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SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS........................................................................................... 3
LISTA DE ANEXOS............................................................................................ 3
APRESENTAÇÃO............................................................................................... 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................... 4
1 CODIFICAÇÃO OFICIAL DE BACIAS BRASILEIRAS................................... 6
2 A BASE HIDROGRÁFICA OTTOCODIFICADA............................................. 6
3 DETERMINAÇÃO DAS ÁREAS DE CONTRIBUIÇÃO HIDROGRÁFICA...... 8
4 CODIFICAÇÃO DE BACIAS DE OTTO PFASFSTETTER............................. 10
5 IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL......................................................... 21
6 CAPACITAÇÃO............................................................................................... 22
7 COMO OBTER A BHO DA ANA...................................................................... 22
8 LEITURAS COMPLEMENTARES................................................................... 23
ANEXOS............................................................................................................. 24
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - A BHO combina basicamente dois temas: hidrografia unifilar e áreas de
contribuição
Figura 2 - Curso d'água principal da bacia do rio Trombetas
Figura 3 - Determinam-se os quatro tributários com maior área de contribuição
Figura 4 - As quatro maiores áreas de contribuição recebem os dígitos pares 2, 4, 6
e8
Figura 5 - Interbacias recebem códigos ímpares: 1, 3, 5, 7, e 9
Figura 6 - Detalhe ampliado mostrando a interbacia R5
Figura 7 - Bacia codificada no nível 4
Figura 8 - Passando para o próximo nível de codificação na interbacia R3
Figura 9 - As quatro maiores bacias recebem os dígitos pares de jusante para
montante
Figura 10 - Interbacias recebem os dígitos ímpares
Figura 11 - Detalhe ampliado mostrando a interbacia R33
Figura 12 - Aspecto final da codificação da interbacia R3 no nível 5
LISTA DE ANEXOS
Anexo I - Artigo Otto Pfafstetter (1989)
Anexo II - Resolução ANA nº 399/2004
Anexo III - Resolução CNRH nº 30/2002
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APRESENTAÇÃO
A Superintendência de Gestão da Informação – SGI da Agência Nacional de
Águas – ANA, por intermédio de sua Gerência de Informações Geográficas –
GEGEO, vem oferecer aos interessados na gestão de Recursos Hídricos um texto
explicativo acerca de uma de suas metodologias mais importantes: a codificação de
bacias hidrográficas de Otto Pfafstetter.
O trabalho apresenta a codificação de Otto Pfafstetter inserindo-a no contexto das
atividades desenvolvidas pelos componentes do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos – SINGREH em geral e, em particular, da
ANA, mostrando a sua importância no dia a dia dos profissionais da agência e na
evolução dos métodos adotados pelo sistema.
INTRODUÇÃO
A gestão de Recursos Hídricos (RH) é uma atividade humana que
praticamente se confunde com a civilização. É componente fundamental no
desenvolvimento da agricultura incipiente dos assentamentos da Mesopotâmia, que
extraíam as águas dos quase lendários rios Tigre e Eufrates. Os egípcios
construíram sua civilização ao sabor das variações do nível do Nilo, explorando,
através de canais, a capacidade do rio de irrigar suas lavouras. Os romanos, por sua
vez, têm entre os maiores orgulhos de sua engenharia os seus aquedutos. Maias,
Astecas e outros povos podem ter sido subjugados pela má gestão, contaminação
e/ou escassez de seus Recursos Hídricos. Onde quer que haja agrupamentos
humanos, a água desempenha um papel fundamental, podendo decidir o destino
dessas comunidades.
Hoje, felizmente, nós não jogamos mais os dejetos na rua para serem
carregados pela chuva, como era prática na maioria das urbes até o século XIX
(embora haja pessoas que o façam com sofás e pneus), fazemos um uso cada vez
mais intensivo, múltiplo e potencialmente conflituoso dos nossos rios e a gestão das
águas vem se tornando cada vez mais sofisticada para acompanhar esse aumento
de complexidade. As bacias hidrográficas vêm se tornando uma unidade territorial
cada vez mais importante na gestão não apenas dos Recursos Hídricos, mas nas
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políticas de meio ambiente e na gestão territorial de uma maneira geral.
Dentre os métodos necessários ao desenvolvimento da gestão de RH
destacam-se os de codificação de bacias hidrográficas. Diversos métodos vêm
sendo propostos ao longo do tempo tais como o utilizado pelo antigo Departamento
Nacional de Águas e Energia Elétrica – DNAEE para codificar as estações
fluviométricas. Nele o Brasil foi dividido em 8 grandes bacias numeradas de 1 a 8 e
estas foram divididas cada uma em 10 sub-bacias (0-9). As estações são então
codificadas com o primeiro dígito correspondendo à bacia, o segundo à sub-bacia,
os três seguintes correspondendo ao número da estação sendo que essa
numeração começa nas cabeceiras e aumenta em direção à foz da bacia. Existem
mais três dígitos no final do código a serem usados para acomodar novas estações
que forem instaladas após a codificação inicial. Esse método tem a desvantagem de
não se propor a detalhar as bacias em níveis menores.
O método de Otto Pfafstetter foi primeiramente proposto por ele como forma
de organizar os arquivos de projetos do Departamento Nacional de Obras de
Saneamento – DNOS. Ganhou importância 20 anos depois ao atrair a atenção do
Programa Nacional de Irrigação – PRONI que buscava, à época, organizar o
Cadastro dos Sistemas de Irrigação do Brasil. Em 1989 Pfafstetter escreve o artigo,
que, embora não publicado, tornou-se referência, no qual ele descreve seu método,
aplicando-o às bacias da América do Sul.
A partir daí, o método desperta o interesse de diversos países. Foi aplicado
para os Estados Unidos pela United States Geological Survey – USGS; é
recomendado pelo GIS Working Group no âmbito da “Common Implementation
Strategy for the Water Framework Directive”, que tem por objetivo harmonizar as
políticas de recursos hídricos dos países da União Europeia e, como resultado, foi
desenvolvida uma base de dados denominada “CCM – River and Catchment
Database“, que já se encontra em sua versão 2.1.
As características principais que atraem a atenção para a codificação de Otto
Pfafstetter são: tratar-se de um método que permite a hierarquização da rede
hidrográfica; a topologia da rede está embutida no código; ser de aplicação global;
ser de fácil implementação computacional e, consequentemente, interagir bem com
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Sistemas de Informação Geográfica – SIGs.
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Hidrográfica Ottocodificada, consistindo de tratamento topológico da rede
hidrográfica; determinação das áreas de contribuição (por equidistância); codificação
das bacias e trechos; e sistematização de nomes dos rios.
Não apenas é elaborada a base de dados geográficos, propriamente dita,
mas também, uma implementação computacional dos métodos necessários à
construção dessa base, de modo que outras bases pudessem ser construídas
usando essas ferramentas.
Essa base é então constituída de dois temas principais: a hidrografia unifilar e
as respectivas áreas de contribuição. A Figura 1 mostra a combinação entre os dois
temas: a cada trecho corresponde uma área de contribuição.
Os especialistas da Agência Nacional de Águas costumam se referir a essas
áreas de drenagem individuais, por trecho de drenagem, como ottobacias, porque
são elas que recebem o código de Otto.
Figura 1 - A BHO combina basicamente dois temas: hidrografia unifilar e áreas de
contribuição
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de análise o chamado curso d’água. O anexo da portaria definia o curso d’água
como sendo composto pelos trechos com o mesmo nome, e, a partir do ponto onde
o nome do rio deixasse de constar nas cartas topográficas oficiais, deveriam ser
considerados os trechos com a maior área de contribuição. Isso trazia uma série de
ambiguidades e necessidades de tratamento manual para a determinação dos
cursos d’água.
A ANA, posteriormente, emite a Resolução 399/2004, que modifica o item 5
do anexo da Portaria 707/1994, estabelecendo que o curso d’água principal da bacia
é composto pelos trechos de maior área de contribuição, analisados de jusante para
montante, a cada confluência, independentemente do nome. Estabelece-se, assim,
um critério mais objetivo, reproduzível, uniforme e passível de automatização.
Esta definição é perfeitamente compatível com o método de Otto Pfafstetter, o que
facilita a sua adoção como codificação oficial de bacias brasileiras.
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hidrográficas ottocodificadas, especialmente para escalas maiores, nas quais a
obtenção de informação altimétrica é muito cara, estando fora do alcance de muitos
projetos. No entanto, caso a informação altimétrica de qualidade não esteja
disponível, é preferível que seja utilizado o método de equidistância, e não o
comprimento dos trechos em substituição a sua área de drenagem.
As bacias determinadas por equidistância possuem a desvantagem de ter um
desenho pouco realista se consideradas individualmente, podendo guardar grandes
discrepâncias com as bacias reais. No entanto, o método apresenta resultados muito
satisfatórios à medida que se agregam as áreas de contribuição hidrográfica
individuais em bacias maiores. Os erros “para mais” de uma bacia são compensados
por erros “para menos” das bacias vizinhas, resultando em uma compensação das
discrepâncias, que possibilita estimativas cada vez mais precisas, à medida que se
aumenta o número de bacias agregadas.
Outra situação em que o método de equidistâncias é útil é na delimitação de
áreas de drenagem em regiões muito planas, onde os algoritmos de análise de
escoamento superficial não conseguem extrair os divisores de água a partir dos
MDEs existentes.
Atualmente vem sendo utilizado pela ANA o MDE SRTM com pixel de 90m.
Ele possibilita um traçado mais realista do divisor de águas, no entanto, as
discrepâncias entre o posicionamento das feições na cartografia oficial e as mesmas
feições nesse MDE provocam uma série de erros que precisam de tratamento
manual. Esse é o custo que se precisa pagar por uma representação mais
fisiográfica das áreas de contribuição.
Por que então não abandonar a cartografia e gerar a hidrografia sintética a
partir do modelo? Primeiramente, a Resolução 399/2004 define que as bacias serão
determinadas com base nas cartas da Cartografia Sistemática Terrestre Básica. Isso
limita bastante o uso que se pode fazer da hidrografia sintética pela ANA. Além
disso, diversas tentativas vêm sendo feitas pelos especialistas em
geoprocessamento da Agência nesse sentido, porém o SRTM é um modelo de
superfície, ou seja, onde há vegetação, a altura representada no modelo será a da
copa das árvores. Assim, a presença de mata ciliar resulta em altitudes erradas, que
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provocam erros no traçado da drenagem, e, consequentemente, edições em
profusão. O modelo GDEM, que foi elaborado por estereoscopia de imagens do
satélite ASTER, por sua vez, além de ser também um modelo de superfície, como o
SRTM, ainda registra a altitude de nuvens ao invés do solo e apresenta degraus de
altitude nas junções entre órbitas adjacentes do satélite.
Ainda não existem soluções triviais para a geração de bacias. Para onde o
analista se volte, há barreiras que o levam a empregar muitas de horas de trabalho
para solucionar, principalmente, questões relativas aos dados disponíveis. Os
algoritmos são maduros o bastante, porém não resistem às deficiências dos dados
existentes.
Quanto aos algoritmos, a questão que se coloca atualmente, especialmente
considerando a imensa extensão territorial sob a gestão da ANA, é que as suas
implementações computacionais foram feitas para máquinas menores e para
volumes de dados menores. Ou essas implementações não aproveitam o poder das
máquinas atuais com múltiplos núcleos de processamento, ou não suportam as
quantidades de dados envolvidas, ou ambos.
Concluindo esta seção: é necessário analisar, a cada caso, a disponibilidade
de informações e sua qualidade para decidir que caminho tomar. Em geral a ANA
tem utilizado a cartografia oficial, combinada com o SRTM, e muitas horas de edição
para chegar ao traçado das suas áreas de drenagem.
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d’água principal até o trecho mais a montante. O rio destacado em vermelho na
figura 2 é o resultado desse primeiro passo.
Figura 2 - Curso d'água principal da bacia do rio Trombetas
Bacia Código
R
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tributários com as maiores áreas de drenagem, tal como ilustrado na Figura 3.
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Figura 4 - As quatro maiores áreas de contribuição recebem os dígitos pares 2, 4, 6 e 8
R
8
R R
4 2
R
6
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Figura 5 - Interbacias recebem códigos ímpares: 1, 3, 5, 7, e 9
R
9
R
7
R
R 3
5
R
1
Note-se que, ao contrário das bacias (propriamente ditas), que possuem certa
uniformidade nos seus tamanhos, as interbacias possuem tamanhos amplamente
variáveis. Na escala da Figura 5, a interbacia R5 é praticamente invisível. A Figura 6
mostra essa interbacia em detalhe. Isso ocorre porque, segundo a lógica da
codificação de Otto, o tamanho das interbacias é proporcional à distância entre os
tributários que a limitam. No presente caso, uma vez que as barras dos tributários
R4 e R6 são muito próximas, a interbacia 5 reduz-se a uma área diminuta.
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Figura 6 - Detalhe ampliado mostrando a interbacia R5
R
7
R
5
R
3
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Figura 7 - Bacia codificada no nível 4
4549
4548
4547
4542
4546
4544
4545 4543
4541
O processo deve ser repetido para cada uma das bacias e interbacias até que
se esgotem os tributários. Observe-se que no caso da interbacia 4545, não é
possível detalhar mais, pois não há tributários. Essa interbacia só será detalhada se
for feita para ela uma representação em escala maior.
Tomemos como exemplo o detalhamento da interbacia 4543, ou R3, para o próximo
nível. O curso d’água principal já vem determinado da etapa anterior, pois se trata de
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uma interbacia (Figura 8).
R
7
R
5
R
3
R
1
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Figura 9 - As quatro maiores bacias recebem os dígitos pares de jusante para montante
R3
4
R3
8
R3
6
R3
2
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Figura 10 - Interbacias recebem os dígitos ímpares
R3
9
R3
3
R3
7
R3
1
R3
5
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Figura 11 - Detalhe ampliado mostrando a interbacia R33
R3
4
R3
3
R3 R3
5 1
R3
2
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Figura 12 - Aspecto final da codificação da interbacia R3 no nível 5
4543
9
4543
4 4543
3
4543 4543
8 7
4543 4543
6 1
4543
4543
5
2
O processo se repete até que os cursos d’água principais das bacias não
possuam tributários, ou, dito de outra forma, até que as bacias correspondam a
apenas um trecho de hidrografia.
Uma vez dado o código à bacia, ou ottobacia, esse código pode ser utilizado
para outras finalidades, dando origem a códigos derivados, tal como ocorre com os
trechos de drenagem que recebem o código de sua ottobacia correspondente, ou
com os cursos d’água que recebem a parte esquerda do código de suas ottobacias
componentes até o último número par. Está em estudo pela ANA, a codificação das
estações da rede hidrometeorológica e das massas d’água (lagos, reservatórios,
etc.) usando o método de Otto.
5 IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL
Realizar esse procedimento manualmente seria extremamente penoso,
inexequível em prazos operacionais e com grande vulnerabilidade a erros. A ANA
desenvolveu uma implementação computacional deste e de outros processos que
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levam à construção da Base Hidrográfica Ottocodificada.
Encontra-se no sítio eletrônico da Agência um manual que descreve passo a passo
o trabalho de construção de uma Base Hidrográfica Ottocodificada. Os interessados
podem solicitar os aplicativos à Superintendência de Gestão da Informação – SGI,
por intermédio de sua Gerência de Informações Geográficas – GEGEO pelo e-mail
gegeo@ana.gov.br e acessar o manual no endereço:
http://www.ana.gov.br/bibliotecavirtual/arquivos/20071214094450_MANUAL_DE_CO
NSTRUCAO_DA_BASE_v2_0.pdf
6 CAPACITAÇÃO
A ANA oferece capacitação aos entes do SINGREH de modo que possam ser
elaboradas bases hidrográficas ottocodificadas dedicadas às necessidades
específicas desses agentes. Os interessados em desenvolver suas próprias bases e,
eventualmente, incorporá-las ao SNIRH, podem entrar em contato com a
Superintendência de Apoio à Gestão de Recursos Hídricos – SAG, por intermédio de
sua Gerência de Capacitação – GECAP pelo e-mail gecap@ana.gov.br para solicitar
a participação nos cursos oferecidos pela Agência.
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podem ser encontrados nos endereços:
- Hidrografia unifilar:
http://metadados.ana.gov.br:8080/geonetwork/srv/pt/metadata.show?id=43
- Bacias agregadas:
http://metadados.ana.gov.br:8080/geonetwork/srv/pt/metadata.show?id=47
8 LEITURAS COMPLEMENTARES
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ANEXOS
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ANEXO I – Artigo Otto Pfasfstetter (1989)
METODOLOGIA DE CODIFICAÇÃO
OTTO PFAFSTETTER
1 . INTRODUÇÃO
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bacias de maior extensão. Deste modo, o número de identificação de cursos d’água,
mesmo quando são muito pequenos, apresenta número reduzido de dígitos. Além
desta vantagem, permite definir, sem ambigüidade, a posição de tomadas d’água ou
de postos fluviométrico ao longo dos rios, indicando automaticamente a posição de
um em relação aos outros, assim como, as Bacias Hidrográficas situadas a
montante. O sistema permite um fácil manuseio dos dados em computador.
Para obter um satisfatório significado hidrológico, a classificação das bacias deve se
basear na configuração natural do sistema de drenagem, abstraindo-se da divisão
política dos países. Assim os rios do Brasil devem ser classificados considerados o
conjunto da América do Sul.
2 . METODOLOGIA
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Para este procedimento, define-se em cada bifurcação fluvial, o afluente como
sendo o curso d’água de menor área de drenagem, e o rio principal, aquele de maior
área de drenagem. Por vezes a tradição local ou a designação nas cartas
geográficas não obedece a este critério, porém, para uniformidade dos trabalhos
deverá sempre ser mantida esta convenção.
Os quatro afluentes maiores em cada nível de ramificação receberão em
ordem de jusante para montantes os números pares 2, 4, 6 e 8, respectivamente .
Os quatro maiores afluentes de cada um destes rios já numerados, receberão
de igual maneira os números pares acrescentados à direita dos números da bacia
principal de ordem imediatamente inferior à qual elas pertencem. Assim temos, por
exemplo, as bacias, 62, 64, 66 e 68, como afluentes de jusante para montante da
bacia global 60 ( ver a Bacia do Rio São Francisco na Figura nº 2 ). Do mesmo modo
prossegue a numeração dos quatro afluentes maiores em cada nível de ramificação.
Assim normalmente 7 dígitos são suficientes para designar mesmo menores
bacias hidrográficas possíveis de serem isoladas em cartas na escala de 1:250.000,
com áreas de no mínimo 10 km², aproximadamente .
Todos os outros afluentes menores de um mesmo rio principal são grupados
em cinco áreas que designaremos por “ INTERBACIAS ”. Estas interbacias
receberão a numeração ímpar 1, 3, 5, 7 e 9 de jusante para montante .
Os limites de cada interbacia são os divisores d’água das duas Bacias
principais contíguas e os divisores d’água que separam as partes a montante e a
jusante da foz e em margem oposta a estes dois afluentes principais. Eventualmente
o divisor d’água principal limita uma parte da área das interbacias. Assim temos no
exemplo anterior as interbacias 61, 63, 67 e 69.
Na classificação dos afluentes de ordem superior, são separadas em cada
interbacias os quatro maiores rios de ambas as margens do rio principal. Estes rios
recebem um número adicional par 2, 4, 6 e 8, em ordem de jusante para montante,
seguido o número ímpar da interbacia da qual fazem parte. No rio Parnaíba, por
exemplo, bacia 562 ( ver figura nº 3 ), terá os afluentes 5622, 5624, 6626 e 5628 de
jusante para montante ao longo do rio principal de designação 5620. Restam assim
as interbacias de ordem superior 5621, 5623, 5625, 5627 e 5629, separadas pelas
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referidas bacias. As interbacias assim como as respectivas bacias principais podem
ser subdivididas em níveis crescente, seguido sempre a mesma metodologia, até os
limites de definição das cartas geográficas utilizadas. Na última subdivisão
costumam não aparecer na carta geográfica todos os afluentes, de modo que fica
difícil avaliar quais são as quatro bacias. Resta assim a opção de só numerar as
bacias maiores que aparecem na carta, em ordem de jusante para montante.
Corre-se o risco de haver bacias maiores a jusante da mesma, que só poderiam ser
reconhecidas em cartas mais detalhadas.
As bacias parciais das cabeceiras de cada rio são, a rigor, interbacias porque
representam a parte restante, depois do último afluente importante e recebem o
número terminal 9 . Sua área será sempre maior do que a do último afluente, pela
própria definição estabelecida inicialmente para critério de confluência, que diz que,
o afluente é sempre menor que o rio principal.
Após a delimitação das bacias hidrográficas maiores numa carta geográfica,
geralmente se consegue escolher as quatro bacias principais por simples inspeção
visual em papel transparente e superpondo à outra, permitir decidir qual a maior pela
avaliação das áreas não compensadas nos dois contornos. Restando ainda dúvida
sobre a escolha das bacias será necessário efetuar sua planimetria.
3. CONSEQUÊNCIAS
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superficial para o mar, cuja designação antecede este zero.
O último algarismo diferente de zero na designação de uma interbacia é
sempre ímpar. Se o algarismo mais a esquerda for ímpar, a interbacia pertence a
uma das regiões costeiras principais. Caso contrário, ela pertence a uma das quatro
bacias principais que deságuam no oceano. Se os dois últimos algarismos são
ímpares, trata-se de uma subdivisão de uma interbacia de ordem superior.
A posição de qualquer tomada d’água ou posto fluviométrico pode ser
caracterizada pelo número da interbacia correspondente ao trecho do rio onde esta
instalação se situa. No caso de haver duas tomadas d’água ou postos fluviométricas
na mesma interbacia, basta prosseguir com a classificação dos afluentes para um
nível de confluência mais elevado. Também convém levar a divisão das bacias a um
ponto em que seja definida com suficiente precisão a área total de drenagem a
montante do ponto considerado.
Para saber se duas tomadas d’água são dependentes, isto é, se a retirada de
água de uma afeta a outra, basta comparar os números de identificação das
interbacias correspondentes. Para elas serem dependentes, devem satisfazer
simultaneamente às três condições seguintes:
A) As duas tomadas d’água devem ter nos seus números de identificação
uma parte à esquerda em comum, incluindo pelo menos um dígito par, a
fim de pertencerem a uma mesma bacia geral que deságua no mar.
B) O primeiro dígito da parte direita não comum dos números da identificação
deve ser menor na tomada d’água de jusante do que na de montante.
C) Todos os dígitos da parte direita não comum do número de identificação da
tomada d’água de jusante devem ser ímpares, com excessão dos últimos
zeros ( 0 ) destinados à complementação da classificação . Garante-se
assim que não se trata de um afluente do curso d’água a jusante da
tomada d’água de montante.
Por exemplo, as interbacias 561 e 563 da Bacia do Parnaíba representada na
figura 3, estão à jusante da interbacia 567, porque possuem a parte à esquerda em
comum, sendo que a parte da direita não comum não contém dígitos ímpares no
posto de jusante. A interbacia 5625 já não fica a jusante da 5670 porque a parte não
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comum à direita contém um dígito par no primeiro posto, indicando que já pertence a
um rio afluente cujo número de bacia é 5620.
Caso não sejam satisfeitas estas três condições simultaneamente, as duas tomadas
d’água ou postos fluviométricas são independentes.
Para Ter a relação de todas as bacias e interbacias a montante de uma
tomada d’água ou posto fluviométrico, basta reunir todos os elementos cujos
números de identificação que possuem o último algarismo significativo ( diferente de
zero ), maior do que o último algarismo da interbacia que corresponde a esta
instalação . Na figura 3, temos, por exemplo, a montante da tomada d’água 5623 as
bacias 5624, 5626, e 5628, assim como, as interbacias 5625, 5627, 5629.
4. APLICAÇÃO NO BRASIL
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com numeração par e que são :
2 – AMAZONAS
4 – TOCANTIS – ARAGUAIA
6 – SÃO FRANCISCO
8 – PARANÁ
As partes restantes correspondem às interbacias costeiras que recebem um número
ímpar e que são :
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Cada região da terra seria tratada como se procedeu com a América do Sul.
Separam-se as quatro maiores bacias hidrográficas de cada regadiço, e as partes
restantes intermediárias, com respectivas ilhas, representam as interbacias,
prosseguindo-se com a classificação do mesmo modo antes exposto.
Citamos em seguida os maiores rios de algumas destas regiões da Terra, com
respectivos números.
02 – MACKENZE 42 – AMUR
04 - OBI 44 – HOANG-HO ( RIO AMARELO )
06 - YENISSEI 46 – YANGTZE-KIANG ( RIO SUL )
08 – LENA 48 - MECONG
12 – YUCON 62 – AMAZONAS
14 – COLUMBIA 64 – TOCANTINS – ARAGUAIA
16 – SAN JOAQUIM – SACRAMENTO 66 – SÃO FRANCISCO
18 – COLORADO 68 - PARANÁ
22 – SÃO LOUREÇO 72 - SENEGAL
24 – ALABAMA 74 - NIGER
26 – MISSISSIPI 76 - CONGO
28 – GRANDE DEL NORTE 78 - ORANGE
32 – DANÚBIO 82 - ZAMBEZI
34 – DNIEPER 84 – TIGRE - EUFRATES
36 – VOLGER 86 - INDO
38 – NILO 88 – GANGES
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CLASSIFICAÇÃO DAS BACIAS
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oposta à foz dos rios principais destas bacias.
Para identificar as bacias de Segunda ordem dentro das bacias regionais, segue-se
da foz para montante, separando as bacias afluentes de maior importância . Numa
bifurcação dos cursos d’água se considera como sendo afluente aquele que possui
menor bacia hidrográfica nesta bifurcação.
A rigor, o rio principal, numa confluência, sob o ponto de vista hidrológico, deveria
ser o que possui maior descarga média. Como este critério exigiria uma campanha
de medição de descargas para cada ramificação do rio, sua aplicação é impraticável.
Como as descargas dos rios normalmente são proporcionais as áreas das bacias
hidrográficas, o critério antes apresentado, designado o rio principal como àquele de
maior área de drenagem, substitui na maioria das vezes, com simplicidade e
precisão adequada, o critério hidrográfico.
Prossegue-se no rio principal, da bifurcação para montante, até a próxima
bifurcação, repetindo-se o procedimento para cada afluente importante. Tendo
procedido dessa maneira na maioria das bifurcações importantes, conserva-se
apenas os 4 ( quatro ) maiores afluentes, atribuindo-se a numeração par ( 2, 4, 6 e 8
), a estes afluentes.
Na maioria das vezes a escolha da maior das duas bacias numa ramificação é
evidente, por simples inspeção visual. Em caso de dúvida há necessidade em copiar
uma delas em papel transparente e superpor a outra, para decidir qual delas é a
maior.
Caso ainda persista a dúvida, é necessário planimetrar as duas bacias .
Prossegue-se com a subdivisão das bacias e interbacias de ordem superior,
adotando a mesma metodologia exposta. Para cada ordem de subdivisão seguinte
das bacias e interbacias se atribui às mesma um algarismo adicional par ou ímpar,
conforme o caso.
A última interbacia na subdivisão de qualquer bacia representa as cabeceiras e toma
a designação com um número que termina com o algarismo 9 .
Cada tomada d’água ou posto fluviométrico será caracterizado pelo trecho do rio
onde ele se situa, que sempre corresponde a uma “ INTERBACIAS ” designada por
um número terminado por um algarismo ímpar.
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Havendo mais que uma tomada d’água ou posto fluviométrico num trecho do rio,
basta prosseguir com a subdivisão das bacias para uma ordem mais elevada até
cada tomada d’água ou posto fluviométrico correspondente a uma interbacia ou de
rio diferente.
Para que uma tomada d’ água afete uma outra a jusante, ambas caracterizada pelos
seus números de identificação, devem ser satisfeitas as seguintes condições
simultâneas:
1 – As duas tomadas d’água devem ter nos seus números de identificação uma
parte à esquerda em comum, incluindo pelo menos um dígito par, a fim de
pertencerem a uma mesma bacia afluente ao oceano.
2 – O primeiro dígito da parte da direita não comum dos números de identificação
deve ser menor na tomada d’água de jusante do que na de montante.
3 – Todos os dígitos da parte da direita não comum do número de identificação da
tomada d’água de jusante devem ser ímpares para garantir que não se trata de um
afluente do curso d’água a jusante da tomada d’água de montante.
Caso não sejam satisfeitas estas três condições simultaneamente, as duas tomadas
d’água são independentes.
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ANEXO II – Resolução ANA nº 399/2004
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ANEXO III – Resolução CNRH nº 30/2002
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