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Profª Andrea Glioche

DIREITO PENAL II
Concurso De Crimes

CONCURSO DE CRIMES

ocorre concurso de crime quando o mesmo


agente, em uma mesma oportunidade ou em
ocasiões diversas, pratica duas infrações penais,
que, estejam entre si ligadas por alguma
circunstância.

CONCURSO DE CRIMES

Concurso Material ou Real


Concurso Formal ou Ideal
Crime continuado
CONCURSO MATERIAL
Art. 69 do CP

Concurso Material
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação
ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou
não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas
de liberdade em que haja incorrido. No caso de
aplicação cumulativa de penas de reclusão e de
detenção, executa-se primeiro aquela. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Concurso Material
Requisitos – Pluralidade de condutas + pluralidade de
crimes
Espécies:
Crimes idênticos = concurso homogêneo
Crimes diferentes = concurso heterogêneo
Sistema de aplicação de pena – cúmulo material: as
penas são somadas
Concurso Material
Cometidos em diversas circunstâncias de tempo, local
ou modo de execução
Soma das penas:
possível apenas quando os crimes forem apenados
com a mesma espécie de sanção.
No caso de penas privativas de liberdade distintas o
juiz fixará as duas penas, sem somá-las, e o réu
cumprirá primeiro a pena de reclusão e depois a de
detenção (art. 69, parte final, CP)

CONCURSO FORMAL
Art.70 do CP

Concurso Formal
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a
mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas,
mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As
penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou
omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios
autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria
cabível pela regra do art. 69 deste Código. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Concurso Formal
Requisitos – Unidade de conduta + pluralidade de
crimes
Espécies:
Crimes idênticos = concurso homogêneo
Crimes diferentes = concurso heterogêneo
Sistema de aplicação de pena – exasperação ou
cúmulo material (dependendo da modalidade)

Concurso Formal

Concurso Homogêneo
Crimes idênticos – o juiz aplica uma só pena,
aumentada de 1/6 até 1/2

Concurso Heterogêneo
Crimes diversos – o juiz aplica a pena do crime mais
grave, aumentada de 1/6 até 1/2

Concurso Formal – Critério


para exasperação
NÚMERO DE CRIMES ÍNDICE DE AUMENTO
2 1/6
3 1/5
4 1/4
5 1/3
6 ou mais 1/2
Concurso Formal
Modalidades –
 Concurso formal próprio/perfeito : ocorre quando o agente
não quer a multiplicidade de resultados. São os casos em que
uma conduta culposa dá causa a vários crimes igualmente
culposos, ou quando a ação é dolosa, porém pelo menos um
dos resultados é culposo (aberrante) – sistema exasperação
Concurso formal impróprio/imperfeito : Nesta hipótese o agente
quer todos os resultados e os atinge; os crimes decorrem de
desígnios autônomos do agente, que tem consciência e
vontade em relação a cada um deles – sistema cumulo material

Concurso Formal
Concurso material mais benéfico
Art.70
(...)
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria
cabível pela regra do art. 69 deste Código. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Aplica-se a regra do cumulo material, caso pelo sistema da


exasperação a pena final seja maior que a soma das 2 penas

 ABERRATIO ICTUS COM DUPLO RESULTADO : Aplica-se


a regra do concurso formal perfeito (Art. 73, CP).

 ABERRATIO CRIMINIS COM DUPLO RESULTADO: Aplica-


se a regra do concurso formal perfeito (Art. 74, CP).
CRIME CONTINUADO
Art.71 do CP

Crime Continuado
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma
ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da
mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar,
maneira de execução e outras semelhantes, devem os
subseqüentes ser havidos como continuação do
primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se
idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em
qualquer caso, de um sexto a dois terços.

Crime Continuado
Requisitos – Pluralidade de condutas + pluralidade de crimes +
crimes da mesma espécie praticados nas mesmas condições de
tempo, lugar, maneira de execução e outras coisas semelhantes

Sistema de aplicação de pena – exasperação

Trata-se de ficção jurídica que visa beneficiar o acusado, quando a


prática do crime se consolidada de maneira homogênea, devendo os
crimes subsequentes serem havidos como continuação do primeiro. O
que caracteriza o crime continuado é a presença dos requisitos
objetivos previstos no art. 71 do CP. Aqui não se fala em perquirir o dolo
do agente, inexistindo preocupação com sua intenção.
Crime Continuado
Requisitos – Pluralidade de condutas + pluralidade de crimes + crimes
da mesma espécie praticados nas mesmas condições de tempo, lugar,
maneira de execução e outras coisas semelhantes
1ª cc -Previstos no
mesmo tipo penal
Crimes mesma
espécie? DD
2ª cc- Tutelam o
mesmo bem
 Conexão modal jurídico (minoritário)
Cometidos pelo mesmo modo de execução
 Conexão temporal
Cometidos nas mesmas condições de tempo. O período decorrido entre as
infrações penais não pode ser superior a 30 dias.
 Conexão espacial
Cometidos nas mesmas condições de local, em locais próximos ou, ainda,
em bairros distintos da mesma cidade e até em cidades contíguas
(vizinhas).

Crime Continuado

Penas idênticas – o juiz aplica uma só pena, aumentada


de 1/6 até 2/3

Penas diversas – o juiz aplica a pena mais grave,


aumentada de 1/6 até 2/3

Crime Continuado – Critério


para exasperação
NÚMERO DE CRIMES ÍNDICE DE AUMENTO
2 1/6
3 1/5
4 1/4
5 1/3
6 1/2
7 ou mais 2/3
Crime Continuado
Três teorias surgem para a análise
Teoria Objetiva: preconiza que o que caracteriza o crime continuado é a
presença dos requisitos objetivos previstos do art. 71 do CP. Adotada pelo CP
Teoria Subjetiva: preconiza que o que importa para caracterizar o crime
continuado é a programação mental do agente, ou seja, a sua intenção de
praticar os crimes de forma continuada, independentemente da presença
das mesmas condições de tempo, lugar, maneira de execução ou outras
coisas semelhantes. Diametralmente oposta à teoria objetiva
Teoria Objetivo-Subjetiva: esta teoria é mais completa, pois mistura as duas
primeiras. O que importa para a caracterização do crime continuado é a
presença dos requisitos objetivos e o planejamento mental do agente,
correspondente à intenção de praticar os crimes com homogeneidade.

Crime Continuado
O Código Penal adotou a teoria objetiva pura, não há qualquer
menção à unidade de desígnios, não se podendo exigir mais
que o texto legal para um instituto que visa beneficiar o agente.

Por outro lado, a jurisprudência tem exigido a unidade de


desígnios para o reconhecimento, a fim de limitar o benefício,
excluindo-o para o criminoso habitual ou profissional
.

Crime Continuado
“Crime continuado, necessidade de presença dos elementos
objetivos e subjetivos. Reiteração habitual. Descaracterização.
Ordem denegada. 1. Para a caracterização do crime
continuada faz-se necessária a presença tanto dos elementos
objetivos quando dos subjetivos. 2. Constatada a reiteração
habitual, em que as condutas criminosas são autônomas e
isoladas, deve ser aplicada a regra do concurso material de
crimes. 3. A continuidade delitiva, por implicar verdadeiro
benefício àqueles delinqüentes que, nas mesmas circunstâncias
de tempo, modo e lugar de execução, praticam crimes da
mesma espécie, deve ser aplicada somente aos acusados que
realmente se mostrarem dignos de receber a benesse” (STF, HC
101.049/RS, 2ª T., Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 21.05.2010).
Crime Continuado Específico

Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes,


cometidos com violência ou grave ameaça à
pessoa, poderá o juiz aumentar a pena de um só
dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se
diversas até o triplo (CP, art. 71, parágrafo único).

Crime Continuado
Concurso material mais benéfico
Art.71
(...)
Parágrafo único – As penas devem ser somadas quando a
aplicação do triplo da pena resultar em pena superior à eventual
soma

Unificação das penas

O juiz da execução, quando da unificação das


penas, se vislumbrar a presença dos respectivos
requisitos, poderá aplicar as regras do concurso
formal ou do crime continuado.
Prescrição

No caso de concurso de crimes, a extinção da


punibilidade incidirá sobre a pena de cada um,
isoladamente (art. 119, CP).

Pena de Multa

Aplicada distinta e integralmente não se


submetendo a índices de aumento (art. 72, CP).

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