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IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA DE DOSAGEM ASSISTIDA NA OPERAÇÃO DE

ENVASE: ESTUDO DE CASO DE UMA EMPRESA QUÍMICA

Ícaro Lima Souza1

Vaner José do Prado2

Resumo: O tema deste estudo aborda sobre os benefícios da automação em uma


linha de envase da empresa X. Com a automatização de seus processos, as
empresas buscam reduzir os custos, diminuir o tempo de operação, os desperdícios,
aumentar a sua produtividade e ter uma operação de maior confiabilidade e
padronização. O objetivo deste estudo é ressaltar os benefícios que a implantação
do sistema automatizado trouxe para a empresa X, que atua no setor de soluções
em química, trazendo os resultados através de indicadores de produtividade. Esta
pesquisa é descritiva exploratória, baseada no método do estudo de caso e foi
realizada em uma empresa localizada na cidade de Salvador - BA. Analisando as
melhorias após a implantação do novo sistema automatizado, obteve-se como
resultado uma diminuição na perda de produto, ganho de duas horas em tempo de
operação e uma maior confiabilidade no processo, com o tempo médio de envase
por tambor chegando a 1,7 minutos.

Palavras-chave: Automação. Confiabilidade. Eficiência

1. INTRODUÇÃO

Para se manterem competitivas no mercado, as empresas precisam se


renovar e se adaptar ao novo. Diante disso, muitas empresas buscam a
automatização de seus processos a fim de adquirir uma maior eficiência, melhor
confiabilidade, redução de perdas e maior produtividade.
Assim, são diversas as empresas que buscam aumentar a produtividade,
procurando se destacar perante seus concorrentes e conseguindo entregar para o
mercado um produto de melhor qualidade, com menor custo e menor tempo de
pedido. Nesse sentido, a automação industrial busca disponibilizar os recursos como
equipamento correto, específico e devidamente configurado, com a finalidade de
monitorar o processo de produção, e intervir quando algo sair do padrão, diminuindo
o esforço humano necessário para tal tarefa e gerando uma rentabilidade
satisfatória(SANTOS et al., 2017).
Capelli (2007) também argumenta que qualquer que seja o segmento

1
Graduando em Engenharia de Produção. 2022. jr_icaro@hotmail.com
2
Orientador. Professor da Universidade Salvador. vaner.prado@unifacs.br
2

industrial, a automação tornou-se necessária à sobrevivência em mercados


dinâmicos e flexíveis, onde a presença humana é cada vez mais rara e bem
remunerada. A necessidade de atender a demanda do mercado, onde as decisões
sobre prazos e custos partem do consumidor e não do fornecedor, a automação
industrial vem trazendo grandes diferenças para os resultados de grandes e
pequenas empresas.
De acordo com Antônio et al. (2003) um sistema automatizado pode contribuir
no aumento da competitividade de uma empresa através de:

a) Redução de custos de pessoal, obtida automatizando as máquinas e o


controle da empresa. Por outro lado, exige-se alto custo para realização
dessa automação e maior qualificação humana;
b) aumento da qualidade dos produtos, já que as máquinas são mais
precisas que o homem. Ter-se-á melhores características de repetibilidade
e garantia de qualidade constante;
c) redução de custos de estoques. Como a produtividade é aumentada, não
há necessidade de grandes estoques;
d) redução do número de produtos perdidos;
e) menor tempo gasto no projeto e fabricação de novos produtos. Máquinas
programáveis aptas a desempenhar diferentes operações;
f) modificações no produto são facilmente implementadas;
g) respostas rápidas às solicitações do mercado.

Conforme destaca Martins (2012), a automação tem papel de enorme


importância na sobrevivência das indústrias, pois garante a melhoria do processo
produtivo e possibilita a competição nesse mercado globalizado.
Com a chegada da automatização de processos e a iminência das
tecnologias integradoras ou habilitadoras da indústria 4.0, o mercado competitivo de
empresas, fábricas e indústrias tem ficado cada vez mais acirrado. De acordo com a
pesquisa da International Data Corporation (IDC), o investimento em transformação
digital cresce com uma taxa anual de 15,5% até 2023 e deve se aproximar de US
$6,8 trilhões. Neste ano de 2022, acredita-se que cerca de 70% de todas as
empresas terão acelerado o uso de tecnologias digitais .
Nesse contexto, a questão da pesquisa que aqui se estabelece como
compreender quais são os ganhos de eficiência e produtividade em uma indústria do
3

setor químico, a partir da implementação da automação de seu processo de


envase?
Diante do exposto, este trabalho busca analisar o processo de automação de
uma linha de produção de envase, aplicado em uma operação de uma empresa X
do setor químico, visando compreender se houve ganhos operacionais com essa
decisão e implementação desse processo.
Justifica-se este estudo pela questão da automação para trazer à tona os
benefícios que os processos automatizados proporcionam para as empresas. Tendo
isto em vista, é necessário uma análise de eficiência da implementação da melhoria
e influenciar as empresas a terem seus indicadores de eficiência e produtividade.
É nesse contexto, portanto, que se pode comprovar ou não, os ganhos
esperados ou advindos da automatização.
Este trabalho está delineado com este contexto introdutório no qual estão
contidos a questão de pesquisa e o objetivo; na seção 2 está a revisão bibliográfica
com os temas do Conceito de Automação, A Automação nas Linhas de Envase e os
Indicadores de Produtividade.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Nesta seção serão abordados os temas que servirão de embasamento para o


estudo, sendo eles: O Conceito de Automação, A Automação nas Linhas de Envase,
Indicadores de Produtividade.

2.1 O CONCEITO DE AUTOMAÇÃO

Automação, do latim Automatus, que significa mover-se por si, é a aplicação


de técnicas, softwares e/ou equipamentos específicos em uma determinada
máquina ou processo industrial, com o objetivo de aumentar a sua eficiência,
maximizar a produção com o menor consumo de energia e/ou matérias primas,
menor emissão de resíduos de qualquer espécie, melhores condições de segurança,
seja material, humana ou das informações referentes a esse processo, ou ainda, de
reduzir o esforço ou a interferência humana sobre esse processo ou máquina
(AMÉRICO; AZEVEDO; SOUZA, 2011).
A automação possibilita o controle absoluto dos processos de produção,
permitindo a extração de dados estatísticos e de desempenho, esses dispositivos
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automatizados permitem que os computadores calculem e avaliem com exatidão a


situação do processo (JAMIL, 1998 apud OLIVEIRA et al., 2014).
Pazos (2002) também diz que a automação industrial refere-se à implantação
de técnicas, softwares e/ou equipamentos específicos numa máquina ou processo
industrial, objetivando a ampliação e sua eficiência, a maximização da produção com
o menor consumo de energia, matérias primas, emissão de resíduos, resultando em
condições de segurança melhores referentes a esse processo, ou até mesmo, a
redução do esforço ou a atividades humanas nesse processo ou máquina.
O objetivo principal da automação industrial é criar mecanismos que sejam
capazes de produzir o melhor produto com o menor custo, alguns objetivos que
devem ser buscados nos projetos de automação industrial são: melhorar a
produtividade de uma empresa aumentando o número de itens produzidos por hora
de forma a reduzir os custos de produção e aumentar a qualidade, melhorar as
condições de trabalho das pessoas eliminando trabalhos perigosos e aumentados à
segurança, melhorar a disponibilidade de produtos de forma com que seja possível
fornecer quantidades necessárias no momento certo, simplificar a operação e
manutenção de modo que o operador não precise ter grande expertise ao manusear
o processo de produção (GOLDBARG, 2005).
Segundo Ribeiro (1999) é possível classificar os graus de automação em
diferentes fases, sendo elas:

1. Ferramentas manuais

O primeiro progresso do homem da caverna foi usar uma ferramenta manual


para substituir suas mãos.

2. Ferramentas acionadas

O próximo passo histórico foi energizar as ferramentas manuais. Este degrau


foi chamado de Revolução Industrial. A serra se tornou elétrica, o martelo ficou
hidráulico.

3. Quantificação da energia

O passo seguinte foi quantificar esta energia para “controlar” a tarefa


realizada. A medição torna-se parte do processo, embora ainda seja fornecida para
o operador tomar a decisão.
5

4. Controle programado com realimentação

A máquina segue um programa predeterminado. Um sistema que usa a


medição para corrigir a máquina. O operador deve observar a máquina para ver se
tudo funciona bem.

5. Controle da máquina com cálculo

Em vez de realimentar uma medição simples, este grau de automação utiliza


um cálculo da medição para fornecer um sinal de controle.

6. Controle lógico das máquinas

Um sistema controla a lógica de funcionamento conjunta do processo.


É observado que a automação industrial é um caminho sem volta, em razão
de que, quando a meta é atingida, e é verificado a quantidade de melhorias, a
empresa não sentirá vontade de regredir, uma vez que a tendência seja a melhoria e
aumento da competitividade no mercado (GOLDBARG, 2005).

2.2 A AUTOMAÇÃO NAS LINHAS DE ENVASE

Automação é o sistema que torna possível a interação entre homem e


máquina, numa ferramenta de trabalho eficiente em tomadas de decisões e análises
de problemas tanto quando em produção rápida e uso preciso de recursos para
determinados objetivos.
Não são raros os aspectos automatizados de uma produção nos quais se
torna mesmo difícil e complexo fazer a distinção entre a engenharia controlada por
fator humano e aquela que segue um controle lógico, como se verifica desde as
interfaces computacionais de diferentes sistemas para inúmeras funções e resolução
dos mais variados problemas, até nas válvulas, motores, entre outras partes do
sistema (MORAES, CASTRUCCI, 2012).
Nos sistemas produtivos, em suas linhas de produção, existem inúmeros
maquinários, no qual a tendência é que todo o processo seja automatizado. Na
empresa X, que atua no setor químico, a máquina de envase é aquela que dosa
uma porção de um produto líquido na embalagem. Quando se fala sobre máquinas
de envase, considera-se que elas são o "coração" das linhas de produção da
empresa. A precisão desejada e o tipo de produto definirão a necessidade de
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automatização e o perfil da máquina (PÉREZ, 2014).


De acordo com Davila et al. (2007), uma inovação de qualidade possibilita à
empresa uma oportunidade de crescimento rápida, melhor e mais ardilosa do que as
concorrentes, como consequência disso acaba ditando os rumos da indústria. A
inovação é o elemento-chave para um crescimento expressivo nos resultados e no
aumento dos percentuais dos ganhos.
A automação dentro quando do processo de envase de produtos contribuiu,
não apenas para o aumento da produção, considerando ainda que, apesar do
investimento em automação ser alto num primeiro momento, o retorno em eficiência
e na redução da necessidade de capital humano para cada tarefa, mostra como
rapidamente os custos de produção se reduzem significativamente (FISPAL, 2017),
de modo a possibilitar um produto mais barato, mais rápido.
Groover (2015) aponta como é próprio da própria natureza da estrutura
automotiva o controle e o aumento da produtividade industrial, formando uma
simbiose orgânica entre tecnologias mecânicas, da informática e eletrônicas, dado
que a automação tem como objetivo maior a diminuição dos esforços humanos,
focando num esforço mais intelectual, no que tange a controle de equipamentos,
diminuindo, ainda, com menos esgotamento de colaboradores, o fator do risco de
erro humano (NOGUEIRA, 1994).
A automação industrial existe para tornar possíveis mecanismos que tenham
a capacidade de produzir o melhor produto com o menor custo, mas verifica-se, a
partir desses elementos, muitos outros benefícios em atenção a demandas de
diversos outros problemas e necessidades. Um exemplo facilmente perceptível está
na indústria de alimentos, que tem na automação industrial um elemento
fundamental na busca por produzir de modo isento de contaminação, por vezes
ocasionada pelo contato humano (PROFILIS, 2020), o que se verificou de maneira
evidente quando da recente pandemia da COVID-19, na qual o contato físico ou o
mesmo o ar no ambiente onde o alimento se via produzido podia ser passivo de
contágio, servindo a automação a uma importante ferramenta para manter a
produção de forma segura, e não apenas nesse setor, mas em diversos outros nos
quais o contato humano normalmente se faz fundamental.
Diversos pesquisadores veem na automação industrial um caminho sem volta
(CALDAS, 2020), dado que as melhorias em metas, facilmente acessíveis por meios
de números e resultados, em comparação com diversos processos anteriormente
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dependentes do uso de mão de obra, não leva a um desejo de regressão da parte


da empresa, mas antes a implementação de tecnologia, automatização e
robotização, é automaticamente vista como sinal de progresso, prosperidade e bom
investimento da parte de quaisquer segmentos empresariais em atuação na era da
informática, tendendo para uma sensível aumento na competitividade dentro do
mercado (GOLDBARG, 2005).
Com efeito, é sempre motivo de preocupação para uma empresa que não
dispõe de recursos automotivos ou que pouco usa, deparar-se com um concorrente
mais avançado tecnologicamente, independente do tamanho da empresa ou o ramo
de produção a que se proponha.

2.3 INDICADORES DE PRODUTIVIDADE

A produtividade está relacionada com uma melhoria na competitividade da


empresa e um consequente aumento nos seus lucros. Considera-se produtividade
como eficiência na transformação de entradas em saídas dentro de um processo
produtivo (SOUZA, 2000). A partir dessa perspectiva, nascem diversas formas de
analisar o processo de produção.
Segundo Moreira (2008) aumentando a produtividade, obtém-se reflexo direto
na redução dos custos de produção ou dos serviços prestados. Isto é possível
porque cada unidade produzida terá consumido menos insumos, afetando os custos,
proporcionando à empresa colocar os produtos no mercado a um preço menor,
melhorando a sua competitividade. Desta forma, aumentará sua participação no
mercado e, consequentemente, seus lucros. Com o lucro a empresa poderá
reinvestir no seu crescimento, melhorando ainda mais sua competitividade.
Para garantir vantagens competitivas frente aos seus concorrentes, buscar
melhorias e comparar os processos é imprescindível que as empresas façam o uso
dos indicadores de produtividade.
Para Caridade (2006) os indicadores são traduzidos como sendo dados e/ou
informações, geralmente numéricos, que explicitam um determinado fenômeno e
que são empregados para medir um processo e seu comportamento (resultados),
que podem ser obtidos durante a sua realização ou ao seu término.
Além disso, os indicadores podem ser encarados ainda como dados
orientadores de novas metas, pois a partir daquele valor é traçado novos propósitos
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para a equipe ou a empresa numa visão mais ampla, por isso medir o tempo
despendido para realização de cada etapa pode ser considerada uma ação simples,
mas que exige grande empenho do analista. Uma análise global do ambiente em
que o trabalhador está inserido gera informações importantes para os gestores
tomarem suas decisões baseadas em dados reais (SILVA, 2020).
Segundo Takashina (1996) um indicador deve ser gerado criteriosamente de
forma a assegurar a disponibilidade dos dados e resultados mais relevantes no
menor tempo possível e ao menor custo.
Nesse sentido, considerando a natureza da entrada que será transformada, é
possível analisar a produtividade a partir de um ponto de vista físico, no que se
refere a produção em fábrica, assim como a produtividade envolvendo
equipamentos, mão de obra, a que envolve o aspecto financeiro e a própria
produção, sendo que, quando se constrói uma análise na qual o enfoque seja a
demanda e seus aspectos quantitativos, a mão de obra é vista como etapa inaugural
do processo (SOUZA, 2000).
Estudos que se dedicam ao evoluir tecnológico de indicadores de
produtividade dividem-se sobretudo em dois grupos, sendo o primeiro desses o que
consiste em calcular a PTF, decompondo em seguida taxas de crescimento do
produto nas próprias taxas de crescimento do capital, do trabalho e da própria PTF,
em vista de interpretar os movimentos da economia nacional. Por efeito de diversos
problemas metodológicos, tal qual ausência de séries consolidadas voltadas ao
estoque setorial desse capital, é comum que tais análises se dêem de forma mais
agregada (CALDAS, 2020).
O segundo grupo de estudos, por outra forma, faz uso de indicadores de
produtividade construídos de forma parcial, considerando sobretudo a produtividade
do trabalho, uma vez que, embora tenham também suas limitações, não se
relacionam com os problemas metodológicos de indicadores de PFT. (DOS
SANTOS, 2007).
A produtividade e seu crescimento estão intimamente ligados com as medidas
disponíveis na empresa, e a confiança que elas inspiram pelos resultados que
apresentam. Para Hronec (1994), quando se dá questionamento sobre o porquê
medir, o tempo tomado para a realização da medição, a forma de chegar a um
determinado indicador, e aquilo que deve ser medido, é por ele proposta a medição
por “sinais vitais” da empresa, uma vez que é por eles que os trabalhadores se
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informam sobre o resultado do trabalho que estão apresentando.


Assim sendo, avaliar a produção se torna não só ponto inicial de métodos e
avaliador de desempenho final, mas está relacionado com toda a linha produtiva,
como o principal norte que permite uma rápida e eficiente tomada de decisões, a
correção de problemas, e ainda fortalece a confiança da equipe, como um indicador
concreto de bom resultado, para além de perspectivas e previsões.

3. METODOLOGIA

Neste tópico estão descritos todos os procedimentos metodológicos utilizados


para a concepção deste presente estudo.

3.1 METODOLOGIA DA PESQUISA

A pesquisa possui natureza exploratória com base em Pádua (2016). Trata-se


de um estudo de caso com base em Yin (2015) e Pereira et al. (2018), cuja técnica é
qualitativa, que, segundo Triviños (1987), trabalha os dados buscando seu
significado, tendo como base a percepção do fenômeno dentro do seu contexto.
Essa pesquisa foi realizada no setor de operações da empresa, mais
precisamente nas linhas de envase dos produtos Acrilato de Butila e Ácido Acrílico
Glacial, o estudo pretende analisar a eficiência da automação feita na máquina de
envase.
Para que fosse possível desenvolver um projeto fiel à operação, realizou-se
uma pesquisa descritiva, com o intuito de alcançar mais informações sobre o
processo com o maior nível de detalhes possível. Foram trabalhados fundamentos
conceituais de atores que se aproximam do tema estudado, estudos em relatórios da
empresa, entrevistas com o supervisor de operações e análise de indicadores-chave
de desempenho sobre a operação referenciada neste projeto, bem como a
observação do todo processo na área de envase.

3.2 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA X

A empresa X atua desde 1960 distribuindo, fazendo a revenda e importando


produtos químicos nas diferentes regiões do Brasil. A empresa oferece diversos
serviços de solução em química para os seus clientes e parceiros, e, por isso,
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tornou-se uma das maiores empresas do segmento do Norte e Nordeste e uma das
melhores do país, atendendo a quase todos os segmentos industriais. Entre os seus
principais serviços, se destacam: Reenvase de produtos sólidos, diluição de
produtos, armazenagem de produtos, envase de produtos líquidos e importação por
encomenda.

4. DIAGNÓSTICO DO ESTÁGIO ANTERIOR DO PROCESSO

Um dos principais serviços oferecidos pela empresa X é o processo de


industrialização. Por dentro deste processo, oferecido para empresas terceiras, o
produto é envasado, paletizado e armazenado para posterior expedição, tudo de
acordo com a necessidade e programação do cliente.
O presente trabalho tem o estudo focado na etapa do envase, onde a
empresa possuía uma operação manual que continha bastante perdas e pouca
padronização. A área de envase conta com duas linhas de produtos diferentes, uma
delas é de Acrilato de Butila, envasado em tambores de chapa até os 180 kg e a
outra de Ácido Acrílico Glacial, que é envasado em bombonas de plástico até os 200
kg.
Após a chegada da carreta, a recepção realiza a entrada manualmente em
sua planilha e autoriza o acesso do motorista, em seguida, o motorista direciona a
carreta até a balança para a pesagem inicial. O conferente realiza a pesagem e
confere a temperatura da carreta. Caso a temperatura esteja de acordo com o
padrão (até 25ºC), o motorista irá direcionar a carreta até a doca para o início do
envase.
Caso a temperatura esteja fora do padrão, a carreta irá retornar ao fornecedor
para análise. Considerando que a temperatura esteja de acordo, o envase será
iniciado. Na doca, o motorista irá encontrar 3 colaboradores, sendo um operador de
processos e dois auxiliares de operação.
O operador de processos é o responsável por preparar, segurar o bico do
mangote, e por abrir a válvula para iniciar o processo de envase e fechá-la quando
perceber que o tambor está com o peso correto.
Para verificar se o tambor/bombona está no peso ideal, o operador precisa
acompanhar a pesagem da balança que fica indicada no monitor da área.
Junto ao operador de envase, fica o auxiliar de operação 1, este é
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responsável por fechar e lacrar o tambor cheio para que em seguida possa ser
colocado no pallet pelo auxiliar de operação 2 que, por sua vez, segue com a
retirada dos tambores/bombonas da esteira e os coloca no pallet, sempre em 4
unidades e logo após os leva através da paleteira para a máquina de filmagem.
Após a filmagem, o produto era armazenado em local devido até que
chegasse a hora de ser expedido.
Objetivando elucidar como se dão as características do processo e os pontos
particulares que o envolvem, buscando auxiliar na compreensão para a realização
de atividades de automação na empresa estudada, foram assim listadas atividades
do processo na forma de um fluxograma, como se segue abaixo.

Figura 1 ― Fluxograma do processo anterior

Fonte: Elaborada pelo autor a partir do processo fabril (2022).

5. ENCONTRANDO OS GARGALOS EXISTENTES

Após a análise de todo o processo, identificou-se que existem pontos de


melhoria a serem trabalhados.
O principal gargalo encontrava-se na hora de envasar os tambores, pois não
existia uma padronização, já que, como havia um rodízio, o bico do mangote não era
operado sempre pelos mesmos colaboradores. Portanto, como cada um deles
possuíam um padrão de trabalho diferente, sempre existia divergência na pesagem
final dos tambores.
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Além disso, existia muito retrabalho e perda de tempo na operação, pois, em


alguns momentos os operadores precisavam parar o envase e retirar o bico do
tambor para verificar se o peso estava de acordo com a meta.
Outro ponto importante para melhoria seria na ergonomia dos operadores,
visto que, eles ficam durante todo o processo segurando o bico do mangote,
abaixando o equipamento e levantando sempre que necessário para verificar o peso
do tambor, e isso, ao longo do tempo, pode ser prejudicial a saúde do colaborador.
No processo não automatizado, também não existia um bom controle da
operação, visto que, não existia uma ordem de envase com a quantidade de
tambores a serem envasados, as informações eram passadas para os colabores
informalmente, aumentando a possibilidade de retrabalhos.
Além destes pontos, a conferência da quantidade dos tambores pós envase
também estava suscetível a erros, pois o conferente poderia esquecer de contar ou
até contar a mais alguns pallets armazenados.

6. ATUANDO NA CAUSA

Com base nos gargalos existentes e visando a melhoria e eficiência da


operação, a solução encontrada foi a de automatizar o sistema de dosagem da
empresa X, mais precisamente no local onde o operador de envase atua.
Nas linhas de envase dos dois produtos foi instalado um suporte de
sustentação com válvulas, bicos e mangotes.

Figura 2 ― Suporte de sustentação com válvulas, bicos e mangotes

Fonte: Elaborada pelo autor a partir do processo fabril (2022).


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A válvula, como mecanismo intermediador do envase, vai medir toda a vazão


do produto que antes era controlada pelo operador, e o suporte dos bicos e
mangotes, por sua vez, irá minimizar todos os danos que antes eram causados pela
má ergonomia do colaborador no processo anterior.
Na estação de envase também foram instalados os painéis de comando e um
desktop.

Figura 3 ― Desktop com software e Painel de Comandos

Fonte: Elaborada pelo autor a partir do processo fabril (2022).

O desktop será a base da operação, é por meio dele que os supervisores de


operações ou até mesmo os próprios operadores cadastram e selecionam a ordem
de envase, já o painel de comando irá atuar nos acionamentos necessários da
válvula pneumática.
Após ter sido feita a instalação de todos os novos equipamentos, o processo
foi testado e calibrado para então realizar o treinamento dos colaboradores.

7. ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com a automatização já implantada, o processo observado tem início no


momento em que o operador/supervisor da operação cadastrar e selecionar a ordem
de envase no desktop. O operador, então, vai posicionar o recipiente na área de
dosagem, em cima da balança, e o novo sistema irá tarar o seu peso inicial.
Logo em seguida, o painel de comando segue com o acionamento da válvula
pneumática, a válvula é liberada e o processo de envase se inicia.
Existe um braço de suporte agora que vai segurar o mangote, posicionado já
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em um ponto acima do recipiente, de modo que o operador não fique segurando o


mangote com as mãos, melhorando com isso a sua ergonomia e preservando a sua
saúde.
No momento em que se está chegando no peso estipulado, o sistema emite
então o sinal para fechar a válvula pneumática automaticamente. A única coisa que
o operador faz nessa etapa é ficar atento, até que ouça um sinal sonoro de quando o
peso atinge a meta, e após ouvir o sinal, ele somente irá levantar o bico do mangote
para finalizar o envase daquele tambor e partir para outro.
Após encher o recipiente, o segundo auxiliar faz a lacração, fazendo com que
o processo se repita, tal como era feito anteriormente. Durante o envase, os
gestores podem acompanhar em tempo real como está o andamento de todo o
processo, garantindo uma maior confiabilidade.
Além disso, ao finalizar todo o processo e o operador fechar a ordem de
envase no desktop, a mesma ficará disponível para emissão de ticket e consulta por
tempo indeterminado, deste modo, com a automatização, agora se tem um controle
no sistema de todas as ordens de envase que são produzidas, assim como das
quantidades de tambores/bombonas envasadas em cada operação.
Para criar os quadros de produtividade da linha de envase, foi levado em
consideração um comparativo entre o período anterior à automatização (agosto à
dezembro de 2019) e o período posterior a automatização (janeiro a maio de 2020).
Na criação dos dois indicadores, foi feita a coleta dos dados da produção total
de cada mês, a média do tempo das descargas em horas e o tempo médio de
envase por tambor em minutos.
Os resultados obtidos podem ser percebidos nos indicativos dos Quadros 1 e
2.

Quadro 1 ― Indicador de produtividade 2019 - antes da automatização.

VOLUME (2019) AGO SET OUT NOV DEZ

DESCARGA PRODUTO (TON) 305.650 721.00 583.690 516.870 424.910

PRODUTIVIDADE AGO SET OUT NOV DEZ


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TEMPO MÉDIO DESC. CARRETA (Hrs) 06:53 07:00 07:52 04:50 06:15

TEMPO MÉDIO TAMBOR POR MINUTO 2,44 2,48 2,8 1,71 2,21

Fonte: Elaborada pelo autor a partir do processo fabril (2022).

Analisando o Quadro 1, é possível identificar que existia uma grande


morosidade e uma falta de padronização no tempo médio das descargas. A exemplo
disto, pode-se tomar por base as descargas dos meses de agosto e novembro.
Em agosto, houve um volume menor de produto em comparação com
novembro, mas, em contrapartida, o tempo médio de descarga em agosto foi maior
do que em novembro, destacando a falta de padronização existente no processo.
A falta de padronização também se faz presente no tempo médio de tambor
por minuto, já que, neste período, a dosagem dos tambores era feita manualmente
pelos operadores.

Quadro 2 ― Indicador de produtividade 2020 - após automatização.

VOLUME (2020) JAN FEV MAR ABR MAI

DESCARGA PRODUTO (TON) 1.434.515 1.278.180 1.379.415 1.134.940 1.245.020

PRODUTIVIDADE JAN FEV MAR ABR MAI

TEMPO MÉDIO DESC. CARRETA (Hrs) 4:52 4:53 4:58 5:04 4:57

TEMPO MÉDIO TAMBOR POR MINUTO 1,72 1,73 1,76 1,79 1,75

Fonte: Elaborada pelo autor a partir do processo fabril (2022).

Analisando o Quadro 2, que demonstra o período após a melhoria, é possível


identificar uma notória mudança nos tempos médios de descarga e de tambores por
minuto.
Houve um ganho no tempo médio de descarga de aproximadamente 2 horas
de diferença para o processo não automatizado, o que ajudou a empresa a estipular
uma meta de 5 horas de descarga para cada carreta.
Além disso, houve a padronização no tempo médio de envase dos tambores,
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que no período demonstrado estava em aproximadamente 1,7 minutos por tambor.


Verifica-se, portanto, um evidente decréscimo no tempo de produção com a
automação, o que também proporcionou o aumento da carga utilizada na produção,
como demonstrado no Quadro 2, além de uma maior confiabilidade no processo.
A automação permitiu aqui reduzir a participação humana no projeto, em
concordância com o verificado na pesquisa teórica, demonstrando como o ganho de
produção e eficiência não apenas conduziu para um procedimento mais rápido e
com melhor aproveitamento de tempo.
Quando se fala desse aproveitamento diversificado do capital humano,
verifica-se que pessoas poderiam ter dificuldade em manter o mesmo ritmo pelo
tempo e velocidade da máquina, como também, por isso mesmo, se tem um ganho
humano, já que o trabalhador não mais está imbuído dessa função repetitiva e
exaustiva, mas agora, usando de trabalho intelectual, gerencia a produção, de modo
menos penoso, e a partir de um olhar mais amplo, sobre outras etapas do processo
que não apenas aquela função específica.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa demonstrou como a automação industrial trouxe


inúmeros avanços a toda linha produtiva, para muito além da eficiência e do baixo
custo, mas que se verificam, simultaneamente, em diversos segmentos e dimensões
do processo produtivo.
Com o distanciamento da mão de obra que antes fazia parte de todos os
aspectos da produção, não apenas o processo se torna mais livre de falhas
humanas causadas pela exaustão, como também se tem benefícios mesmo na
assepsia decorrente do procedimento sem o uso de mãos humanas. O ganho de
eficiência e tempo, assim, se traduz ainda em qualidade de vida para os funcionários
e em segurança em todo o procedimento, no produto que, com o envasamento
correto, chega ao consumidor final.
Numericamente, ainda, verifica-se como o processo automatizado pode arcar
com exigências de mercado muito maiores em tempo muito mais curto, como foi
possível observar na própria empresa alvo do presente estudo, sendo um primeiro
passo para um efetivo crescimento no porte empresarial e um maior preparo para os
desafios que esse crescimento pode trazer.
17

Verifica-se, assim, como a automatização empresarial traz um benefício real e


perceptível em vários aspectos dentro do processo produtivo.

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