Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Introdução
Nesta lição, veremos como a comunicação é fundamental para a existência da
civilização e mesmo para o sentido de humanidade, entendendo seu
surgimento e desenvolvimento ao longo da história. Vamos apresentar um
esquema geral do processo de comunicação, válido para diversas áreas de
conhecimento e para diferentes tipos de trabalho, e a partir dele iremos estudar
as diferentes formas pelas quais os seres humanos podem se comunicar.
Ao final desta aula, você será capaz de:
reconhecer processos de comunicação no dia-a-dia
identificar os elementos que formam um processo de comunicação
classificar os diferentes tipos de comunicação
Comunicação e civilização
O que diferencia o ser humano de outros animais? Polegares opositores,
cérebro mais desenvolvido? O senso artístico, a religião? Mesmo que o debate
seja antigo, ele está longe de ver uma resolução definitiva. Embora seja uma
capacidade encontrada em várias espécies animais, a comunicação entre a
espécie humana adquiriu ao longo da história um nível de complexidade não
equiparável ao de nenhum outro ser vivo conhecido. Há quem diferencie o ser
humano por meios de práticas como a religião e as belas artes, por exemplo.
Mesmo assim, não se pode negar que essas práticas dependem da existência
da comunicação. As grandes religiões, por exemplo, estão todas
fundamentadas em textos, no uso da palavra e de símbolos para comunicar o
sentido de uma vida superior.
Todos esses exemplos são formas de comunicação, cada uma delas com
características diferentes das outras. Quanto mais se desenvolve uma
civilização, mais complexos se tornam os processos de comunicação.
O processo de comunicação
Vimos que as comunicações são tão antigas que sua origem não pode ser
separada da própria origem das civilizações humanas. Foi somente no século
XX, no entanto, que a comunicação passou a se consolidar como uma área
científica própria. Desde então, um modelo universal para explicar as
comunicações passou a ser amplamente utilizado.
Formas de comunicação
As formas de comunicação são as mais variadas possíveis. Uma maneira de
classificá-las é analisar os seus elementos constituintes e agrupá-los pelas
semelhanças, pelo tipo de emissor, pelo tipo de receptor. Mas os processos de
comunicação se diferenciam principalmente pelos códigos e canais que
utilizam e pelas mensagens que permitem transmitir.
Fechamento
Chegamos ao final desta lição! Aprendemos como a comunicação mudou e
ainda muda a história e a vida dos seres humanos. O modelo de comunicação
visto aqui – de emissor, canal, código, mensagem e receptor – será utilizado
em vários momentos da disciplina. Começamos a ver, ainda, que o código
linguístico tem um papel preponderante nas comunicações entre as pessoas.
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
entender o desenvolvimento da comunicação ao longo da história humana
identificar os elementos necessários para que se efetue a comunicação
diferenciar tipos de comunicação a partir de características específicas
Referências
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática metódica da língua portuguesa.
40 ed. São Paulo: Saraiva, 1995.
BRASIL. Presidência da República. Manual de redação da presidência da
república. 2 ed. rev. e atual. Brasília: Presidência da República, 2002.
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 8 ed. São Paulo: Ática, 1997.
DUBOIS, Jean et al. Dicionário de linguística. Trad. Izidoro Blikstein. São
Paulo: Cultrix, 1998.
FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristóvão. Prática de texto: língua
portuguesa para nossos estudantes. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1992.
FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Trad. Roberto Cabral
de Melo Machado e Eduardo Jardim Moraes. 3 ed. Rio de Janeiro: Nau, 2002.
OLIVEIRA, Luciene de Lima. A arte retórica aristotélica: um legado clássico
até os dias atuais. In: Revista Gaia, n. 7, p. 69-84, Rio de Janeiro, 2010.
PAES, José Paulo. Poesias Completas. Apresentação Rodrigo Naves. São
Paulo: Companhia das Letras, 2008.
PARKER, Frank. Linguistics for non-linguists. Austin: Pro-ed, 1986.
SCHOPENHAUER, Arthur. A arte de escrever. Trad. Pedro Süssekind. Porto
Alegre: L&M Pocket, 2009.
TODOROV, Tzvetan. As estruturas narrativas. 2º Ed. São Paulo: Editora
Perspectiva, 1970.
WOLF, Mauro. Teorias das comunicações de massa. São Paulo: Martins
Fontes, 2008.
O
que as pessoas falam e não dizem
Introdução
Nesta lição, veremos como os textos transmitem ideias que muitas vezes nem
percebemos. Veremos também o que são discursos e como podemos extrair
mais informações de um texto indo além de uma simples leitura literal.
Ao final desta aula, você será capaz de:
classificar as comunicações em relação ao contexto em que elas ocorrem
identificar as diferentes formas de discurso
empregar a mensagem conforme o contexto e os destinatários
Discursos
Uma área de interação entre estudos da comunicação e de outras áreas de
conhecimento, como a linguística, a sociologia, a política, é o estudo dos
discursos. Diferentemente do que está no senso comum, o discurso que se
estuda aqui vai além do simples ato de falar para uma grande plateia. Discurso
social é o conjunto de ideias e valores comunicados pelos diferentes grupos
sociais de maneira mais ou menos uniforme. Partes desses discursos sociais
vão estar presentes, em menor ou maior escala, nos discursos dos indivíduos
(FOUCAULT, 2002).
Interpretação de texto
Continuando a noção de análise do discurso, entramos no que pode ser
considerado um de seus capítulos mais importantes: a interpretação de texto.
Os mesmos elementos da análise de qualquer discurso social podem e devem
ser utilizados na interpretação de textos. Aqui, no entanto, uma técnica pode
ser utilizada para facilitar o trabalho. Trata-se de dividir qualquer
interpretação em três níveis: o textual, o intertextual e o paratextual.
Para entendermos essa noção, precisamos primeiro relembrar que uma língua
nacional, como é o caso do Português, é na verdade um conjunto de
subcódigos – gramáticas – que variam conforme a região, a classe social, a
faixa etária, o nível de escolaridade. Dentro de cada um desses subgrupos, a
língua vai se adaptando com o passar dos anos à realidade do subgrupo
específico (PARKER, 1986).
Fechamento
Nesta lição, aprendemos que as palavras nunca vêm sozinhas. Elas sempre
dizem muito mais do que aparentemente querem dizer. Vimos também que
uma mesma mensagem pode ser dita de diferentes maneiras. Devemos
sempre fazer a opção por aquela forma pela qual nossos destinatários
compreenderão nossa mensagem. É a adequação da linguagem aos diversos
contextos e interlocutores (destinatários) com os quais lidamos todos os dias.
Bom trabalho!
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
entender por que é importante pensar o contexto de cada discurso
aplicar diferentes níveis de leitura na interpretação de textos
perceber a necessidade de sempre adaptar a linguagem conforme o
contexto e os destinatários da nossa mensagem
Referências
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática metódica da língua portuguesa.
40 ed. São Paulo: Saraiva, 1995.
BRASIL. Presidência da República. Manual de redação da presidência da
república. 2 ed. rev. e atual. Brasília: Presidência da República, 2002.
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 8 ed. São Paulo: Ática, 1997.
DUBOIS, Jean et al. Dicionário de linguística. Trad. Izidoro Blikstein. São
Paulo: Cultrix, 1998.
FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristóvão. Prática de texto: língua
portuguesa para nossos estudantes. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1992
FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Trad. Roberto Cabral
de Melo Machado e Eduardo Jardim Moraes. 3 ed. Rio de Janeiro: Nau, 2002.
OLIVEIRA, Luciene de Lima. A arte retórica aristotélica: um legado clássico até
os dias atuais. In: Revista Gaia, n. 7, p. 69-84, Rio de Janeiro, 2010.
PAES, José Paulo. Poesias Completas. Apresentação Rodrigo Naves. São
Paulo: Companhia das Letras, 2008.
PARKER, Frank. Linguistics for non-linguists. Austin: Pro-ed, 1986.
SCHOPENHAUER, Arthur. A arte de escrever. Trad. Pedro Süssekind. Porto
Alegre: L&M Pocket, 2009.
TODOROV, Tzvetan. As estruturas narrativas. 2º Ed. São Paulo: Editora
Perspectiva, 1970.
WOLF, Mauro. Teorias das comunicações de massa. São Paulo: Martins
Fontes, 2008.
A arte do discurso
Introdução
Nesta aula, veremos quais são os elementos que fazem um discurso, tanto oral
quanto escrito, ser considerado bom e quais mecanismos podemos utilizar para
alcançar melhores resultados. Veremos que escrever e discursar são desafios
para qualquer pessoa, mas que, uma vez superados, trazem grande satisfação
pessoal e resultados profissionais.
Ao final desta aula, você será capaz de:
reconhecer as contribuições da filosofia na construção de discursos e textos
apontar elementos que compõem um bom discurso
escrever textos mais estruturados
Comunicação oral
Algumas características sempre devem ser consideradas quando se pensa em
comunicação oral: ela deve ser direta, flexível e com um feedback imediato.
Não consideraremos, nesta aula, a oralidade praticada em veículos como o
rádio e a televisão, já que, nesses casos, pelo fato de essas comunicações
serem mediadas para veiculação em massa, a oralidade possui requisitos e
características próprias.
Quando recebemos uma mensagem oral, reforçada por todas as outras formas
de comunicação não orais presentes, temos mais elementos para acreditar na
veracidade daquela mensagem. Dependendo do caso, porém, essa mesma
riqueza de elementos pode fazer com que duvidemos dela. Alguém que diz
acreditar no outro, mas não o olha diretamente nos olhos, manda sinais
contraditórios.
Melhorando a escrita
Escrever nunca foi fácil para ninguém. As várias histórias de escritores
destruindo os próprios escritos, a exemplo de Franz Kafka (1883-1924), dão
uma noção de como o processo de escrita pode ser uma espiral com altos e
baixos. Mas a maior parte de nossos escritos não tem nenhuma pretensão à
genialidade. Isso nos permite criar soluções técnicas mais ou menos
frequentes para que, se não atingirmos o belo da literatura, ao menos
consigamos comunicar com relativa eficiência e eficácia as ideias, os fatos e
tudo o mais que importa em nosso cotidiano.
O jornalismo é o exemplo de uma área que se utiliza da escrita tendo com ela
uma relação mais pragmática – portanto, pode nos fornecer bons modelos. O
jornalismo e suas técnicas nos ajudam a encarar a escrita não somente como
um enorme desafio intelectual, mas sim como uma atividade diária, um
processo quase operacional. A leitura de jornais e revistas e a análise dos
textos neles contidos mostram a objetividade e a simplicidade com que foram
redigidos.
Assim, clássicos devem ser lidos sempre. Trata-se de uma condição básica,
mas não suficiente. O grande segredo está em desenvolver nossas próprias
ideias em nossa escrita. Se as ideias são simples, a escrita tem que ser
simples também. O pior de tudo é querer disfarçar ideias simples com um
texto rebuscado e sem sentido. A honestidade com o próprio pensamento é
fundamental.
Muitas vezes, aquilo que é considerado um problema de escrita é, no fundo,
ausência de assunto para ser comunicado ou, ainda, pensamentos
desorganizados e impressões confusas. Muitos sentimentos são tomados por
pensamentos e então surge a dificuldade de escrevê-los. Mas o pensamento
existe com palavras. Se algo está em nossa cabeça, em nosso ser, e não
contém palavras, isso não é um pensamento.
A coesão é uma propriedade interna do texto, das partes para com as partes.
Em um texto coeso, as ideias são concatenadas com ritmo, uma palavra está
relacionada com a outra, existe ordem e estrutura de ideias. Seguir as regras
de regência, de concordância e de conjugação é o primeiro passo na busca de
um texto coeso.
Fechamento
Chegamos ao final desta aula! O trabalho de pensar, estruturar e escrever um
discurso envolve muito mais do que simplesmente seguir as regras gramaticais
aprendidas na escola. Elas são o primeiro passo. Para que nossas
comunicações sejam relevantes, precisam ter conteúdo e ser endereçadas
para as pessoas certas nos formatos adequados. A reflexão pessoal e o estudo
de autores clássicos fornecem o conteúdo; a disciplina e a prática constante
fornecem a forma.
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
Entender particularidades dos discursos orais e escritos
Aplicar diversos mecanismos que ajudam a melhorar o trabalho da escrita
Perceber a importância de, antes de escrever, ter claro na cabeça o que se
quer transmitir.
Referências
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática metódica da língua portuguesa.
40 ed. São Paulo: Saraiva, 1995.
BRASIL. Presidência da República. Manual de redação da presidência da
república. 2 ed. rev. e atual. Brasília: Presidência da República, 2002.
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 8 ed. São Paulo: Ática, 1997.
DUBOIS, Jean et al. Dicionário de linguística. Trad. Izidoro Blikstein. São
Paulo: Cultrix, 1998.
FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristóvão. Prática de texto: língua
portuguesa para nossos estudantes. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1992.
FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Trad. Roberto Cabral
de Melo Machado e Eduardo Jardim Moraes. 3 ed. Rio de Janeiro: Nau, 2002.
OLIVEIRA, Luciene de Lima. A arte retórica aristotélica: um legado clássico até
os dias atuais. In: Revista Gaia, n. 7, p. 69-84, Rio de Janeiro, 2010.
PAES, José Paulo. Poesias Completas. Apresentação Rodrigo Naves. São
Paulo: Companhia das Letras, 2008.
PARKER, Frank. Linguistics for non-linguists. Austin: Pro-ed, 1986.
SCHOPENHAUER, Arthur. A arte de escrever. Trad. Pedro Süssekind. Porto
Alegre: L&M Pocket, 2009.
TODOROV, Tzvetan. As estruturas narrativas. 2º Ed. São Paulo: Editora
Perspectiva, 1970.
WOLF, Mauro. Teorias das comunicações de massa. São Paulo: Martins
Fontes, 2008.
Princípios
da redação empresarial
Introdução
Vamos estudar recomendações práticas para que a redação e as demais
comunicações possam ocorrer em consonância com os princípios do mundo do
trabalho.
Ao final desta aula, você será capaz de:
relembrar os conceitos de comunicação e produção discursiva textual
identificar os diferentes contextos e tipos de comunicação no ambiente de
trabalho
desenvolver as comunicações pessoais no ambiente de trabalho
Formas de comunicação
As comunicações são uma parte essencial quando pensamos o mundo do
trabalho. Assim como as pessoas físicas têm necessidade de se comunicar
com a sociedade, as pessoas jurídicas do mundo do trabalho também possuem
necessidades específicas de comunicação. Sejam elas organizações do mundo
privado, como empresas, ou entes do governo, todas têm que comunicar as
suas atividades para a sociedade, fazendo-se conhecer no mercado, se
intercomunicando com outras organizações ou mesmo prestando contas de
sua atuação para a sociedade civil.
Todas essas formas de comunicação são pensadas essencialmente para um
público externo à organização e exigem profissionais com formações
específicas. Um publicitário, por exemplo, vai sempre pensar sobre qual é o
público-alvo de uma campanha (receptor), vai ter o cuidado de escolher um
canal de comunicação que atinja aquele público, vai optar por um código com o
qual o público-alvo esteja familiarizado e produzirá uma mensagem que
comunique os interesses da empresa, isto é, tornará pública uma oferta de
valor. Essas são comunicações voltadas para um público externo.
Entretanto, uma outra importante dimensão das comunicações no mundo do
trabalho é a interna, aquela voltada para os colaboradores de uma dada
organização. Dependendo do tamanho dessa organização, torna-se necessário
contar com profissionais também específicos para codificar a mensagem
através de canais de comunicação de massa.
Mas é principalmente na dimensão interna que encontramos o espaço da
redação empresarial. Todos os dias, o conhecimento sobre o andamento dos
negócios tem de ser compartilhado entre os colaboradores, e tal comunicação
se faz fundamentalmente por meio de códigos linguísticos: reuniões,
telefonemas, entrevistas, conversas de corredores, memorandos, ofícios, e-
mails, relatórios, comunicados, videoconferências.
Todas essas formas de comunicação devem adotar os mesmos princípios que
regem o mundo do trabalho e o mundo dos negócios: a formalidade, a
racionalidade e a objetividade.
A gramática formal no mundo dos negócios
Vale a pena examinar mais atentamente o porquê de o mundo dos negócios
defender a formalidade, a racionalidade e a objetividade. Vamos pensar em
uma transação comercial, para compreender que um acordo é sempre feito no
limite entre o que as partes acham interessante. De maneira geral, podemos
dizer que o vendedor quer o maior preço pela menor quantidade, enquanto que
o comprador quer a maior quantidade pelo menor preço. Um acordo entre
essas duas partes deverá acontecer com uma pequena margem de erro.
Qualquer variação, para cima ou para baixo, pode tornar o negócio
desinteressante para uma das partes. Assim, ao falarmos de negócios, a
precisão (racionalidade e objetividade) da linguagem é sempre algo a ser
considerado.
Além disso, pensando que a vontade de todo empresário é crescer e expandir
seus negócios, é interessante que as comunicações possam acontecer entre a
maior quantidade possível de compradores e fornecedores. Pela lógica dos
negócios, quanto menos códigos diferentes existirem, menos dificuldades
haverá para se estabelecerem transações comerciais.
As revoluções burguesas, que se desenvolveram na Europa entre os séculos
XVII e XVIII, não lograram unificar a linguagem em um âmbito mundial (ainda
que o inglês atualmente seja o idioma mais utilizado no mundo dos negócios).
Mas a classe burguesa, ao menos, conseguiu apoiar a unificação da linguagem
dentro dos países, o que representou um avanço, quando se pensa uma
realidade feudal de fragmentação, anterior ao capitalismo. Por isso, ao longo
da história, vemos que a consolidação dos Estados nacionais ocorreu sob a
égide de línguas nacionais.
A gramática normativa formal (formalidade) culta é justamente aquela
sustentada pelo aparato de um Estado nacional. A grande vantagem da
existência de tal gramática é que ela é aceita em todas as partes de um país. É
por esse motivo que a redação empresarial não combina com regionalismos,
principalmente quando tratamos de comunicações escritas, que podem viajar.
Os negócios requerem uma comunicação o mais universal possível.
A oralidade nos negócios é mais flexível que a escrita, pois destina-se a um
receptor presente e pode ser facilmente adaptável, conforme o contexto. No
entanto, mesmo a oralidade não é totalmente livre no ambiente de trabalho.
Conforme vimos na parte de análise do discurso, a redação empresarial, por
valorizar a objetividade e a racionalidade, vai valorizar, por consequência, a
escolaridade. A forma de falar é, juntamente com o vestuário, a principal forma
de identificação social de um grupo. Assim, mesmo a oralidade nos negócios
tende a apresentar marcas da linguagem culta, já que ela traz um indício de
escolarização.
Tempo é dinheiro
POÉTICA
Conciso? com siso
Prolixo? pro lixo
Referências
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática metódica da língua portuguesa.
40 ed. São Paulo: Saraiva, 1995.
Introdução
Você sabia que a transmissão de uma mensagem está centrada na intenção do
falante em relação à mensagem que se deseja transmitir? A comunicação
verbal se vale das funções da linguagem para alcançar o receptor da
mensagem em sua totalidade. Nesta aula, vamos conhecer quais são as
funções de linguagem e em quais situacionalidades elas são aplicadas.
Ao final desta aula, você será capaz de:
compreender que é necessário adaptarmos a linguagem para cada situação
de comunicação, uma vez que ela pode variar dependendo do receptor,
contexto ou da intencionalidade
entender as funções da linguagem e o seu desdobramento na fala e na
escrita
O que são funções de linguagem?
As funções de linguagem são formas de transmitir uma mensagem de modo
que ela seja compreendida em sua totalidade e alcance as intenções do
emissor para com o receptor. Assim, as funções não são maneiras de escrever
aleatórias, ou apenas regras gramaticais que devem ser aplicadas ao ato
comunicativo. Para Nicola (2014), as funções de linguagem são recursos que
atuam na mensagem de acordo com as intenções do emissor.
Você certamente lê notícias, quer sejam impressas quer sejam online, correto?
Nas notícias, a linguagem é direta, clara, objetiva e centrada na terceira
pessoa. Isto acontece porque a intenção do emissor da mensagem é a de
informar algo sobre os fatos. Atente-se, ainda, para este texto que você está
lendo agora. Aqui, a função de linguagem predominante é a referencial, pois o
nosso objetivo é o de informar a você sobre importantes recursos da
linguagem.
Figura 1 - As intencionalidades de uma mensagem por meio das funções de
Um texto que traga dicas de etiqueta para enviar e receber e-mail é um bom
exemplo de uso da função apelativa ou conativa da linguagem. Nele, todas as
frases serão centradas no interlocutor, já que a intenção é a de interferir no seu
comportamento. Além disso, os verbos utilizados para compor a mensagem
estarão sempre no imperativo.
Referências
ABL. Dicionário Escolar da Língua Portuguesa. Academia Brasileira de
Letras. 2. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008.
JAKOBSON, Roman. Linguística e Comunicação. São Paulo: Cultrix, 1973.
NICOLA, José de. Gramática e texto. Volume único 1,2,3. São Paulo,
Scipione, 2014.
O CARTEIRO e o poeta. Direção de Michael Radford. Itália, Miramax Films,
1994.
RAMOS, Graciliano. São Bernardo. 35. ed. Rio de Janeiro: Record, 1996.
RIBEIRO, Lucia Maria Moutinho. A prevalência de uma função da linguagem no
texto acadêmico. Cadernos do X Congresso Nacional da Linguística e
Filologia, Rio de Janeiro, ago. 2006. Disponível em:
<www.filologia.org.br/xcnlf/3/03.htm>. Acesso em: 21 jun. 2017.
Tipos
Textuais
Introdução
Ao longo desta aula, compreenderemos o que é um texto e quais são os
fatores da sua construção. Além disso, conheceremos os tipos textuais,
reconhecendo suas nuances e especificidades.
Ao final desta aula, você será capaz de:
compreender o que é um texto, bem como os fatores que interferem em sua
construção
conhecer os tipos de textos a fim de aprender as suas peculiaridades
O que é um texto?
A palavra texto vem do latim textum, que significa, em tradução literal, tecido
organizado de palavras. Trata-se de uma organização lógica, encadeada, que
estabelece comunicação, tanto na fala quanto na escrita, não importando a sua
extensão. Segundo Guimarães (2000, p. 14):
Assim, podemos dizer que um texto somente se configura como tal quando é
enunciado de modo articulado, fazendo com que o receptor compreenda a
mensagem. Ainda de acordo com Guimarães (2000), um texto se forma por
meio das estruturas internas que o caracterizam e, também, articula-se em
diferentes tipos. Temos, então, um todo organizado, que visa a um dado
objetivo comunicativo. Dessa maneira, escolhemos e privilegiamos aquele que
melhor cabe dentro de cada propósito.
Para conhecer mais a fundo os tipos textuais e como redigir cada um deles,
leia “Para entender o texto: leitura e redação”,
de Francisco Platão Savioli e José Luis Fiorin. Na obra, os autores trazem uma
abordagem inovadora, uma vez que todo o
estudo é realizado com base em exemplos textuais.
Além de compreender o que é um texto, é importante entender que, para a sua
construção, existem fatores que atuam diretamente na sua produção, como
afirma Nicola (2014). Acompanhe!
Fatores que interferem na construção de um texto
Como vimos, o texto é um todo que deve produzir sentido para o leitor.
Assim, o texto precisa ser planejado e construído com base em alguns
pressupostos. Segundo Nicola (2014), os requisitos para a construção do texto
são:
Injuntivo
O tipo injuntivo (também conhecido como instrucional) tem por finalidade
instruir o leitor, ou seja, indicar de que forma ele deverá agir. Trata-se de um
texto bastante presente em nosso cotidiano, como em receitas culinárias,
manuais de instrução, indicações de rotas, isto é, todos aqueles que sirvam
para dar instruções.
O tipo injuntivo é predominante em propagandas, uma vez que ele tem por
objetivo dar uma indicação, ao receptor da mensagem, acerca das atitudes que
ele deve tomar. Observe que no enunciado “relaxe no verão, mas fique de olho
no mosquito da dengue”, há uma injunção, uma vez que a mensagem indica
que tipo de comportamento o leitor deve ter. Repare, ainda, no emprego do
modo imperativo.
Expositivo
O tipo expositivo tem por objetivo realizar uma apresentação de modo claro,
coeso, explanando informações com objetividade. Neste tipo textual, há o
predomínio de exemplos, fontes, referências e linguagem didática (NICOLA,
2014).
Note que este texto que você está lendo, que visa dar embasamento teórico
sobre os tipos de textos, é, por suas características, um texto expositivo.
Fechamento
Concluímos a aula relativa aos tipos textuais! Agora, já é possível fazer a
distinção entre cada um deles e redigi-los com o máximo de precisão.
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
conhecer a definição de texto
entender o que são tipos textuais
compreender quais são as peculiaridades de cada tipo textual
conhecer os tipos: descritivo; narrativo; dissertativo; injuntivo; e expositivo
Referências
ABL. Dicionário Escola da Academia Brasileira de Letras. São Paulo:
Editora Companhia Nacional, 2008.
GARCIA, Othon Moacir. Comunicação em prosa moderna: aprenda a
escrever, aprendendo a pensar. 11. ed. Rio de Janeiro: editora FGV, 1983.
GUIMARÃES, Elisa. A articulação do texto. 8. ed. São Paulo: Ática, 2000.
MORAES, Augusta Magalhães Carvalho et al. Enciclopédia do Estudante:
redação e comunicação; técnicas de pesquisa, expressão oral, e escrita. São
Paulo: Moderna, 2008.
TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Aspectos da pesquisa sobre tipologia textual. Rev.
de estudos da linguagem. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, v.
20, n. 2, p. 361-387, jul./dez. 2012. Disponível em:
<http://periodicos.letras.ufmg.br/index.php/relin/article/view/2754/2709>.
Acesso em: 21 jun. 2017.
Gêneros
textuais
INICIAR
Introdução
Nesta aula, estudaremos os conceitos de gêneros textuais. Para isso,
identificaremos como se constituem os gêneros e quais são suas funções e
especificidades. Assim, no momento da leitura, será mais fácil a compreensão
textual e, além disso, a produção de um texto também se tornará mais eficaz.
Ao final desta aula, você será capaz de:
compreender o significado do gênero textual
reconhecer os diferentes gêneros textuais e suas estruturas
Gêneros textuais
Chamamos de gêneros textuais os desdobramentos dos tipos textuais, que vão
surgindo de acordo com a necessidade de uso de cada um deles e da
aplicação comunicativa (NICOLA, 2014). Em outras palavras, o gênero textual
surge da necessidade social comunicativa, ou seja, nasce conforme a
necessidade de aplicação de uma forma comunicativa adaptável a dada
situação.
A crônica, por exemplo, é um texto cujas raízes estão fincadas nas redações
jornalísticas. Entretanto, este texto costuma ser classificado como gênero
narrativo, uma vez que encerra a finalidade de contar fatos baseados na
realidade ou não.
Grupo jornalístico
No grupo dos jornalísticos, temos como elemento central a intenção de
informar, ou seja, apresentar um dado ou um fato de modo objetivo e
competente. Nele, há um predomínio no uso da 3ª pessoa do discurso e da
função referencial da linguagem, podendo haver sequências narrativas,
descritivas e até mesmo expositivas.
Referências
DIONÍSIO, Angela Paiva et al. Os gêneros textuais: reflexão e ensino. São
Paulo: Parábola, 2006.
FIORIN, Savioli Francisco; PLATÃO, José Luiz. Lições de texto: leitura e
redação. 5. ed. São Paulo: Ática, 2006.
GARCIA, Othon Moacir. Comunicação em prosa moderna: aprenda a
escrever, aprendendo a pensar. 11. ed. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2010.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e
compreensão. São Paulo: Parábola, 2008.
_____________________. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. s.d.
Disponível em:
<https://disciplinas.stoa.usp.br/pluginfile.php/1209000/mod_resource/content/1/
02%20MARCUSCHI%20G%C3%AAneros%20textuais.pdf>. Acesso em: 21
jun. 2017.
NICOLA, José de. Projeto Múltiplo: gramática & texto. São Paulo: Editora
Scipione, 2014.
Coesão
e
Você sabe o que é coesão? Sabe de fato como identificar e empregar
corretamente elementos coesivos em um texto? Nesta aula, iremos
compreender o conceito de coesão e identificar os elementos coesivos em uma
produção textual. Além disso, compreenderemos que a coesão é
imprescindível tanto para o processo de escrita quanto para construir coerência
dentro do próprio texto.
Ao final desta aula, você será capaz de:
compreender o conceito de coesão
aplicar corretamente os elementos coesivos na produção textual
O que é coesão textual?
Certamente, você já deve ter ouvido que “um texto não está coeso”, ou que
“está faltando coesão entre as partes que constituem o enunciado”. Isto
acontece quando não encontramos as ligações que são efetuadas entre as
várias partes de um texto, ou seja, não há coesão textual. A coesão textual é,
portanto, o que forma a tessitura, isto é, o próprio texto, que ganha sentido,
unidade e coerência (NICOLA, 2014).
Referências
KOCH, Ingedore Villaça. A coesão textual. 22. ed. São Paulo: Contexto, 2014.
NICOLA, José de. Gramática e texto. Volume único 1,2,3. São Paulo:
Scipione, 2014.
A
Produção Textual e o Uso de
Paráfrase
Introdução
Nesta aula, conheceremos os principais requisitos para a prática da produção
textual de qualidade. Além disso, compreenderemos o conceito de paráfrase e
veremos como construir textos a partir deste recurso.
Ao final desta aula, você será capaz de:
conhecer os principais requisitos de um bom texto a fim de adaptá-los à
prática
compreender o conceito de paráfrase
construir textos a partir da utilização de paráfrase
O que é um bom texto?
Escrever nem sempre é tarefa fácil. Para escrever um bom texto, é necessário
a reunião de diferentes habilidades, como domínio dos recursos linguísticos
presentes no idioma, leitura e compreensão de textos, conhecimentos de
mundo, entre outros, colocando-as à prova, em diferentes momentos, como
durante a trajetória acadêmica e ao longo da vida profissional (GARCIA, 2010).
Reprodutiva
Por meio da paráfrase reprodutiva, ocorre a reprodução de um texto (ou de um
trecho), desdobrando a própria ideia original com outras palavras, sem que
haja cópia, ou citação direta. Neste caso, deve-se referenciar o autor
parafraseado, conforme o exemplo explorado a seguir:
Note que, na citação direta, o autor foi referenciado com a página, enquanto
que na paráfrase ele é citado apenas com o ano de publicação da obra.
Criativa
Por meio desta paráfrase, expandimos o sentido original do texto (ou parte
dele), objetivando construir outro. Neste caso, não haverá discordância com a
ideia inicialmente proposta pelo autor original do texto parafraseado, uma vez
que este será uma referência para a recriação. Ou seja, neste tipo de
paráfrase, o sentido original se desdobra, alcançando novos significados.
Referências
BANDEIRA, Manuel. Apresentação da poesia brasileira. São Paulo: Cosaic
Naify, 2009.
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática da língua portuguesa. 38. ed. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.
FRANCO, Cláudia Pereira da Cruz. Intertextualidade e produção textual. Rev.
Icarahy. Prog. de Pós-Graduação do Instituto de Letras – UFF. Rio de Janeiro,
2011. Disponível em:
<http://www.revistaicarahy.uff.br/revista/html/numeros/6/dlingua/CLAUDIA_FRA
NCO.pdf>. Acesso em: 29 jun. 2017.
GARCIA, Othon Moacir. Comunicação em prosa moderna. 17. ed. Rio de
Janeiro: FGV, 2010.
NICOLA, José de. Gramática e texto. São Paulo: Scipione, 2014.
SALVADOR, Arlete; SQUARISI, Dad. A arte de escrever bem: um guia para
jornalistas e profissionais do texto. São Paulo: Contexto, 2004.
SARMENTO, Leila Lauar. Oficina de Redação. 3. ed. São Paulo: Moderna,
2006.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 21. ed.
São Paulo: Cortez Editora, 2000.
Estudo
dos verbos
Introdução
Certamente, ao longo dos seus estudos, você já se dedicou em aprender a
conjugar os verbos, não é mesmo? Mas você sabe qual é o conceito de verbo?
Compreende como usá-lo de forma adequada, especialmente na produção de
textos? Nesta aula, aprofundaremos nosso conhecimento acerca da classe
gramatical mais complexa: os verbos. Para isto, entenderemos suas flexões e
faremos a distinção das suas diferentes classificações, de acordo com a norma
culta da língua.
Ao final desta aula, você será capaz de:
compreender o conceito de verbo
empregar os verbos corretamente na produção de textos, de acordo com a
norma culta
Conceito de verbos
Para darmos início aos nossos estudos, precisamos nos apropriar do conceito
de verbo. De acordo com Cunha e Cintra (2001, p. 379), verbo “é uma palavra
variável, que exprime o que se passa, isto é, um acontecimento representado
no tempo”, não importa se no presente, passado ou futuro. Na visão de Nicola
(2014), verbo é uma palavra que indica ação, estado ou fenômeno da
natureza. Seu aspecto é dinâmico, posto que possui função obrigatória nos
enunciados, desempenhando a posição de predicado na estrutura oracional e
se relacionando com o sujeito (ser de quem se fala na oração), com o qual
estabelece concordância.
Assim, dizemos que o verbo é o núcleo norteador das orações. Lembre-se que
uma oração se organiza com um verbo, ou seja, há orações sem sujeito, por
exemplo, mas não sem o verbo.
Figura 1 - O verbo indica ação, estado ou fenômeno da natureza Fonte:
Shutterstock
O verbo possui inúmeras particularidades, classificações e, por isso, também,
diferentes usos. O verbo pode ser flexionado
em modo, tempo, número, pessoa e voz. O verbo é a classe gramatical que
tem o maior número de flexões, podendo assumir até 65 formas distintas
(LOBATO, 2009).
Nesse sentido, o verbo é a palavra que, como aponta Nicola (2014, p. 328),
“amarra” a oração e ajuda a constituir os períodos. Sempre que construímos
uma oração, a análise terá como foco o verbo. Por isso, a importância do
conhecimento em concordância verbal no momento de se produzir um texto,
visto que uma boa formulação de enunciados depende de modo essencial da
eficiência com que empregamos o verbo e sua relação com o sujeito.
presente: indica um fato atual ou ação habitual. Ex.: “João corre todos os
dias na Lagoa Rodrigo de Freitas”. Além disso, pode conferir atualidade a
um fato histórico, sendo denominado como “presente histórico”. Ex.: “Em
1985, o país elege o seu primeiro presidente por meio do voto direto”;
pretérito perfeito: indica uma ação passada, concluída. Ex.: “No sábado,
visitei minha namorada”;
pretérito imperfeito: expressa uma ação anterior à atual, mas que não foi
concluída. Além disso, é usado para descrever ações no passado. Ex.:
“Chovia muito durante a corrida”;
pretérito mais-que-perfeito: indica uma ação ocorrida anterior a outra já
concluída. Ex.: “Ele falara com ela sobre o assunto, muito antes de
acontecer o pior”;
futuro do presente: expressa ação que acontecerá em um futuro próximo.
Ex.: “Trarei um doce para você”;
futuro do pretérito: expressa ação que poderia ter acontecido depois de
outra ação no passado. Ex.: “Se eu tivesse dinheiro, compraria a roupa”
(BECHARA, 2015).
voz ativa: quando a ação é praticada pelo sujeito. Ex.: “A mãe ninou o
filho”;
voz passiva: quando a ação foi sofrida pelo sujeito. Ex.: “O filho foi ninado
pela mãe”;
voz reflexiva: quando o sujeito sofre e também pratica a ação,
simultaneamente. Ex.: “A moça penteou-se”.
O tema “verbo” é algo inesgotável, cujo conceito e aplicação devem sempre ser
respeitados. Para aprofundar seus conhecimentos sobre o tema, leia o
artigo “O verbo como princípio”, de André Nemi Conforte (UERJ). Disponível
em:
<http://www.institutodeletras.uerj.br/idioma/numeros/24/Idioma24_r01.pdf>.
Veja que as flexões verbais imprimem valores semânticos aos enunciados e
aos textos. Cada vez que usamos um verbo, damos a ele um valor de
conclusão, inconclusão ou ordem. Agora, vamos tratar das regularidades e
irregularidades verbais.
Verbos regulares, irregulares, defectivos e abundantes
Os verbos ainda podem ser classificados quanto à regularidade em seus
modelos de conjugações. São denominados como verbos regulares aqueles
que seguem o mesmo modelo dentro de suas conjugações, como “amar” (1ª
conjugação), “beber” (2ª conjugação) e “partir” (3ª conjugação).
Referências
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 38. ed. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 2015.
CUNHA, Celso; CINTRA, Luis Felipe Lindley. Nova gramática do português
contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
NICOLA, José de. Gramática e texto. Volume único 1,2,3. São Paulo:
Scipione, 2014.
Regência
verbal
Introdução
Nesta aula, compreenderemos o conceito de regência verbal, verificando a
importância deste assunto no processo comunicativo. Além disso,
conheceremos a regência de alguns dos verbos mais utilizados em nosso dia a
dia, reconhecendo os principais problemas que envolvem suas aplicações
inadequadas.
Ao final desta aula, você será capaz de:
compreender a importância da regência verbal no processo comunicativo
reconhecer os principais problemas de regência verbal
O que é regência?
Ao estabelecermos uma comunicação, quer seja oral, quer seja escrita,
amarramos as palavras, que, uma após a outra, vão complementando a
significação do todo. A esta relação damos o nome
de regência (PATROCÍNIO, 2011).
Veja: em “Pedro nasceu esta manhã”, o verbo “nascer” tem sentido completo,
uma vez que “quem nasce, nasce”; assim, ele não necessita de complemento.
No entanto, em “As crianças obedecem aos pais”, o verbo “obedecer” precisa
de um complemento, pois quem obedece, obedece a alguém.
Os verbos transitivos diretos são aqueles que não apresentam sentido
completo, ou seja, precisam de um termo regido que lhes complete o sentido.
Na gramática, os termos regidos recebem o nome de objeto. Por exemplo, na
oração “Mariana comprou o vestido de noiva tão desejado”, o verbo “comprou”
não tem sentido completo, logo, ele solicita que haja um termo regido (palavra,
expressão), ou seja, um objeto que lhe complete. No caso, o complemento do
verbo é “o vestido de noiva tão desejado”. Este complemento é um objeto
direto, uma vez que se liga ao verbo sem que haja a necessidade de uma
preposição (PATROCÍNIO, 2011).
Aspirar
O verbo “aspirar” pede complemento direto quando significa “sorver”. Veja que
em “Ele aspirava o frescor da manhã”, o verbo é transitivo direto, pois quem
aspira, aspira algo. Mas poderá, também, ser transitivo indireto, quando
empregado no sentido de “pretender/desejar”. Por exemplo: “O jovem aspira a
um cargo mais alto na empresa”.
Assistir
O verbo “assistir” admite três regências: primeiro, transitivo direto, quando o
sentido é o de “acompanhar/ajudar” (Ex.: Ele assiste o paciente); transitivo
indireto, quando estiver no sentido de “ver” (Ex.: Tratava-se de uma série a que
eu assistia); e a terceira admissão, na tradição coloquial brasileira, transitivo
indireto, no sentido de “morar/residir/habitar” (Ex.: “Dois daqueles garotos
assistiam em Nova Friburgo”.
Comunicar
O verbo comunicar é transitivo direto e indireto, ou seja, precisa de dois
complementos. Por exemplo, em “Comunicamos os clientes sobre o atraso das
entregas” temos: “os clientes” funcionando como complemento direto; e “sobre
o atraso”, exercendo a função de complemento indireto.
Ensinar
Ao explicitar o “ensino de algo”, o verbo “ensinar” é utilizado preferencialmente
com um objeto direto. Veja: “O professor ensinou a lição” (ensinar algo/alguma
coisa). Porém, deve ser acompanhado por um objeto indireto, quando estiver
empregado no sentido de “ensinar pessoas”. Por exemplo: “O professor
ensinou aos alunos” (ensinar a alguém).
Informar
O verbo informar também é transitivo direto e indireto, pois quem informa,
informa alguma coisa a alguém. Veja: “A escola informou o horário das provas
aos alunos”. Note que “o horário” exerce função de complemento direto e “aos
alunos” de complemento indireto”.
Implicar
Quando empregado no sentido de “resultar” e “produzir”, o verbo implicar é
transitivo direto. Veja: “Isto implica erro”. Agora, quando o verbo estiver no
sentido de “perturbar”, ele é transitivo indireto, logo pedirá um complemento
indireto. Por exemplo: “Exceder a velocidade nas estradas implicará em
multas”.
Interessar
Quando o verbo “interessar” estiver no sentido de “ser proveitoso, reter ou
captar atenção”, poderá ser empregado tanto como transitivo direto quanto
transitivo indireto. Por exemplo: “A experiência interessou os estudantes/A
experiência interessou aos estudantes”. Agora, quando estiver no sentido de
“empenhar-se”, o verbo será acompanhado pela proposição “por”. Veja: “Eles
se interessarão mais pelos assuntos das provas.
Ir/chegar
Os verbos “ir” e “chegar” são intransitivos, portanto, não apresentam objetos.
No entanto, são acompanhados por advérbios que exercem função de adjunto
adverbial (acompanham, modificam, intensificam o verbo). Por exemplo, em
“Ninguém foi à festa/Ninguém chegou à festa”, há a presença de palavras (ou
expressões) que acompanham os verbos, exprimindo a ideia de lugar. Perceba
que, na linguagem coloquial, comumente as pessoas usam “ir em/chegar em”.
Conquanto, a preposição “em” não está de acordo com a variedade padrão da
língua. Quem chega, chega a; quem vai, vai a, e não “chega/vai em”.
Obedecer/Desobedecer
O verbo “obedecer” pede complemento indireto. Por exemplo: “Os filhos devem
obedecer aos pais”. A mesma regra se aplica ao verbo desobedecer. Observe:
“Os pais são obedecidos pelos filhos”.
Perdoar/Pagar
Os verbos “perdoar” e “pagar” possuem a mesma regência: são transitivos
indiretos. Veja: “A empresa pagará aos funcionários corretamente/Juliana
perdoará aos excessos da colega”. No entanto, na variedade coloquial da
língua, os dois verbos costumam ser empregados como transitivos diretos: "A
empresa pagará os funcionários corretamente/Juliana perdoará os excessos da
colega". Lembre-se de que, em situações em que se deve utilizar a norma
padrão da língua, como em textos escritos, este tipo de regência não é aceita.
Responder
O verbo “responder”, no sentido de “dar resposta”, deve ser empregado com
objeto indireto. Veja: “Os alunos responderam às questões”. No entanto, não é
raro o emprego do verbo como intransitivo, ou seja, sem que venha
acompanhado de qualquer complemento. Por exemplo: “Respondia sem
qualquer alteração na voz”.
Visar
O verbo “visar” no sentido de “mirar/apontar” é transitivo direto. Veja: “Visando
o alvo, atirou sem titubear”. Agora, no sentido de “ter em vista” e “ter um
objetivo”, deve ser empregado com objeto indireto. Por exemplo: “Este
exercício visa à compreensão dos estudos feitos em sala de aula” (BECHARA,
2015).
Referências
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática da língua portuguesa. 38. ed. São
Paulo: Nova Fronteira, 2015.
CUNHA, Celso; CINTRA, Luis F. Lindley. Nova gramática do português
contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
LUFT, Celso Pedro. Dicionário prático de regência verbal e a nova
ortografia. São Paulo: Ática, 2010.
PATROCÍNIO, Mauro Ferreira do. Aprender e praticar gramática. São Paulo:
FTD, 2011.
Concordância
verbal
Introdução
Nesta aula, compreenderemos o que é a concordância verbal, e quais são as
suas implicações na comunicação oral e escrita. Além disso, entenderemos a
regra geral da concordância verbal, assim como as exceções que permeiam o
seu uso.
Ao final desta aula, você será capaz de:
compreender a importância da concordância verbal para o processo de
comunicação
reconhecer as principais regras de concordância verbal
O que é concordância verbal?
Na língua, a concordância se relaciona com a sintaxe (campo da gramática que
estuda as relações estabelecidas entre as palavras). Assim, dizemos que a
concordância é uma relação de harmonia entre elementos constituintes de um
enunciado. No caso específico da concordância verbal, a harmonia se
estabelece entre o sujeito e o verbo (NICOLA, 2014).
Agora que já sabemos o que é concordância verbal, vamos entender como são
as regras de uso deste importante princípio.
As regras da concordância verbal
A regra geral da concordância verbal aponta que o verbo deverá concordar
com o núcleo do sujeito simples, em pessoa (1ª, 2ª e 3ª) e número (singular e
plural). Por exemplo, em “Maria adquiriu o apartamento de seus sonhos”,
“Maria” é o núcleo do sujeito simples (possui apenas uma palavra de
importância) e, assim, o verbo deverá fazer a concordância com ele
(PATROCÍNIO, 2011).
Nomes próprios
Quando houver um nome próprio no plural, fazendo as vezes de núcleo do
sujeito, a concordância deverá ser feita com o artigo que o precede. Veja: “Os
Lençóis Maranhenses surpreenderam pelas belezas naturais”. Caso não haja
artigo, o verbo ficará no singular. Ex.: “Canoas localiza-se em Porto Alegre”
(NICOLA, 2014).
Expressões partitivas
Em expressões partitivas, como “maior parte de”, “uma porção” e “um grande
número de”, seguidas de nome no plural, é possível fazer tanto a concordância
no singular quanto no plural. Por exemplo, em “Um grande número de pessoas
participou/participaram das manifestações populares em prol de melhorias
sociais”, “participou” concorda com número e “participaram” concorda com a
palavra “pessoas”.
Expressões numéricas
Quando as expressões são numéricas aproximativas, o verbo sempre deverá
concordar com o numeral. Veja: “Mais de um paciente se irritou com o atraso
do ônibus”; “Com a chuva, faltaram mais de 15 alunos”.
Quando a expressão “mais de um” exprimir reciprocidade, o
verbo deverá ficar, necessariamente, no plural. Veja: “Mais de um
diretor se acusaram pela falência”. O mesmo critério deverá ser
seguido quando esta expressão aparecer repetida. Por exemplo:
“Mais de um sociólogo, mais de um economista defendem
economia colaborativa”.
Expressões indicativas de percentagem
Em expressões indicativas de percentagem, a concordância deverá ser feita no
plural, sempre que apresentar mais de 1,999..%. Veja: “10% das pessoas
ficaram de fora da lista”.
Figura 3 - Atente-se para não errar na concordância verbal em certas
Nas situações em que o verbo “ser” funciona como verbo de ligação, ou seja,
estabelece um vínculo com o sujeito e o predicativo (característica atribuída ao
sujeito), a concordância se faz dentro da regra geral. Veja: “Minha vida é uma
aventura constante”; “Meus parentes eram de terra longínqua”.
Por fim, tome cuidado com a concordância ideológica (ou silepse), que se
caracteriza pela falta de uniformidade entre as pessoas gramaticais (1ª, 2ª e 3ª)
envolvidas no processo comunicativo. Veja: em “A turma ovacionaram o
professor de pé”, a concordância foi realizada com a ideia de muitas pessoas
compondo a turma (PATROCÍNIO, 2011).
Referências
BACCEGA, Maria Aparecida. Concordância Verbal. São Paulo: Ática, 2006.
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2015.
GASPARINI, Claudia. Os 50 erros de português mais comuns no mundo do
trabalho. EXAME.com, 2015. Disponível em:
<http://exame.abril.com.br/carreira/noticias/os-50-erros-de-portugues-mais-
comuns-no-mundo-do-trabalho>. Acesso em: 30 jun. 2017.
NICOLA, José de. Projeto Múltiplo: gramática & texto. São Paulo: Editora
Scipione, 2014.
PATROCÍNIO, Mauro Ferreira do. Aprender e praticar gramática. São Paulo:
FTD, 2011.
Concordância
nominal
Introdução
Nesta aula, estudaremos o conceito de concordância nominal, compreendendo
sua importância para o processo da comunicação. Além disso, veremos quais
são as principais regras de concordância e como elas se aplicam em nosso dia
a dia
Ao final desta aula, você será capaz de:
compreender a importância da concordância nominal para o processo de
comunicação
reconhecer as principais regras de concordância nominal
O que é concordância nominal?
Na língua portuguesa, há uma área específica que estuda a relação
estabelecida entre as palavras: a sintaxe. Este componente é um dos pontos
mais importantes do estudo da língua, pois aborda a relação de concordância
que deve ser estabelecida entre os termos, ou seja, entre as palavras
(NICOLA, 2014).
Veja: “Harry Potter é o livro mais conhecido de J.K. Rowling”. Neste caso, as
palavras “o”, “livro” e “conhecido” mantêm uma relação de concordância entre
elas. O termo “livro”, que é o substantivo pertencente ao gênero masculino,
está sendo acompanhado pelo artigo (o), que também fica no masculino e no
singular, para fazer concordância com o termo a que está se referindo.
Ao fazermos a troca de um substantivo por outro, é preciso fazer a
acomodação das demais palavras que o estão acompanhando. Veja: “O jornal
mais vendido é o impresso” e “A revista mais vendida é a impressa”. Em ambos
os casos, temos o particípio do verbo “vender” atuando como adjetivo, o que
necessita ter a concordância devidamente acomodada.
Note que a regra geral deve ser sempre aplicada para harmonizar os
elementos de uma enunciação. Agora, vamos compreender quais são as
demais regras e casos especiais da concordância nominal
Clareza da mensagem e eufonia
A concordância nominal entre adjetivos e substantivos, em modo geral, é fácil.
Dificuldades podem aparecer quando o adjetivo se relaciona com mais de um
substantivo (BECHARA, 2015). Neste caso, duas medidas de estabelecimento
de concordância devem ser tomadas: a primeira é a regra da clareza da
mensagem que se deseja enunciar, evitando a ambiguidade (duplo sentido); a
segunda é a regra da eufonia (som agradável), que atua na construção do
texto.
No caso da eufonia, em uma frase como “Passei nas primeira e segunda fases
do concurso”, a palavra “fases” exerce função de adjetivo, e, ao estabelecer a
concordância com “primeira” e “segunda”, cria um “som agradável, o que não
aconteceria se disséssemos “nas primeira e segunda fase”.
Fonte: Shutterstock
Mais exemplos de casos particulares:
palavras como “caro”, “barato” e “só” podem funcionar tanto como advérbio,
e, assim, serem invariáveis, quanto como adjetivo, neste caso, concordando
com o substantivo a que se referem. Veja: em “Pagamos caro pelo
material”, “Não custam barato estas joias” e “Eles só convidaram os
amigos”, as palavras estão funcionando como advérbios, logo, são
invariáveis. Agora, em “São caras as entradas para o espetáculo”, “Joias
baratas não são joias” e “Muitos convivem sós no universo”, as palavras
estão na função de adjetivo, concordando com o substantivo a que se
referem;
palavras como “obrigado”, “incluso” e “anexo” exercem função de adjetivo, e
portanto, são variáveis. Assim, elas devem concordar com a palavra a que
se referem. Ex.: A menina disse obrigada (porque menina é substantivo
feminino); As multas estão inclusas no processo (porque multa é feminino);
A cópia veio anexa ao contrato (porque cópia é substantivo feminino);
a expressão “em anexo” é uma locução adverbial, por isso é invariável.
Veja: As certidões virão em anexo (a expressão se manteve no masculino);
É muito comum, na comunicação interna de uma empresa, a troca de e-mails
que apresentam desvios na escrita, especialmente no que tange à
concordância nominal. Por exemplo, quando encontramos “segue anexo as
solicitações”, deveríamos encontrar “seguem em anexo as solicitações”, ou,
ainda, “seguem anexas as solicitações”. Num caso como este, o emissor da
mensagem transmite a impressão de que não sabe aplicar as regras de
concordância nominal. Vale lembrar que, hoje, em muitos casos, um dos
critérios de seleção no mercado de trabalho é o domínio da norma culta da
língua portuguesa.
Leia a matéria publicada no site da Revista Exame e conheça uma dica para
não errar na concordância nominal. Acesse:
<http://exame.abril.com.br/carreira/noticias/a-regra-para-nunca-mais-errar-a-
concordancia-nominal>.
Como vimos, há uma regra geral e algumas particularidades na concordância
nominal. Atente-se a elas que, assim, o processo comunicativo ficará mais fácil
e claro.
Fechamento
Concluímos a aula relativa à concordância nominal. Agora, você já conhece
como devemos realizar a concordância entre os substantivos e as palavras que
estão relacionadas diretamente a ele.
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
conhecer o conceito de concordância nominal
entender como se estabelece a regra geral
conhecer os casos especiais de concordância
entender como se dá a concordância ideológica
compreender a importância da concordância no processo de comunicação
Referências
ABRANTES, Talita. A regra para nunca mais errar a concordância
nominal. EXAME.com, 2013. Disponível em:
<http://exame.abril.com.br/carreira/noticias/a-regra-para-nunca-mais-errar-a-
concordancia-nominal>. Acesso em: 3 jul. 2017.
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 38. ed. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 2015.
CIPRO NETO, Pasquale. Português com o professor Pasquale:
concordância nominal. v. 5. São Paulo: Publifolha, 2002
NICOLA, José de. Projeto Múltiplo: gramática & texto. São Paulo: Editora
Scipione, 2014.
PATROCÍNIO, Mauro Ferreira do. Aprender e praticar gramática. São Paulo:
FTD, 2011.
Pontuação
Introdução
Provavelmente, em algum momento, você teve dúvidas ao exercitar a escrita,
correto? Uma das maiores dificuldades estava no momento de pontuar o seu
texto, não é verdade? Na língua escrita, há poucos recursos rítmicos e
melódicos que representem certas expressões e signos que temos na fala.
Assim, para suprir tais ausências, são utilizados os sinais gráficos de
pontuação. Nesta aula, iremos compreender o uso e as funções da pontuação
na escrita. Além disso, entenderemos que a função da pontuação está
diretamente relacionada ao sentido correto que se deseja atribuir ao texto.
Ao final desta aula, você será capaz de:
compreender o uso e as funções da pontuação
entender que a função da pontuação está relacionada diretamente com o
sentido correto do texto
Definição e uso da pontuação
Para começarmos nosso estudo sobre pontuação, precisamos entender a
razão da existência dos sinais a serem utilizados na linguagem escrita. Na
língua falada, há inúmeros recursos que inexistem na escrita, uma vez que
recursos melódicos e rítmicos são típicos da oralidade. Então, ao escrever,
para suprir esta ausência, ou tentar reconstruir “o movimento vivo da elocução
oral”, fazemos uso da pontuação (CUNHA, CINTRA, 2001, p. 643).
A vírgula, por sua vez, é um pouco mais complexa. Ela marca uma pausa de
pequena duração. Porém, é importante salientar que ela não é empregada
apenas para separar uma oração, ou orações, em um período, utilizamos este
sinal também para:
Além disso, usamos a vírgula para separar orações intercaladas, datas e para
suprimir uma palavra ou grupo de palavras que já foi expressa no texto
(CUNHA, CINTRA, 2001). Por outro lado, não usamos vírgula entre o sujeito e
o predicado, ou seja, em “Juliana, comprou uma casa nova” há uma
inadequação na construção. Além disso, deve-se atentar para a construção do
aposto, pois ele deverá aparecer isolado, em um período, por vírgulas. Por
exemplo: “As estrelas, como grandes olhos curiosos, espreitavam através da
folhagem” (BECHARA, 2015, p. 475).
No trecho “Ele falou, gritou, esperneou. Não adiantou nada”, temos um caso de
supressão de uma palavra facilmente identificada no contexto: o pronome “ele”.
Veja que a vírgula serviu como elemento coesivo, evitando repetições
desnecessárias ao longo do texto.
Foco na melodia
Alguns sinais de pontuação marcam, sobretudo, a melodia. Entenda por
melodia o ritmo, a harmonia, na composição textual (ABL, 2008). O primeiro
sinal a marcar, na escrita, uma sensível suspensão da voz é o sinal de dois-
pontos. Assim, devemos empregá-lo:
Fonte: Shutterstock
As reticências também possuem valor de pausa, porém de forma mais
acentuada, em especial quando atuam no prolongamento de uma reflexão.
Além disso, elas também podem ser combinadas com outros sinais de
pontuação. Veja: “Peço, apenas, que possa lhe fazer feliz...”. Aqui, temos o
prolongamento da reflexão, assim como uma pausa promovida pelo uso da
vírgula.
Fonte: Shutterstock
Os colchetes representam um tipo de variação dos parênteses, portanto,
possuem a mesma aplicação. Veja: “A imprensa (quem contesta?) é o mais
poderoso meio inventado para a divulgação do pensamento [coletivo ou
individual]” (BECHARA, 2015). Os colchetes são usados frequentemente em
trabalhos ligados à linguística e filologia, para indicar transcrição fonética. Veja
que, na palavra ‘mundo’, a transcrição fonética vem marcada por colchetes:
[‘mu~du].
Introdução
Certamente, ao redigir um texto, você já deve ter questionado se determinada
palavra levaria acento ou não, correto? É muito provável também que,
inúmeras vezes, tenha lhe ocorrido outra dúvida: há crase ou não há crase?
Nesta aula, abordaremos as regras básicas de acentuação, assim como as
particularidades do uso da crase.
Ao final desta aula, você será capaz de:
compreender as regras básicas de acentuação
entender as particularidades do uso da crase
Os principais sinais de acentuação
Na escrita, para reproduzirmos as palavras, empregamos sinais gráficos, os
quais denominamos letras do alfabeto. No entanto, além das letras, também
nos valemos dos sinais auxiliares, que têm a função de indicar a pronúncia
correta das palavras. Estes sinais são chamados, tecnicamente, de notações
lexicais. Neles estão inclusos os acentos, que podem ser: agudo (´); grave (`); e
circunflexo (^) (CUNHA, CINTRA, 2001).
Figura 1 - A acentuação é um recurso para a correta pronúncia das palavras
Fonte: Shutterstock
O acento agudo é empregado para marcar:
Por sua vez, o acento grave é usado para indicar a crase, marca que indica a
fusão entre a preposição “a” com a forma feminina do artigo (a, as) e com os
pronomes demonstrativos “a(s)”, “aquele(s)”, “aquela(s)”, “aquilo”. Ex.: “à”; “às”;
“àquilo”.
Por fim, temos o acento circunflexo, que é utilizado para indicar o som
fechado das vogais tônicas (a, e, o). Ex.: “pêsames”; “capô”; “ânimo” (CUNHA,
CINTRA, 2001).
terminam em “a” aberto, “e” e “o” semiabertos, seguidos ou não de ‘s’. Ex.:
“cajá”; “pés”; “jacaré”;
terminam em “e” e “o” semifechados, seguidos ou não de “s”. Ex.: “lês” e
“avô”;
terminam em “em/ens”. Ex.: “alguém” e “vinténs”.
são monossílabos tônicos. Ex.; “lá”; “pé”; “pó”.
Veja que a acentuação gráfica tem por objetivo apresentar uma orientação ao
leitor quanto à pronúncia correta da palavra e, também, quanto ao seu
significado, em alguns casos (PATROCÍNIO, 2011).
Quando redigimos “ela pode sair mais cedo”, querendo indicar que a ação
verbal está no passado, e não colocamos o acento diferencial, haverá um
problema com a transmissão da mensagem, uma vez que se entende que o
verbo está no presente.
Foi mantido o acento diferencial usado para distinguir as formas verbais “pode”
(presente do indicativo) e “pôde” (pretérito perfeito do indicativo) (FARACO,
2012).
Há, ainda, um caso particular de uso da crase. Veja: não usamos crase antes
de nome de cidade sem especificador. Em “Viajou a Teresina”, não há adjetivo
que especifique a cidade, nem a palavra cidade implícita, logo não há a
ocorrência de crase.
Devemos também nos atentar quanto ao uso da crase diante das palavras
“casa” e “terra”. Veja: se a palavra “casa” estiver empregada no sentido de “lar”,
não há a ocorrência de crase (“Ele foi a casa”). Agora, quando a palavra “casa”
vem acompanhada de um especificador, um adjetivo, deverá haver o emprego
da crase (“Fui à casa de meus pais”). Em relação à palavra “terra”, quando ela
estiver empregada no sentido de “terra firme”, não sendo especificada por um
adjetivo, não haverá a ocorrência da crase (“Nós marinheiros voltamos a
terra”). Mas se a palavra “terra” estiver especificada ocorrerá a crase
(“Voltamos à terra de meus antepassados”) (BECHARA, 2015).
Deve-se tomar cuidado em relação ao uso da crase, uma vez que seu emprego
inadequado gera graves equívocos. Leia a matéria publicada na revista
EXAME, que traz uma série de dicas úteis para o emprego correto da crase.
Acesse: <http://exame.abril.com.br/carreira/noticias/como-usar-a-crase-
corretamente>.
Além disso, a crase poderá ser facultativa:
Introdução
Nesta aula, conheceremos os diferentes tipos de pronomes, reconhecendo os
usos corretos de cada categorial pronominal.
Ao final desta aula, você será capaz de:
identificar os diferentes tipos de pronomes
reconhecer o uso correto dos pronomes, de acordo com o padrão culto da
língua
Os pronomes
Pronome é a classe gramatical cuja função é substituir ou acompanhar o
elemento no enunciado, indicando sua posição em relação às pessoas do
discurso, ou mesmo situando-os no tempo e no espaço (NICOLA, 2014).
Gramaticalmente, dentro da morfologia (campo que estuda as palavras de
modo estrito, ou seja, suas funções dentro da própria língua), o pronome é uma
palavra variável, pois admite flexão de pessoa (1ª; 2ª; 3ª); gênero (masculino,
feminino); e número (singular e plural).
Para usar corretamente os pronomes, deve-se respeitar a premissa das
pessoas do discurso. Então, use-os da seguinte forma: a “1ª pessoa” é quem
fala (eu, nós); a “2ª pessoa” é com quem se fala (tu e vós); e a “3ª pessoa” é
sobre quem ou o que se fala (ele/eles, ela/elas) (NICOLA, 2014).
O pronome reto é aquele que indica diretamente a pessoa do discurso: eu; tu;
ele; nós; vós; eles. Já os pronomes oblíquos são aqueles que vão retomando
os retos para evitar repetições desnecessárias na enunciação. Veja: “Joaquim
perdeu os cadernos. Mas elesforam encontrados. Acharam-nos no canto da
sala”. Note que os pronomes vão substituindo e, ao mesmo tempo, retomando
a palavra “cadernos”.
Observe que, em “Eu queria te dizer”, o “te” é pronome átono e não vem
precedido por preposição. Já em “Fiquei pensando em ti”, o “ti” é precedido
pela proposição “em”, caracterizando-se como um pronome tônico. Veja que
estes pronomes referem-se às pessoas que estão presentes na enunciação (eu
e tu).
Os pronomes oblíquos, por sua vez, são classificados em átonos, aqueles que
nunca são precedidos por preposição, e tônicos, que são precedidos por
preposição.
Os pronomes pessoais são classificados conforme a aplicação nos enunciados.
No quadro a seguir, está a lista completa dos pronomes pessoais.
Os pronomes relativos são aqueles que retomam algum termo que foi dito no
enunciado anteriormente. Assim, dizemos que ele é um “pronome que retoma o
seu antecedente” (NICOLA, 2014, p. 290). Veja: “Este rapaz não diz
nada que se aproveite”. Neste caso, o “que” retoma o seu antecedente “nada”.
Há, ainda, outros pronomes relativos: onde, para indicar lugar; cujo (e seus
derivados) para indicar posse; quem, para indicar pessoa; e quanto, quando o
antecedente for um indefinido. O quadro abaixo apresenta alguns pronomes
indefinidos e relativos.
Como vimos, há vários pronomes que devem ser usados de modo adequado,
indicando exatamente o que se deseja retomar nos enunciados.
Fechamento
Concluímos a aula relativa aos pronomes. Agora, você já conhece quais os
tipos de pronomes e já sabe como cada um deles deve ser empregado de
acordo com a norma padrão culta.
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
conhecer o que é pronome
entender quais são as funções dos pronomes
reconhecer os pronomes nas enunciações
Referências
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 38. ed. São Paulo:
Nova Fronteira, 2015.
CUNHA, Celso; CINTRA, Luis Filipe Lindley. Nova gramática do português
contemporâneo. 6. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
NICOLA, José de. Gramática e texto. Volume único 1,2,3. São Paulo:
Scipione, 2014.
MONNERAT, Rosane Santos Mauro. A ambiguidade e o emprego dos
pronomes. s.d.Disponível em: <www.filologia.org.br/viiicnlf/anais/caderno13-
01.html>. Acesso em: 4 jul. 2017.
Ortografia e o atual
Acordo Ortográfico
Introdução
Nesta aula, aprofundaremos nosso conhecimento sobre a ortografia. Para isso,
entenderemos a necessidade da uniformização da ortografia nos países
falantes da língua portuguesa. Assim, conheceremos o atual Acordo
Ortográfico e as principais mudanças que ocorrem no português do Brasil. Por
fim, iremos reconhecer alguns desvios que comprometem o processo de
comunicação.
Ao final desta aula, você será capaz de:
conhecer as principais mudanças na ortografia da língua portuguesa
entender que os desvios das normas comprometem a interpretação dos
textos e sua qualidade
A normatização ortográfica entre os países falantes da língua portuguesa
A ortografia é um conjunto de normas criadas na intenção de auxiliar o falante
da língua a escrever corretamente as palavras e utilizar de modo adequado os
sinais de acentuação e pontuação (ABL, 2008). Para o processo comunicativo,
em especial na escrita, a ortografia é essencial, uma vez que fornece
orientações para que não cometamos nenhum desvio.
Não utilizamos mais o trema (¨) nas palavras da língua portuguesa, como
“linguiça”, “sequestro” e “sequência”. No entanto, em nomes próprios, de
origem estrangeira, como Müller (e seus derivados, mülleriano), ainda
encontramos o sinal.
Não utilizamos mais o acento agudo (´) para marcar os chamados ditongos
abertos (“oi” e “ei”) em palavras paroxítonas (cuja sílaba tônica recai sobre
a segunda), como em “paranoia” e “ideia”.
Não acentuamos mais as duplas “oo” e “ee”, como em “voo”, “creem”,
deem, “leem”, “veem”.
Não recebem mais acentos diferenciais: “para” (preposição) e “para”
(verbo); “pera” (fruta) e “pera” (preposição); “polo” (localização geográfica) e
“polo” (tipo de ave); “pelo” (cabelo), “pelo/pela” (do verbo pelar) e/ou “pela”
(tipo de jogo).
As palavras que contêm ditongo seguido de hiato, como “baiuca” e “feiura”,
não são mais acentuadas. Lembre-se de que o acento servia para fazer
uma marcação de tonicidade nestas palavras.
Não acentuamos mais o “u” tônico de palavras como “averigue” e
“apazigue”.
Isso pode aparecer nas palavras “mas” e “mais”. A primeira é uma conjunção
que dá a ideia de oposição; já a segunda forma indica “soma”. A grafia correta
implica também interpretação correta da mensagem.
Desvios gráficos podem comprometer profundamente a qualidade de um texto
e influenciar negativamente no desenvolvimento profissional. Para evitar
desvios, é fundamental conhecer as regras gramaticais. Acesse o link e saiba
mais sobre o tema: <http://educacao.uol.com.br/album/2016/03/02/veja-os-
erros-mais-comuns-da-lingua-portuguesa-e-saiba-como-evita-
los.htm#fotoNav=4>.
Outra questão está relacionada às palavras homônimas e parônimas.
Homônimos são vocábulos diferentes que possuem a mesma grafia e
pronúncia, ou apenas a mesma grafia, ou apenas a mesma pronúncia, como
em: “são” (sadio), “são” (verbo ser) e “são” (santo); “torre” (prédio) e “torre”
(verbo torrar). Já as parônimas são palavras diferentes que apresentam
pronúncia e grafias semelhantes, como em: “ratificar” (confirmar) e “retificar”
(corrigir); “sortir” (abastecer) e “surtir” (causar efeito); “eminente” (ilustre) e
“iminente” (que está próximo de acontecer).
Referências
ABL. Dicionário Escola da Academia Brasileira de Letras. São Paulo:
Companhia Nacional, 2008.
FARACO, Carlos Alberto. Novo Acordo Ortográfico. São Paulo: Parábola
Editorial, 2012.
NICOLA, José de. Projeto Múltiplo: gramática & texto. v. único: partes 1, 2 e
3. São Paulo: Editora Scipione, 2014.
PATROCÍNIO, Mauro Ferreira. Aprender e Praticar Gramática: volume único.
São Paulo: FTD, 2011.