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RESUMO A tecnologia HSC (High Speed Cutting) surge como uma das soluções na manufatura de moldes e matrizes,
porém sua aplicação na indústria tem encontrado inúmeras dificuldades, uma vez que ela não se limita a um cabeçote de
alta rotação, mas é a combinação de altas velocidades de corte, altas velocidades de avanço e um conjunto de novos parâ-
metros no ambiente de usinagem para criar um novo processo de fabricação baseado nos fatores que influenciam a sua
aplicação. Este artigo traz uma análise dos fatores que influenciam na aplicação desta tecnologia na manufatura de mol-
des e matrizes, servindo, com isso, de base para o seu desenvolvimento no Brasil.
ABSTRACT The HSC technology appears as one of the solutions in die and molds manufacturing, but its application in
industry has restrictions, since it is not limited to a high rotation spindle, but is the combination of high speed cutting,
high speed feed rates and a group of parameters within the plant environment to create a new process based on factors
that influence in the technology’s application. This paper analyzes the factors that influence the application of such tech-
nology in die and molds manufacturing, serving as a base for its development in Brazil.
A
usinagem de moldes e matrizes vem ganhando espaço de destaque no setor de manufatura na medida
em que a economia mundial avança em direção à redução de lotes, configurações do produto ao cliente,
grande diversidade de produtos e, principalmente, redução de seu tempo de vida, junto com a exigên-
cia de redução do tempo de lançamentos de novos produtos.
No Brasil, o setor de moldes e matrizes começou seu crescimento extraordinário em 1999, quando a
moeda brasileira (Real) sofreu uma desvalorização frente à moeda norte americana (Dólar), o que desenca-
deou a substituição dos principais fornecedores externos (Espanha, Portugal, Taiwan e Itália) por fornecedo-
res internos e, conseqüentemente, a modernização de sua indústria (Metal Mecânica, 2000).
Atualmente, as taxas de crescimento estão em torno de 10% ao ano (Metal Mecânica, 2000/2001),
com uma situação futura promissora, principalmente pelo alto crescimento da indústria automobilística. No
entanto, o atual processo de manufatura de moldes e matrizes apresenta um elevado tempo de produção,
uma vez que consiste na usinagem de superfícies complexas em material normalizado (sem tratamento tér-
mico), com baixas velocidades de cortes e avanços, endurecimento do material (tratamento térmico) após a
usinagem e acabamento superficial manual, a fim de obter o acabamento final necessário.
Nesse contexto, a tecnologia HSC (High Speed Cutting) surge como uma das soluções na usinagem de
moldes e matrizes, uma vez que resulta na redução do tempo de fabricação, na diminuição de custos e numa
melhora significativa no produto final.
TECNOLOGIA HSC
A teoria da tecnologia HSC está baseada no trabalho de Salomon para a empresa alemã Friedrich
Krupp AG (Schulz, 1996). Por meio da usinagem com variação da velocidade de corte, notou-se que, após
uma determinada velocidade, as temperaturas de usinagem voltavam a decrescer, conforme ilustrado na
figura 1. Com o aumento da velocidade de avanço e da alta remoção de material, o aquecimento da peça
pode ser minimizado, pois grande parcela do calor gerado durante o processo de corte é dissipado junta-
mente com o cavaco.
Porém, a aplicação plena da tecnologia HSC está diretamente relacionada à reestrutura de todo o pro-
cesso de fabricação de produto e, principalmente, das demais tecnologias nele envolvidas.
Na figura 2, observam-se as tecnologias envolvidas com a tecnologia HSC.
Fig. 1. Variação da temperatura com a velocidade de corte (Schulz, 1996; Schulz, 1999).
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Fig. 2. Tecnologias relacionadas ao processo HSC (Schulz, 1996).
Fig. 3. Exemplo de aplicação da tecnologia HSC numa matriz de estampo (Schützer, 2003).
Num dos estudos para determinar as vantagens da tecnologia HSC na manufatura de moldes e matri-
zes, foram fabricadas duas matrizes de estampo, uma pelo processo convencional utilizado pela empresa e a
outra aplicando a tecnologia HSC (Schützer, 2003). A figura 3 ilustra os valores obtidos nesse estudo.
Nota-se uma redução de quase 50% do tempo total de manufatura do processo com tecnologia HSC
em relação ao processo convencional. Esta redução não se deu apenas pela diminuição do tempo de usina-
gem, mas também pela eliminação do acabamento superficial e a redução drástica do polimento manual e da
etapa de try out.
Fig. 4. Trajetória da ferramenta em função da tolerância CAM (Weinert & Guntermann, 2000).
Observando a figura, pode se verificar que a tolerância no sistema CAM está relacionada diretamente
com a exatidão da trajetória da ferramenta, o tamanho do programa NC e, conseqüentemente, o seu tempo
de cálculo.
Com isso, quanto maior o campo de tolerância, maior será a liberdade de adaptação da trajetória da
ferramenta, permitindo, assim, que o sistema CAM escolha uma trajetória mais simplificada, representada
por segmentos maiores e em menor quantidade, resultando em um menor programa NC e, conseqüente-
mente, em uma menor exatidão da trajetória da ferramenta.
Essas características foram comprovadas por meio de um teste realizado pelo Laboratório de Sistemas
Computacionais para Projeto e Manufatura (SCPM) para determinar o tamanho e o tempo de cálculo do
programa NC em função da tolerância do sistema CAM.
Nesse teste, o programa NC foi gerado pelo sistema CAD/CAM Unigraphics V18, utilizando a
interpolação linear como método de interpolação da trajetória da ferramenta. A figura 5 ilustra os valores
encontrados no ensaio. Nota-se que a redução do campo de tolerância resulta em um aumento exponencial
do tamanho do programa NC e, conseqüentemente, no seu tempo de cálculo.
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Interpolações da trajetória da ferramenta no programa NC
Os programas NC são gerados a partir dos arquivos CL (nativo CAM) e devem conter a linguagem
corresponde à máquina e ao CNC em questão. Essa linguagem está baseada na utilização de interpolações
lineares (G1) e interpolações circulares (G2/G3) para informar à máquina sobre o percurso da ferramenta.
O método mais usado para representar a trajetória da ferramenta para a usinagem de superfícies com-
plexas é a interpolação linear de segmentos de retas. No entanto, atualmente, existem outras metodologias,
como a interpolação linear/circular e a interpolação NURBS (Non Uniform Rational B-Spline), mas que, por
serem recentes, são pouco difundidas. A figura 6 ilustra as três metodologias de interpolações normalmente
encontradas nos sistemas CAM.
Interpolação linear: método mais utilizado para representar a trajetória da ferramenta, descrita pela
interpolação de pequenos segmentos de retas, utilizando apenas o comando G1. Dentre as características
desse método, é possível ressaltar: programas NC extensos, com dezenas de megabytes; tolerâncias na trans-
formação dos caminhos da ferramenta em segmentos de retas; baixa qualidade de acabamento devido ao
faceteamento da superfície usinada; grande volume de informações para o CNC processar, não permitindo,
assim, alta velocidade de avanço em regiões complexas, representadas por um grande número de pequenos
segmentos de retas.
Interpolação linear/circular: consiste na associação da interpolação linear com a interpolação circular
para a representação da trajetória complexa da ferramenta. Utilizam-se programas NC contendo comandos
G1, G2 e G3. Dentre as características desse método, estão programas NC menores, em relação aos da
interpolação linear, e boa qualidade de acabamento devido à melhor representação da geometria original.
Interpolação Spline: faz uso dos modelos matemáticos que os sistemas CAD atuais utilizam para a
representação de curvas e superfícies complexas. No sistema CAM, esse modelo matemático irá representar
a trajetória da ferramenta. Esses modelos são conhecidos como funções Spline, e a função mais apropriada
dessa metodologia é conhecida como NURBS. Por meio desse modelo matemático, é possível representar
uma trajetória complexa de ferramenta. Portanto, o programa NC gerado não irá conter os comandos tradi-
cionais G1, G2 e G3 (em áreas complexas), mas uma nova codificação, que representará uma trajetória com-
plexa.
Estratégias de usinagem
Para que o CAM consiga gerar o programa NC da superfície a ser usinada, o usuário deve fornecer ao
sistema as operações desejadas para a manufatura do modelo geométrico, como operação de desbaste, pré-
acabamento e acabamento, além da estratégia a ser executada em cada uma dessas operações.
Pesquisa realizada por Weinert (2000), do Instituto de Usinagem (ISF) da Universidade de Dortmund
(Alemanha), constatou a grande diferença nos resultados obtidos entre dois processos de usinagem que se dis-
tinguiam apenas pelas estratégias de cortes usadas para o acabamento de uma matriz de estampo, ilustrada na
figura 7.
Nessa transmissão, o CNC utiliza uma região de memória, chamada de memória Buffer, como um
reservatório, que é preenchido com as informações transferidas pelo computador. À medida que as informa-
ções executadas são eliminadas, o comando envia sinal para o recebimento de novas informações, de acordo
com sua necessidade, mantendo, assim, o nível do reservatório. Esse processo se repete, durante toda a opera-
ção, em frações de segundos.
A velocidade de transferência é quantificada em bits por segundo (Baudrate), sendo que cada bloco de
informação do programa NC de uma usinagem tridimensional tem, em geral, 26 caracteres
(X300.000Y200.000Z100.000 <CR> <LF>) e cada caractere é formado por dez bits: sete data bits, um
start bit e dois stop bits (Eberlein, 1998).
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Na transmissão on line, a velocidade de transmissão de dados ganha extrema importância, principal-
mente na aplicação da tecnologia HSC, pois, caso a velocidade de transmissão dos dados seja maior que a da
execução dos blocos do programa, ocorrerão lacunas na transmissão, resultando em interrupções na exe-
cução do programa NC, prejudicando o acabamento e a exatidão da peça usinada.
CONCLUSÕES
Apesar de a tecnologia HSC surgir como uma das soluções na usinagem de moldes e matrizes, sua apli-
cação encontra grandes restrições na indústria, uma vez que não se baseia somente em um eixo árvore (spin-
dle) de rotação mais elevada, mas na união de altas velocidades de cortes e avanço para criar um novo pro-
cesso de usinagem por completo. Ou seja, sua aplicação requer uma reestruturação do processo produtivo,
baseada em todos os fatores que influenciam no processo de usinagem.
AGRADECIMENTO
Este trabalho foi desenvolvido com apoio do ProBrAL (195/05)
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