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Os melhores hot hatches do universo:

Fiat Uno Turbo i.e.

Projetado por ninguém menos que Giorgetto Giugiaro, o Fiat Uno foi lançado em 1982
com a proposta de ser um carro pequeno, espaçoso, prático e barato. Contudo, isso não
impediu que ele desse origem a um dos hot hatches mais memoráveis de todos os
tempos: o Fiat Uno Turbo, que você vai conhecer melhor agora.

Há 20 anos, em 1994, a Fiat lançou no Brasil o Uno Turbo i.e., uma versão mais radical
no visual e no desempenho do pequeno hatch que deu origem ao segmento dos carros
populares por aqui. Contudo, na Itália a história da “botinha ortopédica turbinada”
começou quase dez anos antes.
Os italianos sabem mesmo fazer carros pequenos, impressão reforçada pelo baixo
coeficiente aerodinâmico do carro (Cx de apenas 0,34) e pela suspensão —
independente McPherson na dianteira e com eixo de torção atrás — que tornava o
comportamento dinâmico do carro afiado sem sacrificar demais o conforto ao rodar.
Sendo assim, o carro lançado em 1982 no Cabo Canaveral, na Flórida, mostrou-se um
substituto moderno para o Fiat 127 e uma boa arma para combater os importados
japoneses na Europa — tanto que, em março de 1985, o Uno chegou à marca de um
milhão de unidades produzidas.

Àquela altura a Fiat já havia percebido o potencial esportivo do Uno e, um mês depois,
chegava ao mercado italiano um verdadeiro foguete de bolso: o Uno Turbo i.e.
O nome é familiar aos brasileiros, mas o carro é bem diferente do nosso Uno Turbo —
esteticamente falando, porque o motor é bem semelhante: trata-se de uma versão de
1.301 cm³ do quatro-cilindros 128 SOHC da Fiat projetado por Aurelio Lampredi — um
dos grandes projetistas de motores da história — cuja arquitetura foi utilizada até
recentemente pela Fiat.

O motor usado no Uno Turbo era superquadrado — tinha o diâmetro dos cilindros, de
80 mm, consideravelmente maior do que o curso dos pistões, de 63,9 mm. O resultado
se via nas rotações: o motor se dava melhor quando girava alto, e seu limite era de 8.000
rpm. Equipado com turbocompressor operando a 0,6 bar e alimentado por um sistema
de injeção eletrônica Bosch (daí o “i.e.”), o pequeno 1.3 entregava respeitáveis 105 cv e
14,9 mkgf de torque. Puxando um carro de apenas 845 kg, era o suficiente para chegar
aos 100 km/h em 8,3 segundos, com velocidade máxima de 197 km/h.

O visual era bem diferente do nosso Uno Turbo: ele tinha para-choques pretos e faixas
escuras na parte inferior das laterais, além de faróis auxiliares no para-choque, molduras
plásticas nos para-lamas e um spoiler integrado à tampa do porta-malas. Era mais
parecido com os nossos 1.5 e 1.6 R, porém com um toque de carro de rali.
Em dezembro de 1985, a revista britânica Car comparou o Uno Turbo a outro ícone
entre os hot hatches na época, o Peugeot 205 GTI. Para a revista, o 205 só se saiu
melhor por causa da entrega de força mais linear de seu motor naturalmente aspirado,
porém ambos foram chamados de “pequenos supercarros” — e, graças ao menor
tamanho, deixaram na revista uma impressão melhor do que a do Volkswagen Golf GTI
de segunda geração. Impressionante, para dizer o mínimo.
Em janeiro do ano seguinte, a revista What Car? elogiou a sofisticação e a suavidade do
motor turbinado, principalmente em altas rotações, definindo seu desempenho como
“fabuloso”.
Quatro anos depois, toda a linha Uno passou por uma reestilização extensa, com uma
nova dianteira, mais baixa (que o deixou parecido com o Fiat Tipo) e lanternas
traseiras bem diferentes. No geral, o Uno ficou parecendo um carro maior mesmo sem
crescer, e o Uno Turbo não foi exceção — porém, sua maior atualização aconteceu
debaixo do capô.
Com diâmetro dos cilindros ampliado para 80,5mm e curso dos pistões de 67,4mm, o
motor passou a deslocar 1.372 cm³. O turbocompressor passou a operar a 0,8 bar e os
números de potência e torque subiram para 118 cv e 16,4 mkgf de torque,
respectivamente. O zero a 100 km/h passou a ser feito em 7,9 segundos e a velocidade
máxima foi para 204 km/h. Nesta segunda fase, o Uno Turbo foi produzido até 1993.
O Uno Turbo Mk2 foi muito utilizado como base para versões especiais — e obscuras
— feitas por empresas de tuning italianas. Talvez o mais famoso deles seja o Uno Turbo
Torino, feito pela preparadoraGiannini, com seu característico kit widebody — com
para-lamas e portas alargados e para-choques de desenho mais musculoso.
Além do visual mais aerodinâmico e estranhamente agradável, o Uno Turbo Torino
recebia um tapa no desempenho — com potência aumentada para 148 cv, ele era capaz
de chegar aos 220 km/h. (Valeu, msouza91!)

Foi o motor do Uno Turbo reestilizado que veio a equipar, um ano depois de seu fim na
Itália, nosso Uno Turbo — que, embora tivesse desempenho um pouco menos explosivo
do que no modelo italiano, ainda é considerado um dos melhores esportivos fabricados
no País, além de adotar um visual deliciosamente exagerado (você pode ler tudo sobre
ele neste especial!).

Mas enquanto no Brasil o Uno Turbo é considerado uma versão esportiva rara, o
modelo Europeu é, em ambas as fases, um hot hatch popular — custava um pouco
menos do que a concorrência e, por esta razão, muitos deles foram transformados em
carros de corrida e utilizados em competições regionais, tanto em autódromos quanto
em ralis — e isto acontece até hoje.

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