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FICHA TÉCNICA
Título: A tributação dos artistas e desportistas em sede de IRS, IRC e IVA - vertente nacional e internacional
Não é permitida a utilização deste Manual, para qualquer outro fim que não
o indicado, sem autorização prévia e por escrito da Ordem dos Contabilistas
Certificados, entidade que detém os direitos de autor.
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A tributação dos artistas e desportistas em sede de IRS, IRC e IVA - vertente nacional e internacional
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
ÍNDICE
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A tributação dos artistas e desportistas em sede de IRS, IRC e IVA - vertente nacional e internacional
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
LISTA DE ABREVIATURAS
al. - alínea
art. - artigo
AT - Administração Tributária
CDT - Convenção sobre Dupla Tributação
CELG - Centro Equestre Lezíria Grande
CIRC - Código do Imposto Sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas
CIRS - Código do Imposto Sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
cfr. - conforme
CPP - Classificação Portuguesa de Profissões
CPPT - Código de Procedimento e de Processo Tributário
CRP - Constituição da República Portuguesa
DR - Diário da República
IRS - Imposto Sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
IRC - Imposto Sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas
LGT - Lei Geral Tributária
MCOCDE – Modelo de Convenção da OCDE
n.o – número
OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico
ss. – Seguintes
TJCE - Tribunal de Justiça da Comunidade Europeia
TJUE – Tribunal de Justiça da União Europeia
TFUE – Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia
UE – União Europeia
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
INTRODUÇÃO
A tributação dos rendimentos obtidos pelos não residentes, no que concerne aos
Impostos sobre o Rendimento, vem merecendo uma redobrada atenção por parte do
legislador nacional, facto que tem sido bem patente nas sucessivas alterações
legislativas relacionadas com a forma de tributação dos não residentes,
nomeadamente no que respeita ao IRS.
1
Artigo 13.º da LGT - Aplicação da lei tributária no espaço
“1 - Sem prejuízo de convenções internacionais de que Portugal seja parte e salvo disposição
legal em sentido contrário, as normas tributárias aplicam-se aos factos que ocorram no território
nacional.
2- A tributação pessoal abrange ainda todos os rendimentos obtidos pelo sujeito passivo com
domicílio, sede ou direção efetiva em território português, independentemente do local onde sejam
obtidos.”
“Artigo 15º n.º 1 do CIRS - Sendo as pessoas residentes em território português, o IRS incide sobre a
totalidade dos seus rendimentos, incluindo os obtidos fora desse território.
Artigo 4.º n.º 1 do CIRC - Relativamente às pessoas coletivas e outras entidades com sede ou direção
efetiva em território português, o IRC incide sobre a totalidade dos seus rendimentos, incluindo os
obtidos fora desse território.”
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Art. 15 n.º 2 do CIRS –“Tratando-se de não residentes, o IRS incide unicamente sobre os
rendimentos obtidos em território português.”
Art 4.º n.º 2 do CIRC –“As pessoas coletivas e outras entidades que não tenham sede nem direção
efetiva em território português ficam sujeitas a IRC apenas quanto aos rendimentos nele obtidos.”
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
1. Enquadramento
O poder de tributar baseia-se na soberania do Estado e como esta tem duas vertentes
– uma pessoal (baseada na nacionalidade) e outra territorial (baseada no território),
assim também a tributação se pode basear num princípio da pessoalidade ou num
princípio da territorialidade3. Se é verdade que a posição dominante ao nível da
tributação internacional assenta na legitimidade da tributação por parte do país da
residência, por outro lado, em algumas situações é permitido ao Estado da Fonte
tributar4.
3
XAVIER , Alberto, Direito Tributário Internacional, 2ª Edição Atualizada, Almedina, Coimbra,
2007, p. 22.
4
Esta posição encontra-se espelhada no MCOCDE, em que o poder para tributar por regra é atribuído
ao Estado da residência, e excecionalmente ao Estado da fonte, ou seja, defende a primazia da
legitimidade do direito de tributar do Estado da residência relativamente ao Estado da fonte.
5
Diz-se por regra, uma vez que cada vez mais a legitimidade do direito ao tributo exercido pelos
Estados pode materializar-se aquém e além fronteiras em resultado das diversas Convenções entre eles
celebradas, que permitem o exercício de poderes tributários para além dos limites territoriais do
Estado.
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Os principais Modelos de Convenção dos nossos dias são o Modelo de Convenção da: OCDE, da
ONU e dos EUA. A este propósito ver entre outros, MORAIS, Rui Duarte, Imputação de Lucros de
Sociedades Não Residentes Sujeitas a um Regime Fiscal Privilegiado, Publicações Universidade
Católica, Porto, 2005, p. 100 e ss..
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“i) O país da residência, com raras, exceções8, tem sempre direito de tributar
(embora com obrigação de eliminação da dupla tributação quando o país da fonte
seja também autorizado a tributar);
2. Princípio da residência
O princípio da residência em matéria fiscal está relacionado com o facto dos Estados
quererem tributar os seus residentes pela totalidade dos seus rendimentos, incluindo
os rendimentos obtidos noutros Estados, ou seja, estão sujeitos a tributação os
rendimentos auferidos independentemente do local onde os mesmos são obtidos –
obrigação mundial ilimitada dos residentes (tributação do rendimento global do
contribuinte).
7
OLIVEIRA, António Fernandes, “A RESIDÊNCIA, A FONTE E A TRIBUTAÇÃO”, Ciência e
Técnica Fiscal, Centro de Estudos Fiscais, n.º 420, 2007, p. 223.
8
Ver Artigo 19º do MCOCDE (remunerações públicas).
9
Já assim não sucede na Convenção Modelo das Nações Unidas.
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A principal razão subjacente à tributação com base no rendimento mundial por parte
do Estado da residência é a equidade, essencialmente no caso dos impostos que
operem através de taxas progressivas.
Assim sendo, e tendo por base este princípio, os contribuintes que sejam
considerados residentes num determinado Estado deverão ser tributados pela
totalidade dos seus rendimentos incluindo os obtidos no estrangeiro a fim de lhes ser
aplicada a taxa correspondente à sua real capacidade contributiva, sem prejuízo dos
mecanismos existentes para evitar ou atenuar a dupla tributação.
3. Princípio da fonte
O princípio da fonte, por sua vez, tem subjacente o facto dos Estados quererem
tributar a totalidade dos rendimentos obtidos no seu território independentemente dos
titulares dos mesmos serem considerados residentes ou não nesses territórios, o que
leva a que os contribuintes que sejam considerados não residentes num determinado
território sejam tributados apenas pelos rendimentos obtidos nesse território –
obrigação limitada dos não residentes uma vez que é limitada aos rendimentos
produzidos no território.
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4. Legislação Interna
Assim, segundo n.º 1 do art. 13º, do CIRS, ficam sujeitas a IRS as pessoas singulares
que residam em território português e as que, nele não residindo, aqui obtenham
rendimentos.
Por sua vez o CIRC, no seu art. 2º, n.º 1, refere que se consideram sujeitos passivos,
para além das entidades com sede ou direção efetiva em Portugal (entidades
residentes), as entidades, com ou sem personalidade jurídica, que não tenham sede
nem direção efetiva em território português e cujos rendimentos nele obtidos não
estejam sujeitos a IRS (entidades não residentes).
Retira-se do exposto que são sujeitos passivos de IRS e de IRC, por obrigação
pessoal, os contribuintes residentes e, por obrigação real, os contribuintes não
residentes.
No que diz respeito ao princípio da residência, estipula o art. 15º, n.º 1 do CIRS que:
“Sendo as pessoas residentes em território português, o IRS incide sobre a
totalidade dos seus rendimentos, incluindo os obtidos fora desse território.” e o art.
4º, n.º 1 do CIRC que “Relativamente às pessoas coletivas com sede ou direção
efetiva em território português, o IRC incide sobre a totalidade dos seus
rendimentos, incluindo os obtidos fora desse território.”. Verifica-se que, tratando-se
de contribuintes residentes, a obrigação fiscal é integral.
Quanto ao princípio da fonte estabelece o art. 15º, n.º 2 do CIRS que “Tratando-se
de não residentes, o IRS incide apenas sobre os rendimentos obtidos em território
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português.” e o art. 4º, n.º 2 do CIRC refere que “As pessoas coletivas e outras
entidades que não tenham sede nem direção efetiva em território português ficam
sujeitas a IRC apenas quanto aos rendimentos nele obtidos.”. Ou seja, em ambos os
casos, os não residentes, serão tributados apenas relativamente aos rendimentos que
se considerem obtidos em território nacional.
Assim, dado que face à legislação interna, e face às legislações de outros Estados, a
forma de tributação irá depender dos contribuintes serem ou não considerados como
residentes num determinado território, é fundamental que tais legislações
estabeleçam de forma clara quem é que se considera residente para efeitos fiscais. A
definição de residência é feita unilateralmente por cada Estado. As CDT aceitam tal
competência, limitando-se a estabelecer regras de “desempate” que permitem
qualificar um contribuinte como residente em (apenas) um dos Estados contratantes
quando ambos (por força das divergências entre as respetivas leis) o considerem
como tal.
10
O artigo 4º do MCOCDE no seu n.º 2 estabelece os critérios a observar quando uma pessoa singular
for residente de ambos os Estados Contratantes.
Artigo 4º n.º 2 do MCOCDE - “Quando, por virtude do disposto no número 1, uma pessoa singular
for residente de ambos os Estados Contratantes, a situação será resolvida como segue:
a) será considerada residente apenas do Estado em que tenha uma habitação permanente à sua
disposição. Se tiver uma habitação permanente à sua disposição em ambos os Estados, será
considerada residente apenas do Estado com o qual sejam mais estreitas as suas relações pessoais
e económicas (centro de interesses vitais);
b) se o Estado em que tem o centro de interesses vitais não puder ser determinado, ou se não tiver
uma habitação permanente à sua disposição em nenhum dos Estados, será considerada residente
apenas do Estado em que permaneça habitualmente;
c) se permanecer habitualmente em ambos os Estados, ou se não permanecer habitualmente em
nenhum deles, será considerada residente apenas do Estado de que seja nacional;
d) se for nacional de ambos os Estados, ou se não for nacional de nenhum deles, as autoridades
competentes dos Estados Contratantes resolverão o caso de comum acordo.”
11
Para um estudo aprofundado sobre Dupla Residência veja-se, entre outros, CÂMARA, Francisco
Sousa, “A Dupla residência das Sociedades à Luz das Convenções para Evitar a Dupla Tributação”,
Ciência e Técnica Fiscal, n.º 403, p. 35 e ss.
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A al. b) do n.º 1 do art. 16º do CIRS, por seu turno, estipula que se o tempo de permanência for
menor, passa a valer o facto do contribuinte ter ou não uma habitação em território nacional. Uma vez
que a norma se refere a uma “habitação em condições que façam supor a intenção de a manter e
ocupar como residência habitual”, parece-nos que não existirão problemas de maior, pelo menos
afasta-se desde logo a hipótese de um emigrante ser considerado residente em Portugal pelo simples
facto de aqui dispor de uma casa de férias. Em todo o caso é de destacar a subjetividade inerente ao
conceito de “residência habitual”.
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Enquadra-se no disposto na alínea d) do n.º 1 o exercício de funções de deputado ao Parlamento
Europeu
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O n.º 6 do artigo 16º do CIRS, prevê também uma norma anti abuso, segundo a qual
são havidas como residentes em território português as pessoas de nacionalidade
portuguesa que deslocalizem a sua residência oficial para país, território ou região
sujeito a um regime claramente mais favorável, constante da lista aprovada por
Portaria do Ministério das Finanças14, no ano que se verifique a mudança e nos
quatro anos seguintes, salvo se o interessado provar que a mudança se deve a razões
atendíveis, designadamente o exercício naquele território de atividade temporária por
conta de entidade patronal domiciliada em território nacional.
Estamos perante uma norma que tem como objetivo o combate à fuga e evasão fiscal,
pretendendo evitar as situações em que a mudança de residência para aqueles
territórios seja motivada por razões puramente fiscais. Trata-se, no entanto, de uma
presunção ilidível, ou seja, admite prova em contrário, através da qual o contribuinte
poderá sempre demonstrar perante a Administração Fiscal que a mudança de
residência “se deve a razões atendíveis”.
14
Portaria 292 /2011 de 8 de novembro, publicada no Diário da Republica n.º 214 – Série I.
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Esta regra não é aplicável caso o sujeito passivo demonstre que os rendimentos a que
se refere a alínea b) do mesmo número sejam tributados por um imposto sobre o
rendimento idêntico ou substancialmente similar ao IRS aplicado devido ao
domicílio ou residência:
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15
Cfr. ARMIN SPITALER, Das Doppelbesteuerungsproblem bei den direkten Steuern, Reinchenberg,
1936, 132, in XAVIER, Alberto, Op. Cit., p. 31.
16
TEIXEIRA, Glória, Op. Cit., p. 280.
19
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E pode afirmar-se, ainda, que a Dupla Tributação Internacional pode ter origem
numa de três situações17:
- Os sistemas de tributação direta são estruturados com base, regra geral, quer
no princípio da residência, quer no princípio da fonte, verificando-se, em
consequência, sobreposição de pretensões de vários Estados;
17
VOGEL, Klaus, Double Taxatation Conventions, Kluwer, Deventer/Boston, 3.ª Ed., 1997, p. 9 e s.,
in MESQUITA, Maria Margarida Cordeiro, “As Convenções sobre Dupla Tributação”, Cadernos de
Ciência e Técnica Fiscal nº 179, Centro de Estudos Fiscais, Ministério das Finanças, Lisboa, 1998, p.
15.
18
Artigos 23º-A e 23º-B do MCOCDE.
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Nas CDT por regra é estabelecido o método de crédito de imposto, como mecanismo
de eliminação da dupla tributação que se encontra igualmente previsto no artigo 91º
do CIRC e artigo 81º do CIRS.
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O art. 8º, n.º 2 da Constituição da República Portuguesa (CRP) refere que “As
normas constantes de convenções internacionais regularmente ratificadas ou
aprovadas vigoram na ordem interna após a sua publicação oficial e enquanto
vincularem internacionalmente o Estado Português”, significando que, na prática,
tratando-se de lei superior, se sobrepõem às normas de direito (ordinário) interno – as
normas das CDT são hierarquicamente inferiores ao direito constitucional, mas são
superiores ao direito interno ordinário.
Também o art. 13º, n.º 1 da LGT, dedicado à aplicação da lei no espaço, estipula que
“Sem prejuízo de convenções internacionais de que Portugal seja parte, as normas
tributárias aplicam-se aos factos que ocorram no território nacional”.
19
Nem todas as CDT celebradas contêm o artigo 22.º - Património.
20
BORGES, António de Moura, Convenções sobre Dupla Tributação Internacional, Editora da
Universidade do Piauí, Instituto Brasileiro de Direito Tributário, Universidade de São Paulo, 1992, p.
34.
21
PIRES, Manuel, Da Dupla Tributação Jurídica Internacional sobre o Rendimento, Centro de
Estudos Fiscais, 1984, p. 418.
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está evidenciada nas próprias normas que regulam os nossos impostos sobre o
rendimento, pelo que se por via de dada norma do CIRC os rendimentos auferidos
por uma empresa Francesa se consideram sujeitos a tributação em Portugal, e se a
Convenção para evitar a dupla tributação celebrada entre Portugal e França dispuser
em sentido contrário, o Estado Português não poderá tributar esses rendimentos.
22
Art.º 1.º - Pessoas visadas; Art.º 2.º - Impostos visados.
23
Art.º 3.º - Definições gerais; Art.º 4.º - Residente (artigo transcrito anteriormente, a propósito do
princípio da residência – capítulo 1.2); Art.º 5.º - Estabelecimento estável.
24
Art.º 6.º - Rendimentos dos bens imobiliários; Art.º 7.º - Lucros das empresas; Art.º 8.º - Navegação
marítima, interior e aérea; Art.º 9.º - Empresas associadas; Art.º 10.º - Dividendos; Art.º 11.º - Juros;
Art.º 12.º - Royalties, Art.º 13.º - Mais-valias; Art.º 14.º - (Suprimido); Art.º 15.º - Rendimentos do
emprego; Art.º 16.º - Percentagens de membros de conselhos; Art.º 17.º - Artistas e desportistas; Art.º
18.º - Pensões; Art.º 19.º - Remunerações públicas; Art.º 20.º - Estudantes; Art.º 21.º - Outros
rendimentos.
25
Art. 22.º - Património. Artigo inexistente em algumas CDT, designadamente, na celebrada com
Espanha.
26
Art. 23.º-A - Método de isenção; Art. 23.º-B - Método de imputação.
27
ESTEVES, Luís Filipe, Tributação Internacional - Impostos sobre o Rendimento, IPCA.
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Na análise de situações concretas haverá que levar em linha de conta não apenas os
comentários aos artigos constantes do MCOCDE, considerados absolutamente
fundamentais, como também as reservas formuladas pelos Estados relativamente às
disposições constantes da convenção modelo e as observações aos comentários
registadas a pedido dos países, indicando o modo como as disposições serão
aplicadas por esses países.
Tal como já foi referido, com o propósito de eliminar a dupla tributação, o modelo de
convenção da OCDE estabelece, para as diferentes categorias de rendimentos, as
competências fiscais do Estado da fonte e do Estado da residência – repartição do
poder de tributar entre os Estados contratantes.
iii) Rendimentos que não podem ser tributados no Estado da fonte (sem
competência).
28
ESTEVES, Luís Filipe, Tributação Internacional – Impostos sobre o Rendimento, IPCA, p. 32 e ss.
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Quanto aos rendimentos que o Estado da fonte tem competência ilimitada para
tributar (i), referem-se, designadamente, os rendimentos de imóveis (art.º 6.º), as
mais-valias imobiliárias (art.º 13.º, n.º 1), os lucros de um estabelecimento estável
(art.º 7.º), os rendimentos de artistas e desportistas (art.º 17.º) e, em geral, as
remunerações a título de emprego assalariado no setor privado (art.º 15.º).
29
Tal como se referiu, nas CDT celebradas por Portugal confere-se competência ao Estado português para
tributar as royalties (retenção na fonte a título definitivo), verificando-se, assim, uma divergência importante
com o disposto na atual convenção modelo da OCDE.
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1. Enquadramento
De acordo com o relatório da OCDE de 1987, esta medida pode ser vista como uma
medida anti-abuso para evitar que a mobilidade inerente aos artistas e desportistas
seja associada à possibilidade de deslocalizarem a sua residência para os
denominados “paraísos fiscais”, ou criarem empresas sedeadas nesses mesmos
locais, ou outras formas artificiosas de evasão, com o intuito de omitirem os
rendimentos auferidos no estrangeiro no seu Estado da residência, conseguindo desse
30
XAVIER, Alberto, Op. Cit., p. 641.
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modo a não tributação dos mesmos. A tributação no Estado da fonte parece ser
aceitável no sentido de assegurar que todos os artistas e desportistas paguem
impostos sobre os rendimentos auferidos.
- pelos artistas que sejam tributados efetivamente no Estado onde se realiza a atuação
artística, ou seja, o Estado da Fonte;
“1. Não obstante o disposto nos artigos 7º e 15º, os rendimentos obtidos por um
residente de um Estado Contratante na qualidade de profissional de espetáculos, tal
como artista de teatro, cinema, rádio ou televisão, ou músico, bem como de
desportista, provenientes das suas atividades pessoais exercidas, nessa qualidade,
no outro Estado Contratante, podem ser tributadas nesse outro Estado.
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Na verdade, esta regra foi pensada para os “happy few”, como os qualifica Dick
Molenaar31, “ artistas e desportistas de maior notoriedade, em percentagem
extremamente reduzida do universo tributável, aplicando-se consequentemente
também à maioria de artistas e desportistas, que nem sequer pensam na existência de
paraísos fiscais. Pretendendo visar os artistas de maior notoriedade, com esta
disposição atinge-se a grande maioria, principalmente nos tempos atuais de fácil
mobilidade a nível internacional e do crescente intercâmbio desportivo e cultural”.
Por outro lado, a nível comunitário assistimos nos últimos tempos a um processo de
reivindicação do Tribunal de Justiça da União Europeia (doravante designado de
TJUE) pela defesa das liberdades comunitárias estabelecidas no Tratado sobre o
Funcionamento da União Europeia (doravante designado de TFUE).
31
MOLENAAR, Dick, Taxation of International Performing Artistes - The problems with Article 17
OECD and how to correct them, Universidade de Roterdão, 2006, p. 4.
32
No caso da convenção celebrada com Portugal foi estipulado o valor de 10.000 dólares.
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2.1. Artista
Uma vez que segundo o MCOCDE os artistas devem ser tributados no país onde é
realizada a sua atuação, é importante não só a definição internacional de "artista",
mas também as definições nacionais são importantes. O artigo 3º, n.º 234 do
MCOCDE também destaca a importância das definições nacionais nas situações em
que um termo específico não foi definido de forma clara o suficiente no tratado fiscal
33
Ou seja, substituiu a terminologia de “artista” pela de “profissional de espetáculos”, no entanto,
quer os comentários bem como o título do artigo 17º utiliza sempre o termo artista, o que demonstra
uma certa incoerência, a qual deveria ser solucionada.
34
Artigo 3º n.º 2 – “No que se refere à aplicação da Convenção, num dado momento por um Estado
Contratante, qualquer expressão aí não definida terá, a não ser que o contexto exija interpretação
diferente, o significado que lhe for atribuído nesse momento pela legislação desse Estado que regula
os impostos a que a Convenção se aplica, prevalecendo a interpretação resultante da legislação fiscal
sobre a que decorra de outra legislação desse Estado.”
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O artigo 17º n.º 1 do MCOCDE optou por não definir de forma taxativa o conceito
de artista, utilizando apenas uma indicação meramente exemplificativa, através da
apresentação de exemplos (artista de teatro, cinema, rádio ou televisão, ou músico)
que se enquadram na definição de profissional de espetáculos, como aliás os
comentários do mesmo consignam expressamente.
Os comentários ao artigo 17º clarificam que não é possível dar uma definição precisa
do termo de «artista», mas o número 1 inclui alguns exemplos de pessoas que podem
ser consideradas como tal. Essa lista não pretende ser exaustiva. Por um lado, o
termo compreende claramente o ator de teatro, de cinema e o que participa em filmes
publicitários para a televisão (incluídos os antigos desportistas). Por outro lado, os
comentários também clarificam que o presente artigo é igualmente aplicável aos
artistas e desportistas que participem em atividades de natureza política, social,
religiosa ou de beneficência, desde que tais atividades comportem um elemento de
diversão.
A referência a um “artista” inclui qualquer pessoa que atue como tal, mesmo para um
único evento, ou seja, abrange por exemplo a remuneração que uma pessoa aufere
pela participação num teatro amador, apesar de ter sido a primeira e única vez que
participou num evento dessa natureza, pelo que o conceito de artista não implica a
periodicidade ou regularidade na participação em espetáculos.
30
A tributação dos artistas e desportistas em sede de IRS, IRC e IVA - vertente nacional e internacional
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35
MOLENAAR, Dick, Op. Cit, p. 66.
36
A título exemplificativo, pessoal técnico de som, luzes e palco.
37
SANDLER, Daniel, The taxation of International Entertainers and Athletes, The Hague:Kluwer,
1995, p.180.
38
Parágrafo 7 dos comentários ao artigo 17º do MCOCDE.
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Segundo opinião dos mesmos autores41 e de outros autores, dos quais destacamos
Vogel e Molennar, a qual partilhamos, os rendimentos auferidos por compositores,
escritores, escultores e pintores, ficam fora do âmbito de aplicação do Artigo 17º do
MCOCDE uma vez que os rendimentos auferidos como fruto do exercício da sua
atividade empresarial ou laboral, não resultam duma performance ou atuação em
público, ou seja, de um desempenho de acordo com a terminologia do Artigo 17º do
MCOCDE, faltando-lhes o elemento da apresentação perante um público para efeitos
de entretenimento ou diversão.
39
PRIETO, Luis Maria Carzola; CÁMARA, Pablo Chico, “La Tributacion de las Rentas de Artistas Y
Desportistas en los Convénios de Doble Imposición”, Manual da Fiscalidad Internacional, Volumen
I, Madrid, 2007, p. 786.
40
Parágrafo 4 dos comentários ao artigo 17º do MCOCDE.
41
Prieto, Luis Maria Cazorla e Cámara, Pablo Chico, Op. Cit.
42
MORAIS, Rui Duarte, Imputação de Lucros de Sociedades Não Residentes Sujeitas a Um Regime
Fiscal Privilegiado, 2005, Publicações Universidade Católica.
32
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Também não seria abrangido pelo disposto pelo art.º 17º a atividade de relatar ou
comentar um desfile de moda, ou outro evento de entretenimento, em que o repórter
não participa. Assim, por exemplo, o rendimento que um cantor recebe pela
realização de comentários durante a transmissão do Festival Eurovisão da Canção, no
qual ele não participa, não seria abrangido pelo artigo 17º.
43
SANDLER, Daniel, Op. Cit., p. 180.
44
MOLENAAR, Dick, 2005, op. Cit., p.81/90.
33
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45
Molenaar na sua obra apresenta a definição de artista: “An artiste is a person
giving an artistic and entertaining performance directly or indirectly before an
audience, regardless of the artistic or entertainment level.”46
Pecando a definição em causa pela tautologia, pois define pelo definido: “um artista
é a pessoa que dá uma apresentação artística”, tem o mérito, no entanto, de entender
que para estarmos perante um artista, devem concorrer os seguintes elementos:
ARTISTES NON-ARTISTES
Acrobats Actors, musicians, etc. in commercials
Actors (theatre, television, radio) Anchormen (radio, television)
Circus Artistes Architects
Comedians Auctioneers
Conductors Authors
Disc Jockeys (DJs) Booking agents
Fakirs Cameramen
Magicians Choreographers
Masters of ceremony (MCs) Composers
Musicians Crew (film, television, radio, live show)
Packaging artists (e.g. Christo) Cutters
Puppet theatre players Dead artistes (entitled to part of
performance fee )
Quizmasters and participants Designers (stage, light, fashion)
performance fee)
Radio play actors Directors (theatre, television, radio)
45
MOLENAAR, Dick, 2005, Op. Cit., p.91.
46
“Um artista é uma pessoa que dá uma performance artística e de entretenimento, direta ou
indiretamente diante de uma plateia, independentemente do nível artístico ou de entretenimento,”
34
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35
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de artista, mas também as definições nacionais são importantes. O artigo 3º, n.º 2 do
MCOCDE também destaca a importância das definições nacionais nas situações em
que um termo específico não foi definido de forma clara o suficiente no Tratado
fiscal ou no seu contexto, como seja o MCOCDE e seus comentários.
2651.1 Escultor
2651.3 Caricaturista
2652.1 Compositor
2652.2 Músico
2652.3 Cantor
47
Lei 4/2008 de 7 de fevereiro de 2008 – “Aprova o regime dos contratos de trabalho dos
profissionais de espetáculos.”
48
Conselho Superior de Estatística, Deliberação n.º 967/2010 de 5 de maio de 2010.
36
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2653.1 Bailarino
2653.2 Coreógrafo
49
Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, Academia das Ciência de Lisboa, Verbo, 2001.
37
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38
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2.1.4. Conclusões
No entanto, tal como refere Molennar, é essencial ter presente que para estarmos
perante um artista, devem concorrer os seguintes elementos: deve haver uma
apresentação (performance); a apresentação deve ser feita em público, diretamente
frente a uma plateia ou gravada e posteriormente reproduzida para um público, e
finalmente, o elemento essencial da apresentação deve ser artístico e de
entretenimento, mas o seu nível é irrelevante.
50
MOLENAAR, Dick, Op. Cit, p.93.
39
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Uma vez que o artigo 17º n.º 1 do MCOCDE optou por não definir de forma taxativa
o conceito de artista, utilizando apenas uma indicação meramente exemplificativa, do
que se enquadra na definição de profissional de espetáculos, como aliás os
comentários do mesmo consignam expressamente, poderemos estar perante uma
situação de conflito, quando uma pessoa não possa claramente ser considerada como
artista em ambos os países que ratificaram a convenção, ou seja a possibilidade de
situações em que a atividade exercida por determinada pessoa se insere no conceito
de artista apenas num dos países contratantes.
Consoante use o método de imputação ou o de isenção ou previsto nos artigos 23-A e 23-B do
52
MCOCDE respetivamente.
53
Parágrafo 12 – “Nos casos visados nos números 1 e 2, quando o Estado de que a pessoa que recebe
o rendimento é residente utiliza o método de isenção para evitar a dupla tributação, esse Estado fica
impossibilitado de tributar esse rendimento, ainda que o Estado onde o espetáculo foi realizado não
possa fazer uso do seu direito de tributação; neste caso, dever-se-á usar, pois o método de imputação.
Poder-se-á obter idêntico resultado se se estabelecer que o Estado de que a pessoa que recebe o
rendimento é residente dispõe de um direito de tributação subsidiário, desde que o Estado onde as
atividades são exercidas não possa fazer uso do direito que lhe é atribuído ao abrigo dos números 1 e
2. Aos Estados Contratantes é dada a faculdade de optarem por um ou outro destes métodos a fim de
garantirem que o rendimento não se exime à tributação.”
40
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Estes problemas com as diferenças de interpretação existentes entre países podem ser
resolvidos com o uso do disposto no artigo 3 º n.º 2 do MCOCDE, que é transposto
para a maioria das convenções fiscais celebradas pelos Estados. No entanto, é
urgente e de extrema importância uma melhor e mais completa definição do conceito
de "artista", uma vez que uma definição taxativa de artista assume uma
complexidade extrema, dado o surgimento constante de novas “atividades artísticas.
Exemplo disso é o caso recente do Beatbox (o termo beatbox refere-se a percussão
vocal do hip-hop e consiste na arte de reproduzir sons de bateria com a voz, boca e
cavidade nasal).
Apesar tal como já foi referido, grande parte destes problemas poderem ser
resolvidos tendo por base o disposto no n.º 2 do artigo 3º do MCOCDE, o risco da
existência de dupla tributação permanece.
2. 2. Noção de desportista
2.2.1. Conceito
54
Ou seja, substituiu a terminologia de “atleta” pela de “desportista”.
41
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suportará qualquer imposto sobre o rendimento nesse Estado nos termos dos artigos
7.º e 14.º55 do MCOCDE, salvo se dispuser de um Estabelecimento estável, o que faz
toda a diferença.
Uma vez que, segundo o MCOCDE, os desportistas devem ser tributados no país
onde é realizado o seu desempenho desportivo, são importantes as definições
nacionais. O artigo 3.º, n.º 256 do MCOCDE destaca a importância das definições
nacionais nas situações em que um termo específico não foi definido de forma
suficientemente clara no tratado fiscal ou no seu contexto como sejam o MCOCDE e
seus comentários.
O artigo 17.º n.º 1 do MCOCDE optou por não definir o conceito de desportista,
existindo apenas, nos comentários ao mesmo, uma indicação meramente
exemplificativa, através da apresentação de situações que se enquadram na definição
“desportista”.
O quinto e sexto parágrafos dos comentários ao artigo 17.º clarificam que não é
possível dar uma definição precisa do termo de “desportista”, referindo que este
artigo não visa apenas os participantes em manifestações atléticas tradicionais, como
por exemplo, o atletismo, o salto e a natação, mas também, os jogadores de golfe, os
jóqueis, os jogadores de futebol, de críquete e de ténis, e os pilotos de automóveis57,
quer atuem de forma independente ou dependente, através da celebração de um
contrato de trabalho desportivo com um Clube, Equipa ou Sociedade Anónima
Desportiva. Por outro lado, os comentários também clarificam que o artigo é
55
O artigo 14.º foi suprimido do MCOCDE em 29 de Abril de 2000, com base no Relatório intitulado
«Problemas suscitados pelo artigo 14.º do Modelo de Convenção Fiscal da OCDE».
56
Artigo 3.º n.º 2 – “No que se refere à aplicação da Convenção, num dado momento por um Estado
Contratante, qualquer expressão aí não definida terá, a não ser que o contexto exija interpretação
diferente, o significado que lhe for atribuído nesse momento pela legislação desse Estado que regula
os impostos a que a Convenção se aplica, prevalecendo a interpretação resultante da legislação fiscal
sobre a que decorra de outra legislação desse Estado.”
57
O projeto de discussão sobre a aplicação do artigo 17.º do MCOCDE, de 23/4/2010, deixa claro que
o rendimento auferido pelo proprietário de um carro ou de um cavalo de corrida não está sujeito ao
disposto no artigo 17.º no que concerne ao dinheiro auferido a título de prémio. No entanto, os valores
auferidos para a preparação e treino já se encontram sujeitos ao mesmo.
42
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A referência a “desportistas” inclui qualquer pessoa que atue como tal, mesmo que
em um único evento, ou seja, abrange, por exemplo, o rendimento que uma pessoa
aufere pela participação num torneio amador, apesar de ter sido a primeira e única
vez que participou num evento dessa natureza. Pelo que o conceito de desportista não
depende do grau de profissionalismo, da periodicidade ou regularidade na
participação em manifestações desportivas.
Klaus Vogel, define desportista como sendo “aquele indivíduo que participa em
determinadas atividades físicas ou mentais que são desenvolvidas com um objetivo,
geralmente de acordo com certas regras definidas por uma organização, sem a
necessidade de qualquer grau de profissionalismo”58.
Dick Molenaar59 entende haver uma hierarquia na interpretação das disposições das
convenções baseadas no MCOCDE, aplicando-se em primeiro lugar o contexto em
que se insere o artigo 17.º, em seguida os comentários ao MCOCDE, bem como
outros relatórios da OCDE e em último lugar, a lei nacional dos Estados contratantes,
embora aponte posições divergentes, tal como a de Vogel.
58
VOGEL, Klaus, Op. Cit., 1997, p. 976.
59
MOLENAAR, Dick, Op. Cit, p. 66.
43
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Os comentários ao MCOCDE deixam claro que o artigo 17.º não se aplica ao pessoal
administrativo ou técnico nem aos acompanhantes, tais como produtores, agentes,
comissionistas ou representantes do desportista.
Refere Daniel Sandler61 que, “relativamente aos atletas, é claro que se encontram
abrangidos pelo artigo 17.º os jogadores de equipas desportivas profissionais,
enquanto que os seus técnicos e treinadores não são. Contudo, existem mais casos em
que surgem dificuldades na sua qualificação como desportista, dificuldades essas
acrescidas quando foi substituído o termo de “atleta” pelo de “desportista”. Refere
dois exemplos:
- alguns árbitros de desportos profissionais podem ganhar valores significativos.
Esses árbitros devem estar fisicamente aptos e podem estar, num jogo, no centro das
atenções tanto quanto muitos jogadores.
- Os caddies62 que acompanham os golfistas profissionais executam os seus serviços
em público durante os torneios. Eles devem estar fisicamente aptos a realizar o seu
trabalho no campo de golfe, num percurso de 18 buracos e podem ser muito bem
remunerados por esse serviço. Recebem normalmente, um valor fixo baixo pelos
seus serviços e uma parte variável, correspondente a uma percentagem dos ganhos do
golfista. Se Steve Williams, o caddie de Tiger Woods, fizesse parte da lista dos
60
SANDLER, Daniel, The taxation of International Entertainers and Athletes, The Hague:Kluwer,
1995, p.180.
61
SANDLER, Daniel, Artistes and Sportsmen (Article 17º OECD Model Convention), Capítulo 13,
Source versus Residence, Kluwer Law International, 2008, p. 224.
62
Caddie: é o nome que recebe o carregador da bolsa com os tacos do golfista.
44
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golfistas com mais prémios ganhos no âmbito do PGA63, estaria colocado no top cem
em 2007. Também é provável que Steve Williams tenha os seus próprios contratos
de patrocínio, pelo menos é o que se pode concluir dos logótipos vistos na roupa que
utiliza durante os torneios de golfe. No entanto, é improvável que qualquer árbitro ou
caddie seja considerado desportista ao abrigo do artigo 17.º.”
Também não seria abrangida pelo disposto pelo art.º 17.º a atividade de relatar ou
comentar um jogo, por um desportista que nele não participa ou no torneio em que o
mesmo se insere. Assim, por exemplo, o rendimento que um desportista recebe pela
realização de comentários durante a transmissão do Euro 2016, no qual ele não
participa como jogador, não será abrangido pelo artigo 17.º.
63
O PGA Tour, principal circuito do golfe mundial, conta com 4 grandes torneios chamados de
Major, são eles: Masters; U.S Open; British Open; PGA Championship.
64
Parágrafo 7 dos comentários ao artigo 17.º do MCOCDE.
65
Parágrafo 4 dos comentários ao artigo 17.º do MCOCDE.
45
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importantes.
Por sua vez, a Lei n.º 5/2007, de 16 de janeiro, que regula a Lei de Bases da
Atividade Física e do Desporto, refere no seu artigo 34.º que:
66
Lei n.° 28/98 de 26 de junho (alterada pela Lei n.º 114/99, de 3 de agosto)
67
Conselho Superior de Estatística, Deliberação n.º 967/2010 de 5 de maio de 2010.
46
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47
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68
Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, Academia das Ciências de Lisboa, Verbo, 2001.
48
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respeito por determinadas regras; aquele que pratica desporto”, o que vai de encontro
ao estatuído no art.º 17.º do MCOCDE.
2.2.3. Conclusões
Tal como refere Dick Molenaar, é essencial ter presente que, para estarmos perante
um desportista, devem concorrer os seguintes elementos: deve haver uma
apresentação (performance); a apresentação deve ser feita em público, diretamente
frente a uma plateia ou gravada e posteriormente reproduzida para um público, e
finalmente, o elemento essencial da apresentação deve ser de diversão ou de
entretenimento, mas o seu nível é irrelevante.
Uma vez que o artigo 17.º n.º 1 do MCOCDE optou por não definir o conceito de
desportista, existindo apenas uma indicação meramente exemplificativa nos
comentários ao mesmo, pode existir uma situação de conflito quando uma pessoa não
possa claramente ser considerada como desportista em ambos os países que
ratificaram a convenção, ou seja, a possibilidade de situações em que a atividade
exercida por determinada pessoa se insere no conceito de desportista apenas num dos
países contratantes.
50
A tributação dos artistas e desportistas em sede de IRS, IRC e IVA - vertente nacional e internacional
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Estes problemas com as diferenças de interpretação existentes entre países podem ser
resolvidos com o uso do disposto no artigo 3.º n.º 2 do MCOCDE69, que é transposto
para a maioria das convenções fiscais celebradas pelos Estados. No entanto, é
urgente e de extrema importância uma melhor e mais completa definição do conceito
de "desportista", uma vez que uma noção assente na enunciação de meros exemplos é
extremamente frágil, desde logo dado o possível surgimento de novas “atividades
desportivas”.
No que diz respeito aos rendimentos obtidos pelos artistas e desportistas, por um lado
o elemento de conexão para definir o Estado da fonte, é aquele onde se realiza
efetivamente a atuação artística ou a atuação desportiva. Por outro lado, o Estado da
residência do artista ou desportista constituirá o outro ponto de conexão.
69
Artigo 3.º n.º 2 – “No que se refere à aplicação da Convenção, num dado momento por um Estado
Contratante, qualquer expressão aí não definida terá, a não ser que o contexto exija interpretação
diferente, o significado que lhe for atribuído nesse momento pela legislação desse Estado que regula
os impostos a que a Convenção se aplica, prevalecendo a interpretação resultante da legislação fiscal
sobre a que decorra de outra legislação desse Estado.”
51
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Esta regra especial ou excecional poderá ser justificada por razões ligadas à
arrecadação de impostos no Estado da fonte, ou pelo facto do Estado da fonte ter
proporcionado as condições económicas, políticas e sociais, sem as quais a obtenção
desse rendimento não seria possível, o que explicaria que as referidas operações
fiquem sujeitas a tributação no país onde se realiza o desempenho
artístico/desportivo.
Como já foi referido anteriormente, poderia suceder que os artistas e desportistas que
pretendessem evitar a tributação do rendimento no Estado da fonte formalizassem a
atuação não através do pagamento direto ao desportista, mas sim de forma indireta
através de uma sociedade. Assim, poderiam conseguir alterar as regras de repartição
da competência tributária, uma vez que estaríamos perante um rendimento
empresarial, que, de acordo com as regras do artigo 7.º do MCOCDE, estaria sujeito
a tributação exclusiva no Estado da residência. Isto explica o porquê das CDT
incorporarem no n.º 2 do art.º 17.º uma cláusula anti abuso cujo objetivo é o de
levantar do véu que permite tributar não a entidade que aparece formalmente (por
regra uma sociedade), mas sim o artista/desportista que está por detrás da mesma,
com prevalência sempre da substância sobre a forma.
“Não obstante o disposto nos artigos 7.º e 15.º, os rendimentos obtidos por um
residente de um Estado contratante na qualidade de profissional de espetáculos, tal
como artista de teatro, cinema, rádio ou televisão, ou músico, bem como de
desportista, provenientes das suas atividades pessoais exercidas, nessa qualidade,
no outro Estado contratante, podem ser tributados nesse outro Estado.”
52
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O n.º 2 do artigo 17º foi introduzido pelo relatório do Comité da OCDE em 1974, e
incluído no MCOCDE publicado em 1977, com a seguinte redação:
70
Parágrafo n.º 8 dos Comentários ao artigo 17.º do MCOCDE.
53
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71
XAVIER, Alberto, Op. Cit. p. 643.
54
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72
Relatório da OCDE de 1987, Parágrafo 61.
73
MOLENNAAR Dick, Op.Cit, p. 42.
55
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Se o rendimento for atribuído a uma outra pessoa e o Estado da fonte não dispuser de
uma previsão legal que permita abstrair da pessoa que o recebe, o número 2 prevê
que a fração do rendimento imputável ao desportista pode ser tributada como
rendimento da pessoa que o aufere. Se a pessoa que recebe o rendimento for uma
empresa ou um clube, o Estado da Fonte pode tributar esse rendimento mesmo que
este não seja imputável a estabelecimento estável situado nesse país75.
74
As convenções celebradas pelos EUA estabelecem um valor mínimo de rendimento auferido por um
artista para que seja aplicável o artigo 17º do MCOCDE. Na convenção celebrada com Portugal o
valor ascende a 10.000 dólares.
75
O parágrafo 11 dos comentários ao MCOCDE estabelece que:
“n.º 1 - A aplicação do número 2 não se limita às situações em que o artista do espetáculo ou o
desportista e a outra pessoa à qual os rendimentos são imputados, por exemplo uma sociedade de
promoção de artistas ou desportistas, são ambos residentes de um mesmo Estado Contratante. Nos
termos do presente número, o Estado onde são exercidas as atividades de um artista de espetáculos ou
de um desportista fica autorizado a tributar os rendimentos obtidos dessas atividades e atribuídos a
uma outra pessoa, independentemente das outras disposições da convenção que seriam de outro modo
aplicáveis. Assim, não obstante o disposto no artigo 7.º, este Estado fica autorizado, nos termos do
presente número, a tributar os rendimentos obtidos por uma sociedade de promoção de artistas ou
desportistas residente no outro Estado contratante, ainda que o artista ou desportista em causa não seja
residente desse outro Estado. De igual modo, quando os rendimentos de um artista residente de um
dos Estados contratantes são atribuídos a uma pessoa, por exemplo a uma sociedade de promoção de
artistas ou desportistas, residente de um Estado Terceiro com o qual o Estado da fonte não tem uma
convenção fiscal, nada impede esse Estado Contratante de tributar a referida pessoa em conformidade
com a sua legislação interna.
n.º 2 - Todavia convém referir que, regra geral, independentemente do disposto no artigo 17.º, a
Convenção não impede a aplicação das medidas gerais de combate à evasão fiscal, previstas pela
legislação do Estado da fonte e que permitem que esse Estado tribute ou o artista/desportista ou a
sociedade de promoção nos casos de uso abusivo, como prevê, aliás, o paragrafo 24 dos comentários
ao artigo 1º.”
56
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Nos casos, em que o artista aufere um salário fixo, adicionado de uma percentagem
dos cachets contratados pela Orquestra nas deslocações ao Estrangeiro, seria razoável
tributar o salário com base no número de dias durante os quais o artista esteve
presente em cada Estado onde decorreram os concertos (incluindo viagens, ensaios),
e a parte da remuneração variável seria tributada no Estado onde os concertos se
realizaram. Por último, o lucro realizado pela pessoa jurídica em virtude do
espetáculo ou evento seria tributável nos termos do número 2.
57
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jogos se realizaram76. Por último, o lucro realizado pela pessoa jurídica em virtude
do espetáculo ou evento seria tributável nos termos do número 2.
O principal propósito por parte dos Estados com a inclusão do n.º 2 no artigo 17º do
MCOCDE, traduz-se na possibilidade do Estado da fonte poder tributar os
rendimentos auferidos por uma sociedade de promoção de artistas (rent a star),
residente num outro Estado contratante, mesmo que o artista não seja residente nesse
outro Estado. Também pode fazê-lo, quando o rendimento auferido por um artista
residente num dos Estados Contratantes seja imputado a uma pessoa jurídica
residente num país terceiro com o qual o Estado da fonte não celebrou uma CDT.
Assim sendo, a incorporação desta disposição nas convenções tem como objetivo
76
Os rendimentos pagos pelas equipas de ciclismo aos seus atletas compreende normalmente uma
parte fixa e uma parte variável, em função do seu desempenho nas provas em que participam. Se a
atividade for desenvolvida em vários países, a parte fixa do vencimento deve ser tributada nos países
em que decorrem as provas em função do n.º de dias, e os prémios de desempenho no país onde foi
realizada a prova que lhe permitiu obter tal prémio.
58
A tributação dos artistas e desportistas em sede de IRS, IRC e IVA - vertente nacional e internacional
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atribuir poder tributário ao Estado da fonte para tributar este tipo de rendimentos,
independentemente da sociedade dispor ou não neste país de Estabelecimento
Estável. Isto explica que Portugal tenha incluído a dita cláusula nas convenções que
celebrou com outros países, após o ano de 1977.
O art. 17º n.º 2 do MCOCDE, atendendo para a prática habitual dos “happy
few”77artistas e desportistas de nomeada78, consistindo na constituição de pessoas
jurídicas que usualmente controlam e que figuram então como contratantes de seus
serviços, e se apresentam, no exterior, como tituladas para o recebimento das
quantias estipuladas pelas suas apresentações, preceitua que as mesmas poderão ser
tributadas no Estado onde ocorra a apresentação, não se aplicando a norma do artigo
7º do MCOCDE, uma vez que essas “rent-a-star-companies” normalmente procuram-
se localizar em países de tributação favorecida (tax havens).
77
Significa “Os poucos priviligiados”
78
ZILVETI, Fernando Aurélio. A polêmica tributação do esportista. Revista Direito Tributário Atual,
2009, 23/178, diz tratar-se de “prática de planejamento tributário usual entre os esportistas de
primeira linha”.
79
MORAIS, Rui, Op. Cit., p. 64.
59
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“a) como regra aplicável a todas as sociedades deste tipo, como uma exceção,
consagrando o direito à tributação na fonte mesmo inexistindo um estabelecimento
estável (prescindindo-se, portanto, da apreciação da natureza das relações que
existam entre a sociedade e o artista). É este o caminho proposto pelo MCOCDE
após 1992;
Nos restantes casos, seria suficiente que o artista demonstrasse, salvo prova em
contrário, que não participa de forma direta ou indireta nos rendimentos auferidos
pela sociedade em causa, para que não fosse aplicável a cláusula antiabuso do artigo
17º n.º 2 do MCOCDE, e como tal seria de aplicar o artigo 7º (Lucros de empresas)
do MCOCDE, caso em que só haveria tributação quando os mesmos fossem
imputáveis a Estabelecimento estável.
Esta situação poderá explicar as reservas ao artigo formuladas pelo Canadá, Suíça e
Estados Unidos. Os Estados Unidos efetuaram em 1996 uma modificação ao seu
Modelo de Convenção no sentido de garantir que o Estado da fonte não possa
tributar os rendimentos de uma atividade artística quando os artistas em causa não
tenham direito de participar de forma direta ou indireta nos montantes recebidos pela
sociedade em resultado da atuação do artista.
Em suma, após a revisão ocorrida em 1992, o n.º 2 do art.º 17º do MCOCDE, aplica-
se independentemente da existência de uma situação que visa a evasão fiscal, pelo
que, a remuneração auferida pelo artista é tributável de acordo com o disposto no n.º
1 e o rendimento da sociedade por força do n.º 2.
80
MORAIS, Rui, Op. Cit., p. 67.
60
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
81
Corresponde ao n.º 2 do art. 17º do MCOCDE.
82
Sublinhado nosso.
61
A tributação dos artistas e desportistas em sede de IRS, IRC e IVA - vertente nacional e internacional
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Esta questão assume extrema importância, por exemplo, nos casos em que o n.º 2 do
art. 17º do MCOCDE permite ao Estado Contratante tributar a “star companie” de
um artista/desportista, relativamente aos rendimentos recebidos por essa sociedade,
no que diz respeito às atividades realizadas pelo artista nesse Estado e, por sua vez, o
n.º 1 também permite que o mesmo Estado tribute parte da remuneração paga por
essa empresa ao artista/desportista, em resultado das referidas atuações. Neste caso, o
Estado contratante pode, dependendo da sua legislação interna, tributar apenas a
empresa ou o artista pela totalidade do rendimento auferido em razão das referidas
atuações; ou o rendimento auferido por cada um deles, no que respeita à sociedade,
pelos rendimentos recebidos abatidos da remuneração paga ao artista/desportista, e
tributar essa parte na esfera do próprio artista/desportista.
62
A tributação dos artistas e desportistas em sede de IRS, IRC e IVA - vertente nacional e internacional
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- Nas situações em que o Estado da fonte tiver uma definição alargada do termo
de artista/desportista, os rendimentos dessa pessoa estarão sujeitos a imposto nesse
Estado e, se simultaneamente o Estado de residência tiver uma definição limitada do
termo artista, então este último não permitirá o crédito de imposto, por considerar
uma prestação de serviços normal, o que levará à dupla tributação dos rendimentos;
63
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isenções devem ter por base critérios objetivos e de fácil definição para que sejam
concedidas apenas nos casos visados83.
Os comentários referem que uma tal cláusula poderia ser redigida nos seguintes
termos:
É de realçar também que num grande número das CDT assinadas por Portugal consta
a cláusula prevista no n.º 3 do Artigo 17.º do MCOCDE84, através da qual o Estado
da Fonte renuncia à tributação dos rendimentos auferidos pelos artistas ou
desportistas em manifestações que beneficiem de fundos públicos ou que se realizem
no âmbito de um intercâmbio desportivo ou cultural acordado por ambos os Estados
83
Parágrafo 14 do MCOCDE.
84
È criticável o fato deste número não constar do corpo do texto do art.º 17.º do MCOCDE,
revestindo antes uma opção consagrada nos comentários. Pelo que a sua inclusão no articulado do art.º
17.º promoveria a igualdade de tratamento nos diversos países.
64
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contratantes.
A questão que se coloca neste âmbito é a de que caso a convenção não contenha a
85
VOGEL, Klaus, On double Taxation… 1997, p. 988, in MORAIS, Rui, Op. Cit, p. 67.
65
A tributação dos artistas e desportistas em sede de IRS, IRC e IVA - vertente nacional e internacional
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
disposição prevista no n.º 2 do art. 17º do MCOCDE, será que mesmo assim é
possível a tributação no país da atuação artística (origem), dos rendimentos auferidos
por uma sociedade, quer ela seja ou não controlada pelos artistas. Ou seja, a questão
que suscitam as CDT no que diz respeito à sua interpretação é se esta deve ser
estática ou dinâmica.
Esta lacuna legal é aproveitada para efetuar planeamento fiscal, através do qual se
constroem esquemas de pagamentos de atuações artísticas realizadas, por exemplo,
em Portugal e pagas através de uma sociedade sedeada em países em que não figure
da Convenção o n.º 2.
86
Assim sucedeu nas Convenções celebradas por Portugal com Aústria, Filândia, Reino Unido.
66
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
87
PRIETO, Luis Maria Cazorla e CÁMARA, Pablo Chico, Op. Cit., p. 802 e 803.
88
Cf. MOLENNAR, Dick, 2005, Op. Cit., p. 55.
89
Parágrafos 33 a 36.1 da introdução ao MCOCDE de julho de 2008, Cadernos de Ciência e Técnica
Fiscal, n.º 206.
90
Sublinhado nosso.
67
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- a base tributável no Estado onde foi realizada a atuação artística poder ser
maior do que a existente no Estado de residência;
68
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
A literatura revela que esses problemas ocorrem com frequência, e que os artistas e
os organizadores dos espetáculos veem as regras especiais de tributação internacional
aplicáveis aos artistas como um obstáculo para as atividades transfronteiriças,
apresentando exemplos claros de tributação excessiva em várias publicações
internacionais, sendo um deles apresentado em seguida:
Assim:
Neste caso em concreto, a taxa de 25% incidente sobre o rendimento ilíquido, traduz-
se numa taxa efetiva de tributação de 62,5% do rendimento líquido.
Em suma, o regime de tributação previsto no art.º 17.º, pode traduzir-se num fator
dissuasor para os prestadores de serviços estabelecidos no estrangeiro que pretendam
exercer a sua atividade em Portugal, podendo demover os clientes portugueses de
adquirir serviços a esses artistas ou desportistas.
93
Nos termos do art.º 94.º n.º 1, n.º 3 b) e n.º 5 e art.º 87.º n.º 4 do CIRC.
69
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Neste momento, nas CDT’s celebradas por Portugal encontrámos redações diferentes
relativamente ao artigo 17º do MCOCDE:
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1. Enquadramento
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Por estes motivos serão analisados em seguida aqueles que consideramos serem os
principais tipos rendimentos auferidos pelos artistas/desportistas, para além do
rendimento respeitante à atuação artística propriamente dita.
2. Publicidade
94
PIRES, Manuel, Da Dupla Tributação Jurídica Internacional sobre o rendimento, 1984, pag. 697, in
MORAIS, Rui, Imputação de Lucros de Sociedades Não Residentes, 2005, Publicações Universidade
Católica.
95
Parágrafo 9 dos comentários ao artigo 17.º do MCOCDE.
80
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Tal como refere Dick Molenaar96, isto parece criar, relativamente a um mesmo
anúncio, uma diferença arbitrária entre um artista e um modelo profissional ou entre
um jogador de futebol e o treinador de futebol. O tratamento fiscal da mesma
atividade será diferente em função das outras atividades realizadas pela pessoa em
causa, ou seja, se a pessoa é considerada como artista na sua atividade normal, o
rendimento auferido pelo anúncio está sujeito à aplicação do artigo 17.º; caso
contrário, está fora do âmbito de aplicação do artigo 17.º, sendo aplicável o disposto
nos artigos 7.º ou 15.º, consoante o caso.
Por exemplo, o rendimento pago por uma empresa portuguesa, a um tenista não
residente que irá participar no “Estoril Open”, para a realização de um anúncio de
divulgação do referido torneio, está sujeito a tributação em Portugal. De igual modo,
o rendimento auferido pelo atleta “Usain Bolt”, pela sua participação no anúncio
publicitário da Mastercard no âmbito dos jogos olímpicos de Londres, está sujeito a
tributação no Reino Unido.
3. Patrocínios
Refere João Paulo Guimarães, que “nos Estados Unidos, rendimento de “patrocínio”
surge quando há um pagamento feito a um atleta estrangeiro sob contratos de
patrocínio relativos ao período em que o atleta estrangeiro compete nos Estados
Unidos. Por exemplo, quando um corredor de automóveis compete no Indianopolis
500 e usa um capacete com o nome de um patrocinador, ou quando um nadador
96
MOLENAAR, Dick, Op. Cit, p. 104.
81
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compete nos Estados Unidos na “World Cup of Swiming” com um fato de banho
com o nome de um patrocinador, os rendimentos de patrocínio recebidos dessa
empresa e relacionados com a competição ocorrida nos Estados Unidos deve estar
sujeito a tributação pelos EUA.”97.
Nestas situações, caso a empresa que efetua o pagamento do patrocínio seja sedeada
ou tenha estabelecimento estável no país do desempenho, não ocorrerão problemas
práticos quanto à aplicação do art.º 17.º. No entanto, tal não se verifica nas restantes
situações. Como refere Dick Molenaar99, não será fácil para as autoridades fiscais do
país da atuação obter informações sobre o patrocínio, nem calcular a parte daquele
que está ligado à atuação ocorrida nesse país, quando o mesmo está associado a
atuações desportivas a realizar em vários países.
97
GUIMARÃES, João Paulo, Op.Cit, pag. 409.
98
O parágrafo 9 dos Comentários ao art.º17.º refere que de um modo geral, os direitos de publicidade
ou de patrocínios, ficam fora do âmbito de aplicação do Artigo 12.º. O Artigo 17.º aplica-se aos
rendimentos obtidos de publicidade ou patrocínios, etc., directa ou indirectamente ligados às
manifestações ou aos espectáculos que têm lugar num determinado Estado. Os rendimentos que não
podem ser imputados a essas manifestações ou espectáculos relevam das regras normais do art.º 7.º ou
do artigo 15.º, consoante o caso.
99
MOLENAAR, Dick, Op. Cit., p. 105.
100
OCDE, Discussion Draft on the aplication of article 17 (artistes and sportsmen) of the OECD
Model Tax Convention, 23 April 2010 to 31 July 2010
82
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Portanto, na prática, a tributação deste tipo de rendimentos na maioria das vezes não
ocorre no país da atuação, por dificuldades práticas. Esta situação pode originar uma
situação de dupla não tributação se o método para eliminar a dupla tributação usado
no país da residência for o de isenção de impostos. Situação esta, porém, com pouca
probabilidade de ocorrer dado o uso generalizado do método do crédito de imposto.
4. Direitos de transmissão
101
Muitas vezes, as marcas de automóveis oferecem viaturas aos desportistas, aparecendo estes a
utilizá-las, com o propósito que o público associe a respectiva marca ao desportista.
83
A tributação dos artistas e desportistas em sede de IRS, IRC e IVA - vertente nacional e internacional
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102
OCDE, Discussion Draft on the aplication of article 17 (artistes and sportsmen) of the OECD
Model Tax Convention, 23 April 2010 to 31 July 2010.
84
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
pagas royalties sobre a venda ou audição pública das gravações, a parte recebida
constituída por tais royalties releva do artigo 12.º. Contudo, quando os direitos de
autor sobre uma gravação sonora pertencem, quer por força da legislação aplicável
em matéria de direitos de autor, quer por força das clausulas contratuais, a uma
pessoa com a qual o artista acordou por contrato fornecer os seus serviços (por
exemplo, uma atuação musical durante a gravação) ou a uma terceira pessoa, os
pagamentos efetuados ao abrigo desse contrato relevam ou do artigo 7.º (por
exemplo, se a execução tiver lugar fora do Estado da fonte do pagamento) ou 17.º, e
não do presente artigo, ainda que tais pagamentos estejam dependentes da venda
das gravações.”
5. Direitos de imagem
É frequente que uma parte substancial dos rendimentos auferidos pelos desportistas
derive, direta ou indiretamente, da cedência dos seus direitos de imagem. Quando
essa cedência não está ligada ao desempenho do desportista num determinado
Estado, os respetivos rendimentos, em princípio, não se encontram abrangidos pelo
disposto no artigo 17.º do MCOCDE.
85
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6. Merchandising
86
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A possível tributação destes ganhos nos termos do artigo 17.º do MCOCDE depende
de quão grande seja o alcance da expressão do n.º 1 do referido artigo que dispõe
que: "os rendimentos obtidos na qualidade de um profissional de espetáculos, tal
como um artista de teatro, cinema, rádio ou televisão, ou músico, bem como de
desportista, provenientes das suas atividades pessoais exercidas, nessa qualidade”.
Da análise dos comentários ao artigo 17.º, bem como da posição defendida por vários
autores dos quais destacámos Dick Molenaar, concluímos que este tipo de
rendimentos deveriam ser tratados como rendimentos de royalties ou rendimentos de
empresas, consoante os casos. Contudo, analisando o projeto de discussão sobre a
aplicação do art.º 17.º, somos levados a concluir que quando o pagamento efetuado
ao artista/desportista a título de merchandising estiver relacionado com um
desempenho artístico/desportivo realizado nesse Estado, em princípio aplicar-se-á o
disposto no art.º 17.º.
OCDE, Discussion Draft on the aplication of article 17 (artistes and sportsmen) of the OECD
103
87
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Outro tipo de rendimentos que os desportistas podem receber consiste num prémio
de assinatura de contrato. No futebol, estas situações são muito relevantes quando o
desportista está em final de contrato ou é detentor de parte ou da totalidade dos
direitos económico-desportivos, vulgo “passe”104.
Este prémio deverá ser tributado no país em que o desportista irá jogar, ao abrigo do
disposto no art.º 17.º do MCOCDE, uma vez que está diretamente ligado à prática
desportiva.
8. Subsídios
104
De acordo com o disposto na circular n.º 18/2011 da Direção de Serviços de IRC, designam-se:
“Direitos Desportivos” os que emergem na esfera de um Clube/Sociedade Anónima Desportiva
(SAD) em resultado da celebração de um contrato de trabalho desportivo com um jogador e que
permite a esse Clube/SAD inscrevê-lo numa Federação Desportiva ou numa Liga Profissional, para o
poder utilizar nas competições em que participa.
“Direitos económicos relativos a direitos desportivos” ou “direitos económico-desportivos” o direito
à compensação exigida por um Clube/SAD que detém um contrato de trabalho desportivo com um
jogador, para que prescinda desse jogador em favor de outro Clube/SAD, permitindo assim a sua
transferência para essa outra entidade desportiva com a qual vai ser celebrado um novo contrato de
trabalho desportivo.
88
A tributação dos artistas e desportistas em sede de IRS, IRC e IVA - vertente nacional e internacional
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Tal como já foi referido, o subsídio pode ser concedido para financiar a atividade de
exploração, nomeadamente no caso dos clubes, mas também pode ser concedido para
a realização de projetos e atuações desportivas no estrangeiro, promovendo desta
forma a imagem do país no estrangeiro.
105
Caso das bolsas atribuídas aos praticantes de alto rendimento desportivo pelo Comité Olímpico de
Portugal ou Pelo Comité Paralímpico de Portugal, no âmbito de contrato-programa de preparação para
os Jogos Olímpicos ou Paralímpicos, bem como, dos prémios atribuídos aos desportistas pela sua
participação ou classificações relevantes em provas desportivas de elevado prestígio e nível
competitivo, nomeadamente Jogos Olímpicos e Paralímpicos, campeonatos do Mundo ou
campeonatos da Europa.
106
MOLENNAR, Dick, Op. Cit., p. 107.
89
A tributação dos artistas e desportistas em sede de IRS, IRC e IVA - vertente nacional e internacional
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
A tributação deste tipo de situações não se afigura fácil por parte do Estado onde foi
realizada a atuação artística/desportiva, em primeiro lugar, porque por regra
desconhece a existência desses subsídios, e em segundo lugar, tendo conhecimento
que tais atividades são subvencionadas, a dificuldade na distinção se estamos perante
um subsídio atribuído com o objetivo da promoção da imagem no exterior ou se
estamos perante a atribuição de um subsídio operacional. Situação diferente ocorrerá
nos casos em que o Estado atribua um subsídio a um artista/desportista residente no
próprio Estado, para a realização de um espetáculo em Portugal (por exemplo pela
participação num espetáculo de cariz internacional, que promova a imagem do país
no exterior), no entanto efetua o seu pagamento a uma sociedade sedeada no
Estrangeiro. Neste último caso o país que atribui o subsídio relacionado com uma
atuação a realizar no seu território, tem o direito a tributar o mesmo, uma vez que
estamos perante um rendimento diretamente associado com a atuação artística, e
como tal sujeito ao disposto no art. 17º do MCOCDE.
90
A tributação dos artistas e desportistas em sede de IRS, IRC e IVA - vertente nacional e internacional
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
107
Por exemplo, a contratação por parte de um clube nacional da presença de um clube internacional,
para a realização do jogo de abertura da época desportiva, mediante o pagamento de um cachet,
ficando todas as despesas de viagem, estadia, alimentação, etc., a cargo do clube visitante.
91
A tributação dos artistas e desportistas em sede de IRS, IRC e IVA - vertente nacional e internacional
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Tal como refere Molennar110, neste caso a questão da dedutibilidade das despesas
associadas à realização da atuação artística desempenha papel importante, tal como
veremos no ponto 3 do Capítulo 6. O parágrafo 10 dos Comentários ao artigo 17º
discute o problema da aceitação do montante das despesas necessárias à atuação
artística, especialmente durante as tournées internacionais, e dá aos países a opção de
tributar o rendimento bruto, sem deduções de despesas, mas a uma taxa reduzida, ou
a tributação numa base líquida. Muitos países têm seguido a primeira parte do
conselho, no entanto estabelecem taxas de imposto normais, ou seja tributam
rendimentos brutos a taxas normais de tributação, usualmente utilizadas sobre
rendimentos líquidos, o que leva a uma tributação elevadíssima, pelo que, a
consideração dos valores suportados pelo organizador para a realização da atuação
artística, como rendimento do artista para efeitos de cálculo do imposto, assume uma
importância extrema dada a diferença significativa no montante do imposto devido.
108
Caso frequente no futebol, em que o organizador da pré-época oferece um cachet ao clube, bem
como, suporta todos os gastos referente à mesma, mediante a realização por parte desse clube de jogos
de preparação no país onde estão hospedados ou noutros países.
109
MOLENAR, Dick, Op. Cit., p.100.
110
MOLENAR, Dick, Op. Cit., p. 101.
92
A tributação dos artistas e desportistas em sede de IRS, IRC e IVA - vertente nacional e internacional
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Nas palavras de Molennar111, diversos países têm especificado na sua legislação que
o valor dos serviços contratados pelo organizador do espetáculo, mas a serem
utilizados pelo artista, tem que ser adicionado ao rendimento auferido pelo artista
para efeitos do cálculo do rendimento sujeito a tributação. Isto pode levar a
resultados estranhos, porque em muitas situações, exemplos claros de serviços de
negócio, não pagos, mas apenas utilizados pelo artista, são tributados na esfera do
artista como lucro pessoal. Esta situação só seria defensável nos casos dos países que
tributam os rendimentos brutos a taxas mais reduzidas, o que por regra não acontece.
Outros países112 concluíram que os pagamentos efetuados pelo organizador de um
espetáculo efetuados diretamente a outras pessoas que não o artista, não são
tributáveis como "rendimento do artista", uma vez que essas despesas são suportadas
em nome e por conta do organizador, e não em nome da artista.
111
MOLENAAR refere os casos da Alemanha, Bélgica, França , Espanha e muitos outros.
112
MOLENNAR refere o caso ocorrido na Australia: F C of T v. Robinson (1992) 23 ATR 364, 92
ATC 4424, followed by Taxation Ruling IT 2323 (1994).
113
Parágrafo 7 dos comentários ao artigo 17º do MCOCDE.
114
MOLENNAR, Dick, Op. Cit., p. 103.
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saúde ou por qualquer outro motivo. Neste caso, o organizador não está obrigado a
pagar um rendimento, de modo que o artista pode tentar cobrir este risco através da
celebração de um contrato de seguro, pelo que, neste caso o efeito será o mesmo do
rendimento pelo cancelamento, ou seja, não haverá direito de tributação no país do
desempenho, porque não ocorreu qualquer desempenho.
Por vezes os artistas nas suas atuações utilizam composições e trabalhos de outros
autores, compositores, artistas, etc, mediante o pagamento de direitos de autor em
função da forma como os mesmos são utilizados, ou situações em que organizador de
concerto detém todos os direitos de propriedade intelectual do evento e, como tal,
recebe pagamentos de direitos de transmissões relacionadas com o evento.
115
MOLENNAR, Dick, Op. Cit., p. 111.
94
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Não são raras as vezes, nas faturas emitidas pelos artistas/desportistas são
adicionados aos rendimentos respeitantes à atuação, montantes referentes a
comissões de gestão, taxas cobradas pela agência que representa o artista/desportista,
bem como despesas respeitantes a viagens (por ex. bilhete do avião), alojamento e
alimentação associadas à atuação.
14. Entrevistas
Mecanismo previsto no CIRS e CIRC para residentes na UE ou no EEE, neste último caso desde
116
95
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defensável a sua tributação nesse Estado, ao abrigo das disposições do art. 17º do
MCOCDE, se as mesmas forem direta ou indiretamente relacionadas com o
espetáculo a realizar nesse mesmo Estado.
Neste âmbito, quando os rendimentos auferidos pelos artistas não residentes são
pagos por empresas também elas não residentes, surgem problemas práticos para o
país onde é realizada a atuação artística/desportiva, tendo em vista a tributação dos
mesmos, problema este reconhecido no Relatório da OCDE de 1987, o qual refere
que: “serão frequentemente substanciais as dificuldades administrativas em tributar
os benefícios indiretos no país onde o desempenho tem lugar, tais como contratos
celebrados com uma empresa sedeada num país que não o da atuação
artística/desportiva (por exemplo, para a publicidade) que abrange o exercício de
atividades em todo o mundo. O país onde a atuação decorre por norma não é
informado da existência de tais rendimentos e qual a forma de repartição dos
mesmos.”.
Desta forma, vai ser extremamente difícil tributar por parte do Estado onde é
realizada a atuação artística/desportiva, nos casos em que o pagamento for efetuado
por uma entidade residente fora do país onde é executada a atuação artística, mesmo
quando exista uma ligação clara com a mesma.
16. Conclusão
Tal como já foi referido anteriormente, para além dos rendimentos obtidos
relativamente aos espetáculos em que participam diretamente, os artistas/desportistas
auferem muitas vezes outro tipo de rendimentos, que se relacionam direta ou
indiretamente com a atuação artística/desportiva. Referem os comentários que por
regra são aplicáveis outros artigos do MCOCDE sempre que não exista uma relação
96
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do art.º 17º apenas num dos países contratantes. Esta situação de conflito pode
originar situações:
Estes problemas com as diferenças de interpretação existentes entre países podem ser
resolvidos com o uso do disposto no artigo 3 º n.º 2 do MCOCDE, que é transposto
para a maioria das convenções fiscais celebradas pelos Estados.
117
Consoante use o método de isenção ou de imputação previsto nos artigos 23-A e 23-B do
MCOCDE respetivamente.
118
Parágrafo 12 – “Nos casos visados nos números 1 e 2, quando o Estado de que a pessoa que recebe
o rendimento é residente utiliza o método de isenção para evitar a dupla tributação, esse Estado fica
impossibilitado de tributar esse rendimento, ainda que o Estado onde o espetáculo foi realizado não
possa fazer uso do seu direito de tributação; neste caso, dever-se-á usar, pois o método de imputação.
Poder-se-á obter idêntico resultado se se estabelecer que o Estado de que a pessoa que recebe o
rendimento é residente dispõe de um direito de tributação subsidiário, desde que o Estado onde as
atividades são exercidas não possa fazer uso do direito que lhe é atribuído ao abrigo dos números 1 e
2. Aos Estados Contratantes é dada a faculdade de optarem por um ou outro destes métodos a fim de
garantirem que o rendimento não se exime à tributação.”
98
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119
Sentença de 12 de dezembro de 2002, caso Lankfort-Hoborst GMBH y Finanzant Steinfurt,
Assunto C-324-2000.
100
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de acordo com a doutrina defendida pelo TJUE no caso Molenheide120, sob pena de
resultar contrária ao princípio comunitário da proporcionalidade, o que não acontece
nas situações previstas no n.º 2 do art. 17º do MCOCDE.
Nos termos do artigo 10º n.º 1 al. c) do CIRC, estão isentas de IRC “As pessoas
coletivas de mera utilidade pública que prossigam, exclusiva ou predominantemente,
fins científicos ou culturais, de caridade, assistência, beneficência, solidariedade
social ou defesa do meio ambiente.”
Por sua vez, de acordo com o disposto no artigo 11º n.º 1 do CIRC, “estão isentos de
IRC os rendimentos diretamente derivados do exercício de atividades culturais,
recreativas e desportivas.”
120
Sentença do Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias de 18/12/1997, casos C-286/94, C-
340-95, c-401/95 e c-47/96.
101
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Neste sentido, uma entidade sem fins lucrativos que realize atividades artísticas nos
termos previstos no artigo 10º e 11º do CIRC, estará ou não sujeita a IRC,
dependendo do facto de ser considerada residente ou não no território nacional.
121
PRIETO, Luis Maria Cazorla e CÁMARA, Pablo Chico, Op. Cit., p. 793 e 794.
102
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122
Cfr Dourado, Ana Paula, Lições de Direito Fiscal Europeu, Tributação Direta, Coimbra Editora,
Coimbra, 2010, p.88.
103
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E aditou ao n.º 3 do artigo 4.º do CIRC, a alínea d), com a seguinte redação:
123
Atual artigo 12.º n.º 3 do CIRS.
104
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se neste contexto as medidas que, a nível internacional, se vêm tomando para esse
efeito. Este diploma acolhe na legislação portuguesa algumas delas.
Estas alterações estavam de acordo com a abordagem limitada ao n.º 2 do art.º 17.º
do MCOCDE feita pelos Comentários de 1977, os quais excecionavam da tributação
os casos em que fosse feita prova de que os profissionais de espetáculos ou
desportistas não controlavam direta ou indiretamente a entidade que obtinha o
rendimento. Porém, tal abordagem já havia sido alterada em 1992, (ou seja, em data
anterior ao DL n.º 37/95) passando a ser defendida a aplicação do aludido art.º 17.º
independentemente de qualquer intenção fraudulenta.
Neste sentido, nas palavras de Rui Morais124, “a lei interna portuguesa ficava, assim,
aquém do que o MCOCDE possibilitava, uma vez que apenas quando estivéssemos
perante uma situação de sociedades rent a star é que haveria lugar a tributação.
Dir-se-á que o ónus da prova resultava na necessidade de prova de um facto
negativo, uma exigência que o interessado dificilmente conseguia lograr, o que, na
prática, conduziria a existir, na generalidade dos casos, tributação na fonte.
Pensamos que não seria necessariamente assim: haveria numerosos casos em que
seria notório o facto de o desportista ou artista não controlar a entidade que recebia
a remuneração relativa ao espetáculo em que interveio. Assim, os jogadores de
futebol e os seus clubes, as grandes orquestras, as grandes companhias de teatro e
bailado, etc. Haveria, ainda, que lembrar que esta prova não era prestada, em
primeira linha, perante a administração fiscal, mas sim perante a entidade que
procederia à retenção na fonte (o substituto), a qual decidiria a sua “suficiência” e,
em consequência, se a retenção na fonte devia ou não ter lugar. Isto porque seria ela
124
MORAIS, Rui, Op. Cit, p. 65.
105
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125
Atual artigo 4.º n.º 3 alínea d) do CIRC.
106
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De acordo com o disposto no artigo 15.º n.º 2 do CIRS, tratando-se de não residentes,
o IRS incide unicamente sobre os rendimentos obtidos em território português,
considerando-se como tal os rendimentos derivados do exercício, em território
português, da atividade de profissionais de espetáculos ou desportistas, ainda que
atribuídos a pessoa diferente, tendo em conta o disposto no artigo 18.º n.º 1 al. o) do
CIRS.
Nos termos do artigo 71.º n.º 4 alínea a) do CIRS, estão sujeitos a retenção na fonte à
taxa de 25%, a título definitivo, os rendimentos obtidos em território português, por
não residentes, os rendimentos do trabalho dependente e todos os rendimentos
empresariais e profissionais. Nos termos do nº 7 do mesmo artigo, as taxas incidem
sobre rendimentos ilíquidos.
107
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residente quando a retenção é superior ao imposto que seria devido no caso de ser
calculado com base no rendimento real, ou seja, após a dedução das despesas
profissionais, o que, como vimos, contraria a posição do TJUE e a recomendação da
Comissão constante do processo de infração movido contra Portugal em 18 de março
de 2010.
De acordo com o disposto no artigo 98.º do CIRS, a retenção deverá ser efetuada no
momento do pagamento ou colocação à disposição dos rendimentos, devendo as
importâncias ser entregues ao Estado até ao dia 20 do mês seguinte.
O art.º 139.º do CIRS dispõe, de forma genérica, que não podem realizar-se
transferências para o estrangeiro de rendimentos sujeitos a IRS/IRC, obtidos em
território português por sujeitos passivos ou entidades não residentes, sem que se
mostre pago ou assegurado o imposto que for devido.
É de salientar, tal como já foi referido anteriormente, que nos termos do n.º 3 do art.º
12.º do CIRS, o IRS não incide sobre os rendimentos provenientes do exercício da
atividade de profissionais de espetáculos ou desportistas quando esses rendimentos
sejam tributados em IRC nos termos da alínea d) do no 3 do artigo 4.º do Código do
IRC.
126
Aditados pela Lei n.º 64-A/2008, de 31 de dezembro – OE 2009, publicada no Diário da República
n.º 252, 1.ª Série.
108
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ou parcial, do imposto retido e pago, na parte em que seja superior ao que resultaria
da aplicação da tabela de taxas prevista no n.º 1 do artigo 68.º, tendo em
consideração a totalidade dos rendimentos, incluindo os obtidos fora do território
nacional (tributação mundial), nas mesmas condições que são aplicáveis aos
residentes.
Para este efeito, são dedutíveis os encargos, devidamente comprovados, que estejam
direta e exclusivamente relacionados com os rendimentos obtidos em território
português, até à respetiva concorrência127.
O n.º 14 do art.º 71.º prevê que a devolução do imposto retido e pago deverá ser
efetuada através de requerimento128 entregue pelo sujeito passivo aos serviços
competentes da Autoridade Tributária e Aduaneira, no prazo de dois anos contados a
partir do final do ano civil seguinte àquele em que se verificou o facto tributário,
devendo a restituição ser efetuada até ao fim do 3º mês seguinte ao da apresentação
dos elementos e informações indispensáveis à comprovação das condições e
requisitos legalmente exigidos, acrescendo, em caso de incumprimento deste prazo,
juros indemnizatórios a taxa idêntica à aplicável aos juros compensatórios a favor do
Estado.
De acordo com disposto no artigo 72.º n.º 13 do CIRS, os residentes noutro Estado
membro da União Europeia ou do Espaço Económico Europeu, desde que, neste
127
Artigo 71.º n.º 11 do CIRS.
128
Nos termos do n.º 14 do artigo 71.º a apresentação do requerimento implica a comunicação
espontânea ao Estado de residência do contribuinte do teor do pedido de devolução formulado e do
respetivo montante.
109
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129
Art.º 72.º n.º 14 do CIRS.
110
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111
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A opção deve ser efetuada na declaração a que se refere o n.º 1 do artigo 57.º, a
entregar nos prazos previstos na alínea a) do n.º 1 do artigo 60.º, acompanhada dos
documentos que comprovem as condições de que depende a aplicação deste regime.
112
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A Autoridade Tributária e Aduaneira pode solicitar aos sujeitos passivos ou aos seus
representantes que apresentem, no prazo de 30 dias, os documentos que julgue
necessários para assegurar a correta aplicação deste regime.
De harmonia com o disposto no n.º 2 do artigo 4.º do CIRC, as pessoas coletivas que
não tenham sede nem direção efetiva em território português nem aí possuam
estabelecimento estável ficam sujeitas a IRC apenas quanto aos rendimentos nele
obtidos130.
Também são aplicáveis o art.º 132.º do CIRC (que dispõe que não podem realizar-se
transferências para o estrangeiro de rendimentos obtidos em território português por
sujeitos passivos não residentes sem que se mostre pago ou assegurado o imposto
que for devido) e o artigo 114.º n.º 5 do CIRC (a entidade pagadora de rendimentos é
responsável originário pelo pagamento das importâncias que deveriam ter sido
retidas e não o foram, dado tratar-se de retenções a título definitivo).
130
De acordo com o disposto no artigo 4.º n.º 3 al. d) do CIRC, consideram-se obtidos em território
português os rendimentos imputáveis a estabelecimento estável aí situado e, bem assim, os que, não se
encontrando nessas condições respeitem a rendimentos derivados do exercício em território português
da atividade de profissionais de espetáculos ou desportistas.
113
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3.1.1 –Enquadramento
O imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS) incide sobre o valor
anual dos rendimentos das categorias seguintes, mesmo quando provenientes de atos
ilícitos, depois de efetuadas as correspondentes deduções e abatimentos:
Categoria H - Pensões.
114
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115
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3.1.3.1 – Enquadramento
Informações vinculativas:
116
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ou,
Sem prejuízo
117
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partir do momento em que para efeitos de IVA seja obrigatória a emissão de fatura
ou documento equivalente.
Sempre que o rendimento seja determinado com base na contabilidade, tem que se
ter em atenção a aplicação do disposto no artigo 18.º do Código do IRC, ou seja a
periodização/especialização dos exercícios.
Exemplo:
Exemplo:
118
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Nos termos do art.º 12.º e no que diz respeito ao tema em análise (artistas e
desportistas) não se encontram sujeitos a IRS:
119
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Nos termos do n.º 1 do art.º 20.º, constitui rendimento dos sócios ou membros das
entidades referidas no artigo 6.º do Código do IRC, que sejam pessoas singulares, o
resultante:
O resultado da imputação efetuada nos anos subsequentes deve ser objeto dos
necessários ajustamentos destinados a eliminar qualquer duplicação de tributação dos
rendimentos que possa vir a ocorrer.
Exemplo:
A sociedade Música Total, Lda., cujo capital pertence em partes iguais a dois
músicos (José e Carlos), tem como atividade a prestação de serviços relacionados
com a música. No ano de 2019, apurou uma matéria coletável de € 100.000,00. No
decurso do ano, cada sócio retirou a título de adiantamentos por conta de lucros €
65.000,00 e suportou contribuições para a segurança social no valor de € 8.000,00.
Nos termos do art.º 20.º o valor a imputar a cada sócio é de € 65.000,00 (uma vez
que as retiradas a título de adiantamentos por conta de lucros são superiores ao valor
120
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121
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Esta opção pelo regime da contabilidade organizada deve ser formulada pelos
sujeitos passivos:
A opção mantém-se válida até que o sujeito passivo proceda à entrega de declaração
de alterações, a qual produz efeitos a partir do próprio ano em que é entregue, desde
que seja efetuada até ao final do mês de março.
Ou,
122
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123
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1323 Desportistas;
d) 0,95 Aos rendimentos provenientes de contratos que tenham por objeto a cessão
ou utilização temporária da propriedade intelectual ou industrial ou a prestação de
informações respeitantes a uma experiência adquirida no setor industrial, comercial
ou científico, aos rendimentos de capitais imputáveis a atividades geradoras de
rendimentos empresariais e profissionais, ao resultado positivo de rendimentos
prediais (o resultado positivo dos rendimentos prediais corresponde ao rendimento
líquido da categoria F, determinado nos termos do artigo 41.º), ao saldo positivo das
mais e menos-valias e aos restantes incrementos patrimoniais.
124
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Ou
125
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Informação vinculativa:
Inf. Vinc. 920/2018, com despacho concordante da Subdiretora Geral do IR, de 02-
05-2018
1. Pretende o requerente que lhe seja prestada informação sobre a forma como deve
declarar, para efeitos de IRS, os rendimentos obtidos da atividade com o CAE
93192.
2. Em sede de IRS, o sujeito passivo está enquadrado no regime simplificado de
tributação, pelas seguintes atividades:
Atividade principal:
CAE 69200 - Atividades de contabilidade e auditoria; consultoria fiscal, desde
2011/01/03
Atividades secundárias:
CAE 93192 - Outras atividades desportivas, n.e., desde 2011/01/03
CIRS 1519 - Outros prestadores de serviços, desde 2016/12/01
3. Em conformidade com o estipulado no artigo 151.º do Código do IRS, as
atividades exercidas pelos sujeitos passivos do IRS são classificadas, para efeitos
deste imposto, de acordo com a Classificação das Atividades Económicas
Portuguesas por Ramos de Atividade (CAE), do Instituto Nacional de Estatística, ou
de acordo com os códigos mencionados em tabela de atividades aprovada pela
Portaria n.º 1011/2001, de 21 de agosto.
4. Para efeitos de IRS, a atividade de árbitro de futsal, está enquadrada na alínea b)
do n.º 1 do artigo 3.º do Código do IRS e consubstancia uma prestação de serviço
especificamente prevista na tabela de atividades a que se refere o artigo 151.º do
Código do IRS, sob o código CIRS 1323 – Desportistas. Trata-se de um código
abrangente que engloba, para além dos atletas, todos os agentes desportivos
participantes nas atividades desportivas.
5. Assim, em resposta à questão colocada, informa-se que o rendimento proveniente
da atividade de árbitro de futsal deve ser inscrito no campo 403 do quadro 4-A do
anexo B da declaração de rendimentos modelo 3 de IRS e a determinação do
rendimento tributável obtém-se através da aplicação do coeficiente de 0,75, previsto
na alínea b) do n.º 1 do artigo 31.º do Código do IRS.
126
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- € 40.000,00 * 0,35 - uma vez que a atividade de cabeleireira não está prevista na
lista anexa ao CIRS;
Com esta nova regra, ao rendimento apurado pela aplicação dos coeficientes de 0,35
ou 0,75 ao valor da prestação de serviços, acresce a diferença positiva entre 15%
dos rendimentos brutos das prestações de serviços e o somatório das seguintes
importâncias:
a) Montante de dedução específica previsto na alínea a) do n.º 1 do artigo 25.º (€
4.104,00) ou, quando superior, os montantes comprovadamente suportados com
127
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128
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€ 4.104,00/0,15 = € 27.360,00
Exemplos:
Exemplo 1
- € 20.000,00*75% = € 15.000,00
129
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Exemplo 2
- € 60.000,00*75% = € 45.000,00
Exemplo 3
- € 60.000,00*75% = € 45.000,00
130
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Exemplo 4
- € 60.000,00*75% = € 45.000,00
Exemplo 5
O Sr. A., que exerce a atividade de músico, no âmbito da categoria B, auferiu no ano
de 2019 rendimentos derivados desta atividade no valor de € 100.000,00.
Suportou encargos com um funcionário no valor de € 6.000,00 (valor que consta das
DMR`s)
- € 100.000,00*75% = € 75.000,00
131
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Exemplo 6
O Sr. A., que exerce a atividade de músico, no âmbito da categoria B, auferiu no ano
de 2019 rendimentos derivados desta atividade no valor de € 100.000,00.
Suportou encargos com um funcionário no valor de € 6.000,00 (valor que consta das
DMR`s)
- € 100.000,00*75% = € 75.000,00
132
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Esta redução não é aplicável nos casos em que tenha ocorrido cessação de atividade
há menos de cinco anos.
Exemplo:
No ano de 2019 prestou serviços no valor de € 20.000,00, não tendo auferido outros
rendimentos.
133
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Exemplo:
134
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A opção mantém-se válida até que o sujeito passivo proceda à entrega de declaração
de alterações, a qual produz efeitos a partir do próprio ano em que é entregue, desde
que seja efetuada até ao final do mês de março.
Para além das limitações previstas no Código do IRC, não são dedutíveis para efeitos
de determinação do rendimento da categoria B, os seguintes encargos:
135
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Por portaria do Ministro das Finanças podem ser fixados para efeitos do disposto
neste artigo o número máximo de veículos e respetivo valor por sujeito passivo.
Exemplo:
136
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velhice, neste último caso desde que o benefício seja garantido após os 55 anos de
idade, desde que os mesmos não garantam o pagamento e este se não verifique,
nomeadamente, por resgate ou adiantamento, de qualquer capital em dívida durante
os primeiros cinco anos, com o limite de cinco vezes o valor do IAS, quando aquelas
não tenham sido deduzidas a outro título.
A opção é válida para o ano em causa, ou seja, o Sujeito Passivo pode optar num ano
pelas regras aplicáveis à categoria A e no ano seguinte apesar de reunir as condições
não exercer a opção.
Exemplo:
137
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Exemplo:
O regime mais favorável dependerá do valor dos rendimentos. Ter em atenção que se
o SP auferir rendimentos da Categoria A de valor superior a € 4.104,00, não terá
qualquer vantagem efetuando a opção pelas regras da categoria A, uma vez que a
dedução específica é absorvida pelos rendimentos da categoria A.
138
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Os sujeitos passivos que pratiquem atos isolados estão sempre dispensados de dispor
de contabilidade organizada por referência a esses atos.
139
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140
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De acordo com o disposto no art.º 70.º do CIRS, da aplicação das taxas estabelecidas
no artigo 68.º não pode resultar, para os titulares de rendimentos predominantemente
originados em trabalho dependente, em atividades previstas na tabela aprovada no
anexo à Portaria n.º 1011/2001, de 21 de agosto, com exceção do código 15, ou
em pensões, a disponibilidade de um rendimento líquido de imposto inferior a 1,5 x
14 x (valor do IAS).
Com a Lei do OE para 2018, procedeu-se ao alargamento da aplicação do mínimo de
existência, aos rendimentos decorrentes do exercício de uma atividade profissional
independente, constante da lista de atividades previstas no artigo 151.º do Código do
IRS (com exceção das “Outras atividades exclusivamente de prestação de serviços -
Outros Prestadores de Serviços”).
Desta forma, o mínimo de existência estabelecido para:
- 2018 é de 1,5 x 14 x € 428,90 = € 9 006,90;
- 2019 é de 1,5 x 14 x € 435,76 = € 9150,96.
É referido no n.º 4, que o valor de rendimento líquido de imposto não pode, por
titular, ser inferior ao valor anual da retribuição mínima mensal.
142
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sejam devedoras e sem prejuízo do disposto nos números seguintes, das seguintes
taxas:
…
b) 25 %, tratando-se de rendimentos decorrentes das atividades profissionais
especificamente previstas na tabela a que se refere o artigo 151.º;
…
d) 20 %, tratando-se de rendimentos da categoria B auferidos em atividades de
elevado valor acrescentado, com carácter científico, artístico ou técnico, definidas
em portaria do membro do Governo responsável pela área das finanças, por
residentes não habituais em território português.
A retenção que deva ser efetuada sobre rendimentos da categoria B apenas incide
sobre 50 % dos mesmos (art.º 101.º - D), nos seguintes casos:
143
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ou
- A emitir fatura nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 29.º do Código do IVA
por cada transmissão de bens, prestação de serviços ou outras operações efetuadas e
a emitir documento de quitação de todas as importâncias recebidas.
144
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Exemplo:
José, escritor recebeu a título de direitos de autor rendimentos no valor de:
Hipótese 1 - € 12.000,00
Resolução: Rendimentos sujeitos a tributação: € 6.000,00 e Rendimentos isentos: €
6.000,00.
Hipótese 2 - € 30.000,00
Resolução: Rendimentos sujeitos a tributação: € 20.000,00 e Rendimentos isentos: €
10.000,00 (limite de isenção).
145
A tributação dos artistas e desportistas em sede de IRS, IRC e IVA - vertente nacional e internacional
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Com base na autorização legislativa constante do Artigo 126.º da Lei n.º 64-A/2008,
de 31de dezembro131, e através do artigo 4.º do Decreto-Lei n.º 249/2009 de 23 de
setembro, foi criado o Regime Fiscal para o residente não habitual em sede de IRS,
através da alteração dos seguintes artigos do Código do IRS:
De acordo com o disposto no art.º 72º n.º 10 do CIRS os rendimentos líquidos das
categorias A (rendimentos do trabalho dependente) e B (rendimentos empresariais e
profissionais), auferidos em atividades de “elevado valor acrescentado”, com caráter
científico, artístico ou técnico, a definir em Portaria do membro do Governo
responsável pela área das finanças132, por residentes não habituais em território
português, são tributados à taxa de 20%, salvo opção pelo englobamento prevista no
n.º 7 do referido artigo.
O sujeito passivo que seja considerado residente não habitual adquire o direito a ser
tributado como tal pelo período de 10 anos consecutivos a partir do ano, inclusive, da
sua inscrição como residente em território português.
131
Orçamento de Estado para 2009.
132
Portaria 12/2010 de 7 de janeiro.
146
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O sujeito passivo deve solicitar a inscrição como residente não habitual, por via
eletrónica, no Portal das Finanças, posteriormente ao ato da inscrição como residente
em território português e até 31 de março, inclusive, do ano seguinte àquele em que
se torne residente nesse território
O artigo 22.º n.º 3 alínea b) do CIRS prevê o não englobamento dos rendimentos
referidos nos artigos 71.º e 72.º auferidos por residentes (incluindo os residentes não
habituais) em Portugal, sem prejuízo das opções pelo englobamento previstas no n.º
8 do artigo 71.º e no n.º 12133 do artigo 72.º do CIRS.
Quando o sujeito passivo134 exerça a opção prevista no n.º 3 do artigo 22.º e no n.º 7
do artigo 72.º, ambos do Código de IRS, fica obrigado a englobar a totalidade dos
rendimentos compreendidos no n.º 8 do artigo 71.º135, no n.º 12 do artigo 72.º136 e no
n.º 7 do artigo 81.º137, de acordo com o previsto no artigo 22.º n.º5 do CIRS.
133
Inclui os rendimentos líquidos da Categoria A e Categoria B em atividades de elevado valor
acrescentado.
134
Sujeito passivo residente e residente não habitual.
135
Art. 71º n.º 6 – “Os rendimentos a que se referem os nos 1 e 2 podem ser englobados para efeitos
da sua tributação, por opção dos respetivos titulares, residentes em território nacional, desde que
obtidos fora do âmbito do exercício de atividades empresariais e profissionais.”
136
Art. 72º n.º 7 – “Os rendimentos previstos nos n.os 4, 5 e 6 podem ser englobados por opção dos
respetivos titulares residentes em território português.”
137
Art. 81º n.º 7 – “Os titulares dos rendimentos isentos nos termos dos n.os 3, 4 e 5 podem optar pela
aplicação do método do crédito de imposto referido no n. 1, sendo neste caso os rendimentos
obrigatoriamente englobados para efeitos da sua tributação, com exceção dos previstos nos n.os 3, 4, 5
e 6 do artigo 72º.”
138
Portaria 12/2010 de 7 de janeiro.
147
A tributação dos artistas e desportistas em sede de IRS, IRC e IVA - vertente nacional e internacional
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
que acabou por ser revogado. Com efeito, Espanha introduziu um regime fiscal
especial para os trabalhadores estrangeiros139 destinado a atrair profissionais
qualificados, nos termos do qual, os trabalhadores estrangeiros com residência fiscal
nesse país beneficiassem de um decréscimo na taxa sobre os seus rendimentos,
estando prevista uma tributação em apenas 24% sobre o salário bruto de tais
trabalhadores, assim resultando numa tributação efetiva substancialmente inferior
comparativamente com a carga tributária incidente sobre os rendimento auferidos
pelos demais trabalhadores Espanhóis.
No entanto, tal como já foi referido, este regime veio a ser revogado, com efeitos
desde 1 de janeiro de 2010, em virtude da controvérsia gerada pela sua aplicação aos
desportistas cujos salários elevados por estes auferidos acabarem por ser tributados a
taxas efetivas de tributação bastante inferiores às dos demais trabalhadores
Espanhóis.
Pressupõe-se que, para contornar esta situação, o Legislador Português optou por não
incluir as profissões ligadas ao desporto na tabela de atividades da Portaria 12/2010.
Mantém-se, contudo, a dúvida, sobre se, ainda assim, este regime não consubstancia
um verdadeiro benefício que o Estado concede, relativamente às profissões que se
encontram por ele abrangidas, funcionando simultaneamente como uma forma de
atrair rendimentos para serem tributados em território nacional, aumentando
consequentemente a receita tributária.
139
“Lei Bechkam”, por ter coincidido com a contratação deste jogador de futebol pelo Real Madrid.
148
A tributação dos artistas e desportistas em sede de IRS, IRC e IVA - vertente nacional e internacional
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Ou
140
É de referir que os n.sº 3 e 5 do artigo 81º preveem o regime a aplicar na eliminação da dupla
tributação nas categorias A e H, respetivamente.
“3 – Aos residentes não habituais em território português que obtenham, no estrangeiro, rendimentos
da categoria A, aplica-se o método da isenção, desde que, alternativamente:
a) Sejam tributados no outro Estado contratante, em conformidade com convenção para eliminar a
dupla tributação celebrada por Portugal com esse Estado;
b) Sejam tributados no outro país, território ou região, nos casos em que não exista convenção para
eliminar a dupla tributação celebrada por Portugal, desde que os rendimentos, pelos critérios previstos
no n.o 1 do artigo 18.o, não sejam de considerar obtidos em território português.”
“5 – Aos residentes não habituais em território português que obtenham, no estrangeiro, rendimentos
da categoria H, na parte em que os mesmos, quando tenham origem em contribuições, não tenham
gerado uma dedução para efeitos do no 2 do artigo 25o, aplica-se o método da isenção, desde que,
alternativamente:
a) Sejam tributados no outro Estado contratante, em conformidade com convenção para eliminar a
dupla tributação celebrada por Portugal com esse Estado;
b) Pelos critérios previstos no n. 1 do artigo 18o, não sejam de considerar obtidos em território
português.”
141
Lista de países, territórios e regiões com regimes de tributação privilegiada, claramente mais
favoráveis.
142
Artigo 15.º n.º 1 do CIRS.
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i. Restantes Rendimentos
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Com englobamento obrigatório dos rendimentos isentos para efeitos de determinação da taxa de
IRS a aplicar aos restantes rendimentos, exceto os rendimentos referidos no n.º 4, 5 e 6 do artigo 72.º
CIRS (Mais-Valias Mobiliárias, Lucros e juros devidos por não residentes não sujeitos a retenção na
fonte, e Rendimentos líquidos Categoria A e B (Portaria n.º 12/2010)).
Assim sendo, os rendimentos líquidos da categoria A e B auferidos em atividades de elevado valor
acrescentado com caráter cientifico, artístico ou técnico, obtidos no estrangeiro, por sujeitos passivos
Residentes Não Habituais, são isentos de IRS em Portugal, e não são englobados para determinar a
taxa de IRS a aplicar aos restantes rendimentos.
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Com englobamento obrigatório dos rendimentos isentos para efeitos de determinação da taxa de
IRS a aplicar aos restantes rendimentos, exceto os rendimentos referidos no n.º 3, 4, 5 e 6 do artigo
72.º CIRS (Gratificações não atribuídas pela entidade patronal, Mais-Valias Mobiliárias, Lucros e
juros devidos por não residentes não sujeitos a retenção na fonte, e Rendimentos líquidos Categoria A
e B (Portaria n.º 12/2010)).
Assim sendo, os rendimentos líquidos da categoria A e B auferidos em atividades de elevado valor
acrescentado com caráter cientifico, artístico ou técnico, obtidos no estrangeiro, por sujeitos passivos
Residentes Não Habituais, são isentos de IRS em Portugal, e não são englobados para determinar a
taxa de IRS a aplicar aos restantes rendimentos.
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1 – Prestação de serviços
Nos termos da al. a) do n.º 1 do art.º 1.º do CIVA, estão sujeitas a imposto sobre o
valor acrescentado as prestações de serviços efetuadas no território nacional, a título
oneroso, por um sujeito passivo agindo como tal.
De acordo com o disposto no n.º 1 do art.º 4.º do CIVA, são consideradas como
prestações de serviços as operações efetuadas a título oneroso que não constituem
transmissões, aquisições intracomunitárias ou importações de bens.
Feita esta breve abordagem, importa proceder à análise do enquadramento em sede
de IVA de determinadas operações conexas com a atividade artística e desportiva.
O art.º 9.º do Código do IVA consagra a isenção de IVA das prestações de serviços
efetuadas por artistas e desportistas, bem como organismos sem finalidade lucrativa,
entre os quais se encontram as associações desportivas e artísticas.
São isentas de IVA, nos termos do n.º 15 do art.º 9.º do CIVA as prestações de
serviços efetuadas aos respetivos promotores:
a) Por atores, chefes de orquestra, músicos e outros artistas, atuando quer
individualmente quer integrados em conjuntos, para a execução de espetáculos
teatrais, cinematográficos, coreográficos, musicais, de music-hall, de circo e outros,
para a realização de filmes, e para a edição de discos e de outros suportes de som ou
imagem;
b) Por desportistas e artistas tauromáquicos, atuando quer individualmente quer
integrados em grupos, em competições desportivas e espetáculos tauromáquicos.
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Por sua vez, é isenta de IVA a transmissão de exemplares de qualquer obra literária,
científica, técnica ou artística editada sob forma bibliográfica pelo autor, quando
efetuada por este, seus herdeiros ou legatários, ou ainda por terceiros, por conta
deles, salvo quando o autor for pessoa coletiva,
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seu proveito exclusivo, desde que esta isenção não provoque distorções de
concorrência (Ver Despacho Normativo n.º 118/85, de 31/12).
De acordo com o disposto no n.º 35 do art.º 9.º do CIVA, são isentas de IVA as
prestações de serviços a seguir indicadas quando levadas a cabo por organismos sem
finalidade lucrativa que sejam associações de cultura e recreio:
a) Cedência de bandas de música;
b) Sessões de teatro;
c) Ensino de ballet e de música;
Para efeitos de isenção, e de acordo com o disposto no art.º 10.º do CIVA, apenas são
considerados como organismos sem finalidade lucrativa os que, simultaneamente:
a) Em caso algum distribuam lucros e os seus corpos gerentes não tenham, por si ou
interposta pessoa, algum interesse direto ou indireto nos resultados da exploração;
b) Disponham de escrituração que abranja todas as suas atividades e a ponham à
disposição dos serviços fiscais, designadamente para comprovação do referido na
alínea anterior;
c) Pratiquem preços homologados pelas autoridades públicas ou, para as operações
não suscetíveis de homologação, preços inferiores aos exigidos para análogas
operações pelas empresas comerciais sujeitas de imposto;
d) Não entrem em concorrência direta com sujeitos passivos do imposto.
Nem todas as atividades exercidas pelos artistas e desportistas, bem como pelas
associações artísticas/desportivas, se encontram isentas de IVA
Por exemplo:
- As prestações de serviços efetuadas pelos artistas e desportistas a entidades que não
sejam os respetivos promotores;
- A prestação de serviços de publicidade está sujeita a IVA, exceto se essa prestação
de serviços for integrada na participação dos clubes na realização de uma feira
popular, conforme Despacho Normativo n.º 118/85, de 31/12.
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O regime especial previsto nos artigos 53.º a 59.º, abrange a generalidade dos
sujeitos passivos, independentemente da atividade exercida, desde que não
ultrapassem um determinado volume de negócios e preencham alguns outros
requisitos
Desta forma, beneficiam da isenção do imposto os sujeitos passivos que
cumulativamente:
- Não possuam nem sendo obrigados a possuir contabilidade organizada para efeitos
do IRS ou IRC;
- Não pratiquem praticando operações de importação, exportação ou atividades
conexas;
- Não exerçam atividade que consista na transmissão dos bens ou prestação dos
serviços mencionados no anexo E do presente Código,
- Não tenham atingido, no ano civil anterior, um volume de negócios superior a €
12.500,00. São ainda isentos do imposto os sujeitos passivos com um volume de
negócios superior a € 10 000, mas inferior a € 12 500, que, se tributados,
preencheriam as condições de inclusão no regime dos pequenos retalhistas.
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Exemplo:
O Sr. José pretende iniciar a atividade de Contabilista certificado em 1/10/2019.
Volume de negócios estimado para o período de 1/10/2019 a 31/12/2019: € 1.500,00.
Enquadramento:
Conversão num VN anual:
€ 1.500,00/3*12 = € 6.000,00 – Enquadramento no regime de isenção previsto no
art.º 53.º.
Exemplo:
O Sr. José pretende iniciar a atividade de Contabilista certificado em 1/10/2019.
Volume de negócios estimado para o período de 1/10/2019 a 31/12/2019: € 4.000,00.
Enquadramento:
Conversão num VN anual:
€ 4.000,00/3*12 = € 16.000,00 – Enquadramento no regime normal trimestral.
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1 – Enquadramento
A Lei n.º 103/97 - Diário da República n.º 212/1997, Série I-A de 1997-09-13,
alterado pelo/a Artigo 2.º do/a Lei n.º 56/2013 - Diário da República n.º 156/2013,
Série I de 2013-08-14, em vigor a partir de 2013-08-15, estabelece o regime fiscal
das sociedades desportivas previstas no Decreto-Lei n.º 10/2013, de 25 de janeiro,
alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2013, de 11 de abril.
São aplicáveis subsidiariamente, com as devidas adaptações, as disposições previstas
no Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas e demais
legislação suplementar.
2 – Gastos específicos
3 – Amortizações
São aceites como gasto as amortizações dos ativos intangíveis correspondentes aos
direitos de contratação dos jogadores profissionais, desde que inscritos em
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5 - Disposição transitória
6 - Regime de responsabilidade
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, Maria de Jesus Graça Simões, “Aplicação das convenções sobre dupla
tributação”, Rei dos Livros, Porto, 2000.
161
A tributação dos artistas e desportistas em sede de IRS, IRC e IVA - vertente nacional e internacional
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
MALHERBE, Jacques, The Impact of the rulings of the European Courte os Justice
in the Area of Direct Taxation, Policy Department Economic and Scientific Policy,
2008.
MOLENAAR, Dick, International Artist Taxation, ABO, All Arts Tax Advisers,
London, 2009.
MOLENAAR, D., & GRAMHS, H., Rent-a-Star. The purpose of article 17(2) of the
OECD Model, Bulletin, October, 2003.
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A tributação dos artistas e desportistas em sede de IRS, IRC e IVA - vertente nacional e internacional
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
MOLENAAR, D., & GRAMHS, H., The Anourd Gerritse Case of European Court of
Justice, Intertax, número 5, 2003.
MOLENAAR, D., & GRAMHS, H., Scorpio and the Netherlands: Major Change in
Artiste and Sportsman Taxation in the European Union, European Taxation,
February, 2007.
MOLENAAR, Dick, Artiste Taxation and Mobility in the Cultural Sector, Report for
the Ministry of Onderwijs, Cultuur en Wetenschappen (Education, Culture and
Science), The Hague, 2005.
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A tributação dos artistas e desportistas em sede de IRS, IRC e IVA - vertente nacional e internacional
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
SANDLER, Daniel, The Taxation of International Entertainers and Athletes: All the
World's a Stage, Kluwer Law International, 1995, in
http://books.google.pt/books?id=QUF2BZ9OL8C&printsec=frontcover&dq=daniel+
sandler&hl=pt-PT#v=onepage&q=daniel%20sandler&f=false, acedido em
Novembro de 2011.
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A tributação dos dos
A tributação artistas e desportistas
artistas emem
e desportistas sede dede
sede IRS, IRC
IRS, e IVA
IRC e IVA- -vertente
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