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Trabalho – Plano de implementação em uma unidade fabril de

automóveis
O presente trabalho tem como objetivo confeccionar um plano de
implementação descrevendo as etapas do processo de fabricação de um automóvel.
Como o processo de produção de um automóvel é bem extenso foi escolhido como
foco e detalhamento os processos da produção do chassi e das chapas, bem como a
armação. As fases consideras serão as seguintes:

• Fase de Planejamento;
• Fase de Modelagem do Processo;
• Fase de Análise do Processo;
• Fase de Desenho do processo proposto;
• Fase de Implementação do Processo;
• Fase de Monitoramento e Controle do Processo.

No decorrer do trabalho serão especificadas as escolhas de projeto utilizadas


em cada uma dessas fases, a fim de promover a eficácia do processo de produção.
Vale ressaltar que a indústria automotiva é de grande relevância para a economia
brasileira. Segundo dados da Anfavea (2020), há 65 indústrias alocadas em 10
diferentes Estados, com capacidade instalada de produção de 5,05 milhões de
veículos, o que configurou no ano de 2017 uma participação de 18% no PIB referente
às indústrias de transformação e de 3% no PIB nacional.

INTRODUÇÃO

As células de manufatura fazem parte da essência do Lean Manufacturing.


Consistem em um arranjo físico de máquinas ou recursos cuja sequência é
exatamente igual às etapas produtivas, reduzindo ou zerando estoques
intermediários e o transporte de materiais em processo. Seu layout por essência
requer o mínimo espaço possível e as etapas produtivas dentro da célula devem
respeitar um determinado tempo de ciclo, para se encaixar a um ritmo produtivo, ou
takt time estipulado.

Lean Manufacturing é um sistema de gestão que busca aumentar a eficiência


e a produtividade reduzindo erros e redundâncias na produção industrial. A redução
de desperdícios na cadeia de produção industrial é um importante objetivo que
queremos alcançar com a utilização de células de manufatura no processo de
fabricação desse estudo de caso.

A célula de manufatura, pioneiramente implantada pela Toyota no Japão,


consiste numa configuração onde as máquinas são dispostas numa sequência
idêntica à das etapas do processo de fabricação de um produto, ou de uma família de
produtos definida segundo o conceito de tecnologia de grupo, e onde, sem estoque
intermediário, procura-se, em cada vez, completar o ciclo de produção de uma peça
ou produto dentro de uma restrita área de trabalho. Todos que pensam sobre célula
de manufatura e todos os autores que dela tratam entendem por célula de manufatura
algo como o conceituado, ou seja, "uma fábrica dentro da fábrica".
Há quatro tipos de célula de manufatura: por produto com predominância da
máquina, por produto com predominância do homem, por processo e por posição fixa
do produto.

A célula de manufatura por produto com predominância da máquina


corresponde ao modelo da Toyota recém descrito, que é o tipo reconhecido por todos.
A célula de manufatura por produto com predominância do homem é semelhante a
anterior, onde os postos de serviços são dispostos na sequência das etapas do
processo de fabricação de um produto ou família de produtos, de forma a completar
pelo menos parte da fabricação de uma peça ou produto numa área restrita.

A célula de manufatura por processo corresponde ao agrupamento de


operações realizadas por máquinas de mesmo tipo, como por exemplo três
fresadoras operadas por um mesmo homem. Pode ser denominada também célula
funcional, por agregar máquinas que têm a mesma função. A célula de manufatura
por posição fixa do produto é caracterizada pelo agrupamento de operários que
trabalham em volta de um produto colocado numa posição fixa. É o modelo
implantado pela Saab-Scania na fábrica de motores de Sodertalje na Suécia, onde
um grupo de três operários montam um motor colocado sobre uma bancada.

PLANEJAMENTO

Com base em alguns estudos de casos já realizados em outras áreas a


implementação de células de manufatura tive como resultado uma maior
produtividade devido a economia no manuseio de peças, diminuição de
suboperações de produção, eliminações de percurso da peça na linha de produção,
ganho de eficiência, entre outras.

Com base no planejamento também é necessário avaliar o custo requerido


para a mudança fabril. Muitas vezes o custo é mínimo onde a maior parte do trabalho
se dá pela organização de layout de operação, enquanto em outras há possibilidade
de investimento em máquinas especificas ou contratação de um número de
funcionários com qualificação profissional.

Há possibilidade também de investimento em novos treinamentos para os


profissionais se adequarem à nova realidade de trabalho. Uma das mudanças
necessárias também pode envolver a Segurança do Trabalho visto que condições de
trabalho bem como questões ergonômicas, de insalubridade, de perigo, bem como
diferentes tipos de instrumentos de proteção coletiva e individual para a unidade fabril.
MODELAGEM DO PROCESSO

Ao mapear o processo atual de fabricação tivemos com resultado o seguinte


mapa explicativo:

Figura 1 – Modelagem do processo Fabril

As atividades-chave podem ser divididas em 3 grupos: siderurgia, pré-


montagem e montagem. Na siderurgia temos os processos mais robusto como a
fundição do metal em formas que podem ser usadas na produção dentre elas os perfis
de viga em “I” e as bobinas de aço, fazendo com que o aço fique em formato plano.
As vigas em “I” serão usadas na construção do chassi veicular dos caminhões e as
bobinas em chapas de carenagem que cobrem a estrutura mais robusta do
automóvel. Algum desses materiais sofrem tratamento térmico a fim de que suas
propriedades mecânicas sejam melhoradas em algum aspecto específico.

Ao final da primeira parte temos como produto um material com características


para o uso fim. Tais materiais são destinados agora para a etapa de pré-montagem
onde há a montagem do chassi e a respectiva montagem de chapas no chassi e por
fim a etapa de armação da estrutura externa como um todo.

No início da terceira etapa é onde se encontra a montagem propriamente dita,


que de forma simplificada é a associação das peças dos diversos subsistemas como
freio, transmissão, propulsão, eletrônica entre diversos outros a fim de produzir o
produto.
ANÁLISE DO PROCESSO

Ao analisar o processo como um todo é possível identificar alguns pontos de


melhoria no processo atual. O mais significativo e como um foco para esse estudo
seria o uso da célula de manufatura por produto com predominância do homem na
etapa de pré-montagem fazendo uma união dos processos descritos como “chassi” e
“chapas” no modelo anteriormente mencionado.

Outros pontos seria de otimizar o processo de transporte na primeira etapa,


visto que geralmente fornos de fundição ficam um pouco mais afastados dos centros
de montagem. Já na terceira etapa seria possível a implementação de uma célula de
manufatura por posição fixa durante a montagem propriamente dita do automóvel.

Os possíveis obstáculos seriam a necessidade de um rearranjo/reforma


estrutural no espaço de produção, gerando um gasto financeiro ou uma parada
produtiva para a devida implementação e mudança de ordem na segurança do
trabalho. Como mitigação destes riscos podemos listar à diretoria da empresa que os
custos em determinado tempo serão convertidos em ganhos e avisar previamente
aos responsáveis da segurança do trabalho como médicos do trabalho e engenheiros
que as novas condições serão impostas em determinado tempo.

IMPLEMENTAÇÃO

Na célula de manufatura central (pré-montagem) será necessário a compra de


uma esteira de produção central que suporte o peso da estrutura de um caminhão e
de estruturas de montagem. Os profissionais teriam treinamento de operação e de
controle bem como orientados a trabalharem de modo diferente do anterior. Como
exemplo abaixo temos um exemplo de chassi pré-montado:

Figura 2 – Chassi pré-montado

Um sistema de informação inteligente teria que ser desenvolvido a fim de que seja
transmitida informações do setor de siderurgia ao de pré-montagem, informando
impreterivelmente o nível de produção de vigas e bobinas e o quanto de produção
diária é necessário para que não haja superlotação de produtos entre as duas
primeiras etapas do processo. Um sistema de retroalimentação entre a segunda e
terceira também se faz necessária visto que a célula de manufatura na terceira etapa
necessita de um fluxo de trabalho constante sem muitas variações.
MONITORAMENTO

É indispensável que haja monitoramento de índices relevantes para a


produção. Abaixo a alguns gerais e específicos que se enquadrariam no exemplo
definido:

• Número de produtos produzidos: número de produtos fabricados em um


período específico.
• Produtividade homem/hora: Ele pode ser aplicado medindo-se a
quantidade de itens produzidos por colaborador em uma hora.
• Mean time to Repair (MTTR): O Tempo Médio Para Reparo calcula a
média de tempo gasto para a execução de um conserto depois de ocorrida
uma falha.
• Tempo de espera entre etapas: Tempo médio de espera de uma célula
de manufatura quando há dependência entre elas.
• Receita gasta por manutenção: Cálculo de quanto se gasta com
manutenção em determinado tempo em cada célula a fim de que haja
efeito comparativo de gastos-ganhos.
• Qualidade do produto: Indicação em escala de 1 a 10 da qualidade do
produto ao final de cada célula de produção.

DESENHO DO PROCESSO

Ao redesenhar o processo produtivo foi definido que haja duas células de


manufatura: a primeira uma célula de manufatura por produto com predominância do
homem (em vermelho) e a segunda uma célula de manufatura por posição fixa (em
verde). Em azul foi disposto os anteriormente mencionados sistema de informação
necessário entre cada uma das etapas.

Figura 3 – Remodelagem do processo


Explicação da produção: A siderurgia provém as matérias-primas necessárias.
Na fase de pré-montagem é feita simultaneamente a montagem do chassi e o
dobramento das chapas para a fixação por meio da célula de manufatura. Ao final
disso há a armação, que é a junção de todas as partes estampadas, fundidas e/ou
forjadas previamente a fim de formar o “esqueleto ou base”. Após isso o veículo já
possui a forma básica do produto final. A próxima etapa é a célula de manufatura por
posição fixa onde o produto recebe todos os outros subsistemas faltantes. Podemos
conferir na imagem abaixo a diferença estrutural entre as partes presentes na fase de
pré-montagem.

Figura 4 – Produção do chassi e da carenagem antes da armação.

Abaixo segue a disposição física das células de manufatura. A parte final da


siderurgia tem visão direta com a parte da pré-montagem por meio de um vidro
reforçado a altas temperaturas. As setas representam o fluxo dos trabalhadores em
cada estado, que tem relação direta com o tipo de célula de manufatura escolhida.

Figura 5 – Desenho do processo de forma simplificada.Etapas separados por retângulos.


BIBLIOGRAFIA

ANFAVEA – ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS FABRICANTES DE VEÍCULOS


AUTOMOTORES. Anuário da Indústria Automobilística Brasileira 2020. São Paulo,
2020.

MOURA, Renato. Você sabe o que são células de manufatura?. Codeva


Online. Gestão Operacional. 16 Maio.2017. Disponível em:< Você Sabe o que São
Células de Manufatura? - Codeva Online>.

Portal da Indústria. O que é Lean Manufacturing ou Manufatura enxuta e


como aplicar. Indústria de A a Z. Disponível em:< Lean Manufacturing: o que é como
aplicar sistema Lean - Portal da Indústria (portaldaindustria.com.br)> Acesso 29 de
Maio de 2023, 12:20.

CONTADOR, José Celso. Células de Manufatura. PRODUÇÃO.


Departamento de Engenharia de Produção da Faculdade de Engenharia da UNESP.
20p

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