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Gestão Social:
Planejamento e
Avaliação
UnisulVirtual
Palhoça, 2014
Créditos
Gestão Social:
Planejamento e
Avaliação
Livro didático
Designer instrucional
Marina Melhado Gomes da Silva
UnisulVirtual
Palhoça, 2014
Copyright © Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por
UnisulVirtual 2014 qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.
Livro Didático
658.408
M14 Maciel, Walery Luci da Silva
Gestão social : planejamento e avaliação : livro didático / Walery
Luci da Silva Maciel ; design instrucional Marina Melhado Gomes da
Silva. – Palhoça : UnisulVirtual, 2014.
128 p. : il. ; 28 cm.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7817-697-6
Introdução | 7
Capítulo 1
Planejamento organizacional: ação que pode levar
à excelência | 9
Capítulo 2
Planejamento estratégico: por uma ação
sistemática, consequente e permanente | 29
Capítulo 3
Diagnóstico social: interpretando e entendendo
a realidade | 63
Capítulo 4
Planos, programas e projetos: do papel
para a ação | 89
Considerações Finais | 119
Referências | 121
Caro(a) estudante
Quando falamos de gestão social estamos falando da gestão das demandas dos
cidadãos. Prioritariamente, o atendimento dessas demandas é função do Estado
por meio das políticas públicas, porém, o que temos hoje, no contexto neoliberal,
é uma realidade em que não só o Estado mas a sociedade civil, por meio das
suas organizações e movimentos sociais, partilham da solução dos problemas
que agravam a vida e a sobrevivência dos cidadãos. Esse cenário constitui hoje
nosso campo de atuação.
Nesta unidade de aprendizagem, vamos focar nosso olhar para a gestão das
organizações do terceiro setor e, para tanto, o conteúdo está estruturado em
quatro capítulos. Abordaremos acerca do planejamento organizacional, sua lógica
ou racionalidade dentro das organizações do terceiro setor, seu desmembramento
por meio do planejamento estratégico, o diagnóstico social como ferramenta
importante a todo processo de planejamento, por fim, vamos partir para a ação
por meio dos planos programas, projetos e serviços.
Planejamento organizacional:
ação que pode levar
à excelência
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Capítulo 1
Seção 1
Racionalidade instrumental e racionalidade
substantiva: para entender a lógica do
terceiro setor
As organizações sociais, de caráter beneficente e ou filantrópico, não constituem
um fenômeno recente da vida em sociedade. Ao observarmos a história da
humanidade, percebemos que, independente do momento histórico, da
cultura ou civilização, dos aspectos econômicos ou políticos estudados, o
homem sempre esteve voltado à busca de soluções para problemas ou limites
vivenciados na coletividade e que colocavam em risco sua segurança ou
mesmo sua sobrevivência. Podemos afirmar que, se não fora o sentimento de
solidariedade, de ajuda mútua, a humanidade teria sucumbido a períodos de sua
história, repletos de situações violentas e destruidoras.
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Gestão Social: Planejamento e Avaliação
Esse fato fez com que as organizações centrassem sua atenção às questões
ligadas ao atendimento de seu público alvo, e os aspectos ligados à
administração passaram a ser relegados ao plano da obrigatoriedade, entendidos
como ações meramente burocráticas, para fins de atendimento às condições
impostas pela relação que se estabelece com o setor público e com o mercado,
na busca de sustentabilidade e continuidade de suas ações.
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Capítulo 1
Quadro 1.1 – Primeiro e segundo setores da economia, seus objetivos e lógica de atuação
Objetivos Fundamentais
Setor Lógica ou Racionalidade
- Garantir o desenvolvimento
nacional
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Gestão Social: Planejamento e Avaliação
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Capítulo 1
Conforme Hudson (1999, p XI), essas organizações são orientadas por valores,
os quais são incorporados e vividos por pessoas que acreditam e lutam por
transformações. Valores como solidariedade, iniciativa individual, compromisso,
capacidade de agir e de mudar o ambiente, são vivenciados, tornando-os atores,
sujeitos-cidadãos, não importando em que condições estejam em relação à
organização, se beneficiados por suas ações ou se promotores, fazedores,
apoiadores dela.
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Gestão Social: Planejamento e Avaliação
- Garantir o desenvolvimento
nacional
Saiba mais
Sugerimos que você leia e estude o Artigo do Professor Maurício
Serva, intitulado “A Racionalidade Substantiva Demonstrada na Prática
Administrativa”. RAE- Revista de Administração de Empresas São Paulo,v.
37, n. 2, p. 18-30 Abr./Jun. 1997.
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Capítulo 1
Seção 2
A importância do planejamento: a busca pela
eficiência, eficácia e efetividade na ação
Em um passado recente, a execução de processos como planejamento, avaliação
e controle, no ambiente das organizações do terceiro setor, era considerada
desnecessária, dessa forma, era ignorada e ou desconhecida por seus gestores.
Até então, essas organizações estavam isentas de qualquer questionamento
quanto a sua eficácia, relevância, e, consequentemente, tinham sua
sustentabilidade garantida por meio das doações voluntárias, da parceria com
o Estado e com a iniciativa privada. Porém, este cenário mudou drasticamente
nos últimos anos e hoje a realidade dessas organizações é permeada por um
ambiente competitivo, em que atuam diversas organizações, com diferentes
temas de intervenção, disputando recursos e apoio da sociedade.
Para Gohn (2002) e Ansoff (1993) este ambiente mudou drasticamente quando
ocorreu o aumento da demanda e dos níveis de exigência da eficiência dessas
organizações; de forma que, de iniciativas introvertidas, passaram para “a
abertura das portas voltadas para o ambiente” (ANSOFF, 1993, p. 40). Essa
mudança significou que a sociedade lançou o desafio à relevância social
dessas organizações, ao mesmo tempo em que ampliou as demandas por
seus serviços e passou a questionar sua eficácia. A ênfase passou a ser na
sustentabilidade financeira e na concepção de resultados mensuráveis, levando
essas organizações a se apropriarem de métodos administrativos profissionais,
incorporando conceitos e, em muitos casos, a lógica utilizada no setor privado e
público, como mencionado na seção anterior.
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Gestão Social: Planejamento e Avaliação
Para entender:
“Gerenciar é a ação de estabelecer ou interpretar objetivos e de alocar
recursos para atingir uma finalidade previamente determinada”, (Tenório,
1999, p. 16). O autor identifica o gerenciamento como um ciclo que envolve
as seguintes funções: Planejar, Organizar, Dirigir e Controlar.
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Capítulo 1
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Capítulo 1
•• construção/reconstrução do objeto;
•• estudo da situação;
•• definição de objetivos para a ação;
•• formulação e escolha de alternativas;
•• elaboração de planos, programas e projetos;
•• implementação;
•• implantação;
•• controle da execução;
•• avaliação do processo e da ação executada;
•• retomada do processo a partir da avaliação.
Por fim, Baptista (2002) salienta que esse não é um processo ordenado, pois
as atividades podem e devem acontecer simultaneamente, interagindo de
forma dinâmica e a partir das demandas da realidade onde acontecem as
ações planejadas.
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Capítulo 1
– Nossa organização precisa de um planejamento que nos oriente para os próximos anos,
diz o assistente social.
– Não temos necessidade de planos, estamos aqui há mais de dez anos, e já aprendemos que
não podemos prever o futuro, diz o presidente da organização.
– Não podemos prever tudo, diz um dos conselheiros, muita coisa mudou, mas a gente sempre dá
um jeito de resolver e vai se adaptando.
– É, minha experiência diz que se soubermos onde e como queremos investir, ou para que precisamos
de recursos, temos a chance de captá-lo, afirma o presidente, percebendo que a conversa estava
começando a fazer sentido.
– Concordo, afirma um dos conselheiros, porém, preocupo-me de que o trabalho não avance
e fique engessado, amarrado a planos.
– Isto é possível, alega o Assistente Social, mas tudo irá depender de como conduzirmos o processo
de planejamento. Não precisamos ver os planos estabelecidos como camisas de força; eles são
flexíveis, e o processo de avaliação e monitoramento apontam para as mudanças quando essas forem
necessárias, conclui, percebendo que o trabalho de convencimento estava apenas começando.
– É isto que me preocupa: esta incerteza e o fato de que, se não chegamos a um consenso
sobre a necessidade do planejamento, como vamos nos acertar para definir seus detalhes?
finaliza o presidente.
O planejamento será útil para uma organização somente quando sua necessidade for
percebida e amplamente aceita por todos os envolvidos no trabalho.
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Gestão Social: Planejamento e Avaliação
Seção 3
Serviços institucionais e interinstitucionais:
a importância do trabalho em rede
Conforme observado nas seções anteriores, as organizações do terceiro setor,
apesar de não constituírem um fenômeno recente, nas três últimas décadas
passaram a ocupar um lugar de destaque no cenário público, protagonizando,
em parceria com o Estado e com o setor privado, ações em prol da construção
de uma sociedade mais justa e equânime. No entanto, as opiniões por parte de
estudiosos e críticos não são de todo favoráveis. Quando se trata da relevância
e da assunção de determinadas ações por essas organizações, críticas que
não podem ser desconsideradas, pois podem contribuir para um melhor
entendimento desta realidade que hoje se mostra como uma das possibilidades
de campo de trabalho e atuação do profissional de serviço social.
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Capítulo 1
O trabalho em rede configura como uma das modalidades da Gestão Social, que,
segundo Carvalho (1999, p. 19), caracteriza-se como “a gestão das demandas e
necessidades dos cidadãos. A política social, os programas sociais, os projetos
são canais e respostas a estas necessidades e demandas”. De acordo com
Guará (1998 apud BOURGUIGNON, 2001, p. 3), uma gestão social moderna
exige modelos flexíveis, descentralizados, favorecendo a participação social por
meio de parcerias com a sociedade civil organizada no encaminhamento das
ações e decisões referentes às políticas públicas.
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Gestão Social: Planejamento e Avaliação
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Capítulo 1
Para tanto, cabe ao profissional do Serviço Social o papel de atuar junto a essas
organizações no sentido de preservar seu caráter original, iminentemente crítico,
reivindicante, dimensionador e propositivo de novos caminhos, para o que, de
acordo com Diniz e Matos (2002), deverão ser enfrentados quatro desafios:
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Capítulo 2
Planejamento estratégico:
por uma ação sistemática,
consequente e permanente
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Capítulo 2
Seção 1
Conceituando e desenvolvendo o
planejamento estratégico: quem planeja e a
escolha de uma metodologia
Nesta seção, estaremos dialogando acerca do planejamento estratégico e
sua aplicação nas organizações do terceiro setor. Inicialmente, vamos refletir
sobre quem são os atores deste processo na organização e a escolha de
uma metodologia.
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Gestão Social: Planejamento e Avaliação
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Capítulo 2
ser considerada como uma ferramenta única ou que venha trazer resultados
instantâneos e “mágicos”, mas deve-se considerar que:
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Gestão Social: Planejamento e Avaliação
Por outro lado, continua o autor, a gestão social contrapõe à gestão estratégica,
“na medida em que tenta substituir a gestão tecnoburocrática, monológica, por um
gerenciamento mais participativo, dialógico, no qual o processo decisório é exercido
por meio de diferentes sujeitos sociais”. (TENÓRIO, 2002, p. 123). Dentro dessa
visão, a partir do paradigma da ação comunicativa os atores sociais têm suas ações
validadas por meio de um processo intersubjetivo, negociado, em que, na busca
de consenso racional, o processo de decisão necessariamente não se concluiu em
resoluções, mas na busca de soluções geradas por convicções processadas por
meio da linguagem, que atua como fonte de integração social.
Nesse tipo de ação social, as pessoas envolvidas entram em acordo para coordenar
seus planos de ação, no qual o ajuste alcançado é avaliado pelo reconhecimento
intersubjetivo das pretensões de validade do discurso de cada um dos atores
envolvidos. Nesta proposta está presente a questão da liberdade da pessoa
humana e de sua responsabilidade social, do exercício da cidadania (TENÓRIO,
2002, p. 123).
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Capítulo 2
Saiba mais:
No conceito de Ação Social, Habermas (1975 apud TENÓRIO, 2002),
desenvolve a noção de Ação Comunicativa, momento quando duas ou
mais pessoas procuram chegar à razão, ao entendimento por meio da
interpretação, negociação, consenso , para o alcance de um objetivo.
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Nível
Estratégico
Nível
Tático
Nível Operacional
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Capítulo 2
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Capítulo 2
Por outro lado, da mesma forma que não há a melhor estratégia, torna-se difícil
dizer qual a melhor metodologia a ser aplicada, pois essa escolha dependerá de
diversos fatores. Segundo Queiroz (2004, p.46), “ uma escolha adequada deve
levar em conta a natureza da organização, suas necessidades e circunstâncias
e os resultados que se espera alcançar”. Este posicionamento é reforçado
por Tenório(1999), quando afirma não existis uma única maneira ou um único
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Gestão Social: Planejamento e Avaliação
processo para planejar; há, porém, alguns passos considerados básicos, que
oferecem um direcionamento para a produção do plano organizacional.
Uma pesquisa não exaustiva sobre o tema vai nos mostrar várias propostas
metodológicas, e percebe-se, em autores como Hudson (1999), Tenório
(1999), Tachizawa (2007), Silva (2001) e Baptista (2002), um exercício teórico
e metodológico para adaptarem e aproximarem o planejamento estratégico
às especificidades e à lógica de atuação do terceiro setor, diferenciando-o
da metodologia de planejamento aplicada à iniciativa privada ou às
empresas públicas.
Nos quadros abaixo você poderá observar, de forma resumida, alguns aspectos
pertinentes à metodologia apresentada por estes autores.
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Capítulo 2
• Definição da missão;
• Análise do contexto externo;
Sugestão de passos
• Análise do contexto interno;
ou etapas do
• Definição dos objetivos;
planejamento
• Definição das estratégias;
• Redação ou elaboração do plano.
Fonte: Tenório (1999).
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Decisões estratégicas:
• Captação de recursos financeiros;
• Parcerias e alianças;
• Convênios com outras organizações do terceiro setor;
• Convênios com o governo e iniciativa privada.
Sugestão de passos
ou etapas do Decisões internas:
planejamento • Definição dos projetos sociais;
• Controle do fluxo de caixa.
Processos produtivos:
• Elaboração de projetos;
• Implementação de projetos;
• Monitoramento e avaliação de projetos.
Fonte: Tachizawa (2007).
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Capítulo 2
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Capítulo 2
Seção 2
Conceituando e desenvolvendo o
planejamento estratégico: mobilizando a
organização e detalhando a metodologia
A metodologia que passamos a estudar propõe o desenvolvimento do processo
de planejamento estratégico em etapas, as quais têm um fim didático, visando
à facilitação da condução do trabalho, bem como a compreensão e o melhor
acompanhamento dele. Esta proposta metodológica é fruto da experiência
profissional da autora e tem como base teórica autores como Tenório (1999) e
Hudson (1999).
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Gestão Social: Planejamento e Avaliação
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Capítulo 2
Observados esses detalhes, inicia-se um processo que, pela sua grandeza, pode
trazer resultados extremamente positivos para a organização e para o grupo
envolvido, lembrando que a construção coletiva do planejamento estratégico
oportuniza profundos debates e reflexões, sendo tão importante quanto seu
resultado final.
Para Tenório (1999, p. 30), a missão “é a finalidade, a razão de ser, a mais elevada
aspiração que legitima e justifica social e economicamente a existência de uma
organização e para a qual devem ser orientados todos os esforços”.
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Capítulo 2
Fundação O Boticário
“Promover e realizar ações de conservação da natureza”. (FUNDAÇÃO GRUPO
BOTICÁRIO, 2014).
Fundação ABRINQ
Promover a defesa dos direitos e o exercício da cidadania de crianças e
adolescentes”. (FUNDAÇÃO ABRING, 2012).
De acordo com Costa (2003), uma visão compartilhada tem valor inestimável
para a organização, pois sua função é explicitar o que essa quer ser, unificando
as expectativas, dando um sentido de direção, facilitando a comunicação e
fortalecendo o comprometimento com metas e objetivos.
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Gestão Social: Planejamento e Avaliação
Fundação O Boticário
“A conservação da natureza ganha relevância na sociedade e nas políticas públicas
no Brasil.” (FUNDAÇÃO GRUPO BOTICÁRIO, 2014).
Fundação ABRINQ
“Uma sociedade justa e responsável pela proteção e pleno desenvolvimento de suas
crianças e adolescentes.” (FUNDAÇÃO ABRING, 2012).
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Capítulo 2
Fundação O Boticário
“Paixão pela evolução e desafios. Comprometimento com os resultados. Somos
íntegros. Valorizamos as pessoas e as relações”. (FUNDAÇÃO GRUPO BOTICÁRIO,
2014).
Fundação ABRINQ
“Ética, transparência, solidariedade, diversidade, autonomia e independência.”
(FUNDAÇÃO ABRING, 2012).
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Gestão Social: Planejamento e Avaliação
OPORTUNIDADE AMEAÇA
Tudo que afeta ou Tudo que afeta ou
pode vir a afetar pode vir a afetar
positivamente a negativamente a
organização organização
contribuindo para comprometendo o
o cumprimento de cumprimento de
sua missão sua missão
Para análise da conjuntura, os dados podem ser obtidos por meio de consulta
a fontes bibliográficas, documentos, periódicos, revistas, sites. Podem ser
coletados dados numéricos, pesquisados documentos legais, pessoas devem ser
ouvidas por meio de palestras e entrevistas. Deve-se observar que a profundidade
da análise a ser desenvolvida estará diretamente ligada à quantidade, qualidade e
ao grau de confiabilidade do material coletado. Segundo Fortes (2001, p. 158),
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Capítulo 2
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Capítulo 2
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Capítulo 2
Tenório (1999, p.39) define estratégia como “caminhos escolhidos que indicam
como a organização pretende concretizar seus objetivos e, conseqüentemente,
sua missão”.
Até este momento de nosso estudo, apreendemos as diversas categorias que aos
poucos vão dando forma ao planejamento estratégico. Estamos agora em sua
fase final: quando vamos definir as estratégias.
De acordo com Hudson (1999, p. 79), “as estratégias são categorias amplas
de ações que indicam como os recursos humanos, financeiros, e outros
serão empregados para atingir os objetivos estabelecidos”. O autor completa
seu pensamento afirmando que, em uma organização orientada por valores,
as estratégias funcionam como integradoras das diversas aspirações que
motivam e movem as pessoas que vivem a organização contribuindo para seu
desenvolvimento.
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Gestão Social: Planejamento e Avaliação
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Capítulo 2
A resposta firme e precisa a estas ou outras questões que possam surgir durante
a elaboração do planejamento, mais precisamente no momento de definição
das estratégias, será determinada pelo nível de participação, envolvimento e
transparência com o qual tenha transcorrido a caminhada da organização durante
o transcurso do planejamento, o que resultará em maior ou menor grau de
lucidez e firmeza na tomada de decisão diante dos impasses.
Seção 3
Conceituando e desenvolvendo o planejamento
tático e operacional
Na elaboração do planejamento estratégico, o olhar se volta para a organização
como um todo. Nesse instante de decisão, as definições tem um aspecto geral e
buscam contemplar a organização de forma geral e abrangente. O planejamento
estratégico é elaborado para o que chamamos de longo prazo, tempo que para as
organizações do terceiro setor equivale a um período de cinco anos a seis anos.
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Gestão Social: Planejamento e Avaliação
Contudo, para que o que foi planejado se efetive, torna-se necessário avançar
um pouco mais no detalhamento das definições, estudando os dois níveis de
planejamento já apresentados - o tático e o operacional -, onde acontecem
os desdobramentos do planejamento estratégico em objetivos e metas mais
detalhados e para um período de tempo menor.
Quando da definição dos problemas (os quais deram origem aos objetivos e às
estratégias), veremos que esses sempre estiveram relacionados a determinadas
áreas da organização, tais como: recursos humanos, financeiros, físicos, gestão,
sustentabilidade, parcerias, nos serviços, nas políticas de relacionamento com a
comunidade; enfim, a algum nível onde acontece o trabalho da organização. Esse
é o ambiente onde se desenvolvem o planejamento tático e operacional.
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Capítulo 2
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Gestão Social: Planejamento e Avaliação
Hudson (1999) chama a atenção para dois erros que são comuns no processo de
elaboração e execução do plano operacional. O primeiro refere-se ao perigo de
torná-lo usual e sua elaboração perder o sentido como um momento importante
do movimento reflexão-ação, como o autor explica na citação a seguir:
O processo torna-se tão rotineiro, que uma vez por ano, todo
mundo automaticamente cria um plano. As pessoas não dão
muita importância a essa atividade e logo passam a ver o plano
como um trabalho necessário para satisfazer o sistema, mas não
como uma ferramenta administrativa útil (1999, p.134).
O segundo erro diz respeito ao tempo que transcorre entre sua elaboração e
consecução, considerando-se a burocracia, que nas grandes organizações
por vezes é necessária à sua validação. Dessa forma, os objetivos de cada
estratégia, de tão distantes e complicados, incorrem no risco de fazer com que o
processo perca seu propósito e significado.
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Capítulo 3
Diagnóstico social:
interpretando e entendendo
a realidade
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Capítulo 3
Seção 1
Diagnóstico de realidades sociais dentro da
perspectiva do Serviço Social
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Capítulo 3
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Complementa:
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Capítulo 3
Quadro 3.1 - Matriz teórica para análise da realidade a partir da Teoria Social Contemporânea
Dialética
Funcionalismo Perspectiva de transformação
social
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Gestão Social: Planejamento e Avaliação
69
Capítulo 3
Sugere a autora que seja feito um rastreamento do saber acumulado por meio
do levantamento dos conhecimentos teóricos, das generalizações e das leis
científicas desenvolvidas acerca dos diferentes fenômenos sociais, culturais,
psicológicos, políticos e econômicos que influenciam ou motivam a problemática
e que poderão gerar considerações extremamente relevantes para a realização
do diagnóstico.
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Gestão Social: Planejamento e Avaliação
De acordo com Guerra (2000, apud Santos 2012), essa primeira fase do
diagnóstico tem como objetivos investigar e organizar as informações já
disponíveis, determinar a perspectiva principal do diagnóstico e o nível de
aprofundamento na intervenção, bem como construir compromissos, entre todos
os que estão envolvidos no processo.
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Capítulo 3
Baptista (2002) sustenta que, para qualquer fase da coleta, os dados buscados
deverão privilegiar as seguintes informações:
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Gestão Social: Planejamento e Avaliação
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Capítulo 3
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Gestão Social: Planejamento e Avaliação
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Capítulo 3
Para Baptista (2002), os objetivos de longo prazo dizem respeito à situação final
que se pretende alcançar, demonstrando os impactos futuros e as mudanças
esperadas. Já os objetivos de curto prazo resultam de ações imediatas, de
exercícios em menor espaço de tempo, tal qual o mandato de uma diretoria ou de
uma administração. Já os objetivos imediatos, segundo a autora, versam sobre
alvos estabelecidos a curtíssimo prazo, com ações do cotidiano, e cooperam para
o alcance dos objetivos de maior alcance.
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Gestão Social: Planejamento e Avaliação
Conforme Baptista (2002), o estudo das alternativas deve acontecer a partir dos
seguintes critérios:
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Capítulo 3
Seção 2
Indicadores sociais
(Autor anônimo)
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Gestão Social: Planejamento e Avaliação
Segundo Ywata, Giroto, Rocha e Romera (2006, p. 2), “a gestão social refere-
se a um processo contínuo e dinâmico que envolve ações de planejamento,
execução e avaliação de serviços sociais e um compromisso de construir
respostas às necessidades sociais da população”. Complementam as autoras
que essa deve ser desenhada e realizada com fundamentação para que não haja
comprometimento da ação social a ser engendrada.
Conforme Singer (1999, p. 55) “a gestão social abrange uma grande variedade
de atividades que intervêm em áreas da vida social em que a ação individual
autointeressada não basta para garantir a satisfação das necessidades essenciais
da população”. Para esse autor, essas ações envolvem o atendimento de
necessidades individuais e ou comunitárias, e para seu desenvolvimento conta
com a parceria entre o poder público, a iniciativa privada e organizações sociais.
De acordo com Dowbor (1999), a sociedade não pode ser vista somente como
um sistema de interesses organizados em torno das atividades econômicas,
pois essa se tornou mais complexa, seus fenômenos não são estáticos, neutros
ou genéricos, mas configuram um conjunto de relações criadas e recriadas
num processo histórico e em constante transformação e movimento. Para
cada momento histórico desenha-se uma forma de gerir o social, e a tendência
da gestão social apresenta-se na atualidade como uma consequência desse
processo de mudanças. Dessa forma,
No que tange ao escutar os atores sociais, Tenório (1998) afirma que, dentro
da gestão social, a relação sociedade-Estado se efetiva quando os governos
institucionalizam formas de elaboração das políticas públicas em que o cidadão
é visto não como alvo ou meta de suas ações, porém, como participantes ativos
na elaboração dessas políticas, processo que envolve tanto a identificação dos
problemas quanto o planejamento de sua solução, o acompanhamento de sua
execução e a avaliação do impacto social efetivamente alcançado.
A partir da visão da gestão das políticas publicas por meio da gestão social, os
indicadores sociais adquirem um importante papel como aliados neste processo
de conquista e construção de cidadania, visto que permitem o desenho de uma
gestão social, conforme veremos na sequência de nosso estudo.
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Capítulo 3
Para Bauer (1966 apud RATTNER, 2003, p.7), “é uma informação que nos permite
avaliar aonde vamos e onde estamos, com relação aos nossos objetivos e valores,
servindo inclusive, para avaliar programas de ação e seu alcance”. Rattner (2003)
complementa afirmando tratar-se de estatísticas capazes de medir os elementos
referentes à condição social e o bem-estar dos diversos segmentos populacionais,
bem como sua evolução no tempo.
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Capítulo 3
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Capítulo 3
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Capítulo 3
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Capítulo 4
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Capítulo 4
Seção 1
Conceituação, elaboração e análise de planos,
programas e projetos sociais
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Capítulo 4
De acordo com Baptista (2002), para análise de um plano devem ser observados
os seguintes aspectos:
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Capítulo 4
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Gestão Social: Planejamento e Avaliação
Quadro 4.1 - Relação dos planos programas e projetos com os níveis de planejamento
Correspondência
Tempo de Abrangência com os níveis de
execução planejamento
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Capítulo 4
De acordo com Armani (2004), alguns fatores devem ser levados em conta para
que um projeto social seja considerado exitoso. Entre eles, destacamos:
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Gestão Social: Planejamento e Avaliação
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Capítulo 4
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Gestão Social: Planejamento e Avaliação
No que diz respeito à metodologia, uma busca não exaustiva na literatura vai nos
mostrar uma série de opções, desde as mais simples a outras mais elaboradas.
A metodologia para elaboração de um projeto geralmente acompanha um roteiro
predeterminado, que, por sua vez, tem sua definição a partir das necessidades ou
exigências próprias da organização executora ou do órgão financiador.
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Capítulo 4
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Capítulo 4
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Capítulo 4
Seção 2
O monitoramento e avaliação de planos,
programas e projetos sociais
A avaliação está presente em todo o processo de planejamento. Se observarmos,
por exemplo, a elaboração do diagnóstico, acontece a partir de uma atitude
avaliativa: deparamos-nos com uma determinada realidade, da qual queremos
apreender as mais diversas informações e o fazemos movidos sempre por um
pensamento inquiridor e avaliativo, que nos permitem organizar, selecionar, e
escolher as informações e dados que nos ajudarão a entender a realidade e
suas problemáticas. “Avaliar é tomar partido em relação à realidade analisada”
(BAPTISTA, 2002, p. 115); dessa forma, o olhar que teremos neste processo
dependerá do referencial teórico que embasa nossas ações, tal qual nos
processos anteriormente estudados. Esse é um ponto de partida interessante
para iniciarmos nosso estudo sobre este tema.
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Capítulo 4
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Capítulo 4
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Gestão Social: Planejamento e Avaliação
continua
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Capítulo 4
Quando se pensa em resultados, o que É importante avaliar tanto a eficácia interna como
importa é quantidade e não qualidade os resultados externos, indo além da simples
visão da quantidade do que foi realizado, é o
que importa.
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Capítulo 4
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Capítulo 4
Você pode voltar seus estudos e relembrar nossas reflexões acerca dos
indicadores sociais, cuja conceituação e aplicação vimos elencadas à execução,
acompanhamento e avaliação de políticas, programas e projetos sociais. O que
destacamos aqui não é diferente, pois retomamos o assunto agora, valendo-nos de
importante contribuição que temos em Valarelli (1999, p. 2), para o que chamamos
sua atenção ao que segue:
Segundo Carvalho (2001, p.77), “são como uma espécie de “marca” ou “sinalizador”
que busca expressar aspectos da realidade, sob uma forma que se possa observá-
lo ou mensurá-lo, identificando uma variável que expressa o fenômeno de interesse”.
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Gestão Social: Planejamento e Avaliação
Ainda segundo o autor, a escolha dos indicadores pode ser feita a partir do ângulo
do que se deseja avaliar no projeto, sua eficiência, sua eficácia e sua efetividade e
impacto, assim entendidos:
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Capítulo 4
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Gestão Social: Planejamento e Avaliação
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Capítulo 4
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Considerações Finais
Por fim, você deve ter percebido que, ao longo de nosso estudo, mantivemos
a ênfase em dois posicionamentos, os quais consideramos basilares quando
se trata da gestão de organizações, planos, programas e projetos sociais: a
conquista e a manutenção da efetiva participação de todos os envolvidos na
ação e, consequentemente, a construção de relações transparentes em todos
os processos. Esses configuram os maiores desafios e as maiores conquistas
quando nos envolvemos com a construção de uma sociedade justa, cidadã e
democrática. Sempre serão nosso “chão” e nossos maiores desafios.
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Referências
121
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126
Sobre o Professor Conteudista
127
9 788578 176976