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22/12/2021 12:50 Educação: O muro permanece alto para mulheres negras

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O muro permanece alto para mulheres
negras
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23 DE JULHO DE 2021
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Pandemia aprofundou desigualdades raciais na educação |Fotos: Jefferson Peixoto/Secom

   
Elas são 21% dos estudantes que concluem o ensino superior, o segundo maior grupo do país, mas
ainda enfrentam barreiras para se manter na universidade e entrar no mercado de trabalho

Por Gabriele Roza*

E
m 2012, Paloma Calado tinha 17 anos e decidiu que queria fazer faculdade de
ciência da
Primeira organização computação.
de mídia Ela bolou
no Brasil orientada porum plano:
dados cursar o
para qualificar último
o debate anoequidade
sobre do ensino médio
de gênero.

de manhã, dois cursos profissionalizantes à tarde e fazer o pré-vestibular à noite,


no Centro de
Desenvolvido porEducação
Beta Designdo Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro, onde mora.

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A ideia era passar na faculdade, mas, caso não conseguisse, entraria no mercado de
trabalho.‘‘Graças a Deus deu certo, fui aprovada em três universidades’’, conta. 

Decidiu pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e foi aí que ela deu de cara com
um outro universo, mais desigual do que qualquer outro espaço que ocupava. ‘‘Foi um
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choque de realidade. Eu não sabia dessa discrepância de mulheres e homens na
computação.
NOSSAS ÁREAS Para mim era normal, mas quando eu cheguei lá não era assim: 10% da turma

eram mulheres, e mulheres negras tinham duas, contando comigo, em uma turma de 60’’.
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Paloma estudou em escolas públicas municipais e estaduais. Ela explica que, por isso,
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sempre teve contato com pessoas próximas a sua realidade. ‘‘Na faculdade, eu vi de cara a
diferença. Foi mais gritante a questão de gênero e depois veio a questão de raça ASSINAR
porque,
mesmo entre os homens, pouquíssimos eram negros. Mas eu fico feliz porque nessa minha
trajetória dentro da universidade, eu vi esse quadro mudando’’.

Quando Paloma entrou na universidade, em 2013, excluindo os casos sem informação ou


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que não responderam, mulheres negras eram 22% das pessoas que haviam ingressado nas
Instituições de Ensino Superior (IES), mulheres brancas 32%, homens brancos 26% e
homens negros 18%. Em 2019, considerando os que declararam cor ou raça, houve um salto
entre alunos negros que ingressaram no ensino superior: mulheres negras passaram para
27% do total, e homens negros, para 20%. Já a proporção entre os brancos caiu para 29%
entre as mulheres e para 22% entre os homens. A política de cotas nas universidades
federais foi instituída em 2012, logo o aumento em 2019 demonstra ser um possível reflexo
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da medida.  

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Neste domingo (25) em que se celebra o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e


Caribenha, é importante olhar para avanços, mas sem deixar de reconhecer que são as
mulheres negras que ainda enfrentam mais barreiras para se manter na universidade e
entrar no mercado de trabalho. Elas seguem sub-representadas nas instituições públicas do
país. Do total de mulheres negras que entraram em uma universidade, 16% ingressaram em
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instituições públicas e 84% em instituições privadas. Os dados são do Censo Escolar mais
recente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep),
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órgão vinculado ao Ministério da Educação. Já de acordo com o Departamento Intersindical


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de Estatística e Estudos Socioeconômicos  (Dieese), com base nos dados da Pnad Contínua,
a
GNtaxa
HUBde desocupação das mulheres negras atingiu 19,8% no terceiro trimestre de 2020. 

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LEIA TAMBÉM Dificuldades financeiras e falta de acesso à internet impactam


universitários negros e de baixa renda no retorno às aulas online

Dados do Censo do Ensino Superior analisados pelo data_labe mostram que a porcentagem
de mulheres matriculadas nos cursos de tecnologia é bem menor. Em 2016, em engenharia
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da computação, 10% das pessoas matriculadas eram mulheres e, destas,  62% eram
brancas. Ou seja, mesmo as mulheres negras sendo 28% da população brasileira, o maior
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grupo demográfico do país, menos da metade de mulheres ingressantes em engenharia da


computação era negra.

‘‘A gente tinha uma ilusão de que as questões de gênero já estavam resolvidas na educação
porque as mulheres eram maioria tanto na conclusão da educação básica quanto na
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participação no ensino superior. Mas a pergunta é: de quais mulheres estamos falando? O
que elas
NOSSAS escolhem e quem pode escolher?’’, questiona Suelaine Carneiro, coordenadora do
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Programa de Educação e Pesquisa do Geledés – Instituto da Mulher Negra. Para sua


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pesquisa de mestrado, Suelaine entrevistou estudantes de ensino médio e percebeu que, já
dentro
GN HUB da universidade, muitas escolhas profissionais são possibilitadas ou

impossibilitadas pela questão de gênero, de raça e pelas condições socioeconômicas. Ou


seja,
 FALEpassar não basta. Concluir a graduação é outro desafio significativo para essas
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mulheres. 

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Paloma Calado conseguiu ultrapassar essa primeira barreira, mas teve que aprender a lidar
com várias dificuldades. Na faculdade, ela viveu situações em que professores
desacreditaram do seu potencial: ‘‘O maior desafio é o contato com os professores. As
questões
 ASSINEse
A cruzam, eu sou
NEWSLETTER uma mulher
E RECEBA negra
NOSSO em computação’’.
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não ter sido ideal, ela também teve dificuldade em algumas disciplinas de matemática.
‘‘Estou até hoje lutando para concluir a faculdade. É um ambiente de pressão, tanto de
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pressão externa da sociedade quanto de mim mesma, por pensar que o tempo está passando
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e eu não me formo. Eu lutei tanto para estar ali, por que não tá dando certo? Será que não
sou capaz?’’.  

Em 2019, entre as pessoas que concluíram o ensino superior, 27% eram mulheres brancas,
21%
 mulheres
 negras,
 18% homens brancos e 14% homens negros. Ou seja, a porcentagem
de mulheres negras que concluíram o ensino superior é apenas um ponto percentual menor
do que as que ingressaram naquele ano. Isto indica que, apesar dos percalços e do tempo às
vezes maior que o inicialmente planejado, elas conseguem concluir o curso. Mas ao
observar a proporção apenas entre mulheres, a desigualdade racial se revela de forma mais
clara: mulheres negras representaram 35% das que se formaram, enquanto mulheres
brancas eram 45%. ‘‘Eu decidi fazer uma mudança bem drástica. Minha ideia era trancar o
curso de ciência da computação, mas optei por um processo de transição e estou fazendo
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disciplinas do curso de marketing’’, diz Paloma.

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Desigualdade de gênero e raça começam na escola

Mestre em gênero e desenvolvimento pela Universidade de Sussex, no Reino Unido, Bárbara


Paes (28) fez sua pesquisa de pós-graduação sobre uma experiência que é comum para ela:
o racismo
O QUE na escola. ‘‘Crescendo como uma menina negra e com uma irmã negra, eu
FAZEMOS

percebia que a escola era um espaço ruim. Aconteceram vários episódios de racismo
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comigo, com a minha irmã, com outras mulheres que a gente conhecia. O que me chamou
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atenção é que não era uma coisa individual, era uma coisa muito comum nas trajetórias
escolares
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de quase todas as mulheres negras que eu conheço’’, recorda. 

Na pesquisa, ela analisou dois casos de crianças negras que sofreram racismo na escola. Ela
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explica que as escolas costumam minimizar a violência sofrida e apontar a situação como
uma ocorrência normal. Se as mães das alunas não tivessem se posicionado, as situações
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passariam despercebidas. ‘‘Nos dois casos, os órgãos de educação falharam de maneira
direta em reconhecer o racismo e a gravidade dos casos. O que se tornou mais grave é não
prestar atendimento às crianças que sofreram a violência. O impacto psicológico foi
ignorado. Essa experiência da escola pode ser tão traumática a ponto de você não querer
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fazer uma faculdade depois ou não querer seguir no espaço de educação”. 

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Para Bárbara, as ocorrências de racismo costumam ser encaradas pelas instituições de
ensino de forma isolada, como se não fossem um problema estrutural presente ASSINAR
em todos os
espaços: ‘‘Se a gente olhasse isso de uma forma estrutural, poderia pensar em estratégias
de prevenção’’. A pesquisadora também é uma das fundadoras e coordenadoras do Minas
Programam, que ajuda a criar espaços seguros para que mulheres negras possam aprender
sobre tecnologia. ‘‘As mulheres crescem escutando na escola que não vão ser boas nisso.
   
Nossas alunas do Minas Programam sempre escutaram isso, os pais achavam, os
professores e as pessoas em volta não necessariamente acreditavam que essas meninas
poderiam ser cientistas, tecnologistas, médicas’’. 

LEIA TAMBÉM Tarefas domésticas e de cuidado são principal impedimento para


mulheres jovens estudarem e trabalharem fora de casa

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O racismo no ambiente escolar marca durante muito tempo pessoas negras. A estudante de
Relações Internacionais do Centro Universitário IBMR, no Rio de Janeiro, Milena Santos
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Francisco (26), lembra com tristeza a fala da professora na escola: ‘‘Quando a professora
brigava, ela falava: ‘você está conversando demais, como é que vai ser atendente do
McDonald’s assim?’ Na época, eu falei ‘quem disse para você que eu quero ser atendente do
McDonald’s?’ Mas depois eu percebi o quanto de racismo e de preconceito aquela frase
carregava’’. 
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O incômodo
NOSSAS ÁREAS com o ambiente educacional e com professores não parou por aí. Já no início da

faculdade, Milena sentiu a pressão de tentar ser uma mulher negra fora do lugar que a
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sociedade impõe: ‘‘Sou bolsista, desde o primeiro dia já foi aquele choque porque só tinha
branco,
GN HUB classe média, morador da Zona Sul [área de maior poder aquisitivo no Rio de

Janeiro], realidade completamente diferente da minha. No primeiro dia de aula, o professor



 vem
FALEcom texto inglês, diz ‘se virem, que aqui todo mundo tem que falar inglês’. Você já
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fica chocada, pedindo socorro. É desesperador e cansativo também’’.  

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Desemprego afeta mais mulheres negras do que os


outros grupos
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A estudante está desempregada desde 2017, quando trabalhava em uma ONG no Morro do
Borel, na Tijuca, Zona Norte do Rio, onde também mora. Em 2019, ela fez um curso para
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aprender a fazer trança e acabou decidindo investir na carreira de trancista. ‘‘Fiz o curso
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por hobby mesmo, foi uma experiência muito rica, aprendi muito e fiquei com essa vontade
de começar um negócio. Aí minha mãe falou ‘você é boa, acho que vale a pena investir’. E eu
estava sem renda, desempregada, então seria uma forma de ter uma renda fazendo uma
coisa que eu gosto’’.

   
Depois de alguns meses treinando, começou a ter clientes, mas precisou parar na pandemia 
por falta de um espaço próprio. Desde 2017, Milena tenta vagas de emprego ou estágio, mas
até hoje não conseguiu. Diversas pesquisas mostram que mulheres negras são as mais
afetadas pelo desemprego no país, principalmente em momentos de crise. Entre o segundo
semestre de 2014 e o primeiro de 2017, a variação na taxa de desemprego foi elevada para
todos os grupos demográficos, mas há uma diferença na variação entre eles. 

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LEIA TAMBÉM Na pandemia, mulheres ficam mais vulneráveis e são maioria entre
desempregados

Segundo análise do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) a partir de dados da


Pnad Contínua, do IBGE, entre os grupos de sexo/cor, as mulheres negras experimentaram
o maior aumento absoluto na taxa de desemprego: ‘‘8 pontos percentuais, representando
uma taxa 80% maior que antes do início da recessão [que ocorreu entre o terceiro trimestre
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de 2014 e o primeiro trimestre de 2017]’’. O menor aumento foi para os homens brancos
(4,6 pontos percentuais).
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Dois anos depois, sob os efeitos da pandemia de covid-19, os índices pioraram para toda a
população, mas foram as mulheres negras mais uma vez as mais afetadas. O relatório ‘‘A
Inserção das mulheres no mercado de trabalho’’, do Dieese, com base nos dados da Pnad
Contínua, aponta que parcela expressiva de mulheres perdeu sua ocupação no contexto da
crise sanitária. Entre o terceiro trimestre de 2019 e 2020, a quantidade de mulheres fora da
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força de trabalho aumentou 8,6 milhões, a ocupação feminina diminuiu 5,7 milhões e mais
504 milÁREAS
NOSSAS mulheres passaram a ser desempregadas. Neste período, a taxa de desemprego das
mulheres negras cresceu 3,2 pontos percentuais, e das não negras, 2,9 p.p. A taxa de
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desocupação das mulheres negras atingiu a alarmante taxa de 18% no terceiro trimestre de
GN HUBquando a taxa de desocupação do país era 14,6%. 
2020,

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Pandemia aprofundou as desigualdades
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“A gente sabe que em todos os momentos de crise, de acirramento das condições
socioeconômicas, as mulheres e os negros serão os mais impactados’’, explica Suelaine
Carneiro. Na pandemia essa realidade não mudou, diz a pesquisadora, que coordenou, na
Geledés – Instituto da Mulher Negra, a pesquisa ‘‘A Educação de Meninas Negras em
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Tempos de Pandemia: O aprofundamento das desigualdades’’.

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Em 2020, foram realizadas entrevistas em São Paulo para compreender a percepção das
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famílias e professores sobre a educação em tempos de pandemia. ‘‘A gente tinha certeza
que havia uma lacuna de informação sobre o impacto da pandemia na educação, que era não
fazer o recorte racial e de gênero’’, afirma Suelaine.

A pesquisa traz informações sobre a fragilidade das famílias, em particular as negras.


   
Famílias que durante o isolamento social não puderam ficar em casa com os seus filhos, que
mais solicitaram o auxílio emergencial naquele primeiro momento, que não tinham
conexão por cabo, computadores, e que também não tinham condições adequadas para que
as crianças pudessem estudar. “Para todos esses questionamentos, a maioria dos que
disseram que não tem condições foram as famílias negras’’, conta a pesquisadora.

Segundo o trabalho, o principal mecanismo de acesso às redes para as famílias brancas é o


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computador, e para as famílias negras é o celular. Entre os entrevistados, o computador é
utilizado por 63,64% das famílias brancas e por 23,81% das famílias negras. As meninas
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negras foram as que tiveram menor acesso a material didático pedagógico; quando
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comparadas a outros grupos, elas também foram as que menos conseguiram realizar as
tarefas escolares.

LEIA TAMBÉM Manutenção do Enem em meio a alta de casos de covid-19 prejudica


negros e periféricos
O QUE FAZEMOS

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Pesquisa realizada pela Pearson no Brasil, na China, nos Estados Unidos e no Reino Unido
revela
EQUIPE como o ensino à distância no país depende de políticas públicas para a educação. O

estudo mostra que a maioria dos pais brasileiros (83%) e estudantes universitários (86%)
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concorda totalmente que o governo deveria fazer mais para garantir o acesso à internet e
equipamentos tecnológicos para os alunos. Nos outros países, esse número é
 FALE CONOSCO menor: 36% dos pais chineses, 49% dos estadunidenses e 50% dos
substancialmente
britânicos concordam que o governo deveria fazer mais.
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Quando questionados sobre o que mais os preocupam durante o curso universitário, a


maior parte dos estudantes brasileiros (47%) indicou ser a situação financeira. A pesquisa
foi realizada entre abril e maio deste ano com quatro mil responsáveis por crianças entre 11
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e 17 anos e dois mil estudantes nos quatro países citados.

seuSuelaine
Para e-mail Carneiro, não se revertem as condições de desigualdade sem uma agenda

comprometida com mudanças estruturais, que já são reforçadas pelo movimento negro e de
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mulheres há anos. ‘‘Quando a gente recupera a história do movimento negro brasileiro, já
no século 19, há relatos de ações em que a escolarização da população negra é uma
demanda. A ação em defesa de cotas é uma estratégia de luta de movimento negro. As
mulheres também compreenderam a educação como uma janela de oportunidade para
 possibilidades
outras   de vida’’.

No dia 16 de julho, a estudante da UFRJ Paloma Calado recebeu uma notícia que balançou
seu coração: ela foi aprovada em uma vaga em uma empresa de tecnologia. ‘‘É um
recrutamento voltado para mulheres e pessoas negras, um programa de formação com
contratação imediata para trabalhar nesse ramo de tecnologia. Eu entrei com tudo porque
apesar de não ter tido um rendimento satisfatório como o que eu queria na universidade, é
uma área
Primeira que eu amo’’. 
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‘‘No Brasil, a gente não pode se dar ao luxo de ignorar a genialidade das mulheres negras’’,
conclui a pesquisadora Bárbara Paes. ‘‘As ideias, as inovações que as mulheres negras têm
criado desde sempre são inestimáveis. As soluções para os problemas mais graves que a
gente tem não virão das mesmas pessoas, mas das pessoas que estão sendo mais
impactadas por esses problemas. No Brasil, eu diria que boa parte das pessoas que estão
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sendo mais impactadas pela desigualdade são pessoas negras e mulheres negras, não tem
como
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gente não priorizar a educação delas’’.

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* Gabriele Roza é repórter e colaboradora da Gênero e Número


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Esta reportagem foi  produzida com o apoio da empresa de aprendizagem Pearson.


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