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Ave Marias:

Toque dos sinos das 18h00, que representa o final do dia de trabalho e a transição
para a noite.

Estrofe 1: "nossas" (v.1), o sujeito poético remete para um grupo no qual faz parte,
assumindo-se como um ocidental tal como tanto outros que vivem em Lisboa, num
contexto semelhante ao dele. A visão das sombras, o escutar dos sons e o cheiro a
maresia, avivam um desejo absurdo de sofrer.

Estrofe 2: gás extravasado" - indício de que a noite se está a aproximar (os


candeeiros eram alimentados a gás) existe uma certa tristeza provocada pela cor
do ambiente "monótona e londrina" (comparação de lisboa a londres em termos de
cor).

Estrofe 3: felicidade daqueles que partem para fora da capital em contraste com a
tristeza daqueles que ficam incluindo o poeta. Enumeração das cidades europeias
numa sequência de afastamento crescente.

Estrofe 4 e 5: comparação dos edifícios em construção com gaiolas e viveiros o


que destaca a dimensão do aprisionamento da cidade. Comparação dos carpinteiros
a morcegos por estes trabalharem de sol a sol.

Estrofe 6: á medida que o sujeito poético deambula pela cidade de Lisboa, no seu
pensamento invoca (v.21) os heróis dos descobrimentos, entre eles Camões,
referindo "Os Lusíadas" e as naus como sendo grandiosidades do pais. Refere
ainda a possibilidade de nunca mais ver uma grandiosa epopeia como aquela
(v.24).
Estrofe 7 e 8: os burgueses encontram-se no hotel central a jantar, representando
assim o dia a dia da classe mais favorecida (vv.27 e 28). Os mais favorecidos não
trabalham e sim conversam (v.29 e v.32) enquanto que a classe menos favorecida
trabalha.
Estrofe 9: é possível ver que há uma grande agitação e pressa para os
trabalhadores/ operários voltarem ao trabalho (vv.35 e 36).

Estrofe 10: o físico dos trabalhadores/ operários é comparado a fortes pilares


(v.38) é ainda feita referência à pesca (vv.39 e 40).
Estrofe 11: representação e caracterização das condições precárias das classes
sociais mais pobres (v.41, 43 e 44).
Comparação: v.15 e v.38
Metáfora: v. 15 e v.35
Sensações audiovisuais/ Sinestesia: v.1; v.4; v.5; v.6; v.9; v.16; v.27; v.28 e v.34

Enumeração: v.12

Noite Fechada:

O poeta deambula pela cidade de Lisboa à noite.


Estrofe 12: o aljube prendia as velinhas e crianças, mas raramente prendia as
mulheres de dom/ prostitutas (crítica à justiça) (v.3 e 4).
Estrofe 13: os sentimentos descritos pelo sujeito poético eram desencadeados
pelo o que o rodeava e pelo que ele observava (v.6).
Estrofe 14: para o sujeito poético Lisboa era uma prisão e isso é descrito pelas
tascas, cafés, tendas e lojas (v.9).
Estrofe 15: referência à inquisição e crítica à igreja.
Estrofe 16: referência ao terramoto de 1755 (v.17) e as construções feitas após
essa tragédia “prendiam” o sujeito poético (v.18).
Estrofe 17: representação do contraste entre um presente vulgar e um passado
grandioso (v.21). Homenagem e descrição da estátua de Camões localizada na
capital (v.22 a v.24).
Estrofe 18 e 19: o poeta demonstra pouca simpatia para com os soldados pois
estes fechavam os olhos à realidade. Desigualdade social (v.28). Crítica à
repressão, ao convento e críticas às forças militares (soldados) devido ao medo
que estes provocavam à população (v.32).
Estrofe 20 e 21: crítica ao artificial da burguesia e contraste entre as mulheres da
burguesia e da classe trabalhadora (v.33), estas últimas que trabalham o dia todo
(v.39 e 40).
Estrofe 22: o poeta mostra-se atento ao que se passa ao seu redor (poeta
observador) sendo o que ele observa o seu (v.41).
Comparação: v.12
Metáfora: v.8; v.11; v.14; v.18
Sensações audiovisuais/ Sinestesia: v.1; v.2
Aliteração: v.12
Personificação: v.33
Ao Gás:

Remete para a iluminação da cidade de lisboa.


Estrofe 23: para o eu lírico a “noite pesa e esmaga” pois está associado ao cheiro
libertado pelos gases dos candeeiros, é possível ver-se ainda uma degradação
social (v.2) e uma realidade doentia (v.3 e v.4).
Estrofe 24: o facto de estar a anoitecer leva a um ambiente de imaginação devido
à falta de luminosidade e o enjoo provocado pelo cheiro do gás (v.5 e v.6).
Estrofe 25: o sujeito poético compara os deveres das burguesinhas com os
deveres das freiras (sujeito poético não religioso).
Estrofe 26: nesta estrofe está representada uma imagem de vida e de força (v.13
e v.14).
Estrofe 27 e 28: o poeta queria escrever um livro que criticasse e mostra-se a
realidade toda, precisando assim de uma imaginação que o permitisse escrever tal
obra (v.17, v.18, v.22 e v.24).
Estrofe 29, 30 e 31: o poeta representa as mulheres da classe alta/ burguesia como
fúteis e falsas e contrapõe a ostentação e luxo à pobreza. Na estrofe 31 a “velha
de bandós” ia transportada na sua “vitória” (carruagem) pelos seus “cavalos
mecklemburgueses” mostrando mais uma vez que estas fúteis e superficiais. A
quantidade de maquilhagem que estas burguesas usavam incomodavam os lojistas
(v.35).
Estrofe 32 e 33: o sujeito poético mostra compaixão pela classe mais
desfavorecida, naquela altura dava-se mais valor ao dinheiro e ao luxo, aos
burgueses, por oposição às pessoas mais cultas e trabalhadoras, mostrando assim
uma degradação social (v. 43 e v.44).
Comparação: v.11; v.38
Metáfora: v.1;
Sensações audiovisuais/ Sinestesia: v.15; v.16
Apóstrofe: v.3;
Enumeração: v.7
Hipálage: v.16

Ironia: v.27

Horas Mortas:

Deambulação do sujeito poético pelas ruas da cidade durante a madrugada, onde


predomina a violência, insegurança e angústia.
Estrofe 34 e 35: para o sujeito poético Lisboa era uma cidade que o agarrava e
prendia, era um espaço limitado (v.1) mas apesar de ele não puder sair dali, sendo
como tal um objetivo inalcançável, ele nunca deixou de ter esperança e nunca
deixou de imaginar (v.4). Caracterizando assim a sua vida naquela cidade como
uma vida clausurada.
Estrofe 36 e 37: o sujeito poético nunca deixou de sonhar, nunca deixou de querer
partir para o campo (v.12) referindo-o como um espaço que ele tem liberdade e
que não se sente aprisionado, procurando assim atingir a “perfeição das cousas!”
(v.13 e 14).
Estrofe 38 e 39: o poeta aclama a geração futura como a que trará novas conquistas
e “nitidez às vidas!” (v.18). Invoca também o passado com o desejo de o restaurar
juntamente com a “raça ruiva” que estará por vir.
Estrofe 40, 41 e 42: descrição da cidade de lisboa como escura, sem vida e de
certa forma perigosa durante a noite com os criminosos pelas ruas, mostrando
também os maus hábitos da cidade como por exemplo os bêbados que por ali
andavam (v.31 e v.32) mostrando ainda as condições precárias da cidade (v.35 e
36).
Estrofe 43: crítica às profissões noturnas, incompetência dos guardas e mulheres
de dom (degradação moral).
Estrofe 44: o sujeito poético acaba por conseguir transformar a sua dor, pessoal,
numa dor geral e de certa forma contagiando a população da cidade com a mesma
(v.43 e v.44).

Comparação: v.36
Metáfora: v.27;
Apóstrofe: v.17
Personificação: v.3; v.8; v.30
Hipálage: v.8

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