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A AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL

Por Fábio Augusto Gentilin

1. O que é Automação Industrial? Teria um exemplo para entender melhor?

R: Primeiramente, precisamos entender um pouco sobre a indústria e assim falaremos sobre a


Automação Industrial.

A indústria normalmente tem um propósito comum: transformar um tipo de matéria-prima


em produto final, logo, para isso depende de máquinas e processos capazes de atribuir as
características desejadas à matéria-prima, seja uma fábrica de móveis, que condiciona madeira
em formas padronizadas em móveis de diversos tipos, ou mesmo uma indústria de alimentos,
que mistura ingredientes e os processa para obter o produto desejado.

Em uma indústria moderna, tudo isso depende de certas tecnologias que permitem ao
processo ser automatizado, ou seja, realizar ações automaticamente que resultem no produto
final esperado. Mas não é apenas isso! Além de tornar o processo automático, é necessário
controlar cada etapa, visualizando os dados e comparando com metas de produção, para que
a equipe de gestão do processo possa inferir sobre o QUANTO está produzindo. Não apenas se
está produzindo. Isso chama-se visibilidade. E é um dos principais pontos relacionados a
Automação Industrial.

Agora, com essa visão podemos afirmar que a Automação Industrial é um conjunto de
tecnologias aplicadas a tornar automáticas as funções associadas a máquinas e processos
industriais, envolvendo recursos de hardware e software que interagem de modo que
atividades antes executadas manualmente possam ser realizadas por atuadores controlados.

Um bom exemplo a ser analisado seria o processo de fabricação de um produto comum aos
dias de hoje, um smartphone. Neste produto, o que inicialmente podemos ver é sua aparência,
que deve atender aos mesmos padrões do que foi anunciado no ato da venda e por traz do
visual do produto temos uma série de tecnologias embarcadas que precisam funcionar de
forma estável em qualquer ambiente em que o usuário esteja.

Seria impraticável fabricar um produto com dado grau de complexidade utilizando-se


processos de fabricação manuais e ao mesmo tempo ter um elevado controle de qualidade,
curto tempo de produção, funcionamento estável e demais características que todos os
usuários deste produto exigem.

Para isso é necessário um parâmetro importante: a padronização. Esta é uma característica


dos produtos fabricados por processos de Automação Industrial.

A indústria mundial passou por 4 processos denominadas revoluções industriais, onde estamos
atualmente na 4ª revolução industrial conhecida como indústria 4.0. Nesse período falamos
sobre a autonomia de máquinas, que utilizam cada vez mais algoritmos de inteligência
artificial para operar e tecnologias de IoT (internet das coisas) para permitir a conectividade
remota e controle de suas funções.
2. Por que automatizar um processo de fabricação e quais seriam as principais
vantagens e desvantagens?

R: Podemos citar diversos exemplos de vantagens para o uso de Automação Industrial,


conforme já citado, vamos a alguns exemplos:

 Padronização: os produtos seguem um mesmo padrão, assim, o que se compra


se mantém igual em todos os itens fabricados. Um exemplo disso é o sabor de
uma bebida ou comida industrializado, é sempre o mesmo, além de sua
aparência. Isso fideliza o consumidor.
 Visibilidade: com a visibilidade é possível entender o que está acontecendo no
processo. Se há prejuízos e desperdícios e quais os motivos, é possível registrar
o que ocorreu, quando ocorreu e como ocorreu em cada máquina. É possível
estimar quando realizar as manutenções, economizando tempo e evitando
parada imprevistas. É possível prever a compra de matéria-prima, contratação
de pessoas, gerir demandas de energia, entre outros importantes pontos.
 Aumentar a produtividade com qualidade: talvez esse seja um paradigma para
muitas indústrias que relutam em processos manuais, pois ao aumentarem a
quantidade perdem a qualidade, dado que as pessoas têm limites operacionais
e as máquinas conseguem ir além dessa capacidade, assim, com a Automação
Industrial é possível manter a qualidade, com olhar sobre cada etapa do
processo e manter uma produção de alta escala e controle de qualidade de
padrões internacionais.

Como nada é só vantagem, podemos citar algumas desvantagens:

 Necessidade de pessoas qualificadas para atuar com tecnologias de


automação industrial.
 O custo de implantação do sistema automático é elevado.
 A manutenção dos sistemas possui custo elevado.

Entretanto, em meio a cada desvantagem, podemos afirmar que as vantagens


com a automação de processos superam e muito as desvantagens, pois os
ganhos em produtividade e visibilidade a torna viável em aplicações em escala
industrial.
3. Quais são as principais tecnologias de Automação Industrial?
R: Há muitas tecnologias associadas à Automação Industrial, entretanto, podemos
destacar algumas mais tradicionais que descrevem a atuação em controle de processo
industrial, como:
 Os controladores lógicos-programáveis (CLPs)
 Os sensores industriais
 Os atuadores
 As interfaces homem-máquina (IHMs)
 As redes industriais e corporativas

Os controladores lógicos-programáveis são as entidades que controlam o processo,


levando em consideração sentenças de entrada e saída que interagem com o programa
desenvolvido pelo usuário em uma linguagem padronizada de uso industrial, como por
exemplo, o Ladder, o Grafcet, o texto estruturado, etc.

Os sensores industriais detectam variáveis, como a presença ou a ausência de um objeto, a


temperatura, a vazão, o nível, a pressão, entre outros. Esses sensores, ao detectarem suas
variáveis convertem esse evento para um sinal elétrico e o aplicam a entradas específicas
do CLP, de acordo com a natureza elétrica de cada sensor, podendo ser analógico ou
digital.

Os atuadores são os dispositivos controlados, aqueles que são acionados quando


necessário, de acordo com o programa do projeto de controle, podem ser válvulas,
motores, solenoides, aquecedores, sistemas de iluminação, etc.

As IHMs são as telas que permitem a interação do usuário com as variáveis do processo,
permitindo interação por meio de imagens e animações que podem representar, por
exemplo, o nível de um tanque, a temperatura de um forno ou mesmo a rotação de um
eixo, tudo isso pode ser visualizado na tela da IHM com gráficos, figuras animadas, etc.

Ainda sobre as IHMs é importante ressaltar que podemos ter essa visibilidade, além de
alarmes, gráficos de tendências, receitas, telas de usuários, controle de acesso e muitas
outras funcionalidades no painel da máquina, utilizando-se um modelo físico de IHM
adequado às exigências do ambiente industrial (suportando a presença de umidade,
poeira, impacto, ruído eletromagnético, etc.) ou também podemos ter a IHM em
monitores localizados remotamente em salas de controle. Esta última aplicação é
interessante para dar visibilidade em grandes concentrações de variáveis com telas
grandes e controle remoto de telemetria e telecomando.

As redes industriais são vias de compartilhamento de dados industriais. São redes onde os
dispositivos industriais são conectados e enviam dados de acordo com protocolos
específicos, que podem possuir barramentos energizados e atenderem a distâncias
quilométricas, diferentemente de redes cabeadas de classe corporativa que atendem a
distâncias de até 100 m.

As redes corporativas representam o ambiente de compartilhamento de alto nível, onde


os dados do processo de automação se unem aos servidores de dados e seus periféricos,
no sentido de permitir a conversão de dados em informações. Resultado necessário à
gestão do processo industrial.
4. A Automação Industrial pode diminuir os empregos das pessoas?
R: A Automação Industrial não diminui os empregos e sim gera oportunidades de
crescimento pessoal. Isso porque ao automatizar um processo antes manual, estamos
viabilizando que as pessoas procurem realizar tarefas que exijam sua contribuição em
áreas que ainda não podem ser automatizadas, como na estratégia produtiva, em
aspectos competitivos do produto final, no contato com o cliente, ou seja, em ações
que envolvem pessoas e suas habilidades intelectuais, permitindo o desenvolvimento
pessoal que permanece com o indivíduo, enquanto que quando o profissional atua em
uma tarefa manual tem domínio apenas dessa tarefa específica, que pode não ser
aproveitada em outra oportunidade de trabalho, já o aspecto intelectual permite a
adaptação á diversas situações e gera autonomia para as pessoas que se submetem as
tecnologias envolvidas.

5. Quanto custa para automatizar um processo industrial? Compensa automatizar?


R: Isso depende. Automatizar envolve o uso de hardware e softwares que na maioria
dos casos são específicos. Isso pode variar em função no número de itens de entrada e
saída que deseja-se envolver no processo de automação, assim, quanto mais dados
deseja-se coletar e quanto mais dispositivos deseja-se controlar, mais caro fica,
entretanto, deve-se calcular isso levando-se em conta o quanto se ganha com a
Automação Industrial, logo isso é relativo, porém, como no Brasil há poucos
fabricantes de tecnologias e, os semicondutores utilizados nos hardwares de
automação são importados, pagamos muito caro pela tecnologia. Por enquanto.
Quanto a compensar, na grande maioria dos casos certamente compensa, entretanto,
para responder isso é necessário avaliar sempre o retorno dos investimentos diante do
custo de implantação das tecnologias, salvo aqueles casos onde há poucos pontos a
serem integrados com baixa frequência de uso do equipamento, que a automação
seria dispendiosa e não seria justificada.
Deve-se levar em consideração sempre a questão do acesso aos dados. Isso pode ser a
diferença entre a viabilidade ou não de um processo, dado que “não se pode controlar
o que não se pode mensurar”.

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