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TEORIA DO DIREITO ADMINISTRATIVO

AULA 7 e 8
(ATENÇÃO: Este material destina-se ao acompanhamento em
sala de aula,
para melhor compreensão é necessária a utilização do texto
constitucional e legislação em vigor, além da doutrina indicada e
a jurisprudência)

ATO ADMINISTRATIVO

1. INTRODUÇÃO:
F ATO ATO

- Iniciemos os estudos do Ato Administrativo esclarecendo a


existência da diferença entre FATOS e ATOS.

- O fato é, genericamente, um acontecimento na natureza,


enquanto o ato é um evento decorrente da ação humana,
produzindo efeitos jurídicos ou não.
Ex.:
O ato de ir à praia, não é um ato jurídico, mas o fato de estacionar
o carro em local indevido, permitindo que o agente de trânsito
aplique uma multa, neste caso, temos um ato jurídico, pois
produziu efeitos jurídicos.

2. CONCEITO DE ATO ADMINISTRATIVO:


- Primeiramente, frisemos que não há um conceito legal do ato
administrativo. O importante é verificar o exercício da função
administrativa exercida numa situação jurídica concreta.
- A função administrativa pode estar presente em qualquer dos
poderes de Estado.
Ex. O Poder Legislativo expede edital de licitação para
contratação de obra em seu prédio anexo. Estamos diante de um
ato administrativo do Poder Legislativo, exercendo função
atípica.
*Lembre-se:
Poder Legislativo exerce função legislativa
Poder Judiciário exerce função judicante
Poder executivo exerce função administrativa.
Porém, nenhum Poder de Estado exerce função estatal com
exclusividade.
DEFINIÇÃO:
- É toda manifestação unilateral de vontade da administração
pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato
adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar
direitos, ou impor obrigação aos administrados ou a si própria.
(Helly L. Meirelles).
*Lembre-se: O ato administrativo pode ser praticado, em alguns
casos, por particulares, quando houver delegação de serviço
público (concessionário ou permissionário).

- Podemos verificar que o ATO ADMINISTRATIVO possui algumas


características que o diferencia dos atos jurídicos.
A) motivação;
B) consequência jurídica no ambiente do Estado (Administração
Pública) e da Sociedade;
C) exercido pelo Poder Público;
D) interesse público.

Em regra, o ato administrativo é o produto da função típica do


Poder Executivo.

- Diferenças entre Atos administrativos e Atos de Governo (atos


políticos):

Diferenças Atos Atos de Governo


administrativos
Natureza Função Função política
administrativa
Ramo do Direito Direito Direito
Administrativo Constitucional
Exemplos autorização, Ex.: sanção, veto
nomeação etc. etc.

3. ELEMENTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS


- Os elementos do ato administrativo são na realidade os
requisitos de sua validade, estes elementos são:
A) COMPETÊNCIA (AGENTE COMPETENTE)
B) FINALIDADE
C) FORMA
D) MOTIVO
E) OBJETO
ATENÇÃO:
A competência (agente competente), finalidade e a forma,
constituem, requisitos de VALIDADE do ato administrativo.
QUADRO COMPARATIVO: ATO ADMINISTRATIVO E ATO
JURÍDICO
ELEMENTOS DOS ATOS ELEMENTOS DO ATO
ADMINISTRATIVOS JURÍDICO

A) AGENTE COMPETENTE A) AGENTE CAPAZ


(Competência – previsão legal) (capacidade civil)

B) FINALIDADE XXXXXXXXXXXX

C) FORMA B) FORMA

D) MOTIVO XXXXXXXXXXXX

E) OBJETO C) OBJETO

* Dica: CO FI FO MO OB

Exercício de Fixação Conteúdo:


1- Dentre as opções abaixo, assinale aquela que não apresenta
um elemento do ato administrativo:
A) Agente capaz;
B) Motivo;
C) Finalidade;
D) Objeto;
E) Nenhuma das opções acima, pois todas representam
elementos do ato administrativo.

A) COMPETÊNCIA:
- É a capacidade ou poder atribuído aos órgãos e entidades da
administração pública para a prática dos atos administrativos
(permissão para fazer – art. 5º, inciso II da CF).
- Este poder é atribuído por Lei a um ente da administração
pública e o ato é praticado pelo agente público. A competência
atribuída pela legislação produz dois resultados, a capacidade
para o ato administrativo e define os limites desta atuação
administrativa.
- Na hipótese competência exclusiva não pode ser transferida a
competência para outro ente administrativo.

Características:
i) Irrenunciabilidade da competência: dever do agente público;
ii) Delegação: quando a competência não for exclusiva;

Os atos praticados, durante a vigência da delegação, são de


responsabilidade do delegatário – (Súmula 510 do STF).

iii) Avocação: na hipótese de delegação.


Exercício de Fixação Conteúdo:
1. O ato praticado pelo Servidor Público que recebeu a
competência por delegação, atrai responsabilidade para a
autoridade que delegou a competência. (certo) (errado)

2- A licença concedida por certo agente público, no exercício de


sua competência administrativa, ainda que o Servidor Público
tenha sido interditado em sua capacidade civil, é fato relevante,
por si só, para a invalidação do ato administrativo, mesmo que
praticado dentro dos limites legais. (certo) (errado)

Fixação de Competência (conforme a hipótese):


i) ratione materiae (matéria)
ii) ratione locci (lugar)
iii) ratione personae (função da pessoa)

Exemplo: A competência pode ser discutida, em face da


moralidade administrativa. Banca de concurso público com
parentes do candidato.
Acontece quando a pessoa tem amizade íntima ou inimizade
notória com algum dos interessados ou com os respectivos
cônjuges, companheiros, parentes e afins até o terceiro grau.

B) FINALIDADE:
- Todo ato administrativo deve buscar um fim específico ou
imediato, caso a finalidade não seja atendida temos o desvio de
finalidade.
- A finalidade possui dois alcances:
i) amplo: interesse público ou da coletividade;
II) estrito: é a finalidade específica do ato administrativo.

A indisponibilidade do interesse público pode ser analisada sob dois


aspectos:
a. Interesse Público Primário: os interesses da coletividade em geral.
b. Interesse Público Secundário: os interesses do Estado, enquanto
Administração Pública.

Apenas admite-se o interesse público secundário (gestão administrativa),


quando não contraria o interesse público primário.

Exemplo:  Um exemplo de um ato administrativo praticado com


desvio de finalidade seria a desapropriação de uma fazenda para fins
de prejudicar um inimigo político.

Exemplo:
Desvio da Finalidade:
Ato de remoção do servidor como forma de puni-lo ou por
razões estritamente pessoais.
O ato praticado com desvio de finalidade também é anulável por
meio de ação popular.

"finalidade é o resultado da prática do ato. 0 objeto é o resultado


imediato que o ato produz (a aquisição de direitos, etc) a finalidade é
o resultado mediato.
Por, outro lado 0 motivo, precede a prática do ato, são as
circunstâncias, que produziram o ato. A finalidade é o final do ato,
relaciona-se com aquilo que se pretende obter com o ato
administrativo "(Maria S. Z. Di Pietro).
Exercício de Fixação Conteúdo:
Analise o Caso:
O Presidente da República, inconformado com o número de
servidores públicos na área da saúde que responde a processo
administrativo disciplinar, resolve colocar tais servidores em
disponibilidade remunerada. Este ato viola a finalidade?

C) FORMA:
- É a maneira como o ato administrativo se exterioriza, devendo
em regra adotar a FORMA ESCRITA.
- Excepcionalmente poderá ser admitida outra forma para
exteriorizar o ato administrativo, tal como, a FORMA VERBAL.
Porém, a forma verbal nem sempre será aceita, dependendo da
solenidade ou formalidade que o ato administrativo exija.
- Quando a forma do ato administrativo é uma condição
necessária para a sua validade, se esta não for atendida o ato
será nulo.

Exemplo: A Lei 4717/65, art. 2º; Parágrafo-único, alínea “b” (Ação


Popular), define que o vício de forma consiste na omissão ou na
observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à
existência ou seriedade do ato.

D) MOTIVO:
- Entende-se por motivo do ato administrativo as razões de fato e
de direito para a prática do ato administrativo.
- Classificação do Motivo:
- O motivo de fato é a situação real e concreta do que está
acontecendo.
- O motivo de direito é a justificativa que a lei dá para o ato
administrativo.

Exemplo: a ocorrência da infração é o motivo da multa de


trânsito. Não se confunde com motivação, que é a explicação por
escrito das razões que levaram à prática do ato.
Observe que o motivo de fato é a infração (ato ilegal), o motivo de
direito é o fundamento legal que justifica a aplicação da multa,
em decorrência da infração. A motivação é a explicação por
escrito dos motivos(causa) com as suas razões.
Motivo de fato e Motivo de direito  MOTIVO
Motivação  FORMA

Exemplo:
Tombamento: É uma modalidade intervenção na propriedade por
motivos culturais, históricos, etc.
MOTIVO:
a) Motivo de Fato: O valor histórico atribuído a determinado bem.
b) Motivo de Direito: A lei admitindo o Tombamento.

FORMA: Como se exterioriza o ato de Tombamento. Há


necessidade de Motivação, ou seja, a descrição dos valores
históricos que admitem o Tombamento.

TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES (T.M.D.)


- Os atos administrativos estão sujeitos ao sistema do controle
administrativo e judicial, conforme a hipótese. A validade do ato
administrativo repousa, entre outros elementos, na relação direta
entre o motivo apresentado e os fatos concretos que justificaram
a sua realização.

Exercício de Fixação:
O Poder Judiciário é competente para conceder habeas corpus
na punição disciplinar militar? Justifique.

E) OBJETO:

- É o conteúdo do ato administrativo.


- O objeto deve ser lícito, moral e possível.
Atenção: Objeto é o fim imediato do ato, enquanto a finalidade é
o fim mediato.
Ex.: O ato de demissão do servidor público. A penalidade é o
objeto do ato e a finalidade é o interesse público ou da
coletividade.

Exemplo: Quando se diz: fica aplicada a pena de


demissão ao servidor público, esse é o objeto do ato.
Ele está atingindo a relação jurídica do servidor com a
Administração Pública. O objeto decorre da própria lei.
4. CONTROLE JUDICIAL DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

A) controle de legalidade -> verificação da adequação do ato


administrativo praticado com a lei vigente, a finalidade, a
competência e a forma.
B) controle do mérito -> verificação da conveniência e da
oportunidade relativas ao motivo e ao objeto do ato
administrativo. Em regra, o Poder Judiciário não adentra sob o
mérito administrativo do ato, salvo nos casos de fundamentação
de motivos (T.M.D.).

Atenção: O pós-positivismo produziu a possibilidade do


exercício do controle de juridicidade nos atos discricionários. O
princípio da juridicidade não aceita a ideia de que o ato
administrativo esteja apenas submisso à lei. Sendo assim, os
princípios -jurídicos ganham força normativa fundamentando-se
na razoabilidade, na eficiência, na proporcionalidade etc.
Não se trata aqui de invasão do “mérito administrativo”, sob
pena de violação da separação de poderes. Mas, evitar que a
atuação administrativa seja usada como mecanismo de artifício
para a consecução de certas práticas.
Ex.: Súmula Vinculante 13 do STF acerca do nepotismo.

- O Poder Judiciário, em tese, não invade o mérito administrativo,


em face do princípio da separação dos poderes. Mas, a
moralidade administrativa poderá, excepcionalmente, permitir a
atuação do Poder Judiciário.

Ex. Não caberá habeas corpus, em relação as punições


disciplinares militares (art. 142, § 2º CF/88).

Entende-se que não havendo o elemento ilegalidade e respeitado


o devido processo legal, o Poder Judiciário não discutirá o
mérito do ato administrativo.

EXEMPLO:
O ato administrativo é nulo quando o motivo se encontrar dissociado
da situação de direito ou de fato que determinou ou autorizou a sua
realização.
A vinculação dos motivos à validade do ato é representada pela teoria
dos motivos determinantes (T.M.D.).

Exercício de fixação:

O Poder Judiciário nunca poderá verificar o mérito do ato


administrativo, qualquer que seja a sua origem. (certo) (errado)

5. ATRIBUTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS:

- São as peculiaridades que envolvem os atos administrativos e


torna-os distintos dos demais atos jurídicos.
A) presunção de legitimidade;
B) imperatividade;
C) autoexecutoriedade;
* Atenção: Alguns autores sustentam a existência de um quarto
atributo: Tipicidade

A) PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE:

- Este atributo permite identificar que todos os atos


administrativos são presumivelmente legítimos, ou seja, até que
seja provado o contrário, credita-se ao ato administrativo uma
presunção, ainda que relativa de legitimidade (presunção juris
tantum).

- Entretanto, esta presunção de legitimidade não impede o uso do


controle judicial (art. 5º, inciso XXXV da CF) que poderá
reconhecer a ilegalidade ou a inconstitucionalidade do ato
administrativo.

- Alguns autores discutem a diferença entre a “presunção de


legitimidade e a presunção de legalidade”. A legitimidade envolve
a análise de elementos subjetivos da vontade da administração
pública, enquanto que a legalidade está atrelada ao direito
positivo (elementos objetivos), ou seja, a realidade jurídica
possível.
- A legitimidade envolve critérios subjetivos, enquanto que a
legalidade repousa sobre os critérios objetivos.
- Alguns administrativistas preferem usar a expressão
“Presunção de Validade” no lugar de presunção de legitimidade
(Diogo de Figueiredo)

ATENÇÃO: Presunção de veracidade não significa presunção de


legitimidade. A presunção da veracidade repousa sobre o crédito
dado às informações produzidas pelo ato administrativo.

Presunção de Legitimidade Presunção de Veracidade


Presunção de conformidade Presunção de informações
com o ordenamento vigente. verdadeiras.

B) IMPERATIVIDADE:

- Os atos administrativos possuem um comando que produz uma


vinculação obrigatória em relação ao seu cumprimento. O
atributo da imperatividade obriga o administrado a prestação
determinada, ainda que esta não seja a sua vontade (Ius Imperii).

- A imperatividade apesar de ser reconhecida como um atributo


do ato administrativo não está presente em todos os atos
administrativos, como por exemplo, numa licença dada pelo
Poder Público, quando solicitada pelo cidadão. Nem todos têm a
característica do “Ius imperii”(isto é, a administração não está
vinculada. Há casos em que a administração pode retirar o ato,
quando o ato não gera obrigação não temos este atributo, atos
declaratórios).

- A imperatividade é uma característica que extrapola a esfera


jurídica, caracterizando-se numa verdadeira obrigação de origem
unilateral é uma autêntica exação do Estado.
-  Na imperatividade o ato é imposto para que o administrado faça
ou deixe de fazer.

C) AUTOEXECUTORIEDADE:
- A auto executoriedade é um produto do PRINCÍPIO DA
EXIGIBILIDADE e da EXECUTORIEDADE.

- A exigibilidade significa a capacidade que a Administração


Pública tem de exigir do administrado que cumpra as obrigações
determinadas por ela. A executoriedade decorre da possibilidade
de usar da “força administrativa”, quando necessário, para
executar a sua decisão.
- Na auto executoriedade é a administração pública quem pratica
o ato.

“força não é violência”.

Ex.: Um carro estacionado em local proibido que impede o


tráfego das pessoas. A administração exige a retirada do veículo,
caso o motorista não retire o veículo, a administração pública
executará a remoção imediata.

*Atenção:
Imperatividade - >>> administrado (obriga o administrado)
Auto-executoriedade ->>> Administração Pública (permite a
Administração Pública executar o ato administrativo)

Veja:
A imperatividade tem como característica permitir ao ato
administrativo produzir obrigações aos particulares,
independentemente da aceitação do particular. Por outro lado, a
autoexecutoriedade é o poder administrativo de exercer a
prerrogativa de impor a realização de obrigações sem a
necessidade do exercício do Poder Judiciário.

Observação:
- Segundo a Prof. Maria S. Z. Di Pietro existe um quarto atributo
do Ato Administrativo: TIPICIDADE.

- A necessidade da correlação entre a finalidade do ato


administrativo com a lei, o que representa uma autêntica garantia
jurídica, a existência de estar previsto em lei.

6. ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS: “NONEP” (*dica)


A. NORMATIVOS: São os atos que visam dispor sobre as normas
administrativas gerais e abstratas, cuidam de explicar e executar as
leis e decorre do exercício poder regulamentar.
Ex.: Decretos, regulamentos, regimentos etc.

B. ORDINATÓRIOS: São aqueles que contêm um comando e


estabelecem a organização e o funcionamento da administração
pública. Não geram, em si, obrigações aos particulares, mas sim para
a própria administração pública.
Ex: Circulares, avisos, ofícios, ordens de serviços etc.

C. NEGOCIAIS: São os atos decorrentes da gestão administrativa,


são do interesse administrativo e particular, produzem sempre um
negócio jurídico-administrativo.
Ex.: Licenças, permissões, autorizações etc.

D. ENUNCIATIVOS: São aqueles nos quais não há um vínculo


obrigacional ou negocial, servem apenas para declararem uma
situação fática.
Ex.: Atestados, certidões, pareceres etc.

E. PUNITIVOS: São os atos administrativos onde a administração


pública impõe uma sanção ou penalidade, pode alcançar seus
servidores e agentes ou até mesmo os particulares.
Ex.: Multa, interdição, embargo.

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO:
O Controle externo das contas do Poder executivo federal é
exercido pelo Congresso Nacional com o auxílio do Tribunal de
Contas da União. Na hipótese de o T.C.U. decidir contra as contas
apresentadas pelo Presidente da República, responda:
1. Qual a espécie de ato praticado pelo T.C.U.?
2. O Congresso Nacional pode rejeitar a decisão do T.C.U.?

ATENÇÃO:
- Cuidado especial com o DECRETO REGULAMENTAR (art. 84, IV,
CF) E O DECRETO AUTÔNOMO (art. 84, VI, CF), tema recorrente
nos concursos públicos.
DECRETOS: São, em regra, atos do chefe do Poder Executivo,
visam regulamentar ou executar as leis, podendo ser geral ou
individual.

A) Geral: Quando alcança a todos e de forma abstrata. Ex.:


Decreto Regulamentar de uma determinada Lei.

B) INDIVIDUAL: Quando alcançar pessoa determinada e em razão


de um fato concreto. Ex.: Decreto de Extradição.

DECRETO AUTÔNOMO:
- É a possibilidade de tratar por meio de ato administrativo de
matéria não regulada por Lei. Este Decreto também pode ser
denominado como Decreto Independente. O Decreto Autônomo
não estava inserido na CF/88, foi acrescentado por Emenda
Constitucional (EC 32/2001).
- O Decreto Autônomo somente será admitido nas hipóteses do
art. 84, VI da CF e, pode ser usado no âmbito dos Estados,
Municípios e no Distrito Federal, por simetria constitucional.

7. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

- Os atos administrativos podem ser extintos por diversas


modalidades, sendo que duas modalidades sempre se destacam
nos estudos: a Revogação e a Anulação. Entretanto, existem
outras modalidades de retirada do ato administrativo.

1. CASSAÇÃO: Ocorre a extinção do ato administrativo por


Cassação quando, mesmo legítimo o ato administrativo, a
execução posterior produziu irregularidades. A cassação não é
uma modalidade da anulação, na anulação constata-se a
ilegalidade do ato desde a sua edição, o que não ocorreu na
Cassação.
Ex.: Licença para obras, quando o destinatário realiza algo não
previsto na licença. Não há ilegalidade no Ato Administrativo,
mas sim, na sua execução pelo administrado.

2. CADUCIDADE; É o produto de lei posterior sobre um ato


administrativo anterior, tornando a situação inadmissível.
Ex.: Um autorização para a prática de jogos quando a lei o
permitia, se a lei posterior não o permite, temos a Caducidade.
Porte de armas em uso, mas a lei posterior o proíbe.

3. RENÚNCIA: Ocorre quando o beneficiário de um ato


administrativo abre mão ao seu exercício.
Ex.: Nomeação do servidor, que renuncia ao cargo público.

4. ANULAÇÃO: A anulação É a retirada do ato administrativo com


base em critérios de legalidade, ou seja, trata-se da retirada do
ato administrativo tendo em vista o reconhecimento de sua
ilegalidade. A ANULAÇÃO também é conhecida como
INVALIDAÇÃO.

Súmula 473
A administração pode anular seus próprios atos, quando
eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se
originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

- A anulação ou invalidação de um ato administrativo pode ser


realizada tanto pela Administração Pública, quanto pelo Poder
Judiciário.

a) Administração Pública no poder de autotutela:


- O Poder de autotutela permite a administração pública rever
seus próprios atos de ofício ou a requerimento. Neste caso, o
poder de anular seus atos administrativos independe de
provocação.

b) O Poder Judiciário (Art. 5º, inciso XXXV da CF/88)


- O poder de anular o ato administrativo dependerá de
provocação e a análise será restrita ao aspecto da legalidade do
ato.

EFEITOS DA ANULAÇÃO:
- A anulação do ato administrativo produz efeitos "Ex tunc" -
retroativos.
- Na anulação podem ser apreciados os limites temporais e
materiais.
* Atenção: Teoria do fato consumado.

Exercício:
- Certa pessoa obtém liminar para cursar a última série do ensino
médio, paralelo ao ensino superior, no qual foi aprovado. Ocorre
que próximo da colação do grau do ensino superior, o Poder
Judiciário resolve dar a decisão definitiva sobre o caso que se
infere a liminar. Como deverá decidir o Poder Judiciário?
Resposta: O entendimento será pela não cassação da liminar,
tendo em vista o decurso do tempo e a estabilização da situação
constituída sob a boa-fé (Teoria do Fato Consumado).

5. REVOGAÇÃO: A revogação é a retirada do ato administrativo


com base em critérios de oportunidade e conveniência, ou seja,
trata-se da retirada do ato administrativo tendo em vista o
reconhecimento de sua inoportunidade e inconveniência. Na
revogação temos um ato administrativo legal.

ATENÇÃO:
COMPETÊNCIA PARA REVOGAÇÃO:

- Somente a administração pública detém competência para


revogar o ato administrativo, ou seja, neste caso, a princípio, não
se admite que a revogação seja exercida pelo Poder Judiciário.

Atenção:
Há possibilidade de o Poder Judiciário revogar um ato
administrativo, desde que esteja no exercício de atividade
administrativa, neste caso, o Poder Judiciário poderá revogar o
seu ato administrativo.
- Sendo assim, qualquer dos Poderes de Estado poderá
REVOGAR ato administrativo, desde que no exercício de suas
funções administrativas.

EFEITOS DA REVOGAÇÃO:
- Os efeitos são "Ex nunc", ou seja, valem a partir da revogação.
- Não está a Administração Pública sujeita a limites temporais
para a REVOGAÇÃO, esta poderá ocorrer a qualquer tempo.

ATENÇÃO:
Não se admite a revogação de:
a) Ato vinculado;
b) Ato que produz direito adquirido;
c) Atos de procedimentos;
d) Atos de controle;
e) Atos exauridos ou consumados;

- CONVALIDAÇÃO:
- A convalidação é o ato de correção.
- Na correção do ato administrativo que possui um vício sanável,
o vício é suprido através da edição de outro ato administrativo.
Normalmente, a convalidação é operada pela administração
pública.
- No tocante a forma admite-se a convalidação, desde que esta
não se constitua em elemento essencial do ato. Entretanto na
hipótese de violação da finalidade ou na ausência do motivo é
impossível a convalidação do ato administrativo.
- Quando o vício está ligado ao sujeito é possível a Ratificação do
ato.
- Nos casos de ilegalidade não há como se falar em convalidação.

- EFEITOS DA CONVALIDAÇÃO:
- Os efeitos são "ex tunc".

Texto legal de apoio:

Lei 9784/99

CAPÍTULO XIV
DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO
        Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando
eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
        Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos
de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco
anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.
        § 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência
contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.
        § 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de
autoridade administrativa que importe impugnação à     validade do ato.
        Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao
interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem
defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração.

CAPÍTULO XV
DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO
        Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de razões
de legalidade e de mérito.
        § 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a qual,
se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade
superior.
        § 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso administrativo
independe de caução.

SÚMULA VINCULANTE 21
É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de
dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.

        § 3o Se o recorrente alegar que a decisão administrativa contraria


enunciado da súmula vinculante, caberá à autoridade prolatora da decisão
impugnada, se não a reconsiderar, explicitar, antes de encaminhar o
recurso à autoridade superior, as razões da aplicabilidade ou
inaplicabilidade da súmula, conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 11.417,
de 2006).
        Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por três
instâncias administrativas, salvo disposição legal diversa.
        Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso administrativo:
        I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no processo;
        II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afetados
pela decisão recorrida;
        III - as organizações e associações representativas, no tocante a
direitos e interesses coletivos;
        IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses difusos.
        Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o prazo para
interposição de recurso administrativo, contado a partir da ciência ou
divulgação oficial da decisão recorrida.
        § 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso administrativo
deverá ser decidido no prazo máximo de trinta dias, a partir do
recebimento dos autos pelo órgão competente.
        § 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser prorrogado
por igual período, ante justificativa explícita.
        Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimento no qual o
recorrente deverá expor os fundamentos do pedido de reexame, podendo
juntar os documentos que julgar convenientes.
        Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem efeito
suspensivo.
        Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou incerta
reparação decorrente da execução, a autoridade recorrida ou a
imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido, dar efeito
suspensivo ao recurso.
        Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para dele conhecer
deverá intimar os demais interessados para que, no prazo de cinco dias
úteis, apresentem alegações.
        Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto:
        I - fora do prazo;
        II - perante órgão incompetente;
        III - por quem não seja legitimado;
        IV - após exaurida a esfera administrativa.
        § 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a autoridade
competente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso.
        § 2o O não conhecimento do recurso não impede a Administração de
rever de ofício o ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão
administrativa.
        Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar,
modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se
a matéria for de sua competência.
        Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder
decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá ser cientificado
para que formule suas alegações antes da decisão.
        Art. 64-A.  Se o recorrente alegar violação de enunciado da súmula
vinculante, o órgão competente para decidir o recurso explicitará as razões
da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso. (Incluído
pela Lei nº 11.417, de 2006).
        Art. 64-B.  Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação
fundada em violação de enunciado da súmula vinculante, dar-se-á ciência à
autoridade prolatora e ao órgão competente para o julgamento do recurso,
que deverão adequar as futuras decisões administrativas em casos
semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas esferas cível,
administrativa e penal. (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006).
        Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções poderão
ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem
fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a
inadequação da sanção aplicada.
        Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar
agravamento da sanção.

Lei nº 4.717 de 29 de Junho de 1965


Regula a ação popular.
Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades
mencionadas no artigo anterior, nos casos de:
a) incompetência;
b) vício de forma;
c) ilegalidade do objeto;
d) inexistência dos motivos;
e) desvio de finalidade.
Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade
observar-se-ão as seguintes normas:
a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas
atribuições legais do agente que o praticou;
b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta
ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade
do ato;
c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa
em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo;
d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou
de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente
ou juridicamente inadequada ao resultado obtido;
e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato
visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na
regra de competência.
Lei da Ação Popular (Lei nº 4.717 de 29 de Junho de 1965) define
como nulidade os vícios aos elementos do ato administrativo, a
doutrina pondera, e entende que se houver possibilidade de
convalidação não será caso de nulidade, mas sim de
anulabilidade.
* Admite-se a convalidação nos casos de vícios nos elementos
sujeito e forma.
* No caso do elemento sujeito (agente competente) é possível a
convalidação desde que, não seja competência exclusiva ou em
razão da matéria.
* Não confundir com o usurpador da função, neste caso, o ato é
inexistente.
* No tocante a forma, podemos ter a convalidação, desde que, o
ato não exija forma solene.
* Os elementos objeto (conteúdo), motivo e finalidade, não
admitem o saneamento (convalidação).

CONVERSÃO: É o instituto usado para transformar um ato


inválido em outra categoria, com efeitos ex tunc.
EX.: Concessão de bem público sem licitação, pode ser
convertida em permissão precária, se o caso permitir a demanda
sem licitação.

BIBLIOGRAFIA:

1. Meirelles, Hely L. – Curso de Direito Administrativo – Ed.


Malheiros.
2. Knoplock, Gustavo M. – Manual de Direito Administrativo – Ed.
Campus.
3. Di Pietro, Maria S. Z. – Direito Administrativo – Ed. Atlas.
4. Mello, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito
Administrativo – Ed. Malheiros.
5. Oliveira, Rafael Carvalho Rezende - Curso de Direito
Administrativo – Ed. Método.
INTERNET:
1. www.stf.jus.br
2. www.planalto.gov.br

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