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E SEGURANÇA PÚBLICA
´ EMPRESAS DE SEGURANÇA
´ O porte de armas para empregadores de serviços de segurança privada e
serviços internos de segurança para empresas pode ser autorizado pelo
Departamento de Polícia Federal e em nome dessas empresas.
´ 9 - Entendimentos dos Tribunais Superiores quanto aos crimes do
Estatuto do Desarmamento
´ As teses aqui resumidas foram elaboradas pela Secretaria de Jurisprudência,
mediante exaustiva pesquisa na base de jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça, não consistindo em repositórios oficiais da jurisprudência deste Tribunal.
Os entendimentos foram extraídos de julgados publicados até 29/06/2018.
´ 1 - O simples fato de possuir ou portar munição caracteriza os delitos
previstos nos arts. 12, 14 e 16 da Lei n. 10.826/2003, por se tratar de crime de
perigo abstrato e de mera conduta, sendo prescindível a demonstração de lesão
ou de perigo concreto ao bem jurídico tutelado, que é a incolumidade pública.
´ 2 - A apreensão de ínfima quantidade de munição desacompanhada de arma
de fogo, excepcionalmente, a depender da análise do caso concreto, pode levar
ao reconhecimento de atipicidade da conduta, diante da ausência de exposição
de risco ao bem jurídico tutelado pela norma.
´ 3 - Demonstrada por laudo pericial a inaptidão da arma de fogo para o
disparo, é atípica a conduta de portar ou de possuir arma de fogo, diante da
ausência de afetação do bem jurídico incolumidade pública, tratando-se de crime
impossível pela ineficácia absoluta do meio.
´ 4 - A conduta de possuir, portar, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo,
seja de uso permitido, restrito ou proibido, com numeração, marca ou qualquer
outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado, implica a
condenação pelo crime estabelecido no art. 16, parágrafo único, IV, do Estatuto
do Desarmamento.
´ 5 - O crime de comércio ilegal de arma de fogo, acessório ou munição (art. 17
da Lei n. 10.826/2003) é delito de tipo misto alternativo e de perigo abstrato,
bastando para sua caracterização a prática de um dos núcleos do tipo penal,
sendo prescindível a demonstração de lesão ou de perigo concreto ao bem
jurídico tutelado, que é a incolumidade pública.
´ 6 - O delito de comércio ilegal de arma de fogo, acessório ou munição,
tipificado no art. 17, caput e parágrafo único, da Lei de Armas, nunca foi
abrangido pela abolitio criminis temporária prevista nos arts. 5º, § 3º, e 30 da Lei
de Armas ou nos diplomas legais que prorrogaram os prazos previstos nos
referidos dispositivos.
´ 7 - Compete à Justiça Federal o julgamento do crime de tráfico internacional
de arma de fogo, acessório ou munição, em razão do que dispõe o art. 109, inciso
V, da Constituição Federal, haja vista que este crime está inserido em tratado
internacional de que o Brasil é signatário.
´ 8 - O crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição,
tipificado no art. 18 da Lei n. 10.826/03, é de perigo abstrato ou de mera conduta
e visa a proteger a segurança pública e a paz social.
´ 9 - Para a configuração do tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou
munição não basta apenas a procedência estrangeira do artefato, sendo
necessário que se comprove a internacionalidade da ação.
´ 10 - É típica a conduta de importar arma de fogo, acessório ou munição sem
autorização da autoridade competente, nos termos do art. 18 da Lei n.
10.826/2003, mesmo que o réu detenha o porte legal da arma, em razão do alto
grau de reprovabilidade da conduta.
´ Arma desmunicia.
´ Entendendo haver crime de porte ilegal de arma de fogo em caso de arma
desmuniciada, existem atualmente dezenas de julgados do Supremo Tribunal
Federal e do Superior Tribunal de Justiça, dos quais podemos destacar alguns:
´ “O Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que é de perigo
abstrato o crime de porte ilegal de arma de fogo, sendo, portanto, irrelevante para
sua configuração encontrarse a arma desmontada ou desmuniciada” (STF — HC
95861, Rel. Min. Cezar Peluso, Rel. p/ Acórdão: Min. Dias Toffoli, 2ª Turma,
julgado em 02/06/2015, Acórdão eletrônico DJe-128 divulg 30-06-2015 public 01-
07-2015).
´ Armas de brinquedo e réplicas
´ As armas de brinquedo, simulacros ou réplicas não constituem armas de
fogo, de modo que o seu porte não está abrangido na figura penal.
´ Na Lei n. 10.826/2003, não foi repetido o crime descrito no art. 10, § 1º, II,
da Lei n. 9.437/97, que punia com detenção de um a dois anos, e multa, quem
utilizasse arma de brinquedo ou simulacro de arma capaz de atemorizar
outrem, para o fim de cometer crimes. Houve, portanto, abolitio criminis em
relação a tais condutas.
´ O Estatuto do Desarmamento se limita a proibir (sem prever sanção penal)
a fabricação, a venda, a comercialização e a importação de brinquedos,
réplicas e simulacros de armas de fogo, que possam com estas se confundir,
exceto para instrução, adestramento ou coleção, desde que autorizados pelo
Comando do Exército (art. 26).
´ As armas de brinquedo que estejam sendo comercializadas ou fabricadas
devem ser apreendidas pela fiscalização, na medida em que são proibidas.
´ Sujeito ativo: Qualquer pessoa. Trata-se de crime comum.
´ Sujeito passivo: A coletividade.
´ Consumação: Tratando-se de crime de mera conduta, a consumação ocorre
no momento da ação, independentemente de qualquer resultado.
´ Tentativa: Em tese, é possível, como, por exemplo, tentar adquirir arma de
fogo.
´ Absorção e concurso: Atualmente, a interpretação adotada pela maioria dos
doutrinadores e julgadores é no sentido de só considerar absorvido o crime de
porte ilegal de arma de fogo quando a conduta tiver sido realizada única e
exclusivamente como meio para outro crime.
´ Assim, se o agente se desentende com outrem em um bar e vai para casa
buscar uma arma de fogo, retornando em seguida ao local para matar o desafeto,
responde apenas pelo homicídio. Igualmente, só responde pelo roubo —
agravado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, I, do CP) — quem sai
armado com o intuito específico de utilizá-la em um roubo, ainda que seja preso
depois do crime em poder da arma.
´ Há, todavia, concurso material, se o agente, por exemplo, já está portando um
revólver e, ao ser abordado por policial, saca a arma e o mata, exatamente para
evitar a prisão em flagrante em razão do porte.
´ Crime inafiançável: O parágrafo único do art. 14 expressamente declara ser
inafiançável o crime de porte ilegal de arma de fogo, salvo se a arma estiver
registrada em nome do agente.
´ O Supremo Tribunal Federal, todavia, por julgamento em Plenário, declarou a
inconstitucionalidade do dispositivo ao apreciar ação direta de inconstitucionalidade
(ADIn 3.112), no dia 2 de maio de 2007. Assim, no crime de porte ilegal de arma, é
possível a concessão de fiança, ainda que a arma não esteja registrada em nome do
agente. É claro, porém, que a fiança só será concedida se ausentes as vedações do
art. 324 do Código de Processo Penal, ou seja, desde que o réu não tenha quebrado
a fiança anteriormente concedida, que não tenha descumprido as obrigações de
comparecimento a todos os atos do processo e que estejam ausentes os requisitos da
prisão preventiva.
´ O argumento para a declaração da inconstitucionalidade pelo Supremo foi o de
que o delito em tela não pode ser equiparado aos crimes hediondos para os quais a
Carta Magna veda a fiança, porque é crime de perigo, que não acarreta lesão efetiva
à vida ou à propriedade. A propósito: “IV — A proibição de estabelecimento de fiança
para os delitos de “porte ilegal de arma de fogo de uso permitido” e de “disparo de
arma de fogo”, mostra-se desarrazoada, porquanto são crimes de mera conduta, que
não se equiparam aos crimes que acarretam lesão ou ameaça de lesão à vida ou à
propriedade” (STF — ADI 3.112, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno,
julgado em 02/05/2007, DJe 131, p. 538).
´ DISPARO DE ARMA DE FOGO
´ Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em
suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta
não tenha como finalidade a prática de outro crime:
´ Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
´ Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável.(Vide Adin 3.112-
1)
´ Objetividade jurídica: A segurança pública.
´ Elementos do tipo: Disparar significa atirar, apertar o gatilho da arma de fogo
(revólver, pistola, espingarda, garrucha, fuzil, metralhadora etc.), deflagrando
projétil.
´ A realização de vários disparos, em um mesmo momento, configura um só
delito, não se aplicando a regra do concurso formal ou da continuação delitiva dos
arts. 70 e 71 do Código Penal, já que a situação de risco à coletividade é única. O
juiz, entretanto, pode levar em conta o número de disparos na fixação da
penabase, em face da maior gravidade da conduta (art. 59 do CP).
´ O projétil tem de ser verdadeiro. A deflagração de balas de festim não
configura a infração, porque não causa perigo.
´ A segunda conduta típica prevista consiste em acionar munição, que significa
de alguma outra forma detonar, deflagrar a munição (cartucho, projétil etc.). Não
se confunde munição com artefato explosivo, como bombas e dinamites, cuja
detonação constitui crime mais grave previsto no art. 16, § 1º, III, do Estatuto do
Desarmamento, ou com a deflagração perigosa e não autorizada de fogos de
artifício, que constitui contravenção penal, descrita no art. 28, parágrafo único, da
Lei das Contravenções Penais.
´ De acordo com o tipo penal, o fato só constitui crime se ocorrer:
´ a) em lugar habitado ou suas adjacências; e
´ b) em via pública ou em direção a ela.
´ Assim, se uma cidade ou vila tiver sido totalmente evacuada, por exemplo,
para a futura instalação de uma hidrelétrica e, depois disso, alguém efetuar
disparos no meio de uma das ruas, o fato será atípico, porque, apesar de ter
ocorrido em via pública, o local não é habitado.
´ Lugar habitado é aquele onde reside um núcleo de pessoas ou famílias.
Pode ser uma cidade, uma vila, um povoado etc.
´ Adjacência de local habitado é o local próximo àquele. Não se exige que seja
dependência de moradia ou local contíguo, bastando que seja perto de local
habitado. Por consequência, disparar em local descampado ou em uma floresta
distante de local habitado não configura a infração.
´ Tratando-se de local habitado ou suas adjacências, é ainda necessário que o
fato ocorra em via pública ou em direção a ela.
´ Via pública é o local aberto a qualquer pessoa, cujo acesso é sempre
permitido. É todo local aberto ao público, quer por destinação, quer por
autorização de particulares. Exs.: ruas, avenidas, praças, estradas.
´ Nos termos do texto legal, também existe o crime quando o disparo não é
efetuado na via pública, mas a arma é apontada para ela, como, por exemplo, do
quintal de uma residência em direção à rua.
´ O disparo efetuado para o alto (para a comemoração de gol do time, em
festas juninas ou por outra razão qualquer) caracteriza o crime, desde que seja
feito em via pública ou em sua direção.
´ O delito em análise também é de perigo abstrato, em que não é necessária
prova de que pessoa determinada tenha sido exposta a risco. O perigo é
presumido, porque o disparo em via pública ou em direção a ela, por si só, coloca
em risco a coletividade.
´ Sujeito ativo: Qualquer pessoa. Trata-se de crime comum.
´ Sujeitos passivos: Em primeiro plano, a coletividade. Em segundo, as
pessoas que, eventualmente, tenham sofrido perigo de dano decorrente do
disparo da arma.
´ Consumação: No momento em que ocorre o disparo ou quando a munição é
acionada por qualquer outro modo.
´ Tentativa: É possível. Ex.: agente aperta o gatilho do revólver, mas o disparo
não ocorre porque outra pessoa, repentinamente, segura o tambor da arma,
impedindo que gire (o que inviabiliza o disparo).
´ Absorção: A própria lei somente confere autonomia ao crime de disparo de
arma de fogo quando essa conduta não tem como objetivo a prática de outro
crime. Assim, quando o autor do disparo visa, por exemplo, matar alguém,
responde por homicídio — consumado ou tentado, dependendo do resultado. Se
a intenção do agente é matar a vítima, mas o disparo não a atinge, temos a
chamada tentativa branca de homicídio. Se o disparo e a morte ocorrem no
contexto fático de um roubo, o agente responde por crime de latrocínio.
´ Posse e disparo: É bastante comum que o autor do disparo não possua
registro para manter a arma em casa e efetue disparos em direção à via pública
(comemoração de um gol, por exemplo).
´ Embora exista corrente em sentido contrário, entendemos que os delitos são
autônomos, porque o sujeito já possuía a arma sem registro anteriormente, e o
disparo ocorreu depois. É evidente, por sua vez, que, se o agente tem o registro
da arma que disparou, só incorre no crime do art. 15.
´ Porte e disparo: Em relação à hipótese em que o agente efetua o disparo em
via pública, sem ter autorização para portar a arma naquele local, existem duas
correntes. A primeira no sentido de que o porte é sempre crime-meio para o
disparo e, por isso, fica sempre absorvido em face do princípio da consunção.
´ A segunda é no sentido de haver absorção apenas quando ficar provado que
o agente só portou a arma com a finalidade específica de efetuar o disparo. É a
corrente predominante.
´ Por ela, se o agente já estava portando a arma e, em determinado instante,
resolveu efetuar o disparo, responderá pelos dois crimes, se não possuía
autorização para o porte, ou só pelo disparo, se possuía tal autorização.
´ Crime inafiançável: O parágrafo único do art. 15 expressamente declara
ser inafiançável o delito de disparo de arma de fogo. Não há, porém, vedação à
concessão de liberdade provisória.
´ Em relação à vedação da fiança, é preciso mencionar, todavia, que o
Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade do art. 15,
parágrafo único, do Estatuto, no julgamento da ADIn 3.112, ocorrido no dia 2 de
maio de 2007. Por isso, no crime de disparo de arma de fogo em via pública, é
possível a concessão de fiança.
´ POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO
´ Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar,
ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou
ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso restrito, sem autorização e em
desacordo com determinação legal ou regulamentar: (Redação Lei nº 13.964, de 2019)
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
´ § 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
´ I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de
fogo ou artefato;
´ II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a
arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo
induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;
´ III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;
´ IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração,
marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
´ V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório,
munição ou explosivo a criança ou adolescente; e
´ VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer
forma, munição ou explosivo.
´ § 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo envolverem arma de
fogo de uso proibido, a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
´ Art. 16, caput — Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em
depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter,
empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição
de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação
legal ou regulamentar: Pena — reclusão, de três a seis anos, e multa. (...)
´ § 2º — Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo envolverem
arma de fogo de uso proibido, a pena é de reclusão, de 4 a 12 anos.
´ Objetividade jurídica: É também a incolumidade pública, no sentido de se
evitar que sejam expostos a risco a vida, a integridade física e o patrimônio dos
cidadãos.
´ Elementos do tipo: As condutas típicas são possuir, deter, portar, adquirir,
fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente,
emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar. Antes do advento da
Lei n. 13.964/2019, o porte ou a posse de armas de fogo de uso restrito ou proibido
tipificavam o mesmo delito, qual seja, aquele do art. 16, caput, cuja pena é de
reclusão de 3 a 6 anos, e multa. A referida Lei, entretanto, trouxe importante inovação
ao isolar na figura do caput as condutas relacionadas a armas de fogo, acessórios ou
munição de uso restrito. Caso se trate de arma de fogo de uso proibido, o
enquadramento deve se dar no art. 16, § 2º, cuja pena é maior: 4 a 12 anos de
reclusão (sem previsão de multa).
´ Armas de fogo de uso restrito (objeto material), nos termos do decreto
regulador, são: as armas de fogo automáticas e as semiautomáticas ou de
repetição que sejam:
´ a) não portáteis;
´ b) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja,
na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou
mil seiscentos e vinte joules; ou
´ c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição
comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e
duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules.
´ A relação específica de armas de fogo, cujo calibre nominal, com a utilização
de munição comum, atingem, na saída do cano de prova, energia cinética
superior a mil seiscentos e vinte joules, encontra-se na Portaria n. 1.222/201923
do Comando do Exército.
´ Acessórios de uso restrito são aqueles que são agregados a uma arma para
aumentar sua eficácia, como, por exemplo, certas miras especiais, visores
noturnos, ou para dissimular seu uso, como silenciadores, por exemplo.
´ Armas de uso proibido são aquelas para as quais há vedação total ao uso.
De acordo com o decreto regulador, são armas de fogo de uso proibido:
´ a) as armas de fogo classificadas como de uso proibido em acordos e
tratados internacionais dos quais a República Federativa do Brasil seja
signatária; ou
´ b) as armas de fogo dissimuladas, com aparência de objetos inofensivos.
´ São munições de uso restrito aquelas que:
´ a) atinjam, na saída do cano de prova de armas de porte ou portáteis de
alma raiada, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil
seiscentos e vinte joules;
´ b) sejam traçantes, perfurantes ou fumígenas;
´ c) sejam granadas de obuseiro, de canhão, de morteiro, de mão ou de
bocal; ou
´ d) sejam rojões, foguetes, mísseis ou bombas de qualquer natureza.
´ O elemento normativo do tipo está contido na expressão “sem autorização e
em desacordo com determinação legal ou regulamentar”.
´ No que diz respeito ao registro, por exemplo, temos várias regras. O art. 27 da
Lei n. 10.826/2003 diz que a aquisição de arma de uso restrito poderá ser
autorizada, excepcionalmente, pelo Comando do Exército, e seu art. 3º, parágrafo
único, estabelece que o registro também será feito em tal Comando. As armas de
uso permitido, conforme já estudado, são registradas na Polícia Federal.
´ O delito em análise é uma espécie de figura qualificada dos crimes de posse e
porte de arma, previsto, porém, em um tipo penal autônomo. A pena maior se
justifica em virtude da maior potencialidade lesiva das armas de fogo de uso
proibido ou restrito, que, por tal razão, elevam o risco à coletividade.
´ Cuida-se, também, de crime de perigo abstrato e de mera conduta, em que é
desnecessária prova de que pessoa determinada tenha sido exposta a risco e
cuja configuração independe de qualquer resultado.
´ Natureza hedionda: A Lei n. 13.497, de 26 de outubro de 2017, introduziu no rol
dos crimes hediondos o crime de porte e de posse ilegal de arma de fogo de uso
restrito ou proibido. Posteriormente, contudo, a Lei n. 13.964/2019 modificou o art. 1º,
parágrafo único, II, da Lei n. 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos) e passou a prever
que somente as condutas relacionadas a armas de fogo de uso proibido é que
configuram crime hediondo. Por se tratar de norma benéfica em relação às armas de
uso restrito tal lei retroage para afastar a natureza hedionda daqueles que foram
flagrados em poder de arma de fogo de uso restrito.
´ Sujeito ativo: Pode ser qualquer pessoa. Trata-se de crime comum. Se o delito
for cometido por qualquer das pessoas elencadas nos arts. 6º, 7º e 8º da Lei, a pena
será aumentada em metade (art. 20)
´ Sujeito passivo: A coletividade.
´ Consumação: Tratando-se de crime de mera conduta, a consumação ocorre no
momento da ação, independentemente de qualquer resultado.
´ Tentativa: Em tese, é possível, como, por exemplo, tentar adquirir arma de fogo.
´Absorção e concurso: Só haverá absorção se o porte da arma de uso restrito for meio
para outro crime. Assim, se, após uma discussão, o agente vai até sua casa e pega a
arma com o intuito específico de matar o desafeto, a jurisprudência entende que o crime
de porte fica absorvido. Veja-se, porém, que, se o agente não tinha o registro da arma de
uso restrito, responderá pela posse anterior da arma (art. 16), em concurso material com o
homicídio. Apenas o porte ficará absorvido em tal caso.
´ Figuras com penas equiparadas (art. 16, § 1º)
´ No art. 16, § 1º, o legislador descreve vários tipos penais autônomos, sendo
que cada um deles possui condutas típicas e objetos materiais próprios, tendo
sido aproveitadas tão somente as penas do art. 16, caput, e seu § 2º.
´ Não há nenhuma exigência de que essas condutas típicas sejam relacionadas
a arma de uso restrito. Para que se chegue a essa conclusão, basta notar, por
exemplo, que o art. 16, caput, já pune, com reclusão, de três a seis anos, e multa,
quem fornece arma de uso restrito para qualquer outra pessoa. Assim, a figura do
art. 16, § 1º, V, que pune, com as mesmas penas, quem fornece arma para
criança ou adolescente, tem a evidente finalidade de abranger quem fornece
arma de uso permitido para menores de idade.
´ Aliás, se as figuras desse § 1º só se referissem a arma de fogo de uso
proibido ou restrito, ficaria sem sentido o inciso II, que pune quem modifica arma
de fogo para torná-la equivalente às de uso proibido ou restrito — referindo-se,
obviamente, às de uso permitido que venham a ser alteradas.
´ De ver-se, porém, que, quando se tratar de arma de fogo de uso proibido em
uma das figuras do § 1º, a pena será maior, ou seja, aquela prevista no § 2º,
conforme consta expressamente deste dispositivo.
´ Supressão ou alteração de marca ou numeração
´ Art. 16, § 1º. Nas mesmas penas incorre quem:
´ I — suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação
de arma de fogo ou artefato;
´ Esse dispositivo pune o responsável pela supressão (eliminação completa) ou
alteração (mudança) da marca ou numeração. Assim, quando existir prova de que
o réu foi o autor da supressão, responderá por tal delito; mas, se não tiver sido ele
o autor da adulteração, a posse ou o porte da arma com numeração suprimida ou
alterada tipificará a conduta do art. 16, § 1º, IV, do mesmo Estatuto.
´ O bem jurídico tutelado é a veracidade do cadastro das armas no Sinarm.
´ O crime pode ser cometido por qualquer pessoa.
´ Modificação de características da arma
´ Art. 16, § 1º. Nas mesmas penas incorre quem: (...)
´ II — modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la
equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar
ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;
´ É comum a conduta de serrar o cano de uma espingarda, tornando maior o
seu potencial lesivo. O dispositivo em análise pune o autor da modificação.
Qualquer outra pessoa que porte a arma já modificada, estará incursa no art.
16, caput, da Lei n. 10.826/2003 — porte de arma de fogo de uso restrito.
´ Tendo em vista a redação dada ao art. 16, § 2º, do Estatuto pela Lei n.
13.964/2019, caso a modificação faça a arma tornar-se equivalente a uma de
uso proibido, a pena será aquela do § 2º (4 a 12 anos).
´ Na segunda figura, o agente altera as características da arma para, por
exemplo, evitar que o exame de confronto balístico tenha resultado positivo.
Pela redação legal, o delito se caracteriza ainda que o agente não consiga
enganar a autoridade, perito ou juiz.
´ Trata-se de crime formal.
´ Posse, detenção, fabrico ou emprego de artefato explosivo ou
incendiário
´ Art. 16, § 1º. Nas mesmas penas incorre quem: (...)
´ III — possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário,
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;
´ Esse tipo penal, por ser mais recente e com pena maior, torna inaplicável o
art. 253 do Código Penal, no que se refere a artefatos explosivos. O art. 253 pune
com detenção, de seis meses a dois anos, e multa, quem fabrica, fornece,
adquire, possui ou transporta, sem licença da autoridade, substância ou engenho
explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material destinado à sua fabricação.
Embora o novo tipo penal não mencione alguns verbos contidos no art. 253,
como, por exemplo, “transportar” ou “adquirir”, a verdade é que tais condutas
estão abrangidas pelo verbo “possuir” existente na Lei n. 10.826/2003.
´ A Lei n. 10.826/2003 incrimina também a posse ou transporte de artefato
incendiário, como, por exemplo, de coquetel molotov. Como a Lei não menciona
substância, mas apenas artefato incendiário, a posse de álcool, evidentemente,
não caracteriza o delito.
´ A deflagração perigosa de fogo de artifício continua a configurar a
contravenção penal descrita no art. 28, parágrafo único, da Lei das
Contravenções Penais.
´ Posse ou porte de arma de fogo com numeração raspada ou adulterada
´ Art. 16, § 1º. Nas mesmas penas incorre quem: (...)
´ IV — portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com
numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou
adulterado;
´ Com a nova lei, todavia, a posse, ainda que em residência, ou o porte, de
arma de fogo com numeração raspada, por si só, torna a pena maior, pela
aplicação do dispositivo em análise. Por sua vez, se for também identificado o
próprio autor da adulteração, será ele punido na figura do art. 16, § 1º, I, da Lei n.
10.826/2003 — já estudado.
´ O delito em tela descreve as condutas típicas — portar, possuir, adquirir,
transportar e fornecer — e o objeto material — arma de fogo com numeração,
marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado.
Trata-se, portanto, de delito autônomo, que não guarda relação com a figura do
caput, de modo que se caracteriza quer seja a arma de fogo de uso permitido,
quer de uso proibido ou restrito. O próprio dispositivo não fez qualquer distinção.
´ Firmou-se entendimento no sentido de que haverá concurso formal de
crimes quando o agente portar uma arma com numeração raspada e outra com
a respectiva numeração, com o argumento de que os bens jurídicos tutelados
não são exatamente os mesmos. Veja-se: “Condenação pelos crimes dos arts.
12 e 16 da Lei n. 10.826/03. Reconhecimento de crime único em sede de
apelação. Restabelecimento do concurso formal. Precedentes. Embora as
condutas de possuir arma com numeração raspada e munições e acessórios
de uso permitido tenham sido praticadas em um mesmo contexto fático, houve
lesão a bens jurídicos diversos, pois o art. 16 do Estatuto do Desarmamento,
além da paz e segurança públicas, também protege a seriedade dos cadastros
do Sistema Nacional de Armas, sendo inviável o reconhecimento de crime
único” (STJ — AgRg no REsp 1732505/MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, 5ª Turma, julgado em 15/5/2018, DJe 25/5/2018). No mesmo sentido:
STJ — AgRg no REsp 1619960/MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
5ª Turma, julgado em 27/6/2017, DJe 1º/8/2017).
´ Venda, entrega ou fornecimento de arma, acessório, munição ou ex plo
sivo a menor de idade
´ Art. 16, § 1º. Nas mesmas penas incorre quem: (...)
´ V — vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo,
acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente.
´ Pela comparação desse tipo penal com outros da Lei n. 10.826/2003, pode-se
concluir que:
´ a) Quem vende, entrega ou fornece qualquer espécie de arma de fogo,
acessório ou munição, intencionalmente (dolosamente) a menor de idade, comete
o crime do art. 16, § 1º, V. O dispositivo se aplica qualquer que seja a arma de
fogo.
´ b) Quem deixa de observar as cautelas necessárias para impedir que menor
de idade ou deficiente mental se apodere de arma de fogo, que esteja sob sua
posse ou que seja de sua propriedade, responde pelo crime do art. 13. Trata-se
de conduta culposa. Se quem se apodera da arma é pessoa maior de idade, o
fato é atípico, porque a modalidade culposa não mencionou tal hipótese.
´ c) O sujeito que fornece, empresta ou cede dolosamente arma de fogo de uso
permitido a pessoa maior de idade pratica o crime do art. 14.
´ d) Quem fornece, empresta ou cede dolosamente arma de fogo de uso proibido ou
restrito a pessoa maior de idade incide no crime do art. 16, caput, ou § 2º.
´ Produção, recarga ou reciclagem indevida, ou adulteração de munição
ou explosivo
´ Art. 16, § 1º. Nas mesmas penas incorre quem: (...)
´ VI — produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar,
de qualquer forma, munição ou explosivo.
´ A finalidade desse dispositivo é a de abranger algumas condutas não
elencadas nos arts. 14 e 16 do Estatuto do Desarmamento, em relação a
munições e explosivos.
´ COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO
´ Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em
depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de
qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade
comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
´ Pena — reclusão de seis a doze anos, e multa.
´ § 1º — Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste
artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio
irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência.
´ § 2º — Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo,
acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes
elementos probatórios razoáveis de que a conduta criminal preexiste.
´ Objetividade jurídica: A incolumidade pública, no sentido de evitar que
armas ilegais, acessórios ou munições entrem em circulação. A pena do delito
foi aumentada com a aprovação da Lei n. 13.964/2019, que também inseriu o
delito no rol dos crimes hediondos.
´ Elementos do tipo: As ações nucleares são aquelas típicas de comerciantes
e industriais, como adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em
depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de
qualquer forma utilizar arma de fogo, acessório ou munição. O dispositivo não faz
distinção entre arma de uso permitido e restrito, mas o art. 19 da Lei determina
que a pena será aumentada em metade no último caso.
´ O elemento normativo do tipo está contido na expressão “sem autorização ou
em desacordo com determinação legal ou regulamentar”. Assim, comete o crime
o agente que não tem autorização para vender arma, ou aquele que descumpre
determinação legal, como, por exemplo, não mantendo a arma registrada em
nome da empresa antes da venda (art. 4º, § 4º, da Lei n. 10.826/2003), ou
vendendo munição de calibre diverso (art. 4º, § 2º); ou regulamentar, como no
caso do industrial que não fornece à Polícia Federal a relação de saída de armas
do estoque e os dados dos adquirentes e as características e dados do
armamento (art. 5º, § 1º, do Decreto n. 9.847/2019), ou do comerciante que não
encaminha à Polícia Federal ou ao Comando do Exército, em quarenta e oito
horas, a contar da venda, os dados identificadores da arma, da munição ou
acessório e de seu comprador (art. 5º, § 2º, do Decreto n. 9.847/2019).
Igualmente haverá crime na venda de munição sem a apresentação do registro
da arma, ou em quantidade superior à permitida etc.
´ O delito em análise é também crime de perigo abstrato e de mera conduta,
porque dispensa prova de que pessoa determinada tenha sido exposta a efetiva
situa ção de risco, bem como a superveniência de qualquer resultado.
´ Como se trata de tipo misto alternativo, a realização de mais de uma conduta
em relação às mesmas armas constitui crime único. Ex.: o comerciante que
compra, transporta e depois vende ilegalmente um determinado lote de armas. O
juiz pode, todavia, considerar tal circunstância na fixação da pena-base.
´ Sujeito ativo: Trata-se de crime próprio, já que o tipo penal exige que o delito
seja cometido por comerciante ou industrial.
´ Sujeito passivo: A coletividade.
´ Consumação: Tratando-se de crime de mera conduta, a consumação ocorre
no momento da ação, independentemente de qualquer resultado.
´ Tentativa: Em tese, é possível, como, por exemplo, tentar adquirir arma de
fogo.
´ Vedação de liberdade: provisória O art. 21 da Lei n. 10.826/2003 proíbe a
concessão de liberdade provisória ao crime em análise. O Supremo Tribunal
Federal, todavia, declarou a inconstitucionalidade desse dispositivo, em 2 de maio
de 2007, no julgamento da ADIn 3.112, de modo que o juiz pode conceder a
liberdade provisória aos autores desse tipo de infração penal, desde que
presentes os requisitos exigidos para o benefício pelo Código de Processo Penal.
´ Figura equiparada: De acordo com o § 2º do art. 17, “incorre na mesma pena
quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou
em desacordo com determinação legal ou regulamentar, a agente policial
disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de que a conduta
criminal preexiste”. A finalidade é evitar a alegação de crime impossível.
´ TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMA DE FOGO
´ Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território
nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem
autorização da autoridade competente:
´ Pena — reclusão de oito a dezesseis anos, e multa.
´ Parágrafo único — Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma
de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando
presentes elementos probatórios razoáveis de que a conduta criminal
preexiste.
´ Objetividade jurídica: A incolumidade pública, no sentido de evitar o
comércio internacional de armas de fogo, acessórios ou munições. A pena
deste crime foi aumentada pela Lei n. 13.964/2019, que também inseriu o
delito no rol dos crimes hediondos.
´ Elementos do tipo: Importar é fazer entrar a arma, acessório ou munição
no território nacional, e exportar é fazer sair. A lei também pune quem favorece
tal entrada ou saída, de modo que o agente é considerado autor, e não
partícipe do crime.
´ O dispositivo não faz distinção entre importação e exportação de arma de uso
permitido ou restrito, mas o art. 19 da Lei determina que a pena será aumentada
em metade no último caso (v. comentários)
´ O delito em análise é também crime de perigo abstrato e de mera conduta,
porque dispensa prova de que pessoa determinada tenha sido exposta a efetiva
situa ção de risco, bem como a superveniência de qualquer resultado.
´ Sujeito ativo: Pode ser qualquer pessoa. Trata-se de crime comum.
´ Se o delito for cometido por qualquer das pessoas elencadas nos arts. 6º, 7º e
8º da Lei, a pena será aumentada em metade (art. 20). Não se tratando de uma
dessas pessoas, mas sendo o agente funcionário público, responderá também
por crime de corrupção passiva, caso tenha recebido alguma vantagem para
facilitar a entrada ou saída da arma no território nacional.
´ Sujeito passivo: A coletividade.
´ Consumação: Quando o objeto material entra ou sai do território nacional. No
caso de importação, se o agente entra com a arma no Brasil e é preso na
alfândega, o crime já está consumado.
´ Tentativa: É possível.
´ Vedação de liberdade: provisória O art. 21 da Lei n. 10.826/2003 proíbe a
concessão de liberdade provisória ao crime em análise. O Supremo Tribunal
Federal, todavia, declarou a inconstitucionalidade.
´ Figura equiparada: De acordo com o parágrafo único do art. 18, “incorre
na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição,
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, a
agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis
de que a conduta criminal preexiste”. A finalidade é evitar a alegação de crime
impossível.
´ 11- CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
´ A Lei n. 10.826/2003, em dois artigos, determinou o acréscimo de metade da
pena para alguns de seus ilícitos penais:
´ Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da
metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso restrito ou proibido.
´ O acréscimo só é aplicável aos crimes de comércio ilegal (art. 17) e tráfico
internacional de armas de fogo (art. 18). O aumento decorre da maior lesividade
das armas de uso proibido ou restrito, assim definidas no art. 2º, II e III, do Decreto
n. 9.847/2019.
´ Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada
da metade se:
´ I — forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts.
6º, 7º e 8º desta Lei; ou
´ II — o agente for reincidente específico em crimes dessa natureza.
´ Essa regra vale para os crimes de porte ilegal de arma de fogo de uso
permitido (art. 14), disparo de arma de fogo (art. 15), porte ilegal de arma de uso
proibido ou restrito (art. 16), comércio ilegal (art. 17) e tráfico internacional de
armas de fogo (art. 18).