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CONHECIMENTO ESCOLAR E DIVERSIDADE

APRENDENDO, CONSTRUINDO E PRATICANDO

MARCONDES, Renan Aparecido 1.


VIOLA, Amanda Fischer 2.

O presente trabalho apresenta a resenha temática dos textos que compõem


os três eixos de conhecimento da disciplina “Conhecimento escolar e
diversidade" , ministrada pela Professora Dra Maria Aparecida Campos Diniz
como disciplina eletiva do curso de Mestrado Profissional em Educação da
Universidade de Taubaté - UNITAU.

Inicialmente, a resenha descrita abordará o eixo I, que apresenta as


“Interfaces da Ciência do Desenvolvimento Humano com a Educação”,
discorrendo sobre o conceito da ciência do desenvolvimento, a importância da
memória no processo de aprendizagem dos adultos, das relações entre a
psicologia e a educação, além da relação entre desenvolvimento e aprendizagem
nas teorias de Piaget e Vygotsky.O eixo aborda também as contribuições da
metacognição para o processo de aprendizagem.

O Eixo II apresentado na disciplina explana como tema central “A escola:


lócus de aprendizagem, desenvolvimento e mudança”, iniciando a análise a partir
da Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano de Bronfenbrenner,
passando pelo conceito de cultura organizacional e a importância da escola
considerar a cultura trazida pelo jovem sem deixar de promover a transmissão
do patrimônio cultural vivenciada e ofertada pelo adulto, finalizando com o
estudo a respeito do cotidiano escolar e e importância dos estudos sobre
cotidiano escolar para revelar os processos das relações sociais que configuram a
vida escolar.

Finalizando, o Eixo III discorre sobre “Práticas inclusivas na diversidade


–negociação de significados universo escolar”, iniciando com a reflexão no que diz
respeito à formação de professores e da necessidade da utilização da psicologia

Renan Aparecido. graduado em História e mestrando em Educação. VIOLA, Amanda Fischer, graduada em Administração de Empresas e
Negócios, licenciada em Matemática, graduada em Pedagogia com especialização em Psicopedagogia e mestranda em Educação.
da educação para o exercício da função do professor, desde o planejamento até a
sua atuação em sala de aula.

Os textos explorados no eixo III trazem a perspectiva das comunidades de


práticas colaborativas para a construção de novos conhecimentos e inovações no
campo do ensino, além de promover maior interação, desenvolvimento
profissional e reflexão em grupo.

Interfaces da ciência do desenvolvimento humano com a educação

CIÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO

De acordo com Dessen e Junior (2005), a ciência do desenvolvimento


focaliza a ontogênese dos processos evolutivos, destacando desde os eventos
genéticos até os processos culturais, desde os processos bioquímicos e fisiológicos
até as interações sociais, com os padrões de adaptação sendo entendidos
mediante interações dos níveis internos e externos ao indivíduo.Sendo assim, o
estudo se refere ao desenvolvimento do ser humano em sua integralidade, sob a
perspectiva física-motora, intelectual, afetivo-emocional e social – desde o
nascimento até a idade adulta, capacitando-o a adaptar-se ao seu habitat de
maneira mais efetiva. Conhecer a trajetória do desenvolvimento do indivíduo é
considerado um desafio pois é necessário o conhecimento da integração dos
múltiplos sistemas que influenciam o desenvolvimento individual.

Ao pensar no educador e no seu papel enquanto formador e transmissor


de conhecimento, é imprescindível considerar a função da memória na
construção da aprendizagem e nos processos internos construídos e significativos
para a sua atuação. É a memória que traz sentido, traz à tona as sensações,
emoções e lembranças,e remete o indivíduo a viajar no tempo e na cultura
vivenciada.

O texto de Elvira Cristina Azevedo Souza Lima(1990) reflete


historicamente a influência e os impactos da Psicologia na educação e analisa a
relação - nem sempre harmônica - entre a Psicologia e a Pedagogia.
Renan Aparecido. graduado em História e mestrando em Educação. VIOLA, Amanda Fischer, graduada em Administração de Empresas e
Negócios, licenciada em Matemática, graduada em Pedagogia com especialização em Psicopedagogia e mestranda em Educação.
A autora revela também que a psicologia se vê ameaçada pela Medicina
devido ao fracasso escolar. Como não conseguiu contribuir para a melhoria do
ensino e para a evolução da performance dos alunos, a psicologia perdeu o seu
domínio e os educadores procuram na Medicina, as soluções para os problemas
de aprendizagem.

Historicamente o texto aborda de maneira clara as pesquisas e


desenvolvimento de teorias que abordam o efeito da psicologia nos processos
educativos e afirma que:

Substituir Piaget por Vygotsky, ou Wallon, assim como introduzir meramente o


estudo etnográfico na instituição escolar, rechaçando a Psicologia e instituindo
a Antropologia, ou, ainda, substituir a Psicologia pela Medicina para
compreensão e solução do fracasso escolar, significa tão simplesmente
continuar no embate surdo e cego a que se entregam especialistas e educadores.
( LIMA, 1990, p.19)

A melhoria da educação transpassa por diversas áreas, como a Psicologia,


Linguística, Filosofia, Medicina, Biologia, Sociologia e Antropologia que
necessitam de um trabalho em parceria objetivando alavancar os processos de
aprendizagem dos alunos, minimizando o fracasso escolar.

O psicólogo russo-americano Urie Bronfenbrenner(1917-2005) foi


influenciado pelas ideias de Vygotsky(1896-1934), pai da teoria sócio-histórica,
que considera o desenvolvimento humano como o resultado das interações entre
o indivíduo e seu contexto social e Lewin (1890-1947 ) , estudioso que destaca que
as atividades psicológicas acontecem em um espaço que contém eventos
passados, presentes e futuros, ou seja, eventos que moldam e afetam o
comportamento do indivíduo.

Em sua Teoria denominada Modelo Bioecológico, publicada em 1979, o


autor defende que o desenvolvimento é um processo que envolve estabilidades e
mudanças nas características biopsicológicas dos indivíduos durante o curso de
sua vida e, também, através de gerações. Sendo assim, para entender o
desenvolvimento humano, deve-se considerar o sistema bioecológico que envolve
o sujeito enquanto ocorre o seu desenvolvimento. O autor considera o
desenvolvimento dependente de quatro dimensões que interagem entre si,
denominadas de “Modelo ppct” –Processo, Pessoa, Contexto e Tempo.

Renan Aparecido. graduado em História e mestrando em Educação. VIOLA, Amanda Fischer, graduada em Administração de Empresas e
Negócios, licenciada em Matemática, graduada em Pedagogia com especialização em Psicopedagogia e mestranda em Educação.
A escola: lócus de aprendizagem, desenvolvimento e mudança
Ao investigar o desenvolvimento humano e as suas relações com a
aprendizagem, é fundamental considerar o papel da escola nesse contexto. Marli
André (2003) considera como um rico campo de estudo e afirma que ao estudar o
cotidiano escolar, estudam-se as interações sociais dos sujeitos no ambiente
natural em que ocorrem. Analisando as especificidades do cotidiano escolar,
tenta-se entender como os sujeitos se apropriam das normas, regulamentos e
inovações, bem como os anseios das famílias, as relações sociais desenvolvidas na
escola, os desafios enfrentados na sala de aula, entre outras características
próprias do ambiente escolar, que podem nortear o estabelecimento de políticas
públicas, os processos de gestão do sistema educativo e os processos de formação
dos profissionais da educação.

Vale ressaltar a importância da cultura escolar organizacional


estabelecida em cada Unidade Escolar. Essa cultura mostra e define a imagem e
o sentido de uma organização, ou seja, fatores que compõem a identidade de
cada organização. Quando essas organizações desenvolvem princípios estáveis e
estruturados, elas têm essa cultura presente de maneira sólida e concreta, em que
a lealdade e o compromisso do grupo fazem com que os membros permaneçam
por mais tempo e se envolvam no processo organizacional. No caso da Cultura
escolar, os valores consolidados no ambiente escolar transformam a escola em
uma instituição mais eficaz. A partir do momento em que os educadores
estabelecem vínculos entre si, conexão com os estudantes, comunicação
cooperativa e relação solidária, a Cultura Escolar se fortalece assegurando o
maior desempenho dos alunos e profissionais.

Finalizando, Maria Luiza M. Xavier nos traz a reflexão sobre “Escola e


mundo contemporâneo - Novos tempos, novas exigências e novas possibilidades”,
apresentando a construção da cultura escolar por parte dos adolescentes -
principalmente dos meios populares - e definindo a função da escola para
Renan Aparecido. graduado em História e mestrando em Educação. VIOLA, Amanda Fischer, graduada em Administração de Empresas e
Negócios, licenciada em Matemática, graduada em Pedagogia com especialização em Psicopedagogia e mestranda em Educação.
auxiliar na construção dessa cultura. O texto aborda o resgate da função
humanizadora da escola e define a aprendizagem como um processo global, em
que a escola necessita ser vista como espaço para aprender e aprender a viver.

Os jovens, principalmente os de classe popular, têm o espaço escolar como um


dos únicos espaços de vivência, de convivência. A escola é hoje o espaço de
vivência para a juventude não contemplada em outras instâncias nas políticas
públicas. A sociedade não tem, em sua organização, outros lugares próprios
para a juventude nem para as crianças. (XAVIER, 2008, p.15)

Sendo assim, mostra-se a necessidade de um trabalho diferenciado, com


foco no sujeito, em que o professor necessita além de dominar saberes sobre
práticas de ensino, compreender sobre a formação integral do ser humano na
sociedade moderna, objetivando estimular as suas capacidades cognitivas,
intelectuais, comunicativas, criativas sociais e afetivas.

Práticas inclusivas na diversidade

Negociação de significados Universo Escolar

Os textos doravante apresentados discutem de forma empírica os


conceitos de cultura, cultura escolar, diversidade, educação e neoliberalismo.

O mundo como um todo desde meados da década de 1990 passou por


profundas transformações em todas as áreas, e a educação por sua vez não fugiu
à regra. Vivemos em um mundo que abriu espaços a diversidade de uma forma
rápida, o que gerou a necessidade dos profissionais da educação em aprimorar
práticas de ensino e aprendizagem para atender a nova realidade.

O conceito de cultura escolar está atrelado diretamente ao conceito de


diversidade. A escola é um microcosmo da sociedade. Logo, é possível visualizar
dentro do ambiente escolar diversas correntes de pensamento, práticas docentes,
alunos com concepções de mundo díspares. Todo esse conglomerado de ações,

Renan Aparecido. graduado em História e mestrando em Educação. VIOLA, Amanda Fischer, graduada em Administração de Empresas e
Negócios, licenciada em Matemática, graduada em Pedagogia com especialização em Psicopedagogia e mestranda em Educação.
pensamentos e práticas geram conflitos de diversas naturezas: geracional,
pedagógico e cultural.

O grande desafio no século XXI é garantir a equidade na educação. A


inclusão escolar é um fator existente e irreversível. Alguns docentes ainda se
mostram despreparados ou receosos em trabalhar com a diversidade oriunda da
inclusão. Podemos dizer que é um caminho de sentido único. Não há
possibilidade de retorno. O professor e a comunidade escolar precisam se
adaptar a essa nova conjuntura.

Como foi explanado acima, a escola é um ambiente da heterogeneidade e


do confronto de culturas. Perez Gomes classifica a escola da seguinte forma:
“propus considerar a escola como um espaço ecológico do cruzamento de
culturas, cuja responsabilidade específica, que a distingue de outras instituições e
instâncias de socialização e lhe confere sua própria identidade e relativa
autonomia, é a mediação reflexiva daqueles influxos plurais que as diferentes
culturas exercem de forma permanente sobre as novas gerações para facilitar seu
desenvolvimento educativo (citação GOMEZ, 2001, p.17).

Para efeito de conclusão podemos considerar o ambiente escolar como um


local do encontro da pluralidade de ideias, pensamentos e culturas. Um ambiente
permeado pela diversidade em todos os aspectos.

Renan Aparecido. graduado em História e mestrando em Educação. VIOLA, Amanda Fischer, graduada em Administração de Empresas e
Negócios, licenciada em Matemática, graduada em Pedagogia com especialização em Psicopedagogia e mestranda em Educação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRÉ, Marli. O cotidiano escolar, um campo de estudo. O coordenador


pedagógico e o cotidiano da escola. São Paulo: Loyola, 2003.

ÁVILA, I. S. (Org.) Escola e Sala de Aula, Mitos e Ritos- um olhar pelo avesso
do avesso. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2008.

BROFENBRENNER, U. Tendências biecológicas do desenvolvimento -


Bioecologia do desenvolvimento humano – tornando os seres humanos mais
humanos. Porto Alegre: Artmed, 2011.

DESSEN, M.A. E JUNIOR, A.L.C. A ciência do desenvolvimento humano:


tendências atuais e perspectivas futuras. Porto Alegre: ArtMed, 2005.

HOY, W. et all. Administração educacional- teoria, pesquisa e prática.Porto


Alegre: AMGH, 2015.

https://drive.google.com/file/d/1oAvgh6d7DDL83hy_LFpR7SrD9DQ9bZvk/view

https://drive.google.com/file/d/1pu0LZmWyYgn5wwqgOjuw39eHQqyyX3Cx/vie
w

https://drive.google.com/file/d/1Y4J5DYKveGpr2Ghu_d-4etvp4XS8PG34/view

LIMA, Elvira. O conhecimento psicológico e suas relações com a educação. Em


Aberto, v. 9, n. 48, 1990.

PLACCO, Vera Maria N. De Souza; DE SOUZA, Vera Lucia Trevisan.


Aprendizagem do adulto professor. Edicoes Loyola, 2006.

Renan Aparecido. graduado em História e mestrando em Educação. VIOLA, Amanda Fischer, graduada em Administração de Empresas e
Negócios, licenciada em Matemática, graduada em Pedagogia com especialização em Psicopedagogia e mestranda em Educação.

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