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PORTUGUÊS

POESIA CAMONIANA:
Medida Nova (por exemplo o soneto):
× Versos decassilábicos “Um/mover/d´o/lhos/bran/do e/pi/a/do”
× 2 quadras seguidas de dois tercetos (14 versos)
× Esquema rimático abba/abba/cde/cde ou abba/abba/cdc/cdc
(ruma interpolada e emparelhada nas quadras e interpolada/
interpolada e cruzada nos tercetos)
Medida velha:
× Versos em redondilha menor e em redondilha maior
“Des/cal/ça/vai/pa/ra a/fon/te” – rodondilha maior
“A/que/la/ca/ti/va” – redondilha menor
Vilancete: mote de dois ou três versos (geralmente heptassilábicos) e Comentado [MÁ1]: Estrofe curta introdutora do assunto
do poema. As estrofes que se seguem (voltas) funcionam
uma glosa de uma ou mais estrofes (normalmente sétimas) como a glosa (desenvolvimento do tema apresentado no
mote da composição poética):
“Descalça vai para a fonte”
Cantiga: mote de quatro versos e uma glosa de uma ou mais estrofes
(de 8,9 ou 10 versos)
Esparsa: composta por uma estrofe (de 8 a 10 versos)
“Os bons vi sempre passar”
Trovas ou endechas: uma ou mais estrofes (quadras ou oitavas)
“Aquela cativa que me tem cativo”
Temáticas da Poesia de Camões:
✓ A representação da amada:
Obras: “Ondados fios d´ouro reluzente”; “Um mover d´olhos, brando e
piedoso” e “Aquela cativa que me tem cativo”
O ideal petrarquista inspira Luís de Camões. Muitas das mulheres
descritas por Camões seguem esse ideal, como por exemplo a mulher
descrita na obra “Ondados fios d´ouro reluzente”.
Características físicas da mulher petrarquista:
× Cabelos de ouro
× Pele neve (clara)
× Faces rosadas
× Lábios coral
Características psicológicas da mulher petrarquista:
× Bondade
× Piedade
× Serenidade
× Doçura
Características sociais:
× Mulher da nobreza
O retrato da mulher está associado à ausência da mulher amada. O
sujeito poético descreve o que imagina e não o que vê.
Camões rompe o modelo da mulher petrarquista no poema “Aquela
cativa que me tem cativo” (fala sobre o seu amor por Bárbara, uma
mulher escrava e de cor negra) e também, tendo em conta a condição a
social, no poema “Descalça vai para a fonte” (fala sobre uma mulher
com as características físicas da mulher petrarquista, mas do povo).
✓ A experiência amorosa e a reflexão sobre o amor:
Obras: “Tanto de meu estado me acho incerto”; “Pede-me o desejo,
Dama, que vos veja”
O amor idealizado permite contemplar uma realidade extraterrena. Este
amor pode iluminar a realidade inteligível. O amor ou a contemplação
da mulher amada enobrece a alma. Em Camões, o amor assume uma
vertente dialética:
× razão/sentidos
× material/metafísico
× amor espiritual/amor carnal
× mulher que admira/mulher que deseja
Em Camões, ao contrário de Petrarca, encontramos a omissão da
identidade da amada. Poder-se-á dever ao caráter autobiográfico dos
seus poemas ou à tentativa de apresentação da fenomenologia do
amor. O amor é o tema que está na base do processo da escrita.
Verifica-se uma desproporcionalidade de sentimentos vividos pelo
amador e pela amada, provocando uma experiência de amor dolorosa.
✓ A representação da Natureza:
Obras: “Alegres campos, verdes arvoredos”
Locus amoenus: Paisagem ideal e paraíso terrestre. Campo fresco e
verdejante; vasto arvoredo e flores coloridas, cujo doce odor se espalha
com a brisa; vegetação densa e renovada; terreno fértil; suave som da
água; borboletas e aves diversas no céu azul. Esta natureza é
conducente ao amor, ao encantamento sensorial e espiritual do
Homem.
Locus horridus: Em Camões, não é apenas uma antítese do locus
amoenus. É um espelho da artificialidade e precariedade daquela
paisagem.
✓ A reflexão sobre a vida:
Obras: “O dia em que eu nasci, moura e pereça”; “Erros meus, má
fortuna, amor ardente”
Luís de Camões viveu num século de partidas e de viagens, nas quais
participou ativamente. Torna-se herdeiro do lirismo medieval (saudade;
amor ausente). Torna-se o primeiro grande imitador de Ovídio (mal da
ausência). O sofrimento advém da crueldade do Destino, dos erros que
cometeu e do amor fracassado.
✓ A mudança e o desconcerto:
Obras: “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”; “Os bons vi
sempre passar”
Os bons são castigados e os maus recompensados. Crescente interesse
dos homens por valores materiais. Remissão do poeta para o
isolamento, manifestando desânimo. O poeta sofre como vítima de um
Destino cruel e fatal. A mudança surge associada à irreversibilidade do
tempo.
Análise das obras estudadas em aula:
× “Ondados fios d´ouro reluzente”
Esta obra é um soneto, visto que apresenta duas quadras seguidas de
dois tercetos, versos decassilábicos “On/da/dos/fi/os/d´ou/ro/re/lu/zen”
e o esquema rimático é abba abba cde cde, apresentando rima
interpolada e emparelhada nas quadras e rima interpolada nos tercetos.
Tema: O retrato da amada
Assunto: O poeta descreve a sua amada dando enfase às suas
características físicas.
O sujeito poético busca elementos naturais belos para descrever a
mulher, realçando a sua beleza (fios de ouro – cabelo; rosas – rosto
rosado; divinos raios – olhos; perlas – dentes; corais – lábios)
Recurso expressivo utilizado para descrever a amada: Metáfora
Ondados fios de ouro reluzente;
Agora sobre as rosas estendido;
Em mil divinos raios encendidos;
De perlas e corais nasce e parece.
É também possível observar que a amada é uma mulher ausente, que o
sujeito poético apenas imagina (“que fará quando a vir? Ah! Quem a
visse!”) Este sofre com essa ausência da mulher (“que fôra, se de vós
fôra ausente?”
× “Descalça vai para a fonte”
Esta obra é um vilancete, visto que apresenta um mote de três versos e
duas voltas de sete versos, em redondilha maior “Des/cal/ça/vai/pa/ra
a/fon”.
Tema: A representação da amada
Espaço: Cenário bucólico, locus amoenos (local onde a natureza é
primaveril e verdejante)
Características da amada:
Características físicas: “mãos de prata” - símbolo da pureza, “cabelos de
ouro”, “linda”, “fermosa” - beleza
Características psicológicas: “não segura” - insegura (receia que o
namorado não esteja à espera dela na fonte)
Elementos que mostram que Leanor era uma mulher do povo:
Elementos do quotidiano da jovem: “na cabeça o pote” e “o testo nas
mãos de prata”
Elementos do vestuário: “cinta de fina escarlata” - cinta vermelha;
“sainho de chamalote”- veste sem mangas”; “vasquinha de cote/ mais
branca que a neve pura” – saia branca com várias pregas que simboliza
a pureza; “a touca”- capucho; “fita de cor d´encarnado” – fita vermelha
que combina com a cinta que simboliza a sensualidade.

Recursos expressivos:
Metáfora: “mãos de prata”, “cabelos d´ouro”, “chove nela graça tanta”
Hipérbole: “traz a vasquinha na cote/ mais branca que a neve pura”;
“tão linda que o mundo espanta”; “chove nela graça tanta”

Recursos Expressivos:
Anáfora – repetição de uma palavra ou expressão no início dos versos
ou de frases sucessivos
Adjetivação – utilização expressiva e recorrente da classe de adjetivos
Antítese – aproximação de duas ideias opostas ou contraditórias
Anástrofe – alteração da ordem natural das palavras na frase
Comparação – relação de realidades, colocadas em paralelo, por meio
de um termo comparativo ou verbos como parecer, lembrar, sugerir…
Hipérbole – utilização de termos excessivos para efeito do exagero da
realidade
Metáfora – reconstrução, por analogia, do significado normal de uma
palavra ou expressão, aproximando-o ou associando-o a um campo
semântico distinto.
Personificação – atribuição de sentimentos, ações ou ideias do ser
humano a objetos da Natureza
Campo Lexical: é o conjunto de palavras associadas, pelo seu
significado, a um determinado domínio concetual.
Campo lexical de Natureza: animais, flor, ribeiro, montanhas, arbusto
Campo Semântico: é o conjunto de significados, ou aceções, que uma
palavra assume, em função do contexto em que ocorre, quer surja
isolada ou integrada numa expressão.
Campo Semântico de cabeça:
A Teresa acordou com dores de cabeça.
A prima da Maria tem uma boa cabeça para os estudos.
O António é a cabeça da lista A, candidata à associação de estudantes.
É necessário enfrentar os problemas de cabeça erguida.

Processos irregulares da formação de palavras:

Acrónimo – Criação de um vocábulo através da junção de letras ou de


sílabas de um grupo de palavras, relativas à mesma realidade;
pronunciam-se como uma só palavrar.

Sigla – Criação de uma palavra a partir da redução de um grupo de


palavras às suas iniciais; cada letra pronuncia-se separadamente.

Empréstimo – Processo da transferência de uma palavra ou língua para


outra, com ou sem adaptações às características formais da língua
recetora.

Extensão semântica: Criação de novos sentidos para uma palavra, já


existentes na língua que, contudo, não perde o(s) significado(s)
anterior(es).

Truncação: Criação de um termo que se caracterize pela eliminação de


parte da palavra de que deriva.

Amálgama: Criação de uma palavra a partir da junção de partes de duas


ou mais palavras.

Orações Coordenadas:
Oração coordenada copulativa: A donzela não se encontrou com o
amigo nem viu a mãe. (e, nem)
Oração coordenada adversativa: As donzelas foram à romaria, mas não
viram os amigos (mas)
Oração coordenada disjuntiva: A mãe tinha o papel de confidente ou
assumia-se como conselheira (ou)
Oração coordenada conclusiva: A jovem chegou atrasada, logo não viu
o amigo (logo)
Oração coordenada explicativa: Penso que o jovem ficou triste, pois ela
estava a chorar (pois)

Orações subordinadas:
Oração subordinada adverbial causal: Não como morangos porque sou
alérgico (porque, como, visto que)
Oração subordinada adverbial comparativa: Ela fez tudo como lhe
explicaram (como, tanto como, mais que)
Oração subordinada adverbial concessiva: Vencemos o inimigo, embora
ele fosse mais forte (embora, ainda que)
Oração subordinada adverbial condicional: Só troco o computador se
este não tiver arranjo (se, caso)
Oração subordinada adverbial consecutiva: Leste tão depressa que não
consegui perceber o tema (tão que, tal que)
Oração subordinada adverbial final: A reunião foi adiada para um dia em
que todos pudessem ir (para, que)
Oração subordinada adverbial temporal: Quando viajo de carro, não
consigo ler nada (quando, mal, enquanto, apenas)
Oração subordinada adjetiva relativa restritiva: Os sonetos que Camões
escreveu são decassilábicos (que)
Oração subordinada adjetiva relativa explicativa: Esta redondilha, que
retrata uma escrava, é sugestiva (que)
Oração subordinada substantiva completiva: Perguntei-te se já leste
este livro (se)
Oração subordinada substantiva relativa: Quem ler a obra vai perceber
melhor (quem)

*Predicativo do Complemento direto: Função sintática desempenhada


por um constituinte selecionado por um verbo transitivo- predicativo
(achar; julgar; nomear, etc.)

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