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Mn rla Lígia Pomim Valentim

(Org.)

A�rUAÇÃO PROFISSIONAL
/\ ÁREA DE INFORMAÇÃO

editora polis
2004
Copyright © 2004 dos autores
Foto da capa: Biblioteca pública ele informação
Sumário
do Centro Georges Pompiclou
Preparação de texto: Aluysio Fávaro
Editoração eletrônica: Editora Polis

Ficha catalográfica
898 Atuação profissional na área de informação. Marta Lígia
Pomim Valentim (Org.) - São Paulo: Polis, 2004.
191 p. (Coleção Palavra-Chave 14)

ISBN: 85-7228-018-9
Apresentação 7

l. Atuação Profissional. 2. Formação em Ciência da I nforma­


ção. 3. Profissional da I nformação. 4. Formação Bibliotecária. Capítulo 1 39
1. Garcia Marco, Francisco Javier. li. Cunha, Miriam V ieira da; Bases epistemológicas del ejercicio profesional
Crivellari, Helena Maria Tarchi. Ili. V alentim, Marta Lígia Po­ Francisco Javier García Marco
mim. IV. Almeida Júnior, Oswaldo Francisco de. V. Silva, José
Fernando Modesto da. VI. Moreira González, José Antonio; Ttjada
Artigas, Carlos Miguel. VII . Fernández Molina, Juan Carlos. Capítulo 2 41
VIII. Menou, Michel J.; Mchombu, Kingo. IX. Rodrigues, Mara O mundo do trabalho na sociedade do conhecimento
Eliane Fonseca. X. Título.
e os paradoxos das profissões da informação
COO: 020 Miriam Vieira da Cunha e
021.2 Helena Maria Tarchi Crivellari
CDU: 02
021
Capítulo 3 55
Ética profissional na área de Ciência da Informação
Marta Lígia Pomim Valentim

Capítulo 4 71
Informação p ública: conceitos e espaços
Oswaldo Francisco de Almeida Júnior
Direitos reservados pela
EDITORA POLIS LTDA. Capítulo 5 83
Rua Caramuru, 1196 - Saúde - 04138-002 - São Paulo - SP O impacto tecnológico no exercício profissional
e-mail: polis@cclitorapolis.com.br
em Ciência da Informação: o bibliotecário
te!.: (11) 5594-7687
tel./fax: (11) 275-7586 José Fernando Modesto da Silva
128 Atuação pmfissional na área de informação

Scigliano, M. (2002). Consortium purchases: Case study for a cost-bcnefit


analysis. Journal of Academic Llbrarianship, v.28, n.6, p.393-399, 2002.
Capítulo 8
Smith, B., Fraser, B.T. and McClure, C.R. (2000). Federal information policy
and access to Web-based federal information. Journal of Academic
Os Profissionais da Inf armação
Llbrarianship, v.26, n.4, p.274-281, 2000.
Unión Europea (2000). Directiva 2000/31/CE del Parlamento Europeo y dei
em com unidades desfavorecidas*
Consejo de 8 de junio de 2000 relativa a determinados aspectos jurídicos dei
comercio electrónico en el mercado interior. DOCE 17.07.2000, L 178. Michcl J. Mcnou
Unión Europea. (2001). Directiva 2001/29/CE del Parlamento Europeo y Kingo Mchombu
del Consejo de 22 de mayo de 2001 relativa a la armonización de determi­
nados aspectos de los derechos de autor y dereehos afines en la sociedad de
la información. DOCE 22.6.2001, L167.

A cura fu11d,1111cntal paré1 pobrcZil


não é dinheiro mas conhcci111rnlo.
Sir WilliR111 Arthur Lewis

Introdução
O tema específico deste capítulo é examinar o papel que os pro­
fissionais da informação desempenham, ou deveriam desempenhar
em comunidades desfavorecidas no "Terceiro Mundo". Muitos exem­
plos são tirados da África devido à experiência particular dos auto­
res, especialmente K. Mchombu e, também, porque o continente vem,
infelizmente, exibindo os exemplos mais óbvios de exclusão. O texto
realça as características de comunidades desfavorecidas e o s.eu de­
sempenho limitado quanto ao uso de estruturas e recursos ele infor­
mação formalizados que incluem as modernas tecnologias ele infor­
mação e comunicação (TIC's).
As comunidades desfavorecidas sofrem de uma defasagem
quanto ao acesso à informação e ao conhecimento, no mundo
inteiro, mas particularmente na África. Porém, elas não existem
em um vazio ele conhecimento, já que têm acesso à sua própria
base de conhecimento nativo (BCN), a qual é usada para satisfazer
necessidades de sobrevivência . Não obstante, elas continuam a re-

* Tradução de Andrea Brandão Lapa.


130 Atuação profissional na área de informação Em comunidades dcs/,1v,>1rr11/,is 1 :11

querer o acesso ao conhecimento externo para atingir algumas de deixa escapar que em todo país de Terceiro Mundo há um sclor dt·
suas metas de desenvolvimento. As TICs são uma valiosa ferra­ Primeiro Mundo, e vice-versa.
menta para compartilhar e administrar a transferência de ambos A realidade das comunidades desfavorecidas mostra claramen­
os tipos de conhecimento. As experiências de bibliotecas públicas e te, que também há um "Quarto Mundo". A noção de Primeiro, Se­
rurais, de centros de aprendizagem e redes de escolas, e de telecentros gundo e Terceiro Mundo deveria ser radicalmente revisada, já que ela
comunitários são discutidas como caminhos para assegurar a di­ corresponde a uma situação geopolítica que não mais existe. De fato,
fusão de TIC's e a disseminação de informação apropriada para o conceito de "Quarto Mundo" foi inventado em um país de "Primei­
comunidades desfavorecidas. Para além do que tais serviços dedi­ ro Mundo", mais especificamente na França, em 1965, por Joseph
cados poderiam alcançar, os profissionais de informação, suas so­ Wresinski, fundador da associação denominada ATD Quart Monde,
ciedades profissionais e seus recursos educacionais precisam incor­ que luta para ajudar pessoas atingidas por extrema pobreza ( ATD
porar completamente, em suas visões, habilidades e comportamento QUART MONDE, 2004). Desde então, o "Quarto Mundo" tem-se
social às exigências, visando uma participação efetiva na socie­ expandido continuamente em todos os continentes e sociedades. Os
dade, seja ela informacional ou não. vários reveses ele que sofre são referidos na contemporânea lingua­
gem politicamente correta como "exclusão social", fenômeno que
merece a atenção da maioria dos governos e autoridades, pelo menos
Características de comunidades desfavorecidas
na hora de eleições. O fato do Reino Unido, geralmente aclamado como
K. Mchombu apresenta um exame das comunidades desfavo­ uma das economias neoliberais mais prósperas, ter produzido um
recidas localizadas no Terceiro Mundo, sejam elas em áreas rurais Plano de Ação Nacional de Inclusão Social 2003-2005 merece refle­
ou urbanas, embora no uso comum ambos os termos acima este­ xão (U.K. DEPARTMENT FOR WORKAND PENSIONS, 2003). Talvez
jam sujeitos a variadas interpretações. 'Terceiro Mundo" pode sig­ seja por isso que "exclusão social e bibliotecas" estejam entre as en­
nificar coisas diferentes para pessoas diferentes, mas o que é comum tradas da segunda edição da Enciclopédia Internacional de Ciência da
é que há um padrão de subdesenvolvimento. Horowitz captura isto Informação e Biblioteconomia, enfocada principalmente no cenário
muito bem na declaração seguinte: do Reino Unido e na discriminação racial (PATEMAN, 2003).
A exclusão social mostra uma variedade de características e
É evidente... que países em desenvolvimento sofrem de proble­ intensidades através de tempos e lugares. A característica principal
mas e condições que são notavelmente semelhantes, tudo é muito dos que são afetados é a privação, social e econômica, que mina in­
familiar, como: rápido crescimento populacional, hiatos enor­ clusive a dignidade humana mais básica. Nas instâncias mais críti­
mes entre necessidades e recursos disponíveis para atendê-las, cas, a vida de pessoas desfavorecidas é de luta diária pela sobrevivên­
analfabetismo difundido, falta de homogeneidade, grandes dife­ cia. Durrani (1985) captura isso muito bem quando narra a vida de
renças nos padrões de vida entre setores rurais e urbanos, e uma uma camponesa no Quênia:
onda ascendente de urbanização e industrialização que provoca
mudanças sociais de longo alcance, como o rompimento de pa­ Nyanjiru acorda às 4 da manhã, um debe (recipiente de lata)
drões culturais. Tem sido dito que os milhões das pessoas que de água em sua cabeça, ela caminha por uma hora e meia até o
vivem no Terceiro Mundo têm apenas uma coisa em comum: o córrego mais próximo. Então ela sobe o rio de volta para a casa
padrão de subdesenvolvimento (HOROWITZ, 1993, p.171). dela, pegando lenha seca no caminho para o fogo, após três
horas chega em casa para começar mais um dia de trabalho.
Outros têm discutido que o termo " Terceiro Mundo" reduz Crianças chorando a serem acalmadas com pedaços de sobra
demasiadamente mundos complexos e discrepantes, é depreciador, e de comida, galinha a ser alimentada, então começa a cavar seu
130 Atuação profissional na área de informação Em comunidades dcst:M,,n11/," 1.11

querer o acesso ao conhecimento externo para atingir algumas de deixa escapar que em todo país de Terceiro Mundo há um sclor dl'
suas metas de desenvolvimento. As TICs são uma valiosa ferra­ Primeiro Mundo, e vice-versa.
menta para compartilhar e administrar a transferência de ambos A realidade das comunidades desfavorecidas mostra claramen­
os tipos de conhecimento. As experiências de bibliotecas públicas e te, que também há um "Quarto Mundo". A noção de Primeiro, Se­
rurais, de centros de aprendizagem e redes de escolas, e de telecenh·os gundo e Terceiro Mundo deveria ser radicalmente revisada, já que ela
comunitários são discutidas como caminhos para assegurar a di­ corresponde a uma situação geopolítica que não mais existe. De fato,
fusão de TIC's e a disseminação de informação apropriada para o conceito de "Quarto Mundo" foi inventado em um país de "Primei­
comunidades desfavorecidas. Para além do que tais serviços dedi­ ro Mundo", mais especificamente na França, em 1965, por Joseph
cados poderiam alcançar, os profissionais de informação, suas so­ Wresinski, fundador da associação denominada ATD Quart Monde,
ciedades profissionais e seus recursos educacionais precisam incor­ que luta para ajudar pessoas atingidas por extrema pobreza ( ATD
porar completamente, em suas visões, habilidades e comportamento QUART MONDE, 2004). Desde então, o "Quarto Mundo" tem-se
social às exigências, visando uma participação efetiva na socie­ expandido continuamente em todos os continentes e sociedades. Os
dade, seja ela informacional ou não. vários reveses ele que sofre são referidos na contemporânea lingua­
gem politicamente correta como "exclusão social", fenômeno que
merece a atenção da maioria dos governos e autoridades, pelo menos
Características de comunidades desfavorecidas
na hora de eleições. O fato do Reino Unido, geralmente aclamado como
K. Mchombu apresenta um exame das comunidades desfavo­ uma das economias neoliberais mais prósperas, ter produzido um
recidas localizadas no Terceiro Mundo, sejam elas em áreas rurais Plano de Ação Nacional de Inclusão Social 2003-2005 merece refle­
ou urbanas, embora no uso comum ambos os termos acima este­ xão (U.K. DEPARTMENT FOR WORKAND PENSIONS, 2003). Talvez
jam sujeitos a variadas interpretações. "Terceiro Mundo" pode sig­ seja por isso que "exclusão social e bibliotecas" estejam entre as en­
nificar coisas diferentes para pessoas diferentes, mas o que é comum tradas da segunda edição da Enciclopédia Internacional de Ciência da
é que há um padrão de subdesenvolvimento. Horowitz captura isto Informação e Biblioteconomia, enfocada principalmente no cenário
muito bem na declaração seguinte: do Reino Unido e na discriminação racial (PATEMAN, 2003).
A exclusão social mostra uma variedade de características e
É evidente ... que países em desenvolvimento sofrem de proble­ intensidades através de tempos e lugares. A característica principal
mas e condições que são notavelmente semelhantes, tudo é muito dos que são afetados é a privação, social e econômica, que mina in­
familiar, como: rápido crescimento populacional, hiatos enor­ clusive a dignidade humana mais básica. Nas instâncias mais críti­
mes entre necessidades e recursos disponíveis para atendê-las, cas, a vida de pessoas desfavorecidas é de luta diária pela sobrevivên­
analfabetismo difundido, falta de homogeneidade, grandes dife­ cia. Durrani (1985) captura isso muito bem quando narra a vida de
renças nos padrões de vida entre setores rurais e urbanos, e uma uma camponesa no Quênia:
onda ascendente de urbanização e industrialização que provoca
mudanças sociais de longo alcance, como o rompimento de pa­ Nyanjiru acorda às 4 da manhã, um debe (recipiente de lata)
drões culturais. Tem sido dito que os milhões das pessoas que de água em sua cabeça, ela caminha por uma hora e meia até o
vivem no Terceiro Mundo têm apenas uma coisa em comum: o córrego mais próximo. Então ela sobe o rio de volta para a casa
padrão de subdesenvolvimento (HOROWITZ, 1993, p.171). dela, pegando lenha seca no caminho para o fogo, após três
horas chega em casa para começar mais um dia de trabalho.
Outros têm discutido que o termo "Terceiro Mundo" reduz Crianças chorando a serem acalmadas com pedaços de sobra
demasiadamente mundos complexos e discrepantes, é depreciador, e de comida, galinha a ser alimentada, então começa a cavar seu
132 Atuação pro(issio11al na Áffa de infor/Jlação E/JJ com unidades desfavorecidas 13 3

shamba (fazenda pequena) de um acre, no sol quente e arden­ Tabela 1 - Distribuição de número de países por categorias de IAD
te. Esta é a rotina diária para o camponês.
Tipos de Alto Superior Médio Baixo
países (0,70 - 0,85) (0,50 - 0,69) (0,30 - 0,49) (0,04 -0,39)
A conclusão de Durrani sobre a relação entre Nyanjiru e a bi­ Países de
renda alta
21 5 1 o
blioteca é condenatória. Ele escreve:
Países da
Europa Central -
Assim não é surpreendente que Nyanjiru não conheça nenhuma 10 14 2
e do Leste
biblioteca, e nenhuma biblioteca conheça Nyanjiru. O mundo e da CIS

de Nyanjiru e o mundo de serviços de biblioteca, como eles América Latina - 15 15 3


e Caribe
existem hoje, estão demasiado afastados. Bibliotecas baseadas
Ásia 4 3 8 7
em tradições de práticas de informação estrangeiras não po­
dem servir às necessidades de pessoas como Nyanjiru. Nyanjiru Pacífico - - 2 3
pertence ao sistema de informação do seu povo, baseado nas Oriente Médio
tradições orais e nas experiências de história que ela pode en­ e - 5 11 2
Norte da África
tender, confiar e aplicar para lutar por sua existência.
África - 2 7 38
Sub-Saara
Os pontos levantados por Durrani são apoiados por muitos Total 25 40 58 55
outros que notam que comunidades desfavorecidas são marginali­
zadas e, talvez, primeiramente em termos do fluxo de informação
para atender suas necessidades humanas básicas. Acessar a infra­ 3. econômicas: baixa renda, desemprego alto;
estrutura ele informação moderna passa a ser muito difícil 4. sociais: alta proporção de membros de minorias, alta proporção
(MCHOMBU, 1993; NWAGHA, 1990; TEMU, 1984). Embora de­ de migrantes, pouca saúde, pouca educação, alta insegurança,
vessem ser considerados com cuidado, indicadores como o Índice de pouca presença e qualidade de serviços públicos;
Acesso Digital (IAD), recentemente proposto pela União Internacio­ 5. culturais: marginalização, discriminação social e étnica, história
nal ele Telecomunicações (INTERNATIONAL TELECOMMUNICATION de dominação e exploração, rigidez de estruturas sociais, baix:a
UNION, 2004), oferecem uma perspectiva reveladora quando se cruza autoconfiança.
a distribuição de países das várias regiões do globo pelas quatro cate­ De décadas disto ou daquilo até as metas para o desenvol­
gorias de IAD, como m.ostrado na Tabela 1. vimento no Milênio, desde promessas cham.ativas até revisões de fim­
A noção de que informação "moderna" é o mesmo que re­ de-termo, a prioridade dada para a "erradicação da pobreza" parece
cursos de informação em rede, ou baseados na Internet e, portanto, ilusória. Dois fatos são intrigantes: enquanto ampla evidência e ex­
que fornecer acesso às TIC's é a chave para o progresso é enganosa, periência demonstram a necessidade de uma abordagem gradual,
para dizer o mínimo. De fato, as comunidades desfavorecidas são ex­ contínua, de longo termo e inclusiva, o conceito de desenvolvimento
postas a um jogo complexo de limitações entrelaçadas que precisarn integrado, que já foi moda no pensamento sobre o desenvolvimento,
ser atacadas simultaneamente: parece ter desaparecido totalmente. Além disso, com.unidades
1. geográficas: distanciamento dos principais "centros", condições desfavorecidas são persistentemente indicadas, e referidas, como
ecológicas difíceis; "minorias" enquanto, de fato, elas representam a maioria das pessoas.
2. infra-estruturais: baixo suprimento de eletricidade e energia, co­ Trazer conectividade para "quase metade da população mundial, [que]
municação por terra, transporte, saneamento e telecomunicações; vive em áreas rurais em nações de renda baixa e média-baixa", como
132 Atur1ç;.io profissional na 1-Írca de informação Em comunidades dcsfavorccidr1s 133

shamba (fazenda pequena) de um acre, no sol quente e arden­ Tabela 1 - Distribuição de número de países por categorias de IAD
te. Esta é a rotina diária para o camponês.
Tipos de Alto Superior Médio Baixo
países (0,70 - O, 85) (0,50 - 0,69) (0,30 - 0,49) (0,04 -0,39)
A conclusão de Durrani sobre a relação entre Nyanjiru e a bi­ Países de
21 5 1 o
blioteca é condenatória. Ele escreve: renda alta
Países da
Europa Central
Assim não é surpreendente que Nyanjiru não conheça nenhuma 10 14 2
e do Leste
biblioteca, e nenhuma biblioteca conheça Nyartjiru. O mundo e da CIS

de Nyanjiru e o mundo de serviços de biblioteca, como eles América Latina - 15 15 3


e Caribe
existem hoje, estão demasiado afastados. Bibliotecas baseadas
Ásia 4 3 8 7
em tradições de práticas de informação estrangeiras não po­
dem servir às necessidades de pessoas como Nyartjiru. Nyanjiru Pacífico - - 2 3
pertence ao sistema de informação do seu povo, baseado nas Oriente Médio
tradições orais e nas experiências de história que ela pode en­ e - 5 11 2
Norte da África
tender, confiar e aplicar para lutar por sua existência.
África - 2 7 38
Sub-Saara
Os pontos levantados por Durrani são apoiados por m.uitos Total 25 40 58 55
outros que notam que comunidades desfavorecidas são marginali­
zadas e, talvez, primeiramente em termos do fluxo de informação
para atender suas necessidades humanas básicas. Acessar a infra­ 3. econômicas: baixa renda, desemprego alto;
es trutura de informação moderna passa a ser muito difícil 4. sociais: alta proporção de membros de minorias, alta proporção
(MCHOMBU, 1993; NWAGHA, 1990; TEMU, 1984). Embora de­ de migrantes, pouca saúde, pouca educação, alta insegurança,
vessen1 ser considerados com cuidado, indicadores como o Índice de pouca presença e qualidade de serviços públicos;
Acesso Digital (lAD), recentemente proposto pela União Internacio­ 5. culturais: marginalização, discriminação social e étnica, história
nal de Telecomunicações (INTERNATIONAL TELECOMMUNICATION de dominação e exploração, rigidez de estruturas sociais, baixa
UNION, 2004), oferecem uma perspectiva reveladora quando se cruza autoconfiança.
a distribuição de países das várias regiões do globo pelas quatro cate­ De décadas disto ou daquilo até as metas para o desenvol­
gorias de lAD, como mostrado na Tabela 1. vimento no Milênio, desde promessas chamativas até revisões ele fim­
A noção de que informação "moderna" é o mesmo que re­ cle-termo, a prioridade dada para a "erradicação da pobreza" parece
cursos de informação em rede, ou baseados na Internet e, portanto, ilusória. Dois fatos são intrigantes: enquanto ampla evidência e ex­
que fornecer acesso às TIC's é a chave para o progresso é enganosa, periência demonstram a necessidade de uma abordagem gradual,
para dizer o mínimo. De fato, as comunidades desfavorecidas são ex­ contínua, de longo termo e inclusiva, o conceito de desenvolvimento
postas a um jogo complexo de limitações entrelaçadas que precisam integrado, que já foi moda no pensamento sobre o desenvolvimento,
ser atacadas simultaneamente: p arece ter desaparecido totalmente. Além disso, comunidades
1. geográficas: distanciamento dos principais "centros", condições desfavorecidas são persistentemente indicadas, e referidas, como
ecológicas difíceis; "minorias" enquanto, de fato, elas representam a maioria das pessoas.
2. infra-estruturais: baixo suprimento de eletricidade e energia, co­ Trazer conectividade para "quase metade ela população mundial, [ que]
municação por terra, transporte, saneamento e telecomunicações; vive em áreas rurais em nações de renda baixa e média-baixa", como
134 Atuação profissional na área de informação Em comunidades desfavorecidas 135

sugerido por Press (PRESS, 2004), apesar de ser parte da cura não em aproximadamente 25% da população adulta em países do Terceiro
mudaria a cena por si só. E ele mesmo vem adicionando algumas Mundo e perto de 40% nos países de baixa renda (BANCO MUNDIAL,
medidas complementares, como o livre acesso à informação técnica 2003). Estes números não refletem as consideráveis discrepâncias
e científica que não está exatamente alinhada com os dogmas econô­ sociais, regionais e de gênero.
micos dominantes. I sto contribui para fortalecer a preferência de pessoas
desfavorecidas por coisas concretas e práticas, ou é pelo menos, uma
demonstração delas, ao invés de produtos abstratos como informa­
Necessidades de informação, recursos, alfabetização e a ção e conhecimento, mesmo que estes últimos possam, de fato, ajudá­
base de conhecimento comunitário los mais efetivamente na luta diária pela sobrevivência. Pesquisa re­
Vários projetos de pesquisa tiveram o propósito de identificar alizada por Temu (1984) e Mchombu (1993) demonstrou que as
áreas de necessidades de informação em comunidades desfavorecidas. pessoas nas comunidades rurais, quando perguntadas sobre suas
Pesquisas na Nigéria, por exemplo, mostraram que quase todos os necessidades de informação, freqüentemente respondiam não ter
tópicos precisam ser cobertos, desde a saúde até a recreação, com necessidade alguma. Na África do Leste e Meridional, Mchombu veri­
ênfase na existência cotidiana (ABOYADE, 1984; NWAGHA, 1990). ficou que muitos respondentes disseram não ter necessidade de infor­
Outros estudos feitos na África Meridional e do Leste mostraram mação porque a informação de que eles dispunham já lhes bastava
necessidades bastante semelhantes. (Botsuana aproximadamente 48%, Tanzânia aproximadamente 29%
Mchombu (1993) descobriu que as necessidades de informa­ e Malauí aproximadamente 31%). Em Papua, Nova Guiné, Temu
ção da comunidade dividem-se em dois grupos: necessidades comuns descobriu o seguinte:
encontradas em todas as comunidades nos três países estudados, e
necessidades locais que refletem o ambiente sócio-econômico, climá­ A taxa relativamente alta de mortalidade infantil, de desnutri­
tico e político, particular de uma comunidade. Entre as necessidades ção entre crianças, e de doenças endêmicas, é aceita como uma
de informação comuns estavam: saúde, incluindo HIV e AIDS, cons­ parte necessária da vida. A necessidade percebida, então, não se
ciência econômica básica, governança e liderança, administração co­ encaixa com a necessidade real (TEMU, 1984).
munitária, e administração ambiental incluindo agricultura. Entre
as necessidades locais específicas estavam, por exemplo: práticas Embora os problemas destacados fossem correntes na comu­
agrícolas para propensão à seca em Botsuana, planejamento fami­ nidade, eles não eram percebidos como uma dimensão informacional,
liar em Malauí, e melhoria do rebanho na Tanzânia. mas sim como uma parte necessária da vida, ou como vontade de
O que foi verificado em outros lugares da África, bem como Deus. Uma solução para este problema poderia ser implementar pro­
em outros países em desenvolvimento, confirma que as necessida­ gramas de educação para adultos, que constroem novas habilidades
des de informação são bastante extensas, e há na situação atual uma e capacidades nas comunidades, para que, desse modo, considerem o
clara defasagem de informação. A informação de agências existen­ conhecimento e a informação como recursos importantes para a
tes, visando dar suporte às comunidades são insignificantes e não solução de problemas e o desenvolvimento comunitário. Porque,
são suficientes, para apoiar o desenvolvimento delas, bem como a embora os membros de uma comunidade usem diariamente a infor­
luta por sobrevivência (NWAGHA, 1990). mação e o conhecimento, eles podem não reconhecê-los como uma
Um assunto que merece atenção especial é o nível de alfabeti­ entidade distinta capaz de uma existência própria (MCHOMBU,
zação informacional, que é freqüentemente muito baixo em comu­ 2002).
nidades desfavorecidas. O número de pessoas analfabetas, que não Em face da natureza abstrata da informação e do conhecimento,
sabem ler e, muito menos, usar computadores, ainda é calculado hoje sugere-se que os provedores de informação para as comunidades
134 Atuação profissional na área de informação Em comunidades desfavorecidas 135

sugerido por Press (PRESS, 2004), apesar de ser parte da cura não em aproximadamente 25% da população adulta em países do Terceiro
mudaria a cena por si só. E ele mesmo vem adicionando algumas Mundo e perto de 40% nos países de baixa renda (BANCO MUNDIAL,
medidas complementares, como o livre acesso à informação técnica 2003). Estes números não refletem as consideráveis discrepâncias
e científica que não está exatamente alinhada com os dogmas econô­ sociais, regionais e de gênero.
micos dominantes. Isto contribui para fortalecer a preferência de pessoas
desfavorecidas por coisas concretas e práticas, ou é pelo menos, uma
demonstração delas, ao invés de produtos abstratos como informa­
Necessidades de informação, recursos, alfabetização e a ção e conhecimento, mesmo que estes últimos possam, de fato, ajudá­
base de conhecimento comunitário los mais efetivamente na luta diária pela sobrevivência. Pesquisa re­
Vários projetos de pesquisa tiveram o propósito de identificar alizada por Temu (1984) e Mchombu (1993) demonstrou que as
áreas de necessidades de informação em comunidades desfavorecidas. pessoas nas comunidades rurais, quando perguntadas sobre suas
Pesquisas na Nigéria, por exemplo, mostraram que quase todos os necessidades de informação, freqüentemente respondiam não ter
tópicos precisam ser cobertos, desde a saúde até a recreação, com necessidade alguma. Na África do Leste e Meridional, Mchombu veri­
ênfase na existência cotidiana (ABOYADE, 1984; NWAGHA, 1990). ficou que muitos respondentes disseram não ter necessidade de infor­
Outros estudos feitos na África Meridional e do Leste mostraram mação porque a informação de que eles dispunham já lhes bastava
necessidades bastante semelhantes. (Botsuana aproximadamente 48%, Tanzânia aproximadamente 29%
Mchombu (1993) descobriu que as necessidades de informa­ e Malauí aproximadamente 31%). Em Papua, Nova Guiné, Temu
ção da comunidade dividem-se em dois grupos: necessidades comuns descobriu o seguinte:
encontradas em todas as comunidades nos três países estudados, e
necessidades locais que refletem o ambiente sócio-econômico, climá­ A taxa relativamente alta de mortalidade infantil, de desnutri­
tico e político, particular de uma comunidade. Entre as necessidades ção entre crianças, e de doenças endêmicas, é aceita como uma
de informação comuns estavam: saúde, incluindo HIV e AIDS, cons­ parte necessária da vida. A necessidade percebida, então, não se
ciência econômica básica, governança e liderança, administração co­ encaixa com a necessidade real (TEMU, 1984).
munitária, e administração ambiental incluindo agricultura. Entre
as necessidades locais específicas estavam, por exemplo: práticas Embora os problemas destacados fossem correntes na comu­
agrícolas para propensão à seca em Botsuana, planejamento fami­ nidade, eles não eram percebidos como uma dimensão informacional,
liar em Malauí, e melhoria do rebanho na Tanzânia. mas sim como uma parte necessária da vida, ou como vontade de
O que foi verificado em outros lugares da África, bem como Deus. Uma solução para este problema poderia ser implementar pro­
em outros países em desenvolvimento, confirma que as necessida­ gramas de educação para adultos, que constroem novas habilidades
des de informação são bastante extensas, e há na situação atual uma e capacidades nas comunidades, para que, desse modo, considerem o
clara defasagem de informação. A informação de agências existen­ conhecimento e a informação como recursos importantes para a
tes, visando dar suporte às comunidades são insignificantes e não solução de problemas e o desenvolvimento comunitário. Porque,
são suficientes, para apoiar o desenvolvimento delas, bem como a embora os membros de uma comunidade usem diariamente a infor­
luta por sobrevivência (NWAGHA, 1990). mação e o conhecimento, eles podem não reconhecê-los como uma
Um assunto que merece atenção especial é o nível de alfabeti­ entidade distinta capaz de uma existência própria (MCHOMBU,
zação informacional, que é freqüentemente muito baixo em comu­ 2002).
nidades desfavorecidas. O número de pessoas analfabetas, que não Em face da natureza abstrata da informação e do conhecimento,
sabem ler e, muito menos, usar computadores, ainda é calculado hoje sugere-se que os provedores de informação para as comunidades
136 Atuação profissional na área de infor111ação Em comunidades desfavorecidas 13 7

deveriam preocupar-se com o provimento de informação apropria­ população. Conseqüentemente, a realidade das áreas rurais e das zonas
da. Saracevic (1980) destacou que informação apropriada: urbanas de favelas (freqüentemente povoadas por migrantes rurais)
demonstram que as necessidades de informação, bem como as TIC's
deveria ser orientada para um problema específico, auto­ para o desenvolvimento humano são radicalmente diferentes daquelas
suficiente, diretamente aplicável, adaptada para uso local, ca­ dos grupos da elite (MCHOMBU, 1998). São grupos que se preocu­
paz de alcançar os desfavorecidos, e comunicável por canais pam mais com a sobrevivência básica e com problernas cotidianos, e
tradicionais. o conteúdo da informação deveria estar dirigido a estas necessidades
numa forma inteligível e utilizável. Igualmente, o acesso às TIC's
O dilema acima propõe desafios especiais ao se considerar o precisaria ser ajustado às realidades sociais dos vários segmentos da
fornecimento de serviços de biblioteca e TIC's para comunidades população, inclusive com o uso de intermediários hun,anos e com a
desfavorecidas. A maioria dos líderes reconhece o papel importante combinação das TIC's com outras mídias, como rádio local e comu­
que a tecnologia de informação e conhecirn.ento tem nos negócios dos nicação interpessoal.
países do Terceiro Mundo. Porém, esta preocupação não foi traduzida A inclusão do acesso às TIC's dentro do padrão de acesso uni­
em apoio efetivo à educação, ou em agências de fornecimento de in­
versal a serviços de telecomunicações, que já precisou de defesa como
f ormação ou tecnologias de comunicação. A fim de ganhar reconhe­
a do "Manifesto de Papallacta"," é agora reconhecida em princípio,
cimento e aumentar o nível de preparação para as tecnologias da
embora seja debatida sua extensão e suas condições. Isto é freqüen­
informação, os profissionais de informação têm que empreender uma
temente alcançado através de Pontos Públicos de Acesso à Informa­
luta pela alfabetização informacional dentro das suas sociedndes. Este
ção (PPAI), ou à Internet, geralmente conhecidos como "tclecentros".
tema foi bem explorado no livro de Sturges e Neill (1990) 'A Luta
De fato, os PPAI podem assumir muitas formas diferentes. O que
Quieta: Bibliotecas e informação para a África". 1
realmente caracteriza aqueles voltados ao desenvolvimento comuni­
Em decorrência da situação acima descrita, encontram-se pou­
tário são a sua visão e o nível de participação da comunidade, mais
cas bibliotecas e, ainda menos, centros de TIC's em comunidades
que o estatuto legal ou atividades empreendidas cm determinado
desfavorecidas. Na maioria do Terceiro Mundo e, especialmente na
momento (MENOU; STOLL, 2003 ). A estratégia de TIC's para conm­
África, as tecnologias ele informação aparecern nas bibliotecas aca­
nidades desfavorecidas na África tomou, preferencialmente, a forma
dêmicas e ele pesquisa, e em agências governamentais, todavia em
de poucos telecentros, apoiados por agências doadoras, aplicando uma
grande parte como resultado de um processo dirigido por doadores.
abordagem de cima para abaixo e, normalmente, com pouca parti­
Esses doadores, na sua 1naioria, são organizações internacionais e
cipação dos grupos locais na determinação de como tais centros de­
agências de desenvolvimento de países de alta renda. A maioria das
veriam operar no dia-a-dia. O mesmo padrão prevaleceu em outros
bibliotecas especiais, universitárias, e de pesquisa são localizadas em
lugares, embora na América Latina e no Caribe o número ele telecentros
áreas urbanas e concebidas antes para servir a elite do que as comu­
estabelecidos tenha resultado na formação de redes.
nidades desfavorecidas.
Heeks (1999) enfatizou que muitas iniciativas de TIC's são
A situação em áreas rurais e em comunidades urbanas desfa­
postuladas na crença de que comunidades desfavorecidas são apenas
vorecidas exige uma abordagem diferente quanto ao f ornecimento
de informação e uso elas TIC's, por causa da infra-estrutura carente, recipientes de informação, tecnologia e conhecimento produzidos fora
da infra-estrutura de energia inadequada, da escassez de informação dali. Esta visão prevalece com respeito ao Terceiro Mundo ele modo
pertinente e apropriada, e do baixo poder aquisitivo da maioria da geral, enquanto, na realidade, ele pode estar sofrendo só de uma fal-

"The Quiet Struggle: libraries and information for Africa". 2 http://www.tele-centros.org/manifiesto/manif_sp.html.


136 Atuação profissional na área e/e informação Em co111u11ic/ac/cs clcsfavorcciclas 13 7

deveriam preocupar-se com o provimento de informação apropria­ população. Conseqüentemente, a realidade das áreas rurais e das zonas
da. Saracevic (1980) destacou que informação apropriada: urbanas de favelas (freqüentemente povoadas por migrantes rurais)
demonstram que as necessidades de informação, bem como as TIC's
deveria ser orientada para um problema específico, auto­ para o desenvolvimento humano são radicalmente diferentes daquelas
suficiente, diretamente aplicável, adaptada para uso local, ca­ dos grupos da elite (MCHOMBU, 1998). São grupos que se preocu­
paz de alcançar os desfavorecidos, e comunicável por canais pam mais com a sobrevivência básica e com problernas cotidianos, e
tradicionais. o conteúdo da informação deveria estar dirigido a estas necessidades
numa forma inteligível e utilizável. Igualmente, o acesso às TIC's
O dilema acin1a propõe desafios especiais ao se considerar o precisaria ser ajustado às realidades sociais dos vários segmentos da
fornecimento de serviços de biblioteca e TIC's para comunidades população, inclusive com o uso de intermediários humanos e com a
desfavorecidas. A maioria dos líderes reconhece o papel importante combinação das TIC's com outras mídias, como rádio local e co1T1u­
que a tecnologia de informação e conhecimento tem nos negócios dos
nicação interpessoal.
países do Terceiro Mundo. Porém, esta preocupação não foi traduzida
A inclusão do acesso às TIC's dentro do padrão de acesso uni­
em apoio efetivo à educação, ou em agências de fornecimento de in­
versal a serviços de telecomunicações, que já precisou de defesa como
formação ou tecnologias de comunicação. A fim de ganhar reconhe­
a do "Manifesto de Papallacta"," é agora reconhecida cm princípio,
cimento e aumentar o nível de preparação para as tecnologias da
embora seja debatida sua extensão e suas condições. Isto é freqüen­
informação, os profissionais de informação têm que empreender uma
temente alcançado através de Pontos Públicos de Acesso à Informa­
luta pela alfabetização informacional dentro das suas sociedades. Este
ção (PPAI), ou à Internet, geralmente conhecidos como "tclecentros".
tema foi bem explorado no livro de Sturges e Ncill (1990) 'A. Luta
De fato, os PPAI podem assumir muitas fonnas diferentes. O que
Quieta: Bibliotecas e informação para a África". 1
realmente caracteriza aqueles voltados ao desenvolvimento comuni­
Em decorrência da situação acima descrita, encontram-se pou­
tário são a sua visão e o nível de participação da comunidade, mais
cas bibliotecas e, ainda menos, centros de TIC's em comunidades
que o estatuto legal ou atividades empreendidas cm determinado
desfavorecidas. Na maioria do Terceiro Mundo e, especialmente na
momento (MENOU; ST OLL, 2003). A estratégia de TIC's para conm­
África, as tecnologias de informação aparecem nas bibliotecas aca­
nidades desfavorecidas na África tomou, preferencialmente, a forma
dêmicas e de pesquisa, e em agências governamentais, todavia em
de poucos telecentros, apoiados por agências doadoras, aplicando uma
grande parte como resultado de um processo dirigido por doadores.
abordagem de cima para abaixo e, normalmente, com pouca parti­
Esses doadores, na sua 1naioria, são organizações internacionais e
cipação dos grupos locais na determinação de corno tais centros de­
agências de desenvolvimento de países de alta renda. A maioria das
veriam operar no dia-a-dia. O mesmo padrão prevaleceu em outros
bibliotecas especiais, universitárias, e de pesquisa são localizadas cm
lugares, embora na América Latina e no Caribe o número ele telecentros
áreas urbanas e concebidas antes para servir a elite do que as comu­
estabelecidos tenha resultado na formação ele redes.
nidades desfavorecidas.
Heeks (1999) enfatizou que muitas iniciativas de TIC's são
A situação cm áreas rurais e em comunidades urbanas desfa­
postuladas na crença de que comunidades desfavorecidas são apenas
vorecidas exige uma abordagem diferente quanto ao fornecimento
de informação e uso das TIC's, por causa da infra-estrutura carente, recipientes de informação, tecnologia e conhrcimcnto produzidos fora
da infra-estrutura de energia inadequada, da escassez de informação dali. Esta visão prevalece com respeito ao Terceiro Mundo de modo
pertinente e apropriada, e do baixo poder aquisitivo da maioria da geral, enquanto, na realidade, ele pode estar sofrendo só de uma fal-

"Thc Quicl Struggle: libraries and infonnation for Africa". 2 hltp://www.tele-centros.org/manifiesto/manif_sp.html.


Em com unidades desfavorecidas 139
138 Ah1ação profissional na área de informação

ta de informação registrada (MENOU, 1983). Ao longo da história, habilidades para produzir artefatos de informação. O ambiente
sociocultural dentro e ao redor das comunidades, ainda mais quan­
o interesse pelo "conhecimento nativo" 3 variou de ignorância para
do se trata da tão falada "e-democracia", precisa apoiar estes esfor­
desdém, curiosidade e rejeição, por parte da todo-poderosa e toda
ços. Porém, as coisas são ainda mais complicadas. Como disse
promissora Ciência do Norte. Há uma recuperação de interesse, es­
Schoenhoff no seu brilhante livro:
pecialmente quando este conhecimento está relacionado com subs­
tâncias naturais capazes de gerar altos lucros. Tornou-se, portanto,
Focados como nós estamos em informação e dados, parecemos
lugar comum, fazer da produção e difusão de informação local um
raramente dar valor à sabedoria em nossa sociedade de alta
componente-chave das estratégias e programas de informação.
tecnologia [... ] Sabedoria não parece ser um tipo diferente de
Uma busca no Google por «conhecimento nativo» gera não
conhecimento, mas um tipo diferente de saber, uma abordagem
menos que 160.000 referências.4 Qualquer que seja o significado, este
integral que se recusa a olhar a parte da real situação humana
número ilustra a mudança no pensamento padrão, mesmo que o
de incerteza e morte certa" (SCHOENHOFF, 1993 p.100).
enfoque esteja normalmente nos conhecimentos que podem somar­
se ao arsenal científico e técnico da humanidade. A introdução para
o dossiê tópico em SciDev Net destaca: Centros de informação e bibliotecas
como catalisadores de mudança
O conhecimento nativo deu, e ainda pode dar, uma contribui­
Na maioria das comunidades desfavorecidas, bibliotecas e ser­
ção significativa para solucionar problemas locais. Nos últimos
viços de informação de qualquer tipo são, de maneira geral, escassos
anos houve um fluxo crescente de informação dos países em
e mal-formulados. Entre os obstáculos a serem superados estão a
desenvolvimento sobre o papel que o CN está exercendo no Sul
falta de material de leitura apropriado, a baixa densidade e dispersão
numa variedade de setores: na agricultura (técnicas de cultivo
mesclado, produção animal, controle de pragas, diversidade da população rural combinada com infra-estruturas de comunica­
ção e de transporte deficientes. Em ambos os casos, o uso das TIC's
varietal, saúde animal, variedades de semeadura), na biologia
pode ajudar a achar respostas inovadoras. Infelizmente, o próprio
(botânica, técnicas para alimentação de peixes), na saúde hu­
acesso às TIC's é muito deficiente, especialmente em zonas rurais.
mana (medicamentos tradicionais), no uso e administração de
Os dados básicos sobre uso das TIC's no mundo inteiro indicam que
recursos naturais (conservação da terra, irrigação e outras for­
elas foram deixadas de lado. Por exemplo, de acordo com um relató­
mas de administração da água), na educação (tradições orais,
rio do Gabinete Internacional do Trabalho (ILO, 2001):
línguas locais), e no alívio da pobreza de modo geral (SCIDEV
NET, 2004).
Existe aproximadamente um telefone para cada duas pessoas
no E.U.A. e U.E., enquanto a população inteira da África, de
Comunidades pobres também deveriam ter condição de usar
739 milhões de pessoas, tem menos que 14 milhões de linhas.
TIC's para disseminar suas idéias, conhecimento e informação. Tal
conhecimento deveria incluir conhecimento dos recursos locais, ca­
Apesar de uma proporção per capita poder ser uma medida
pacidades locais, conhecimento nativo, e retroinformação dos gestores
enganadora, até mesmo para uma análise econômica, corno Fink e
das políticas governamentais sobre o impacto destas nas comunidades
Kenny (2003) mostraram.
de base. Isto requer muito mais que disponibilidade tecnológica e
Ônibus-bibliotecas (bibliobus) foram por muito tempo a so­
lução para a população espalhada. Apesar deles requerem estradas
3 lndigenous knowledge.
4 Buscafeita em '.?.S de Abril de '.?.004. que não existem em muitos locais. Assim houve a proliferação de
Em comunidades desfavorecidas 139
138 Ah1açào profissional na área de informação

ta de informação registrada (MENOli, 1983). Ao longo da história, habilidades para produzir artefatos de informaçno. O ambiente
o interesse pelo "conhecimento nativo"·i variou de ignorância para sociocultural dentro e ao redor das comunidades, aindn m,1is qu,rn
desdém, curiosidade e rejeição, por parte da todo-poderosa e toda do se trata da tão falada "e-democracia", precisa apoiar estes rsfor
ços. Porém, as coisas são ainda mais complicadas. Como disse
promissora Ciência do Norte. Há uma recuperação de interesse, es­
pecialmente quando este conhecimento está relacionado com subs­ Schoenhoff no seu brilhante livro:
tâncias naturais capazes de gerar altos lucros. Tornou-se, portanto,
lugar comum, fazer da produção e difusão de informação local um Focados como nós estamos em informação e dados, parecemos
componente-chave das estratégias e programas de informação. raramente dar valor à sabedoria em nossa sociedade de alta
Uma busca no Google por «conhecimento nativo» gera não tecnologia [ ... ] Sabedoria não parece ser um tipo diferente de
menos que 160.000 referências.4 Qualquer que seja o significado, este conhecimento, mas um tipo diferente de saber, uma abordagem
número ilustra a mudança no pensamento padrão, mesmo que o integral que se recusa a olhar a parte da real situação humana
enfoque esteja normalmente nos conhecimentos que podem somar­ de incerteza e morte certa" (SCHOENHOFF, 1993 p.100).
se ao arsenal científico e técnico da humanidade. A introdução para
o dossiê tópico em SciDev Net destaca: Centros de informação e bibliotecas
como catalisadores de mudança
O conhecimento nativo deu, e ainda pode dar, uma contribui­
ção significativa para solucionar problemas locais. Nos últimos Na maioria das comunidades desfavorecidas, bibliotecas e ser­
anos houve um fluxo crescente de informação dos países em viços de informação de qualquer tipo são, de maneira geral, escassos
desenvolvimento sobre o papel que o CN está exercendo no Sul e mal-formulados. Entre os obstáculos a serem superados estão a
numa variedade de setores: na agricultura (técnicas de cultivo falta de material de leitura apropriado, a baixa densidade e dispersão
mesclado, produção animal, controle de pragas, diversidade da população rural combinada com infra-estruturas de comunica­
varietal, saúde animal, variedades de semeadura), na biologia ção e de transporte deficientes. Em ambos os casos, o uso das TIC's
(botânica, técnicas para alimentação de peixes), na saúde hu­ pode ajudar a achar respostas inovadoras. Infelizmente, o próprio
acesso às TIC's é muito deficiente, especialmente em zonas rurais.
mana (medicamentos tradicionais), no uso e administração de
recursos naturais (conservação da terra, irrigação e outras for­ Os dados básicos sobre uso das TIC's no mundo inteiro indicam que
elas foram deixadas de lado. Por exemplo, de acordo com um relató­
mas de administração da água), na educação (tradições orais,
línguas locais), e no alívio da pobreza de modo geral (SCIDEV rio do Gabinete Internacional do Trabalho (!LO, 2001):
NET, 2004).
Existe aproximadamente um telefone para cada duas pessoas
no E.li.A. e li.E., enquanto a população inteira da África, de
Comunidades pobres também deveriam ter condição de usar
TIC's para disseminar suas idéias, conhecimento e informação. Tal 739 milhões de pessoas, tem menos que 14 milhões de linhas.
conhecimento deveria incluir conhecimento dos recursos locais, ca­
pacidades locais, conhecimento nativo, e retroinformação dos gestores Apesar de uma proporção per capita poder ser uma medida
das políticas governamentais sobre o impacto destas nas comunidades enganadora, até mesmo para uma análise econômica, como Fink e
de base. Isto requer muito mais que disponibilidade tecnológica e Kenny (2003) mostraram.
Ônibus-bibliotecas (bibliobus) foram por muito tempo a so­
lução para a população espalhada. Apesar deles requerem estradas
3 Indigenous knowledge.
4 Buscafeita em '.!.5 de Abril de '.!.004. que não existem em muitos locais. Assim houve a proliferação de
140 AI uação pmlissional na área de informação Em comunidr1clcs dcsl:1n11 crnl.t, l •l 1

versões com tração animal, onde burros ou camelos substituem o Um bom e,xemplo de um esforço assim pode ser enco11lr,1do 11P
ônibus, e o uso de meios de transporte adaptados às condições geo­ programa ':,\bra seu Mundo" , 5 no Chile (http://www.bibliorcdcs.cl ) ,
gráficas como triciclos, bicicletas, todos os tipos de barcos, dos quais cuja apresentação reforça que: "O impulso para este projeto está prc
se podem achar exemplos emocionantes na Tailândia, Quênia, Argen­ cisamente arraigado na cornunidadf; é a própria comunidade que se
tina e outros países no site da Biblioteca Pública Príncipe Rupert, converte num agente não mais passivo do desenvolvimento cultural
Canad.í, (http://www.bookboat.com/unusual_lib/). Este tipo de e social da sua localidade".
tentativa é feito para proporcionar as TIC's, mesmo nestes tipos de T rezentas e sessenta e oito bibliotecas participando no país in­
recursos móveis. Com equipamento de computação, baterias ou pai­ teiro e um investimento de mais de 11 milhões de dólares america­
néis solares e conexões de satélite, um bibliobus pode ser transformado nos, parte do qual providenciado por uma contribuição da Fundação
em um teleccntro. Ele pode também ser transformado numa editora Bill e Melina Gates, é o resultado de um esforço de maior alcance.
por demanda, como mostrado pelo bookmobile de Uganda (http:// Diante da proporção do fenômeno da exclusão social, nenhuma
www. anywherbooks.org/). Veículos leves também podem ser trans­ mudança significativa pode ser alcançada sem tun compromisso desta
formados numa ferramenta para recolher informação que pode ser magnitude. Mais que nunca, projetos pilotos de pequeno porte e de
redistribuída mais tarde através de várias mídias, como no caso ela curta duração são uma desculpa para a inatividade.
"radiocicleta", usada por organizações que participam do sistema de Não é menos natural pensar nas escolas como um lugar para
Comunicação para a Paz na Colômbia (SIPAZ, 2004). alocar serviços de acesso à informação e às TIC's (KOMOSKI; PADRE,
Bibliotecas públicas, em particular aquelas localizadas em áre­ 1996), desde que a educação seja percebida como a chave da erradicação
as r urais, são um instrumento essencial na provisão de informação da pobreza. Mesmo que seus recursos estejam muito aquém dos
para comunidades desfavorecidas, desde que seus serviços e acervos adequados, na prática elas oferecem uma cadeia de lugares públicos
estejam adaptados para este público, o que nem sempre pode ser o perto de todas as comunidades. Um primeiro item na agenda de TIC's
caso quando "padrões gerais" são aplicados. Quando a infra-estru­ da maioria dos países é a alfabetização em computação e eventual­
tura permite, elas podem também prover um acesso às TIC's e os mente a educação apoiada por computadores como parte dos currí­
recursos de informação disponibilizados na Internet. A disponibili­ culos. Este movimento de fato é mais exigente, não só o que concerne
dade de tal serviço não elimina os obstáculos psicológicos e educacio­ a treinamento de pessoal 111<1s também no que se refere a ad<1ptação
nais para seu uso. Para que estas entidades possam cumprir o seu pedagógica e curricular, do que os sistemas educacionais tradicionais.
papel, elas devem contar com financiamento e apoio regular. Muitas Outro aspecto difundido é o uso de escolas, laboratórios de com­
vezes o equipamento inicial é considerado, especialmente quando putação, centros de mídias ou bibliotecas corno a base do acesso pú­
fornecido por doadores estrangeiros, caso em que são omitidas a blico por outros membros da comunidade. Esta pode ser um.i exten­
manutenção e a operação, incluindo o treinamento de pessoal. O qua­ são legítima do apoio ao aprendizado e desenvolvimento, bem como
dro de pessoal deveria ser adequado cm número e habilidades, o que eventualmente uma fonte complementar de financiamento. Um bom
muito freqüentemente requer programas de treinamento especiais. exemplo disto pode ser encontrado no "Documento modelo de polí­
Finalmente, tais bibliotecas públicas deveriam estar cm condição de tica de TIC's para o sistema de ensino" 6 da OEC5 7 (OERU, 2001).
conduzir programas de alfabetização e alfabetização digital, dar assis­ Constrangimentos práticos e legais tornam a implementação difícil.
tência aos usuários e atuar como intermediários, o que significa di­ Em todo caso, esses avanços estão abrindo novos caminhos no uni-
zer, desempenhar junto aos grupos da comunidade um papel mais
ativo, além de desenvolver laços mais fortes do que aqueles que nor­ 5 "r\bre tu mundo".
malmente fazem, ou estão autorizadas a f azer. 6 "Maciel TIC policy clocu111cnt for t he eclucation systcm".
7 Organização cios Estados cio Caribe Oriental.
140 Atuação profissional na área de informação Em comunidades dcsl:wpnnc/.1, l •I 1

versões com tração animal, onde burros ou camelos substituem o Um bom exemplo de um esforço assim pode ser enconlrmlo 110
ônibus, e o uso de meios de transporte adaptados às condições geo­ programa '\'\bra seu Munclo",5 no Chile (http://www.bibliorcclcs.cl/),
gráficas como triciclos, bicicletas, todos os tipos de barcos, elos quais cuja apresentação reforça que: "O impulso para este projeto está pre­
se podem achar exemplos emocionantes na Tailândia, Quênia, Argen­ cisamente arraigado na comunidade; é a própria comunidade que se
tina e outros países no site da Biblioteca Pública Príncipe Rupcrt, converte num agente não mais passivo do descnvolvimmto cultural
Canadá, (http://www.bookboat.com/unusual_lib/). Este tipo de e social da sua localidade".
tentativa é feito para proporcionar as TIC's, mesmo nestes tipos de T rezentas e sessenta e oito bibliotecas participando no país in­
recursos móveis. Com equipamento ele computação, baterias ou pai­ teiro e um. invcslimento ele mais de 11 milhões de dólares america­
néis solares e conexões ele satélite, um bibliobus pode ser transformado nos, parte do qual providenciado por uma contribuiç.'io ela Fundação
em um tclecentro. Ele pode também ser transformado numa editora Bill e Melina Gates, é o resultado de um esforço de maior alcance.
por demanda, como mostrado pelo bookmobile de Uganda (http:// Diante da proporção do fenômeno da exclusão social, nenhuma
www. anywherbooks.org/). Veículos leves também podem ser trans­ mudança significativa pode ser alcançada sem tun compromisso desta
formados numa ferramenta para recolher informação que pode ser magnitude. Mais que nunca, projetos pilotos de pequeno porte e de
redistribuída mais tarde através de várias mídias, como no caso da curta duração são uma desculpa para a inatividade.
"radiocicleta", usada por organizações que participam do sistema de Não é menos natural pensar nas escolas como um lugar para
Comunicação para a Paz na Colômbia (SIPAZ, 2004). alocar serviços de acesso à informação e às TIC's (KOMOSKI; PADRE,
Bibliotecas públicas, em particular aquelas localizadas em áre­ 1996), desde que a educação seja percebida como a chave ela erradicação
as rurais, são um instrumento essencial na provisão de informação da pobreza. Mesmo que seus recursos estejam muito aquém dos
para comunidades desfavorecidas, desde que seus serviços e acervos adequados, na prática elas oferecem urna cadeia de lugares públicos
estejam adaptados para este público, o que nem sempre pode ser o perto de todas as comunidades. Um primeiro item na agenda ele TIC's
caso quando "padrões gerais" são aplicados. Quando a infra-estru­ da maioria dos países é a alfabetização em computação e eventual­
tura permite, elas podem também prover um acesso às T!C's e os mente a cducaç.'io apoiada por computadores como parte dos currí­
recursos de informação disponibilizados na Internet. A disponibili­ culos. Este movimento de fato é mais exigente, não só o que concerne
dade de tal serviço não elimina os obstáculos psicológicos e educacio­ a treinamento de pessoal mas também no que se refere a adaptação
nais para seu uso. Para que estas entidades possam cumprir o seu pedagógica e curricular, do que os sistemas educacionais tradicionais.
papel, elas elevem contar com financiamento e apoio regular. Muitas Outro aspecto difundido é o uso de escolas, laboratórios ele com­
vezes o equipamento inicial é considerado, especialmente quando putação, centros de mídias ou bibliotecas como a base elo acesso pú­
fornecido por doadores estrangeiros, caso em que são omitidas a blico por outros membros da comunidade. Esta pode ser uma exten­
manutenção e a operação, incluindo o treinamento ele pessoal. O qua­ são legítima elo apoio ao aprendizado e desenvolvimento, bem como
dro de pessoal deveria ser aclcquaclo cm número e habilidades, o que eventualmente uma fonte complementar de financiamento. Um bom
muito freqüentemente requer programas de treinamento especiais. exemplo disto pode ser encontrado no "Documento modelo de polí­
Finalmente, tais bibliotecas públicas deveriam estar em condiç5o ele tica de TIC's para o sistema de ensino"º da OECS 7 (OERU, 2001).
conduzir programas ele alfabetização e alfabetização digital, dar assis­ Constrangimentos práticos e legais tornam a implementação difícil.
tência aos usuários e atuar como intermediários, o que significa di­ Em todo caso, esses avanços estão abrindo novos caminhos no uni-
zer, desempenhar junto aos grupos da comunidade um papel mais
ativo, além de desenvolver laços mais fortes do que aqueles que nor­ 5 "Abre tu mundo".
malmente fazem, ou estão autorizadas a fazer. 6 "Model TIC policy documrnt for lhe educalion systc111".
7 Organização cios Estados cio Caribe Oriental.
Em comunidades desfavorecidas 143
142 Atuação profissional na área de informação

serviços de biblioteca, serviços sociais e de saúde (inclusive a


verso profissional do professor-bibliotecário ou do bibliotecário de
sensibilização sobre HIV e AIDS, os serviços de educação na forma de
escola, que deveriam tornar-se cada vez mais facilitadores e gerentes
classes de alfabetização, os serviços de informação funcional, e os
da aquisição de habilidades de aprendizagem, ao invés de distribui­
serviços de apoio a pequenas e micro-empresas). Além dos serviços
dores de conhecimento já pronto.
acima mencionados, os centros também disponibilizam serviços de
Progressos notáveis aconteceram por iniciativas de ONGs. En­
tre os mais prósperos estão a Schoolnet África do Sul (http:// TIC's na forma de acesso à Internet, televisão e vídeo, telefone e fac­
símile (ELLIS, 1995).
ww .school.za) e Schoolnet Namíbia (http://www.schoolnet.na). Esta
última recebeu vários prêmios internacionais. A Schoolnet África do Sob o nome genérico de "telecentros" encontra-se uma varie­
Sul estabeleceu parceiras com o setor privado, o governo, ONGs e a dade de entidades que oferecem serviços do escopo acima menciona­
comunidade dos doadores, e trabalha dentro da política e quadros do, mas principalmente telecomunicações e Internet, alfabetização
programáticos do governo. Outros parceiros são o Banco Mundial, a digital, apoio à produção de informação local e aos devidos progra­
Iniciativa para a Sociedade Aberta, o IDRC do Canadá e algumas com­ mas comunitários. Seja por parte das agências governamentais seja
panhias de tecnologia da informação da África do Sul. Em 2001, mais por parte das organizações internacionais envolvidas no desenvolvi­
de 3.000 escolas participavam das atividades da Schoolnet África do mento destas entidades há uma pressão constante para fazer os
Sul. A Schoolnet SA, como é conhecida, desenvolveu um portal edu­ telecentros "prósperos comercialmente" o que pode ser limitado, para
cacional para professores e estudantes. O conceito de Schoolnet é dizer o mínimo. De fato há tantos casos diferentes quanto há comu­
achado em 23 outros países africanos (RIORDON, 2001). A Schoolnet nidades e circunstâncias diferentes das quais uma análise excelente é
Namíbia é co-patrocinada agora pelo Ministério de Educação Básica oferecida por Harris com estudos de caso do sudeste asiático (Harris
2003). Exemplos e documentos, nem sempre inclusivas ou objetivos,
e pela Telecomm Namíbia, como também por várias entidades priva­
podem ser encontrados em vários sites da Web, como o do Instituto
das. Sua meta teve que ser reduzida de 500 para 350 escolas. No
Internacional para Comunicação e Desenvolvimento (http://
entanto, ela foi ampliada para incluir centros de recursos, ONGs e
www.iicd.org), o do ELDIS (http://w ww.eldis.org), o Portal de De­
associações educacionais. A Schoolnet Namíbia usa soluções inova­
senvolvimento sobre TIC's (http://topics.developmentgateway.org/
doras para conectar escolas desfavorecidas que incluem software de
TIC/) e muitos outros, entre os quais têm valor particular os sites
fonte aberta, computadores recondicionados acessíveis, conectividade
barata em colaboração com a Telecomm Namíbia, fontes de energia das próprias organizações de telecentros como Somos@Telecentros
alternativa como energia solar e soluções sem cabos (wireless). Como (http://www.tele-centros.org).
suas primeiras iniciativas organizou uma competição entre as esco­ Vale mencionar que quando o plano nacional para uma cadeia
las que participaram da informatização do catálogo da coleção de de telecentros em El Salvador foi lançado foi decidido usar o nome
entomologia do Museu Nacional de Namíbia, um dos mais ricos no "infocentros", em vez de telecentros para enfatizar que o objetivo era
mundo. o acesso e uso de informação, enquanto as TIC's são apenas uma das
Informação, eventualmente sobre assuntos particulares, e ser­ ferramentas. Isto deveria mostrar que, além de bibliotecas digitais que
viços de TIC's também podem ser disponibilizados numa variedade podem ampliar o fornecimento de informação também para comuni­
de instituições públicas como prefeituras, agências postais, estabele­ dades desfavorecidas, os novos espaços digitais públicos estão ofere­
cimentos beneficentes e hospitais, como também por organizações cendo oportunidades para que profissionais de informação coloquem
de base. Na Namíbia, por exemplo, vários Centros de Aprendizagem seus talentos a serviço do povo.
e Desenvolvimento Comunitário 8 foram organizados para fornecer

8 Community Learning Deveiopment Centers - CLDC.


Em comunidades desfavorecidas 143
14 2 Atuação profissional na área de informação

verso profissional do professor-bibliotecário ou do bibliotecário de serviços de biblioteca, serviços sociais e de saúde (inclusive a
escola, que deveriam tornar-se cada vez mais facilitadores e gerentes sensibilização sobre HIV e AIDS, os serviços de educação na forma de
da aquisição de habilidades de aprendizagem, ao invés de distribui­ classes de alfabetização, os serviços de informação funcional, e os
dores de conhecimento já pronto. serviços de apoio a pequenas e micro-empresas). Além dos serviços
Progressos notáveis aconteceram por iniciativas de ONGs. En­ acima mencionados, os centros também disponibilizam serviços de
tre os mais prósperos estão a Schoolnet África do Sul (http:// TIC's na forma de acesso à Internet, televisão e vídeo, telefone e fac­
ww.school.za) e Schoolnet Namíbia (http://www.schoolnet.na). Esta símile (ELLIS, 1995).
última recebeu vários prêmios internacionais. A Schoolnet África do Sob o nome genérico de "telecentros" encontra-se un1a varie­
Sul estabeleceu parceiras com o setor privado, o governo, ONGs e a dade de entidades que oferecem serviços do escopo acima menciona­
comunidade dos doadores, e trabalha dentro da política e quadros do, mas principalmente telecomunicações e Internet, alfabetização
programáticos do governo. Outros parceiros são o Banco Mundial, a digital, apoio à produção de informação local e aos devidos progra­
Iniciativa para a Sociedade Aberta, o IDRC do Canadá e algumas com­ mas comunitários. Seja por parte das agências governamentais seja
panhias de tecnologia da informação da África do Sul. Em 2001, mais por parte das organizações internacionais envolvidas no desenvolvi­
de 3.000 escolas participavam das atividades da Schoolnet África do mento destas entidades há uma pressão constante para fazer os
Sul. A Schoolnet SA, como é conhecida, desenvolveu um portal edu­ telecentros "prósperos comercialmente" o que pode ser limitado, para
cacional para professores e estudantes. O conceito de Schoolnet é dizer o mínimo. De fato há tantos casos diferentes quanto há comu­
achado em 23 outros países africanos (RIORDON, 2001). A Schoolnet nidades e circunstâncias diferentes das quais uma análise excelente é
Namíbia é co-patrocinada agora pelo Ministério de Educação Básica oferecida por Harris com estudos de caso do sudeste asiático (Harris
e pela Telecomm Namíbia, como também por várias entidades priva­ 2003). Exemplos e documentos, nem sempre inclusivas ou objetivos,
das. Sua meta teve que ser reduzida de 500 para 350 escolas. No podem ser encontrados em vários sites da Web, como o do Instituto
entanto, ela foi ampliada para incluir centros de recursos, ONGs e Internacional para Comunicação e Desenvolvimento (http://
associações educacionais. A Schoolnet Namíbia usa soluções inova­ www.iicd.org), o do ELDIS (http://www.eldis.org), o Portal de De­
doras para conectar escolas desfavorecidas que incluem softw are de senvolvimento sobre TIC's (http:// topics.developmentgatew ay.org/
fonte aberta, computadores recondicionados acessíveis, conectividade TIC/ ) e muitos outros, entre os quais têm valor particular os sites
barata em colaboração com a Telecomm Namíbia, fontes de energia das próprias organizações de telecentros como Somos@Telecentros
alternativa como energia solar e soluções sem cabos (wireless). Como (http://www.tele-centros.org).
suas primeiras iniciativas organizou uma com.petição entre as esco­ Vale mencionar que quando o plano nacional para uma cadeia
las que participaram da informatização do catálogo da coleção de de telecentros em El Salvador foi lançado foi decidido usar o nome
entomologia do Museu Nacional de Namíbia, um dos mais ricos no "infocentros", em vez de telecentros para enfatizar que o objetivo era
mundo. o acesso e uso de informação, enquanto as TIC's são apenas uma das
Informação, eventualmente sobre assuntos particulares, e ser­ ferramentas. Isto deveria mostrar que, além de bibliotecas digitais que
viços de TIC's também podem ser disponibilizados numa variedade podem ampliar o fornecimento de informação também para comuni­
de instituições públicas como prefeituras, agências postais, estabele­ dades desfavorecidas, os novos espaços digitais públicos estão ofere­
cimentos beneficentes e hospitais, como também por organizações cendo oportunidades para que profissionais de informação coloquem
de base. Na Namíbia, por exemplo, vários Centros de Aprendizagem seus talentos a serviço do povo.
e Desenvolvimento Comunitário ª foram organizados para fornecer

8 Community Learning Development Centers - CLDC.


144 Atuação profissional na área de informação Em comunidades desfavorecidas 145

Profissionais de Informação do Norte sobre a produção intelectual e a educação em Ciência da In­


como agentes de mudança formação, através seja da literatura, seja do desenvolvimento dos cur­
rículos, seja da educação das futuras elites quando fazem cursos supe­
No seu livro que oferece tanto para pensar, W.G.McD.
riores no exterior, os quais não estão especificamente ajustados às
Partridge cita o pronunciamento de uma aborígine australiam1, Maisie
exigências de uma preparação que venha a contribuir para mudanças
Wilson, para bibliotecários da Nova Gales do Sul no qual ela dizia:
amplas em seus ambientes originais. Talvez até a escassez de visões
No seu treinamento, os bibliotecários têm que aprender a como críticas, como aquela fornecida pela conferência organizada por Tallman
serem humanos. Eles têm que aprender a trabalhar com as e Ojiam.bo sobre o caso do E.U.A. (TALLMAN; OJIAMBO, 1990).
pessoas, e que a coisa mais importante não são os livros mas Com as melhores intenções, profissionais da informação, como
as pessoas. São as pessoas que usam os livros (PARTRIDGE, os da maioria das outras profissões, são as vítimas do complexo de
1988, p.22). excelência empresarial que empurra todas as entidades constituin­
tes da sociedade na direção da máxima eficiência interna sem con­
Isto realmente aponta o ponto crucial do problema. Com toda siderar seriamente o efeito da sua intervenção sobre os cornponen­
a arbitrariedade de uma generalização, e sem ofensas, é impressio­ tes restantes da sociedade, nem ponderar a sensatez das suas
nante que muitas pessoas que entram na carreira de profissionais de atividades cm face das necessidades humanas. Isto resulta numa
inforrn.ação no T erceiro Mundo e, em outros lugares, simultanea­ tendência geral para a setorização das visões e preocupações que
mente são desejosos de servir o público e ter um papel socialmente deixa aos poderes estabelecidos o controle da situação como um
útil, mas, por outro lado, são bastante tímidos e mais seguidores do todo. Novos papéis profissionais surgem, mais provavelmente no
que líderes. A educação inicial está indiretamente procurando forta­ domínio do desenvolvimento tecnológico, como exemplo pode-se
lecer-lhes a autoconfiança através do enfoque na excelência técnica. citar os webmasters; cm aplicações empresariais, como é o caso
A educação profissional continuada, cuja extensão ainda é bastante dos gerentes de conhecimento; ou no domíno do desenvolvimento
limitada, é também demasiadamente voltada para inovações social. Nesse sentido, novos papéis, como o de 'conselheiro de in­
tecnológicas. Conquanto úteis e essenciais quanto poderiam ser, os formação' descrito por Dosa (1997 9 ), estão realmente oferecendo
cursos de "informação e sociedade", administração e marketing es­ uma alternativa apropriada a posições tradicionais.
tão longe de enfatizar o desempenho profissional e transforrn.ar a Muitas funções, para as quais habilidades são normalmente
maioria dos profissionais da informação em agentes de mudança, adquiridas na educação profissional, são importantes para servir
assumindo-se que tal meta possa ser alcançada através de cursos, ao comunidades desfavorecidas, como: seleção de material, orientação
invés de ações dentro das comunidades. Mais ainda, enquanto as de leitores, educação de usuários, educação para alfabetização
oportunidades de emprego e a atratividade da carreira permanece­ informacional, assumindo-se que um enfoque formal sobre estas
rem mais do lado de organizações acadêmicas, de pesquisa ou em­ comunidades seja concedido, o que raramente é o caso. Porém, ou­
presariais do que de bibliotecas públicas em áreas carentes. tras funções não são cobertas freqüentemente, como aquelas
Esta primazia do setor "moderno" é refletida no enfoque em. ser­ requeridas por conselheiros de informação: a produção de recursos
vir os usuários de informação ao invés de ajudar os não-usuários de informação locais usando todos os canais e formatos convenien­
desfavorecidos na sua luta diária pela sobrevivência. Vozes notáveis nas tes, alfabetização em TIC's, apoio à aprendizagem informal e à edu­
profissões da informação defendem, persistentemente, w11a orienta­ cação de adultos, ajuste para condições de miséria, prevenção de de­
ção para uma responsabilidade social maior e, até mesmo, uma 1nu­ sastres naturais e agressões sociais, manutenção de relações efetivas
dança cultural, porém sem muito sucesso (MENOU, 1996, p. 7). Isto
pode se dar em parte, devido à influência de alguns países avançados 9 Versão revisada ele um artigo originalmente publicado em 1989.
144 AtuaçÃo profissional na área de informação Em com unidades desfavorecidas l 45

Profissionais de Informação do Norte sobre a produção intelectual e a educação em Ciência da In­


como agentes de mudança formação, através seja da literatura, seja do desenvolvimento dos cur­
No seu livro que oferece tanto para pensar, W.G.McD. rículos, seja da educação das futuras elites quando fazem cursos supe­
Partridge cita o pronunciamento de uma aborígine australiana, Maisie riores no exterior, os quais não estão especificamente ajustados às
Wilson, para bibliotecários da Nova Gales do Sul no qual ela dizia: exigências de uma preparação que venha a contribuir para mudanças
amplas em seus ambientes originais. Talvez até a escassez de visões
No seu treinamento, os bibliotecários têm que aprender a corno críticas, como aquela fornecida pela conferência organizada por Tallrnan
serem humanos. Eles têm que aprender a trabalhar com as e Ojiambo sobre o caso do E.U.A. (TALLMAN; OJIAMBO, '! 990).
pessoas, e que a coisa mais importante não são os livros mas Com as melhores intenções, profissionais da informação, corno
as pessoas. São as pessoas que usam os livros (PARTRIDGE, os da maioria das outras profissões, são as vítimas do complexo de
1988, p.22). excelência empresarial que empurra todas as entidades constituin­
tes da sociedade na direção da máxima eficiência interna sem con­
Isto realmente aponta o ponto crucial do problema. Com toda siderar seriamente o efeito da sua intervenção sobre os cornponen­
a arbitrariedade de urna generalização, e sem ofensas, é impressio­ tes restantes da sociedade, nem ponderar a sensatez das suas
nante que muitas pessoas que entram na carreira de profissionais de atividades cm face das necessidades humanas. Isto resulta numa
informação no T erceiro Mundo e, em outros lugares, simultanea­ tendência geral para a setorização das visões e preocupações que
mente são desejosos de servir o público e ter um papel socialmente deixa aos poderes estabelecidos o controle da situação como um
útil, mas, por outro lado, são bastante tímidos e mais seguidores do todo. Novos papéis profissionais surgem, mais provavelmente no
que líderes. A educação inicial está indiretamente procurando forta­ domínio do desenvolvimento tecnológico, como exemplo pode-se
lecer-lhes a autoconfiança através do enfoque na excelência técnica. citar os webmasters; cm aplicações empresariais, como é o caso
A educação profissional continuada, cuja extensão ainda é bastante dos gerentes de conhecimento; ou no domíno do desenvolvimento
limitada, é tam.bérn demasiadamente voltada para inovações social. Nesse sentido, novos papéis, como o de 'conselheiro de in­
tecnológicas. Conquanto úteis e essenciais quanto poderiam ser, os formação' descrito por Dosa (1997 9), estão realmente oferecendo
cursos de "informação e sociedade", administração e marketing es­ uma alternativu apropriada a posições tradicionais.
tão longe de enfatizar o desempenho profissional e transformar a Muitas funções, para as quais habilidades são normalmente
maioria dos profissionais da informação em agentes de mudança, adquiridas na educação profissional, são importantes para servir
assumindo-se que tal meta possa ser alcançada através de cursos, ao comunidades desfavorecidas, com.o: seleção de material, orientação
invés ele ações dentro das comunidades. Mais ainda, enquanto as de leitores, educação de usuários, educação para ulfabetização
oportunidades de emprego e a atratividade da carreiru permanece­ informacional, assumindo-se que um. enfoque formal sobre estas
rem 1nais do lado ele organizações acadêmicas, de pesquisa ou em­ comunidades seja concedido, o que raram.ente é o caso. Porém, ou­
presariais do que de bibliotecas públicas em áreas carentes. tras funções não são cobertas freqüentemente, como aquelas
Esta primazia do setor "moderno" é refletida no enfo que cm ser­ requeridas por conselheiros de informação: a produção de recursos
vir os usuários de informação ao invés de ajudar os não-usuários de informação locais usando todos os canais e formatos convenien­
desfavorecidos na sua luta diária pela sobrevivência. Vozes notáveis nas tes, alfabetização em TIC's, apoio à aprendizagem informal e à edu­
profissões da informação defendem, persistentemente, uma orienta­ cação de adultos, ajuste para condições de miséria, prevenção de de­
ção para uma responsabilidade social maior e, até mesmo, uma 1nu­ sastres naturais e agressões sociais, manutenção de relações efetivas
dança cultural, porém sem muito sucesso (MENOU, 1996, p.7). Isto
pode se dar cm parte, devido à influência de alguns países avançados 9 Versão revisada de um artigo originalmente publicado em 1989.
146 Atuação pmfissional na área de informação Em comunidades desfavorccic/,1s l '1

com autoridades e organizações comunitárias. Além de aprender tais nas (por exemplo, falta de recursos, rigidez administrativa) bem como
conteúdos, os futuros profissionais da informação deveriam também por limitações externas (por exemplo, barreiras cultmais ou pressões
ser expostos às realidades das comunidades desfavorecidas, realizan­ políticas), levando-as à frustração e ao desânimo. Mais uma vez, a
do estágios em unidades de informação ou em organizações de base superação de problemas complexos e multifacetados só pode ser
que as servem, por exemplo. De fato, wn período significativo de con­ alcançada através dos esforços conjuntos, inclusivas e pacientes de
vivência e trabalho com os pobres é o que poderia fazer a "elite", em todos os interessados. O que exige que o profissional da inf ormação
todos os países, um pouco mais sensível e reativa, e o ensino superior seja um participante ativo de todos os esforços da comunidade, que
mais socialmente relevante. Apesar de muitos profissionais da infor­ sistematicamente participa e coopera com todos os grupos que lu­
mação não estarem alocados em comunidades desfavorecidas, muitos tam para melhorar a situação. O principal perigo prático e, também,
de fato produzirão recursos de informação ou administrarão serviços moral, é prendermo-nos numa dicotomia "nós-eles" na qual "nós",
que, em última instância, devem servi-las também. os profissionais ou entidades de informação, fazemos o melhor - de
Profissionais da informação trazem para o processo e operação acordo com nossas próprias crenças- e "eles", os membros da comu­
de recursos de informação eletrônicos uma dimensão de conteúdo nidade, não apreciam ou não tiram proveito. Façamos as coisas con­
organizado que os especialistas de TIC's podem muito freqüentemente juntamente, no ritmo da comunidadee de acordo com a percepção das
não perceber claramente devido a sua preocupação com assuntos necesidades de seus membros. Porque, em última instância, entidades
técnicos (MLAKI, 1998). Mlaki argumenta: de informação deveriam tornar-se nada mais do que a plataforma na
qual os membros das comunidades constroem a sua própria base de
Ao desenvolver este novo programa 10 dentro da UNESCO, é conhecimento em favor do seu próprio desenvolvimento.
importante que sejam consideradas as necessidades dos países Tal processo requer mais do que o uso sistemático de métodos
em desenvolvimento com uma compreensão que nestas socie­ participativos, mesmo que eles sejam reais e não uma amável
dades o nível de acesso à informação e o seu uso ainda é muito instrumentação dos beneficiários, como é muito freqüentemente o
baixo e que há grande necessidade de equilíbrio entre fontes de caso. O que está em jogo, numa verdadeira perspectiva de desenvol­
informação tradicionais (bibliotecas, arquivos e centros de do­ vimento é a posse, pelas comunidades, dos seus recursos e serviços
cumentação) e novas tecnologias. É importante que as novas de informação. Participação e posse estão obviamente entre as pala­
tecnologias sejam vistas como uma extensão e ferramenta de vras mágicas da sociedade contemporânea "da informação". Quanto
acesso à informação, ao invés de um novo meio que não tem mais elas aparecem, menos fazem sentido, e muito menos corres­
nenhuma relação com as ferramentas tradicionais. Adicional­ pondem a realidades concretas. Conquanto se corra o risco de dizer
mente, o potencial das novas tecnologias para melhorar a or­ algo antiquado, poder-se-ia no entanto parafrasear o famoso slogan
ganização e o acesso à informação deveria ser mostrado clara­ de Lênin 11 e dizer que o desenvolvimento comunitário equivale a
mente para melhorar a aceitabilidade destas nos países em recursos de inf ormação em rede mais o conselho comunitário, este
desenvolvimento. último atuando não como um corpo a ser consultado, mas como o
corpo que toma decisões.
Por mais que os profissionais de informação estejam ansiosos
e sejam capazes de empreender as suas atividades de maneira, a levar
melhorias e contribuir para comunidades desfavorecidas, é bem pro­
vável que seus esforços sejam comprometidos por limitações inter-
11 "Comunismo é electrificação mais os soviets", ou seja, progresso técnico e posse
1 O "Informação para todos". das comunidades
146 Atuação profissional na área de informação Em comu11id11c/cs dr,/,11, ,,.., id,1 1•1

com autoridades e organizações comunitárias. Além de aprender tais nas (por exemplo, falta de recursos, rigidez administrativa) brn1 <"< 111111
conteúdos, os futuros profissionais da informação deveriam também por limitações externas (por exemplo, barreiras culturais ou prcsstiL'S
ser expostos às realidades das comunidades desfavorecidas, realizan­ políticas), levando-as à frustração e ao desânimo. Mais uma vez, a
do estágios em unidades de informação ou em organizações de base superação de problemas complexos e multifacetados só pode ser
que as servem, por exemplo. De fato, um período significativo de con­ alcançada através dos esforços conjuntos, inclusivas e pacientes de
vivência e trabalho com os pobres é o que poderia fazer a "elite", em todos os interessados. O que exige que o profissional da informação
todos os países, um pouco mais sensível e reativa, e o ensino superior seja w11 participante ativo de todos os esforços da comunidade, que
mais socialmente relevante. Apesar de muitos profissionais dw infor­ sistematicamente participa e coopera com todos os grupos que lu­
mação não estarem alocados em comunidades desfavorecidas, muitos tam para melhorar a situação. O principal perigo prático e, também,
de fato produzirão recursos de informação ou administrarão serviços moral, é prendermo-nos numa dicotomia "nós-eles" na qual "nós",
que, em última instância, devem servi-las também. os profissionais ou entidades de informação, fazemos o melhor - de
P rofissionais da informação trazem para o processo e operação acordo com nossas próprias crenças- e "eles", os membros da comu­
de recursos de informação eletrônicos uma dimensão de conteúdo nidade, não apreciam ou não tiram proveito. Façamos as coisas con­
organizado que os especialistas de TIC's podem muito freqüentemente juntamente, no ritmo da comunidadee de acordo com a percepção das
não perceber claramente devido a sua preocupação com assuntos necesidades de seus membros. Porque, em última instância, entidades
técnicos (MLAKI, 1998). Mlaki argumenta: de informação deveriam tornar-se nada mais do que a plataforma na
qual os membros das comunidades constroem a sua própria base de
Ao desenvolver este novo programa 10 dentro da UNESCO, é conhecimento em fa vor do seu próprio desenvolvimento.
importante que sejam consideradas as necessidades dos países Tal processo requer mais do que o uso sistemático de métodos
em desenvolvimento com uma compreensão que nestas socie­ participativos, mesmo que eles sejam reais e não uma amável
dades o nível de acesso à informação e o seu uso ainda é muito instrumentação dos beneficiários, como é muito freqüentemente o
baixo e que há grande necessidade de equilíbrio entre fontes de caso. O que está em jogo, numa verdadeira perspectiva de desenvol­
informação tradicionais (bibliotecas, arquivos e centros de do­ vimento é a posse, pelas comunidades, dos seus recursos e serviços
cumentação) e novas tecnologias. É importante que as novas de informação. P articipação e posse estão obviamente entre as pala­
tecnologias sejam vistas como uma extensão e ferramenta de vras mágicas da sociedade contemporânea "da informação". Quanto
acesso à informação, ao invés de um novo meio que não tem mais elas aparecem, menos fazem sentido, e muito menos corres­
nenhuma relação com as ferramentas tradicionais. Adicional­ pondem a realidades concretas. Conquanto se corra o risco de dizer
mente, o potencial das novas tecnologias para melhorar a or­ algo antiquado, poder-se-ia no entanto parafrasear o famoso slogan
ganização e o acesso à informação deveria ser mostrado clara­ de Lênin11 e dizer que o desenvolvimento comunitário equivale a
mente para melhorar a aceitabilidade destas nos países em recursos de informação em rede mais o conselho comunitário, este
desenvolvimento. último atuando não como um corpo a ser consultado, mas como o
corpo que toma decisões.
Por mais que os profissionais de informação estejam ansiosos
e sejam capazes de empreender as suas atividades de maneira, a levar
melhorias e contribuir para comunidades desfavorecidas, é bem pro­
vável que seus esforços sejam comprometidos por limitações inter-
11 "Comunismo é electrificação mais os soviets", ou seja, progresso técnico e posse
10 "Informação para todos". das comunidades
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April 10, 2004. sentido, as questões que envolvem hoje a formação desse profissio­
nal não podem estar dissociadas da discussão sobre a concepção de
ensino que vigora na universidade.
O ensino na universidade é definido pelo paradigma científico
da modernidade. Esse paradigma epistemológico, específico do mun­
do ocidental, consolidando-se defendendo a neutralidade do conheci­
mento e negando o senso comum. Essa concepção propiciou a frag­
mentação do conhecimento em ciências particulares, indicando um

O presente texto resgata, parcialmente, reflexões apresentadas em comunicações e


p alestras no Tercer Encuentro de Directores y Segundo de Docentes de las Escudas
de Bibliotecologír1 dei Mercosur, Santiago de Chile, 1999; e no Quarto Encuentro de
Directores y Tercer de Docentes de las Escudas de Bibliotecología y Ciência de la
!nformaci6n dei Mercosur, Montevideo, Uruguay, 2000.

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