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Terceiro Ensaio Filosófico

Neste ensaio pretendo responder a seguinte pergunta: Aparentemente,


nossas escolhas se originam de processos inconscientes que ocorrem em nossos
cérebros. Mas processos inconscientes fogem ao nosso controle, já que ocorrem
fora da nossa consciência. Daí, surge a questão: como podemos ter livre-arbítrio se
não controlamos os fatores que dão origem as nossas escolhas?

Antes de prosseguimos para uma reflexão mais aprofundada da pergunta,


matriz do ensaio, é necessário temos como alicerce o que seria o livre-arbítrio e
suas implicações. Podemos entender por livre-arbítrio: o poder de escolha livre, a
liberdade subjetiva do indivíduo nas suas decisões, o que implica que o indivíduo
deve ser consciente de suas decisões e fatores que o levaram a tal.

Agora já de pose desse conhecimento, voltemos para o contexto em que


surge a questão motivadora desse ensaio. E aqui creio que seja de fundamental
importância cita artigo “Unconscious determinant of free decisions in the human
brain”, assinado por um grupo de neurocientistas, e publicado na revista Nature em
2008.

No citado artigo se fez o seguinte experimento: uma pessoa olhava para


uma tela que passava diversas letras, e o participante tinha dois botões, cada um
em sua mão, e deveria aperta qualquer dos botões livremente. Paralelamente devia
lembrar a letra que aparecia na tela quando tomou a decisão consciente de apertar o
botão.

Os resultados de tal experimento foram surpreendentes, sete segundos


antes do participante relatar ter consciência da escolha, já havia um impulso para a
movimentação de uma das suas mãos. O que permitiu que os cientistas fizessem
previsões de qual botão iria ser apertado. O que poderia ser uma prova de que
nossa consciência nada influência nas decisões, sendo apenas uma ilusão.

Todavia, essas previsões não foram 100% eficaz, 40% dos participantes
mesmo dento seus impulsos detectados, antes de ter consciência da decisão,
fizeram uso das mãos na qual não se detectou o impulso. O que demostrou que: a)
eles fizeram uso da consciência e mesmo tendo impulsos do seu subconsciente,
estes não são determinações que privariam de tomar sua decisão conscientemente,
ou b) que o equipamento e método usado tem falhas.

Vale ressaltar que as hipóteses levantadas, não são obrigatoriamente


excludentes. A pesquisa cientifica está em constante evolução e num futuro, seja
próximo ou não, esses dados possam ter uma nova abordagem. E isso não implica
obrigatoriamente que vai se comprova que os impulsos inconscientes são o que
determina nossas ações.

E neste discursão, deve-se entender o motivo de o livre arbítrio está


ligado diretamente a consciência. Já que esta última, é o estado da mente que nos
proporciona pensamos sobre o próprio pensamento, sendo por tanto a base para
que possamos escolher livremente. Ademais, mesmo que os impulsos do
subconsciente condicionem nossas escolhas, ainda somos capazes de repensar e
delibera segundo a razão.

Assim como também podemos não repensar, e isto explicar o por que de
60% das previsões no experimento terem sido bem sucedidas. Como dito por
Haynes (um dos neurocientistas que assinou o artigo “Unconscious determinant of
free decisions in the human brain”), “as pessoas são mais previsíveis do que elas
pensam ser”, e isto nada implica com o livre arbítrio.

Por tanto, diante da questão: “como podemos ter livre-arbítrio se não


controlamos os fatores que dão origem as nossas escolhas?” Entendo que nosso
livre arbítrio em nada é afetado quando paramos e refletimos diante das decisões.
Isto é mesmo não controlando aspectos do subconsciente, não somos obrigados a
segui-los e sim estamos mais propensos a isso. Logo se usarmos a razão, sendo
esta senhora de si mesmo e a própria definição de liberdade, estaremos exercendo
o livre arbítrio.

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