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Introdução à Automação Industrial

A palavra automation foi inventada pelo marketing industrial de equipamentos


na década de 1960. O emprego dessa nova palavra, que é sem dúvida sonora,
procurava frisar o uso dos computadores no controle da produção industrial
(MORAES; CASTRUCCI, 2017).
A automação industrial tem como principal função auxiliar na produtividade.
Dessa forma, estima-se a evolução de um sistema otimizado, capaz de proporcionar
o aumento da quantidade e da qualidade, a redução dos custos e do tempo
necessário gasto para a produção. Portanto, pode-se perceber que a automação
industrial não almeja apenas a substituição do trabalho braçal humano por máquinas
e robôs. Dito de outro modo, ela encontra-se ligada aos sistemas de qualidade, uma
vez que é através dela que se assegura a manutenção e com alta produtividade,
permitindo ganhos na produção através da agregação de distintas tarefas com a
elaboração de projetos, com o gerenciamento e com a produção visando atender o
cliente em menores prazos, com preço competitivo e com um produto de qualidade
(MORAES; CASTRUCCI, 2017).
A automação industrial pode ser compreendida como uma tecnologia que
integra três áreas: a eletrônica, incumbida pelo hardware; a mecânica, representada
pelos dispositivos mecânicos (atuadores); e a computação, responsável pelo
software que controlará e supervisionará o sistema. Assim, para garantir os projetos
na área, exige-se uma gama de conhecimentos, capacitação e diversificação dos
projetistas, ou então, uma equipe coordenada com perfis interdisciplinares.
Figura − Componentes da Automação Industrial.

Na automação industrial, há a presença de processos, sensores,


controladores e atuadores. Esses itens serão explorados com mais detalhes mais
adiante, mas, por enquanto, a seguir, se apresenta uma visão geral de cada um
deles:
• Processos: fabricação mecânica, produção farmacêutica, produção
alimentícia, mineração, petroquímica e outros;
• Sensores: capacitivo, indutivo, magnético, encoder, óptico, de
pressão, de fluxo, e outros;
• Controladores: CLP (controlador lógico programável), inversores de
frequências, e outros;
• Atuadores: pneumáticos, hidráulicos, elétricos e mecânicos.

Automação Industrial

História da Automação

A evolução da automação industrial começa desde a Pré-História, em que o


homem vem desenvolvendo invenções e mecanismos com o objetivo de reduzir os
esforços físicos e ajudar na realização de atividades. Como exemplo, é possível citar
a roda para movimentação de cargas e para exercer os trabalhos que exigiam
esforços excessivos.
No século XVIII, com o início da Revolução Industrial, em razão do novo
modo de produção, o homem começou a produzir mercadorias em maior escala.
Com o objetivo de aumentar a produtividade, diversas inovações tecnológicas foram
elaboradas e projetadas na época (CAPELLI, 2013):
• Máquinas modernas, aptas para produzir com precisão e rapidez se
comparadas com o trabalho braçal;
• Novas formas de fontes energéticas, como o vapor, para substituir a
energia muscular e/ou hidráulica.

O primeiro controlador automático com realimentação usado em um processo


industrial foi o regulador de esferas de James Watt, desenvolvido em 1769 para
controlar a velocidade de um motor a vapor. Esse dispositivo, mede a velocidade do
eixo de saída e utiliza o movimento das esferas para controlar a quantidade de vapor
que é inserida no motor através da válvula. O eixo de saída do motor a vapor é
ligado por meio de conexões mecânicas e engrenagens cônicas ao eixo do
regulador. Conforme a velocidade do eixo de saída do motor se eleva, os pesos
esféricos aumentam e a válvula de vapor se fecha, de modo que o motor
desacelera. O processo contrário acontece quando a velocidade do eixo de saída
diminui.
.

Figura − Regulador de fluxo de vapor de Watt.

A partir do século XIX, em razão das pesquisas com energia elétrica


realizadas pelo gênio Nikola Tesla, o motor elétrico de corrente alternada e a energia
se tornaram realidades e passaram a ser amplamente utilizadas. O setor de
comunicação passou por avanços tecnológicos com as invenções do telégrafo e do
telefone. O setor de transportes progrediu com a ampliação das locomotivas a vapor,
das estradas de ferro e do crescimento da indústria naval. Outra importante
invenção que aconteceu nesse mesmo período foi o motor a explosão (CAPELLI,
2013). Assim, começava a 2ª Revolução Industrial.
Fonte: Pixabay.
Figura − Nikola Tesla.

No século XX, controladores programáveis, computadores e


servomecanismos passaram a fazer parte da automação. Para se atingir os
computadores que são utilizados atualmente, avanços foram alcançados ao longo
do tempo, desde o uso de ábacos, passando pela régua de cálculo no século XVII,
pelos cartões perfurados e pelas lógicas de relés no século XIX. Ainda durante o
século XIX, George Boole desenvolveu a álgebra booleana, que são os princípios
binários aplicados nas operações internas de computadores e processadores
(CAPELLI, 2013). Os computadores constituem a base da tecnologia
contemporânea e exemplos de sua aplicação estão em todas as áreas.

Arquitetura da Automação Industrial

A automação industrial é responsável por realizar inúmeras funções. A Figura


é a representação desse sistema robusto, chamada de Pirâmide da Automação.
Essa estrutura mostra os diferentes níveis de automação que podem ser
encontrados em uma planta industrial.
Nível 5 • Gerenciamento corporativo

• Planejamento e coordenação
Nível 4
Geral da produção

• Supervisão e controle
Nível 3
Operacional

• Controle direto do
Nível 2
Processo

• Monitoração
Nível 1 e atuação no
Processo

Figura − Pirâmide da Automação Industrial.

A seguir, é possível ter uma breve descrição dos níveis presentes na Figura
(MORAES; CASTRUCCI, 2017; CAPELLI, 2013):
• Nível 1: é o nível das máquinas, dispositivos e componentes (chão
de fábrica). Exemplo: máquinas de embalagem, linha de montagem ou
manufatura;
• Nível 2: é o nível dos controladores digitais, lógicos e de algum
modelo de supervisório associado ao processo;
• Nível 3: este nível permite o controle do processo produtivo da
planta. São gerados bancos de dados com informações essenciais para a
qualidade do processo. Exemplo: avaliação e controle de qualidade em
processo alimentício;
• Nível 4: é o nível responsável pela programação e pelo
planejamento da produção. Exemplo: controle de suprimentos e estoques
em função da sazonalidade e da distribuição geográfica;
• Nível 5: é o nível responsável pela gestão administrativa,
operacional, vendas e financeira de todo o sistema.

Fonte: Camargo (2014).


Figura − Níveis típicos de automação na indústria.

Processos industriais e suas variáveis

A automação industrial pode ser dividida em dois modelos em relação aos


tipos de processos: processos industriais e processos contínuos.
Os processos industriais são aqueles em que há ampla movimentação
mecânica. O exemplo clássico desse modelo é a indústria automobilística. Na linha
de montagem, há robôs soldadores, esteiras transportadoras e outros sistemas. Nos
processos industriais, as grandezas físicas mais comuns são: força, aceleração,
velocidade e deslocamento.
Ao contrário dos processos industriais, os processos contínuos são
característicos pela pouca movimentação mecânica. Uma estação de tratamento de
água é um exemplo no qual esses processos contínuos estão presentes. As
grandezas físicas mais comuns nesses processos são temperatura, vazão e
pressão.
Existem fábricas em que os processos devem funcionar em conjunto, por
exemplo, a indústria de bebidas, na qual há processos contínuos na produção do
líquido e processos industriais no seu envase e transporte.

Classificação da Automação Industrial

Classificações vistas para os sistemas automatizados de produção estão


associadas ao grau de flexibilidade, sendo definidos três tipos básicos: automação
fixa, automação programada e automação flexível. A categorização dos três tipos de
automação são os diferentes volumes e variedades dos produtos. Na sequência, é
explicado cada tipo básico de automação.

Fonte: Camargo (2014).


Figura − Relação entre a quantidade produzida e a variedade de
produtos conforme o tipo de automação.

• Automação fixa: este tipo de automação ainda é adequado quando


se deseja fabricar continuamente uma grande quantidade de um único tipo
de produto. A vantagem é que o investimento neste tipo de automação é
menor que nos demais, por ser mais simples. No entanto, por produzir um
produto específico, há a desvantagem de poder tornar-se obsoleto, caso o
ciclo de vida do produto chegue ao fim, o que exigiria mudanças de projeto
ou modelo. Portanto, apresenta altas taxas de produção e inflexibilidade
do equipamento na acomodação da variedade de produção.
• Automação programável: o equipamento de produção é projetado
com a capacidade de diversificar a sequência de operações de modo a
manter diferentes configurações de produtos, sendo controlado por um
programa que é representado pelo sistema. Diversos programas podem
ser explorados para fabricar produtos novos. Este tipo de automação é
utilizado quando o volume de produção dos itens é baixo.
• Automação flexível: reúne algumas das características da
automação fixa e outras da automação programável. O equipamento deve
ser programado para fabricar uma gama de produtos com configurações
diferentes, mas a variedade dessas características é mais limitada que
aquela permitida pela automação programável.

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