puro e sim-
como tal, não é um ser, mas capacidade real de ser. Ex.: A ples bem do homem constitui-se da Moral ou Ética (filosofia
potência de que falamos é puramente passiva, simples capaci- do “agir”). Como tem por objeto próprio não a perfeição das
dade real de ser ou de vir-a-ser; a água está em potência para obras preparadas e produzidas pelo homem, mas a bonda-
ser gelo ou vapor. de ou a perfeição do próprio homem que age ou do uso que
Ato. É o próprio ser no sentido próprio da palavra esta faz livremente de suas faculdades, ela é propriamente a
quanto à plenitude assim significada, ou ainda o acabado o Ciência do “agir”.
determinado ou o perfeito como tal. Ex.: Desde o momento A Ética é prática tanto quanto uma verdadeira ciência
que um ser é efetivamente isto ou aquilo, e antes de tudo, propriamente dita pode ser prática, pois dá a conhecer não
desde o momento que existe, está em ato. somente as regras supremas aplicáveis de muito longe, como
Crítica. Será então preciso, antes de estudar o próprio também as regras próximas aplicáveis ao ato particular a ser
ser enquanto ser, estudar a relação do pensamento Humano com cumprido. É pura e simplesmente a Filosofia prática.
o ser. Primeiro - Chama-se de crítica, porque se aplica a julgar Com efeito, ela dá as regras próximas aplicáveis aos
o próprio conhecimento. A crítica trata cientificamente, daquilo casos particulares, mas é incapaz de fazer com que as aplique-
que é assim pressuposto, mostrando em que consiste a própria mos sempre, como deve ser nos casos particulares, evitando
verdade do conhecimento e deixando ver, de modo reflexo, que o as dificuldades provenientes de nossas paixões e a comple-
conhecimento verdadeiro, certo, científico é realmente possível. xidade das circunstâncias materiais. A ciência moral deve ser
Cosmologia. O ser das coisas corpóreas no primeiro acompanhada da virtude de prudência que se dela nos servi-
sentido da palavra corpo (Quantidade numérica). mos, nos faz julgar sempre e bem o ato a se cumprir, e querer
O movimento dos corpos que são movidos ou que são sem desfalecimento aquilo que assim for julgado.
postos em movimento (O infinito que se verifica na Astronomia -
sentido de rotação e translação as posições das Constelações, o Conclusão
movimento do Sol e da Lua, o Norte, o Sul, o Leste e o Oeste).
Além disso, certas mudanças parecem estender-se a pró- Nossas ideias são tiradas ou “abstraídas” do dado
pria substância dos corpos, assim como na Química, quando se sensível pela atividade de uma faculdade especial (intelecto
procede a síntese da água, do hidrogênio e do oxigênio, ao com- agente) que ultrapassa toda a ordem dos sentidos e que é
binarem-se dão lugar a um novo corpo. Os Mecanicistas reduzem como que a luz de nossa inteligência.
a substância corpórea à matéria, que confundem com a quanti-
dade ou a extensão geométrica. O mundo físico fica privado de
toda qualidade e de toda força, pois nele só a extensão e o mo-
vimento local são reais; enfim, a união da matéria e do espírito,
num ser como o homem, se torna completamente ininteligível.
O Dinamismo que para muitos, a substância corpórea
é reduzida, quer à unidade da ordem das formas puras e dos
espíritos (Monadismo Leibniziano), quer à força ou à energia.
110 110 Curso Teológico -Maranata - Nível Bacharel
Nível Bacharel
11
Hamartiologia
112 112 Curso Teológico -Maranata - Nível Bacharel
Nível Bacharel
1. O ateísmo
1. A tentação
Nega a Deus, nega também o pecado, porque estrita-
Todo o homem é tentado através de sua existência.
mente falando todo o pecado é contra Deus, e se não há Deus,
não há pecado. 1.1. A possibilidade de tentação
Por esta razão, satanás é descrito como: “essa antiga instrumento para a queda do homem, tornou-se maldita e de-
serpente, chamada o Diabo” (Ap 12.9). Geralmente satanás gradada na escala da criação animal, uma vez que, a serpente
trabalha por meio de agentes. Quando Pedro, embora sem má foi simplesmente o instrumento de satanás, porque deve ser
intenção, procurou dissuadir seu mestre da senda do seu de- punida? Porque é a vontade de Deus fazer da maldição da ser-
ver, Jesus olhou além de Pedro e disse: “para traz de mim sa- pente um tipo de profecia da maldição sobre o diabo e sobre
tanás” (Mt 16:22,23). Este caso, satanás trabalhou por meio todos os poderes do mal.
de um amigo de Jesus. No Eden, empregou a serpente, uma
criatura da qual Eva não desconfiava. 3.2. Sobre a mulher
mulher) te ferirá a cabeça”. Cristo, a semente da mulher, veio ao Se caso se rebelasse e deliberadamente repudiasse a
mundo para esmagar o poder do diabo. (Mt 1.23-25; Lc 1.31-36; jurisdição da lei da santíssima, era considerado transgressor.
Is 7.14; Gl 4.4; Rm 16.20; Hb 2.14-15; I Jo 3.8; Ap 12.7,8-17). (Sl 37.38; 51.13)
Quem prosseguia neste caminho era julgado como cri-
4.3. A vitória não será sem sofrimento minoso, e tais eram os publicanos na opinião dos contempo-
râneos do nosso Senhor Jesus.
“Tu (a semente) lhe ferirás o calcanhar”, porém, no calvá-
c) Na esfera da verdade. As palavras que descrevemos
rio, a serpente feriu o calcanhar da semente da mulher, mas este
para o pecado nesta esfera dão ênfase ao inútil e frau-
ferimento trouxe a cura para a humanidade. (Is 53.3; Dn 9.26; Mt dulento elemento do pecado. Os pecadores falam e
4.1-10; Lc 22.39-44; Jo 12.31,34; Hb 2.18; Ap 2.10) tratam falsamente (Sl 58.3; Is 28.15). Representam fal-
Segundo prefiguração (Gn 3.21), Deus matou um ani- samente e doa falsos testemunhos (Ex 20.16; Pv 19.5-
mal, uma criatura inocente para poder vestir aqueles que se 6,9). Tal atividade é vaidade. (Sl 12.2; 24.4; 41.6)
sentiam nus antes à sua vista por causa do pecado. Do mesmo Isto é, vazia e sem valor, o primeiro pecador foi um menti-
modo, o pai deu seu filho inocente à morte, afim de prover roso (Jo 8.44); o primeiro pecado começou com uma mentira (Gn
uma cobertura expiatória para as almas dos homens. 3.4); e todo pecado contém o elemento do engano (Hb 3.13).
d) Na esfera da sabedoria. Os homens se portam impia-
mente porque não pensam ou não querem pensar corre-
II. A natureza do pecado tamente. Não dirigem suas vidas de acordo com a vontade
O que é o pecado? A Bíblia usa uma variedade de ter- de Deus, seja por descuido ou por deliberada ignorância.
mos para expressar o mal de ordem moral, os quais nos expli- - Muitas exortações as dirigidas ao simples (Pv 1.4-
cam algo de sua natureza. 22; 8.5). Essa palavra descreve o homem natural que
Um estudo desses termos nos originais hebraicos e não se desenvolveu, quer na direção do bem, quer na
gregos proporcionará a definição bíblica do pecado. direção do mal, sem princípios fixos, mas com uma in-
I) A palavra mais comumente usada para o pecado sig- clinação natural para o mal a qual pode ser usada a
nifica: “errar o alvo”. Reúne as seguintes ideias: fim de seduzi-lo. Falta firmeza e fundamento moral, ao
a) errar o alvo é como o que atira e erra o alvo, assim homem, ele ouve mas esquece, portanto, é facilmente
é o pecador erra o final da vida. conduzido ao pecado. (Mt 7.26).
b) errar o caminho, como um viajante que sai do caminho certo. - Muitas vezes lemos acerca dessas “faltas de en-
c) ser achado em falta ao ser pesado na balança de Deus. tendimento” (falha) (Pv 7.7; 9.4), isto é, aqueles que
por falta de entendimento, mais do que por propen-
II) Outra palavra significa literalmente “tortuosidade” são pecaminosa, são vítimas do pecado. Essas pes-
é muitas vezes traduzida por “perversidade”. soas são conduzidas a expressar precipitados juízos
a) Na esfera da conduta fraternal. A palavra usa- acerca da providência divina e das além das suas
da para determinar o pecado nesta esfera significa compreensões, desse modo, precipitam-se na impie-
violência ou conduta injuriosa. (Gn 6.11; Ez 7.23; dade. Tanto essa classe, como os simples, é indes-
Pv 16.29). Ao excluir a restrição da lei, o homem culpável, porque as escrituras apresentam o Senhor
maltrata e reprime seus semelhantes. oferecendo gratuitamente aquilo que os fará sábios
b) Na esfera da santidade. As palavras usadas para para a salvação. (Pv 8.1-10)
descrever o pecado nesta esfera, implicam que o - A palavra frequentemente é traduzida como “in-
ofensor já usufruiu da relação com Deus. Toda a sensato” (Pv 15.20). Descreve uma pessoa capaz de
nação israelita foi constituída em um reino de sa- fazer o bem, contudo está presa as coisas da carne
cerdote, cada membro considerado como estando e facilmente é conduzida a si mesma e nem guia as
em contato com Deus e seu santo Tabernáculo. suas tendências de acordo com as leis divinas.
Portanto, cada israelita era santo, isto é, separado - O “escarnecedor” (Sl 1.1; Pv 14.6). É o homem
para Deus e toda a atividade e esfera da vida esta- ímpio que justifica sua impiedade com argumen-
vam reguladas pela lei da santidade. As coisas fora tos racionais contra a existência ou realidade de
dessa lei eram profanas (o contrário de santas), e o Deus e contra as coisas espirituais em geral. Assim,
que participava delas se tornava imundo ou conta- “escarnecedor”, é a palavra do Antigo Testamento
minado. (Lv 11.24-27,31,33,39) equivalente a nossa moderna palavra “infiel”, e a
Se persistisse na profanação, seria considerado uma expressão “roda dos escarnecedores” provavel-
pessoa não religiosa ou profana. (Lv 21.14; Hb 12.16) mente se refere à sociedade dos infiéis.
Hamartiologia 115
pleta lista das diferentes classes dos pecados habituais: pros- III) Consequências do pecado
tituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades,
porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, a) A perda da comunhão com Deus
bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas. b) Oportunidade de os inimigos blasfemarem do nome de Deus
c) Perda do galardão
O pecado e o crente d) Possível morte
e) Mal exemplo
Ao longo de toda a Bíblia o cristão é advertido contra o
f) Destruição da fé e consequentemente a morte espiritual
“pecado que tão de perto nos rodeia”, e a caminhar para o alvo
maior, que é a semelhança da estatura e perfeição de Cristo. IV) Como o crente deve tratar com o pecado
I) É possível o crente pecar? a) Reconhecê-lo
É pacífico em todas as escrituras. Só no Novo Testamento b) Evitá-lo
há capítulos inteiros a este respeito (Rm 7 e 8); mostram o confli- c) Detestá-lo
to interior do crente entre a sua natureza divina que nele habita, d) Resistir a ele com confiança em Deus
mostrando a possibilidade de o crente vir a cometer pecado. e) Confessá-lo
f) Abandoná-lo
II) Causa do pecado no crente
a) A natureza pecaminosa O apóstolo João escreveu dizendo: “filhinhos meus, estas
b) O sistema mundial que está sob o domínio de Satanás coisas vos escrevo para que não pequeis. Se todavia alguém pe-
c) Falta de oração e de cuidadoso estudo das escrituras car, temos advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo”.
12
Pneumatologia
118 118 Curso Teológico -Maranata - Nível Bacharel
Nível Bacharel
I. Quem é o Espírito Santo O Espírito Santo é também retirado, em relação aos ho-
mens, como aquele que ilumina (Jo 33.8); dá forças especiais (Jz
O Espírito Santo é a terceira pessoa da santíssima trin- 14.6-19); concede sabedoria (Ex 31.1-6; Dt-34.8); outorga revela-
dade. Ele aparece pela primeira vez nas escrituras em Gn 1.2, ções (Nm 11.25); instrui sobre a vontade de Deus (Is 11.2); admi-
o vocábulo que dá sentido ao seu nome é o grego ‘pneuma’, nistra graça (Zc 12.10) e enche as vidas com sua presença.
vindo da raiz hebraica ‘ruach’.
A atuação deste supremo de Deus, desde o pentecoste até 2. No Novo Testamento
o arrebatamento da igreja (Jo 16.7), e continuando depois com ela
para sempre (Jo 14.16). Ele veio ao mundo como o “agente da co- O Espírito Santo entra em cena logo nas primeiras pá-
municação divina”. Sua origem não se encontra nas suas tábuas ginas do Novo Testamento (Lc 1.15,35; 2.25). Vinte e cinco
genealógicas, pois, sendo ele um dos membros da divindade, é a livros dos vinte sete que compõe o Novo Testamento descre-
origem de si mesmo e a causa de sua própria substância. vem o Espírito Santo como um ser real. Apenas dois, Filemom
e III João, falam dele apenas em essência.
Há duas citações sobre a existência do pai e do filho
II. Sua preexistência que não mencionam sua existência, que são: Jo 17.3 e Ap 22.3,
A natureza e os atributos do Espírito Santo caracteri- no entanto, a ausência do Espírito Santo nestas duas citações
zam-no como o Espírito eterno, não conhecendo princípio de não lhe nega a existência como pessoa real, pelo contrário,
dias nem fim de existência. Uma vez que o Espírito Santo tem prova sua humildade e grandeza.
a mesma natureza de Deus, o tempo não se aplica a ele já que Dois grandes personagens, João Batista e Jesus Cristo, afirmam
existe pela própria necessidade de sua existência. Ele é um ser ter visto o Espírito Santo em forma corpórea (Mt 3.16; Jo 1.32-33).
vivo dotado de personalidade.
O Espírito Santo não é um ser criado como nós ou as
demais criaturas que, por um ato de Deus, passamos a existir III. Sua natureza
num certo tempo e lugar. A terceira pessoa da trindade é Espírito por natureza,
ou seja, tal qual ele é, tanto o seu ser como o seu caráter,
1. No Antigo Testamento assim são também o pai e o filho: iguais em aspecto, poder
O período do Antigo Testamento foi de preparação e e glória. O Espírito Santo é co-participante dos atos de Deus,
espera a este ser eterno, cuja ação plena concretizou-se no especialmente pela sua maneira de agir, como por exemplo:
novo. Mas antes, como sabemos, o eterno Espírito Santo de A) Na bênção das tribos (Nm 6.24-26).
Deus já operava. Entretanto, eram apenas manifestações ob- B) Na benção apostólica (II Co 13.13).
jetivas e tópicas. Pois até então o Espírito Santo não havia C) No perdão (Dn 9.19).
sido derramado e sim manifestado (Jl 2.28; Jo 7.39). O Espírito D) No louvor (Is 6.3).
Santo se revela de três maneiras, visto no contexto geral: E) No batismo (Mt 28.19).
I) Como Espírito criador do cosmo. Por cujo poder o F) Nos dons (I Co 12.4-6).
universo e todos os seres foram criados. G) Na unidade da fé (Ef 4.4-6).
II) Como Espírito dinâmico ou doador de poder. H) No testemunho (I Jo 5.7).
Revelado como agente de Deus em relação aos homens. A natureza do Espírito Santo se evidencia através da
III) Como Espírito regenerador. Pelo qual a natureza sua personalidade singular, da sua divindade, dos seus nomes
humana é transformada de glória em glória. e símbolos conforme revelam o antigo e Novo Testamento.
Referências de sua presença
IV. Sua personalidade
Algumas referências marcam sua presença nesse perí-
odo, descrevendo-o como membro ativo da divindade e parti- A Bíblia apresenta o Espírito Santo como um ser dota-
cipante de decisões. do de personalidade. Ela mostra a personalidade do Espírito
Vejamos algumas delas: Santo quando diz que:
A) Na criação do universo (Gn 1.2). A) Ele cria e dá vida.
B) Na criação do homem (Gn 1.26). B) Ele nomeia e comissiona ministros.
C) No juízo sobre o pecado (Gn 3.22). C) Ele dirige onde os ministros devem pregar.
D) No julgamento sobre o dilúvio (Gn 6.3). D) Ele instrui o que os ministros devem pregar.
E) Sobre a construção da torre (Gn 11.7). E) Ele fala através dos profetas
Pneumatologia 119
F) Ele contende com os pecadores. da comunicação com o pai e o filho. A comunhão com o Espírito
G) Ele reprova. Santo leva o crente a aspirar pela sua presença (Ef 5.18).
H) Ele consola.
I) Ele nos ajuda em nossas horas de fraquezas. 3.2. A companhia do Espírito
J) Ele nos ensina.
Observamos que desde o seu advento o Espírito Santo
L) Ele nos guia.
K) Ele nos santifica. continua habitando pessoalmente nos crentes em Jesus. (At 8;
M) Ele testifica de Cristo. At 19.1-7;I Co 12.13; Gl 3.2).
N) Ele glorifica o Cristo.
3.3. Dirigindo nossos passos
O) Ele tem poder próprio.
P) Ele sonda a tudo. A partir do pentecoste, o Espírito Santo passou a dirigir
Q) Ele age segundo sua vontade. os passos da igreja. A nova dispensação, inaugurada pela glo-
R) Ele habita com os Santos. rificação de Cristo, é chamada tanto de era do Espírito Santo,
S) Ele pode ser entristecido. como era da igreja. O Espírito e a igreja em tudo agem de co-
T) Ele pode ser envergonhado. mum acordo. A igreja sem o Espírito seria um corpo sem vida
U) Ele pode sofrer resistência. e o Espírito sem a igreja, uma força sem meio de ação.
V) Ele pode ser tentado.
4. Seu relacionamento com o mundo
V. Seu relacionamento
O Senhor sintetizou a missão do Espírito, que é a de con-
A atuação do Espírito Santo pode ser vista tanto em vencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8).
relação ao universo físico como ao espiritual. Sua ação pode I) Do pecado, porque não creram em Jesus (Jo 16.9).
ser presenciada em ambos os testamentos. II) Da justiça, foi ao pai e não o veríamos mais (Jo
16.10).
1. Seu relacionamento com o universo III) Do juízo, porque o príncipe desse mundo já está
O Espírito se movia sobre a face das águas, ele auxiliou julgado (Jo 16.11).
na formação do universo, ele criou e ornamentou todas as
coisas (Jo 26.13; Sl 104.30).
VI. Seu nome
2. Seu relacionamento com Cristo Vários nomes são dados ao Espírito Santo nas escrituras.
O nome traduz a natureza do ser que o carrega. Além dos no-
O Espírito Santo desceu sobre Maria, produzindo a con-
mes conferidos ao Espírito Santo são também usados pronomes
cepção virginal do filho de Deus (Mt 1.20). Ele ungiu a Jesus, pessoais para que a imaginação humana possa concebê-lo como
capacitando-o para sua missão (Lc 4.18-19). Ele é o amigo fiel realmente é. Os pronomes e apelativos são largamente usados
de Cristo, glorificando-o por ter realizado tão sublime reden- para descrever sua existência e personalidade:
ção em favor de quem não a merecimento (Jo 16.14). A) Ele (Jo 16.8)
B) Eu (At 10.19-20)
3. Seu relacionamento com a igreja C) Aquele (Jo 14.26)
O Espírito Santo é o único que pode regenerar a alma, D) Outro (Jo 14.16)
mediante seu toque transformador, sua presença entre os sal- E) Esse (Jo 14.26)
vos deve ser contínua e perpétua (Gl 22.23). O objetivo prin- Cada nome do Espírito Santo descreve a natureza de
cipal do Espírito Santo no crente é transformá-lo segundo a sua existência e caráter. Alguns destes nomes descrevem a
imagem de Cristo (II Co 3.18). sua natureza propriamente dita outros, a sua obra; outros ain-
Todo o salvo tem o Espírito Santo como selo da ressurrei- da, sua manifestação.
ção de Cristo (Rm 8.9-16). O grande sucesso da igreja tem sido a A) O Espírito (I Co 2.10).
B) O Espírito de Deus (Gn 1.2).
presença do Espírito Santo a cada dia nas suas decisões.
C) O Espírito do Deus vivo (Ii Co 3.3).
3.1. A habitação do Espírito D) O Espírito do Senhor Deus (Is 61.1).
E) O Espírito do Senhor (At 8.39).
Depois do processo de regeneração no pecador, o Espírito F) O Espírito de vosso pai (Mt 10.20).
Santo passa a habitar nele, e ai permanece como agente divino G) O Espírito de Cristo (I Pd 1.11).
120 120 Curso Teológico -Maranata - Nível Bacharel
Nível Bacharel
H) O Espírito de Jesus Cristo (Fl 1.19-20). da vida, especialmente quanto às verdades espirituais, nas
I) O Espírito do de Jesus (At 16.7). quais a alma humana está fundamentada.
J) O Espírito de seu filho (Gl 4.6). Para Deus, o conceito de orientação é bem mais amplo
L) O Espírito de ardor (Is 4.4-5). e valioso. E ele, em sua infinita sabedoria, entregou esta gran-
K) O Espírito de suplicas (Zc 12.10). de missão a seu filho, porém com o regresso ao pai, confiou-se
M) Espírito de doação (Rm 8.15). a tarefa ao Espírito Santo (Rm 8.14).
N) Espírito da promessa (Ef 1.13).
O) Espírito de vida (Rm 8.2). 3. Outro
P) Espírito de verdade (Jó 15.26).
Q) Espírito de graça (Hb 10.29). Este título mencionado em Jo 14.16, significa “outro
R) Espírito de glória (I Pd 4.14). da mesma espécie”. Aqui, significa que o Espírito Santo é ou-
S) Espírito de revelação (Ef 1.17). tro ajudador, separado e distinto de Cristo, embora da mesma
T) Espírito eterno (Hb 9.14). espécie, e não distinta ou separada de “ajudador”. Ele é a
U) Espírito de santificação (Rm 1). continuidade do Senhor Jesus em nós, igual em poder e glória,
V) Espírito Santo (Jo 14.26). embora sob manifestação diferente.
X) Dedo de Deus (Lc 11.20).
Y) Espírito de profecía (Ap 19.10). VIII. Figuras e símbolos
Além desses nomes, o Espírito Santo é apresentado tam- Deus permitiu que certas figuras e símbolos inseridos
bém como: no cânon sagrado, para melhor compreensão de determinadas
A) O Espírito do Senhor. verdades bíblicas. O Espírito Santo é representado na Bíblia
B) O Espírito de sabedoria. por muitas figuras e símbolos, conforme veremos a seguir:
C) O Espírito de inteligência.
D) O Espírito de conselho. 1. Água
E) O Espírito de fortaleza. “Porque derramarei água sobre o sedento, e rios sobre
F) O Espírito de conhecimento. a terra seca”; (Is 44.3)
G) O Espírito de temor do Senhor. A água encontra-se em três regiões do universo:
a) Na expansão dos céus (Gn 1.6-10)
VII Seus títulos b) Sobre a face da terra (Gn 7.11)
c) Debaixo da terra (Jó 38.30)
Esta é uma figura real do Espírito Santo, ele opera nas
1. O consolador (Jo 14.16) três dimensões da constituição humana, produzindo a regene-
Jesus, durante sua vida terrena, era o consolador dos ração do Espírito, da alma e do corpo (I Ts 5.23). A operação
seus discípulos, e os consolou quando estava prestes a deixá-los, do Espírito no homem produz um tipo de lavagem da regene-
prometendo-lhes “outro consolador”. Tudo o que Jesus fora para ração e da renovação do Espírito Santo (Tt 3.5)
os seus discípulos, o outro consolador haveria de ser. Portanto, o O ato de beber do Espírito Santo fala evidentemente de
Espírito Santo seria uma pessoa substituindo outra. algo que mata a nossa sede espiritual. Alguns têm sede justiça
A palavra ‘parakletos’ deriva dos vocábulos gregos “para” (Mt 5.6); outros tem sede de evangelizar os perdidos (Rm 15.19-
(para o lado de) e “kaleo” (chamar, convocar), dando o sentido 20); outros ainda tem sede de uma comunhão perfeita e perma-
geral de “alguém chamando para ajudar ao lado de outrem”. nente com o Espírito (Gl 5.25). O Espírito, como fonte perene,
Em alguns momentos de provocações, podemos ver calma e cristalina, satisfaz toda e qualquer necessidade espiritual
alguém ao nosso lado e até pensamos, por uma questão de ou reverte o estado de sequidão em nossa vida. O Espírito Santo,
temor e respeito, que este alguém seja o pai ou o filho, ou até a água da vida, satisfaz a nossa sede espiritual (Ap 22.17).
mesmo um anjo da corte celestial, sem lembrarmos que é o
Espírito Santo, ajudando-nos em nossas fraquezas. 2. Chuva
“Farei descer a chuva a seu tempo: Chuvas de bênção
2. O guia espiritual
serão” (Ez 34.26) Tiago menciona as primeiras chuvas e últimas
Este título é também conferido ao nosso Senhor Jesus chuvas como sendo a “chuva temporã e serôdia” (Tg 5.7).
(Mt 2.6). Aplicado ao Espírito Santo, porém, está relacionado Este simbolismo, aplicado ao Espírito Santo, fala da
diretamente com sua missão orientado em todos os sentidos beneficência que ele traz à igreja como um todo e ao crente
Pneumatologia 121
em particular. A chuva sempre foi retratada como sendo uma unção de Deus em nossas vidas, tanto para aprender como
benção de Deus que traz alegria aos corações (At 14.17). Na para ensinar (Lc 4.18-19)
metáfora de Tiago, o simbolismo é perfeito: O Espírito Santo O Espírito Santo torna-se nosso protetor, a garantia de
desceu no dia de pentecoste, preparando assim a terra para que as forças do mal não nos tocarão.
a grande semeadura da Palavra de Deus. Depois, no decorrer
dos séculos, as últimas chuvas, ou seja, suas manifestações 7. Unção
contínuas neste mundo têm produzido o amadurecimento ga-
“E a unção que vós recebestes dele” (I Jo 2.20-27)
rantido de uma safra de almas abundantes (Jo 4.35-38). No
A unção alude à operação e influência do Espírito
final, aparece o “precioso fruto da terra” como o resultado
satisfatório da chuva da semeadura e da colheita. Santo na vida dos crentes ensinado as verdades mais profun-
A chuva temporã é a descida do Espírito Santo no dia de das da Bíblia. “Assim também a influência curadora e suavi-
pentecoste e a chuva serôdia refere-se a outras manifestações do zante do Espírito Santo soprada sobre os filhos de Deus, nos
Espírito: batizando os crentes e concedendo-lhes dons. “guiando em toda a verdade” e ensinando “todas as coisas”
concernentes a Deus e sua palavra”.
3. Rio
8. Fogo
“Rios de águas vivas correrão do seu ventre” (Jo 7.38). “Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Mt 3.11).
Logo no versículo seguinte, encontramos o significado
O fogo é sinal de presença de Deus. A ordem divina é
destas palavras de Jesus: “Isto disse ele do Espírito, que ha-
“Não extingais o Espírito”, ele deve arder em nossos corações
viam de receber os que nele crescem”. Este deve ser também
todos os dias, até a consumação dos séculos.
o sentido de Sl 46.4. “Há um rio (o Espírito) cujas correntes
O fogo, como símbolo do Espírito Santo, fala da suas gran-
(os dons espirituais) alegram a cidade (a igreja) de Deus, o
des forças em relação ás diversas maneiras de sua operação, para
santuário (o coração) das moradas do altíssimo”.
corrigir os defeitos da nossa natureza decaída e conduzir-nos à
4. Orvalho perfeição que deve adornar os filhos de Deus. Mais do que isto, o
fogo fala da ação purificadora do Espírito Santo de Deus.
“Assim, pois, te dê Deus do orvalho dos céus” (Gn 27.28).
Encontramos, no Antigo Testamento, cerca de 34 referên- 9. Coluna
cias sobre o orvalho, como sendo um refrigério adicional a chuvas
temporã e serôdia. Era necessário durante o período de estiagem, “E o Senhor ia diante deles, de dia numa coluna de
para revigoramento da erva e da relva (Dt 32.2). Tornou-se assim, nuvem” (Ex 13.21-22).
um símbolo do Espírito Santo, por cair gradualmente e, algumas A coluna, seja como símbolo religioso, marco ou mo-
vezes, de maneira imperceptível nos corações humanos. Onde cai o numento, traz sempre a ideia de firmeza. Como símbolo do
orvalho, ali Deus ordena a benção e a vida para sempre (Sl 133). Espírito Santo, a coluna fala da força espiritual mediante a
qual a alma será eternamente abençoada, e, sendo de natu-
5. Vento reza divina como aquela que acompanhou o povo de Deus no
“O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz (Jo 3.8)” deserto, serve de proteção, iluminação e orientação.
Os ventos sempre trazem consigo as características O Espírito Santo é tudo isso e muito mais com relação à
dos lugares de onde vem e assim acontece com o soprar do igreja. Ele foi posto por Deus no edifício espiritual de Cristo, que
Espírito Santo em nossas vidas. é sua igreja, para segurança, ornamentação e beleza. Esta coluna
Se ele sopra “suave”, está indicando a direção traçada só deixaria de nos proteger no dia de arrebatamento da igreja.
por Deus a favor de seus filhos (Gn 8.1).
Se ele sopra “veemente e impetuoso”, é sinal evidente 10. Senhor
de sua presença com manifestações de poder (At 2.1-4).
Se ele sopra apenas com “gemidos inexprimíveis”, “O qual nos deu o penhor do Espírito” (II Co 5.5).
está nos alertando de perigos iminentes (Rm 8.26). O vocábulo “penhor”, do grego “arrobon”, significa
“primeira prestação”, “depósito”, “garantia”. Indica o pa-
6. Óleo gamento de parte do preço total da compra. Esta primeira
prestação recebida é a regeneração. O valor total será comple-
“Te ungiu com óleo de alegria” (Hb 1.9). mentado com os pagamentos intermediários: a santificação e
O óleo simboliza o Espírito Santo como “unção espe- o pagamento final e redenção do nosso corpo (Rm 1.4).
cial” para os salvos em Cristo, o Espírito Santo, de fato, é a O Espírito Santo é evidentemente a nossa garantia.
122 122 Curso Teológico -Maranata - Nível Bacharel
Nível Bacharel
O batismo com o Espírito Santo é um poder especial F) Bondade. Ajudar aqueles que estão em dificuldades
que vem de Deus e enche todo o nosso saber. A esta ação di- G) Fé. A fé produz no crente o fruto da fidelidade.
vina, segue-se o que chamamos “transbordamento”, quando H) Mansidão. Deve estar presente em cada detalhe da
a nossa língua é totalmente dominada pelo poder de Deus vida espiritual.
e começamos a falar noutras línguas, não um idioma nosso, I) Temperança. O fanatismo pode levar as pessoas a
mas uma língua totalmente espiritual. cometerem excessos com prejuízos para elas próprias
e a outrém.
X. A blasfêmia
contra o Espírito Santo XII. Os frutos do Espírito
Blasfêmia contra o Espírito Santo é o sentido de atos con- Assim como há o fruto do Espírito, assim também há os frutos:
trários à majestade de Deus. Quando ligadas ao mundo religioso, A) Fruto do arrependimento (Mt 3.8)
considera,-se blasfêmia varias atitudes contra Deus e o que é Santo: B) Fruto das boas obras (Mt 7.16-20)
I) Fazer o uso do nome Santo de Deus em vão em algo C) Fruto da comunhão (Mt 26.29)
contrário a sua vontade (Ex 20.7). D) Fruto da oração (I Co 14.14)
E) Fruto da justiça (II Co 9.10)
II) falar contra o nome Santo de Deus, amaldiçoando-o
F) Fruto da luz (Ef 5.9)
(Lv 24.10-11).
H) Fruto pacífico (Hb 12.11)
III) Julgar-se igual a Deus (Jo 10.33).
I) Fruto dos lábios (Hb 13.15)
Jesus mostrou que a blasfêmia contra o Espírito Santo
J) Fruto precioso (Tg 5.7)
ultrapassa os limites da redenção (Mt 12.31-32). O texto não L) Fruto da vida eterna (Ap 22.2)
alude a um pecado em particular, mas a um ato ou atos defi- K) Fruto do louvor (Hb 13.15)
nidos que determinam um estado pecaminoso, uma oposição M) Fruto da santificação (Rm 6.23)
determinada e voluntária contra a força e obra do Espírito
Santo. Neste caso, o pecado consiste de duas maneiras: A vontade divina é que cada crente seja como arvore fru-
I) Resistir deliberadamente toda e qualquer operação tífera, produzindo o seu furto na estação própria (Sl 1.3; Jo 15.16).
do Espírito Santo. Só podemos ter uma vida abundante se descobrirmos o valor de
II) Atribuir às forças do mal aquilo que está sendo rea- Cristo em nós e a atuação de seu Santo Espírito em nosso viver.
lizado pelo Espírito de Deus.
Há duas maneiras de se cometer este pecado:
I) Resistir ao Espírito Santo (At 7.51). Esta conduta peca- XIII. Os dons espirituais
minosa não reconhece a atuação do Espírito Santo. Os dons são faculdades divinas operando na pessoa
II) A blasfemia. No grego significa: Dizer coisas abusi- humana, capacitando homens e mulheres a servirem melhor a
vas; difamação e calunia. Deus no crescimento e edificação da igreja (I Co 12.7).
Bibliografia Geral
ANTROPOLOGIA HERESIOLOGIA
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Edições FALBEL, Nachman. Heresias medievais. São Paulo: Perspectiva,
Vida Nova, 1a. edição, 1999. 1999.
FRANGIOTTI, Roque. História das Heresias séculos I-VIII, Pau-
SOTERIOLOGIA lus, 1995.
DUFFIELD, Guy P.; VAN CLEAVE, Nathaniel M. Fundamentos da RIBEIRO JUNIOR, João. Pequena história das heresias. Campi-
Teologia Pentecostal. São Paulo: Quadrangular, 2000. nas: Papirus.
GEISLER, Norman. Eleitos, Mas Livres. São Paulo: Vida, 2001.
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 1996. FILOSOFIA
SEVERA, Zacarias de Aguiar. Manual de Teologia Sistemática. ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mar-
Curitiba: A.D.Santos, 1999. tins Fontes, 2003.
126 126 Curso Teológico -Maranata - Nível Bacharel
Nível Bacharel
Bancroft, E. Teologia Elementar. São Paulo: Imprensa Batista KAISER, Walter C. Jr. e Moisés Silva Introdução À Hermenêuti-
Regular, 1966. ca Bíblica São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2003.
Davis W. Huckabee, Studies on Church Truth, Vols. 1 and 2, LONGMAN, Tremper Lendo a Bíblia Com o Coração e a Mente
Columbus: Brentwood Christian Press, 1999. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2003.
Derickson, Stanley L. Mr. D.’s Notes on Theology, 1992. PESTANA, Álvaro César Sempre Me Perguntam São Paulo: Edi-
tora Vida Cristã, 2003.
STEIN, Robert H. Guia Básico para a Interpretação da Bíblia,
HISTÓRIA DA IGREJA Rio de Janeiro: CPAD, 1999.
CAIRNS, EARLE E. O Cristianismo Através dos Séculos. São VIRKLER, Henry A., Hermenêutica Avançada. São Paulo: Edito-
Paulo: Edições Vida Nova, 1999.
ra Vida, 1987.
HURLBUT, Jesse. História da Igreja Cristã. São Paulo: Editora
WEGNER, Uwe, Exegese do Novo Testamento São Paulo: Edi-
Vida, 2005
tora Paulus, 1998.
ZUCK, Roy B. A Interpretação Bíblica São Paulo: Edições Vida
HOMILÉTICA Nova 2002.
BRAGA, JAMES. Como Preparar Mensagens Bíblicas, Deerfield,
Flórida, Ed. Vida, 6a impressão, 1991.
HISTÓRIA DE ISRAEL
HAWKINS, THOMAS. Homilética Prática. Rio de Janeiro: Ed.
EBAN, Abba. A História do Povo de Israel. Rio de Janeiro: Bloch
Juerp, 5a Edição, 1988.
Editores, 1982.
ROBINSON, Haddon. A Pregação Bíblica. São Paulo: Edições
BRICHT, J. História de Israel. São Paulo: Edições Paulinas,
Vida Nova, 2005
1978.
W. KOLLER, CHARLES. Pregação Expositiva Sem Anotações.
CAZELLES, Henri. História Política de Israel. São Paulo: Edições
São Paulo: Ed. Mundo Cristão, 2a Edição, 1987.
Paulinas, 1994.
FOHRER, Georg. História da religião de Israel. São Paulo: Pau-
lus, 2006.
Bibliografia Geral 127
JOHNSON, Paul. História dos Judeus, 3ª ed. Rio de Janeiro: MARGERISON, Charles J. Conversando a gente se entende -
Imago Editora, 1988. técnicas de conversação para executivos. 1.ed. São Paulo,
Saraiva, 1992.
JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus, 8ª ed. Rio de Janeiro:
Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 2004. MELLO, Edmée Brandi de Souza. Educação da voz falada. Rio
de Janeiro, Atheneu, 1984.
SCHULTZ, Samuel. História de Israel. São Paulo: Edições Vida
Nova, 2004. MENDES, Eunice e JUNQUEIRA, L. A. Costacurta - Comunica-
ção sem Medo: Um guia para falar em público com segu-
rança e naturalidade. São Paulo, Editora Gente, 1999.
ESCATOLOGIA
MENDES, Eunice e JUNQUEIRA, L. A. Costacurta - Falar em
GILBERTO, Antonio. O calendário da Profecia. Rio de Janeiro:
Público: Prazer ou Ameaça? Pequenos grandes segredos
CPAD, 1998.
para o sucesso nas comunicações formais e informais. Rio
OLIVEIRA, J. O Milênio. Rio de Janeiro: CPAD, 1995. de Janeiro, Qualitymark, 1995.
OLSON, N. L. O plano divino através dos séculos. Rio de Janei- MOSCOVICI, Fela. Desenvolvimento interpessoal. Rio de Ja-
ro: CPAD, 1978. neiro, Livros Técnicos e Científicos, 1985.
SILVA, Severino Pedro da. Escatologia Doutrina das Últimas PENTEADO, J. R. Whitaker. A técnica da comunicação humana.
Coisas. Rio de Janeiro: CPAD, 1995. São Paulo, Pioneira, 1986.
POLITO, Reinaldo. Como falar corretamente e sem inibições.
TÉCNICAS PARA FALAR EM PÚBLICO São Paulo, Saraiva, 1986.
ANDERSON, James B. Falar para grupos. Portugal, CETOP, 1989. RAUDSEPP, Eugene. Arte de apresentar ideias novas. 3 ed. Rio
de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas.
BARRASS, Robert. Os cientistas precisam escrever. 3ª ed.S.l., T.
A. Queiroz, 1994 ROGERS, Carl R. Tornar-se pessoa. São Paulo, Martins Fontes, 1985.
BERLO, David K. O processo da comunicação. 5.ed. São Paulo, SARTINI, I. Comunicação: caminho para o sucesso. Rio de Ja-
Martins Fontes, 1985. neiro, Tecnoprint, 1980.
BLOCH, Pedro. Falar bem é viver melhor: a comunicação oral VALENTI, Jack. A fácil arte de falar em público. Rio de Janeiro,
no mundo de hoje. 2.ed. Rio de Janeiro, Nórdica, 1980. Record, 1982.
_____, Pedro. Você quer falar melhor? Rio de Janeiro, Bloch, 1980. VANOYE, Francis. Usos da linguagem. São Paulo, Martins Fon-
BRANDEN, Nathaniel. Auto-estima: como aprender a gostar tes, 1985.
de si mesmo. 1.ed. São Paulo, Saraiva, 1981. WURMAN, Richard Save. Como transformar informação em
CARMO NETO, Dionísio. Metodologia científica para princi- compreensão. São Paulo, Cultura, 1991.
piantes. 2.ed. Salvador, Universitária Americana, 1993.
CARNEGIE, Dale. Como falar em público e influenciar pessoas
TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO
no mundo dos negócios. Rio de Janeiro, Record, 1982.
DAVIS, Flora. A comunicação não-verbal. São Paulo, Summus, 1979. CHAMPLIM, R. N. Novo Testamento Interpretado Versículo por
Versículo (doravante denominado de NTI), vol.1 a 6. São
DEEP, Sam & SUSSMAN, Lyle. Atitudes inteligentes. São Paulo,
Paulo: Ed. Candeia, 1995.
Nobel, 1992.
TAYLOR, W.C. Dicionário do Novo Testamento Grego. Rio de
DIMBLEBY, Richard & GRAEME, Burton. Mais do que palavras. Janeiro: Ed. JUERP, 1991.
São Paulo, Summus, 1990.
HASEL, Gerhard F. Teologia do Novo Testamento. Rio de Janei-
FAST, Julius. A linguagem do corpo. São Paulo, 70, 1970. ro: Ed. JUERP, 1988.
FLETCHER, Leon. Como falar como um profissional. Rio de Ja- MIRANDA, Osmundo A. Estudos Introdutórios nos Evangelhos
neiro, Record, 1983. Sinóticos. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1989.
KUNTZ, Ronald A. Marketing político: manual de campanha KUMMEL, Werner G. Síntese Teológica do Novo Testamento.
eleitoral. 5.ed. São Paulo, Global, 1986. São Leopoldo: Ed. Sinodal, 1983.
128 128 Curso Teológico -Maranata - Nível Bacharel
Nível Bacharel
LOHSE, Eduard. Introdução ao Novo Testamento. São Leopol- GONZALEZ, Justo L. Uma História do Pensamento Cristão, 3
do: Ed. Sinodal, 1985. vols. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2004.
LADD, George E. Teologia do Novo Testamento. Rio de Janeiro: TILLICH, Paul. História do Pensamento Cristão. São Paulo: Aste, 2004.
Ed. JUERP, 1993.
PSICOLOGIA PASTORAL
SOCIOLOGIA
BRISTER, C.W., El Cuidado Pastoral em La Iglesia, 3a. Edição,
ALMEIDA, C. C. L de. Formação e estratégia de discursos sobre
traduzido do inglês por Daniel Fite, Buenos Aires, Casa
sexualidade nas escolas públicas do Rio de Janeiro. Rio de
Batista de Publicaciones, 1980.
Janeiro: Programa de Pós-graduação em Sociologia /IFCS/
UFRJ, 1994. Dissertação de mestrado. CABASSUS, H., Jesus Cristo e a Relação de Ajuda, São Paulo,
ALTMANN, H. Orientação sexual nos Parâmetros Curriculares Loyola, 1977.
Nacionais. Estudos Feministas, vol. 9, no 2, 2001. CASERA, D., Psicologia e Aconselhamento Pastoral, traduzido do
BADINTER, E. XY: Sobre a identidade masculina. Rio de Janei- italiano por Navarino Brusco, São Paulo, Paulinas, 1985.
ro: Nova Fronteira, 1993. CIAN, LUCIANO. Caminho para a Maturidade e a Harmonia.
BASSANEZI, C. Mulheres dos anos dourados, in DEL PRIORI, Petrópolis, Vozes, 1990.
M. (org.). História das mulheres no Brasil. São Paulo: Edi-
HURDING, ROGER F. A Árvore da Cura – Modelos de Aconse-
tora Unesp/Contexto, 1997. lhamento e de Psicoterapia. São Paulo, Vida Nova, 1988.
BOURDIEU, P. A dominação masculina. Educação & Realidade,
20(2), jul-dez, 1995.
BOZON, M. & HEILBORN, M. L. Iniciação sexual no Rio de Janeiro EXEGESE BÍBLICA
e em Paris. Novos Estudos Cebrap, 59:111-35, 2001. ANDRADE, Claudionor Corrêa de. DICIONÁRIO TEOLÓGICO.
DOWNS, A. 1999. Uma teoria econômica da democracia. Clás- São Paulo. 1996.
sicos. São Paulo : USP. ANDRADE, Anísio Renato de - Bacharel em Teologia – APOSTI-
DURKHEIM, David Émile. Bibliografia de Durkheim – http:// LA FAITERJ. RIO DE JANEIRO. 2005
www.univ-ab.pt/investigacao/cemri/investigadores.html APOLINÁRIO, Professor Pedro – EXEGESE BIBLICA - Instituto
LIMA JÚNIOR, O. B. 1999. Partidos, eleições e Poder Legislati- Adventista de Ensino, 1977.
vo. In : Miceli, S. (org.). O que ler na ciência social brasilei- CARSON, D.A., Os Perigos da Interpretação Bíblica (antiga Exege-
ra (1970–1995). São Paulo: Sumaré. se E Suas Falácias), São Paulo: Edições Vida Nova, 1992
RUA, M. G. 1995. Mídia, informação e política: a eleição presi- FEE, Gordon D. STUART, Douglas – ED. VIDA NOVA SP. 1999 – Pag. 19.
dencial brasileira de 1994. Comunicação e Política, Rio de REVISTA DA BÍBLIA, n° 6 Abr- Jun/97 - W.B Chamberlain
Janeiro, v. 1, n. 3, p. 77–94, abr.–jul.
RUTH, Professora - Instituto Teológico Quadrangular de Curi-
SILVEIRA, F. E. 2000. A dimensão simbólica da escolha eleito- tiba. 2000.
ral. In : Figueiredo, R. (org.). Marketing político e persua-
são eleitoral. São Paulo : Fundação Konrad Adenauer.
SINGER, A. 1999. Esquerda e direita no eleitorado brasileiro. ACONSELHAMENTO CRISTÃO
São Paulo : USP. CABASSUS, H., Jesus Cristo e a Relação de Ajuda, São Paulo,
WEBER, Max. Sociologia da Religião (Tipos de Relações Co- Loyola, 1977.
munitárias Religiosas). Borges, Juliano - 1 Doutorando em CLINEBELL, HOWARD. Aconselhamento Pastoral – Modelo
Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas Centrado em Libertação e Crescimento, São Paulo, Pau-
do Rio de Janeiro, IUPERJ linas, 1987.
COLLINS, GARY R. Aconselhamento Cristão. São Paulo, Edi-
HISTÓRIA DO CRISTIANISMO ções Vida Nova, 2005.
BERKHOF, Louis. História da Doutrina Cristã. São Paulo: Publi- CROATTO S., E. PIETRANTONIO, R., Matrimônio, Família, Divórcio,
cações Evangélicas Selecionadas, 1992. Algumas Reflexões Bíblicas Veteo y Neotestamentárias.
Bibliografia Geral 129
FABER, H., E. VAN DER SCHOOT, EBEL., A Prática da Conversa- KESSLER, Nemuel e CAMARA, Samuel.Administração Eclesiástica.
ção Pastoral, traduzido do holandês por Sílvio Schneider, Rio de Janeiro. CPAD, 1987.
Coleção Teologia Prática – Estudos Pastorais 4, São Leo-
RUSH, Myron. Administração – Uma abordagem bíblica. Belo
poldo, Sinodal, 1985.
Horizonte: Editora Betânia, 2005.
FRIESEN, ALBERT. Cuidando do Ser. Curitiba, Editora Evangéli-
ca Esperança, 2000.
ESTUDO DE LIDERANÇA
HOFF, Paul. O Pastor como conselheiro. São Paulo: Vida, s.d.p
HOCKING, David. As Sete Leis da Liderança Cristã. 2ª ed. São
MIRANDA, C. e MIRANDA, M. Construindo a Relação de Aju-
Paulo: Abba, 1996
da. Belo Horizonte, Crescer, 1991.
HOOVER, Thomas Reginald. Missões: O Ide Levado a Sério. 1ª
PATTERSON, LEWIS e EISENBERG, SHELDON. O Processo de
Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1993.
Aconselhamento. São Paulo, Martins Fontes, 1988.
SCHNEIDERHARPPRECHT, CHRISTOPH, org. Teologia Prática no Con-
texto da América Latina. São Leopoldo, Sinodal/IEPG, 1998. DIDÁTICA
LIBÂNEO, José Carlos. Didática, Cortez, SP, 1994.
Livros:
• Sorria, Você Nasceu para Ser Feliz.
• Os Números e seus Valores Simbólicos na Bíblia.
• Jesus é o Cordeiro de Deus.