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AUTOMAÇÃO

INDUSTRIAL

Everton Coelho de Medeiros


Conceitos básicos
de automação
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Relacionar sistemas de produção automatizados.


„„ Diagnosticar a necessidade de trabalho manual nas fábricas.
„„ Descrever as razões para a automação.

Introdução
Neste capítulo, você vai ver os conceitos introdutórios relacionados à
automação industrial, automação que está presente desde o século XX
e se mantém em foco em razão de melhorias nas taxas de produtividade
e qualidade do produto final.
Serão elucidados neste capítulo o relacionamento de sistemas de
produção automatizados, diagnóstico da necessidade de trabalho manual
e descrição das razões para se ter automação aplicada.

Automação em processos industriais


Processos produtivos têm várias cadeias e células dedicadas para a produção de
parte de um produto final. Anteriormente, isso era feito de forma manual, em
que um operador realizava a tarefa A, em seguida ia para um outro operador
que realizava a tarefa B, até chegar no produto finalizado (Figura 1).
2 Conceitos básicos de automação

Figura 1. Linha de produção utilizando mão de obra somente humana.


Fonte: Everett Collection/Shutterstock.com.

Com o passar do tempo, mais exatamente na chamada Primeira Revolução


Industrial, máquinas a vapor foram incorporadas ao processo, aperfeiçoando,
assim, mais tarefas que podiam ser feitas por um mesmo operador, porém
utilizando menos força e maior rapidez.
Com a incorporação da eletricidade em etapas de produção, além de mon-
tagem de linhas e cadeias produtivas, essa evolução foi gerando nas indústrias
uma busca por máquinas cada vez mais rápidas para ganhar em aspectos como
produtividade (BOLTON, 2010).
No entanto, mesmo com máquinas mais rápidas, a repetição de processos
em cadeias de produção provoca um estresse sobre o trabalhador, tornando sua
rotina cansativa ao longo da jornada de trabalho. Essa perda de produtividade
e atenção do operador implica uma perda de qualidade do produto final, fato
que leva a produzir mais peças refugadas e que merecem o retrabalho.
Conceitos básicos de automação 3

No século XX, a automação, que vem da palavra latina automatus, que


significa mover por si só, aparece mais claramente, isso porque o uso de con-
troladores lógicos programáveis foram utilizados, além da invenção e do uso
de robôs industriais. Então, vários processos podiam então ser substituídos
pelo uso desses equipamentos integrados.
A automação é um sistema que busca o controle de ações antes feitas por
operadores humanos, além de realizar medições e fazer correções caso algum
desvio seja percebido (NATALE, 2008). Hoje, a automação se encontra em uma
etapa chamada Indústria 4.0, na qual a integração de componentes e máquinas
é o cerne dessa filosofia de trabalho. Diversos conceitos foram inventados
junto dessa nova terminologia e ditam hoje a indústria no século XXI.
Os sistemas produtivos hoje em dia são flexíveis e operam a uma elevada
taxa de produtividade, com perdas mínimas, oferecendo assim um ganho de
confiabilidade (BOLTON, 2010). Na Figura 2, veja uma linha de produção
automatizada, na qual é possível ver partes da cadeia produtiva sendo operada
por robôs e/ou controladores programáveis que podem ser reestruturados para
garantir uma reconfiguração do processo.

Figura 2. Linha de produção automatizada.


Fonte: Jenson/Shutterstock.com.
4 Conceitos básicos de automação

A palavra manufatura é muito utilizada por engenheiros e pessoas da área técnica,


quando se refere à produção de uma fábrica. No entanto, olhando no dicionário
Michaelis, a manufatura é o trabalho realizado à mão ou em máquina caseira. Dessa
forma, quando uma linha está automatizada, não podemos dizer que a manufatura
está automatizada, mas, sim, que a linha de produção está. Esse é um equívoco comum
quando tratamos de temas práticos de produção de produtos.

Trabalho manual em ambientes automatizados


A existência da automação cria um mito que tudo pode e deve ser automatizado.
No entanto, isso não deve ser levado com tanto rigor, visto que várias tarefas
devem ainda ser feitas por operadores humanos e sua importância sobressai
em relação a uma máquina aplicada em seu lugar (LAMB, 2015).
Um bom exemplo disso está em etapas de manutenção e controle de qua-
lidade, especialmente no setor de alimentos, além dos operadores que devem
estar a postos para atuar caso alguma das máquinas venha a apresentar algum
mal funcionamento. Outro exemplo está na produção têxtil e de indústria de
sapatos, essa linha de produtos é complexa e um robô ou algum sistema de
automação não consegue garantir o mesmo tipo de qualidade que um operador
fazendo à mão garantiria. Em situações como essa, produtores até aproveitam
e etiquetam seus produtos com um selo de qualidade assegurando “produto
feito à mão”, garantindo, assim, que há a qualidade imposta por um operador
qualificado.
Outro motivo para manter partes da produção com operações manuais é
quando o retorno do investimento não será dado em um prazo adequado, ou
seja, imagine que parte de uma linha de produção queira ser automatizada
com um robô transportador. O robô custa cerca de US$ 200 mil (Figura 3),
mas durante o dia todo realiza cerca de 20 operações. O tempo de espera
para retorno desse investimento será muito longo, e, portanto, é ideal manter
um operador manual para fazer o mesmo trabalho, que exigirá menor custo.
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Figura 3. Aplicação de um robô para manipulação de uma peça em um centro de usinagem.


Fonte: Suwin/Shutterstock.com.

Veja no link a seguir a agenda brasileira para a Indústria 4.0. Essa agenda apresenta fatos
e números acerca da Quarta Revolução Industrial, elaborada pela Agência Brasileira do
Desenvolvimento Industrial, para assim iniciar a elucidação de como está a automação
no século XXI e como o Brasil vem se posicionando quanto a isso.

https://qrgo.page.link/21C47

Razões para automação


Para se automatizar partes de processos é necessário levantar vários pontos
de análise e, a partir deles, se é possível atingir os cinco objetivos listados a
seguir (FRANCHI, 2011).
6 Conceitos básicos de automação

1. Aumento na produtividade dos seus colaboradores: automatizar um


processo de fabricação aumenta seu volume de produção e também a
produtividade, tendo maior produção com menos horas de trabalho.
2. Redução de custos com mão de obra: o investimento em máquinas
para substituir trabalhos manuais se tornou economicamente justificável,
quando levado em conta o tempo de retorno do investimento.
3. Eliminação de tarefas repetitivas, desgastantes e sem sentido:
eliminar tarefas rotineiras, entediantes e eventualmente perigosas.
Automatizar esses processos melhora as condições de trabalho dentro
da sua fábrica, garantindo mais produtividade e qualidade.
4. A segurança e o bem-estar dos seus funcionários: a automação de
um processo transfere o trabalho de um colaborador para uma máquina
– transformando sua participação ativa na fabricação do produto em
um trabalho de supervisão e operação do equipamento – e aumenta os
níveis de segurança.
5. Melhora na qualidade e competitividade dos seus produtos: a auto-
mação resulta não somente no aumento da sua produção em relação à
confecção manual, mas também torna o processo de fabricação uniforme
e em conformidade com padrões de qualidade, com redução de refugos
e produtos defeituosos.

Esses objetivos alcançados, a automação pode ser aplicada em qualquer


setor industrial. Na indústria têxtil, a produção de fios e/ou de peças acabadas
é obtida com a substituição de partes do processo por maquinários automa-
tizados. O processo inteiro possivelmente não deve estar automatizado, pois
algumas etapas (especialmente na fase de acabamento) exigem o toque do
operador humano para dar qualidade, como visto anteriormente. No entanto, a
automação de outras partes que exigem repetição de movimentos e melhorias
de segurança para o operador irão gerar um produto final de melhor qualidade
em maior quantidade.
No setor de mineração, o grande problema está na manipulação de cargas
pesadas e que são transportadas em grande quantidade. Outro problema está
no ambiente de trabalho. Minas ou indústrias de transformação (siderúrgicas)
são ambientes hostis, insalubres e com alto grau de periculosidade envolvido.
Conceitos básicos de automação 7

Levando em consideração essa problemática, a implementação de sistemas


automatizados, por exemplo esteiras transportadoras, elevadores de carga ou
outro processo integrado que envolva diminuição do contato direto entre ope-
rador e matéria-prima, irá gerar ganhos da qualidade do ambiente de trabalho
e também irá gerar ganhos na quantidade processada, além da rapidez desse
processo. A automação nessa situação atinge várias razões antes mencionadas.
No setor aeroespacial, a qualidade da produção de peças que compõem
aviões ou sistemas aeronáuticos é regulamentada não somente por agências
nacionais. Produtos aeroespaciais devem obedecer uma série de exigências
impostas por órgão internacionais, como os padrões americanos e europeus,
para que assim seu produto esteja com qualidade assegurada e disponibilizada
ao mercado mundial.
No entanto, várias peças são de complexidade elevada, além de que devem
ser testadas com ensaios não destrutivos, medições por máquinas tridimen-
sionais e outros equipamentos de alta exatidão e precisão. A automação entra
em ação para garantir a melhoria da qualidade desses produtos, além de
flexibilização quando for exigida a produção de peças diferentes.
Células de produção que contenham máquinas comando numérico com-
putadorizado (CNC) são integradas com máquinas tridimensionais do tipo
máquina de medição por coordenadas (MMC), buscando uma produção efi-
ciente e dentro das tolerâncias exigidas. A produção dessas peças gera um
número de série, para assim garantir a rastreabilidade do componente feito e
assim atender às normas internacionais.

Acesse, por meio do link a seguir, um site independente de notícias sobre automação
e instrumentação industrial no Brasil. Nele, é possível ver notícias sobre automação,
instrumentação e controle de processos, além de vagas de cursos e trabalho divulgadas
abertamente.

https://qrgo.page.link/rwvGJ

Veja também um artigo tratando do que é automação, de forma bem introdutória.

https://qrgo.page.link/hwuJZ
8 Conceitos básicos de automação

BOLTON, W. Mecatrônica: uma abordagem multidisciplinar. 4. ed. Porto Alegre: Book-


man, 2010.
FRANCHI, C. M. Controle de processos industriais: princípios e aplicações. São Paulo:
Érica, 2011.
LAMB, F. Automação industrial na prática. Porto Alegre: AMGH, 2015. (Série Tekne).
NATALE, F. Automação industrial. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. (Série brasileira de
tecnologia).

Leituras recomendadas
CAPELLI, A. Automação industrial: controle do movimento e processos contínuos. 3.
ed. São Paulo: Érica, 2013.
MORAES, C. C. de; CASTRUCCI, P. de L. Engenharia de automação industrial. 2. ed. Rio
de Janeiro: LTC, 2010.
PIRES, J. N. Automação industrial. 4. ed. São Paulo: ETEP, 2007.

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