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PRODUÇÃO

Sistema de Tecnologia de Grupo: Um Estudo de


Caso Através de Análise do Fluxo da Produção
Newton Ribeiro dos Santos, (D.Se.)
Professor do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
Av. Amazonas, 7675 - 30.510.00, B. Horizonte, MG
E-mail.· newton@dppg.cefetmg. br
Lindolpho Oliveira de Araújo Junior, (M.Te.)
Professor do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná
Rodovia PR-469, Km 01 cep 85.503-390, Pato Branco, PR
E-mai!: lindolph@cefet.whiteduck.com.br

Rcsumo

Propõc-sc uma implcmcntação computacional da análisc do nuxo da produção para uma cmprcsa dc pcqucno porrc. isw
é. o "softwa rc" GROUPTEC. Através do GROUPTEC elaborou-sc um cstudo dc caso, relativo a uma emprcsa Paranaensc
do ramo dc produws manufaturados cm al umínio. Rcalizaram-sc quatro a náliscs quc co mpõem a aná lisc do fluxo da produção,
a sabcr. análisc do fluxo da fábrica, an,ílisc dc grupo. análisc dc linha c análise do fcrramcnta!. Após a aplicação dcsta técnica ,
chcgaram-sc aos rcsultaJos finais quanw às célubs tccnológicas c sc us elcmenws co nstituintes, as fam ílias dc peças c os
grupos de máq uina s, cm um arra njo ccl ubr otimizado, com uma cficiência dc agrupamento dc aproximada m cntc 98% .
Estimou-se um ganho dc produtividadc de 30% do tempo de movimento das pcças c o dc fibs de cspcra ao pé-da-máqu in a.

Abslmct

/n tlús work, a comp"tational implemmtation o[ lhe prodllction flow analysis for a small company, namelfy. the software
CROUPTEC, Ilas bem proposed Using CROUPTEC a case sllld} Ilas bem divised and applied lO a "Paranaense " compan} fi'om
lhe bmncll o[ aluminllm manllfoctllred prodllcls. FOllr anafyses o[ lhe prodllction {low anafysis have bem performed, Ihat is. lhe
foctor} flo/U anafysis, gro up anafysis, line anafysis and 1001 anllfysis. After Ibe Ilpplimtion o[ lhe Ilbove teclmiqlle, Ibe finlllremlts
relllled lo the technologiclll alls Ilnd Iheir constiwmt elements. pllrl fomilies Ilnd mllcbinery groups lelld to (//1 0plimized ali
Ilrmngemem. /Uilh a grouping efficimc} o[ Ilpproximlllefy 98%. A productivity gllin 0[30% has bem estimllted /Uilh Ibe time-in-
movement o[ the pllrts Ilntl time-in-/Ullitin~-lines Ilt tlle mllchine.

Palavras C haves:
Manufatura, C lM , Tecnologia, G rupo, Cel ul ar.

Key words:
Manufocturing, Technology, Group, Cellular

I. Introdução produção com garantia da qualidade, a menores


custos, com alta flexibilidade , alta produtividade,
É notório que a globalização da economia produção em pequenos lotes, o que se torna uma
tem levado muitos países a uma corrida contra o tendência mundial. Muitas ferramentas foram
tempo, na intenção de vencer o desafio da neces- desenvolvidas para esse fim, sendo algumas mais
sidade de modificar significativamente o quadro ou menos eficazes que as outras.
mundial de produção de bens de consumo, sob Cerca de 75% das peças produzidas nas
pena de perder a disputa pela hegemonia do indústrias metalúrgicas o são em lotes menores
mercado. Cada vez mai s, técnicas avançadas vêm que 50 pcças. sendo que existe a tendência de
sendo desenvolvidas, com o intuito de otimizar a aumentar a di versificação de peças e produtos
PRODUÇÃO. Vol. 9.,," I. p. 6;-82 J\IJEPRO. RI O de Jane iro. J C)1)9
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aumentando a necessidade de novas técnicas de sejáveis da má utilização de tais técnicas por não
planejamento da produção. Constata-se, em trabalharem com estes elementos em suas análi-
alguns casos, que cerca de 95% do tempo gasto ses. Há pouca literatura, portanto , relatando
para produzir uma peça resulta de movimento de pesquisas sobre avaliação de tais algoritmos
material pela fábrica e espera ao pé-da-máquina; explorando suas vantagens, desvantagens e como
além disso, o conjunto de peças é desordenado c medir sua eficiência.
o planejamento de processos se torna uma tarefa O estudo das características das máquinas,
muito difícil e geralmente longas filas são forma- peças, operações, ferramentas e do tipo de produ-
das, durante o processo produtivo, devido a ção utilizada possibilita a identificação da classe
gargalos. de problema que está sendo tratado e das melho-
Contudo, o aumento da produtividade pode res técnicas de TG para resolvê-lo.
ser conseguido com a redução do fluxo de infor- Segundo Souza (1991) a concepção de um
mações necessárias para o projeto e reorganizan- sistema de produção celular para o tipo de pro-
do o setor produtivo. Para isso se utiliza a blema a ser tratado por TG requer a utilização da
tecnologia de grupo (TG). técnica de análise do fluxo da produção (AFP),
Sabe-se que a TG pode ser vista como fator face à necessidade da substituição do sistema de
significativo para a integração total de uma indús- produção existente (em funcionamento) por outro
tria no sentido de que proporciona uma organiza- de produção celular. Em Choi (1996) é apresenta-
ção básica de todos os componentes a serem do um estudo exploratório de variáveis que
produzidos pela fábrica, através da classificação e afetam a conversão de sistemas para um "Iayout"
codificação destes em características similares. As celular. O autor diz que o sucesso de uma con-
técnicas de classificação e codificação são empre- versão para um sistema celular requer um bom
gadas de acordo com as características do proble- manuseio das variáveis e um completo entendi-
ma a ser tratado, possibilitando que informações mento de como estas variáveis se interagem e as
relativas ao projeto, processos de fabricação e possíveis relações entre elas. Como essas variá-
insumos, em geral, possam ser armazenados veis podem afetar os resultados da conversão
através de códigos e recuperados a qualquer para um sistema celular, ou seja, tornando o chão-
tempo conforme a necessidade. Um fator bastante de-fábrica otimizado. também são mostrados pelo
relevante neste caso é o fato da classificação e, autor. Afirma, ainda. que as variáveis como
portanto, também a codificação poderem ser variedade de produtos e volume de produção
feitas de maneira natural, ou seja, utilizando os podem ser aumentadas, assim como, as variáveis
próprios códigos da empresa com gerenciamento custos de produção e tempo de produção podem
através do "software". A flexibilização do sistema ser diminuídas. As'variáveis apresentadas pelo
permite que informações pert inentes aos planos autor dizem respeito a indústrias metalúrgicas
de processos possam ser usadas na reorganização com processos de usinagem apenas.
dos processos produtivos com a intenção de Em Crama e Oosten (1996), Cheng et a!.
otimizar o chão de fábrica. Muitos autores (1996), Gupta et a!. (1996), Boctor (1996) en-
pesquisaram algoritmos capazes de tais feitos e contram-se modelos para a formação de famílias
destacaram suas vantagens, porém não de peças e grupos de máquinas para " Iayout"
explicitaram quais seriam as conseqüências inde- celular. Cheng et a!. (1996) apresentam um mode-

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lo para minimizar os movimentos intercelulares Neste trabalho, consideram-se os seguintes
utilizando distância como medida. Um algoritmo tipos de " Iay-outs" de produção, baseados no
de busca em árvore truncada foi testado por ele arranjo das máquinas, cuja conceituação vem a
em vários problemas obtidos da literatura. O segUIr.
autor também apresenta uma comparação de seus " Layout" em linha de produção: as máqui-
resultados com os de outros autores. nas são organizadas em seqüência obedecendo às
Aprcsentam-se, a seguir, alguns conceitos etapas a serem cumpridas para a fabricação do
básicos que serão utilizados neste trabalho. produto, ou seja, cada linha serve a apenas um
produto final ou a um conjunto específico de
2. Evolução do conceito CIM e Organização produtos.
dos Sistemas Produtivos "Layout" por organização funcional: todas
as máquinas que executam operações semelhantes
A tecnologia de grupo (TO) vem sendo são colocados dentro de um mesmo departamen-
utilizada há cerca de um século pelas indústrias to. Os produtos, então, caminham através dos
para organização da fábrica, desde I-Ienry Ford departamentos produtivos que são necessários à
até os dias de hoje . No passado eram técnicas sua fabricação. Este arranjo é também conhecido
esparsas sendo , hoje em dia, um conjunto siste- como "job shop".
mático de conceitos, aplicado nas indústrias "Layout" Celular: agrupam-se as máquinas
numa escala ampla e abrangente. Muitos concei- de tipos variados, necessárias à produção de uma
tos e estratégias foram desenvolvidos após o família de peças. A lista de máquinas utilizadas
advento das máquinas automáticas e das máqui- para executar cada processo é chamada de unida-
nas de controle numérico (CN). Seguindo a de produtiva (UP) e conjuntos destas vão formar
evolução natural na busca da maior produtividade as células.
chegou-se à tecnologia controle numérico A manufatura celular é resultado da aplica-
computadorizado (CNC). Desenvolveram-se as ção da TO a "job-shops", tendo como objetivo a
aplicações de controle adaptativo (CA); criou-se decomposição do sistema produtivo. Esse tipo de
o conceito de centros de usinagem (CDU), de produção é também chamado de "cell shop" e
sistemas flexíveis de manufatura (F MS), projeto aplica-se a sistemas produtivos com médio volu-
e fabricação auxiliados por computador (CAD/ me de produção e média variedade de produtos.
CAM), manufatura integrada por computador v. Figura 1.
(CIM) etc.

Figura I - Organização em Layout Celular.

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PRODUÇÃO ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Os sistemas produtivos são classificáveis 3. Facilidade de Projeto utilizando TG,
conforme o volume de produção e a variedade de Identificação e Tamanho do Problema
produtos a manufaturar. Lacerda (1993) apresen-
ta uma classificação dos sistemas de manufatura, Quando as peças são agrupadas em famílias,
onde o tipo de sistema produtivo é uma relação determinar como arranjar as máquinas na fábrica
direta entre o volume de produção por tipo de pode se tornar um grande problema. A reorgani-
peça e a variedade de produtos; vide Figura 2. zação do "layout" existente, seja ele em linha de

Peq

PeQ Mêd

Figura 2 - Classificação dos Sistemas de Manufatura.

Outra característica importante a ser obser- transferência ou funcional, é muito importante


vada é o fato de a flexibilidade e a produtividade porque, se as máquinas estão distribuídas de
se comportarem em relação inversa. Quando se maneira aleatória, os custos de produção podem
caminha em direção de uma maior flexibilidade, crescer significativamente.
perde-se em produtividade e vice-versa. Num "layout" celular, máquinas são organi-
Segundo Godoy (1992) a organização zadas no chão de fábrica constituindo as células.
celular apresenta pontos de vantagens e desvan- Cada célula é capaz de processar as operações de
tagens. De um lado, oferece pontos de motivação manufatura de uma ou mais famílias de peças.
caracterizados por redução da movimentação de Consequentemente, a capacidade de uma célula
materiais e produtos, redução dos tempos de pode ser determinada considerando apenas as
preparo das máquinas, redução do tamanho dos famílias de peças que são aí processadas.
lotes de produtos, redução dos estoques interme- Este tipo de "layout" pode ser facilmente
diários (ao pé da máquina), simplificação do administrado. O procedimento para formação das
planejamento e controle:_De outro lado, os pon- células é geralmente chamado de agrupamento
tos de deficiência podem ocorrer devido à má de máquinas/peças. A análise do fluxo da produ-
utilização da TG, sendo caracterizados, principal- ção (AFP) é um dos métodos utilizados para esse
mente, por maior rigidez do sistema quanto a fim, dentro do escopo da tecnologia de grupo
alterações na produção. (TG), (Burbidge, 1971).

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No entanto, a AFP requer um certo poder de Planos de processos (ou folhas de processos)
análise,j ulgamento e decisão . Como resultado são documentos contendo todas as informações
disso, muitas técnicas foram e vem sendo desen- necessárias à produção de um componente qual-
volvidas para auxiliar no agrupamento de máqui- quer, ou seja, neles estão contidas todas as infor-
nas e na formação de famílias de peças. mações sobre o componente, desde quando ele
Retornando à tecnologia de grupo, cumpre entra no setor produtivo ainda como matéria
lembrar que a mesma constitui uma filosofia de prima até sua transformação em peça acabada.
manufatura calcada num conceito básico relativa- O desenvolvimento de um módulo de classi-
mente simples: identificar e agrupar peças e ficação e codificação de atributos para agrupa-
processos, através de critérios de semelhança, mento em uma base de dados, bem como a cria-
obtendo vantagens ao longo de todos os estágios ção desta base de dados, é extremamente impor-
de projeto e manufatura (Gallacher e Knight, tante para uma ferramenta de "software" em TG.
1986). A definição dos atributos constitui base Os atributos poderão ser especificados de maneira
fundamental para o emprego da TG. Os atributos personalizada para cada empresa e dependem do
para agrupamento são baseados em forma geo- que a empresa produz e dos processos utilizados
métrica, função e planos de processos para as na produção.
peças. Segundo Kusiak (1990) e Souza (1991) o
As formas geométricas são utilizadas em tamanho do problema em TG depende do núme-
sistemas CAD, CAM, CAE e CAPP. Nestes ro de máquinas e peças processadas pelo setor
sistemas as famílias de peças podem ser formadas produtivo e classifica-se de acordo com a Tabela
conforme características geométricas simi lares . I. Quanto maior o número de máquinas e peças,
As funções podem ser utilizadas em sistemas mais complexos se tornam a avaliação e a
semelhantes para formarem famílias de peças otimização do chão de fábrica.
conforme sua função. Já o agrupamento baseado Para cada tamanho de problema existe a
em planos de processC's é utilizado para organizar escolha natural dos melhores algoritmos de TG
o setor produtivo no sentido de aumentar a que conduzem à solução e otimização da planta
produtividade e flexibilidade minimizando os em termos de eficiência de agrupamento, tempos
custos associados à produção. de execução etc.

I amanho do Problema Numero de Maqumas Numero de Peças

(m) (n)

Pequeno m < lU n < 3U

MedlO 10 S m < JO 3U S n < 60

(jrande m ::>: 30 n ::>: 60

UltO grande m > óU n > I LU

Tabela I - ~laSSlllCa çao oe proolemas na lu.

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PRODUÇÃO ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Cumpre observar que foi escolhido o modelo A análise é feita de forma progressiva,
de TO baseado em planos de processos (PP), através dessas informações, onde divisões natu-
descartando-se as abordagens por formas geomé- rais em grupos e famílias são obtidas, assim como
tricas e função das peças, em razão de a AFP elementos excepcionais que não se ajustam à
trabalhar com dados relativos aos processos de solução encontrada para a maioria.
fabricação visando à otimização da planta. Para a A técnica de análise do fluxo da produção
solução de problemas na TO, baseada em PP, são consiste em quatro estágios sucessivos; a saber,
utilizadas três tipos de metodologias: matricial análise do fluxo da fábrica (AFF), análise de
(álgebra linear), programação linear e grafos . grupo (AO), análise de linha (AL) e análise do
Escol heu-se a matricial, neste trabalho , pelo fato ferramental (AF) . Ao contrário de outras técnicas,
de sua implementação computacional ser mais uti lizadas para a geração de tecnologia de grupo,
simples. um sistema baseado em AFP requer uma
interação maior com o usuário. Os resultados
4. Análise do Fluxo da Produção (AFP) parciais devem ser analisados e decisões devem
ser tomadas antes do prosseguimento das etapas
Na AFP , a preocupação principal é com os subseqüentes, exigindo muito domínio do assunto
métodos de fabricação, não se levando em conta por parte da pessoa ou equipe que aplica o méto-
as características de projeto ou a forma dos do . No entanto, este tipo de análise se torna mais
componentes. Leva-se em consideração o fluxo fácil devido ao fato de o problema ser atacado
de materiais pela fábrica e sua manipu lação, ou por partes evitando a complexidade do tratamen-
seja, apenas as máquinas e ferramentas que estão to globalizado.
realmente em uso. A metodologia de AFP, esco lhida em. função
A AFP depende fundamenta lmente de das característ icas do problema de TO proposto,
informações procedentes dos planos de processos req uer as seguintes entradas: matriz de incidência
referentes às peças produzidas; vide Figura 3. de máquinas/peças, número de células, tempo de

/< UL H A U b I'KUCbSS U : N,KI' :


NOME DA PEÇA: CODIGO:
MATE RI AL :
uperaçao Maq uin a u escn çao oa u peração lempo Departam en to

loura j - ~ o ln a e t'rocessos DI vi dida em Ue partamentos e CoOI IcaOa.


PRODUÇÃO
operação de cada peça, tempo de máquina e contendo o valor I, se a máquina i incide no
número de máquinas do mesmo tipo . É conveni- processo de fabricação da peça j , ou o valor 0,
ente lembrar que todas essas informações se caso contrário.
encontram nos planos de processos: As etapas para a AG, por sua vez, são as
Descrevem-se, a seguir, os quatro estágios seguintes: enumeração das operações em cada
que compõem a AFP .. folha de processo, obtenção das famílias de peças
e grupos de máquinas (com uso de algoritmo),
a) A análise do nuxo de fábrica teste do carregamento e alocação das máquinas,
análise das peças excepcionais para eliminação ou
Esta análise consiste no estudo das rotas ou reprogramação e, finalmente, a obtenção do
caminhos pelos quais o material flui pela fábrica . fluxo final. Na segunda etapa acima (obtenção de
A preocupação maior nesta etapa é com uma famílias de peças e os grupos de máquinas) ob-
divisão em grandes grupos de unidades produti- têm-se as células tecnológicas, através de
vas e em grandes famílias para cada unidade algoritmos computacionais da álgebra linear. ou
produtiva. ou seja, importa analisar as rotas sem seja, diagonalizando-se a matri z de incidência,
se preocupar com os processos envolvidos. As acima definida. com a aplicação de algoritmos
etapas para esta análise são: divisão em departa- adequados.
mentos, alocação das máquinas por departamento Os dados de entrada para os algoritmos
e a determinação da freqüência em uso, determi- estão contidos nas informações tecnológicas,
nação do número de rota de processo (NRP). armazenadas anteriormente durante a etapa de
análise de peça por NRP, obtenção da carta de cadastramento, tendo como base os planos de
nuxo original, determinação de peças excepcio- processos.
nais, eliminação das exceções, teste de carrega- Dentre os algoritmos que tratam a matriz de
mento das máquinas \,; a especificação de um incidência, selecionou-se o ROC estendido
sistcma dc nuxo padrão entre departamentos. ("Extended Rank Order Clustering Algorithm"),
desenvolvido por King, J. R. Nakornchai e citado
b) Análise de Grupo por Souza (1991).
Este algoritmo consiste em efetuar transfor-
Nesta análise. a partir de informações mações elementares (permutações) sobre a matriz
contidas nas folhas de processos, elabora-se, para de incidência A até obter outra diagonalizada
posterior tratamento computacional, a matriz de por blocos, isto é, todas suas submatrizes são
incidência de máquinas/peças para cada departa- nulas, exceto as submatrizes diagonais. Ajustifi-
mento , dividindo-se as peças em famílias e as cativa de se procurar atingir a forma
máquinas em grupos, de maneira que o diagonalizada por blocos baseia-se num princípio
processamento de cad'l família seja obtido em bastante claro. Como as submatrizes não nulas
cada grupo. representam incidência de máquinas em peças e
Denota-se a matriz de incidência A, de estas deverão estar agrupadas, bem como o
ordem m x p, onde m corresponde ao número de movimento intercelular/ interdepartamental de
máquinas da fábrica e p, o de peças ou produtos. peças deve ser o menor possível ( de preferência
Seus elementos a[i,j] são constantes binárias inexistente), fica claro que a correspondente
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matriz de incidência deverá apresentar Estas são denominadas peças excepcionais;
submatrizes não nulas concentradas na forma as correspondentes entradas na matriz de incidên-
diagonal por blocos. cia, após o tratamento do algoritmo ROC , situ-
No final, as submatrizes diagonais, obtidas am-se fora das submatrizes bloco-diagonais e são,
pela transformação, apontam as células de manu- portanto, facilmente identificáveis.
fatura que definem os seus grupos de máquinas e Se ocorrerem peças excepcionais, resta,
as famílias de peças correspondentes. contudo, a possibilidade de eliminação dessa
Seguem os passos do algoritmo "ROC condição, através de várias estratégias como , por
estendido". exemplo, reelaboração de sua folha de processo
repita ( " m" vezes) de forma adequada, modificação de seu projeto
da última coluna para a primeira de forma a contemplar uma folha de processo
faça conveniente, remanejamento de máquinas entre
localize as linhas (máquinas) com entrada; grupos principais, mudança de método de análise
mova as linhas com entradas para a cabeça de de grupo, subcontratação da peça etc.
linhas, mantendo uma prévia ordem de entrada
(ordem anterior à nova iteração). As linhas c) Análise de Linha
sem entrada vêm a seguir mantendo, também ,
a prévia ordem de entrada (ordem anterior à Analisa o fluxo de materiais em cada célula
nova iteração). formada a fim de obter o melhor arranjo para o
fim faça "layout" celular. Através dos resultados obtidos
da última linha para a primeira nas análises anteriores, o objetivo passa a ser o de
encontrar o arranjo físico das máquinas dentro de
. faça
localize as colunas (componentes ou peças) cada célula, o mais próximo do arranjo em linha.
com entrada; mova as colunas com entradas
para a cabeça da lista de colunas, mantendo a d) Análise do ferramenta I
prévia ordem das entradas (ordem ànterior à
nova iteração). As colunas sem entrada vêm a Através da análise da matriz de incidência,
seguir mantendo, também, a prévia ordem de obtêm-se informações sobre quais peças serão
entrada (ordem anterior à nova iteração). processadas em cada máquina dentro da família
fim faça de ferramentas e a seqüência ótima de carrega-
até (não mais alterar a matriz ou parar a mento. O objetivo, nesse estágio , é pesquisar as
iteração ). peças processadas em cada máquina do grupo e
determinar a melhor seqüência de carga, para
É mister observar que nem sempre se minimizar os tempos de preparação das máquinas.
consegue obter, com o simples uso do algoritmo
acima, uma nova matriz, equivalente a A, na 5. O "software" GROUPTEC
forma totalmente diagonalizada por blocos. Isto
ocorre quando é inevitável, com base nos planos O "software" GROUPTEC foi desenvolvido
de processos preexistentes, a movimentação na linguagem DELPHI 2.0 para ser utilizado em
interdepartamental de peças. plataforma Windows. A escolha da linguagem de
desenvo lvimento Delphi decorreu da necessidade 6. Estudo de Caso
de trabalhar em um ambiente visual e multitarefa,
onde os métodos de compartilhamento ou troca Escolheu-se uma empresa para a realização
de dados pudessem ser executados. além dos de um estudo de caso, visando à validação do
recursos de conversão de dados para diversos "software" como ferrame nta para a realização de
formatos padrões já existentes. análi se do fluxo da produção, contemplando as
É aplicado para a reorganização do setor seguintes características:
produtivo em indústrias manufatureiras, de manei- · Possuir a variedade de produtos e volume
ra a torná-las mais eficientes. Oferece característi- de produção médios;
cas de suportar as informações necessárias à · Estar de ntro da instância (tamanho) do
implantação de TG através da AFP para qualquer problema em TG indicado, conforme Tabela I;
empresa manufatureira do setor metalúrgico. Para · Possuir um sistema de produção em linha
isso, o mesmo possui uma base de dados capaz de de transferência ou "layout" funcional , o que
armazenar informações pertinentes a todos os possibilita a aplicação da AFP para transformá-lo
elementos envolvidos no processo de produção em um sistema de produção celular otimizado,
como um todo. conforme técnica descrita em Burbidge (1971).
A Figura 4 mostra a tela de abertura do Baseado nos dados a serem colhidos e no
"software" GROUPTEC; a Figura 5 exibe o seu tamanho do problema de tecnologia de grupo a
fluxograma, o qual descreve todas as etapas para ser analisado, foram contatadas quatro empresas
o cadastramento dos dados relativos à produção e nos estados de Minas Gerais e Paraná.
às análises que constituem a AFP.

~lInul8tUf8 Integrada por Computador - C I M DO


MEC - MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO
CENTRO FEDERAL DE
EDUCAÇAo TECNOLÓGICA DE
MINAS GERAIS
DPPG
DIRETORIA DE PESOUISA E
PÓs.GRADUAÇÃo

Alf. AmUonllS , 7675· NO\'II G.m.letra


CEP 3).51tHXJJ aelo Horizonte MG

T,I. : 55(031) 319-6213


fax .. ~1) 3195212

.maH: webmlStet@dppg.ufelmg br

I GROUPTEC I
CEFET-MG I ll ~ I
Figura 4 - Te la de Abertura do Sistema.
GROUPTEC

T
~UOA(HELP ( PRINC IPAL

I
- { CADASTRO -{ MF
ri AG
ri AL
rl M

-1 Empresas
--{ Frequêncli
em Uso
H
Malnz de
InCldenCli H Rolas pewtl lU
""""',
~ ~I&para
lU FtfulI'~t1a~

iH ROC frequêncla >---1 Frequênae


--bepartamenlO -1 NRP
Eltendldo
H RoIas~ deis SeQuenclln

...., Frequenc ... EficuinClíi de ---1


-1 MáqUinas H Relatôllos Relatónos
das NRP's Agrupamento

--i Optlfações
--{c arta de Flwto
OnÇllnal 1"-1 Relatórios

~ Ferramentas
--{ Peças
Elcepclonals FLUXOGRAMA DO SISTEMA

ri Peças --{ Carregamento


das MáqUinas c::> Módulo PflnClp:l1

-1 Planos de
Processos ri Fluxo
Padrão O Módulos Secundános

-- Sequêncl<I da e)(ecução das analises


'-I Relatórios
ri RelatarlOS

Figura 5 - Fluxograma do Sistema.

Uma das empresas Paranaenses contatadas 6.1 Análise do Fluxo da Fábrica


revelou-se, afinal, a mais disposta a cooperar
fornecendo os subsídios e foi , portanto, a escolhi- Após o cadastramento de todos os dados
da. Iniciaram-se então os trabalhos de coleta de deu-se início às quatro análises conhecidas que
dados. compõem a AFP.
A coleta de dados foi demorada devido ao Primeiramente detectou-se, através da
fato da empresa não possuir catalogados, na análise do fluxo da fábrica selecionada, que
época, todos os dados e procedimentos relativos algumas máquinas constituíam células
à produção. Após visitas às instalações da fábrica tecnológicas, ou seja, apresentavam uma divisão
e análise dos documentos fornecidos, pôde-se natural e intrínseca ao processo por serem neces-
concluir essa etapa, a qual demandou um tempo sárias a quase todas as peças a serem produzidas,
de seis semanas. Foram utilizadas sete (7) tipos como por exemplo a máquina I.
distintos de planilhas com informações pertinentes O Gráfico I exibe a freqüência de utilização
aos processos, materiais e máquinas, totalizando das máquinas. O eixo horizontal representa cada
aproximadamente 250 planilhas para compor máquina utilizada na indústria e o eixo vertical a
todo o acervo de informações. sua freqüência de utilização. Pode-se verificar que
Os dados cadastrados poderão ser aprecia- algumas máquinas possuíam freqüências altas
dos através dos relatórios emitidos pelo sistema. enquanto que outras, freqüências muito baixas.
São eles: os relatórios de empresas, de departa- Foram identificadas, também, máquinas-
mentos por empresa, de máquinas, de peças, de gargalo para o processo, ou seja, que apresentam
operações, de ferramentas, de planos de proces- alta freqüência de uso e problemas com tempo de
sos. carregamento. Para cada uma realizaram-se
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~PRODUÇÃO
estudos visando à elucidação das prováveis mesmo carregamento do "Iayout" funcional,
causas dos gargalos, bem como foram, desde agora em um " Iayout" celular. Somente as máqui-
então, tomadas decisões buscando soluções nas que aparecerem em mais de um departamento
viáveis, segundo estratégia arbitrada pela gerên- devem ser testadas, de vez que se a máquina que
cia. As máquinas gargalo, identificadas pelo aparece em apenas um departamento já suportava
GROUPTEC utilizando as medidas de freqüência o carregamento para o "Iayout" antigo, irá supor-
e tempo de carregamento, foram: 3, 6, 9, 11, 13, tar, por consequência, o carregamento no novo
19,22, 23, 28, 35 e 36. "layout".

Freqüência em Uso para as Máquinas


45 43 43

40
39
r-
- 40
r-
- 37
34 -
o
f/I
::l
35
30
- 29
E r-
<1>
25 22

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21 21
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Máquina

Gráfico I - Gráfico Freqüência de Utilização das Máquinas.

o Gráfico 2 mostra as rotas de processos Caso haja máquina não suportando o carre-
existentes no chão-de-fábrica, encontradas. A gamento em "layout" celular, a mesma deverá ser
freqüência de utilização das rotas de processos estudada para medida corretiva. Neste caso, a
para as peças foi levantada, onde se constatou máquina poderá sofrer alteração de "setup", ou
que algumas eram muito baixas ou muito altas em ser duplicada para atender à demanda e não se
relação à média global. Através desta informação, constituir num gargalo de produção. Fica estabe-
pôde-se visualizar as peças que constituíam lecido , então, o sistema de fluxo padrão entre os
exceções ao fluxo normal, ou seja, peças excepci- departamentos.
onais. A escolha do critério para eliminação das
peças excepcionais passou pelo crivo do estudo 6.2 Análise de grupo
de caso, analisando-se individualmente cada peça
e os processos envolvidos. Os critérios alternati- Na análise de grupo, tratou-se a matriz de
vos para eliminação das exceções são aqueles incidência, instituída através dos dados previa-
citados atrás no Capítulo 4. mente cadastrados nos planos de processos, pelo
Finalmente, realizou-se o teste do carrega- algoritmo ROC estendido que, reorganizou a
mento das máquinas, as quais deveri1 suportar o matriz através de permutações de linhas e colu-

75
7 Freqüência dos NRP's
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Gráfico 2 - Gráfico da Freqüência dos NRP.

nas, para apontar as células tecnológicas. Na Na busca de uma solução ótima, fizeram-se
Figura 6, está representada a matriz de incidência algumas modificações relativas aos planos de
original gerada pelo sistema GROUPTEC, a processos (PP) e quanto ao número de máquinas
partir dos planos de processos das cinqüenta e do mesmo tipo existentes na indústria. Após tais
oito (58) peças processadas pelas trinta e seis alterações, alcançou-se uma eficiência de agrupa-
(36) máquinas da empresa .. mento de 98,9%, o que é um sucesso. As altera-
Após submeter a matriz da Figura 6 ao ROC ções nos PP constituíram-se na alteração de rotas
estendido, a eficiência de agrupamento alcançada de processos, alteração do "setup" de algumas
foi de aproximadamente 39,4%, considerada máquinas, inclusão e exclusão de máquinas, troca
muito baixa. Isto se deve ao fato de os elementos de máquina para realizar a mesma operação
não nulos da matriz de incidência estarem desafogando uma máquina gargalo e utilizando
dispersos, em decorrência das características outra com baixa freqüência em uso .
intrínsecas aos processos envolvidos e da infra- Assim, houve a alteração de alguns planos
estrutura da indústria. O processo de transforma- de pro,cessos para algumas peças. com a inclusão
ção da matriz em questão não convergiu, de de algumas máquinas que necessitavam duplica-
pronto, para uma solução ótima devido ao grande ção. As máquinas duplicadas foram as seguintes:
número de elementos excepcionais existentes, cortadeira redonda chapa fina até 2mm.
nesse tratamento inicial, sem modificações dos arrebitadora, furadeira semi-automática e
planos de processos. seladora. Essas alterações explicam a presença de
PRODUÇÃO
numerações novas, nos gráficos e tabelas que uma célula e retomar à mesma para que o ciclo de
seguem, correspondentes às novas máquinas. manufatura seja complementado.
Procurando obter uma eficiência' maior, os Com a aplicação dos resultados da análise,
planos de processos foram, afinal, reformulados custos de movimentações intercelulares foran1
para quase todas as peças. reduzidos ao mínimo. A eficiência de agrupamento
Note-se, portanto, que o processo global das alcançada de 98,9% pode ser considerada
várias etapas de análise visando uma solução excelente. Constatou-se, também, que algumas
otimizada tem, em geral, um procedimento máquinas utilizadas não eran1 necessárias e foram
recursIvo. retiradas dos planos de processos.

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Figura 6 - Matriz de Incidência Original - Empresa Paranaense.

Veja a seguir, através da Figura 7, os resulta- A Tabela 2 apresenta a relação de células


dos alcançados e a nova matriz de incidência, após tecnológicas com os grupos de máquinas e famílias
as alterações já descritas. de peças formadas pelo sistema após a AG.
O resultado obtido revela 3 (três) células Em virtude da refom1Ulação dos PP, obteve-se
básicas de manufatura e 5 (cinco) elementos nova freqüência de utilização das máquinas que se
excepcionais. As peças 13,19.44,45 e 46 não encontra descrita no Gráfico 3. Observou-se que a
apresentaram um fluxo comum à maioria, sendo nova distribuição das operações de manufatura ficou
assim consideradas peças excepcionais. O número mais homogênea, evitando que máquinas antes com
de movimentos intercelulares para as peças excep- boa utilização tivessem a redução na carga de
cionais foi de 2 (dois), pois, elas necessitam sair de trabalho e permitindo que máquinas

77
Figura 7 - Matriz de Incidência Reorganizada após I (uma) iteração.

com pouca utilização pudessem ser melhor aprovei ta- examinar se a máquina suportará a nova carga de
das. Algumas máquinas foram então duplicadas e trabalho a que se submeterá; é feito utilizando-se os
outras retiradas dos processos produtivos, conforme tempos das operações, os tempos de ajuste de
dito anteriormente. Para tanto, verificou-se a "setup", os tempos de troca de ferramentas e os
necessidade da realização dos testes de carregamen- custos associados a esses tempos. Tais medidas
to para as máquinas do mesmo tipo, que aparecem foram tomadas para a confinnação da análise de
em mais de uma célula, para o levantan1ento dos grupo. Após realizadas, demonstraram que as
custos associados e dos tempos em operação. O máquinas não estavam submetidas a sobrecarga
teste de carregamento serve para significativa. A máquina I (um) por ser necessá-

(el) (rp) (gm)


PRODUÇÃO
ria a quase todas as peças e possuir capacidade de empregada face à necessidade de produção e não a
produção para a demanda da fábrica constitui-se, capacidade da máquina de atender uma ou outra
portanto, uma célula tecnológica. operação. Essas máquinas receberam tratamento
Pode-se observar, através do Gráfico 3, que específico, caso a caso, no que diz respeito aos
as máquinas, em geral, possuem agora freqüência processos, e localizadas estrategicamente em uma
de utilização inferior ao teto preestabelecido, valor célula tecnológica. As demais máquinas foram
este fixado em20 (vinte). Apenas duas máquinas estudadas e agrupadas via análise do fluxo de fábrica
apresentaram freqüência de utilização superior ao e análise de grupo. Em cada célula foram realizados
teto, mas não representaram gargalo por razões já estudos para minimizar tempos de operação através
explanadas. São elas as máquinas I (Fomo a diesel) da análise de linha, e, com isso, estabelecida uma
e 8 (Guilhotina grande acima de 4mm). seqüência

Nova Freqüência em Uso para as Máq ui nas


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Gráfico 3 - Nova Freqüência de Utilização para as Máq uinas.

6.3 Resultados Obtidos Após AFP e ótima obedecendo às rotas de processo mais
Decisões Tomadas utilizadas. Após as três análises citadas, realizou-se
a análise do ferramental , com o objetivo de
Inicialmente, os resultados obtidos evidencia- encontrar, em seguida, as seqüências ótimas de
ram a ineficácia do sistema produtivo praticado pela utilização das ferramentas .
fábrica, antes da análise. O sistema anterior O cálculo da eficiência do processo produtivo
adotado, conforme planta existente, caracterizado antes e depois da análise não foi realizado face à
como um sistema em " Iayout" funcional, não se necessidade de restruturação fabril, cuja
apresentava como o melhor modelo de produção operacionalização implicaria em uma interrupção da
para o seu caso. Numa primeira análise, por produção para remanejamento das máquinas,
inspeção visual, foi detectado o emprego de compra de novas máquinas, treinan1ento de pessoal
máquinas tecnologicamente essenciais a quase todas e restruturação dos procedimentos para os setores
as peças, resultando na necessidade de células de projeto e produção. Levantou-se,
tecnológicas, onde o importante é a tecnologia
PRODUÇÃO ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
porém, a estimativa de que o rendimento da Em conclusão, o "software" desenvolvido
produção se elevaria para cerca de 30% após a revelou-se uma ferramenta capaz de propor solu-
migração para o novo sistema, o que significa um ções para reorganizar o sistema produtivo em
avanço considerável. Elaborou-se tal estimativa com indústrias de médio e pequeno porte do ramo
base num estudo rápido de análise de custos. A metalúrgico, através da análise do fluxo da produ-
empresa mostrou-se motivada em implementar as ção, metodologia essa fundamental para a aplicação
medidas recomendadas pelo estudo, caso uma da tecnologia de grupo.
metodologia de migração para o novo sistema fosse Uma análise de casos mais complexos pode-
apresentada, sem a interrupção da produção e com rá doravante ser feita de maneira rápida e segura.
prejuíws mínimos. Além disso, o acesso à tecnologia está assegurado a
pequenas e médias empresas, tendo como caracte-
7. Observações Finais e Conclusões rística principal não necessitar de elevados
investimentos para a obtenção de melhores
A análise do fluxo da produção, aplicada ao resultados quanto à produtividade, e, com isso,
caso da indústria Paranaense, evidenciou que os concorrer com as grandes empresas em melhores
processos produtivos antes utilizados minoravanl a condições. Com os códigos gerados é possível
produtividade e a flexibilidade da produção como integrar outros "softwares" de projeto e auxílio à
um todo. Além do mais, os processos adotados manufatura.
majoravam os custos de produção. Uma visão Em futuros trabalhos, pretende-se implementar
menos nítida, no início da análise, do processo como um sistema multi-empresa. Outra meta importante
um todo e de como otimizá-lo tornou-se clara, ao seria a realização da análise de tecnologia de grupo
final , e procedimentos de tomadas de decisões utilizando modelos que consideram características
puderam ser planejados para a otimização do de forma geométrica e planos de processos
,sistema produtivo. simultaneanlente. Akturk e 8alkose (1996)
Em conseqüência. o tratamento elaborado sugerem um modelo para TG que utiliza as duas
para a empresa enfocada apontou as seguintes características mencionadas. Outra característica
sugestões: alteração do modelo produtivo de importante seria a gravação e recuperação das
"layout" funcional para " layout" celular, fonnação de infonnações via disquetes, onde o próprio usuário
células tecnológicas baseadas em planos de poderia armazenar e selecionar os dados de
proce~sos e em características tecnológicas, trabalho pretendidos por ele. Na versão atual , o
restru'turação de todos os procedimentos para os usuário sempre tem disponíveis as últimas
setores de projeto e produção, treinamento de todos infonnações trabalhadas. Caso modifique os dados
os funcionários envolvidos com o sistema produtivo, ele perderá as infonnações antigas e ficará somente
elaboração de uma estratégia de migração para o com as mais recentes. Entretanto, o GROUPTEC
novo sistema sem prejuízo da produção, compra de disponibiliza um histórico das infonnações através
novas máquinas para duplicação das que são dos relatórios antigos emitidos pelo sistema, os
consideradas gargalo de produção, infonnatização e quais podem ser gravados em disquete. Uma
integração entre os setores de projeto e produção e solução menos comum, mas eficiente, é a de salvar
a utilização de um sistema CAD. (gravar) o subdiretório de dados em disquetes e no

8 ()
futuro copiar os dados de volta para o subdiretório, 9. Bibliografia
a fim de revê-los ou refazer as análises para aquela
empresa. ADIL, G. K ., RAJAMANI, O. , STRONG, D .
Cumpre, ainda, observar que o conhecimento Cell forrnation considering alternate routeings. In/. J
pode ser embutido no sistema de maneira que o Prod. Res., V. 34, n.5 , p.1361-1380, 1996.
próprio "software" julgue e decida numa escala
cada vez maior, retirando o ônus de decisão por AKTURK, M. S., BALKOSE, H. O. Part-
parte do usuário, tomando-se um sistema especia- machine grouping using a multi-objective cJ uster
lista. Esta medida visa reduzir enganos durante a analysis. In/. J Prod. Res., V. 34, n. 8, p.2299-
fase de implantação da tecnologia de grupo. 2315,1996.
Demais, é possível embutir no sistema outras
técnicas de classificação e codificação diferentes da BOCTOR, F. F. The minimum-cost, machine-
utilizada e, até mesmo, a possibilidade de escolha part cell forrnation problem. [n/. J Prod. Res., V. 34,
por parte do usuário. É possível, ainda, incluir o n. 4, p.1 045-1 063, 1996.
modelo de formação de células utilizando rotas de
processos alternativas (Adil et aI. 1996), para BURBIDGE,1. L. Production flow analysis.
analisar cada uma delas e escolher a melhor rota de The Produc/ion Engineer, p. 139-152, april-may,
processo. 1971.
É mister enfatizar que a TG é uma excelente
ferramenta de suporte à tomada de decisões no CHENG, C. H., MADAN, M. S.,
processo produtivo que, como a maioria das ferra- MOTW ANI, 1.. Designing cellular manufacturing
mentas, não dispensa a experiência e competência systems by a truncated tree search. [n/. J Prod.
do usuário tanto no que afeta ao " know-how" do Res., v.34, n. 2, p.349-361 , 1996.
processo de manufatura quanto à utilização da
técnica de TG. Quanto maior o grau de CHOI, M. J. An exploratory study of
competência, maior será o proveito que se fará da contingency variables that affect the conversion to
ferramenta. Finalmente, é mister ponderar que a cellular manufacturing systems. [nl. J Prod Res., V.
análise permitida pela TG faz parte do processo 34, n. 6, p.1475-1496, 1996.
global de gerencianlento da empresa, o qual envolve
problemas outros que escapam ao escopo de CHOOBINEH, F. A framework for the design
tratamento ofertado pela TG. of cellular manufacturing systems. Inl. J Prod. Res.,
v.26, n. 7, p. 1161-1172, 1988 .
8. Agradecimentos
CRAMA, Y., OOSTEN, M. Models for
Os autores agradecem ao CNPq (Proc. machine-part grouping in celular manufacturing. [n/.
30.0407/84-cc) e FINEP (Conv. 77.97.0779.00) J Prod. Res., v.34, 11.6, p.1693-1713 , 1996.
pelo suporte à pesquisa.
GALLACHER, C. c., KN1GHT, W. A.
Group /echnology produc/ion me/hods in
manufac/uring. John Willey & Sons, 1986, 190p.

8/
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Mestrado, CPGEIICEFET -PR, 1991, 203p.
GUPT A, Y., GUPTA, M. , KUMAR, A,
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approach to cell composition and layout design
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82

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