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Neemias, Preparando-se Para Reconstruir

Ne 1.1-2.1 –

Introdução

O texto que terminamos de ler relata a experiência de Neemias, servo de Deus e funcioná rio de confiança do rei
da Pérsia, Artaxerxes I, por ocasiã o dos meses quisleu a nisã do calendá rio judaico, provavelmente novembro-
dezembro de 446 a março-abril de 445 a.C. Neemias recebe a visita de parente que lhe relatam a situaçã o de seus
conterrâ neos e da cidade de Jerusalém.

Estamos diante de um relato introdutó rio para o grandioso tema deste livro. Grande parte da populaçã o judaica
havia sido levada "para o exílio"; os que foram deixados em Jerusalém passavam por "grande miséria e
desprezo". Quanto à cidade, estava desolada, com seus muros "derribados, e as suas portas, queimadas". Siã o, a
cidade de Deus, era agora uma caricatura daquilo que havia sido nos tempos de Salomã o; a gló ria do Senhor
havia partido; os alegres câ nticos do templo estavam silenciados – aliá s, o pró prio santuá rio estava destruído;
nã o se ouvia a leitura da Palavra de Deus, nem era confirmada a sua graça mostrada nos cerimoniais vespertinos.
O centro de proclamaçã o do juízo e da bondade divina estava maculado, destruído. O orgulho judaico estava
lançado ao pó . Enfim, a realidade existente em Judá destoava das descriçõ es grandiosas dos relatos
escriturísticos. Jerusalém, trono de Davi, nú cleo mundial de glorificaçã o dos atributos divinos, estava exaurida,
envergonhada e fulminada.

Esse registro preparató rio serve de palavra inicial para o assunto do livro: Como reagir ao infortú nio ou como
reconstruir o que foi derrubado. Reconstruir é mais difícil do que iniciar do zero. Qualquer construtor ou mesmo
proprietá rio de um imó vel sabe que é mais complicado corrigir falhas do que construir a partir de um projeto em
um terreno vazio. Isso se aplica a imó veis e se aplica à vida. É muito mais fá cil iniciar um relacionamento do que
encontrar novamente o caminho de entrada em um coraçã o magoado. É excitante começar na vida profissional,
mas extremamente difícil levantar novamente a cabeça e tentar de novo, depois de um fracasso. É maravilhosa a
entrada nos estudos, mas o mais desafiador é voltar depois de parar por alguns anos. Começar a servir a Deus é
uma bênçã o repleta de alegrias; porém, constatar que a vida com o Senhor está em ruínas, que os valores
espirituais encontram-se carcomidos, que a gló ria do Altíssimo se foi e que agora é preciso reconstruir – eis uma
tarefa a que muitos poucos se dispõ em.

Um fato da existência é que todos nó s – todos, sem exceçã o – temos á reas da vida que precisam de reconstruçã o
e reforma. Apesar da abundante provisã o divina, há aqueles que encontram-se em "grande miséria". Apesar do
amor divino, que enche os céus e nos circunda em todo o tempo, há aqueles que experimentam "grande
desprezo". Os muros de algumas vidas – seus limites de proteçã o – "estã o derribados". Em outras, encontramos
"portas queimadas".

Tais situaçõ es de vexame e desalento se fazem presentes na individualidade e na existência corporativa e


orgâ nica que Deus chama de Igreja. A Igreja do Senhor encontra-se, em diversos aspectos, desolada. Dentre o
povo de Deus, nã o sã o poucos os que estã o, no que diz respeito aos seus recursos espirituais, "em grande miséria
e desprezo". O lugar de adoraçã o foi derrubado no coraçã o de alguns e os muros de proteçã o, as barreiras da
graça que deveriam estar firmes, separando e protegendo-nos dos ataques dos inimigos, tem sido
sistematicamente derrubadas e queimadas.

Esta é uma palavra que se dirige a desalentados, a pessoas que olham para dentro de si mesmas – ou ao redor – e
enxergam fatos que incomodam, perturbam, entristecem e desesperam. Estou falando com gente que olha dentro
ou em torno de si e percebe que as coisas nã o estã o como deveriam estar, que aquelas portas e aqueles muros
estã o faltando; que o santuá rio, morada do Espírito, foi maculado, que há evidências de destruiçã o.

Pessoas reagem aos infortú nios de formas diferentes. Há quem fique paralisado. Ocorreu a destruiçã o; o caos
deixou sua marca e nã o há como apagá -la. Nã o há, absolutamente, nenhuma possibilidade de reconstruir. Os
motivos para tal passividade podem ser vá rios: medo (reconstruir é amedrontador), incredulidade (a convicçã o
ou sentimento de que nã o é possível reconstruir), vontade fraca (reconstruir dá trabalho); comodidade (tem
gente que se acostuma a viver em meio às ruínas).

Há quem creia que reconstruir é possível. Esta segunda categoria de pessoas é muito bem representada por
Neemias. Existe uma raça de seres humanos – denominada "raça eleita" (1 Pe 2.9) que é assessorada, orientada e
capacitada pelo Criador para impactar a histó ria, alterando quadros considerados irreversíveis. Há na Bíblia um
grupo de pessoas – uns tais cristã os – que nã o se dobram diante do mal, que nã o se acostumam com a visã o das
portas queimadas e dos muros derribados.

Você pode encarar a vida de duas formas, sob o ponto de vista natural ou sob o ponto de vista de Deus. As açõ es
resultantes destas duas maneiras de ver as coisas sã o muito diferentes. Quem enxerga a existência sob a ó tica
natural se torna fá cil presa da desdita, da desgraça. Como os empreendedores de Babel, termina seu
empreendimento em meio a grande confusã o. Quem enxerga os fatos sob a ó tica divina recebe a graça da fé, do
arrependimento, da esperança. Impulsionado pelo Espírito Santo, prossegue confiante no Senhor, fortalecido
pela "força do seu poder".

O que é necessá rio para reconstruir? Quais os recursos, as posturas, as definiçõ es da vontade que se tornam
imprescindíveis para levarmos adiante as reformas, as reconstruçõ es orientadas por Deus? O Soberano nos
responde a tais perguntas, através do exemplo de Neemias.

Verifique O Que Precisa Ser Reconstruído

A primeira açã o necessá ria é definir o que precisa ser reconstruído. Neemias recebeu informaçõ es claras sobre o
estado de Jerusalém (vv. 2-3). Ele mostrou interesse em saber como as coisas estavam e tudo lhe foi dito por
Hanani e seus companheiros. As notícias nã o foram nada agradá veis, mas foram fundamentais para que se
iniciassem no coraçã o de Neemias as disposiçõ es para a obra de reconstruçã o.

O levantamento de dados negativos é uma tarefa desagradá vel e por isso mesmo evitada por muitas pessoas. O
levantamento detalhado de informaçõ es mostra o real estado de um problema. É comum sentir-se ameaçado
com o desvendamento desses detalhes. Deixar de considerá -los dá uma falsa impressã o de que eles nã o existem
ou sã o menores do que realmente sã o.

É mais fá cil cobrir uma trinca ou rachadura com uma cortina do que quebrar a parede e refazer as cintas ou
fundaçõ es. É aparentemente mais simples fingir que a necessidade de reconstruçã o nã o existe. Há quem finja nã o
saber dos fatos. Neemias podia receber os amigos, oferecer-lhe uma refeiçã o, conversar sobre diversos assuntos
e dispensar o tema "desgraça de Jerusalém". Podia despedir seus amigos com alegria depois de uma tarde
agradá vel e depois envolver-se em suas tarefas profissionais, como alto funcioná rio da corte de Artaxerxes. Por
que tocar em assuntos desagradá veis, por que tomar conhecimento de fatos que o arrancariam de sua zona de
conforto? Esse é o raciocínio de alguns que preferem "nã o avaliar, nã o conhecer, nã o verificar as necessidades de
reconstruçã o".

Note aquela á rea de sua vida – totalmente "derribada" e ao mesmo tempo totalmente desconsiderada por você.
Você finge que está tudo bem, que nã o é preciso tomar nenhuma providência. Você acorda e se deita todos os
dias com aquela sensaçã o de peso, aquele incô modo, aquela espetada da consciência, aquele desconforto, aquela
"azia" existencial, uma sensaçã o de queimaçã o, de angú stia indefinida. Algo precisa ser mudado, precisa ser
reformado, precisa ser reconstruído, mas você insiste em nã o encarar os fatos de frente, você os nega fingindo
que nã o os vê. O Espírito Santo lhe incomoda diariamente mas você volta as costas para os fatos e retorna para a
sua "corte Persa", sem "tomar pé" das verdades importantes que podem produzir mudanças em sua alma.

Note aquela á rea da igreja que precisa ser reconstruída. As portas de devoçã o estã o queimadas; Jerusalém foi
tomada e deixada em ruínas; o santuá rio foi profanado e torna-se urgente a tarefa de reconstruçã o – mas você
continua impassível, indiferente a este lastimá vel estado de coisas.

A orientaçã o apostó lica, lembrada na Ceia, "examine-se, pois, o homem a si mesmo" (1 Co 11.28a) é muito pouco
praticada em profundidade. Nã o de trata de fazer um rápido levantamento sobre as "escorregadas" da ú ltima
semana, nem listar aquelas falhas cerimoniais ou transgressõ es superficiais. No auto-exame, nã o somos
chamados a analisar os riscos existentes na pintura de nossa alma, mas para checar seus alicerces, suas muralhas
e suas portas. Precisamos fazer isso para constatar as verdadeiras necessidades de reforma e reconstruçã o.

A carne e o diabo farã o de tudo para dissuadi-lo desta verificaçã o. Eles estarã o contentes com sua auto-
indulgência. O pecado vai lhe estimular a plantar girassó is diante dos muros derribados e a disfarçar as portas
queimadas com agradá veis cortinas de seda.
O problema é que você continuará sem defesa ou segurança alguma. Girassó is e cortinas nã o contém o avanço de
exércitos inimigos. É preciso reconstruir os portõ es e as muralhas. Temos de abrir os olhos para perceber tais
necessidades. Para verificar o que precisa ser reconstruído, conte com o auxílio do Espírito Santo:

"Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque nã o crêem em mim; da
justiça, porque vou para o Pai, e nã o me vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado" (Jo
16.8-11).

"Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coraçã o, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum
caminho mau e guia-me pelo caminho eterno" (Sl 139.23-24).

"Quem há que possa discernir as pró prias faltas? Absolve-me das que me sã o ocultas. Também da soberba
guarda o teu servo, que ela nã o me domine; entã o, serei irrepreensível e ficarei livre de grande transgressã o" (Sl
19.12-13).

Entenda claramente que Deus quer ajudá -lo a reconstruir. O Senhor faz todas as coisas com beleza, santidade e
harmonia. Ele é o Senhor da Criaçã o – Ele é o Senhor da Nova Criaçã o, aquele que "faz novas todas as coisas".

Para as pessoas que desejam contar com a ajuda divina para reconstruírem, eis uma sugestã o de oraçã o: "Deus
Triú no, digno de toda honra e louvor, mostra-me as á reas de minha vida que precisam ser reconstruídas. Senhor
e Redentor meu, sonda-me, desperta-me, revela a mim o que precisa ser mudado. Mostra-me também, em tua
Igreja e em meu compromisso com o teu reino, o que precisa ser reconstruído. Em nome de Jesus, amém".

Deixe-se Tocar Pelo Infortúnio

Nã o apenas Neemias obteve informaçõ es sobre a ruína de Jerusalém – ele deixou-se impactar por elas (v. 4a):
"Tendo eu ouvido estas palavras, assentei-me, e chorei, e lamentei por alguns dias".

Conhecer, encarar os fatos sobre aquilo que está derribado, demolido e queimado; esse é um primeiro passo
abençoado, mas ainda nã o é o suficiente para produzir reconstruçã o. É preciso algo mais. Principalmente para
nossa geraçã o televisiva, nã o é incomum receber informaçõ es e permanecer impassivo. Assistimos a cenas de
violência em uma grande capital brasileira ou vemos crianças morrendo de fome na Á frica. Ficamos
superficialmente chocados, desligamos a TV e vamos jantar. É assim que as coisas funcionam. Recebemos
notícias terríveis mas nã o somos pessoalmente envolvidos por elas. O mesmo ocorre com relaçã o à s coisas
espirituais. Sabemos que determinada á rea de nossa vida precisa ser reconstruída, está arruinada, precisando de
obras urgentes e pensamos: "quando Deus quiser ele muda isso" ou "nã o há problema algum em ter uma
portinha queimada aqui e uma parede caída ali; esse negó cio de crente que cresce continuamente conforme a
imagem de Cristo é fanatismo, é utopia, é coisa pra bitolados... Eu vou seguindo assim mesmo". E a vida continua
torta, capenga – uma fachada pintada aqui; a porta dos fundos queimada, os muros do quarta derribados, o
santuá rio – a vida devocional – destruído. E assim caminhamos.

Lembro-me da estó ria da conversa do imperador romano com seu general, enquanto caminhavam por uma
plantaçã o de trigo. O soberano perguntava ao seu homem de guerra "o que devo fazer para manter-me sempre
no poder, para impedir que surja alguém que me tire do trono?". O militar desembainhou sua espada e cortou
rente uma parte do trigo que encontrava-se à beira da estrada. "Mantenha toda a populaçã o assim. Nivele por
baixo; impeça que qualquer um se destaque dos demais". A manutençã o da mediocridade, a nivelaçã o por baixo –
eis a estratégia dos déspotas para impedir a ascensã o dos virtuosos. O povo, ao invés de ser estimulado a
desenvolver-se integralmente, passou a ser "suprido" com pã o e circo.

Pergunta-se onde estã o os grandes santos do século XXI. Onde estã o os profetas, o povo que se destaca pela
obediência, coragem, humildade, unçã o, frutificaçã o e poder? Onde está a geraçã o que fará diferença na histó ria
do cristianismo deste início de século? Alguém respondeu que nenhum santo aparece porque nenhum dos
crentes está disponível. Muitos estã o ocupados demais querendo construir o seu patrimô nio terreno, enquanto o
restante encontra-se despreocupado – reconhecendo que algo precisa ser refeito, algo precisa ser restaurado,
algo precisa ser reconstruído, mas por que se importar com isso, por que desgastar-se com preocupaçõ es
faná ticas e idéias tolas? Por que buscar restauraçã o, reconstruçã o e reforma?
De acordo com o texto, apó s receber as notícias sobre o povo e a cidade de Jerusalém, Neemias assentou-se,
chorou e lamentou por "alguns dias" (v. 4). Por quantos dias? Lemos em Ne 1.1 que aquele servo de Deus recebeu
a notícia "no mês de quisleu, no ano vigésimo" (novembro-dezembro de 446 a.C.). Ne 2.1 nos informa que ele
apresentou-se ao rei, para suplicar ajuda, "no mês de nisã, no ano vigésimo do rei Artaxerxes" (março-abril
de 445 a.C.). Isso indica um período de 4 meses ou 120 dias de choro e lamentaçã o. Estamos diante de um
homem que foi afetado profunda e poderosamente pelo infortú nio.

Eu quero chamar você nesta hora a considerar a sua vida diante do Senhor, a expor suas mazelas e ruínas e a
lamentar. Busque fazer isso sem atenuar a dor. Sinta-a por inteiro, exponha-se ao juízo divino e peça para
enxergar as coisas de acordo com a ó tica da santidade divina. Suplique para que Deus lhe conceda ver o pecado e
suas conseqü ências com os olhos dEle. Entristeça-se, lamente, chore, deixe que o Espírito Santo complete Sua
obra em seu coraçã o. Deixe que a graça inicie sua cirurgia espiritual produzindo arrependimento, tristeza
segundo Deus e que ela instile em você o desejo fortíssimo de reconstruir, de buscar restauraçã o e reforma:

Bem-aventurados vó s, os que agora chorais, porque haveis de rir.

Ai de vó s, os que agora rides! Porque haveis de lamentar e chorar. Lc 6. 21b, 25b.

Este é o segundo passo necessá rio: deixar-se afetar, impactar pelo infortú nio. Incomodar-se e chorar pelas
ruínas, pela desgraça e pelo desprezo. Nã o conformar-se com o atual estado de coisas e lançar-se diante de Deus
com choro e lamentaçã o.

Comece a Agir

Todo o livro de Neemias, como eu já afirmei há pouco, trata do grandioso tema da reconstruçã o ou de "como
reconstruir o que foi derribado". Todo o livro é cheio dos atos de Deus e dos atos dos homens, destacando-se,
obviamente, os atos de Neemias, que foi o líder da reconstruçã o dos muros enquanto Esdras liderou a
reconstruçã o do templo de Jerusalém.

Temos visto também que o cristianismo é uma fé que convoca para reconstruir. Definitivamente a fé cristã é
totalmente diferente do hinduísmo, que prega o conformismo baseado na lei do carma. O cristianismo nos
convida a olhar para o que está arruinado e reconstruir, a olhar para o que está feio e embelezar, a olhar para o
que está maculado e santificar, a olhar para o que está estragado e consertar. O cristianismo é a religiã o viva e
verdadeira de Deus e Deus é o Senhor que "faz novas todas as coisas" (Ap 21.5), que traz vida nova, que muda,
transforma, quebranta, molda, restaura, edifica, planta, rega, produz fruto – enfim, o Deus da Vida que vivifica.
Entã o, nã o devemos nos conformar com menos do que a plenitude de Deus para nossas vidas.

"Por esta razã o, também nó s, desde o dia em que o ouvimos, nã o cessamos de orar por vó s e de pedir que
transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual; a fim de
viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no
pleno conhecimento de Deus; sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua gló ria, em toda a
perseverança e longanimidade, com alegria, dando graças ao Pai, que vos fez idô neos à parte que vos cabe da
herança dos santos na luz" Cl 1.9-12.

A pró xima verdade a estabelecer é esta: toda reconstruçã o que permanece começa com oraçã o e jejum: "e estive
jejuando e orando perante o Deus dos céus" (v. 4). A reconstruçã o de Jerusalém, uma obra física, demandava
recursos espirituais. A reconstruçã o de qualquer aspecto de nossas vidas, a restauraçã o espiritual da igreja de
Jesus Cristo aqui chamada de Igreja Presbiteriana Central do Gama, enfim, qualquer obra relacionada à gló ria de
Deus em nó s demanda busca de sua face e prá tica do jejum.

Neemias lançou-se a um período contínuo de oraçã o e jejum: "Estejam, pois, atentos os teus ouvidos, e os teus
olhos, abertos, para acudires à oraçã o do teu servo, que hoje faço à tua presença, dia e noite, pelos filhos de
Israel, teus servos..." (v. 6). Eles fez isso por quatro meses consecutivos, ininterruptamente.

Este relato combina com outras histó rias da Escritura. Moisés buscou a presença do Senhor em um jejum de 40
dias, antes de receber as tá buas da Lei (Ê x 24.18). O Senhor Jesus jejuou 40 dias e 40 noites antes de enfrentar o
diabo e iniciar o seu ministério frutífero (Mt 4.1-2). De acordo com At 14.23, os presbíteros eram eleitos na
igrejas de Listra, Icô nio e Antioquia, depois da prá tica de oraçõ es "com jejuns". O apó stolo Paulo fala de sua
experiência ministerial nestes termos: "nos açoites, nas prisõ es, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos
jejuns" (2 Co 6.5a) e ao referendar o seu apostolado, em 2 Co 11.27, ele reafirma: "em trabalhos e fadigas, em
vigílias, muitas vezes; em fome e sede, em jejuns, muitas vezes; em frio e nudez".

Há quem diga que oraçã o e jejum nã o é coisa para presbiterianos. "Somos calvinistas", dizem, como se o termo
calvinista significasse "alguém que nã o ora nem jejua". Na verdade desafio você a ler a maior obra teoló gica de
Joã o Calvino, suas Institutas, e a constatar que ele dedica mais pá ginas ao ensino sobre oraçã o e busca de Deus do
que à doutrina da predestinaçã o. Temos de banir de vez esta noçã o de que presbiterianismo é sinô nimo de
flacidez devocional, que Igreja Presbiteriana é refú gio para quem nã o gosta de orar e jejuar.

Você quer reconstruir? Antes de qualquer coisa pare, ore e jejue. Por quanto tempo? Pelo tempo que o Espírito
lhe orientar. Busque-o persistentemente, humildemente, disciplinadamente. Lute pela reconstruçã o até vê-la
finalizada, para a gló ria do Senhor Jesus.

De acordo com o texto, o sinal da verdadeira sensibilidade ao infortú nio chama-se sede de Deus e
arrependimento, manifestados na confissã o (vv. 6-9).

Veja que, no final do período de oraçã o, Neemias tinha uma estratégia concedida pelo Altíssimo (v. 11). Esse foi o
resultado de sua busca de Deus com lamento, choro e jejum.

Conclusão

Estamos designando este mês de o mês das bases da restauraçã o. Isso porque todo o Conselho tem convicçã o de
que temos muitas "portas queimadas" e "muros derribados". Individualmente, coletivamente, mudanças sã o
necessá rias. O Espírito Santo está soprando em muitos coraçõ es, afirmando que coisas vã o acontecer. Deus vai
realizar o seu propó sito em sua vida e na vida desta igreja. Mas para sermos a igreja que está na mente de Deus,
precisamos edificar de acordo com o projeto divino.

Estamos conclamando todos à dedicaçã o de suas vidas em jejum e oraçã o. Deus tem algo a fazer e ele nos chama
a lamentar, chorar, confessar e jejuar. É findo o tempo do domínio do pecado. É findo o tempo da vida superficial
com o Senhor. É findo o tempo da ausência de frutos. Chegou a hora de reconstruir muros e assentar novas
portas. E isso tudo diz respeito a você.

Hoje pela manhã o evangelista Cícero falou sobre avivamento espiritual, na congregaçã o do Lago Azul. Pude
afirmar ali que todo avivamento registrado na histó ria começou com um período de busca de Deus, de
consagraçã o, uma disposiçã o firme da vontade para reconstruir.

Faça um levantamento do que precisa ser mudado; torne-se sensível à visã o das ruínas, deixe-se tocar pelo
infortú nio e busque a Deus com choro, com lamento e com jejum. Este é o mês das bases da restauraçã o.

Quero terminar convidando você a ler comigo Ne 2.18: "E lhes declarei como a boa mã o do meus Deus estivera
comigo e também as palavras que o rei me falara. Entã o, disseram: Disponhamo-nos e edifiquemos. E
fortaleceram as mã os para a boa obra".

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