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“SLUDGE” E TRABALHO DE PARTO PREMATURO EM GESTAÇÃO

GEMELAR

MACHADO, C. B.1, CASASOLA, M.P.1; BEHENCK, M.O.2, CANTI, I.T.3, CALAI,


G.4
¹ Médica Residente em Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Nossa Senhora da
Conceição, Porto Alegre - RS.
² Médica Residente em Medicina Fetal do Hospital Nossa Senhora da Conceição,
Porto Alegre - RS.
3 Médica Ginecologista e Obstetra com área de atuação em Gestação de Alto
Risco e Medicina Fetal do Hospital Nossa Senhora da Conceição, Porto Alegre
– RS.
4 Médica Ginecologista e Obstetra com área de atuação em Medicina Fetal do
Hospital Nossa Senhora da Conceição, Porto Alegre – RS.

Objetivo
Relatar caso com o achado ultrassonográfico pré- e pós-tratamento e compará-
lo com a literatura.

Descrição do caso
Paciente de 21 anos, hígida, G2A1, gestação atual gemelar monocoriônica e
diamniótica, com 23 semanas e 5 dias de evolução, interna por trabalho de parto
prematuro (TPP), com dilatação cervical de 3 cm. Instituído manejo para
prematuridade com sedação do TPP com dilatação cervical de 6 cm e bolsa
amniótica protrusa através do colo uterino. Os sinais vitais, o exame físico e os
laboratoriais não evidenciaram quadro infeccioso. Foi realizada ultrassonografia
obstétrica que descartou síndrome de transfusão feto-fetal e sequência anemia-
policitemia. Complementado exame com ultrassonografia transvaginal, que
confirmou a abertura completa do canal cervical e membrana amniótica
protruindo no canal vaginal, com presença de “sludge”. Após tratamento com
antibioticoterapia intravenosa com clindamicina e cefazolina por dez dias,
reavaliou-se a imagem ultrassonográfica, quando foi constatada ausência de
imagem de “sludge” observada anteriormente.
Diagnóstico e Discussão
“Sludge” é um achado ultrassonográfico de partículas hiperecogênicas que se
acumulam no meio intramniótico em proximidade ao colo uterino. A presença
destas partículas pode corresponder a microrganismos e células inflamatórias,
além de ser um fator de risco independente para TPP antes das 34 semanas de
gestação. Pode, estar relacionado a maiores taxas de ruptura prematura de
membranas ovulares, corioamnionite histológica, morbimortalidade neonatal e
comprimento cervical diminuído.
No ultrassom, o “sludge” deve desagregar na presença de movimentação fetal
ou com estímulo abdominal, reagrupando-se após. A aspiração do material
guiada por ultrassonografia isolou microrganismos como Mycoplasma e
Streptococcus e a antibioticoterapia foi capaz de reduzir as taxas de trabalho de
parto prematuro.
Em gestação gemelar com colo curto, a presença de “sludge” foi fator de risco
para prematuridade e corioamnionite histológica, além de piores desfechos
neonatais para o gemelar A quando comparado ao gemelar B.

Considerações finais
A presença de “sludge” deve ser pesquisada e reportada no laudo
ultrassonográfico, devido aos possíveis desfechos desfavoráveis. Em gestações
gemelares pode ocorrer pior evolução neonatal no feto em que o líquido
amniótico apresenta “sludge”. A antibioticoterapia pode estar associada a
menores taxas de TPP, porém mais estudos são necessários.

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