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MUSEU DE CIÊNCIAS NATURAIS DA


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
EXPOSIÇÃO TEMPORÁRIA

GUIA FOTOGRÁFICO
AVES DO LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL

CURADORIA ALICE PEREIRA


P436g Pereira, Alice.
Guia fotográfico: aves do Rio Grande do Sul. Exposição
temporária / Alice Pereira ; Maurício Tavares [revisão] ;
Lucas A. Morates [organizador]. –
Imbé, RS: Alice Pereira, 2018.
49 p. : il. color.

Exposição temporária do Museu de Ciências Naturais (MUCIN) da


Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) – Aves do litoral do
Rio Grande do Sul.

1. Aves litorâneas do Rio Grande do Sul. 2. Ecossistemas costeiros e


marinhos. 3. Tavares, Maurício. I. Morates, Lucas A. II. Título.

CDU 598.2(816.5) (036)

Ismael Cabral CRB 10/2484


MUSEU DE CIÊNCIAS NATURAIS DA 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO
GRANDE DO SUL 

EXPOSIÇÃO TEMPORÁRIA

GUIA FOTOGRÁFICO

AVES DO LITORAL DO RIO


GRANDE DO SUL

Alice Pereira

IMBÉ/RS 2018
REALIZAÇÃO
APRESENTAÇÃO
          O Museu de Ciências Naturais da Universidade Federal do Rio

Grande do Sul (MUCIN/UFRGS), faz parte do Centro de Estudos

Costeiros, Limnológicos e Marinhos – CECLIMAR, e tem sido desde sua

inauguração em 1983, um espaço de referência educativo-cultural no

Litoral Norte do Estado. Sua temática está relacionada às questões

ambientais, como a biodiversidade e a conservação dos ecossistemas

costeiros e marinhos.

          Para a exposição temporária de 2018, o tema escolhido foi o

grupo das aves. Algumas grandes, outras pequenas, algumas mais

coloridas que outras. Pernas compridas, pernas curtas, bico comprido,

bico pequeno. No ar, no mar, na terra. Por onde quer que andemos

sempre é possível avistar alguma ave, mesmo sem percebermos que é

enorme a diversidade desses animais que habitam os diferentes

ecossistemas do nosso planeta.

          Ao olharmos com atenção, é possível perceber peculiaridades de

cada uma delas, porém, há algumas características que só

descobrimos estudando-as. Para tanto, elaboramos a presente

exposição e este guia, no intuito de demonstrar alguns dos muitos

aspectos fascinantes sobre elas. Com enfoque no litoral do Rio Grande

do Sul, mais especificamente, nas aves

marinhas, limícolas e costeiras, exploramos um pouco dos hábitos e

características de cada grupo. Além disso, propomos

uma reflexão sobre o estado de conservação dessas aves e como

podemos colaborar para sua sobrevivência.

Com esse guia esperamos despertar o interesse para o conhecimento e

proteção desses animais.

Boa leitura!
Revisores
Aline Portella Fernandes

Daniela Martins

Ismael Cabral

Guilherme Tavares Nunes

Maurício Tavares

Fotografias
Alexandre Azevedo

Alice Pereira

Daniela Martins

Ignacio Benites Moreno

Maurício Tavares

Diagramação
Lucas Antonio Morates
A ZONA COSTEIRA
RIO GRANDE DO SUL
       A zona costeira do Rio Grande do Sul estende-se A zona urbana está invariavelmente sobre os campos

YROTS ERUTAEF
desde Torres até a Barra do Chuí, totalizando 620 km, e de  dunas, estendendo-se até as margens de lagunas

em alguns  setores, pode  alcançar mais de 100 km de ou sobre as dunas frontais. As  lagoas são  margeadas

largura (1). A região costeira é contínua lateralmente, por  banhados e marismas, que  também  podem

retilínea e  influenciada  por ventos dos  quadrantes SO- ocorrer nos campos de dunas em períodos de alta

NE, sendo também sua característica uma costa aberta precipitação (3, 4, 5). As  dunas  móveis   não  são

e dominada pela ação das ondas (2).  Além disso, a  vegetadas e são constantemente modificadas pelo

região  apresenta um complexo sistema do tipo  laguna- regime de ventos ao longo do ano (6). Os ventos de

barreira, em que   barreiras  arenosas aprisionam corpos sudeste no inverno e nor-deste no verão controlam o

lagunares de tamanhos variados.  Esses corpos d'água perfil da costa, bem como os alagamentos nas margens

podem estar isolados ou conectados por canais entre si, das lagoas. 

e formam uma bacia hidrográfica que se conecta com o        Esse ambiente entre a face  praial e a lagoa é rico

mar (3). em diversidade tanto florística quanto faunística: ofe-

       A planície costeira do RS é formada por um mosaico rece  alimento e lugares ideais para  ninhos  e tocas 

de ambientes composto por praias arenosas, lagoas, de aves, pequenos mamíferos, serpentes e lagartos e

lagunas, marismas, banhados, campos, dunas, e matas outros. Além do mais, os corpos d’água temporários

de restinga (3).  No entanto, esta disposição do  ambi- abrigam peixes sazonais e uma ampla diversidade de

ente costeiro é, em muitos locais,  interrompida devido à anfíbios (4), o que  também atrai uma ampla diversi-

urbanização. dade de aves.

Lagoa do Rincão

Lagoa do Cipó Campos Vegetados

Campos Arenosos

Lagoa da Porteira Face Praial

Oceano
Atlântico

Região da localidade de Quintão, litoral médio-leste.


Imagem Google Maps, 2018.
A ZONA OCEÂNICA DO
RIO GRANDE DO SUL
       No que tange à porção  oceânica do A biomassa de fito e zooplâncton gerada pela

YROTS ERUTAEF
nosso Estado, o  Rio Grande  do Sul está  inserido  abundância de nutrientes alimenta uma intrinca-

na Plataforma Sul. Esta região compreende a da teia trófica durante todo ano. Os índices de

porção continental entre o Cabo de Santa Marta, clorofila que identificam a abundância do fito-

no Estado de Santa Catarina (SC), e o Chuí (RS). plâncton são elevados durante o final de inverno

Além de incluir a porção arenosa da costa, a e primavera (8).  A biomassa de zooplâncton é

Plataforma Sul estende-se mar adentro até o mais alta nas águas costeiras durante o verão e

limite de 200 m de profundidade, o que se dá nas águas oceânicas durante o inverno (9). Esses

entre 120-200 km de  distância da costa (7).  As organismos sustentam uma grande biomassa de

águas costeiras e oceânicas dessa unidade são peixes, o que pode ser observado  na abundância

influenciadas pela confluência da Corrente Marí- de pescarias que ocorrem no RS, um importante

tima do Brasil,  vinda do nordeste do país, e das polo pesqueiro no Brasil. A alta produtividade

Malvinas, vinda do sul da América  do Sul. A biológica na Plataforma Sul, devido às caracterís-

primeira é uma massa de águas tropicais e a ticas oceanográficas descritas, torna-se impor-

segunda de águas subantárticas, e a resultante tante área de alimentação para diversos orga-

de sua convergência são águas ricas em nutrien- nismos, entre eles as aves marinhas (10, 11, 12).

tes, de características  oceanográficas únicas (4).

Corrente do Brasil

Rio Grande do Sul Oceano


Atlântico

.
Corrente das Malvinas
Imagem Google Maps, 2018.
AVES
MARINHAS
           São todas aquelas que dependem do am-              Algumas das adaptações cruciais das aves 

biente marinho para alimentação, e devido ao alto para sobreviver neste ambiente inóspito são:  

nível de adaptação para esse ambiente, não so- a) Ponta do bico em a forma de gancho  que possi-

breviveriam longe dele. Passam a maior parte da bilita a captura de presas rápidas e lisas, como pei-

sua vida deslocando-se pelos oceanos, permane- xes e lulas.

cendo em terra firme apenas no período reprodu- b)Glândulas de sal que retiram o excesso de cloreto

tivo. Quase todas as aves marinhas reproduzem-se de sódio do sangue. Essas glândulas  situam-se em

em ilhas oceânicas ou costeiras. Raras exceções  uma cavidade entalhada no crânio e posicionada so-

como os pinguins reproduzem em faixas costeiras bre cada órbita. O sal ingerido via alimentação é

desabitadas. A reprodução ocorre apenas uma excretado em forma de solução concentrada pelas

vez ao ano e em algumas espécies de albatrozes narinas.

é bianual. O casal formado pode se repetir por c)   As patas são palmadas , ou seja, possuem uma

toda vida dos indivíduos, ou no mínimo por toda a membrana entre os três dígitos anteriores. Elas exer-

estação reprodutiva. O cuidado parental pelo ca- cem função de remo, auxiliando na natação, na de-

sal é fundamental para garantir a sobrevivência colagem e no pouso dessas aves no mar.

do filhote em um ambiente de recursos de difí- d)   A forma da asa proporciona economia de energia

cil aceso e diversos predadores. Em geral, geram durante o voo. Em oceano aberto e também nas bor-

apenas um filhote em cada estação. Algumas das das ilhas predominam ventos fortes e constantes

espécies colocam um ovo a mais, chamado de que servem de “combustível” para o voo dessas aves.

"ovo de segurança", porém dificilmente conse- Ao invés de baterem asas constantemente, os alba-

guem sustentar dois filhotes. A reprodução se da trozes, pardelas e petréis  planam nessas correntes

na primavera/verão, de acordo com o hemisfério de vento. Os pinguins são aves exclusivamente mer-

de origem da ave (13, 14, 10, 15). gulhadoras-propulsoras, deslocando-se como se

        "voassem" embaixo d'água. Para tal, suas asas são

em forma de nadadeiras como as dos golfinhos.


Albatroz-de-
nariz-amarelo
Thalassarche chlororhynchos

É uma das espécies de albatroz mais

abundante nas águas do Rio Grande

do Sul junto do albatroz-de-

sobrancelha. Nidifica apenas no

Oceano Atlântico Sul, nas ilhas

subantárticas do Arquipélago de

Tristão da Cunha e na ilha de Gough.

Forrageia principalmente no Atlântico

Sul, ocorrendo desde águas costeiras à

águas profundas. Prefere águas mais

quentes, sendo dominante nas águas

oceânicas do sudoeste do Atlântico,

quando a corrente do Brasil (quente) é

mais intensa. É o menor dos albatrozes

de seu gênero, com média de

envergadura de 1,8 metros.

 Exibe diferentes estágios de

plumagem e coloração de bico ao

longo da vida. O adulto (foto)

apresenta o dorso do bico de um

amarelo brilhante, a ponta rósea e as

laterais do bico e mandíbula negras. 

Atinge a maturidade sexual a partir dos

5 anos. Reproduz-se anualmente e a

postura é de somente um ovo.

Foto: Ignacio Benites Moreno


Albatroz-de-nariz-amarelo
Thalassarche chlororhynchos
Foto: Ignacio Benites Moreno
Albatroz-de-
sobrancelha
Thalassarche melanophris

Um dos albatrozes mais comuns nas

águas do Atlântico Sul. Utilizam as

águas do sul do Brasil como área de

invernagem (fora do período

reprodutivo), e é durante os meses de

maior intensidade da Corrente das

Malvinas/Falkland em que são mais


Indivíduo jovem
comuns. O período reprodutivo ocorre

entre setembro e abril. A maior parte

das aves que frequentam a Plataforma

Sul nidifica nas Ilhas Malvinas/ Falkland.

 O albatroz-de-sobrancelha pode

atingir a envergadura de 2 metros

e massa corporal em torno de 2 quilos.

Também apresenta diferentes 

plumagens e colorações de bicos

relacionadas a idade da ave. O

indivíduo adulto (foto) exibe o bico

amarelo-alaranjado com ponta rósea.

Pode atingir a maturidade sexual a

partir dos 7 anos, quando finalmente

volta ao lugar em que nasceu para

acasalar.

Indivíduo adulto

Foto: Daniela Martins (acima) Ignacio Benites Moreno


Albatroz-de- sobrancelha
Thalassarche melanophris
Foto: Ignacio Benites Moreno
Petrel-grande
Macronectes giganteus

Restrito ao Hemisfério Sul, o

petrel-grande é migrante austral,

ocorrendo na Plataforma Sul

durante os meses de inverno. Os

juvenis são mais frequentes de

serem avistados do que os adultos

fora da temporada reprodutiva. É

carniceiro de aves e mamíferos

marinhos mortos ou moribundos.

Preda ovos e filhotes de outras

aves,  além de alimentar-se de

peixes. Pinguins são parte

importante de sua dieta. Nidifica

nas ilhas de Geórgia do Sul,

Malvinas/Falkland, Gough e ilhas

próximas ao continente Antártico.

Possui plumagem diferenciada

entre o jovem e o adulto, assim

como os albatrozes. Também se

assemelham no porte aos

albatrozes menores, com uma

envergadura média de 1,8 metros,

podendo pesar quase 3 quilos de

massa corporal.

Foto: Alice Pereira


Petrel-grande
Macronectes giganteus
Foto: Alice Pereira
Indivíduo adulto
Pinguim-de-
Magalhães
Spheniscus magellanicus

       A espécie reproduz-se tanto no Oceano

Atlântico, ao longo da costa da Argentina e

Ilhas Malvinas/Falkland, como também no

Oceano Pacífico, no Chile. Os indivíduos da

costa Atlântica iniciam sua migração de inverno

saindo de suas colônias em meados de março

dirigindo-se para norte do continente sul-

americano, chegando ao litoral do Uruguai e

Brasil. Retornam em meados de setembro para

as colônias de origem. O sul do Brasil é área de

invernada e importante área de alimentação

para jovens e adultos. O Rio Grande do Sul é

o Estado brasileiro com  maior incidência dessas

aves em suas águas, bem como de carcaças

encontradas nas praias.

A maior parte dos indivíduos de pinguim-de-

Magalhães encontrados mortos e recebidos

vivos em centros de reabilitação no Brasil é de

jovens no primeiro ano de vida. A partir dos 5

anos estão aptos para reprodução. A postura é

de um a dois ovos, sendo que tanto macho

quanto fêmea cuidam ativamente dos ovos e

filhotes. Como outras aves marinhas, são

longevas.

Foto: Alice Pereira


Indivíduo jovem

Pinguim-de-Magalhães
Spheniscus magellanicus
Foto: Ignacio Benites Moreno
Bobo-pequeno
Puffinus puffinus

Migrante do Hemisfério Norte, realiza

migrações transequatoriais vindos de

suas colônias na Europa, na Islândia e

nas Bermudas. Fogem do inverno boreal

migrando para as águas argentinas e

são encontrados nas águas do Rio

Grande do Sul durante os meses de

setembro a novembro. Podem cobrir

mais de 7500 km em seis dias, somente

na vinda para costa argentina. Podem

realizar um percurso muito maior no

retorno, passando ao longo de toda

costa brasileira e pelas ilhas do Caribe.

É pequeno, com 35 cm de comprimento

e em média 300 g. Nidifica em buracos

escavados pela própria ave. A ave mais

velha anilhada, recapturada em 2002,

tinha 55 anos. Alimenta-se de peixes e

crustáceos.

Foto: Alexandre Azevedo


Bobo-pequeno
Puffinus puffinus
Foto: Maurício Tavares
Aves Limícolas

        As aves limícolas pertencem a ordem dos  A migração acontece em função da escassez

Charadriiformes. Nidificam em praias arenosas de alimento nos locais onde essas aves

ou rochosas, mas é muito comum a nidificação nascem  e reproduzem.  O inverno rigoroso

próxima à lagos, lagoas e rios interioranos (16, das regiões austrais e boreais os impulsiona 

17). As espécies limícolas que realizam migra- a buscar alimentos em regiões em que presas

ções  longas, em sua maioria, são oriundas do similares são abundantes. Assim, uma grande

Hemisfério Norte, onde nidificam na região jornada se dá, sincronizada com cada pico

da tundra ártica. Algumas espécies são oriun- de abundância de presas em seus locais de

das do extremo sul do Hemisfério Sul (18). Mas, parada/alimentação.

por que essas aves, em geral, tão pequenas          Existem espécies de aves limícolas re-

(como o maçarico-de-sobre branco, que mede sidentes no Brasil, como a narceja (Gallinago

entre 13 e 15 cm de comprimento) deslocam-se paraguaiae) e a batuíra-de-coleira (Chara-

para tão longe de onde nascem e se reprodu- drius collaris). 

zem?
Batuíra-de-bando
Charadrius semipalmatus

    Migrante do Hemisfério Norte, é uma espécie comum em praias arenosas e lodosas ao

longo da costa brasileira. Abundantes no outono, o pico de indivíduos registrados na La-

goa do Peixe, no litoral médio do Rio Grande do Sul, em abril registrou 767 indivíduos (19).

Chegam a América do Sul a partir de setembro e a preparação para o retorno aos sítios

reprodutivos começa em março e dura até maio, quando essas aves deixam o continente

sul-americano. Alguns indivíduos podem ser vistos durante o restante do ano, esperando o

próximo período reprodutivo. Reproduzem-se em junho na região ártica. Medem entre 17 e

Foto:  Daniela Martins


19 cm de comprimento. Apresentam um colar negro no peito, pernas alaranjadas e as

patas semipalmadas, ou seja separadas parcialmente por uma membrana de pele entre os

dedos. Os indivíduos reprodutivos, apresentam a base de seu pequeno bico alaranjada e o

restante é todo negro. Durante esse período, a porção branca da testa e fronte é mais

estreita, dando lugar a um margeado negro acima do bico, na testa e olho. Os indivíduos

fora do período reprodutivo têm bico acinzentado e a fronte com uma larga área branca.

A plumagem do dorso e peito é similar à reprodutiva, mas em geral, menos viva e mais

acinzentada nas porções negras.


Batuíra-de-coleira
Charadrius collaris

    Esta batuíra é residente e reproduz-se nas dunas costeiras ao longo da costa do RS.

O pico de abundância desses indivíduos na beira da praia é entre abril e maio, quando

os jovens deixam os ninhos e se juntam aos pais forrageando ao longo da costa. Possui

um colar negro no peito, mas diferente da batuíra de bando, esse colar não se com-

pleta no dorso. A fronte é branca e a testa possui uma larga banda negra, também di-

ferente da batuíra-de-bando. O topo da cabeça e nuca exibe cor marrom-acanelada.

O dorso é acinzentado e o bico negro, com um traço alaranjado na base da mandíbu-

la. Indivíduos reprodutivos e não-reprodutivos são iguais, já os jovens são acinzenta-


Foto:  Alice Pereira (esq.) Daniela Martins (dir.)

dos, sem qualquer traço de cor negra no colar e na testa. Mede 15 cm.
Maçarico-branco
Calidris alba

      É uma das espécies mais abundantes no Brasil em seu período migratório. Fedrizzi

(2008) registrou 7.000 indivíduos em abril do Arroio Chuí a Mostardas, no RS. Em dezem-

bro, durante a migração para o sul da América do Sul, foi o mais abundante na Lagoa do

Peixe, sendo registrados 4.000 indivíduos. Nidifica em áreas ao longo do Círculo Polar

Ártico, voando em média 25 mil km até chegar à sua área de invernagem na Terra do

Fogo, extremo sul da América do Sul. A reprodução ocorre em junho, e em agosto já po-

dem ser encontrados no Brasil, sendo abundantes em novembro no RS e depois no final

Foto: Maurício Tavares


de abril, quando estão retornando para o Ártico. Mede entre 20 e 21 cm, e a massa é

bastante variável, podendo pesar quase 100 g quando prestes a se reproduzir e 40 g

quando em fase de engorda. A plumagem não reprodutiva é marcada pelo dorso acin-

zentado com porções pardas, peito e ventre brancos. Quando reprodutivo, o maçarico-

branco exibe um tom avermelhado no dorso. As patas e o bico são negros.


Maçarico-grande-de-
perna-amarela
Tringa melanoleuca

     Migrante do Hemisfério Norte, o RS faz parte do limite meridional de sua área de mi-

gração, ocorrendo em menores números se comparados a registros no norte do Brasil e

países do norte da América do Sul. Reproduz-se em maio e junho no Canadá, apare-

cendo no Rio Grande do Sul a partir de agosto e voltando para o Canadá a partir de

março. No entanto, alguns indivíduos podem permanecer nos locais de invernada o ano

todo. Costuma permanecer bastante tempo junto aos sangradouros que desembocam

na beira da praia. Mede entre 29 e 33 cm. Pode ser confundido com o maçarico-de-
Foto: Maurício Tavares (esq.) e Alice Pereira (dir.)

perna-amarela (Tringa flavipes) ao primeiro olhar, no entanto este último é menor, entre

23 e 25 cm de comprimento.
Batuíra-de-peito-tijolo
Charadrius modestus

     Migrante do sul da América do Sul, é comum no outono na Lagoa do Peixe,

representando 5% do total de aves limícolas registradas. Ao longo da costa é

menos abundante, sendo registrada de abril a junho. Nas áreas de invernada

prefere alagados lodosos, banhados, sangradouros e, em menor abundância,

na porção arenosa da face praial.  Migram dos locais reprodutivos como Terra

do Fogo, sul da Argentina e ilhas Malvinas/Falkland para o norte entre março e

abril, retornando entre o final de agosto e setembro. No RS é geralmente vista

Foto: Alice Pereira


em plumagem não nupcial (foto), em que o peito cor de tijolo não está presen-

te. Nenhuma outra espécie migrante austral é similar a esta. Mede de 19 a 22

cm.
Maçarico-de-sobre-branco
Calidris fuscicollis

     Migrante do Hemisfério Norte. É considerado comum durante a primavera e outono no

RS, meses em que se desloca para o sul da América do Sul e passa pelo RS retornando

para as colônias reprodutivas, respectivamente. Na Lagoa do Peixe,  Fedrizzi (2008)

registrou o pico de 14.000 indivíduos em novembro e pouco mais de 8.000 em abril. Nidifi-

ca entre junho e agosto na tundra ártica, geralmente próximo à costa. A característica

principal deste maçarico é a faixa branca na região do uropígio (acima da cauda), que

pode ser vista quando a ave alça voo. Apresenta também uma faixa branca acima do

supercílio, ventre branco e peito manchado de marrom. Dorso amarronzado, pés e bico
Foto: Maurício Tavares

pretos. Indivíduos não reprodutivos exibem plumagem similar, porém mais pálida e

acinzentada. Entre 15 e 18 cm de comprimento.


Foto: Daniela Martins 

A longa jornada do 


maçarico-de-papo-vermelho
      Pesquisadores do projeto Shorebird    O maçarico-do-papo-vermelho (Calidris

Recovery (EUA) equiparam 47 maçaricos-de- canutus) mede entre 23 e 25 cm de compri-

papo-vermelho com geolocalizadores em mento e sua envergadura é de no máximo

sua parada anual na Baía de Delaware, 18 cm. Seu peso é variável, dependendo do

Estados Unidos. O que eles descobriram foi estado corporal ao longo migração. Pode

impressionante: os pequenos maçaricos ser visto ao longo das praias do RS em duas

viajaram 26.700  quilômetros em um ano. Os épocas do ano: entre agosto e novembro,

dados revelaram que durante a migração quando se dirigem para passar o inverno no

para o sul, tempestades tropicais forçaram extremo sul da Argentina; e entre fevereiro

as aves a tomarem rotas mais distantes. O e abril, quando voltam para suas áreas

novo caminho custou preocupante perda de reprodutivas no Canadá.

energia para seguirem sua jornada. Um dos    Para esta ave, o RS serve como área de

maçaricos desviou-se em mais de 1.400 km condicionamento, em que adquirem reserva

de sua rota original. de energia para migração e realizam a

       O aquecimento global sugere um au- muda da plumagem de descanso (acinzen-

mento no número e na intensidade de tem- tada) para a pré-nupcial, com seu alaran-

pestades tropicais, o que será devastador jado característico em todo o corpo, no

para essas aves costeiras em sua migração retorno para o Ártico.

para o Hemisfério Sul.


Aves Costeiras
          Não há uma definição única e bem definida         Sendo a zona costeira um ambiente que pro-

para o termo "ave costeira". As aves limícolas po- gressivamente se torna urbano, algumas dessas

dem ser consideradas aves costeiras e algumas aves se adaptaram a essa mudança. Espécies

aves consideradas marinhas também podem ser oportunistas como garças e gaivotas aproveitam

tidas como costeiras. Para este guia, considera- resíduos deixados pelos humanos nas praias. A

mos como aves costeiras todas aquelas que vemos pesca artesanal e esportiva é um prato cheio para

com frequência utilizando a faixa de praia ou am- os biguás, gaivotas, garças e savacus. Essas aves

bientes associados. Neste sentido, reunimos as permanecem de tocaia junto aos pescadores

garças, savacus e socós (Pelecaniformes), o cabe- esperando algum peixe por ventura deixado de lado

ça-seca, e o joão-grande (Ciconiiformes), os ou especialmente lançado a elas como regalo.

mergulhões (Podicipediformes), os biguás (Sulifor-           No Litoral Norte, a barra do Rio Tramandaí

mes) e também os Charadriiformes como o per- reúne de maneira especial diferentes aves costeiras.

nilongo-de-costas-brancas, o piru-piru, o talha- Podem ser vistas ali comumente as garças, gaivotas,

mar, os trinta-réis e as gaivotas. savacus e biguás que se aproveitam da interação

         O que estas aves, embora morfologicamente com os pescadores, como também diferentes espé-

distintas, tem em comum? Elas encontram na re- cies de trinta-réis, mergulhando feito um pequeno

gião costeira, seja na face praial, seja nas lagoas torpedo em busca de pequenos peixes, e grupos de

e campos de dunas, alimento abundante, locais talha-mar cortando a superfície da água com seus

ideais para construção de seus ninhos e ponto de bicos especializados. 

descanso durante os movimentos de dispersão.


Mergulhão-grande
(Podicephorus major)

seravaT oicíruaM :otoF


Os mergulhões, da ordem Podicipediformes, são aves altamente

adaptadas ao ambiente aquático. Possuem uma plumagem densa,

similar à plumagem dos pinguins. Suas asas são extremamente

reduzidas, estando no limite da capacidade de proporcionar o voo.

Por isso, decolam com dificuldade e se mantém voando por meio

de muitas batidas de asa . As patas são posicionadas atrás do

corpo, o que praticamente impede essas aves de caminhar. As

patas são lobadas, funcionando como uma hélice durante o nado.

Essas adaptações pouco úteis em terra são perfeitas para a vida

aquática.  Alimentam-se de peixes, crustáceos e vegetais.

Foto: Alice Pereira Ocorrem em lagoas, lagos, estuários e também no mar esporadi-

camente. O mergulhão-grande nidifica entre outubro e novembro

no RS e pode migrar para o Sudeste do Brasil no inverno.


Biguá
(Nannopterum brasilianus)

Foto: Ignacio Benites Moreno

O biguá é também conhecido por mergulhão e cormorão. O bico é

amarelo acinzentado e os olhos azuis. Quando encontra-se no

período reprodutivo, apresenta um tufo de penas brancas alongadas

na região auricular. O indivíduo jovem é mais acinzentado. É

encontrado tanto em água doce de alagados interioranos como no

mar e lagoas costeiras. Tem massa corporal em torno de 1,5 quilos e

sua envergadura pode chegar a 100 cm. É frequentemente encon-

trado em terra firme de asas abertas, balançando-as continuame-

nte. Este hábito é comum para que após a natação sequem suas

Foto: Alice Pereira


penas, que apresentam baixa impermeabilização. Alimenta-se de

peixes e crustáceos, mas é oportunista, podendo alimentar-se de

descartes de pescarias, rãs e insetos aquáticos. Pode mergulhar a

mais de 20 metros de profundidade!


Jaçanã
(Jacana jacana)

Indivíduo jovem

Foto: Alice Pereira


   A jaçanã (Jacana jacana, Jacanidae), é uma uma ave típica de ambientes alagados, como

banhados, marismas, manguezais, sangradouros e estuários. As pernas e, principalmente, os

dedos das patas são extremamente alongados, o que permite que essa ave caminhe sobre a

vegetação (e.g. aguapés, alface-d'água, ninféia) em busca de alimento na superfície da

água. Nesse ambiente busca por insetos, pequenos peixes, moluscos e sementes. O indivíduo

jovem (foto acima) difere do adulto, que exibe a cabeça, o pescoço, o peito e o ventre

negros. O dorso e as penas do dorso da asa (coberteiras) são de cor castanha, mas as penas

de voo (rêmiges) são amarelo-pálidas, sendo vistas quando a ave abre suas asas para alçar

voo. Possui um esporão em cada asa para a sua defesa, assim como os populares quero-

queros. Mede entre 22 e 24 cm de comprimento. Podem ser migratórias fora do período

reprodutivo, deslocando-se entre áreas úmidas em busca de alimento.


Marreca-piadeira
(Dendrocygna viduata)

Indivíduo jovem

Foto: Daniela Martins

   Os patos pertencem à ordem Anseriformes e as

marrecas-piadeiras são bastante comuns nas lagoas e

banhados da zona costeira. Muitas vezes sobrevoam o

mar e também podem ser encontradas pousadas na

beira da praia. As marrecas-piadeiras também são

chamadas de irerê, medem 44 cm e alimentam-se

diretamente na água: comem  invertebrados aquáti-

cos, plantas submersas, girinos e alevinos. São bas-

Foto: Alice Pereira


tante ativas no crepúsculo e seu canto característico

pode ser ouvido, principalmente quando sobrevoam 

as cidades dirigindo-se às áreas de descanso.


Maria-faceira
(Syrigma sibilatrix)

Foto: Daniela Martins (esq.) Alice Pereira (dir.)

A garça maria-faceira é única em seu padrão de plumagem e coloração do bico. Em período

reprodutivo as cores se apresentam ainda mais vivas. O indivíduo jovem tem coloração similar

a do adulto, porém é mais esmaecida. É comum em banhados, arrozais e campos secos.

Visita solos recém arados em busca de minhocas e outros invertebrados. Nos terrenos alaga-

diços captura anfíbios, pequenos peixes e insetos. Pode alimentar-se de cobras e roedores

também. O nome desta ave em inglês é whistling heron, traduzindo perfeitamente o seu

canto característico, similar a um melodioso assobio. O seu canto é bastante diferente das

demais garças. Sick (2001) detalha que no seu voo, a maria-faceira encolhe menos o pesco-

ço do que as demais garças. Mede 53 cm.


Garça-branca-grande
(Ardea alba)

Foto: Alice Pereira

   Ave comum em todo o Brasil junto a corpos d'água. Na zona

costeira é frequente nos estuários, alagados e banhados. É

menos frequente na beira do mar, em comparação à presença

da garça-branca-pequena. Quando em seu período reprodu-

tivo (primavera/verão) apresenta um véu formado por longas

penas que lembram o esqueleto de folhas (filigrana), chama-

das de egretas. Seu pescoço é longo e seu bico exibe forma

de lança, facilitando na captura de animais aquáticos. É ge-

neralista e oportunista, alimentando-se de peixes, rãs, insetos,

cobras e até descarte de alimento.  Costuma manter-se perto

dos pescadores à espera de peixes descartados por eles, ou

mesmo para furtar algum desavisado. Seu canto é um grasna-

do baixo e rouco. Mede entre 80 e 100 cm. À noite empolei-

ra-se em árvores e arbustos próximos a corpos d’água.


Foto: Daniela Martins
Gaivotão
(Larus dominicanus)

Indivíduo jovem
Foto: Ignacio Benites Moreno

Indivíduo adulto
    É uma ave muito comum em todo o litoral do RS, sendo a gaivota

de maior porte (58 cm) entre as espécies que ocorrem no Estado.

Pode ser vista o ano todo, entretanto, grandes bandos são mais co-

muns no outono e inverno. Os jovens (foto acima) exibem diferentes

tipos de plumagem até chegar a plumagem do adulto (foto à esq.)

São oportunistas e generalistas, podendo se aproveitar dos descar-

tes de peixes, resíduos urbanos, carcaças de mamíferos e aves ma-

rinhas, crustáceos, insetos. As aves que nidificam no inverno nas

Foto: Daniela Martins ilhas da região sul-sudeste do Brasil (e.g. Santa Catarina) são mais

comuns no RS na primavera e verão. As populações austrais que

nidificam na primavera no Uruguai e na Argentina são migrantes de

inverno em nosso Estado. 


Tapicuru-de-cara-pelada
(Phimosus infuscatus)

Foto: Daniela Martins

   Sua característica mais marcante é o bico curvado e a face des-

provida de penas. É comum em alagados de água doce e salobra.

Também pode ser encontrado em campos recém arados e quintais,

perfurando o solo em busca de invertebrados enterrados. Alimenta-

se também crustáceos, moluscos e matéria vegetal. Nidifica em

juncais. No final da tarde costumam a voar aos bandos deslocando-

se para sua área dormitório. É migratório. Mede 54 cm, a plumagem

do juvenil é similar ao adulto. Também conhecido no Rio Grande do

Sul como maçarico-de-cara-pelada, ou somente maçarico. Quando

Foto: Alice Pereira desloca-se em bandos cruzando os céus, muitas vezes é confundido

com os biguás. A diferença maior é o ritmo de voo, sendo que o

tapicuru bate pouco e graciosamente as asas ao voar.


Pernilongo-de-costas-brancas
(Himantopus melanurus)

Foto: Alice Pereira

    Também chamado apenas de pernilongo ou pernalonga, é

residente no RS e pode habitar tanto a região costeira como

açudes, lagos e outros alagados interioranos. É localmente

migratório. Nidifica em terrenos brejosos e o seu ovo é similar

ao do quero-quero. Na beira da praia alimenta-se de inverte-

brados bentônicos, podendo estar solitário ou em bando.

Grandes grupos reúnem-se ao longo dos sangradouros que

Foto: Alice Pereira desembocam no mar, alimentando-se de larvas de insetos,

moluscos e crustáceos. Mede 38 cm de comprimento e suas

pernas em média 16 cm. O indivíduo jovem exibe plumagem

mais amarronzada nas porções negras.


Trinta-réis-de-bando
(Thalasseus acuflavidus)

Foto: Ignacio Benites Moreno

     O trinta-réis-de-bando, muitas vezes chamado também de trinta-réis-de-bico-amarelo é uma

espécie migratória no RS, proveniente de outros países do norte da América do Sul como de outros

estados brasileiros. Nidifica em ilhas costeiras em Santa Catarina e Espírito Santo, entre maio e

setembro. Este trinta-réis em seu período reprodutivo exibe toda a cabeça negra. A medida que vai

saindo do período reprodutivo, a fronte vai tornando-se paulatinamente branca e assim permanece

durante o descanso reprodutivo (plumagem de eclipse). O amarelo do bico é bastante variável:

pode mostrar-se todo amarelo, manchado de negro (foto acima) e quase todo negro com

pequenas porções amareladas. É característico o seu topete nucal, muitas vezes arrepiado. Não é

raro encontrar o trinta-réis-de-bando em meio a outros grupos de espécies, como o trinta-réis-de-

bico-vermelho, gaivotas, talha-mar, pousados em bando na  beira do mar. Mede 41 cm de compri-

mento. Alimenta-se de peixes, lulas e crustáceos, mergulhando como um torpedo na superfície do

mar ou das águas estuarinas.


Talha-mar
(Rynchops niger)

Foto: Ignacio Benites Moreno (dir.) Daniela Martins (esq.).

     O talha-mar é conhecido pela sua singular adaptação: o bico. A ranfoteca mandibular é mais

longa que a maxilar, além de ambas as porções serem extremamente comprimidas lateralmente.

Assim, a ave sobrevoa rente à superfície da água, enquanto "corta" a água com seu bico. Ao

encontrar uma presa próxima à superfície, a ave pinça-a. O bico é rico em enervações, o que

possibilita-a pelo tato identificar a sua presa. Alimenta-se de peixes e camarões, geralmente à

noite e no crepúsculo. Tão extrema é esta adaptação que o talha-mar não poderia alimentar-se de

outra forma, por exemplo escavando o solo. Nidifica em pequenos buracos escavados na areia, na

Amazônia, região Centro-Oeste e também no RS. O comprimento médio é de 50 cm, exibe asas

longas e estreitas, e sua cauda é bifurcada e as pernas são curtas com pés palmados. Grandes

bandos podem ser vistos na Lagoa do Peixe no verão, bem como nas desembocaduras de sangra-

douros ao longo de todo litoral do Rio Grande do Sul.


Gaivota-maria-velha
(Chroicocephalus maculipennis)

Foto: Alice Pereira

   Menor que o gaivotão, mede 53 cm. Durante o período

reprodutivo, apresenta um capuz cor de café cobrindo

toda a sua cabeça, por isso também é conhecida como

gaivota-capuz-café (foto acima). No repouso reproduti-

vo, exibe a cabeça branca com manchas cinzas disper-

sas, dando-lhe um aspecto grisalho. O mais marcante

desta fase é a mancha negra auricular (foto à esq.). É

comum em nosso litoral aos bandos. Também frequenta

Foto: Alice Pereira alagados interioranos. Alimenta-se de peixes e ocasio-

nalmente de insetos e suas larvas.  É migratória, ocorren-

do na Argentina, Uruguai, Chile e Brasil, e nidificando

nas porções austrais da América do Sul. No RS, pode

nidificar nos banhados durante o mês de novembro.


Garça-branca-pequena
(Egretta thula)

Foto: Daniela Martins

    Esta ave é muito comum à beira mar, como também em estuários e manguezais. Frequenta  tam-

bém alagados interioranos. É bem menor que a espécie anterior, por isso muitas vezes é confundida

como “filhote” da garça-branca-grande (Ardea alba). O bico e as pernas são pretos e patas amare-

las. Também forma as egretas no período reprodutivo. Ao contrário de outras aves que utilizam a

glândula uropigial para espalhar o óleo que impermeabiliza suas penas, as garças impermeabilizam-

se com um pó liberado por plumas localizadas nas laterais do corpo. Alimenta-se de peixes, crustá-

ceos, insetos, anfíbios e répteis. Pescam utilizando o balançar da pata dentro d’água como isca, re-

volvendo uma pequena quantidade de substrato de fundo e confundindo os curiosos peixes que se

aproximam. Seu comprimento médio é de 54 cm, seus ninhos são construídos em arbustos próximos à

água e seus ovos apresentam cor verde-azulada.


Savacu
(Nycticorax nycticorax)

Indivíduo adulto

Foto: Ignacio Benites Moreno

     É uma ave de hábitos noturnos e crepusculares, pouco ativa

durante o dia. O bico e pernas  são robustos. Os indivíduos jovens

são bastante diferentes dos adultos em sua plumagem: são carijós

(foto à esq., indivíduo abaixo). Seu canto é comum de ser ouvido à

noite em cidades da costa brasileira. Ocorre em todo o Brasil. Fre-

quenta a beira mar, os estuários, manguezais, rios e lagos. Em sua

dieta estão os peixes,  crustáceos, anfíbios e répteis. O savacu

têm o hábito de permanecer próximo aos pescadores esperando

algum petisco, ou mesmo pode tentar furtar algum peixe quando

sente que o pescador se distraiu. A reprodução acontece de se-


Indivíduo jovem (abaixo)
tembro a janeiro. Seus ninhais ficam juntos de outras aves como

Foto: Alice Pereira garças e socós. O savacu também é chamado de garça-noturna.


Piru-piru
(Haematopus palliatus)

Foto: Maurício Tavares

      É uma ave costeira e estuarina, comum durante o ano to-

do ao longo da orla do RS. Distribuem-se em grandes bandos

próximos aos sangradouros. Também é chamado de ostreiro,

pois alimenta-se de bivalves, principalmente do marisco-bran-

co (Mesodesma mactroides) no RS. Pode alimentar-se de gas-

trópodes e crustáceos. Com seu potente bico corta a muscu-

latura que controla a abertura da concha do bivalve, sepa-


Foto: Maurício Tavares
rando as valvas para acessar o corpo mole do marisco. É resi-

dente e nidifica nos campos arenosos vegetados próximos à

beira-mar. O comprimento médio do piru-piru é de 40 cm e

tanto as pernas como o corpo é robusto. O indivíduo jovem

exibe o dorso mosqueado de branco, e o bico e as pálpebras

são de um vermelho-alaranjado (foto à esq.)


AMEAÇAS
AS AVES DO AMBIENTE
MARINHO E COSTEIRO
A zona costeira é uma das áreas de maior tráfego do País.

Apresenta intensa atividade de comércio e transportes,

além do impacto pela exploração do petróleo.

A zona costeira do Brasil abrange 17 estados , e s u a f a i x a


c o n t i n e n t a l a b r i g a 13 das 27 capitais brasileiras ,

i n c l u i n d o regiões metropolitanas   e m q u e v i v e m m i l h õ e s

de pessoas.
PESCA

Foto: Camila T. Rigon


  Os petrechos utilizados para
         A pesca comercial  é responsável por parte da mortalidade
pescar também são um problema
de aves marinhas. Mesmo não sendo o objetivo da atividade

capturá-las, algumas artes de pesca oferecem risco de captura para as aves marinhas. Pedaços

incidental.  No caso da pesca de espinhel pelágico, as iscas são de rede, linhas, chumbadas e

colocadas em um grande número de anzóis enfileirados em uma anzóis dispersos no ambiente são

linha longa, rente à superfície do mar. A isca atrai não só os potencialmente danosos quando

peixes, mas as aves marinhas também. O problema acontece


ingeridos ou ao se enrolarem no
quando ao tentar  se alimentar da isca as aves ficam presas pelo
corpo da ave. É difícil capturar
bico nos anzóis.  Ali, morrem afogadas, são feridas pelo anzol ou
uma ave livre no ambiente. Não é
são mutiladas mortas ou ainda vivas para que o bico se solte do
raro que ela permaneça enredada
anzol sem que o petrecho de pesca tenha que ser danificado
no petrecho até que este deixe-a
(foto acima) para soltar a ave. Isto não só é triste como é
moribunda, só então existindo  a
preocupante: segundo estudo de Anderson e colaboradores (19),

no mínimo 160.000 aves marinhas são vítimas de captura chance de capturá-la. Entretanto,

incidental pela pesca.  pode ser tarde demais para

           Outras artes de pesca também oferecem risco às aves ajudá-la. 

marinhas, como a pesca com rede de emalhe, rede de cerco,

arrasto entre outras (20).


HABITAT
            A perda da qualidade do habitat de aves costeiras, marinhas e limícolas é alarmante. O habitat das

aves são destruídos devido à urbanização crescente, tomando conta de campos de dunas, margem de

rios, lagoas e dunas frontais. A retirada de vegetação ciliar e assoreamento de banhados afugenta diversas

aves dependentes de zonas úmidas. O trânsito constante de veículos na beira da praia, além de trazer

contaminação por combustível, pode ocasionar o atropelamento de aves e seus filhotes. Outro problema

associado aos carros na praia é a compactação do sedimento, onde estão enterradas suas presas, e a

diminuição do tempo de alimentação por espécies de aves migratórias que têm um cronograma migratório

bem definido. Não acumular gordura suficiente a tempo pode causar mortalidade entre pontos de parada.

          As aves marinhas também sofrem com a destruição dos locais onde se reproduzem, seja pelo aporte

de resíduos plásticos trazidos pelas correntes oceânicas, seja pela invasão de espécies exóticas ao local,

como ratos, gatos e cães, principalmente. Esses animais exóticos invasores predam ovos e filhotes de aves

marinhas, prejudicando seu sucesso reprodutivo. A retirada de vegetação ou introdução de vegetação

exótica também é impactante num ambiente fechado como é o caso das ilhas oceânicas. A mudança do

substrato vegetal ou a falta dele prejudica a nidificação (21). O problema com espécies não-nativas e

animais domésticos,  não é exclusivo das ilhas oceânicas, ocorrendo na zona costeira de forma mais

profusa.

          As aves limícolas sofrem com a degradação de seus pontos de descanso durante a migração. A de-

gradação desses locais está levando a diminuição de suas presas (16). Essas presas, os pequenos inverte-

brados que estão enterrados na areia são sensíveis ao pisoteio. Além disso, tanto  limícolas  como outras

aves costeiras que se alimentam em banhados e sangradouros contaminados por esgoto estão sujeitas à

doenças causadas por diversos patógenos presentes no ambiente contaminado. Zonas mortas também são

mais uma ameaça, somada a eutrofização dos corpos d'água por efluentes domésticos, depleção de

oxigênio e a proliferação de bactérias anaeróbicas que liberam toxinas.

Cidreira, campo de dunas. Foto: Alice Pereira


Tramandaí, orla e barra. Foto: Alice Pereira
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OS RESÍDUOS
SÓLIDOS URBANOS
            A Lei 12.305/10 institui a Política Nacional dos Resíduos Sólidos. Esta lei, se cumprida em sua inte-

gralidade, garantiria a resolução de muitos dos problemas ambientais que o país enfrenta hoje, principal-

mente na disposição, destinação, reciclagem, reaproveitamento e redução dos resíduos sólidos no Brasil.

No entanto, passados oito anos desde a publicação da lei, pouquíssimos avanços foram observados. A

maior parte dos resíduos dispersos nos mares são de origem continental. O resíduo abandonado na praia

pelos banhistas e pelos comerciantes, o saco de lixo rasgado em ruas próximas à beira-mar, o descarte de

construção, e outros, sem exceção, é trabalhado pela ação dos ventos, do clima e das ondas. O saco

plástico que está preso em uma camada de areia em uma duna frontal pode chegar ao mar no momento

em que uma tempestade  faz o mar subir e erodir essa duna. Esse saco poderá ser levado de volta à beira

da praia, mas também poderá vagar pelo oceano sendo degradado em pequenos pedaços. Esse

"microlixo" é facilmente engolido por peixes, que serão consumidos pelas aves (22). As aves limícolas, por

exemplo, ingerem as pequenas partículas de resíduos, sobretudo plástico, ao buscarem suas presas

enterradas na areia.

        Aves curiosas e famintas consomem resíduos diretamente, desde bitucas de cigarro a bexigas de festa

de criança. O documentário intitulado "Midway" é bastante ilustrativo acerca da situação dos resíduos no

ambiente marinho. Este filme, de Chris Jordan, mostra que mesmo nas  ilhas mais distantes dos continentes

o ambiente é afetado pelos resíduos urbanos trazidos transportados pelas correntes oceânicas.

        O resíduo que impacta o ambiente marinho e costeiro também pode ser descartado no mar por em-

barcações ou ser perdido "por acidente" durante o transporte de mercadorias. Este é o caso dos pellets

(terceira foto à direita). Os pellets são esférulas poliméricas utilizadas como matéria-prima na fabricação

de itens plásticos. Navios carregados dessas minúsculas esférulas as perdem durante o transporte, e não é

raro observar os pellets aglomerados na beira da praia, delineando o contorno da onda na areia. A

ingestão de resíduos plásticos causa inúmeros problemas como inanição, constipação, alterações hormo-

nais, além das comorbidades relacionadas a esses sintomas (23).


CONTAMINANTES: PETRÓLEO, AGROTÓXICOS,
METAIS PESADOS, PATÓGENOS E OUTROS
A contaminação por petróleo e derivados pode afetar as aves 

de maneira crônica, como também imediata após o contato

com a substância (22). As aves petrolizadas sofrem prejuízo à

impermeabilização das penas, impedindo o voo e o mergulho.

Ao tentar retirar o óleo do corpo as aves ingerem o produto,

contaminando ainda mais o organismo. Ao exporem-se ao sol e

ao calor com a superfície corporal tomada por petróleo, há

chance de parte  do produto volatilizar, podendo ser incorpo-

rado pela via respiratória. Não é necessário um grande derra-

mamento de petróleo para causar sérios danos às aves mari-

nhas. Pequenos escapes durante os procedimentos de carga e

descarga do produto são os acidentes mais comuns.

Foto: Alice Pereira

Organismos patogênicos como vírus e bactérias também são

fontes de contaminação para as aves marinhas, costeiras e limí-

colas. A maioria delas é sensível a: micro-organismos de origem

humana, micro-organismos favorecidos pela degradação de ha-

bitat, ou micro-organismos desconhecidos no habitat natural da

ave (21). Doenças como a malária aviária, hespervírus, poxvírus,

aspergilose e outras podem ser contraídas até mesmo nos

centros de reabilitação (24). A maior preocupação em relação

aos patógenos é que eles sejam introduzidos nas colônias

reprodutivas quando as aves retornam a esses locais.

Foto: Alice Pereira

 Os Poluentes Orgânicos Persistentes (POP) são resistentes à degra-

dação  no ambiente e bio-acumulam nos organismos vivos, sendo

carcinogênicos e mutagênicos, além de causar danos à curto prazo

nos sistemas reprodutor, endócrino e imune das aves (22). Essas

substâncias estão contidas nos agrotóxicos. Atividades industriais

que despejam efluentes nos rios levam metais pesados diretamente

à praia. Os organismos enterrados na areia e os peixes acumulam

esses compostos disponíveis na água e no substrato em seus

tecidos, sendo então passados às aves ao se alimentarem dessas

presas. Os metais pesados são mutagênicos e carcinogênicos, com

efeitos tanto crônico quanto agudos dependendo da exposição

(25).

Foto: Alice Pereira


REFERÊNCIAS

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praia em Mostardas – RS. Pesquisas em Geociências, v. 34, n. 1, p. 3-18.

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12- NEVES, T; BUGONI L.; ROSSI-WONGTSCHOWSKI, C. L. D. (Orgs.). 2007. Aves oceânicas e sua

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14- FURNESS, R. W.; MONAGHAN P. 1987. Seabird Ecology. London: Blackie & Son, 164 p.

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21- DEE BOERSMA, P.; CLARK, J. A.; HILLGARTH, N. Seabird conservation. In: SCHREIBER, E. A,; BURGER,

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SCHREIBER, E. A,; BURGER, J. (Eds.). Biology of Marine Birds. New York: Academic Press. cap. 15. p.

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23- PIANOWSKI, F. 1997. Resíduos sólidos e esférulas plásticas nas praias do Rio Grande do Sul – Brasil.

Monografia. Curso de Graduação em Oceanologia. Rio Grande: Fundação Universidade de Rio

Grande - FURG. 79 p.

24- NIEMEYER, C. 2014. Investigação de enfermidades virais selecionadas em aves marinhas nas costa

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25- SECO-PON, J. P. S. 2011. Trace metals (Cd, Cr, Cu, Fe, Ni, Pb and Zn) in feathers of Black-browed

Albatross Thalassarche melanophris attending the Patagonian Shelf. Marine Environmental Research,

v. 72, p. 40-45. 
AVES DO LITORAL DO RIO

GRANDE DO SUL

MUSEU DE CIÊNCIAS NATURAIS (MUCIN)

2018
Ficha Técnica
Rui Vicente Opperman

Reitor

Clarice Bernhardt Fialho

Diretora do Instituto de Biociências

Carla Penna Ozorio

Diretora do CECLIMAR

Lucas Antônio Morates

Coordenador do Mucin

Aline Portella Fernandes

Museóloga

Alice Pereira

Curadoria/Taxidermias

Equipe Mucin

Aline Portella Ferandes

Cariane Campos Trigo

Janaína Carrion Wickert

Maurício Tavares

Neuza Pacheco Feliciano Wollmann

Paulo Edmundo dos Santos

Silvio Luís de Oliveira

AGRADECIMENTOS

À equipe de servidores do CECLIMAR;

À Color Sing Comunicação Visual;

À Alice Pereira, pela curadoria e concretização desta exposição.

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