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Alexandre Rodrigues Chagas Silva1, André Luiz Justi2, Paula Mayumi Saizaki3
RESUMO
Os cálculos necessários para determinar com precisão a perda de carga nos mais variados tipos de tubulações e
acessórios que compõem um sistema de recalque de fluídos são longos, trabalhosos e suscetíveis a erros. Assim, o
objetivo deste trabalho foi desenvolver um software didático para dimensionamento de sistemas de recalque hidráulico
com aplicações na engenharia agrícola, todas páginas e componentes do software foram desenvolvidos através do
ambiente de desenvolvimento integrado Lazarus 1.6 na linguagem de programação Object Pascal, o que possibilitou
simplicidade no visual gráfico e robustez nos cálculos realizados, obedecendo às restrições indicadas na literatura para
as equações adotadas, possibilitando assim, resultados confiáveis e com rapidez.
ABSTRACT
The calculations required to accurately determine the pressure drop in all types of pipes and fittings that make up a
fluid discharge system are time consuming, laborious, and error-prone. The objective of this study was to develop an
educational software to scale hydraulic systems with applications in agricultural engineering. All of the interfaces and
software components were developed using Lazarus 1.6 in the Object Pascal programming language, which enabled
simplicity in the graphical interface and robustness in the calculations, sticking to the restrictions adopted equations,
thus obtaining reliable results quickly.
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Engenharia na agricultura, viçosa - mg, V.24 N.6, Novembro / Dezembro 2016 491-504p.
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seleção de qual Equação será usada, resgatando que realmente é transmitida ao líquido, Equação
informações do formulário anterior (peças 10) e logo após, da potência absorvida no eixo da
especiais na tubulação de recalque), caso a bomba bomba (potência hidráulica, acrescida das perdas
esteja submersa (bomba afogada), Equação 9, caso mecânicas da bomba, Equação 11). Para que seja
não esteja (bomba não afogada): possível a realização desses cálculos, o software
resgata informações disponíveis na memória,
(8)
acessíveis em formato de variáveis e traduz em
(9) formato de texto tanto a vazão, quanto a altura
total de elevação, assim como requisita a inserção
da potência escolhida (em %) e converte todas as
em que,
unidades dos dados necessários para garantir que
= Altura manométrica total, em m;
o resultado final da potência absorvida no eixo da
= Altura geométrica da tubulação de sucção, em m;
bomba seja exibido em cavalos.
= Altura geométrica da tubulação de recalque, em m;
= Perda de carga na tubulação de sucção, em m; (10)
= Perda de carga na tubulação de recalque, em m;
= Perda de carga na tubulação de recalque, em m;
(11)
= Energia disponível, em m;
= Pressão atmosférica por área da tubulação, em que,
em Kgf.m²; = Potência hidráulica ou útil, em CV;
= Pressão do vapor d’água por área da tubulação, Pb= Potência absorvida no eixo da bomba, em CV;
em Kgf.m²; = Vazão, em m³ s-1 ;
= Peso específico do líquido, em Kgf.m³; H = Altura manométrica, em m; e
= Altura estática de sucção, em m; e = Rendimento da bomba, adimensional.
= Somatório de todas as perdas de carga até a
entrada da bomba, em m. Ainda no formulário “potência da bomba”,
existem duas possibilidades para dar seguimento
Em relação ao N.P.S.H disponível, existem aos cálculos, que dependem do tipo de motor,
recomendações na literatura da inclusão no cálculo sendo possível escolher entre motor elétrico ou a
de um coeficiente de segurança. Porém, para tal, combustão, como mostra a Figura 6.
existe variação de recomendação, sendo esse Para ROMANI, MAGALHÃES e
item, portanto, suprimido do software, mas não EVANGELISTA (2015), a inclusão de mais de
deixando de ser indicada essa recomendação. Fica, uma seção de “ajuda” e “informações adicionais
então, a cargo do usuário/projetista determinar qual ao projeto”, tornam a consulta mais simples,
coeficiente de segurança a ser utilizado. mantendo, assim, o status didático do software.
Foi reservado um espaço do formulário dedicado No formulário do motor a combustão (Figura
a mostrar os resultados obtidos, configurando um 7), existem opções de combustíveis que podem
resumo do sistema, onde podem ser visualizadas ser utilizados no cálculo da estimativa do custo
informações sobre a tubulação de sucção, tubulação anual de bombeamento. Foi feita, ainda dentro
de recalque, ou nenhuma das duas. Quando não dessa página, uma janela que tem como finalidade
houver espaço em branco, o software exibe os auxiliar em caso de dúvidas sobre o método de
resultados nos campos indicados. cálculo utilizado, basta clicar no botão “AJUDA” e
Na sequência de páginas do programa, a são mostradas, em tempo de execução, as fórmulas
próxima é responsável, no primeiro momento, pelo utilizadas e o significado de cada componente
cálculo da potência hidráulica ou útil (potência constituinte (Figura 8).
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(2005), e foi descrita de forma visual no software agrupamentos de termos semelhantes, verificações
dentro da página “modalidade tarifaria”, no botão para correções de erros de inserção de dados,
central superior “Informações gerais”, apresentada além de dicas ao longo de toda sua extensão e
nas Figuras 9 e 10. áreas de ajuda (Figura 11), que têm o objetivo de
auxiliar na utilização das ferramentas disponíveis,
(12) compreendendo as fórmulas que estão por trás
em que, da interface do programa. Sendo assim, as três
CAB = Custo Anual de bombeamento, em R$; páginas que contemplam o CAB das modalidades
FAD = Faturamento Anual de Demanda, em R$; tarifárias convencional, azul e verde não poderiam
FAC = Faturamento Anual de Consumo, em R$; e ser diferentes, ou seja, apresentam todas essas
AJA = Ajuste Anual, em R$; características, seguindo o mesmo padrão do
formulário para estimativa da modalidade tarifária
O software possui um layout simples, com convencional (Figura 12).
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As equações utilizadas nos cálculos da tarifa elevatório fica desligado deve ser menor ou igual
convencional são: FAD (Equação 13), FAC sem a 11 meses; já no faturamento anual de consumo
benefício da portaria 105 DNAEE (Departamento (Equação 15), com o benefício da portaria 105
Nacional de Águas e Energia Elétrica), (Equação (portaria responsável por estimular a otimização
14), com benefício da portaria 105 DNAEE do uso da energia no meio agrícola e conceder
(Equação 15), AJA sem benefício da portaria 105 descontos quando cumpridas determinadas
restrições) do DNAEE deve-se atentar para o fdtc
DNAEE (Equação 16) e AJA com benefício da
(fração de desconto sobre a tarifa de consumo),
portaria 105 DNAEE (Equação 17). Para a tarifa
que pode variar de acordo com a região do país
verde foram utilizadas as equações: FAD (Equação e o horário especial para irrigantes, que no Brasil
18), FAC sem benefício da portaria 105 DNAEE vai de 23h até as 5h, além do mais, no AJA, o cos
(Equação 19), FAC com benefício da portaria (Fatora de Deslocamento do Sistema Elétrico)
105 DNAEE (Equação 20), AJA sem benefício deve ser menor ou igual a 92%, caso contrário, a
da portaria 105 DNAEE (Equação 21) e AJA com equação 17 não poderá ser aplicada
benefício da portaria 105 DNAEE (Equação 22).
Por fim, para a tarifa azul foram utilizadas: FAD FAD= ∑12
m=1 DMm .TDc +0,10.d.DMmáx .TDc (13)
(Equação 23), FAC sem benefício da portaria
FAC= ∑12
m=1 CMm .TCc (14)
105 DNAEE (Equação 24), FAC com benefício
da portaria 105 DNAEE (Equação 25), AJA sem FAC= ∑12
m=1 TCc CMhem . 1-fdtc+CMhcm (15)
benefício da portaria 105 DNAEE (Equação 26)
0,92
e AJA com benefício da portaria 105 DNAEE AJA= ∑12
m=1 (DMm .TDc +CMm .TCc). cosθ
-1 (16)
(Equação 27).
(17)
0,92
Os cálculos que culminam na estimativa AJA= ∑12
m=1DMm .TDc+CMhcm +CMhem . 1-fdtc.TCc. cosθ
-1
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contratada para o segmento fora de ponta, quando TUap = Tarifa de ultrapassagem de demanda azul
a demanda contratada no respectivo segmento for no horário de ponta, em R$.(kW)-‘;
de 50 Kw a 100Kw. Os termos (DMfpmu-DCup). TUafp = Tarifa de ultrapassagem de demanda azul
TUap, (DMfpmu-DCufp).TUafp, (DMpms - DCsp). no horário fora de ponta, em R$.(kW)-‘;
TUap e (DMfpms-DCsfp).TUafp, não são aplicados TCaup = Tarifa de consumo azul no período úmido,
se isso não ocorrer. no horário de ponta, em R$,(kWh)-1;
TCaufp = Tarifa de consumo azul no período
5 úmido, no horário fora de ponta, em R$.(kWh)-1;
∑mu=1 DMpmu.TDap+DMpmu-DCup.TUap
+0,10.dup.DMpmáx .TDap.+ TCasp = Tarifa de consumo azul no período seco,
∑5
mu=1 DMfpmu .TDafp+DMfpmu -DCufp.TUafp
no horário de ponta, em R$.(kWh)-1;
FAD = +0,10.dufp.DMfpmáx .TDafp+ (23) TCasfp = Tarifa de consumo azul no período seco,
∑ms=1 DMpms.TDap+DMpms -DCsp.TUap.
7
7 no horário fora de ponta, em R$.(kWh)-1.
∑ms=1 DMfpms.TDafp+DMfpms -DCsfp.TUafp
+0,10.dsfp.DMfpmáx .TDafp
dup = Número de meses completos que o sistema
elevatório fica desligado no período úmido do ano
∑5mu=1 CMpmu.TCaup+CMfpmu.TCaufp + no horário de ponta;
FAC= (24)
∑ms=1 CMpms.TCasp+CMfpms.TCasp+CMfpms .TCasfp dufp = Número de meses completos que o sistema
7
CMfpcmu +
elevatório fica desligado no período úmido do ano
FAC=
∑5mu=1 CMpmu .TCaup+
CMhemu . 1-fdtc
.TCaufp +CMpms .TCasp+
(25) no horário fora de ponta;
∑7ms=1CMfpcms +CMhems . 1-fdtc.TCasfp
dsp = Número de meses completos que o sistema
elevatório fica desligado no período seco do ano no
FAD-0,10(dup.TDap+dufp.TDafp+
dsp.TDap+dsfp.TDafp)+ horário de ponta; e
AJA= 5
0,92
. -1 (26)
∑mu CMpmu.TCaup+CMfpmu.TCaufp cosθ
7 dsfp = Número de meses completos que o sistema
∑ms=1 CMpms.TCasp+CMfpms .TCasfp elevatório fica desligado no período seco do ano no
FAD-0,10dup.TDap+dufp.TDafp+dsp.TDap+dsfp.TDafp+
horário fora de ponta.
AJA=
7
∑5mu=1 CMpmu .TCaup+CMfpcmu +CMhemu .(1-fdtc).TCaufp +
(27)
Um procedimento adotado em todas as etapas
0,92
∑ms=1 CMpms .TCasp+CMfpcms +CMhems . 1-fdtc.TCasfp. cosθ -1
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