Você está na página 1de 20

CONVERSOR CC-CC BOOST

Danilo Marcos de Lima


Hugo Gonçalves Oliveira

Jataí – Goiás

1
Maio/2011
SUMÁRIO

1. Introdução...............................................................................................................................03
2. Especificações de projeto.......................................................................................................04
2.1. Especificações do retificador (RMOC)..................................................................................05
2.1.1. Figura do retificador e suas formas de onda...........................................................................07
2.1.2. Observações sobre o Retificador (RMOC).............................................................................11
2.2. Especificações do Conversor Boost........................................................................................11
2.2.1. Seleção do Indutor (L)............................................................................................................13
2.2.1.1.Determinação do Núcleo do Indutor.......................................................................................13
2.2.2. Observações sobre o conversor Boost....................................................................................16
3. Conclusão...............................................................................................................................19
4. Referências Bibliográficas.....................................................................................................20

2
1. INTRODUÇÃO

Os conversores CC-CC são circuitos elétricos formados por semicondutores de potência


operando como interruptores e outros elementos passivos (diodos, indutores, entre outros). Estes
têm como objetivo controlar o fluxo de energias entre dois sistemas de corrente contínua, com o
máximo de estabilidade e eficiência e, ainda, são utilizados para fornecer tensões contínuas
reguladas a partir de uma fonte de tensão contínua não regulada. Dentre as diversas topologias que
atendem esta definição, existe um conversor chaveado conhecido como Boost, que é um conversor
elevador de tensão, pertencente à classe dos choppers, sendo empregados principalmente em fontes
de alimentação.

Quando se implementa um controle de tensão sobre uma carga, seja através da variação do
ângulo de disparo de um SCR, seja através dos circuitos que utilizam fontes retificadoras para
cargas que operam em tensão contínua, ou qualquer outra aplicação eletrônica, deve-se preocupar
com o surgimento de harmônicos na rede, gerados através da distorção da forma de onda da
corrente. Isto é bastante indesejável, pois afeta o fator de potência.
A figura abaixo representa um conversor boost, na qual temos a fonte do sistema (Vin), a
chave MOSFET (CH), o diodo (D), o capacitor (C ), o indutor (L), a carga (R ), com tensão Vs.

Figura 1 – Modelo básico de um retificador Boost

3
2. Especificações de projeto

O circuito Boost possui duas etapas de funcionamento, podendo ser em modo contínuo ou
descontínuo. A primeira etapa inicia-se quando o transistor entra em condução e o indutor é
alimentado pela fonte chaveando o circuito através do próprio transistor. A segunda etapa começa
com o desligamento do transistor, fazendo com que a corrente faça agora o caminho restante do
circuito passando pelo diodo e, consequentemente, carregando o capacitor e alimentando a carga.
Os modos de operação são definidos durante a segunda etapa do funcionamento do
conversor. Durante essa etapa, o indutor deve repassar a energia armazenada para o restante do
trecho. Caso a corrente no indutor chegue a zero durante esse período diz-se que o conversor está
operando em modo descontínuo, senão em modo contínuo.
A imagem abaixo apresenta as formas típicas de onda do conversor elevador de tensão
Boost.

Figura 2 – Formas de onda típicas do conversor elevador

No nosso projeto utilizaremos o software Multisim para simular o retificador e o conversor


como forma de validar nossos cálculos de controle e de potência.

4
2.1. Especificações do Retificador (RMOC)

Utilizaremos um retificador monofásico de onda completa a diodo com filtro capacitivo.


Este retificador é muito simples e de fácil entendimento, apesar de apresentar elevada distorção
harmônica e baixo fator de potência. Os dados do retificador são os seguintes:
 Vmin = 12 – 10% = 10,8 [V]
 Vnominal = 12 [Vrms]
 Vmax = 12 + 10% = 13,2 [V]
 F = 60 [Hz]
 Rendimento (η ) = 0,75
 Ripple (20%) = 2,4 [V]
 Pout = 126,3 [W] (potência de saída do conversor é de 120 W a 95%)
 Queda de tensão nos diodos (Vd) = 1V
 Vpk = √ 2 .Vmin−Vd= √2 . ( 10,8 )−1=14,27 [V ].

Além destes dados, vamos levar em consideração o Vcmin, que é a tensão mínima do
capacitor. Como o ripple na freqüência de 120 Hz é de 20% temos:

Vcmin=0,8. ( Vpk )=0,8. ( 14,27 )=11,42[ V ]

Com esses dados podemos efetuar os cálculos do nosso retificador:

a) Resistência da carga (R):

2
Vp k 2 ( 14,27 )
R= = =1,61 [ Ω ]
Pout 126.3

b) Potência de entrada do retificador (Pin):

Pout 126,3
Pin= = =168,4 [ W ]
η 0,75

c) Capacitor (C):

5
Pin 168,4
C= = =38,3 [ mF ]
f . ( Vp k −Vcmi n ) 60. ( 14,272−11,422 )
2 2

Como temos no retificador C1//C2, então consideraremos: C1 = C2 = 76,6 [mF].

∆ Vnominal 2,4
RSE= = =8,06 [ Ω ]
∆ Icef 0,29

Vc=2. Vnominal=2.12=24 [V ]

d) Tempo de recarga de C (tc):

Vcmin 11,42
tc=
arc cos(
Vpk
) arc cos
=
(
14,27 )
=1,7[ms]
2 πf 120 π

e) Corrente de pico durante o intervalo tc (Ip):

C .(Vpk−Vcmin) 38,3 m .(14,27−11,42)


Ip= = =64,21[ A]
tc 1,7 m

f) Valor eficaz da componente alternada da corrente (Ic1ef):

Ic 1 ef =Ip . √ 2.tc . f −(2. tc . f ) ²=64,21. √ 0,204−(0,204) ²=25,87[ A]

g) Valor eficaz da corrente drenada pela carga alimentada pelo capacitor (I2ef):

Pin 168,4
I 2 ef = = =14,74 [ A ]
Vcmin 11,42

h) Cálculo da corrente eficaz total no capacitor (Icef):

Icef =√ I 2 ef ²+ Ic 1 ef ²=√ 14 , 74²+25 , 87²=29,77 [ A ]

i) Cálculo da corrente eficaz no diodo (Idef):

6
tc 1,7 m
Idef =Ip .
√ T
=64,21.
√16,667 m
=20,51 [ A ]

j) Cálculo da corrente média no diodo (Idmed):

Pin 168,4
Idmed= = =7,37 [ A ]
2.Vcmin 2.11,42

k) Cálculo da tensão máxima no diodo (Vdmax):

Vdmax=Vpkmax=√ 2. Vacmax=√ 2 . ( 13.2 )=18,67 [ V ]

l) Cálculo da corrente de pico no diodo (Idp):

Idp=Ip=64,21[ A ]

2.1.1. Figura do retificador e suas formas de onda

D3 D4
DIODE_VIRTUAL DIODE_VIRTUAL
V1
2
3
C1
38.3mF
D112 Vrms D2 R1
60 Hz DIODE_VIRTUAL 1.61Ω

DIODE_VIRTUAL
0

Figura 3– Retificador monofásico de onda completa (RMOC)

7
Figura 4 – Formas de onda da tensão AC e da tensão no Capacitor

Figura 5 – Tensão no capacitor

8
Figura 6 – Corrente no diodo D1

Figura 7 – Corrente no Resistor R1

9
Figura 8 – Corrente no Capacitor C1

Figura 9 – Corrente na entrada do Retificador

De acordo com os valores obtidos no Multisim temos:


 Corrente de pico em D1 (Ipk) = 1,89 [A]
 Tensão de pico no capacitor (Vpk) = 15,18 [V]
 Tensão mínima no capacitor (Vcmin) = 12,1 [V]
 Tempo de recarga de C (tc) = 1,88 [ms]

10
E ainda, de acordo com os valores obtidos na simulação, podemos calcular a carga recebida
pelo capacitor:

Ipk . tc 1,89.1,88 m
∆ Q= = =1,701 mC
2 2

E a previsão de cálculo para o nosso projeto é:

∆ Q=Ip . tc=1,7 m .64,21=109,16 mC

Vimos uma grande diferença entre o valor calculado de Ipk e o valor medido na simulação.
Percebemos que o valor medido na simulação da corrente de pico no diodo D1 é muito inferior ao
valor calculado. Acreditamos que isso ocorreu em virtude de um erro no simulador utilizado, o
Multisim, que não consegue medir o pico da corrente em um intervalo de tempo pequeno (1,7
[ms]). Além disso, considera-se nos cálculos uma corrente retangular e o que temos na prática é
uma corrente quase triangular.

2.1.2. Observações sobre o Retificador (RMOC)

Como vimos nos nossos cálculos, devemos utilizar no nosso retificador diodos que suportam
uma tensão de ruptura reversa de 18,67 [V] e uma corrente nominal de 20,51[A]. Devemos utilizar
também um capacitor de 39 [mF], que é o primeiro valor comercial acima do calculado, que suporta
uma tensão de 24 [Vdc].

2.2. Especificações do Conversor Boost

A seguir serão listados as principais especificações e parâmetros para o desenvolvimento do


projeto do conversor.
 Potência de Saída (Po): 120 [W]
 Tensão de entrada mínima (Vin_min): 10,8 [Vdc]
 Tensão de entrada máxima (Vin_max): 13,2 [Vdc]
 Tensão de saída (Vo): 24 ± 1% [Vdc]
 Frequencia de chaveamento (fs): 20 [kHz]

11
 Tempo de Hold-up (th): 18 [µs]

Ton
Sabemos que D= =¿Ton=0,36.50 µ=18[µ s].
T

A partir dos parâmetros mencionados podemos realizar os cálculos do conversor obtendo os


valores necessários para a simulação do mesmo.
a) Valor da resistência da carga (R):
2 2
( √2 .Vo ) ( √ 2 .24 )
R= = =9,6 [ Ω ]
Po 120

b) Valor máximo da corrente de linha (Ipk):

2 . Po √ 2.120
Ipk= √ = =15,71 [ A]
Vin min 10,8

c) Ripple de corrente (10% do valor de Ipk):

∆ I =0,1.15,71=1,57[ A ]

d) Determinação da razão cíclica (D):

Vo−√ 2. Vinmin 24−√ 2 .10,8


D= = =0,36
Vo 24

e) Indutância (L):

√ 2Vin min . D √ 2. 10,8.0,36


L= = =175,1 [ μH ]
fs . ∆ I 20 k .1,57

f) Capacitor de saída (C):

2. Po . ∆ thold 2.120 .18 µ


C= = =751,9[μF ]
Vo ²−Vo min² 24²−23 , 88²

12
∆ Vnominal 4,8
RSE= = =3,06 [ Ω ]
∆ Ip k 1,57

Vc=2. Vnominal=2.24=48[V ]

2.2.1. Seleção do Indutor (L)

Para a seleção do núcleo mais apropriado do indutor tem-se as seguintes propriedades:


 Frequência de chaveamento (fs): 20 [kHz]
 Corrente de pico (Ipk): 15,71 [A]
 Variação de corrente (∆ I ¿: 1,57 [ A ]
 Densidade máxima de fluxo (Bm): 0,015 [T] (Figura 12)
 Indutância (L): 175 [µH]
 Máxima variação de temperatura (∆ T ¿: 40[° C ]

2.2.1.1. Determinação do Núcleo do Indutor

a) Máxima densidade de fluxo magnético (Bm):

Para determinar a máxima densidade de fluxo magnético utiliza-se o gráfico de perdas por
densidade de fluxo e freqüência do material ferromagnético do núcleo, entrando com a
freqüência de operação e a perda máxima permitida, determinando assim a máxima densidade
de fluxo. A figura abaixo mostra o referido gráfico:

13
Figura 10– Gráfico de perdas no núcleo de ferrite.

Portanto, para uma freqüência de 20 kHz e uma perda máxima de 100 mW/cm³ (esse valor é
empírico, determinando uma estimativa para um valor aceitável de perda no núcleo) tem-se um
Bm = 0,2T.

b) Cálculo da variação do fluxo magnético no núcleo (∆ Bm ¿ :

Bm 0,2
∆ Bm= .∆ I= .1,57=0,0 2[T ]
Ipk 15,71

c) Tamanho do núcleo de ferrite (Ap):

Is . Ipk . L 43 5.15,71 .175 µ 43


Ap= ( Bm . ∆ Bm ) ( =
0 , 2.0,0 2 ) =5,19 ¿]

14
De acordo com a tabela a seguir, deve ser utilizado o núcleo EE-42/21/20. Para tal núcleo
tem-se os seguintes dados:
Ae = 2,40 [cm²];
Aw = 2,56 [cm²];
Ie = 9,70 [cm];
MLT = 9,27 [cm];
Ap = 6,14 ¿];
Al = 4750 [nH];
Ve = 23,28 [cm³]

Tabela 1 – Seleção de núcleos de ferrite

15
d) Cálculo do número de espiras (N):

L. Ipk 175 µ .15,71


N= −4
= =57,27 [ espiras ]
Bm . Ae . 10 0,2.2,40 . 10−4

Portanto, temos N = 58 [espiras¿ .

e) Cálculo do “gap”:

Ae 2,4
lg ¿ 4. π . 10−7 . N 2 . 6
.10 4=4. π . 10−7 .58 2 . 6
. 104=0,58 [ cm ]
L .10 175 μ .10

f) Cálculo do condutor:
Is 5 2
Acobre= = =1,11 [ m m ]
4,5 4,5

Como não existe um fio com esta seção transversal, pegaremos a primeira seção transversal
superior (1,3 mm²), que equivale a um fio 16AWG ou dois fios 19AWG.

2.2.2. Observações sobre o conversor Boost

Como vimos nos nossos cálculos, no nosso conversor devemos utilizar um diodo que
suporta uma tensão de ruptura reversa de 25 [V] e uma corrente nominal de 15,97 [A]. Além disso,
nosso capacitor deve ser de 820 [ μF ], que é a capacitância superior mais próxima dos nossos
cálculos, que suporta uma tensão de 48 [Vdc]. Temos ainda as características do nosso indutor:
58 espiras – 2 x AWG 19 – 175 H – EE 42/21/20 – gap 0,58 cm
A partir dos dados obtidos através dos cálculos acima descritos, simulamos o nosso
conversor CC-CC elevador (Boost) conforme mostra figura a seguir.
L1 D5
4
175uH
D3 D4 8 DIODE_VIRTUAL 5
DIODE_VIRTUAL DIODE_VIRTUAL Q1
V1
C1 C2 R2
39mF 820uF 9.6Ω
2 3 V2 IRFP462
D2 12 Vrms D1 0 V 20 V
60 Hz
DIODE_VIRTUAL DIODE_VIRTUAL 18usec 50usec
0
0° 1

Figura 11 – Retificador RMOC e Conversor Boost


16
Figura 12 - Formas de onda da tensão de entrada e saída do conversor Boost

Figura 13 – Formas de onda da corrente na entrada do conversor e na carga


17
Figura 14 – Formas de onda da corrente na chave e no indutor

A partir da figura 14 podemos avaliar que o nosso transistor deve suportar uma corrente de
4,8 [A], e deve suportar uma tensão de 52,8 [V], visto que:
Vt =2.1,1. Vo=2.1,1.24=52,8 [V ]

18
3. Conclusão

As aplicações envolvendo conversores são vastas. Abrangem um rol imenso de


possibilidades onde podem ser empregados para melhorar o sistema, como otimizar recursos de
tensão, diminuir ondulações, amplificar corrente ou fixar saída para uma entrada variável, ou ainda
obter saídas variáveis para uma entrada fixa.

De posse das especificações da necessidade a ser suprida pode-se adotar a melhor


configuração disponível para empregar ou pesquisar formas inovadoras de atender àquela demanda.
No caso do nosso projeto nos dispomos a construir um conversor CC-CC elevador de tensão do tipo
Boost. A aplicação prática dos conceitos de Eletrônica de Potência melhorou o entendimento sobre
o funcionamento de fontes chaveadas, alimentadores de bateria, etc. Enfim, equipamentos que
utilizam conversores para realizarem suas funções.

Ficou claro no projeto a compatibilidade dos cálculos com a simulação realizada no


Multisim. Sendo assim, obtivemos uma chance de vislumbrar um campo novo de aplicações
técnicas para os conceitos por nós aprendidos nas aulas da Engenharia Elétrica e mais
especificamente na área de eletrônica de potência.

19
4. Referências Bibliográficas

AHMED, Ashfaq. Eletrônica de Potência. Trad. Bazán Tecnologia e Linguística. Ed. 2. São Paulo:
Editora Pearson Prentice Hall, 2000. 480p.

JÚNIOR, D. S. O; TOMASELLI, L.C. Estudo de um conversor CC-CC Buck-Boost. Disponível


em: <http://www.dee.ufc.br/~demercil/Pesquisa/Tutorial_Modelagem_Controle.pdf>. Acesso em
03mai.2011.

JÚNIOR, T. O. de M. Conversor Elevador Boost. Disponível em:


<http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAULAAI/conversor-elevador-boost#>. Acesso em
06mai.2011.

MOISÉS, Alan Pandolfi. Projeto e desenvolvimento de um conversor Boost microcontrolado


operando em condução descontínua e com alto fator de potência. Disponível em:<
http://www2.ele.ufes.br/~projgrad/documentos/PG2005_1/alanpandolfimoises.pdf>. Acesso em
05mai.2011.

RASHID, Muhammad H. Eletrônica de Potência: circuitos, dispositivos e aplicações. Trad.


Carlos Alberto Favato. Ed. 1. São Paulo: Makron Books, 1999. 844p.

20

Você também pode gostar