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SISTEMA COMPUTACIONAL AMIGÁVEL PARA MODELAGEM INTEGRADA DE


PROCESSOS HIDROLÓGICOS

Conference Paper · November 2016

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2 authors:

Francisco Thibério Pinheiro Leitão Anísio De Sousa Meneses Filho


Universidade Federal do Ceará Universidade de Fortaleza
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XIII SIMPÓSIO DE RECURSOS HIDRÍCOS DO NORDESTE

SISTEMA COMPUTACIONAL AMIGÁVEL PARA MODELAGEM


INTEGRADA DE PROCESSOS HIDROLÓGICOS

Francisco Thibério Pinheiro Leitão 1 ; Anísio de Sousa Meneses Filho2

RESUMO – O objetivo deste trabalho é a apresentação de um novo sistema computacional


com interface gráfica amigável para simulação integrada de processos hidrológicos (precipitação,
infiltração, escoamento, propagação e amortecimento) que ocorrem nas bacias hidrográficas e seus
subcomponentes (rios, canais e reservatórios). São apresentados os resultados da modelagem do
sistema, comparando-os com os resultados do HEC-HMS. Verifica-se que os resultados obtidos com
o sistema computacional desenvolvido durante a pesquisa são consistentes com os do HEC-HMS.

ABSTRACT– The objective of this work is the presentation of a new computer system with
user friendly graphical interface for integrated simulation of hydrological processes (precipitation,
infiltration, runoff, propagation and damping) that occur in the watershed and its subcomponents
(rivers, canals and reservoirs). System modeling results are presented and compared with the results
of HEC-HMS. It is found that the results obtained with the computing system developed during the
study are consistent with the HEC-HMS

Palavras-Chave – Modelagem hidrológica; Simulação hidrológica; Modelagem


computacional.

1) Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental, Universidade Federal do Ceará, R. Humberto Monte S/N, 60455-970, Fortaleza, Ceará,
Brasil, e-mail: thiberi0@hotmail.com . 2) Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Fortaleza, Av. Washington Soares 1321, 60811-905,
Fortaleza, Ceará, Brasil e-mail: anisiomeneses@unifor.br .

XIII Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste 1


1. INTRODUÇÃO

Devido à natureza complexa dos processos hidrológicos a utilização de sistemas


computacionais para projeto e análise de estruturas hidráulicas, para obtenção de informações para
tomada de decisões e para gerenciamento de recursos hídricos de uma forma geral passou a ser
essencial. Por ser um recurso tão fundamental, é importante o desenvolvimento desses sistemas com
tecnologia nacional, evitando a dependência de sistemas estrangeiros.

Essa pesquisa visou a diminuir essa lacuna, no sentido da criação de um sistema


computacional moderno, com interface gráfica desenvolvida utilizando um arcabouço utilizado
internacionalmente (Qt) e um linguagem de computação orientada a objetos (C++) para facilitar sua
manutenção e seu desenvolvimento. O arcabouço Qt é um sistema multiplataforma para
desenvolvimento de interface gráficas em C++, sendo necessário escrever o código do programa
apenas uma única vez e compilá-lo para diversas plataformas, sem que seja necessário alterar o código
fonte (SUMMERFIELD, 2010). Sendo uma linguagem de programação orientada a objeto (POO),
C++ possuir diversas características, por exemplo, composição, encapsulação, herança,
polimorfismo, entre outras. Uma das vantagens é que a utilização dessa linguagem facilita o
entendimento do código, devido à possibilidade da divisão lógica em objetos e, também, ajuda na
manutenção e reutilização dele.

O sistema computacional desenvolvido é capaz de simular o processo hidrológico por meio


de métodos já consagrados na literatura, para precipitação: curva IDF (TUCCI, 2001) e de Taborga
(CAMPOS, 2009); o processo de infiltração pelos métodos de Horton, SCS e índice Phi (TUCCI,
2005); o processo de transformação da chuva em vazão nas bacias pelos métodos do hidrograma
unitário do SCS, Snyder, Clark e Nash (TUCCI, 2005), (MAIDMENT, 1993); o processo de
propagação em reservatórios pelo método de Muskingum e Muskingum-Cunge (TUCCI, 2005),
(COLLISCHONN; TASSI, 2008); o processo de amortecimento em reservatórios pelo método de
Puls (TUCCI, 2005), (COLLISCHONN; TASSI, 2008). O sistema computacional e seu código fonte
podem ser obtidos livremente, bastando para isso entrar em contato com os autores.

2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Visão geral do sistema

O arcabouço Qt foi escolhido porque ele oferece suporte para o que há de mais moderno na
criação de interfaces gráficas e por possuir uma documentação extensa e de fácil acesso. Nessa
documentação existe uma grande quantidade de exemplos que demonstram como as classes podem

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ser utilizadas e aplicações reais (BLANCHETTE; SUMMERFIELD, 2008). Isso facilitou bastante
seu aprendizado, diminuindo o tempo necessário para construir o código.

Um dos diferenciais do sistema desenvolvido é sua interface gráfica amigável de fácil


utilização pelo usuário para melhorar a interatividade com o computador. Para alcançar isso foram
concebidos diversos elementos visuais que são utilizados para entrada de dados, representar os
elementos hidrológicos sua topologia, visualização de resultados.

Na Figura 1 tem-se a janela principal do sistema e na Figura 2 são os elementos hidrológicos


localizados na barra de ferramentas que são utilizados para compor o modelo da bacia.

Figura 1- Janela principal do programa

Figura 2-Elementos da barra de ferramentas

A seta, que é utilizada para fazer a ligação entre dois elementos hidrológica, indica
indiretamente a topologia da rede de drenagem. Ela deve ser utilizada para indicar o caminho
percorrido pela água ao longo da rede hidrológica. O elemento circular azul é utilizado para
representar um ponto de criação de vazão, em que o hidrograma é fornecido diretamente pelo usuário.
Ele pode ser utilizado, por exemplo, o resultado no exutório de uma bacia calculado por outro sistema
ou observado. O elemento circular verde é utilizado para representar uma bacia hidrográfica. O ícone
que possuí uma imagem de uma barragem, em azul, é utilizado para indicar um reservatório. O ícone
com a imagem de um rio, em azul, é utilizado para indicar um canal/rio. O elemento que possui duas
setas na saída é utilizado para indicar uma derivação. Conforme mencionado, no sistema
computacional está disponível a modelagem integrada de bacias, rios (canais) e reservatórios. A

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modelagem é integrada porque é possível subdividir as bacias em uma combinação desses modelos e
obter a simulação para cada elemento ou o conjunto em geral. Isto pode ser resumido no diagrama da
Figura 3 que apresenta os módulos disponíveis no sistema computacional.

Figura 3-Módulos do sistema

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2.2 Classe responsável pelo módulo bacia hidrográfica

Essa classe é utilizada para a simulação dos modelos de precipitação, infiltração e


transformação da chuva em vazão em uma bacia hidrográfica. Ela possui as funções de interface
gráfica, como também as funções de cálculo (modelos hidrológicos). Contudo, essas funções são
distribuídas para várias classes, como membros da classe principal (composição), de modo a garantir
a independência das funções relacionadas com a parte gráfica das funções relacionadas com o cálculo.
Isso foi realizado utilizando uma vantagem da linguagem orientada a objetos que é a possibilidade de
uma classe ser composta por outras classes, através da composição, e aproveitamento de funções já
implementadas, através da herança. Isso ajuda no entendimento do código, assim como na sua
reutilização e manutenção.

Assim, para ser feito o desenho do item na tela central (um objeto do tipo QGraphicsView)
é necessário que ele seja derivado da classe QGraphicsItem (arcabouço Qt). Deve-se, então,
reimplementar uma função virtual que é responsável por fazer o desenho, conforme o diagrama de
classe da Figura 4.

Figura 4-Função responsável por desenhar o elemento

Para a implementação da parte gráfica de entrada de dados e resultados dos cálculos obtidos
com os modelos utilizaram-se várias janelas interativas. Uma janela em Qt deve ser derivada da classe
QWidget e então deve ser utilizado vários elementos gráficos disponíveis para se compor a janela
derivada. Temos, então, que a classe GraphicsBacia é composta por um conjunto de classes
responsáveis pela interface gráfica do usuário. A composição foi implementada através da utilização

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de outras classes como membros privados, neste caso como variável do tipo ponteiro, da classe
principal (GraphicsBacia).

Essa informação pode ser apresentada por meio de um diagrama de classe, utilizando a
linguagem gráfica UML, em que as classes que compõem a classe principal são ligadas por uma seta
em forma de losango. As classes que estão no final do losango são as que compõem a classe principal
que se encontra na outra ponta (GraphicsBacia), conforme é apresentado na Figura 5.

Figura 5-Classes que compõe a interface gráfica para o módulo bacia

A classe BaciaWidget é responsável pela janela em que o usuário deve informar os modelos
de cálculo utilizados e os parâmetros para cada modelo. As outras classes são responsáveis pela parte
de visualização de resultados. Os resultados podem ser visualizados de forma resumida, por tabelas
ou através de gráficos. Essas janelas podem ser acessadas através de menus iterativos, quando é
clicado com botão direito do mouse sobre o item, conforme mostra a Figura 6.

Na Figura 7 é possível observar a interface gráfica da classe BaciaWidget. Na aba Modelos,


são definidos os modelos de precipitação, infiltração e transformação. Nas outras abas são inseridos
os parâmetros necessários para cada modelo selecionado. Na aba Opções é possível adicionar um
hidrograma observado para ser comparado ao que é calculado pelo sistema.

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Figura 6- Menus interativos Figura 7 - Interface gráfica da classe BaciaWidget

A parte de modelos de cálculo não possui nenhuma interface gráfica e por isso são apenas
classes comuns do C++. Os modelos já implementados para o módulo da bacia hidrográfica são
apresentados na Figura 8.

Figura 8- Classes para os modelos de cálculo (módulo bacia)

4. RESULTADOS

A bacia de Sítios Novos está situada no município de Sítios Novos a 50km de Fortaleza.
Nela foi construída uma barragem localizada no seu exutório que tem capacidade de retenção de 123
milhões de m³, para abastecimento do complexo industrial do Porto do Pecém, além dos distritos de
Sítios Novos, Catuana, Siupé e Umarituba, todos pertencentes ao município de Caucaia, e a sede do
município de São Gonçalo do Amarante (COGERH, 2013). Foi realizada a modelagem hidrológica
da bacia e barragem de Sítios Novos, com base nos dados do relatório de 2013 fornecido pela
COGERH, em que foi realizada toda a caracterização, assim como também foi realizada a simulação

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hidrológica utilizando o programa HEC-HMS. Os resultados obtidos com o HEC-HMS são
comparados com os do sistema computacional desenvolvido na pesquisa para validação dos modelos.

Com base em um hietograma de projeto foi calculado o hidrograma resultante no exutório


da bacia com base no método do número CN para infiltração e do SCS para transformação da chuva
em vazão. Em seguida, foi realizada a propagação do hidrograma no exutório da bacia no vertedouro
da barragem utilizando o método de Puls. Os parâmetros do vertedor, da cota inicial da lâmina de
água e dos dados da curva cota-volume foram retirados do relatório da COGERH (2013).

Os resultados para o hidrograma efluente do vertedouro são apresentados na Figura 9 e


Figura 10, é possível observar que os gráficos dos hidrogramas do HEC-HMS, em preto, e do sistema
desenvolvido, em azul, são muito próximos. Isso pode ser confirmado também pela funcionalidade
de cálculo de discrepâncias, em que o hidrograma calculado do modelo é comparado com o fornecido
pelo usuário (nesse caso o HEC-HMS), conforme a Figura 11. Importante observar que os valores
não são erros, já que não são comparados com valores observados (reais).

Figura 9-Hidrogramas calculados para o reservatório de Sítios Novos

Figura 10- Ampliação no gráfico dos hidrogramas

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Figura 11- Discrepâncias em relação ao HEC-HMS para o reservatório de Sítios Novos

O mesmo procedimento foi realizado para verificação do hidrograma no exutório da bacia,


antes da propagação no reservatório. Os dados simulados foram comparados com os do HEC-HMS,
os resultados podem ser observados na Figura 12, na Figura 13 e na Figura 14.

Figura 12- Hidrogramas no exutório da bacia de Sítios Novos

Figura 13- Ampliação no gráfico dos hidrograma

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Figura 14 - Discrepâncias em relação ao HEC-HMS no exutório de Sítios Novos

5. CONCLUSÕES

Após a realização das simulações, pode-se concluir que o sistema consegue calcular com
boa precisão os modelos de precipitação do número da curva (CN) e de transformação pelo
hidrograma adimensional do SCS, fornecendo resultados consistentes com os do programa HEC-
HMS. Do mesmo modo, os resultados obtidos para os modelos de canais/rios e reservatórios foram
bastante precisos, indicando que sua implementação está correta. No momento está em curso o
desenvolvimento de um plug-in para o programa QGIS para integrar esse sistema computacional aos
sistemas de geoprocessamento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

BLANCHETTE, J.; SUMMERFIELD, M. C++ GUI Programming with Qt. 2° ed. Prentice Hall,
2008.

CAMPOS, José Nilson B. Lições em Modelos e Simulação Hidrológica. Fortaleza: Expressão


Gráfica, 2009.

COGERH. Estudos hidrológicos da bacia hidrográfica da barragem Sítios Novos. 2013.

COLLISCHONN, W.; TASSI, R. Introduzindo Hidrologia. Porto Alegre: IPH-UFRGS, 2008.

MAIDMENT, D. Handbook of Hydrology. Mcgraw-Hill, 1993.

SUMMERFIELD, M. Advanced Qt Programming : creating great software with C++ and Qt 4.


Prentice Hall, 2010.

TUCCI, C. E. M. Hidrologia: ciência e aplicação. 2° ed. Porto Alegre: UFRGS, 2001.

TUCCI, C. E. M. Modelos Hidrológicos. 2° ed. Porto Alegre: UFRGS, 2005.

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