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USO DE AMBIENTE

VIRTUAL PARA ENSINO


DE PROGRAMAÇÃO
DE CONTROLADORES
LÓGICOS
PROGRAMÁVEIS

Amanda Cristina Carneiro1


Joice Kamila Alves2
Matheus de Souza Silva3
Luis Paulo Fagundes4

META | Belo Horizonte | v. 1 | n. 1 | p.58 - 63 | 2016 |


PALAVRAS-CHAVE: software educacional; controlador lógico
programável; simuladores de processos; ambiente virtual de ensino;
programação de CLP.

1. INTRODUÇÃO
O ensino de engenharia enfrenta diversos desafios. Dentre eles,
destaca-se o de despertar o interesse dos alunos por matérias práticas
em que os recursos para o ensino são limitados. Nesse sentido, o ensino
de programação de controladores lógicos programáveis (CLPs)
sofre com a falta de recursos, tendo em vista que a implementação
de um processo de manufatura torna-se inviável a uma instituição
federal, devido ao alto investimento e também à rigidez do processo,
fazendo, assim, com que o ensino torne-se especializado em apenas
uma área de manufatura (ARMSTRONG & PEREZ, 2001). Assim,
a busca por ferramentas virtuais apresenta-se como uma alternativa
para contornar essa dificuldade.
Esse trabalho teve como objetivo programar a automação de uma
fábrica virtual de tintas, aumentando o interesse por parte dos alunos na
disciplina de controladores lógicos programáveis, além de promover
ao aluno a percepção do processo de programação de uma fábrica
e fazer com que o aluno tenha uma experiência mais próxima da
realidade, utilizando, para isso, o conhecimento sobre a programação
de controladores industriais. Ademais, pretende-se melhorar o curso
de Engenharia de Automação Industrial do CEFET-MG.

2. METODOLOGIA
O primeiro passo foi a integração entre o ambiente virtual e o
programa do CLP. Foram utilizados os softwares TIA®, da
Siemens, e o ambiente virtual Its PLC®. Em seguida, foi feita a
interpretação do descritivo funcional do processo a ser controlado,
o qual consistia em uma fábrica de tintas, cujo objetivo era misturar
três tintas de cores primárias (vermelho, verde e azul) de forma a
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O sistema foi constituído por três reservatórios de tinta, três tanques
de medição e um tanque de mistura (Figura 1). Os reservatórios (A, B,
C) continham tintas de cor vermelha, verde e azul, respectivamente.
A descarga dos reservatórios foi feita através das válvulas (D, E,
F) para os tanques de medição (G, H, I). Cada tanque possuía três
pontos de medição. A tinta contida nesses tanques foi descarregada
através das válvulas (J, K, L) para o tanque de mistura (M). Se o
volume de tinta descarregado para o tanque de mistura fosse superior
à sua capacidade, o excedente seria descarregado pela purga (O).
Foi necessário que o processo de mistura durasse no mínimo cinco
segundos. A tinta produzida foi descarregada através da válvula (N)
para o tubo de descarga (P).

Figura 1. Vista superior da planta de produção de tinta

Com o objetivo de operar a fábrica de tintas, foi criado um sistema


supervisório, com o software TIA. Neste software, foi possível a
criação de um menu para seleção da tinta a ser produzida e controle
de início e parada de produção (Figura 2).
Além disso, foi utilizada a linguagem Ladder para programar o
CLP. A lógica de programação foi estabelecida baseada na forma de
produção de cada tom de tinta. O software Its PLC® documentou
19 cores. Cada tinta foi produzida através de uma combinação dos
sensores de níveis de cada tanque de medição - dados necessários para
a programação da planta. Foram criadas ao todo 117 tags contendo
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a identificação de sensores, atuadores, motores, válvulas e tipos de
variáveis, juntamente com os respectivos endereços de memória e
comentários descritivos de acordo com as normas da ISA 5.1, que
padroniza a simbologia e terminologia de instrumentação.
Foram criadas malhas que controlavam desde a lógica para ligar
bombas e atuadores até o controle de temporizadores, os quais
evitam surto de corrente nos motores. Dessa forma, com o auxílio
dos softwares, a programação tornou-se bem mais simples, pois foi
possível documentar, comentar e observar, em tempo real, todas as
variáveis e networks em pleno funcionamento.

Figura 2. Interface homem máquina (IHM)

3. DISCUSSÃO E RESULTADOS
Por meio da simulação, foi possível realizar os testes das lógicas de
controle e descobrir alguns erros nas referidas lógicas. A melhora
contínua do programa foi possível graças à observação do compor-
tamento do sistema quando em funcionamento com o ambiente vir-
tual. A Figura 3 mostra a fábrica virtual em operação, produzindo
uma tinta de cor amarela.

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Figura 3. Fábrica de tintas funcionando

4. CONCLUSÃO
O uso de ambiente virtual demonstrou-se muito importante para o
desenvolvimento das habilidades de programação de CLP, permi-
tindo que os alunos não só programassem de maneira segura e eco-
nômica uma fábrica muito próxima do real, mas também verificas-
sem o resultado de seus esforços.
Como trabalho futuro, sugere-se a programação das outras fábricas
disponíveis no software Its PLC®.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARMSTRONG, B.; PEREZ, R. Controls laboratory program
with an accent on discovery learning. IEEE Control Systems
Magazine, 2001.
GEORGINI, M. Automação aplicada. 5 ed. São Paulo: Livros
Érica, 2003.
MORAES, C. C. de; CASTRUCCI, P. Engenharia de automação
industrial. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2001.
SIMATIC STEP7 USER MANUAL. NUREMBERG, 2014.

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NOTAS
Graduanda em Engenharia de Automação Industrial, CEFET-MG,
1

Campus Araxá, MG, Brasil. amandacarneiroeai@gmail.com.


Graduanda em Engenharia de Automação Industrial, CEFET-MG,
2

Araxá, MG, Brasil. joicekamila30@gmail.com.


Graduando em Engenharia de Automação Industrial, CEFET-MG,
3

Araxá, MG, Brasil. dr.rirotho@gmail.com.


Engenharia de Automação Industrial, Mestre em Engenharia
4

Elétrica, Professor, Departamento de Eletromecânica, CEFET-MG,


Araxá, MG, Brasil. lpfagundeseai@gmail.com.

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