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PÓS-GRADUAÇÃO EM LÍNGUA, LITERATURA E CULTURA LATINA

A VISÃO LITERÁRIA DO CAMPO NA VISÃO DO HOMEM ROMANO

Professor: Manuel Rolph

Discente: Mônica Nunes

Atividade: Do texto "O CAMPONÊS" de Jerzy KOLENDO se tivessem de dividi-lo, como fariam?
Deem título a cada uma destas seções ou partes e elenquem as principais ideias de cada uma delas.

Referência: KOLENDO, Jerzy. O Camponês. In: Andrea GIARDINA (org.), "O Homem Romano".
Lisboa: Presença, 1992, p. 169-178.

Divisões do texto “O Camponês” de Jerzy Kolendo, conforme solicitado na atividade acima


descrita.

1) DEFINIÇÃO DO TERMO RUSTICUS EM OPOSIÇÃO À URBS E A AMBIVALÊNCIA


ENTRE AGRICOLA E COLONUS

Para apresentar a definição do termo, Kolendo diz que é preciso observar a terminologia
dos termos romanos e suas acepções. Dessa forma, o termo atende ao sentido daquilo que é rustico,
do campo, significando além do camponês, o sujeito simples, modesto em oposição àqueles que
vivem na urbe. Tal oposição se dá por conta da assimilação de novos costumes que aos poucos são
compartilhados entre os moradores da cidade, resultando em uma espécie de crítica pejorativa
dirigida ao sujeito originário do campo que passava a ser visto como rude, austero e muitas vezes
mal educado, no sentido de alguém que não teve acesso à civilidade.
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A noção de agricola para um romano estava ligada as questões do contato do homem direto
com o campo, designando inclusive o camponês que trabalha na terra, bem como o dono das terras.
Por outro lado, a ideia de colonus tem nuances mais complexas, significando o pequeno agricultor
e a referência aos membros da elite senatorial e equestre. A noção de colonus surge com uma
pluralidade de significados técnicos ao designar aquele que habita uma colônia, seja ela romana ou
latina, até a designação de camponês arrendatário.

2) A VIDA NO CAMPO E AS FONTES HISTÓRICAS

Pensar a vida no campo sugere pensar para além do cultivo da terra e entender como faziam
para viver à margem de uma economia mercantilizada. A questão passa por trabalhos extras fora
dos períodos de colheitas, difíceis, porém, de contextualizar por conta da escassez de fontes
históricas que costumam dizer bem pouco sobre a vida dos camponeses. Tais fontes são
apresentadas, relata Kolendo, a partir do contexto específico das lutas por reformas agrárias, visto
que são poucos os registros deixados pelos camponeses em questão. Entretanto, a partir da
República romana se tem registros importantes em relação às leis agrárias e aos conflitos que
surgiram em decorrência delas.

3) A DIVISÃO DO PATRIMÔNIO FUNDIÁRIO

Segundo Kolendo, o patrimônio fundiário era utilizado para fundação das colônias, a partir
da partilha entre os cidadãos romanos. Ele salienta que o senado e a classe dos cavaleiros abastados
e influentes foram mais favorecidos com a divisão dos lotes, haja vista que os maiores eram
oferecidos mediante pagamento de taxas e eles eram beneficiados porque gozavam de maior poder
econômico. O autor também destaca a divisão entre as colônias romanas e latinas dando ênfase ao
problema da formação das grandes riquezas nas colônias formadas pelos cidadãos plenos de
direitos em Roma.
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4) AS LUTAS AGRÁRIAS E A MUDANÇA NA PESPECTIVA DO HOMEM DO CAMPO

Kolendo relata as reformas agrárias que surgiram em decorrência das crises ocorridas a
partir das grandes conquistas mediterrânicas. Tais crises provocaram mudanças fundamentais na
estrutura social e econômica romana que passou a se desenvolver nos moldes da civilização
helênica. Como causas das crises o autor elenca três fatores que ocorreram de forma concomitante
no cenário da Roma antiga. São elas: 1) O serviço militar que, de certa forma, afastava os homens
da vida no campo, permitindo que estes desfrutassem, ao adentrarem as regiões helênicas, de
formas mercantilizadas de sobrevivência. 2) A concentração nas mãos dos senadores, dos
cavaleiros e da aristocracia local de grande parte da propriedade fundiária.3) A usurpação dos
grandes proprietários que exploravam as terras comuns, classificadas como propriedades rurais de
dimensões consideráveis. Já na República, Kolendo destaca que a grande evasão rural teve
relevantes consequências porque tornava o recrutamento de homens para o serviço militar
extremamente complicado.

5) AS REFORMAS AGRÁRIAS DOS IRMÃOS GRACO

Estas tinham a finalidade de reconstruir a classe camponesa, tratando de distribuir pequenos


lotes de terra, mas tais reformas foram amplamente hostilizadas e, após o assassinato de Caio
Graco, foram desmanteladas, dando lugar à reforma do século I a.C.

6) A POSIÇÃO DOS COLONOS E DOS PROPRIETÁRIOS

Kolendo sinaliza que é “fundamental determinar quais eram as prestações obrigatórias”, ou


seja, se estas eram em dinheiro ou em trabalho e a modalidade mais usada neste período era o
pagamento anual combinado em quantia fixa, no prazo de cinco anos.

7) A INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ANTIGUIDADE TARDIA

Para o Estado intervir significava a tentativa de “limitar a mobilidade da população


agrícola” com a finalidade de garantir o equilíbrio da cobrança fiscal. Sobre isso, o autor descreve
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que há fontes literárias que dão conta de embasar informações sobre o colonato do período. Além
disso, elas demonstram a substituição do trabalho dos colonos pela mão de obra escrava, até que
esta passasse a ocupar papel principal no cenário econômico. Com a reforma fiscal de Diocleciano
foi instituído o pagamento do imposto pessoal e os “assalariados rurais desempenharam papel
fundamental na agricultura romana”, marcando assim as diferenças e a diversidade das situações
que envolviam a vida no campo para a população romana.

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