Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
(Org.)
A�rUAÇÃO PROFISSIONAL
/\ ÁREA DE INFORMAÇÃO
editora polis
2004
Copyright © 2004 dos autores
Foto da capa: Biblioteca pública ele informação
Sumário
do Centro Georges Pompiclou
Preparação de texto: Aluysio Fávaro
Editoração eletrônica: Editora Polis
Ficha catalográfica
898 Atuação profissional na área de informação. Marta Lígia
Pomim Valentim (Org.) - São Paulo: Polis, 2004.
191 p. (Coleção Palavra-Chave 14)
ISBN: 85-7228-018-9
Apresentação 7
Capítulo 4 71
Informação p ública: conceitos e espaços
Oswaldo Francisco de Almeida Júnior
Direitos reservados pela
EDITORA POLIS LTDA. Capítulo 5 83
Rua Caramuru, 1196 - Saúde - 04138-002 - São Paulo - SP O impacto tecnológico no exercício profissional
e-mail: polis@cclitorapolis.com.br
em Ciência da Informação: o bibliotecário
te!.: (11) 5594-7687
tel./fax: (11) 275-7586 José Fernando Modesto da Silva
128 Atuação pmfissional na área de informação
Introdução
O tema específico deste capítulo é examinar o papel que os pro
fissionais da informação desempenham, ou deveriam desempenhar
em comunidades desfavorecidas no "Terceiro Mundo". Muitos exem
plos são tirados da África devido à experiência particular dos auto
res, especialmente K. Mchombu e, também, porque o continente vem,
infelizmente, exibindo os exemplos mais óbvios de exclusão. O texto
realça as características de comunidades desfavorecidas e o s.eu de
sempenho limitado quanto ao uso de estruturas e recursos ele infor
mação formalizados que incluem as modernas tecnologias ele infor
mação e comunicação (TIC's).
As comunidades desfavorecidas sofrem de uma defasagem
quanto ao acesso à informação e ao conhecimento, no mundo
inteiro, mas particularmente na África. Porém, elas não existem
em um vazio ele conhecimento, já que têm acesso à sua própria
base de conhecimento nativo (BCN), a qual é usada para satisfazer
necessidades de sobrevivência . Não obstante, elas continuam a re-
querer o acesso ao conhecimento externo para atingir algumas de deixa escapar que em todo país de Terceiro Mundo há um sclor dt·
suas metas de desenvolvimento. As TICs são uma valiosa ferra Primeiro Mundo, e vice-versa.
menta para compartilhar e administrar a transferência de ambos A realidade das comunidades desfavorecidas mostra claramen
os tipos de conhecimento. As experiências de bibliotecas públicas e te, que também há um "Quarto Mundo". A noção de Primeiro, Se
rurais, de centros de aprendizagem e redes de escolas, e de telecentros gundo e Terceiro Mundo deveria ser radicalmente revisada, já que ela
comunitários são discutidas como caminhos para assegurar a di corresponde a uma situação geopolítica que não mais existe. De fato,
fusão de TIC's e a disseminação de informação apropriada para o conceito de "Quarto Mundo" foi inventado em um país de "Primei
comunidades desfavorecidas. Para além do que tais serviços dedi ro Mundo", mais especificamente na França, em 1965, por Joseph
cados poderiam alcançar, os profissionais de informação, suas so Wresinski, fundador da associação denominada ATD Quart Monde,
ciedades profissionais e seus recursos educacionais precisam incor que luta para ajudar pessoas atingidas por extrema pobreza ( ATD
porar completamente, em suas visões, habilidades e comportamento QUART MONDE, 2004). Desde então, o "Quarto Mundo" tem-se
social às exigências, visando uma participação efetiva na socie expandido continuamente em todos os continentes e sociedades. Os
dade, seja ela informacional ou não. vários reveses ele que sofre são referidos na contemporânea lingua
gem politicamente correta como "exclusão social", fenômeno que
merece a atenção da maioria dos governos e autoridades, pelo menos
Características de comunidades desfavorecidas
na hora de eleições. O fato do Reino Unido, geralmente aclamado como
K. Mchombu apresenta um exame das comunidades desfavo uma das economias neoliberais mais prósperas, ter produzido um
recidas localizadas no Terceiro Mundo, sejam elas em áreas rurais Plano de Ação Nacional de Inclusão Social 2003-2005 merece refle
ou urbanas, embora no uso comum ambos os termos acima este xão (U.K. DEPARTMENT FOR WORKAND PENSIONS, 2003). Talvez
jam sujeitos a variadas interpretações. 'Terceiro Mundo" pode sig seja por isso que "exclusão social e bibliotecas" estejam entre as en
nificar coisas diferentes para pessoas diferentes, mas o que é comum tradas da segunda edição da Enciclopédia Internacional de Ciência da
é que há um padrão de subdesenvolvimento. Horowitz captura isto Informação e Biblioteconomia, enfocada principalmente no cenário
muito bem na declaração seguinte: do Reino Unido e na discriminação racial (PATEMAN, 2003).
A exclusão social mostra uma variedade de características e
É evidente... que países em desenvolvimento sofrem de proble intensidades através de tempos e lugares. A característica principal
mas e condições que são notavelmente semelhantes, tudo é muito dos que são afetados é a privação, social e econômica, que mina in
familiar, como: rápido crescimento populacional, hiatos enor clusive a dignidade humana mais básica. Nas instâncias mais críti
mes entre necessidades e recursos disponíveis para atendê-las, cas, a vida de pessoas desfavorecidas é de luta diária pela sobrevivên
analfabetismo difundido, falta de homogeneidade, grandes dife cia. Durrani (1985) captura isso muito bem quando narra a vida de
renças nos padrões de vida entre setores rurais e urbanos, e uma uma camponesa no Quênia:
onda ascendente de urbanização e industrialização que provoca
mudanças sociais de longo alcance, como o rompimento de pa Nyanjiru acorda às 4 da manhã, um debe (recipiente de lata)
drões culturais. Tem sido dito que os milhões das pessoas que de água em sua cabeça, ela caminha por uma hora e meia até o
vivem no Terceiro Mundo têm apenas uma coisa em comum: o córrego mais próximo. Então ela sobe o rio de volta para a casa
padrão de subdesenvolvimento (HOROWITZ, 1993, p.171). dela, pegando lenha seca no caminho para o fogo, após três
horas chega em casa para começar mais um dia de trabalho.
Outros têm discutido que o termo " Terceiro Mundo" reduz Crianças chorando a serem acalmadas com pedaços de sobra
demasiadamente mundos complexos e discrepantes, é depreciador, e de comida, galinha a ser alimentada, então começa a cavar seu
130 Atuação profissional na área de informação Em comunidades dcst:M,,n11/," 1.11
querer o acesso ao conhecimento externo para atingir algumas de deixa escapar que em todo país de Terceiro Mundo há um sclor dl'
suas metas de desenvolvimento. As TICs são uma valiosa ferra Primeiro Mundo, e vice-versa.
menta para compartilhar e administrar a transferência de ambos A realidade das comunidades desfavorecidas mostra claramen
os tipos de conhecimento. As experiências de bibliotecas públicas e te, que também há um "Quarto Mundo". A noção de Primeiro, Se
rurais, de centros de aprendizagem e redes de escolas, e de telecenh·os gundo e Terceiro Mundo deveria ser radicalmente revisada, já que ela
comunitários são discutidas como caminhos para assegurar a di corresponde a uma situação geopolítica que não mais existe. De fato,
fusão de TIC's e a disseminação de informação apropriada para o conceito de "Quarto Mundo" foi inventado em um país de "Primei
comunidades desfavorecidas. Para além do que tais serviços dedi ro Mundo", mais especificamente na França, em 1965, por Joseph
cados poderiam alcançar, os profissionais de informação, suas so Wresinski, fundador da associação denominada ATD Quart Monde,
ciedades profissionais e seus recursos educacionais precisam incor que luta para ajudar pessoas atingidas por extrema pobreza ( ATD
porar completamente, em suas visões, habilidades e comportamento QUART MONDE, 2004). Desde então, o "Quarto Mundo" tem-se
social às exigências, visando uma participação efetiva na socie expandido continuamente em todos os continentes e sociedades. Os
dade, seja ela informacional ou não. vários reveses ele que sofre são referidos na contemporânea lingua
gem politicamente correta como "exclusão social", fenômeno que
merece a atenção da maioria dos governos e autoridades, pelo menos
Características de comunidades desfavorecidas
na hora de eleições. O fato do Reino Unido, geralmente aclamado como
K. Mchombu apresenta um exame das comunidades desfavo uma das economias neoliberais mais prósperas, ter produzido um
recidas localizadas no Terceiro Mundo, sejam elas em áreas rurais Plano de Ação Nacional de Inclusão Social 2003-2005 merece refle
ou urbanas, embora no uso comum ambos os termos acima este xão (U.K. DEPARTMENT FOR WORKAND PENSIONS, 2003). Talvez
jam sujeitos a variadas interpretações. "Terceiro Mundo" pode sig seja por isso que "exclusão social e bibliotecas" estejam entre as en
nificar coisas diferentes para pessoas diferentes, mas o que é comum tradas da segunda edição da Enciclopédia Internacional de Ciência da
é que há um padrão de subdesenvolvimento. Horowitz captura isto Informação e Biblioteconomia, enfocada principalmente no cenário
muito bem na declaração seguinte: do Reino Unido e na discriminação racial (PATEMAN, 2003).
A exclusão social mostra uma variedade de características e
É evidente ... que países em desenvolvimento sofrem de proble intensidades através de tempos e lugares. A característica principal
mas e condições que são notavelmente semelhantes, tudo é muito dos que são afetados é a privação, social e econômica, que mina in
familiar, como: rápido crescimento populacional, hiatos enor clusive a dignidade humana mais básica. Nas instâncias mais críti
mes entre necessidades e recursos disponíveis para atendê-las, cas, a vida de pessoas desfavorecidas é de luta diária pela sobrevivên
analfabetismo difundido, falta de homogeneidade, grandes dife cia. Durrani (1985) captura isso muito bem quando narra a vida de
renças nos padrões de vida entre setores rurais e urbanos, e uma uma camponesa no Quênia:
onda ascendente de urbanização e industrialização que provoca
mudanças sociais de longo alcance, como o rompimento de pa Nyanjiru acorda às 4 da manhã, um debe (recipiente de lata)
drões culturais. Tem sido dito que os milhões das pessoas que de água em sua cabeça, ela caminha por uma hora e meia até o
vivem no Terceiro Mundo têm apenas uma coisa em comum: o córrego mais próximo. Então ela sobe o rio de volta para a casa
padrão de subdesenvolvimento (HOROWITZ, 1993, p.171). dela, pegando lenha seca no caminho para o fogo, após três
horas chega em casa para começar mais um dia de trabalho.
Outros têm discutido que o termo "Terceiro Mundo" reduz Crianças chorando a serem acalmadas com pedaços de sobra
demasiadamente mundos complexos e discrepantes, é depreciador, e de comida, galinha a ser alimentada, então começa a cavar seu
132 Atuação pro(issio11al na Áffa de infor/Jlação E/JJ com unidades desfavorecidas 13 3
shamba (fazenda pequena) de um acre, no sol quente e arden Tabela 1 - Distribuição de número de países por categorias de IAD
te. Esta é a rotina diária para o camponês.
Tipos de Alto Superior Médio Baixo
países (0,70 - 0,85) (0,50 - 0,69) (0,30 - 0,49) (0,04 -0,39)
A conclusão de Durrani sobre a relação entre Nyanjiru e a bi Países de
renda alta
21 5 1 o
blioteca é condenatória. Ele escreve:
Países da
Europa Central -
Assim não é surpreendente que Nyanjiru não conheça nenhuma 10 14 2
e do Leste
biblioteca, e nenhuma biblioteca conheça Nyanjiru. O mundo e da CIS
shamba (fazenda pequena) de um acre, no sol quente e arden Tabela 1 - Distribuição de número de países por categorias de IAD
te. Esta é a rotina diária para o camponês.
Tipos de Alto Superior Médio Baixo
países (0,70 - O, 85) (0,50 - 0,69) (0,30 - 0,49) (0,04 -0,39)
A conclusão de Durrani sobre a relação entre Nyanjiru e a bi Países de
21 5 1 o
blioteca é condenatória. Ele escreve: renda alta
Países da
Europa Central
Assim não é surpreendente que Nyanjiru não conheça nenhuma 10 14 2
e do Leste
biblioteca, e nenhuma biblioteca conheça Nyartjiru. O mundo e da CIS
sugerido por Press (PRESS, 2004), apesar de ser parte da cura não em aproximadamente 25% da população adulta em países do Terceiro
mudaria a cena por si só. E ele mesmo vem adicionando algumas Mundo e perto de 40% nos países de baixa renda (BANCO MUNDIAL,
medidas complementares, como o livre acesso à informação técnica 2003). Estes números não refletem as consideráveis discrepâncias
e científica que não está exatamente alinhada com os dogmas econô sociais, regionais e de gênero.
micos dominantes. I sto contribui para fortalecer a preferência de pessoas
desfavorecidas por coisas concretas e práticas, ou é pelo menos, uma
demonstração delas, ao invés de produtos abstratos como informa
Necessidades de informação, recursos, alfabetização e a ção e conhecimento, mesmo que estes últimos possam, de fato, ajudá
base de conhecimento comunitário los mais efetivamente na luta diária pela sobrevivência. Pesquisa re
Vários projetos de pesquisa tiveram o propósito de identificar alizada por Temu (1984) e Mchombu (1993) demonstrou que as
áreas de necessidades de informação em comunidades desfavorecidas. pessoas nas comunidades rurais, quando perguntadas sobre suas
Pesquisas na Nigéria, por exemplo, mostraram que quase todos os necessidades de informação, freqüentemente respondiam não ter
tópicos precisam ser cobertos, desde a saúde até a recreação, com necessidade alguma. Na África do Leste e Meridional, Mchombu veri
ênfase na existência cotidiana (ABOYADE, 1984; NWAGHA, 1990). ficou que muitos respondentes disseram não ter necessidade de infor
Outros estudos feitos na África Meridional e do Leste mostraram mação porque a informação de que eles dispunham já lhes bastava
necessidades bastante semelhantes. (Botsuana aproximadamente 48%, Tanzânia aproximadamente 29%
Mchombu (1993) descobriu que as necessidades de informa e Malauí aproximadamente 31%). Em Papua, Nova Guiné, Temu
ção da comunidade dividem-se em dois grupos: necessidades comuns descobriu o seguinte:
encontradas em todas as comunidades nos três países estudados, e
necessidades locais que refletem o ambiente sócio-econômico, climá A taxa relativamente alta de mortalidade infantil, de desnutri
tico e político, particular de uma comunidade. Entre as necessidades ção entre crianças, e de doenças endêmicas, é aceita como uma
de informação comuns estavam: saúde, incluindo HIV e AIDS, cons parte necessária da vida. A necessidade percebida, então, não se
ciência econômica básica, governança e liderança, administração co encaixa com a necessidade real (TEMU, 1984).
munitária, e administração ambiental incluindo agricultura. Entre
as necessidades locais específicas estavam, por exemplo: práticas Embora os problemas destacados fossem correntes na comu
agrícolas para propensão à seca em Botsuana, planejamento fami nidade, eles não eram percebidos como uma dimensão informacional,
liar em Malauí, e melhoria do rebanho na Tanzânia. mas sim como uma parte necessária da vida, ou como vontade de
O que foi verificado em outros lugares da África, bem como Deus. Uma solução para este problema poderia ser implementar pro
em outros países em desenvolvimento, confirma que as necessida gramas de educação para adultos, que constroem novas habilidades
des de informação são bastante extensas, e há na situação atual uma e capacidades nas comunidades, para que, desse modo, considerem o
clara defasagem de informação. A informação de agências existen conhecimento e a informação como recursos importantes para a
tes, visando dar suporte às comunidades são insignificantes e não solução de problemas e o desenvolvimento comunitário. Porque,
são suficientes, para apoiar o desenvolvimento delas, bem como a embora os membros de uma comunidade usem diariamente a infor
luta por sobrevivência (NWAGHA, 1990). mação e o conhecimento, eles podem não reconhecê-los como uma
Um assunto que merece atenção especial é o nível de alfabeti entidade distinta capaz de uma existência própria (MCHOMBU,
zação informacional, que é freqüentemente muito baixo em comu 2002).
nidades desfavorecidas. O número de pessoas analfabetas, que não Em face da natureza abstrata da informação e do conhecimento,
sabem ler e, muito menos, usar computadores, ainda é calculado hoje sugere-se que os provedores de informação para as comunidades
134 Atuação profissional na área de informação Em comunidades desfavorecidas 135
sugerido por Press (PRESS, 2004), apesar de ser parte da cura não em aproximadamente 25% da população adulta em países do Terceiro
mudaria a cena por si só. E ele mesmo vem adicionando algumas Mundo e perto de 40% nos países de baixa renda (BANCO MUNDIAL,
medidas complementares, como o livre acesso à informação técnica 2003). Estes números não refletem as consideráveis discrepâncias
e científica que não está exatamente alinhada com os dogmas econô sociais, regionais e de gênero.
micos dominantes. Isto contribui para fortalecer a preferência de pessoas
desfavorecidas por coisas concretas e práticas, ou é pelo menos, uma
demonstração delas, ao invés de produtos abstratos como informa
Necessidades de informação, recursos, alfabetização e a ção e conhecimento, mesmo que estes últimos possam, de fato, ajudá
base de conhecimento comunitário los mais efetivamente na luta diária pela sobrevivência. Pesquisa re
Vários projetos de pesquisa tiveram o propósito de identificar alizada por Temu (1984) e Mchombu (1993) demonstrou que as
áreas de necessidades de informação em comunidades desfavorecidas. pessoas nas comunidades rurais, quando perguntadas sobre suas
Pesquisas na Nigéria, por exemplo, mostraram que quase todos os necessidades de informação, freqüentemente respondiam não ter
tópicos precisam ser cobertos, desde a saúde até a recreação, com necessidade alguma. Na África do Leste e Meridional, Mchombu veri
ênfase na existência cotidiana (ABOYADE, 1984; NWAGHA, 1990). ficou que muitos respondentes disseram não ter necessidade de infor
Outros estudos feitos na África Meridional e do Leste mostraram mação porque a informação de que eles dispunham já lhes bastava
necessidades bastante semelhantes. (Botsuana aproximadamente 48%, Tanzânia aproximadamente 29%
Mchombu (1993) descobriu que as necessidades de informa e Malauí aproximadamente 31%). Em Papua, Nova Guiné, Temu
ção da comunidade dividem-se em dois grupos: necessidades comuns descobriu o seguinte:
encontradas em todas as comunidades nos três países estudados, e
necessidades locais que refletem o ambiente sócio-econômico, climá A taxa relativamente alta de mortalidade infantil, de desnutri
tico e político, particular de uma comunidade. Entre as necessidades ção entre crianças, e de doenças endêmicas, é aceita como uma
de informação comuns estavam: saúde, incluindo HIV e AIDS, cons parte necessária da vida. A necessidade percebida, então, não se
ciência econômica básica, governança e liderança, administração co encaixa com a necessidade real (TEMU, 1984).
munitária, e administração ambiental incluindo agricultura. Entre
as necessidades locais específicas estavam, por exemplo: práticas Embora os problemas destacados fossem correntes na comu
agrícolas para propensão à seca em Botsuana, planejamento fami nidade, eles não eram percebidos como uma dimensão informacional,
liar em Malauí, e melhoria do rebanho na Tanzânia. mas sim como uma parte necessária da vida, ou como vontade de
O que foi verificado em outros lugares da África, bem como Deus. Uma solução para este problema poderia ser implementar pro
em outros países em desenvolvimento, confirma que as necessida gramas de educação para adultos, que constroem novas habilidades
des de informação são bastante extensas, e há na situação atual uma e capacidades nas comunidades, para que, desse modo, considerem o
clara defasagem de informação. A informação de agências existen conhecimento e a informação como recursos importantes para a
tes, visando dar suporte às comunidades são insignificantes e não solução de problemas e o desenvolvimento comunitário. Porque,
são suficientes, para apoiar o desenvolvimento delas, bem como a embora os membros de uma comunidade usem diariamente a infor
luta por sobrevivência (NWAGHA, 1990). mação e o conhecimento, eles podem não reconhecê-los como uma
Um assunto que merece atenção especial é o nível de alfabeti entidade distinta capaz de uma existência própria (MCHOMBU,
zação informacional, que é freqüentemente muito baixo em comu 2002).
nidades desfavorecidas. O número de pessoas analfabetas, que não Em face da natureza abstrata da informação e do conhecimento,
sabem ler e, muito menos, usar computadores, ainda é calculado hoje sugere-se que os provedores de informação para as comunidades
136 Atuação profissional na área de infor111ação Em comunidades desfavorecidas 13 7
deveriam preocupar-se com o provimento de informação apropria população. Conseqüentemente, a realidade das áreas rurais e das zonas
da. Saracevic (1980) destacou que informação apropriada: urbanas de favelas (freqüentemente povoadas por migrantes rurais)
demonstram que as necessidades de informação, bem como as TIC's
deveria ser orientada para um problema específico, auto para o desenvolvimento humano são radicalmente diferentes daquelas
suficiente, diretamente aplicável, adaptada para uso local, ca dos grupos da elite (MCHOMBU, 1998). São grupos que se preocu
paz de alcançar os desfavorecidos, e comunicável por canais pam mais com a sobrevivência básica e com problernas cotidianos, e
tradicionais. o conteúdo da informação deveria estar dirigido a estas necessidades
numa forma inteligível e utilizável. Igualmente, o acesso às TIC's
O dilema acima propõe desafios especiais ao se considerar o precisaria ser ajustado às realidades sociais dos vários segmentos da
fornecimento de serviços de biblioteca e TIC's para comunidades população, inclusive com o uso de intermediários hun,anos e com a
desfavorecidas. A maioria dos líderes reconhece o papel importante combinação das TIC's com outras mídias, como rádio local e comu
que a tecnologia de informação e conhecirn.ento tem nos negócios dos nicação interpessoal.
países do Terceiro Mundo. Porém, esta preocupação não foi traduzida A inclusão do acesso às TIC's dentro do padrão de acesso uni
em apoio efetivo à educação, ou em agências de fornecimento de in
versal a serviços de telecomunicações, que já precisou de defesa como
f ormação ou tecnologias de comunicação. A fim de ganhar reconhe
a do "Manifesto de Papallacta"," é agora reconhecida em princípio,
cimento e aumentar o nível de preparação para as tecnologias da
embora seja debatida sua extensão e suas condições. Isto é freqüen
informação, os profissionais de informação têm que empreender uma
temente alcançado através de Pontos Públicos de Acesso à Informa
luta pela alfabetização informacional dentro das suas sociedndes. Este
ção (PPAI), ou à Internet, geralmente conhecidos como "tclecentros".
tema foi bem explorado no livro de Sturges e Neill (1990) 'A Luta
De fato, os PPAI podem assumir muitas formas diferentes. O que
Quieta: Bibliotecas e informação para a África". 1
realmente caracteriza aqueles voltados ao desenvolvimento comuni
Em decorrência da situação acima descrita, encontram-se pou
tário são a sua visão e o nível de participação da comunidade, mais
cas bibliotecas e, ainda menos, centros de TIC's em comunidades
que o estatuto legal ou atividades empreendidas cm determinado
desfavorecidas. Na maioria do Terceiro Mundo e, especialmente na
momento (MENOU; STOLL, 2003 ). A estratégia de TIC's para conm
África, as tecnologias ele informação aparecern nas bibliotecas aca
nidades desfavorecidas na África tomou, preferencialmente, a forma
dêmicas e ele pesquisa, e em agências governamentais, todavia em
de poucos telecentros, apoiados por agências doadoras, aplicando uma
grande parte como resultado de um processo dirigido por doadores.
abordagem de cima para abaixo e, normalmente, com pouca parti
Esses doadores, na sua 1naioria, são organizações internacionais e
cipação dos grupos locais na determinação de como tais centros de
agências de desenvolvimento de países de alta renda. A maioria das
veriam operar no dia-a-dia. O mesmo padrão prevaleceu em outros
bibliotecas especiais, universitárias, e de pesquisa são localizadas em
lugares, embora na América Latina e no Caribe o número ele telecentros
áreas urbanas e concebidas antes para servir a elite do que as comu
estabelecidos tenha resultado na formação de redes.
nidades desfavorecidas.
Heeks (1999) enfatizou que muitas iniciativas de TIC's são
A situação em áreas rurais e em comunidades urbanas desfa
postuladas na crença de que comunidades desfavorecidas são apenas
vorecidas exige uma abordagem diferente quanto ao f ornecimento
de informação e uso elas TIC's, por causa da infra-estrutura carente, recipientes de informação, tecnologia e conhecimento produzidos fora
da infra-estrutura de energia inadequada, da escassez de informação dali. Esta visão prevalece com respeito ao Terceiro Mundo ele modo
pertinente e apropriada, e do baixo poder aquisitivo da maioria da geral, enquanto, na realidade, ele pode estar sofrendo só de uma fal-
deveriam preocupar-se com o provimento de informação apropria população. Conseqüentemente, a realidade das áreas rurais e das zonas
da. Saracevic (1980) destacou que informação apropriada: urbanas de favelas (freqüentemente povoadas por migrantes rurais)
demonstram que as necessidades de informação, bem como as TIC's
deveria ser orientada para um problema específico, auto para o desenvolvimento humano são radicalmente diferentes daquelas
suficiente, diretamente aplicável, adaptada para uso local, ca dos grupos da elite (MCHOMBU, 1998). São grupos que se preocu
paz de alcançar os desfavorecidos, e comunicável por canais pam mais com a sobrevivência básica e com problernas cotidianos, e
tradicionais. o conteúdo da informação deveria estar dirigido a estas necessidades
numa forma inteligível e utilizável. Igualmente, o acesso às TIC's
O dilema acin1a propõe desafios especiais ao se considerar o precisaria ser ajustado às realidades sociais dos vários segmentos da
fornecimento de serviços de biblioteca e TIC's para comunidades população, inclusive com o uso de intermediários humanos e com a
desfavorecidas. A maioria dos líderes reconhece o papel importante combinação das TIC's com outras mídias, como rádio local e co1T1u
que a tecnologia de informação e conhecimento tem nos negócios dos
nicação interpessoal.
países do Terceiro Mundo. Porém, esta preocupação não foi traduzida
A inclusão do acesso às TIC's dentro do padrão de acesso uni
em apoio efetivo à educação, ou em agências de fornecimento de in
versal a serviços de telecomunicações, que já precisou de defesa como
formação ou tecnologias de comunicação. A fim de ganhar reconhe
a do "Manifesto de Papallacta"," é agora reconhecida cm princípio,
cimento e aumentar o nível de preparação para as tecnologias da
embora seja debatida sua extensão e suas condições. Isto é freqüen
informação, os profissionais de informação têm que empreender uma
temente alcançado através de Pontos Públicos de Acesso à Informa
luta pela alfabetização informacional dentro das suas sociedades. Este
ção (PPAI), ou à Internet, geralmente conhecidos como "tclecentros".
tema foi bem explorado no livro de Sturges e Ncill (1990) 'A. Luta
De fato, os PPAI podem assumir muitas fonnas diferentes. O que
Quieta: Bibliotecas e informação para a África". 1
realmente caracteriza aqueles voltados ao desenvolvimento comuni
Em decorrência da situação acima descrita, encontram-se pou
tário são a sua visão e o nível de participação da comunidade, mais
cas bibliotecas e, ainda menos, centros de TIC's em comunidades
que o estatuto legal ou atividades empreendidas cm determinado
desfavorecidas. Na maioria do Terceiro Mundo e, especialmente na
momento (MENOU; ST OLL, 2003). A estratégia de TIC's para conm
África, as tecnologias de informação aparecem nas bibliotecas aca
nidades desfavorecidas na África tomou, preferencialmente, a forma
dêmicas e de pesquisa, e em agências governamentais, todavia em
de poucos telecentros, apoiados por agências doadoras, aplicando uma
grande parte como resultado de um processo dirigido por doadores.
abordagem de cima para abaixo e, normalmente, com pouca parti
Esses doadores, na sua 1naioria, são organizações internacionais e
cipação dos grupos locais na determinação de corno tais centros de
agências de desenvolvimento de países de alta renda. A maioria das
veriam operar no dia-a-dia. O mesmo padrão prevaleceu em outros
bibliotecas especiais, universitárias, e de pesquisa são localizadas cm
lugares, embora na América Latina e no Caribe o número ele telecentros
áreas urbanas e concebidas antes para servir a elite do que as comu
estabelecidos tenha resultado na formação ele redes.
nidades desfavorecidas.
Heeks (1999) enfatizou que muitas iniciativas de TIC's são
A situação cm áreas rurais e em comunidades urbanas desfa
postuladas na crença de que comunidades desfavorecidas são apenas
vorecidas exige uma abordagem diferente quanto ao fornecimento
de informação e uso das TIC's, por causa da infra-estrutura carente, recipientes de informação, tecnologia e conhrcimcnto produzidos fora
da infra-estrutura de energia inadequada, da escassez de informação dali. Esta visão prevalece com respeito ao Terceiro Mundo de modo
pertinente e apropriada, e do baixo poder aquisitivo da maioria da geral, enquanto, na realidade, ele pode estar sofrendo só de uma fal-
ta de informação registrada (MENOU, 1983). Ao longo da história, habilidades para produzir artefatos de informação. O ambiente
sociocultural dentro e ao redor das comunidades, ainda mais quan
o interesse pelo "conhecimento nativo" 3 variou de ignorância para
do se trata da tão falada "e-democracia", precisa apoiar estes esfor
desdém, curiosidade e rejeição, por parte da todo-poderosa e toda
ços. Porém, as coisas são ainda mais complicadas. Como disse
promissora Ciência do Norte. Há uma recuperação de interesse, es
Schoenhoff no seu brilhante livro:
pecialmente quando este conhecimento está relacionado com subs
tâncias naturais capazes de gerar altos lucros. Tornou-se, portanto,
Focados como nós estamos em informação e dados, parecemos
lugar comum, fazer da produção e difusão de informação local um
raramente dar valor à sabedoria em nossa sociedade de alta
componente-chave das estratégias e programas de informação.
tecnologia [... ] Sabedoria não parece ser um tipo diferente de
Uma busca no Google por «conhecimento nativo» gera não
conhecimento, mas um tipo diferente de saber, uma abordagem
menos que 160.000 referências.4 Qualquer que seja o significado, este
integral que se recusa a olhar a parte da real situação humana
número ilustra a mudança no pensamento padrão, mesmo que o
de incerteza e morte certa" (SCHOENHOFF, 1993 p.100).
enfoque esteja normalmente nos conhecimentos que podem somar
se ao arsenal científico e técnico da humanidade. A introdução para
o dossiê tópico em SciDev Net destaca: Centros de informação e bibliotecas
como catalisadores de mudança
O conhecimento nativo deu, e ainda pode dar, uma contribui
Na maioria das comunidades desfavorecidas, bibliotecas e ser
ção significativa para solucionar problemas locais. Nos últimos
viços de informação de qualquer tipo são, de maneira geral, escassos
anos houve um fluxo crescente de informação dos países em
e mal-formulados. Entre os obstáculos a serem superados estão a
desenvolvimento sobre o papel que o CN está exercendo no Sul
falta de material de leitura apropriado, a baixa densidade e dispersão
numa variedade de setores: na agricultura (técnicas de cultivo
mesclado, produção animal, controle de pragas, diversidade da população rural combinada com infra-estruturas de comunica
ção e de transporte deficientes. Em ambos os casos, o uso das TIC's
varietal, saúde animal, variedades de semeadura), na biologia
pode ajudar a achar respostas inovadoras. Infelizmente, o próprio
(botânica, técnicas para alimentação de peixes), na saúde hu
acesso às TIC's é muito deficiente, especialmente em zonas rurais.
mana (medicamentos tradicionais), no uso e administração de
Os dados básicos sobre uso das TIC's no mundo inteiro indicam que
recursos naturais (conservação da terra, irrigação e outras for
elas foram deixadas de lado. Por exemplo, de acordo com um relató
mas de administração da água), na educação (tradições orais,
rio do Gabinete Internacional do Trabalho (ILO, 2001):
línguas locais), e no alívio da pobreza de modo geral (SCIDEV
NET, 2004).
Existe aproximadamente um telefone para cada duas pessoas
no E.U.A. e U.E., enquanto a população inteira da África, de
Comunidades pobres também deveriam ter condição de usar
739 milhões de pessoas, tem menos que 14 milhões de linhas.
TIC's para disseminar suas idéias, conhecimento e informação. Tal
conhecimento deveria incluir conhecimento dos recursos locais, ca
Apesar de uma proporção per capita poder ser uma medida
pacidades locais, conhecimento nativo, e retroinformação dos gestores
enganadora, até mesmo para uma análise econômica, corno Fink e
das políticas governamentais sobre o impacto destas nas comunidades
Kenny (2003) mostraram.
de base. Isto requer muito mais que disponibilidade tecnológica e
Ônibus-bibliotecas (bibliobus) foram por muito tempo a so
lução para a população espalhada. Apesar deles requerem estradas
3 lndigenous knowledge.
4 Buscafeita em '.?.S de Abril de '.?.004. que não existem em muitos locais. Assim houve a proliferação de
Em comunidades desfavorecidas 139
138 Ah1açào profissional na área de informação
ta de informação registrada (MENOli, 1983). Ao longo da história, habilidades para produzir artefatos de informaçno. O ambiente
o interesse pelo "conhecimento nativo"·i variou de ignorância para sociocultural dentro e ao redor das comunidades, aindn m,1is qu,rn
desdém, curiosidade e rejeição, por parte da todo-poderosa e toda do se trata da tão falada "e-democracia", precisa apoiar estes rsfor
ços. Porém, as coisas são ainda mais complicadas. Como disse
promissora Ciência do Norte. Há uma recuperação de interesse, es
pecialmente quando este conhecimento está relacionado com subs Schoenhoff no seu brilhante livro:
tâncias naturais capazes de gerar altos lucros. Tornou-se, portanto,
lugar comum, fazer da produção e difusão de informação local um Focados como nós estamos em informação e dados, parecemos
componente-chave das estratégias e programas de informação. raramente dar valor à sabedoria em nossa sociedade de alta
Uma busca no Google por «conhecimento nativo» gera não tecnologia [ ... ] Sabedoria não parece ser um tipo diferente de
menos que 160.000 referências.4 Qualquer que seja o significado, este conhecimento, mas um tipo diferente de saber, uma abordagem
número ilustra a mudança no pensamento padrão, mesmo que o integral que se recusa a olhar a parte da real situação humana
enfoque esteja normalmente nos conhecimentos que podem somar de incerteza e morte certa" (SCHOENHOFF, 1993 p.100).
se ao arsenal científico e técnico da humanidade. A introdução para
o dossiê tópico em SciDev Net destaca: Centros de informação e bibliotecas
como catalisadores de mudança
O conhecimento nativo deu, e ainda pode dar, uma contribui
ção significativa para solucionar problemas locais. Nos últimos Na maioria das comunidades desfavorecidas, bibliotecas e ser
anos houve um fluxo crescente de informação dos países em viços de informação de qualquer tipo são, de maneira geral, escassos
desenvolvimento sobre o papel que o CN está exercendo no Sul e mal-formulados. Entre os obstáculos a serem superados estão a
numa variedade de setores: na agricultura (técnicas de cultivo falta de material de leitura apropriado, a baixa densidade e dispersão
mesclado, produção animal, controle de pragas, diversidade da população rural combinada com infra-estruturas de comunica
varietal, saúde animal, variedades de semeadura), na biologia ção e de transporte deficientes. Em ambos os casos, o uso das TIC's
(botânica, técnicas para alimentação de peixes), na saúde hu pode ajudar a achar respostas inovadoras. Infelizmente, o próprio
acesso às TIC's é muito deficiente, especialmente em zonas rurais.
mana (medicamentos tradicionais), no uso e administração de
recursos naturais (conservação da terra, irrigação e outras for Os dados básicos sobre uso das TIC's no mundo inteiro indicam que
elas foram deixadas de lado. Por exemplo, de acordo com um relató
mas de administração da água), na educação (tradições orais,
línguas locais), e no alívio da pobreza de modo geral (SCIDEV rio do Gabinete Internacional do Trabalho (!LO, 2001):
NET, 2004).
Existe aproximadamente um telefone para cada duas pessoas
no E.li.A. e li.E., enquanto a população inteira da África, de
Comunidades pobres também deveriam ter condição de usar
TIC's para disseminar suas idéias, conhecimento e informação. Tal 739 milhões de pessoas, tem menos que 14 milhões de linhas.
conhecimento deveria incluir conhecimento dos recursos locais, ca
pacidades locais, conhecimento nativo, e retroinformação dos gestores Apesar de uma proporção per capita poder ser uma medida
das políticas governamentais sobre o impacto destas nas comunidades enganadora, até mesmo para uma análise econômica, como Fink e
de base. Isto requer muito mais que disponibilidade tecnológica e Kenny (2003) mostraram.
Ônibus-bibliotecas (bibliobus) foram por muito tempo a so
lução para a população espalhada. Apesar deles requerem estradas
3 Indigenous knowledge.
4 Buscafeita em '.!.5 de Abril de '.!.004. que não existem em muitos locais. Assim houve a proliferação de
140 AI uação pmlissional na área de informação Em comunidr1clcs dcsl:1n11 crnl.t, l •l 1
versões com tração animal, onde burros ou camelos substituem o Um bom e,xemplo de um esforço assim pode ser enco11lr,1do 11P
ônibus, e o uso de meios de transporte adaptados às condições geo programa ':,\bra seu Mundo" , 5 no Chile (http://www.bibliorcdcs.cl ) ,
gráficas como triciclos, bicicletas, todos os tipos de barcos, dos quais cuja apresentação reforça que: "O impulso para este projeto está prc
se podem achar exemplos emocionantes na Tailândia, Quênia, Argen cisamente arraigado na cornunidadf; é a própria comunidade que se
tina e outros países no site da Biblioteca Pública Príncipe Rupert, converte num agente não mais passivo do desenvolvimento cultural
Canad.í, (http://www.bookboat.com/unusual_lib/). Este tipo de e social da sua localidade".
tentativa é feito para proporcionar as TIC's, mesmo nestes tipos de T rezentas e sessenta e oito bibliotecas participando no país in
recursos móveis. Com equipamento de computação, baterias ou pai teiro e um investimento de mais de 11 milhões de dólares america
néis solares e conexões de satélite, um bibliobus pode ser transformado nos, parte do qual providenciado por uma contribuição da Fundação
em um teleccntro. Ele pode também ser transformado numa editora Bill e Melina Gates, é o resultado de um esforço de maior alcance.
por demanda, como mostrado pelo bookmobile de Uganda (http:// Diante da proporção do fenômeno da exclusão social, nenhuma
www. anywherbooks.org/). Veículos leves também podem ser trans mudança significativa pode ser alcançada sem tun compromisso desta
formados numa ferramenta para recolher informação que pode ser magnitude. Mais que nunca, projetos pilotos de pequeno porte e de
redistribuída mais tarde através de várias mídias, como no caso ela curta duração são uma desculpa para a inatividade.
"radiocicleta", usada por organizações que participam do sistema de Não é menos natural pensar nas escolas como um lugar para
Comunicação para a Paz na Colômbia (SIPAZ, 2004). alocar serviços de acesso à informação e às TIC's (KOMOSKI; PADRE,
Bibliotecas públicas, em particular aquelas localizadas em áre 1996), desde que a educação seja percebida como a chave da erradicação
as r urais, são um instrumento essencial na provisão de informação da pobreza. Mesmo que seus recursos estejam muito aquém dos
para comunidades desfavorecidas, desde que seus serviços e acervos adequados, na prática elas oferecem uma cadeia de lugares públicos
estejam adaptados para este público, o que nem sempre pode ser o perto de todas as comunidades. Um primeiro item na agenda de TIC's
caso quando "padrões gerais" são aplicados. Quando a infra-estru da maioria dos países é a alfabetização em computação e eventual
tura permite, elas podem também prover um acesso às TIC's e os mente a educação apoiada por computadores como parte dos currí
recursos de informação disponibilizados na Internet. A disponibili culos. Este movimento de fato é mais exigente, não só o que concerne
dade de tal serviço não elimina os obstáculos psicológicos e educacio a treinamento de pessoal 111<1s também no que se refere a ad<1ptação
nais para seu uso. Para que estas entidades possam cumprir o seu pedagógica e curricular, do que os sistemas educacionais tradicionais.
papel, elas devem contar com financiamento e apoio regular. Muitas Outro aspecto difundido é o uso de escolas, laboratórios de com
vezes o equipamento inicial é considerado, especialmente quando putação, centros de mídias ou bibliotecas corno a base do acesso pú
fornecido por doadores estrangeiros, caso em que são omitidas a blico por outros membros da comunidade. Esta pode ser um.i exten
manutenção e a operação, incluindo o treinamento de pessoal. O qua são legítima do apoio ao aprendizado e desenvolvimento, bem como
dro de pessoal deveria ser adequado cm número e habilidades, o que eventualmente uma fonte complementar de financiamento. Um bom
muito freqüentemente requer programas de treinamento especiais. exemplo disto pode ser encontrado no "Documento modelo de polí
Finalmente, tais bibliotecas públicas deveriam estar cm condição de tica de TIC's para o sistema de ensino" 6 da OEC5 7 (OERU, 2001).
conduzir programas de alfabetização e alfabetização digital, dar assis Constrangimentos práticos e legais tornam a implementação difícil.
tência aos usuários e atuar como intermediários, o que significa di Em todo caso, esses avanços estão abrindo novos caminhos no uni-
zer, desempenhar junto aos grupos da comunidade um papel mais
ativo, além de desenvolver laços mais fortes do que aqueles que nor 5 "r\bre tu mundo".
malmente fazem, ou estão autorizadas a f azer. 6 "Maciel TIC policy clocu111cnt for t he eclucation systcm".
7 Organização cios Estados cio Caribe Oriental.
140 Atuação profissional na área de informação Em comunidades dcsl:wpnnc/.1, l •I 1
versões com tração animal, onde burros ou camelos substituem o Um bom exemplo de um esforço assim pode ser enconlrmlo 110
ônibus, e o uso de meios de transporte adaptados às condições geo programa '\'\bra seu Munclo",5 no Chile (http://www.bibliorcclcs.cl/),
gráficas como triciclos, bicicletas, todos os tipos de barcos, elos quais cuja apresentação reforça que: "O impulso para este projeto está pre
se podem achar exemplos emocionantes na Tailândia, Quênia, Argen cisamente arraigado na comunidade; é a própria comunidade que se
tina e outros países no site da Biblioteca Pública Príncipe Rupcrt, converte num agente não mais passivo do descnvolvimmto cultural
Canadá, (http://www.bookboat.com/unusual_lib/). Este tipo de e social da sua localidade".
tentativa é feito para proporcionar as TIC's, mesmo nestes tipos de T rezentas e sessenta e oito bibliotecas participando no país in
recursos móveis. Com equipamento ele computação, baterias ou pai teiro e um. invcslimento ele mais de 11 milhões de dólares america
néis solares e conexões ele satélite, um bibliobus pode ser transformado nos, parte do qual providenciado por uma contribuiç.'io ela Fundação
em um tclecentro. Ele pode também ser transformado numa editora Bill e Melina Gates, é o resultado de um esforço de maior alcance.
por demanda, como mostrado pelo bookmobile de Uganda (http:// Diante da proporção do fenômeno da exclusão social, nenhuma
www. anywherbooks.org/). Veículos leves também podem ser trans mudança significativa pode ser alcançada sem tun compromisso desta
formados numa ferramenta para recolher informação que pode ser magnitude. Mais que nunca, projetos pilotos de pequeno porte e de
redistribuída mais tarde através de várias mídias, como no caso da curta duração são uma desculpa para a inatividade.
"radiocicleta", usada por organizações que participam do sistema de Não é menos natural pensar nas escolas como um lugar para
Comunicação para a Paz na Colômbia (SIPAZ, 2004). alocar serviços de acesso à informação e às TIC's (KOMOSKI; PADRE,
Bibliotecas públicas, em particular aquelas localizadas em áre 1996), desde que a educação seja percebida como a chave ela erradicação
as rurais, são um instrumento essencial na provisão de informação da pobreza. Mesmo que seus recursos estejam muito aquém dos
para comunidades desfavorecidas, desde que seus serviços e acervos adequados, na prática elas oferecem urna cadeia de lugares públicos
estejam adaptados para este público, o que nem sempre pode ser o perto de todas as comunidades. Um primeiro item na agenda ele TIC's
caso quando "padrões gerais" são aplicados. Quando a infra-estru da maioria dos países é a alfabetização em computação e eventual
tura permite, elas podem também prover um acesso às T!C's e os mente a cducaç.'io apoiada por computadores como parte dos currí
recursos de informação disponibilizados na Internet. A disponibili culos. Este movimento de fato é mais exigente, não só o que concerne
dade de tal serviço não elimina os obstáculos psicológicos e educacio a treinamento de pessoal mas também no que se refere a adaptação
nais para seu uso. Para que estas entidades possam cumprir o seu pedagógica e curricular, do que os sistemas educacionais tradicionais.
papel, elas elevem contar com financiamento e apoio regular. Muitas Outro aspecto difundido é o uso de escolas, laboratórios ele com
vezes o equipamento inicial é considerado, especialmente quando putação, centros de mídias ou bibliotecas como a base elo acesso pú
fornecido por doadores estrangeiros, caso em que são omitidas a blico por outros membros da comunidade. Esta pode ser uma exten
manutenção e a operação, incluindo o treinamento ele pessoal. O qua são legítima elo apoio ao aprendizado e desenvolvimento, bem como
dro de pessoal deveria ser aclcquaclo cm número e habilidades, o que eventualmente uma fonte complementar de financiamento. Um bom
muito freqüentemente requer programas de treinamento especiais. exemplo disto pode ser encontrado no "Documento modelo de polí
Finalmente, tais bibliotecas públicas deveriam estar em condiç5o ele tica de TIC's para o sistema de ensino"º da OECS 7 (OERU, 2001).
conduzir programas ele alfabetização e alfabetização digital, dar assis Constrangimentos práticos e legais tornam a implementação difícil.
tência aos usuários e atuar como intermediários, o que significa di Em todo caso, esses avanços estão abrindo novos caminhos no uni-
zer, desempenhar junto aos grupos da comunidade um papel mais
ativo, além de desenvolver laços mais fortes do que aqueles que nor 5 "Abre tu mundo".
malmente fazem, ou estão autorizadas a fazer. 6 "Model TIC policy documrnt for lhe educalion systc111".
7 Organização cios Estados cio Caribe Oriental.
Em comunidades desfavorecidas 143
142 Atuação profissional na área de informação
verso profissional do professor-bibliotecário ou do bibliotecário de serviços de biblioteca, serviços sociais e de saúde (inclusive a
escola, que deveriam tornar-se cada vez mais facilitadores e gerentes sensibilização sobre HIV e AIDS, os serviços de educação na forma de
da aquisição de habilidades de aprendizagem, ao invés de distribui classes de alfabetização, os serviços de informação funcional, e os
dores de conhecimento já pronto. serviços de apoio a pequenas e micro-empresas). Além dos serviços
Progressos notáveis aconteceram por iniciativas de ONGs. En acima mencionados, os centros também disponibilizam serviços de
tre os mais prósperos estão a Schoolnet África do Sul (http:// TIC's na forma de acesso à Internet, televisão e vídeo, telefone e fac
ww.school.za) e Schoolnet Namíbia (http://www.schoolnet.na). Esta símile (ELLIS, 1995).
última recebeu vários prêmios internacionais. A Schoolnet África do Sob o nome genérico de "telecentros" encontra-se un1a varie
Sul estabeleceu parceiras com o setor privado, o governo, ONGs e a dade de entidades que oferecem serviços do escopo acima menciona
comunidade dos doadores, e trabalha dentro da política e quadros do, mas principalmente telecomunicações e Internet, alfabetização
programáticos do governo. Outros parceiros são o Banco Mundial, a digital, apoio à produção de informação local e aos devidos progra
Iniciativa para a Sociedade Aberta, o IDRC do Canadá e algumas com mas comunitários. Seja por parte das agências governamentais seja
panhias de tecnologia da informação da África do Sul. Em 2001, mais por parte das organizações internacionais envolvidas no desenvolvi
de 3.000 escolas participavam das atividades da Schoolnet África do mento destas entidades há uma pressão constante para fazer os
Sul. A Schoolnet SA, como é conhecida, desenvolveu um portal edu telecentros "prósperos comercialmente" o que pode ser limitado, para
cacional para professores e estudantes. O conceito de Schoolnet é dizer o mínimo. De fato há tantos casos diferentes quanto há comu
achado em 23 outros países africanos (RIORDON, 2001). A Schoolnet nidades e circunstâncias diferentes das quais uma análise excelente é
Namíbia é co-patrocinada agora pelo Ministério de Educação Básica oferecida por Harris com estudos de caso do sudeste asiático (Harris
e pela Telecomm Namíbia, como também por várias entidades priva 2003). Exemplos e documentos, nem sempre inclusivas ou objetivos,
das. Sua meta teve que ser reduzida de 500 para 350 escolas. No podem ser encontrados em vários sites da Web, como o do Instituto
entanto, ela foi ampliada para incluir centros de recursos, ONGs e Internacional para Comunicação e Desenvolvimento (http://
associações educacionais. A Schoolnet Namíbia usa soluções inova www.iicd.org), o do ELDIS (http://www.eldis.org), o Portal de De
doras para conectar escolas desfavorecidas que incluem softw are de senvolvimento sobre TIC's (http:// topics.developmentgatew ay.org/
fonte aberta, computadores recondicionados acessíveis, conectividade TIC/ ) e muitos outros, entre os quais têm valor particular os sites
barata em colaboração com a Telecomm Namíbia, fontes de energia das próprias organizações de telecentros como Somos@Telecentros
alternativa como energia solar e soluções sem cabos (wireless). Como (http://www.tele-centros.org).
suas primeiras iniciativas organizou uma com.petição entre as esco Vale mencionar que quando o plano nacional para uma cadeia
las que participaram da informatização do catálogo da coleção de de telecentros em El Salvador foi lançado foi decidido usar o nome
entomologia do Museu Nacional de Namíbia, um dos mais ricos no "infocentros", em vez de telecentros para enfatizar que o objetivo era
mundo. o acesso e uso de informação, enquanto as TIC's são apenas uma das
Informação, eventualmente sobre assuntos particulares, e ser ferramentas. Isto deveria mostrar que, além de bibliotecas digitais que
viços de TIC's também podem ser disponibilizados numa variedade podem ampliar o fornecimento de informação também para comuni
de instituições públicas como prefeituras, agências postais, estabele dades desfavorecidas, os novos espaços digitais públicos estão ofere
cimentos beneficentes e hospitais, como também por organizações cendo oportunidades para que profissionais de informação coloquem
de base. Na Namíbia, por exemplo, vários Centros de Aprendizagem seus talentos a serviço do povo.
e Desenvolvimento Comunitário ª foram organizados para fornecer
com autoridades e organizações comunitárias. Além de aprender tais nas (por exemplo, falta de recursos, rigidez administrativa) bem como
conteúdos, os futuros profissionais da informação deveriam também por limitações externas (por exemplo, barreiras cultmais ou pressões
ser expostos às realidades das comunidades desfavorecidas, realizan políticas), levando-as à frustração e ao desânimo. Mais uma vez, a
do estágios em unidades de informação ou em organizações de base superação de problemas complexos e multifacetados só pode ser
que as servem, por exemplo. De fato, wn período significativo de con alcançada através dos esforços conjuntos, inclusivas e pacientes de
vivência e trabalho com os pobres é o que poderia fazer a "elite", em todos os interessados. O que exige que o profissional da inf ormação
todos os países, um pouco mais sensível e reativa, e o ensino superior seja um participante ativo de todos os esforços da comunidade, que
mais socialmente relevante. Apesar de muitos profissionais da infor sistematicamente participa e coopera com todos os grupos que lu
mação não estarem alocados em comunidades desfavorecidas, muitos tam para melhorar a situação. O principal perigo prático e, também,
de fato produzirão recursos de informação ou administrarão serviços moral, é prendermo-nos numa dicotomia "nós-eles" na qual "nós",
que, em última instância, devem servi-las também. os profissionais ou entidades de informação, fazemos o melhor - de
Profissionais da informação trazem para o processo e operação acordo com nossas próprias crenças- e "eles", os membros da comu
de recursos de informação eletrônicos uma dimensão de conteúdo nidade, não apreciam ou não tiram proveito. Façamos as coisas con
organizado que os especialistas de TIC's podem muito freqüentemente juntamente, no ritmo da comunidadee de acordo com a percepção das
não perceber claramente devido a sua preocupação com assuntos necesidades de seus membros. Porque, em última instância, entidades
técnicos (MLAKI, 1998). Mlaki argumenta: de informação deveriam tornar-se nada mais do que a plataforma na
qual os membros das comunidades constroem a sua própria base de
Ao desenvolver este novo programa 10 dentro da UNESCO, é conhecimento em favor do seu próprio desenvolvimento.
importante que sejam consideradas as necessidades dos países Tal processo requer mais do que o uso sistemático de métodos
em desenvolvimento com uma compreensão que nestas socie participativos, mesmo que eles sejam reais e não uma amável
dades o nível de acesso à informação e o seu uso ainda é muito instrumentação dos beneficiários, como é muito freqüentemente o
baixo e que há grande necessidade de equilíbrio entre fontes de caso. O que está em jogo, numa verdadeira perspectiva de desenvol
informação tradicionais (bibliotecas, arquivos e centros de do vimento é a posse, pelas comunidades, dos seus recursos e serviços
cumentação) e novas tecnologias. É importante que as novas de informação. Participação e posse estão obviamente entre as pala
tecnologias sejam vistas como uma extensão e ferramenta de vras mágicas da sociedade contemporânea "da informação". Quanto
acesso à informação, ao invés de um novo meio que não tem mais elas aparecem, menos fazem sentido, e muito menos corres
nenhuma relação com as ferramentas tradicionais. Adicional pondem a realidades concretas. Conquanto se corra o risco de dizer
mente, o potencial das novas tecnologias para melhorar a or algo antiquado, poder-se-ia no entanto parafrasear o famoso slogan
ganização e o acesso à informação deveria ser mostrado clara de Lênin 11 e dizer que o desenvolvimento comunitário equivale a
mente para melhorar a aceitabilidade destas nos países em recursos de inf ormação em rede mais o conselho comunitário, este
desenvolvimento. último atuando não como um corpo a ser consultado, mas como o
corpo que toma decisões.
Por mais que os profissionais de informação estejam ansiosos
e sejam capazes de empreender as suas atividades de maneira, a levar
melhorias e contribuir para comunidades desfavorecidas, é bem pro
vável que seus esforços sejam comprometidos por limitações inter-
11 "Comunismo é electrificação mais os soviets", ou seja, progresso técnico e posse
1 O "Informação para todos". das comunidades
146 Atuação profissional na área de informação Em comu11id11c/cs dr,/,11, ,,.., id,1 1•1
com autoridades e organizações comunitárias. Além de aprender tais nas (por exemplo, falta de recursos, rigidez administrativa) brn1 <"< 111111
conteúdos, os futuros profissionais da informação deveriam também por limitações externas (por exemplo, barreiras culturais ou prcsstiL'S
ser expostos às realidades das comunidades desfavorecidas, realizan políticas), levando-as à frustração e ao desânimo. Mais uma vez, a
do estágios em unidades de informação ou em organizações de base superação de problemas complexos e multifacetados só pode ser
que as servem, por exemplo. De fato, um período significativo de con alcançada através dos esforços conjuntos, inclusivas e pacientes de
vivência e trabalho com os pobres é o que poderia fazer a "elite", em todos os interessados. O que exige que o profissional da informação
todos os países, um pouco mais sensível e reativa, e o ensino superior seja w11 participante ativo de todos os esforços da comunidade, que
mais socialmente relevante. Apesar de muitos profissionais dw infor sistematicamente participa e coopera com todos os grupos que lu
mação não estarem alocados em comunidades desfavorecidas, muitos tam para melhorar a situação. O principal perigo prático e, também,
de fato produzirão recursos de informação ou administrarão serviços moral, é prendermo-nos numa dicotomia "nós-eles" na qual "nós",
que, em última instância, devem servi-las também. os profissionais ou entidades de informação, fazemos o melhor - de
P rofissionais da informação trazem para o processo e operação acordo com nossas próprias crenças- e "eles", os membros da comu
de recursos de informação eletrônicos uma dimensão de conteúdo nidade, não apreciam ou não tiram proveito. Façamos as coisas con
organizado que os especialistas de TIC's podem muito freqüentemente juntamente, no ritmo da comunidadee de acordo com a percepção das
não perceber claramente devido a sua preocupação com assuntos necesidades de seus membros. Porque, em última instância, entidades
técnicos (MLAKI, 1998). Mlaki argumenta: de informação deveriam tornar-se nada mais do que a plataforma na
qual os membros das comunidades constroem a sua própria base de
Ao desenvolver este novo programa 10 dentro da UNESCO, é conhecimento em fa vor do seu próprio desenvolvimento.
importante que sejam consideradas as necessidades dos países Tal processo requer mais do que o uso sistemático de métodos
em desenvolvimento com uma compreensão que nestas socie participativos, mesmo que eles sejam reais e não uma amável
dades o nível de acesso à informação e o seu uso ainda é muito instrumentação dos beneficiários, como é muito freqüentemente o
baixo e que há grande necessidade de equilíbrio entre fontes de caso. O que está em jogo, numa verdadeira perspectiva de desenvol
informação tradicionais (bibliotecas, arquivos e centros de do vimento é a posse, pelas comunidades, dos seus recursos e serviços
cumentação) e novas tecnologias. É importante que as novas de informação. P articipação e posse estão obviamente entre as pala
tecnologias sejam vistas como uma extensão e ferramenta de vras mágicas da sociedade contemporânea "da informação". Quanto
acesso à informação, ao invés de um novo meio que não tem mais elas aparecem, menos fazem sentido, e muito menos corres
nenhuma relação com as ferramentas tradicionais. Adicional pondem a realidades concretas. Conquanto se corra o risco de dizer
mente, o potencial das novas tecnologias para melhorar a or algo antiquado, poder-se-ia no entanto parafrasear o famoso slogan
ganização e o acesso à informação deveria ser mostrado clara de Lênin11 e dizer que o desenvolvimento comunitário equivale a
mente para melhorar a aceitabilidade destas nos países em recursos de informação em rede mais o conselho comunitário, este
desenvolvimento. último atuando não como um corpo a ser consultado, mas como o
corpo que toma decisões.
Por mais que os profissionais de informação estejam ansiosos
e sejam capazes de empreender as suas atividades de maneira, a levar
melhorias e contribuir para comunidades desfavorecidas, é bem pro
vável que seus esforços sejam comprometidos por limitações inter-
11 "Comunismo é electrificação mais os soviets", ou seja, progresso técnico e posse
10 "Informação para todos". das comunidades
148 Atuaçc'io profissional na área de informação Em comunidades desfavorecidas 149
ATO (1uart Monde (2004) Lc Mouvement ATO (1uart Monde. http:// Mchombu, K. (1993). Information nccds anel sceking piltterns for rur;il
www.atd-quartmonde.asso.fr/ Retrieved April 10, 2004. peoplc's devclopmcnt in Africa. Report on Phase 1 of the INFORD projccl.
Gaborone, University of Bostwana and IDRC.
Dosa, M.L. (1997). From informal gatekeeper to Information Counsclor:
Emergcnce of a new profcssional role. ln Dosa, M.L. J\cross ali borders. Mchombu, K. (1998) Librarics, Telematies and Rural Communities in Africa.
lnternational information flows and applications. Collccted papers. Lanham, Papcr delivered at a NIWA conference, Safari I-lotel, Windhoek, 1998
MO, Scarccrow Press, p. 186-224. (unpublished).
Durrani, 5. (1985) Rural Information in Kenya. Information Oeveloprncnt Mcnou, M.J. (1983). Mini- and Micro-computers and the eradication of
vol. 1, nº 3, July, p. 149-157. information poverty in the lcss developcd countries. ln C. Kercn, L. Perlmutter,
cds., The application of mini- anel micro-computers in information,
Ellis, J. ( 1995) Community lcarning and Oevelopmcnt Centres. ln:
documcntation and libraries, 13-18 March 1983, Tcl Aviv, Israel (359-366).
Educational Responsibilities of Librarics and Information Services in Namíbia.
Amstcrdam: North Holland.
Papers of the Scminar in Midgard/ Windhock, 26 May to 2 Junc, 1995.
Bonn and Windhoek: German Foundation for International Oevclopmcnt and Menou, M.J. (1996). Cultura, Informação e Educação de Profissionais de
Ministry of Basic Education and Culture. Informação nos Paises cm Desenvolvimento. Ciência da Informação, Vol. 25,
nº 3. http://www.ibTIC.br/cionlinc/ Retrieved April 13, 2004.
Fink, C., Kcnny, C.J. (2003). W(h)ithcr the Digital Divide? http://www.
developmentgateway.org/clownload/181562/W _h_ithcr_OO_Jan_.pclf Mcnou, M.J., Stoll, K. (2003). Community devclopmcnt telcccntrcs. ln
Gurstcin, M.,
Harris, R. (2003). A framework for poverty alleviation with TIC. ln
Gurstein, M. Menou, M.J., Stafccv, 5. Comrnunity networking anel cornmunity
Mcnou, M.J., Stafcev, 5. Community networking and community informatics. Prospects, approaches, instrumcnts. St Petersburg, CfRN, p. 1 Tl-
186. http://www.communities.org.ru/ci-tcxt/cdt.cloc
informatics. Prospects, approaches, instruments. St Pctcrsburg, CJRN, p. 85-
170. http://www.communities.org.ru/ci-text/harris.doc. Nwagha, G.K.N. (1990). Radio Jingles: an effectivc rneans of disseminating
Hecks, R. (1999) Inforrnation anel Communication Technologies, Povcrty and information to rural dwcllcrs in Africa. Port Harcourt: Institute of foundation
Oevclopmcnt. University of Manchester: lnstitute of Developmcnt Policy and Studies, Nigeria.
Managcrnent (Working Paper no 5) http://www.rnan.ac. uk/iclpm/ Mlaki, Th. (1998) Convergence of information anel informatics. Papcr
diwpf5.htm Retricvecl March 28, 2004. delivcred at the 12th session of the PGI Council and the 7'h Session of if the IIP
Horowitz, R. G. ele (1993). Litcracy and cleveloprnent in the Thircl Worlcl: coulcl Committcc, hcld in Paris from 7-11 Occcmber, 1998.
librarianship make a clifference? IFLAjournal, vol. 19, nº 2, 1 TI-180. OERU (OECS Educational Reform Unit) (2001). Modcl TIC policy documcnt
International Labour Organization (ILO) (2001 ). Digital Divide is wicle and for the education system. St Lucia, OERU. http://www.oeru.org/
getting wiclcr- vast swathes of thc globc are "technologically clisconncctecl". publications/ Retrieved April 28, 2004
Press Kits http://www.ilo.org/pub1ic.english/bureau/inf/pkits/wer200l / Pateman, J. (2003). Social exclusion and libraries. ln Feathcr, J. anel P. Sturgcs,
we01ch2.htrnl Retricvcd March 24, 2004. International Encyclopedia of Jnformation anel Library Scicnce. London,
International Telecommunications Union (2004) Digital Access Index. On Routlcdge, p 579-582.
line:http://www.itu.int/lTU-D/TIC/clai/index.html. Retrieved April 13, Partridge, W .O. McO. ( 19 88 ). Low budget librarianship. Managing
2004. information in dcvcloping countries. London, Library Association Publishing.
Kornoski, P.K., Priest, W.C. (1996). Creating learning cornrnunities: Practical, Prcss, L. (2004). Thc Internet in developing nations: Granel challcnges. First
Universal nctworking for learning in schools anel homes. A rcport for Monday, vol. 9, nº 4 (April 2004). http://firstmonday.org/issucs/issue9 _4/
school and community tcchnology planncrs anel policymakcrs. Hampton prcss/index.html Rctricvcd April 14, 2004.
148 Atuação profissional na área de informação Em comunidades desfavorecidas 149
ATO Quart Monde (2004) Lc Mouvcment ATO Quart Monde. http:// Mchombu, K. (1993). Information nccds and sceking pattcrns for rural
www.atd-quartmondc.asso.fr/ Rctricved April 10, 2004. pcoplc's dcvcloprncnt in Africa. Report on Phase 1 of thc INFORD projcct.
Gaboronc, Univcrsity of Bostwana and IDRC.
Dosa, M.L. (1997). From informal gatekccpcr to lnformation Counsclor:
Emcrgcnce of a ncw professional role. ln Dosa, M.L. Across ali borders. Mchornbu, K. (1998) Libraries, Telematics and Rural Communities inAfrica.
International information flows and applications. Collccted papcrs. Lanham, Paper dclivered at a NJWA confcrence, Safari Hotel, Windhoek, 1998
MD, Scarccrow Prcss, p. 186-224. (unpublishcd).
Durrani, S. (1985) Rural Information in Kenya. Information Dcvclopmcnt Mcnou, M.J. (1983). Mini- and Micro-computcrs and the cradication of
vol. 1, nº 3, July, p. 149-157. information povcrty in the lcss developcd countries. ln C. Kcren, L. Pcrlmutter,
eds., Thc application of mini- and miero-computers in information,
Ellis, J. (1995) Community learning and Developmcnt Centres. ln:
documcntation and librarics, 13-18 March 1983, TclAviv, Israel (359-366).
Educational Rcsponsibilities of Libraries and Information Services in Nu1nibia.
Amstcrdam: North Holland.
Papers of the Seminar in Midgard/ Windhoek, 26 May to 2 Junc, 1995.
Bonn and Windhock: Gcrman Foundation for lnternational Devclopmcnt and Menou, M.J. (1996). Cultura, Informação e Educação de Profissionais de
Ministry of Basic Education and Cult ure. Informação nos Países cm Desenvolvimento. Ciência da Informação, Vol. 25,
n º 3. http://www.ibTJC.br/cionline/ RctrievcdApril 13, 2004.
Fink, C., Kcnny, C.J. (2003). W(h)ithcr the Digital Divide? http://www.
devclopmentgateway.org/download/181562/W_h_ithcr_DO_Jan_.pdf Mcnou, M.J., Stoll, K. (2003). Cornrnnnity dcvelopment tclccentres. ln
Gurstcin, M.,
Harris, R. (2003). A framework for poverty allcviation with TIC. ln
Gurstcin, M. Menou, M.J., Stafcev, S. Community networking and comrnunity
informatics. Prospects, approachcs, instrumcnts. St Pctcrsburg, CIRN, p. 171-
Mcnou, M.J., Stafccv, S. Community networking and community
186. http://www.communitics.org.ru/ci-tcxt/cdt.doc
informatics. Prospccts, approachcs, instruments. St Pctcrsburg, CIRN, p. 85-
170. http://www.communitics.org.ru/ci-text/harris.doc. Nwagha, G.K.N. (1990). Radio Jingles: an cffective means of disscminating
information to rural dwellcrs inAfrica. Port Harcourt: Institutc of Foundation
Hecks, R. (1999) Information and Communication Technologics, Povcrty and
Studics, Nigeria.
Devclopmcnt. Univcrsity of Manchester: lnstitute of Dcvelopmcnt Policy and
Managcment (Working Paper no 5) http://www.man.ac.uk/idpm/ Mlaki, Th. (1998) Convergence of information and informatics. Papcr
diwpf5.htm Rctrievcd March 28, 2004. dclivcrcd at the 12111 session of the PGI Council and thc 7 111 Scssion of if thc IIP
Horowitz, R. G. de (1993). Literacy and development in the Third World: could Committee, hcld in Paris from 7-11 December, 1998.
librarianship rnakc a differcncc? IFLAjournal, vol. 19, nº 2, 171-180. OERU (OECS Educational Reform Unit) (2001). Modcl TJC policy document
lntcrnational Labour Organization (!LO) (2001). Digital Divide is widc and for the cducation system. St Lucia, OERU. http://www.ocru.org/
gctting widcr- vast swathes of thc globc are "technologically disconncctcd". publications/ RetrievedApril 28, 2004.
Prcss Kits http://www.ilo.org/public.english/burcau/inf/pkits/wcr2001/ Pateman, J. (2003). Social cxclusion and libraries. ln Feathcr, J. and P. Sturgcs,
wc01ch2.html Rctricvcd March 24, 2004. Intcrnational Encyclopedia of Jnformation and Library Scicncc. London,
International Telccommunications Union (2004). Digital Acccss lndcx. On Routlcdge, p. 579-582.
line:http://www.itu.int/ITU-D/TIC/dai/index.html. Retricvcd April 13, Partridge, W.D. McD. (1988). Low budgct librarianship. Managing
2004. inforrnation in dcvcloping countries. London, LibraryAssociation Publishing.
Komoski, P.K., Priest, W.C. (1996). Creating learning communities: Practical, Press, L. (2004). Thc Internet in devcloping nations: Grand challcngcs. First
Universal networking for lcarning in schools and homcs. A rcport for Monday, vol. 9, nº 4 (April 2004). http://firstrnonday.org/issucs/issuc9_4/
school and community tcchnology planners and policymakers. Hampton press/indcx.html Rctricvcd April 14, 2004.
15 O Atuação profissional na área de informação