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*militar; rev. 1932; ch. Gab. Mil. Pres. Rep. 1952-1954; sen. DF 1955-1963.
Aguinaldo Caiado de Castro nasceu no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, em 2 de outubro
de 1899, filho de João Alves de Castro e de Teresina Caiado de Castro.
Cursou o Colégio Diocesano São José, em Uberaba (MG), completando os estudos secundários
no Colégio Militar do Rio de Janeiro. Assentou praça em fevereiro de 1917, ingressando em
seguida na Escola Militar do Realengo, onde fez os cursos de infantaria e cavalaria em 1919.
Deixou a escola no posto de aspirante em janeiro de 1921 e, no mês seguinte, foi classificado
no 1º Regimento de Infantaria, sediado no Rio de Janeiro, unidade em que serviu até março de
1922. Promovido a segundo-tenente em maio de 1921 e a primeiro-tenente em outubro de
1922, durante o ano de 1923 serviu no 4º Batalhão de Caçadores, sediado em São Paulo.
Entre 1924 e 1927, Caiado de Castro participou do combate aos movimentos tenentistas.
Quando eclodiu em São Paulo a revolta de 5 de julho de 1924, foi preso, na capital do estado,
pelos rebeldes. Mesmo assim, tentou, através de um golpe de mão, prender o general Isidoro
Dias Lopes e o marechal reformado Odílio Bacelar, chefes revolucionários. Traído pelo
sargento com quem articulara a tentativa, Caiado de Castro foi mantido preso, após travar luta
corporal com o tenente Asdrúbal Gwyer de Azevedo e com o capitão Juarez Távora. Quando
recuperou a liberdade, integrou-se à brigada do general Tertuliano de Albuquerque Potiguara,
encarregado de atacar as posições rebeldes no bairro da Mooca, na capital paulista.
Diante do avanço dos revolucionários, que chegaram a ocupar a capital por três semanas,
Caiado integrou a comitiva de civis e militares que acompanhou o presidente do estado de São
Paulo, Carlos de Campos, na retirada para Moji das Cruzes.
Com o fracasso da revolta e a recuperação legalista, os rebeldes abandonaram a cidade de São
Paulo e deslocaram-se para o interior. Em abril de 1925, no oeste do Paraná, ocorreu a junção
deste grupo com o contingente revolucionário que sublevara unidades militares no Rio Grande
do Sul em outubro do ano anterior, constituindo-se a Coluna Prestes. Caiado de Castro
participou então da repressão à coluna, integrando, entre junho e novembro de 1925, um dos
“batalhões patrióticos” — unidades mistas de militares e voluntários civis organizadas para
suprir as deficiências dos contingentes federais na perseguição à coluna.
Em janeiro de 1926, o general Álvaro Mariante foi convocado pelo ministro da Guerra, general
Fernando Setembrino de Carvalho, a embarcar rumo à Bahia para assumir o comando geral
das tropas encarregadas do combate à Coluna Prestes, que já atingira aquele estado. A partir
de março, Caiado de Castro integrou-se ao estado-maior do general Mariante, comandado
pelo então capitão Pedro Aurélio de Góis Monteiro. Durante a perseguição à Coluna, Caiado
foi promovido a capitão, por bravura, em outubro de 1926.
Entretanto, a repressão à Coluna foi infrutífera. Após neutralizarem duas grandes investidas do
general Mariante, os rebeldes conseguiram se dirigir invictos à fronteira com a Bolívia, onde se
internaram em fevereiro de 1927. Ainda em 1927, Caiado de Castro colaborou com Góis
Monteiro na redação do relatório das operações de perseguição à Coluna Prestes.
Segundo o relato do general Góis Monteiro, em O general Góis depõe, Caiado de Castro o
procurou no Rio de Janeiro e explicou que o movimento rebelde estava usando o seu nome
para conquistar os indecisos. A mando do coronel José de Andrade, propunha que, para fazer
cessar a luta, o presidente Getúlio Vargas renunciasse. Góis Monteiro teria recusado o acordo,
exigindo, por sua vez, a submissão dos rebeldes ao governo federal, em troca do que oferecia
a anistia e o exame das reivindicações paulistas. Os entendimentos não prosseguiram.
Mais tarde, Caiado de Castro participou do combate contra as forças legalistas no vale do
Paraíba. Derrotado o movimento, foi reformado administrativamente, e durante o período que
passou afastado da caserna diplomou-se pela Faculdade de Direito de Niterói (RJ). Em virtude
da anistia concedida em janeiro de 1934, reincorporou-se às fileiras do Exército, cursando, de
março desse ano a dezembro de 1936, a Escola do Estado-Maior do Exército. Foi elevado à
patente de major em maio de 1936.
Segundo o depoimento do general Góis Monteiro, ratificado por Caiado de Castro, este teria
surpreendido o capitão Olímpio Mourão Filho reproduzindo datilograficamente um
documento que tratava de um plano insurrecional comunista. Instado a comunicar o fato ao
chefe do EME, general Góis Monteiro, Mourão Filho recusou-se, alegando sua condição de
integralista e notório adversário do comunismo, o que poderia colocar em dúvida a
autenticidade do documento, assinado “Cohen”. Caiado de Castro, então, através do general
Mariante, levou o fato ao conhecimento de Góis Monteiro. Inquirido pelo chefe do EME,
Mourão Filho confirmou sua explicação sobre o documento, deixando uma cópia do mesmo
com o general Góis Monteiro para que fossem tomadas as providências necessárias.
Entretanto, quando o depoimento de Góis Monteiro foi publicado em 1956, Mourão Filho
apresentou outra versão dos fatos, segundo a qual o documento tratava de um exercício dos
integralistas em resposta a uma hipotética insurreição comunista. Apresentado ao chefe
nacional do integralismo, Plínio Salgado, o plano foi recusado. Entretanto, uma cópia teria sido
entregue por Mourão Filho ao general Mariante. Este, depois de lê-la, pediu-lhe que a deixasse
com ele para uma releitura, devolvendo-a alguns dias depois. Ainda segundo esta versão, no
dia 29 de setembro de 1937 Mourão Filho foi chamado por Caiado de Castro para tomar
conhecimento de um plano comunista apreendido pelo EME, o qual, franqueado aos oficiais,
seria divulgado à imprensa.
Reconhecendo neste plano o mesmo texto que emprestara ao general Mariante, Mourão o
procurou, perguntando-lhe se o passara ao general Góis Monteiro. Recebeu resposta negativa.
Também interpelado acerca da relação entre os documentos, o general Góis Monteiro nada
explicou, ordenando a Mourão Filho que, caso fosse necessário, afirmasse ter sabido do plano
no estado-maior, guardando silêncio quanto ao resto do episódio.
O documento não era da autoria dos comunistas, mas foi divulgado pela Casa Militar da
Presidência da República como “prova de um ataque planejado, em grande escala, dos
comunistas contra as instituições”. Havia o objetivo de criar um clima propício a um golpe
militar e, com base nesta falsa denúncia, o ministro da Guerra solicitou ao Congresso a
reinstauração do estado de guerra (suspenso em meados daquele mesmo ano), o que foi
concedido no dia 1º de outubro. O golpe foi finalmente desfechado no dia 10 de novembro,
instaurando-se o Estado Novo, que durou até 1945.
Tendo servido até junho de 1938 no EME, Caiado de Castro integrou-se, nesse mesmo mês, ao
14º Regimento de Infantaria, sediado em São Gonçalo (RJ), onde permaneceu até maio de
1939, quando viajou para os Estados Unidos, incorporado à Missão Militar Brasileira. Chefiada
pelo general Góis Monteiro, a comissão tinha a incumbência de estudar formas de cooperação
militar entre os dois países no caso de deflagração de uma guerra que pudesse afetar os países
do continente.
Combatente na Itália
Caiado de Castro permaneceu na Itália até agosto, quando regressou ao Brasil com seu
regimento. A participação da FEB na luta contra os exércitos fascistas fora, no Brasil, mais um
estímulo à campanha pelo fim do governo ditatorial de Getúlio Vargas, e Caiado de Castro, ao
retornar, manifestou simpatias pelo movimento articulado, sob a liderança do general Góis
Monteiro, para a deposição do presidente, ocorrida em outubro de 1945.
Segundo o depoimento do general Góis Monteiro, a seu pedido Caiado de Castro seria
designado para o Superior Tribunal Militar (STM). No entanto, a exoneração dos generais
Zenóbio da Costa e Newton Estillac Leal o teria deixado na situação de oficial mais indicado
para a chefia do Gabinete Militar da Presidência da República, onde substituiu Ciro do Espírito
Santo Cardoso. Nomeado para este cargo em abril de 1952, ocupou-o até a morte de Getúlio
Vargas, em 24 de agosto de 1954, tendo sido promovido a general-de-divisão em setembro de
1953.
Diante do acirramento da crise política nacional, Caiado de Castro, consultado por Vargas, foi
favorável à dissolução de sua guarda pessoal, e ao seu licenciamento da presidência por um
período de um a dois meses. No entanto, a ampla e insistente circulação de boatos relativos à
renúncia de Getúlio Vargas levou o general Caiado a expedir nota à imprensa na noite de 22 de
agosto, proclamando a disposição presidencial de completar o mandato e preservar a
Constituição, contando para tal com o apoio das forças armadas.
Na noite do dia 23, Caiado de Castro recebeu dos generais Zenóbio da Costa, João Batista
Mascarenhas de Morais e Odílio Denis a informação de que era impossível continuar resistindo
à pressão dos generais favoráveis ao afastamento de Vargas. Na madrugada do dia seguinte,
em reunião com o presidente, alguns familiares seus e o ministério, Caiado de Castro, em face
da pressão pelo afastamento temporário do chefe do governo, exigiu que Vargas
permanecesse no cargo, argumentando que a omissão das forças armadas nesse momento
seria não apenas desastrosa mas também inconstitucional.
Às sete horas da manhã, soube, no palácio do Catete, sede do governo, da realização de uma
reunião de generais em que Zenóbio da Costa teria afirmado que o afastamento do presidente
seria definitivo. Mais tarde, no mesmo dia 24, foi informado do suicídio de Vargas, notícia que
lhe causou forte abalo emocional, provocando-lhe sérios distúrbios de saúde. Ainda assim, foi
o porta-voz da família de Vargas na comunicação ao novo presidente, João Café Filho, da
recusa de qualquer homenagem fúnebre por parte do governo, identificado agora com as
forças políticas de oposição ao presidente morto.
No Senado
Nas eleições parlamentares de outubro de 1954, Caiado de Castro concorreu ao Senado pelo
Distrito Federal, na legenda do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Embora não possuísse
tradição política, sua estreita ligação com Getúlio Vargas possibilitou que se elegesse com
331.704 votos, obtendo um mandato que cumpriu até janeiro de 1963.
Quando da definição das chapas para as eleições presidenciais de 1955, divergiu da orientação
dominante em seu partido, favorável à coligação com o Partido Social Democrático (PSD) para
a formação da chapa Juscelino Kubitschek-João Goulart. Sua preferência se dirigiu para a
formação da “Frente Populista” com o Partido Social Progressista (PSP), apoiando a chapa
Ademar de Barros-Danton Coelho.
Vencidas as eleições por Juscelino Kubitschek e João Goulart, articularam-se forças civis e
militares para impedir sua posse. No entanto, no dia 11 de novembro o general Henrique
Teixeira Lott, ministro da Guerra até a véspera, liderou um movimento militar visando a
assegurar a posse do presidente eleito. Para tanto, depôs o presidente interino Carlos Luz, que
substituía Café Filho, licenciado, e empossou em seu lugar o vice-presidente do Senado, Nereu
Ramos. Diante dos acontecimentos, Café Filho tentou retornar ao cargo, mas na sessão de 27
de novembro o Congresso Nacional votou o seu impedimento, medida que contou com o voto
favorável do senador Caiado de Castro.
Foi casado com Josefa Freire Amazonas Caiado de Castro, com quem teve uma filha.
Renato Lemos
FONTES: ARQ. GETÚLIO VARGAS; BRAYNER, F. Verdade; CAFÉ FILHO, J. Sindicato; CONSULT.
MAGALHÃES, B.; CORRESP. GAB. MIL. PRES. REP.; COSTA, M. Cronologia; COUTINHO, A. Brasil;
COUTINHO, L. General; DULLES, J. Getúlio; Encic. Mirador; FIGUEIREDO, E. Contribuição;
Grande encic. Delta; Grande encic. portuguesa; MACHADO, F. Últimos; MORAIS J. FEB; NÉRI, S.
16; SENADO. Relação; SILVA, H. 1922; SILVA, H. 1937; SILVA, H. 1939; SILVA, H. 1954; SILVA, H.
1964; WANDERLEY, N. História.