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visão global
Nome autores
O sentimento dum Ocidental
As quadras são compostas por um verso decassílabo (o primeiro) e três dodecassílabos alexandrinos (os restantes),
sendo o esquema rimático fixo (rima cruzada).
O sentimento dum Ocidental
Ave-Marias
O título da primeira parte, Ave-Marias, remete para o toque dos sinos das igrejas que
assinalam as horas de oração dedicadas à Virgem.
Neste caso, e porque associado ao primeiro verso, este subtítulo remete para o último
momento do dia destinado a estas orações: 18 horas.
Ave-Marias
O sujeito lírico descreve o ambiente citadino, na sua multiplicidade de situações quotidianas.
Ave-Marias
Apresentam-se os contrastes citadinos (tipos sociais):
- a infelicidade dos que ficam vs. a felicidade dos que partem;
- os trabalhadores vs. os ociosos;
- os favorecidos vs. desfavorecidos.
«Voltam os calafates, aos magotes,/De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos;» (vv. 17-18)
«E em terra num tinir de louças e talheres/Flamejam, ao jantar, alguns hotéis da moda.» (vv. 27-28)
«E algumas, à cabeça, embalam nas canastras/Os filhos que depois naufragam nas tormentas» (vv. 39-40)
O sentimento dum Ocidental
Ave-Marias
Manifestam-se o sofrimento e a melancolia do sujeito poético, bem como a sua necessidade de
evasão à realidade opressora pelo recurso à imaginação ou à evocação do passado épico.
«E evoco, então, as crónicas navais: […] Luta Camões no Sul, salvando um livro, a
nado!/Singram soberbas naus que não verei jamais» (vv. 21, 23 e 24)
Noite fechada
Como a própria expressão indica, o eu lírico continua a sua deambulação pela capital no período
noturno («Noite»), sugerindo o adjetivo «fechada» a opressão crescente que o eu vai detetando e
sentindo.
Noite fechada
O sujeito poético
passa pela estátua de Camões, fazendo uma reflexão comparativa entre o passado
do poeta (sublime) e o presente (decadente):
«Mas, num recinto público e vulgar, […] Brônzeo, monumental, de proporções guerreiras,/Um
épico d’outrora ascende, num pilar!» (vv. 21, 23 e 24)
O sentimento dum Ocidental
Noite fechada
Os sentimentos negativos vividos pelo eu lírico intensificam-se, pois a cidade é descrita e
percecionada como uma prisão, destacando-se, para além da clausura, o sofrimento
dominante e a morte:
Noite fechada
O sujeito poético oscila entre a depressão/morbidez e a
evasão/imaginação/sonho:
Ao gás
É noite cerrada e o sujeito poético prossegue a sua digressão noturna pela cidade, ao gás, ou
seja, iluminado pelos candeeiros que se acendem nas ruas.
No século XIX, a iluminação pública nos principais meios urbanos era feita com recurso
a este combustível.
Ao gás
O sujeito de enunciação mantém a perceção negativa da cidade, que se agudiza: espaço de
opressão e doença (física e moral):
«Sua excelência atrai, magnética, entre o luxo,/Que ao longo dos balcões de mogno se
amontoa.» (vv. 27-28)
O sentimento dum Ocidental
Ao gás
Estabelece um contraste entre a vida ociosa dos burgueses e o trabalho árduo e honesto
do povo:
«Um forjador maneja um malho, rubramente;/E de uma padaria exala-se, inda quente,/Um
cheiro salutar e honesto a pão no forno.» (vv. 14-16)
«Que grande cobra, a lúbrica pessoa,/Que espartilhada escolhe uns xales com debuxo!/Sua
excelência atrai, magnética, entre o luxo,» (vv. 25-27)
O sentimento dum Ocidental
Ao gás
O sujeito lírico pondera escrever «versos» que espelhem a vida citadina (referência aos
almejados Cânticos do Realismo):
«E eu, que medito um livro que exacerbe,/Quisera que o real e a análise mo dessem:» (vv.
19-20)
«Pede-nos sempre esmola um homenzinho idoso,/Meu velho professor nas aulas de latim!»
(vv. 43-44)
O sentimento dum Ocidental
Horas mortas
Esta fase do dia é tida como um conjunto de Horas mortas, como um tempo em que dominam a
criminalidade, a agressividade e a inação (a população ativa, a que produz a pouca riqueza do
país, dorme ainda):
«Julgo avistar, na treva, as folhas das navalhas/E os gritos de socorro ouvir, estrangulados.»
(vv. 27-28)
Aos olhos do poeta, Lisboa, isto é, Portugal, o país mais ocidental da Europa, espera a conquista dos
horizontes e das «vastidões aquáticas», levada a cabo pela «raça ruiva do porvir»:
«E, enorme, nesta massa irregular/De prédios sepulcrais, com dimensões de montes,/A dor humana busca os
amplos horizontes,» (vv. 41-43)
O sentimento dum Ocidental
Horas mortas
O sujeito poético, nesta fase final da sua deambulação solitária na escuridão da noite, também:
«Ah! Como a raça ruiva do porvir,/E as frotas dos avós, e os nómadas ardentes,/Nós
vamos explorar todos os continentes/E pelas vastidões aquáticas seguir!» (vv. 21-24)
O sentimento dum Ocidental
Horas mortas
O sujeito poético, nesta fase final da sua deambulação solitária na escuridão da noite, também:
retoma a descrição da cidade, pintada em tons sombrios, como sendo um espaço asfixiante e
doentio:
«Mas se vivemos, os emparedados,/Sem árvores, no vale escuro das muralhas!...» (vv. 25-26)
«E sujos, sem ladrar, ósseos, febris, errantes, / Amareladamente, os cães parecem lobos.» (vv. 35-36)
Título do poema
Com O sentimento dum Ocidental, o sujeito poético estende as suas perceções sobre a
civilização moderna, de que a capital portuguesa é exemplo, a todos os ocidentais.
Consolida
O sentimento dum Ocidental
1. Escolhe a opção que apresenta a sequência correta dos títulos das diferentes partes do poema O sentimento dum
Ocidental.
Solução
O sentimento dum Ocidental
A Este título remete para a passagem do eu por várias igrejas na cidade, que à noite se encontram abertas.
B Este título remete para o toque dos sinos das igrejas, que, a determinadas horas, convocam os fiéis à oração.
D Este título remete para a invocação que é feita à Virgem Maria no poema.
Solução
O sentimento dum Ocidental
B O sujeito poético minimiza a importância do espaço neste poema, que pouco impacto tem na vida da
população.
Falsa
C Neste poema, são apresentados alguns contrastes relacionados com os tipos sociais.
Verdadeira
Solução
O sentimento dum Ocidental
E A estátua de Camões remete para o futuro glorioso dos portugueses e simboliza esperança.
Falsa
Verdadeira
G O sujeito poético pensa dedicar-se ao ensino, quando vê o seu «velho professor de latim».
Falsa
Verdadeira
Solução