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MANUAL DE CFDs

O QUE PRECISA SABER PARA COMEÇAR A INVESTIR COM CFDs

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ÍNDICE

1. O que são os CFD? 3

2. Vantagens e Desvantagens dos CFDs 5

3. Diferenças entre CFDs e Ações 7

4. Diferenças entre CFDs e Futuros 10

5. Riscos de investir em CFDs 13

6. A margem dos CFDs 15

7. Cobertura de risco com CFDs 17

8. Fiscalidade dos CFDs 19

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1
O QUE SÃO OS CFD?

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1. O QUE SÃO OS CFD?

Imaginemos que quiséssemos investir numa ação. Ao nosso broker mandar-lhe-íamos a ordem de que nos comprasse a ação
“x” a um preço “y”. A única diferença entre os CFD e a contratação normal é que com os CFD não precisamos de adquirir os títu-
los, mas sim, comprar um CFD. Se valorizar receberemos o diferencial ganho, e se descer teremos que o pagar. Não é necessário
possuir fisicamente as ações para poder obter na nossa conta o efeito do seu movimento no mercado.

Portanto, um CFD é um contrato entre duas partes para trocar a diferença entre o preço de compra e o de venda de ações ou
outros produtos (matérias primas, moedas, índices).
Os CFDs não requerem o desembolso íntegro do nominal da operação, funcionam mediante um simples sistema de garantias,
que nos permite abrir mais possibilidades na nossa operativa bolsista, sobretudo para o trading intra-diario.

Um pouco de história sobre CFDs


Os CFDs foram criados, há alguns anos, pelos Hedge Funds para ter acesso à negociação de operações com muita alavancagem.
Trata-se de um produto que permitiu ao pequeno investidor ter acesso mais tarde. No entanto, no Reino Unido, onde a distri-
buição ao cliente particular começou à 4-5 anos, a sua popularidade hoje é inquestionável.

Estes dados referem-se à Bolsa de Valores de Londres:


1. A contratação de CFDs cresceu 57% ao ano nos últimos anos.
2. 35% da atual contratação total da Bolsa de Valores de Londres tem origem em contratos CFD, sendo o pequeno investidor
representa 20% dos CFDs transacionados.

Como funcionam os CFDs?


O emissor dos CFDs (ou seja, o intermediário financeiro) paga à Bolsa o valor total da compra das ações e, no mesmo momento
em que a compra é feita, emite um contrato de CFD em favor do investidor. Com isso, está convertendo o movimento do stock
em liquidações diárias para diferenças na sua conta.

Se o investidor não vender o seu CFD no final da sessão, o intermediário financeiro aplicará uma taxa de juro que é normal-
mente (Euribor + um diferencial) / 365. Uma vez que o intermediário é aquele que realmente possui as ações, é um dinheiro que
tem imobilizado e não pode obter qualquer retorno, por isso, para cada dia que o investidor não vender seu CFD, esses juros
serão aplicados.

Existem dois tipos de CFD:


1. CFD com comissão fixada pelo emissor. O emissor define a o preço de preço para compra e venda e o cliente deve aceitá-lo
se quiser abrir uma posição. Não há profundidade de mercado, apenas um preço de compra e um preço de procura com um
diferencial entre os dois sempre superiores ao da Bolsa de Valores. O emissor obtém seu benefício do diferencial entre o preço
da comissão e o preço real da troca com o qual pode ser coberto instantaneamente. O investidor paga mais do que no mercado
de ações se quiser comprar, e recebe menos se quiser vender. Na maioria dos casos, os corretores que oferecem este tipo de
CFDs dão uma mensagem enganosa dizendo que eles não cobram comissões. É verdade, mas porque eles se beneficiam com
os preços de execução.

2. CFD com acesso direto ao mercado (transparente). Uma operação deste tipo provoca uma operação real na Bolsa e a pro-
fundidade do mercado que é usada para contratar, é a mesma para a negociação de ações, a carteira de pedidos de bolsa de
valores. O investidor pode ver suas ordens e execuções no ticker do Exchange. Ao entrar em uma ordem de CFD, ela irá direta-
mente para o mercado em nome do emissor, o que converte a operação em liquidações para diferenças.

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VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS CFDS

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2. VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS CFDS

Quais são as vantagens dos CFDs?


As principais vantagens que se podem encontrar em operar com os CFDs são:

1. Permitem alavancagem dos montantes, o que permite obter muita mais rentabilidade aos seus investimentos. Ao operar
com CFDs não é necessário desembolsar o valor íntegro das ações que se estão a comprar ou a vender, senão unicamente o
custo exigido como garantia. Geralmente os CFDs requerem um 10% do valor efetivo da operação como deposito de garantia
(razão de alavancamento de 10 a 1).

Mas é MUITO importante ter em conta que em caso de operar com um produto alavancado a razão de alavancamento se
obtém igualmente com as perdas em caso que o resultado da operação seja negativo. A utilização destes produtos só é apta
para investidores que tenham um profundo conhecimento do funcionamento dos mercados e dos riscos que implicam estas
operações.

•  Têm a mesma liquidez que as ações, já que as operações de compra-venda se realizam sobre as margens do contado.
•  Igual aos futuros, têm liquidações diárias. Uma liquidação diária significa que ao fecho da cada sessão, iraõ ser creditados
ou debitados na sua conta os benefícios ou perdas da sua posição aberta. Por dizer de outra maneira, “pôr-nos em dia” com
o preço de encerramento oficial do mercado.
•  Podem-se abrir posições curtas, obtendo deste modo benefícios nas tendências baixistas do mercado.
•  Não têm vencimentos, portanto não precisa renovações para manter o seu investimento.

Quais são os inconvenientes dos CFDs?


A alavancagem e as liquidações diárias são “um pau de dois bicos”. Diante de uma queda repentina no mercado de ações
pode causar que, tendo alavancado, devemos pagar muito mais do que realmente temos nos levando a assumir os custos que
o nosso bolso não pode pagar. Ou pode fazer com que o investidor fique sem liquidez, portanto, forçá-lo a sair do mercado e
certamente no pior momento. Também sem possibilidade de permanecer até que suas ações se elevem novamente.

Outra desvantagem é o juro diário que deve ser pago para manter nossa posição aberta. Isso pode fazer com que os juros se-
jam maiores que os lucros ou sejam muito parecidos, fazendo com que nosso investimento líquido seja menor que o esperado.

Como último conselho, realçar que este tipo de produto é um derivativo e é indicado para investidores que possuem um pro-
fundo conhecimento do mercado, já que se a venda ou a venda derem errado e o investidor poderá perder muito dinheiro.

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DIFERENÇAS ENTRE CFDS E AÇÕES

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3. DIFERENÇAS ENTRE CFDS E AÇÕES

CFDs e ações funcionam da mesma maneira, então algumas das diferenças entre CFDs e ações são explicadas abaixo.

Investir em CFDs
Na hora de investir com CFDs, os investidores enviam seus pedidos para o banco ou corretor onde eles têm sua conta aberta, que
cuida do resto.

Se o pedido for enviado para um CFD que negocie em um mercado cambial centralizado, o banco ou corretor processará seu pedido
como se fosse um pedido que tivesse como objeto uma ação, seguindo as etapas:

1. Envio do pedido.
2. O banco ou corretor, por sua vez, envia a ordem para o mercado conveniente da bolsa de valores.
3. O mercado completa o pedido comparando-o com outros pedidos.
4. O mercado envia uma confirmação ao banco ou corretor de que o pedido foi concluído.
5. Isso atualiza o pedido na conta do cliente.

Quando você envia um pedido para um CFD que não está listado num mercado de câmbio centralizado que irá preencher seu banco
ou corretor, o processo é um pouco diferente:

1. Envio do pedido.
2. O banco ou corretor o completa.
3. Este atualiza na conta do cliente.
4. Investimento em ações

Investir em ações
No momento da negociação, devem enviar suas ordens para o banco ou corretor com o qual eles têm a conta aberta e este cuida do
resto:
1. Envio do pedido.
2. O banco ou corretor, por sua vez, envia a ordem para o mercado conveniente da bolsa de valores.
3. O mercado completa o pedido comparando-o com outros pedidos.
4. O mercado envia uma confirmação ao banco ou corretor de que o pedido foi concluído.
5. Isso atualiza o pedido na conta do cliente.

Diferenças entre CFD e ações


•  Operações a descoberto (posições curtas): quando um investidor deseja operar em curto prazo, ele só pode fazê-lo através de
CFDs, uma vez que não possui nenhum tipo de restrição. Os CFDs têm a característica de poder abrir posições de compra ou venda
(longas ou curtas), com as quais os ganhos podem ser obtidos em movimentos de mercado para cima e para baixo. Desta forma,
podemos aproveitar o potencial de uma operação curta se estivermos enfrentando uma tendência de queda. Ações operar em curto
nem sempre é possível e, muitas vezes este tipo de operação é restrita porque é transações puramente especulativas em que “aposta”
que o preço vai continuar uma tendência de baixa.

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•  Alavancagem: os CFDs permitem investimentos alavancados, para que possamos negociar mais dinheiro do que o que realmente
está na conta. Alavancagem Esta é uma faca de dois gumes, pois permite que você obtenha benefícios equivalentes àqueles que se-
riam obtidos se tivéssemos o montante total sem ter alavancado. Mas da mesma forma você pode incorrer em maiores perdas. Nas
ações, a alavancagem não é permitida e só podemos investir ou especular com a quantia total de dinheiro que temos em nossa conta.

•  Mercados em que operam: As ações e suas operações são suportadas por um mercado organizado, ou seja, há uma regulamen-
tação que normaliza os elementos dos contratos. Há também uma câmara de compensação que atua como intermediária entre com-
pradores e vendedores, assumindo o risco de operações. Um mercado organizado é uma garantia de que a informação dos preços
e a cotação dos mesmos é totalmente transparente. Os CFDs, por outro lado, operam em mercados não organizados, também cha-
mados de “Over the Counter” (OTC). Esses mercados não são intervencionados por um mediador que regule ambas as partes de uma
operação. Portanto, os CFDs são contratos negociados diretamente entre duas partes.

•  Custo de financiamento: para manter uma posição aberta de um dia para o outro com os CFDs, é necessário assumir certos
custos de financiamento. Se mantivermos uma operação longa, um custo de financiamento será repassado para nós, enquanto se a
operação for uma operação curta, uma receita financeira será paga. O custo ou crédito será calculado com base em uma determi-
nada taxa interbancária (geralmente a Euribor). Um diferencial é adicionado a este tipo interbancário no caso de uma posição longa,
enquanto será subtraído quando estamos em uma posição curta. O caso das ações é muito mais simples, pois, sendo operações
sem margem, os custos de financiamento não são suportados.

•  Stop garantido: um stop garantido difere de um stop convencional, na medida em que, se o preço atingir o nível de defini-mos de
stop, fecha automaticamente a transação. Na prática, pode acontecer que o preço atinja nosso stop loss convencional, e fechamos
a posição a um preço menor / maior do que o que havíamos determinado. Isso não acontecerá com stops garantidos, que só são
encontradas em CFDs.

•  Custos de custódia: Custos de custódia são os custos exigidos pela instituição financeira simplesmente por ter os títulos na car-
teira. Portanto, eles são aplicáveis apenas às ações.

•  Comissão interbancária da bolsa de valores: Esta comissão é a que a bolsa de valores nos cobra pela compra de ações. A taxa
de transação é aplicada às transações liquidadas, isto é, às instruções de liquidação feitas pelos Market Members

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DIFERENÇA ENTRE CFDS
E FUTUROS

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4. DIFERENÇA ENTRE CFDS E FUTUROS

Custo financeiro dos futuros e CFDs


Tanto os futuros como os CFD permitem-nos comprar por mais dinheiro do que temos, o que significa que de algum modo, es-
tão-nos a emprestar dinheiro para investir, e já sabemos que nos empréstimos há que pagar juros. No caso dos CFD, tudo é muito
claro: Uma compra com CFD paga juros (da ordem do euribor + 2% ou pouco mais).

No caso dos futuros, este dado não é explícito, mas sim que está implícito na cotação do futuro: Os futuros cotam uns cêntimos
mais caros que o seu subjacente à vista, como há que pagar o custo do financiamento; e à medida que acerca-se o vencimento,
reduz-se o custo de financiamento e o preço do futuro converge com o de contado. O custo implícito ronda o 4%-5%… pelo que resul-
tam muito melhor os futuros que os CFD neste aspeto. Além disso, nos futuros, o custo do financiamento paga-se comprando-os
uns pontos mais acima que à vista, com o que à hora de declarar, isso são menores mais-valias e portanto menos impostos…
enquanto os Juros dos CFD são despesas não dedutíveis. Como vemos, em custos financeiros os CFD são mais simples mas os
futuros são mais rentáveis.

Posição curta
Se quiséssemos abrir curtos (venda a descoberto) com CFD ou com futuros, a história é a mesma mas agora não se pagam juros,
mas sim cobram-se. Fiscalmente, CFD e futuros são iguais para estar curtos: todo o que se cobra tem que pagar impostos, tanto
se se cobra em forma de interesses explícitos, como os CFD, como se se cobra vendendo uns pontos mais caro, como os futuros.
A diferença está em quanto se cobra: nos futuros, os juros são os mesmos para o que se cobra para o que vende (4%-5%, aprox.),
enquanto nos CFD cobra-se o que nos queira pagar o emissor, que é bastante menos (da ordem de Euribor + 2% ou inclusive
bastante menos).

Qual emissor de CFDs é melhor?


Na seção de custo de financiamento, se vamos ser indistintamente curto ou longo (o que é o usual), não importa se as taxas são re-
ferenciadas à Euribor, à eonia ou ao IRPH, já que se a referência for maior, isso nos prejudicará compre com CFD, mas cobraremos
mais quando abrirmos shorts; O que temos que prestar atenção é o diferencial, sendo o mais barato o emissor CFD com o menor
diferencial. Idealmente, teria que trabalhar com spreads muito baixos, da ordem de Euribor +/- 1%, já que o risco é baixo (para isso
são as garantias), mas como é um custo que é pouco, os emissores de CFD aplicam spreads mais elevados, da ordem de 2% -3%.

Comissões de CFD e futuros


Na questão das comissões, que é vista mais do que o custo do financiamento, os emissores de CFD são muito competitivos, em
comparação com o que os corretores de caixa cobram; mas nas comissões, os futuros são mais baratos que os CFDs, especial-
mente os futuros sobre índices, que podem cair 0,01%.

Na secção comissões, além do valor nominal da comissão, há dois aspetos que podem supor um custo extra do CFD: as co-
missões do mercado de ações e os valores mínimos. Para transações com CFD até 6.000 euros, é melhor ter um corretor de CFDs
que não aplique uma comissão mínima, mas se você for negociar com quantias maiores, o que cobre é a taxa.

Dividendos em CFD e futuros


Quando uma ação paga um dividendo, o acionista recebe esse pagamento (72% diretamente, e os 28% restantes são pagos ao
Estado em seu nome), e o preço geralmente cai em uma proporção similar.
Para fins de dividendos, os futuros são completamente neutros, uma vez que o dividendo está implícito no preço do futuro (antes
do pagamento, o dividendo irá cotar alguns centimos abaixo do spot, e após o pagamento e a queda do caixa, eles serão corres-
pondidos). Também é neutro com CFDs vendidos, onde o dividendo tem que ser pago, mas vamos ganhá-lo com a queda no preço

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… mas, no entanto, com CFD comprou o emissor de CFD nos atinge o “pin”, porque vamos comer 100% da queda no preço, mas
vamos cobrar apenas 82% do dividendo, uma vez que os 88% restantes não são pagos ao Estado em nosso nome, mas sim O
emissor do CFD vence.

Qual broker de CFD é melhor?


O ideal seria um broker de CFD que fosse neutro com o dividendo, mas que eu saiba todos procedem à taxa de 28%, de modo que
o recomendável, dada a favorável fiscalidade do dividendo, seria ter compradas as ações de alto dividendo em contado e não com
CFD. E se tem-se de ter com CFD, não encontro diferenças entre brokers.

Liquidez de CFD e futuros


Nesta seção, CFDs ganham por futuros. E é que os futuros de índices têm liquidez suficiente para entrar e sair confortavelmente,
mas os futuros sobre ações têm, na maioria dos casos, um fork que nos torna um “buraco” em cada entrada e saída, e em horários
específicos o criador de mercado nem sequer oferece posições, e podemos ficar “viciados”. Pelo contrário, os CFDs replicam as po-
sições do mercado à vista muito bem; até mesmo alguns emissores de CFD os replicam exatamente! E todos os custos mais altos
dos CFDs podem ser compensados pela diferença entre um spread interbancário, que os CFDs oferecem, em relação ao prémio de
preço que uma ampla gama de futuros de ações implica.

Em que caso os CFDs funcionam bem?


Primeiro, os CFDs funcionam melhor para posições curtas e baixistas do que para posições longas. Em posições curtas de CFD,
poupamos na situação no dividendo e o problema fiscal associado ao custo de juros, que não calcula fiscalmente como um custo
de investimento, quando é. Além disso … em posições curtas não podem ser abertas, os CFDs são, em muitos casos, a única opção
possível.

Para posições longas, se o futuro da ação específica em que estamos interessados não nos oferecer liquidez suficiente, pro-
vavelmente é melhor negociar em dinheiro… no final do dia, alavancar não é uma necessidade. Mas se for preciso alavancar as
ações portuguesas, com exceção das 3 a 5 ações mais líquidas, os CFDs, com todas as suas desvantagens, provavelmente são
melhores que os futuros.
E quanto à operação com índices, há toda a vantagem para os futuros. A menos que o tamanho seja excessivo para um, não há
razão para operar com CFD em índices: em todas as seções, os futuros são mais altos

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RISCOS DE INVESTIR EM CFDs

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5. RISCOS DE INVESTIR EM CFDs

Os CFDs são promovidos pelos corretores como uma maneira de ganhar dinheiro rápido e fácil, aumentando suas vantagens e
sem mencionar seus riscos. Os CFDs nos permitem alavancar e obter benefícios para a posição total, portanto, não precisa-
remos do dinheiro total, mas também é a alavancagem que pode nos fazer perder muito dinheiro se não gerirmos bem a conta.

Uma gestão correta do risco e da alavancagem permite o sucesso e os benefícios com esses derivativos financeiros, mas se
esses conceitos não forem dominados, isso pode nos levar a perder ainda mais capital do que depositamos na conta.

Os CFDs, de acordo com o ASIC, são apenas recomendados para pessoas que já estão familiarizadas com os conceitos de
alavancagem, margem, gestão de risco, etc, e em nenhum caso para pessoas que estão a começar na área financeira.

Ao negociar com CFDs, o corretor pode fechar uma posição por falta de garantia ou margem, antes que o mercado gire e a
posição se mova a nosso favor. Da mesma forma, podemos exigir capital adicional para que não fechemos a posição. Essas
situações não são normais quando operamos com outros produtos financeiros.

Deve-se ter atitude adequada ao investir


Além disso, devemos levar em conta o comportamento de quem faz trading com CFDs. Se você não tem o conhecimento e a
disciplina para operar com CFDs, como em outros produtos financeiros, podemos pensar que depois de uma série de posições
perdedoras teremos uma posição vencedora, que abriria uma posição arriscando mais capital do mercado. Essa situação,
fazendo com um produto financeiro que permite alavancagem como CFDs, pode ser desastrosa.

De acordo com o ASIC, o problema não são os CFDs, mas as pessoas que os usam sem o conhecimento necessário, e que são
frequentemente atraídos por esses derivativos financeiros, devido à forte promoção feita pelos corretores. A este respeito, o
ASIC tomou medidas e espera implementar um mecanismo com o qual os corretores avaliem se os clientes estão prontos para
operar com CFDs.

As corretoras
Outro risco associado ao funcionamento de CFDs é a escolha do corretora. Nos últimos anos, muitos corretores surgiram com o
boom nos contratos por diferenças, mas alguns deles, especialmente os menores, podem não ter capital suficiente para garantir
as operações dos clientes.
Ao escolher uma corretora de CFD, devemos olhar para as suas condições e fazer uma comparação entre elas para escolher
aquela que fornece as melhores condições. Se a corretora for registrado na CMVM ou em um órgão semelhante, ele deverá ser
obrigatório ao escolher uma corretora CFD.

Conclusão
Os CFDs são derivativos financeiros que representam um risco extra em relação a outros produtos financeiros, como ações, e
que derivam da possibilidade de alavancagem. Além disso, muitas pessoas são atraídas pelos CFDs, em muitos casos por cau-
sa da forte promoção feita pelas corretoras. Portanto, os CFDs são recomendados apenas para pessoas com conhecimento de
mercados financeiros e preparação suficiente ao operar com esse tipo de produto financeiro.

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A MARGEM DOS CFDS

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6. A MARGEM DOS CFDS

A alavancagem oferecida pelo corretor carrega um custo associado (juros) no caso de abertura de posições compradoras,
enquanto o corretor nos paga juros quando mantemos posições vendedoras. Estes juros serão calculados com base numa
taxa de referência (Libor, Euribor, …).

Margem inicial
Mas o corretor, ao nos emprestar dinheiro para abrir posições, exigirá uma certa quantia de capital como “garantias” no caso
de a operação se voltar contra nós. Esse montante de capital, necessário para abrir posições, é chamada de margem inicial e é
geralmente representada como um percentagem da operação que queremos executar. Esta percentagem é determinada pelo
corretor, mas geralmente varia de acordo com o ativo subjacente que possui CFDs como objeto.

Margem inicial = Valor da posição x percentagem exigida como margem

1. O valor da posição é o valor real do ativo subjacente (ex: 1000 ações de “xyz” para 5 $ = 5000 $ de valor da posição).

2. Se, por exemplo, a margem por transação é de 10%, isso significa que, para abrir uma posição para um valor de US $ 5.000,
precisaremos apenas de US $ 500 de margem inicial. (US $ 5000 x 10% = US $ 500)

3. Seguindo o exemplo: quando compramos 1000 ações de “xyz” a US $ 5, temos que pagar US $ 5.000. Quando compramos
CFDs no valor de 1000 ações a US $ 5, se a margem for de 10%, teremos que pagar US $ 500. Em ambos os casos, o capital a
ser desembolsado não pode ser recuperado até que fechemos a transação, no caso das ações porque ela é investida, no caso
dos CFDs, porque é “bloqueada” na forma de uma garantia pelo corretor.

O facto de a margem ser estabelecida pelo corretor pode dar origem a diferentes percentagens em diferentes ativos subjacentes
em cada corretora. Isso significa que, em algumas corretoras de CFD, a percentagem exigida pelo corretor será menor para
alguns ativos subjacentes, enquanto em outros eles podem exigir uma margem percentual mais alta para esses ativos, mas
uma percentagem menor para outros. Portanto, quando operamos com CFDs e dependendo do ativo subjacente que operamos,
será mais apropriado escolher entre um corretor ou outro.

Margem Livre
Nos CFDs, as liquidações são diárias e os lucros são pagos ou as perdas são coletadas todos os dias na margem livre.

Margem livre = Capital da conta – Margem inicial +/- ganhos / perdas de posições abertas

Por exemplo: Nós temos uma conta de $ 1000 e em uma operação somos necessários $ 900 no conceito de margem inicial.
Nesse caso, a margem livre é de US $ 100; Se a operação for contra e perdermos US $ 40 na operação, a margem livre será
agora de US $ 60.

Se a operação se volta contra nós, e depois de consumir toda a margem livre continua a operação contra nós (com a qual
teríamos apenas a margem inicial) devemos reduzir a posição ou aumentar o capital para que a margem inicial% manter ou será
o corretor que parcial ou completamente fecha a posição automaticamente (chamada de margem).

Margem de manutenção
A margem de manutenção também é calculada como uma percentagem do valor da posição, assim como a margem inicial.
Essa percentagem também é estabelecida pelo corretor e geralmente está próxima da margem inicial. Essa margem é a quan-
tidade de capital mínimo da conta que devemos ter na conta em todos os momentos. Lembre-se que os aumentos ou dimi-
nuições de capital de acordo com as liquidações feitas a cada dia são lucros ou perdas. Se a qualquer momento a margem de
manutenção fosse maior que o capital da conta, o corretor poderia liquidar a posição.

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7
COBERTURA DE RISCO COM CFDS

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7. COBERTURA DE RISCO COM CFDS

CFDs são derivativos financeiros que podem ser usados para algo mais do que apenas investir e especular. Outra utilidade que
pode ser dada aos CFDs é usá-los como um instrumento de hedge.

O que é uma estratégia de cobertura (hegde)?


É uma estratégia de cobertura é uma estratégia na qual eliminamos parcial ou totalmente o risco, abrindo uma posição opos-
ta usando um derivativo financeiro. Desta forma, reduzimos o risco de uma determinada posição que está aberta. Nesse caso,
esse derivativo financeiro é o CFD. No entanto, quando nos cobrem, estamos desistindo de parte do benefício potencial, mas em
troca de ter menos risco.

Neutralidade do risco
Com uma estratégia de hedge, teremos uma posição neutra no mercado, já que os movimentos no preço, para cima ou para
baixo, são compensados pelas posições em aberto. Neste caso, nos referimos a ter uma posição aberta em um ativo financeiro
e ter a posição oposta em CFDs.

Como os CFDs são um derivativo financeiro que nos permite a possibilidade de alavancagem, podemos nos cobrir tomando a
posição oposta, com muito menos capital do que investimos no ativo financeiro. As ações são um bom exemplo, porque se
quisermos abrir uma posição oposta com os CFDs que temos em ações, precisaremos de muito menos capital do que comprar
diretamente as ações na posição oposta.

Cobertura com CFDs de posições em ações


Se, por exemplo, compramos ações da empresa “x” no longo prazo e espera-se que haja um movimento de baixa antes de con-
tinuar com a tendência de alta, podemos usar a cobertura com CFDs para aproveitar esse movimento descendente e executar
uma ordem de venda desta forma, estamos compensando a perda de valor das ações com os benefícios obtidos com os CFDs.
Essa estratégia nos permite manter as ações no portfólio contra uma previsão de uma queda temporária nos preços, em vez de
vendê-los e comprá-los novamente, com todos os custos que isso acarreta.

Posição Vendedora – short selling


Se abrirmos uma posição vendedora em CFDs antes da possível queda nos preços e não houver tal declínio, se os preços con-
tinuarem a aumentar, os benefícios da reavaliação das ações serão compensados pelas perdas da posição dos CFDs, desta
nós nos cobriremos com uma possível redução de preço. Além disso, podemos liquidar a posição dos CFDs o mais rapidamente
que desejarmos.

Por outro lado, se a cotação permanecer estável e a previsível queda nos preços não ocorrer antes de continuar com a tendência
de alta, podemos liquidar a posição dos CFDs e eliminar a cobertura da operação com ações. Neste caso, tendo mantido os
preços, não teríamos incorrido em perdas com a cobertura dos CFDs.

Finalmente, se temos uma carteira diversificada de ações, poderíamos ter uma posição de venda no CFD do índice de ações
do país em que temos as ações investidas. Desta forma, não seria necessário abrir posições opostas nas CDFs de cada ação
para cobrir o risco. Além disso, mantendo uma posição de venda dia após dia, o corretor nos pagará uma pequena quantia
em juros.

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FISCALIDADE DOS CFDs

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8. FISCALIDADE DOS CFDs

A Tributação dos ganhos em bolsa e dos CFD, é um assunto que todo o investidor e/ou especulador deve ter em conta no
momento da declaração anual de rendimentos. Em Portugal a tributação das mais valias tem vindo a sofrer alterações signifi-
cativas, e de momento o cenário tributário é o seguinte:

Ganhos das operações em bolsa (mais-valias)


As mais valias em bolsa estão sujeitas a uma tributação autónoma de 28%, isto quer dizer que independentemente do escalão
de IRS que o sujeito passivo esteja enquadrado, os ganhos das transacções bolsistas pagam um imposto de 28%. No entanto
existe uma ressalva que permite ao contribuinte optar pelo englobamento, podendo resultar em poupança de imposto.

Como declarar na Modelo 3 IRS?


Os ganhos dos negócios em bolsa são declarados no anexo G da declaração de rendimentos Modelo 3 (IRS), no quadro 8, com
indicação do ano, mês, valor da venda, valor da compra e despesas/encargos associadas às transacções bolsistas.

Reporte de Perdas
No ano em que o sujeito passivo tenha uma balanço negativo, ou seja, as vendas com ganhos são inferiores às vendas com
perdas, o contribuinte pode utilizar o resultado negativo nos 5 anos seguintes, desde que no ano da declaração opte pelo o eng-
lobamento dos rendimentos da mesma natureza.

Dividendos de ações
Os dividendos de ações são rendimentos de capitais, categoria E, e são declarados no anexo E da Modelo 3 (IRS). Os dividendos
de ações pagam uma tributação autónoma de 28%. O sujeito passivo recebe o valor dos dividendos na conta bancária líquido de
imposto, ou seja, o imposto foi retido e entregue ao estado pela entidade pagadora.

Os dividendos também podem estar sujeitos a uma taxa de 35%, quando devidos por entidades residentes em zonas de baixa
tributação (exemplo EDP renováveis). O sujeito passivo pode optar pelo englobamento de 50% dos dividendos desde que ten-
ham fonte portuguesa.

Ganhos das operações no mercado FOREX


O código do IRS não explicita à letra este tipo de operações, o código faz referência a operações relativas a instrumentos finan-
ceiros derivados, da qual se incluí o Forex. Portanto os ganhos obtidos nas operações no mercado forex são tributados a uma
taxa autónoma de 28%. Com opção de englobamento.

Como declarar?
Quando o broker negoceia a partir de Portugal Os ganhos dos negócios no mercado Forex são declarados no anexo G da de-
claração de rendimentos Modelo 3 (IRS), no quadro 9, onde diz “operações relativas a instrumentos financeiros e derivados”

Quando o broker negoceia a partir de outro país, s ganhos dos negócios no mercado Forex são declarados no anexo J da decla-
ração de rendimentos Modelo 3 (IRS), no quadro 9, ponto 9.2 – B, selecionando o código de rendimento G30 Operações relativo
a instrumentos financeiros derivados.

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