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Alteridade
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Alteridade do latim alteritas ('outro') é a concepção que parte do pressuposto básico de que
todo o ser humano social interage e é interdependente do outro. Assim, como muitos
antropólogos e cientistas sociais afirmam, a existência do "eu-individual" só é permitida
mediante um contato com o outro (que em uma visão expandida se torna o Outro, ou seja, a
própria sociedade diferente do indivíduo). Assim, pode também se dizer que a alteridade é a
capacidade de se colocar no lugar do outro na relação interpessoal (relação com grupos, família,
trabalho, lazer e a relação que temos com os outros, etc...), com consideração, identificação e
dialogar com o outro. Por fim, alteridade não significa que tenha de haver uma concordância,
mas sim uma aceitação de ambas as partes.

A importância da alteridade numa perspectiva antropológica, quando qualquer pessoa


entra em contato com outra de cultura diferente, ela deve entender, e compreender esta cultura
sem fazer o juízo de valor ou com preconceitos, assim é possível entender, não só a cultura do
outro, como também a nossa de forma mais ampla, a antropologia é conhecida como a ciência
da alteridade, porque tem como objetivo o estudo do Homem na sua plenitude e dos fenômenos
que o envolvem. Com um objeto de estudo tão vasto e complexo, é imperativo poder estudar as
diferenças entre várias culturas e etnias. Como a alteridade é o estudo das diferenças e o estudo
do outro, ela assume um papel essencial na antropologia. A alteridade é importante nas relações
sociais e no combate ao racismo, etc.

Índice
Definições
Todorov
Ver também
Referências

Definições
Relação de sociabilidade e diferença entre o indivíduo em conjunto e a unidade, onde os dois
sentidos inter-dependem na lógica de que para constituir uma individualidade é necessário um
coletivo. Dessa forma eu apenas existo a partir do outro, da visão do outro, o que me permite
também compreender o mundo a partir de um olhar diferenciado, partindo tanto do diferente
quanto de mim mesmo, sensibilizado que estou pela experiência do contato.

Segundo a enciclopédia Larousse (1998), alteridade é um “Estado, qualidades daquilo que é


outro, distinto (antônimo de Identidade). Conceito da filosofia e psicologia: relação de oposição
entre o sujeito pensante (o eu) e o objeto pensado (o não eu).” [1]

A “noção de outro ressalta que a diferença constitui a vida social, à medida que esta efetiva-se
através das dinâmicas das relações sociais. sendo, a diferença é, simultaneamente, a base da

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vida social e fonte permanente de tensão e conflito” (G. Velho, 1996:10)

A importância da alteridade numa perspectiva antropológica, quando qualquer pessoa entra em


contato com outra de cultura diferente, ela deve entender, e compreender esta cultura sem fazer
o juízo de valor ou com preconceitos, assim é possível entender, não só a cultura do outro, como
também a nossa de forma mais ampla, a antropologia é conhecida como a ciência da alteridade,
porque tem como objetivo o estudo do Homem na sua plenitude e dos fenômenos que o
envolvem. Com um objeto de estudo tão vasto e complexo, é imperativo poder estudar as
diferenças entre várias culturas e etnias. Como a alteridade é o estudo das diferenças e o estudo
do outro, ela assume um papel essencial na antropologia. a alteridade é importante nas relações
sociais e no combate ao racismo, etc...

“A experiência da alteridade (e a elaboração dessa experiência) leva-nos a ver aquilo que


nem teríamos conseguido imaginar, dada a nossa dificuldade em fixar nossa atenção no
que nos é habitual, familiar, cotidiano, e que consideramos ‘evidente’. Aos poucos,
notamos que o menor dos nossos comportamentos (gestos, mímicas, posturas, reações
afetivas) não tem realmente nada de ‘natural’. Começamos, então, a nos surpreender
com aquilo que diz respeito a nós mesmos, a nos espiar. O conhecimento (antropológico)
da nossa cultura passa inevitavelmente pelo conhecimento das outras culturas; e
devemos especialmente reconhecer que somos uma cultura possível entre tantas outras,
mas não a única.”[2]

Todorov
Tal tema foi estudado ainda por Tzvetan Todorov em seu livro A conquista da América - a
questão do outro, onde é estudado no contexto do descobrimento e a conquista da América no
primeiro centenário após a primeira viagem de Colombo, basicamente no século XVI. Há ainda,
contudo, menções a essas relações de alteridade em obras anteriores a Todorov, como por
exemplo, em Michel de Montaigne, um dos autores dos textos a serem cruzados:

"Mas, para retornar a meu assunto, acho que não há nessa nação nada de bárbaro e de
selvagem, pelo que me contaram, a não ser porque cada qual chama de barbárie aquilo
que não é de costume; como verdadeiramente parece que não temos outro ponto de
vista sobre a verdade e a razão a não ser o exemplo e o modelo das opiniões e os usos
do país em que estamos".[3]

Apontamentos podem ser feitos não só durante o processo de conquista e colonização da


América, mas em toda a história do contato entre diferentes povos e culturas. Por exemplo,
pode-se partir desde Cortés, que procurou conhecer o outro, buscando intérpretes e
estabelecendo táticas de guerra. Surge aqui uma personagem curiosa: Malinche. Ela foi dada
por Montezuma aos espanhóis e acaba sendo fundamental para o processo de conquista
promovido por Cortés, pois sabia a língua dos maias e astecas e posteriormente também o
espanhol. Para os indígenas é o símbolo da traição, para outros é o símbolo da mestiçagem,
porque Malinche não é somente bilíngüe, mas também "bicultural", e adotou inclusive a
ideologia do "outro". Deste modo, a humanidade do outro só foi concebida quando integrada à
cultura do "eu", ocorrendo uma assimilação, uma integração da cultura do "outro" à europeia,
no caso.

Avançando cronologicamente na História, é possível ainda encontrar relatos de relações de


alteridade no texto "Descobrindo os brancos", de autoria de um índio ianomâmi chamado Davi
Kopenawa Yanomaqui, já no século XX. Nele, as relações de alteridade mais uma vez são
descritas, desta vez devido à invasão de suas terras, no estado brasileiro do Amazonas, por
milhares de garimpeiros entre os anos de 1987 e 1990.

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Assim, a análise crítica dessas obras pode levar à indagação de que, por vezes, os estudos
históricos possam ser em parte o reflexo do modo de agir e pensar dos europeus na época da
conquista, que tomaram a sua sociedade, os seus valores como o "correto" e o "modelo" a ser
seguido pelos "outros".

Há outras ideias que podem ser relacionadas ao conceito de alteridade. Quando ligado à
literatura, por exemplo. O "eu" que fala na obra não é mais o eu que escreve.

Ver também
▪ Outro

Referências
1. Grande Enciclopédia Larousse Cultural (1998). São Paulo: Nova Cultural.
2. Laplatine, François (2003). Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense. pp. 12–13
3. MONTAIGNE, Michel de. Ensaios. São Paulo: Martins Fontes, 2000. Volume I. Capítulo
XXXI; Dos canibais. p. 307

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Esta página foi editada pela última vez às 18h02min de 8 de outubro de 2020.

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