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SISTEMAS AUTOMATIZADOS:
Práticas Iniciais com CLP
Formação Inicial e
Continuada
+
IFMG
Pedro Henrique Ferreira Machado
Elias José de Rezende Freitas
Carlos Dias da Silva Junior
Belo Horizonte
Instituto Federal de Minas Gerais
2021
© 2021 by Instituto Federal de Minas Gerais
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2021
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Sobre o material
Formulário de
Sugestões
Este curso está dividido em três semanas, cujos objetivos de cada uma são
apresentados, sucintamente, a seguir.
Os ícones são elementos gráficos para facilitar os estudos, fique atento quando
eles aparecem no texto. Veja aqui o seu significado:
Objetivos
Essa semana é dedicada à apresentação dos conceitos gerais do Controlador
Lógico Programável (CLP). Será apresentado um breve histórico sobre este
equipamento, e sua arquitetura básica. Além disso, essa semana é dedicada ao
entendimento geral do hardware da seção das entradas e saídas dos CLPs,
incluindo a diferença entre os módulos analógicos e digitais.
Figura 1.1: (a) CLP Allen-Brandley Rockwell Automation ControlLogix 557; (b) CLP WEG PLC 300
Fonte: Allen-Bradley; WEG
Figura 1.4: (a) CLP Modular – módulo e rack; (b) CLP compacto
Fonte: https://www.citisystems.com.br/clp/
De forma rápida e simples, este capítulo nos trouxe a visão geral de um CLP. Como
visto, o CLP é um computador digital desenhado para uso em ambiente industrial.
Basicamente, ele tem a função de substituir os painéis de controle baseados em lógica de
relés. No entanto, a evolução tecnológica da área computacional permitiu que o CLP
executasse funções muito mais complexas que essa. Além disso, verificamos que podemos
dividir o CLP em dois tipos básicos: o compacto e o modular.
2. Arquitetura do CLP
A Unidade Central de Processamento (Central Processing Unit - CPU) tem por função
controlar todas as atividades do CLP, sendo estruturada de forma que o usuário possa entrar
com o seu programa específico. Construtivamente, a CPU é constituída de um
microprocessador, que faz o controle e a comunicação com outros módulos e elementos do
CLP.
Os módulos de entrada e saída, também conhecidos como I/O, devido sua definição
em inglês Input (I) e Output (O), são os elementos que interagem com o “mundo” externo
(máquinas e equipamentos).
De um modo geral, as entradas fornecem as conexões/interface com os dispositivos
externos que “sentem” o ambiente (ex: sensores, botões, chaves etc.). Já as saídas,
fornecem as conexões/interface com os dispositivos externos que atuam no ambiente (ex:
motores, contatores, sinaleiros, válvulas etc.)
Neste capítulo vimos a estrutura interna do CLP, também conhecida como arquitetura.
Basicamente, o CLP replica a estrutura de um computador digital, com 5 partes principais:
CPU, fonte de alimentação, módulo de entrada e saída, terminal de programação e
memórias.
Apesar das variáveis físicas, tais como temperatura, pressão, força, massa, entre
outras, terem comportamento analógico (definido dentro de uma faixa de valores), a maioria
dos processos são controlados através de informações discretas, com apenas dois estados,
provindas de sensores, botoeiras, chaves fim de curso, termostatos, pressostatos. Por este
motivo, temos que as entradas discretas são as mais presentes e as mais utilizadas em
CLPs.
As entradas digitais de um CLP estão aptas a identificar a presença ou não de um
sinal elétrico provindo de um determinado dispositivo. Os sinais elétricos mais utilizados em
entradas digitais são sinais de tensão, como 24 Vcc e 110 a 220 Vca.
Para que a CPU possa interpretar corretamente as informações elétricas que chegam
às entradas digitais, o CLP dispõe de módulos de entrada, responsáveis pela adequação
elétrica dos sinais. A Figura 3.1 mostra, de forma simplificada, o circuito eletrônico presente
nos módulos de entrada digital para adequação destes sinais elétricos.
Figura 3.1: Circuito eletrônico para tratamento dos sinais elétricos em uma entrada digital de CLP
Fonte: Adaptado de FRANCHI e CAMARGO, 2011
Figura 3.2: Dispositivos para entradas digitais do CLP: (a) botoeira 24Vcc; (b) botão de emergência; (c)
sensor de presença; (d) sensor indutivo de proximidade
Fonte: Licença Creative Commons
Temos dois tipos de conexão dos dispositivos digitais às entradas do CLP: (1) sink e
(2) source. De forma resumida, podemos entender essas entradas da seguinte maneira:
Sink (-): para este tipo de entrada, é necessário fornecer potencial positivo (+) da fonte
de alimentação ao borne de entrada do CLP (Figura 3.4.a)
Source (+): para este tipo de entrada, é necessário fornecer potencial negativo (-) da
fonte de alimentação ao borne de entrada do CLP (Figura 3.4.b)
É importante sabermos identificar os tipos de entrada digital, pois isso é determinante
na definição correta dos dispositivos de campo, como sensores.
Figura 3.4: Tipos de entradas digitais do CLP: (a) entrada do tipo sink (-); (b) entrada do tipo source (-)
Fonte: Adaptado de PETRUZELLA, 2017.
Os sinais elétricos usados nos CLPs podem ser de tensão ou de corrente. As faixas
de valores mais utilizadas são, respectivamente, de 0 a 10 Vcc e 4 mA a 20 mA. A Figura3.5
mostra um exemplo de módulo de entrada analógica de tensão, o qual utiliza um conversor
de sinais analógicos para digitais (A/D).
Figura 3.5: Circuito eletrônico para o tratamento de sinais elétricos em uma entrada analógica de CLP
Fonte: Adaptado de FRANCHI e CAMARGO, 2011
Neste capítulo vimos os dois tipos de entradas utilizadas para receber sinais de dispositivos
de campo: digital e analógica. As entradas digitais conversam com dispositivos que possuem
Figura 4.2: Dispositivos que funcionam como saídas digitais para o CLP: (a) contator; (b) soft-starter; (c)
lâmpada sinaleiro; (d) válvula eletropneumática
Fonte: Licença Creative Commons
De forma similar às entradas digitais, temos dois tipos de conexão dos dispositivos
digitais às saídas do CLP: (1) sink e (2) source. Resumidamente, podemos entender estes
tipos de saída da seguinte maneira:
Sink (-): para este tipo de saída, é necessário fornecer potencial positivo (+) da fonte
de alimentação ao borne de saída do CLP (Figura 4.3a).
Source (+): para este tipo de saída, é necessário fornecer potencial negativo (-) da
fonte de alimentação ao borne de saída do CLP (Figura 4.3b).
Figura 4.4: Circuito eletrônico para o tratamento de sinais elétricos em uma saída analógica de CLP
Fonte: Adaptado de FRANCHI e CAMARGO, p. 201.
Figura 4.5: Inversor de frequência usado para controlar a velocidade de um motor elétrico
Fonte: WEG, 2021.
Neste capítulo vimos os dois tipos de saídas utilizadas para enviar sinais para dispositivos
de campo: digital e analógica. As saídas digitais conversam com dispositivos que possuem
apenas dois estados de operação, enquanto as saídas do tipo analógica conversam com
dispositivos que possuem sinais que variam em um determinado intervalo de valores. Além
disso, de forma semelhante às entradas do CLP, temos que as saídas digitais são
qualificadas em dois tipos: sink (-) recebe o sinal positivo da fonte e source (+) recebe o sinal
negativo fonte.
Objetivos
Figura 5.2 - Exemplo de Tabela-verdade para quatro entradas (A,B,C,D) e duas saídas (X,Y).
Fonte: Próprios autores
𝑛 = 2𝑁
em que N é o número de entradas no circuito lógico. Por exemplo, para o circuito que
implementa a Tabela-Verdade da Figura 5.1, temos 𝑛 = 22 = 4 possibilidades, todas
apresentadas na tabela. Já para a Tabela-Verdade da Figura 5.2, vemos as 𝑛 = 24 = 16
possibilidades de combinações das entradas e a respectiva saída.
Assim, quando A=1, B=1, C=1 e D=0 (penúltima linha da tabela) a saída do circuito
será sempre X=0 e quando A=1, B=1, C=1 e D=1 (última linha da tabela) a saída do circuito
será sempre X=1.
5.3 Operador OR
A B X
0 0 0
0 1 1
1 0 1
1 1 1
Tabela 5.1 - Tabela-verdade para o problema com lógica OU, considerando 2 entradas e uma saída
Fonte: Próprios autores
A B C X
0 0 0 0
0 0 1 1
0 1 0 1
0 1 1 1
1 0 0 1
1 0 1 1
1 1 0 1
1 1 1 1
Tabela 5.2 - Tabela-verdade para a expressão: X = A+B+C.
Fonte: Próprios autores
0 0 0
0 1 0
1 0 0
1 1 1
Tabela 5.3 - Tabela-verdade para o problema com lógica E, considerando 2 entradas e uma saída.
Fonte: Próprios autores
Assim, definiremos o operador AND (E) como o operador capaz de representar essa
lógica, em que a saída X será 1 apenas se todas as entradas forem 1. Utilizaremos o
símbolo ‘·’ para essa operação, de maneira que a expressão lógica que descreve o problema
poderá ser escrita algebricamente como:
X=A·B
Iremos ler essa expressão da seguinte forma: “A saída X é igual à entrada A E a
entrada B”.
Além disso, podemos expandir a lógica para mais variáveis, por exemplo, com três
entradas: X = A · B · C. Nesse caso, iremos ler de maneira direta: “A saída X é igual à
entrada A E a entrada B E a entrada C”, teremos 8 possibilidades de combinação entre
essas entradas, como representado na Tabela-Verdade mostrada na Tabela 5.4.
A B C X
0 0 0 0
0 0 1 0
0 1 0 0
0 1 1 0
1 0 0 0
1 0 1 0
1 1 0 0
A X
0 1
1 0
A B C X
0 0 0 0
0 0 1 1
0 1 0 0
0 1 1 1
1 0 0 0
1 0 1 1
1 1 0 0
1 1 1 1
Considere agora outro exemplo, X = (A’ + B). C, em que temos os três operadores
sendo utilizados. Note que a operação OU é feita com a entrada negada de A e a entrada B
e que o resultado dessa operação será a entrada para a operação AND com a entrada C.
Assim, quando A = 0, B=0 e C=0, estamos realizando a seguinte operação: X = (1 OU 0) E
0, como iremos fazer a operação AND (E) com uma entrada zero, o resultado final
claramente será também 0. Porém, quando A = 0, B=0 e C=1, estamos realizando a seguinte
operação: X = (1 OU 0) E 1, como vimos, o resultado da operação A OU B para esses valores
será 1, e agora o resultado da operação AND de 1 E 1, será 1, ou seja, X, para essa
combinação de entrada, será 1. Ao fazer esse procedimento para todas as combinações,
encontraremos a Tabela-verdade apresentada na Tabela 5.7.
A B C X
0 0 0 0
0 0 1 1
0 1 0 0
0 1 1 1
1 0 0 0
1 0 1 0
1 1 1 1
De uma maneira geral, um CLP pode operar em dois modos: i) programação; ii)
execução. No modo de execução, o CLP pode assumir também estado de falha, que indica
falha de operação ou de execução do programa.
Neste capítulo foi apresentado o funcionamento geral de um CLP. Vimos que ele pode
operar em dois modos principais: programação e execução (que pode apresentar o estado
de falha). O funcionamento do CLP é baseado no ciclo de Scan, que nada mais é que um
processo contínuo de leitura dos sinais de entrada, execução do programa do usuário, e
atualização das saídas que estão conectadas aos dispositivos de atuação externos.
É uma linguagem gráfica de programação, cujos elementos são expressos por blocos
interligados, semelhantes aos utilizados em eletrônica digital. Os diagramas FBD permitem
um desenvolvimento hierárquico e modular do software, uma vez que podem ser construídos
blocos de funções mais complexos a partir de outros menores e mais simples. A Figura 7.4
indica a implementação da equação Lógica 𝐿 = 𝐴. 𝐵 em FBD.
Este tópico apresentou conceitos gerais que dão fundamento à linguagem Ladder. Em
destaque, vimos a organização da programação feita em um CLP pelo modelo POU, como
podemos endereçar as variáveis na memória do CLP e os conceitos iniciais da lógica de
contatos. Esta última parte deve receber grande atenção, pois a simbologia e os
fundamentos dos contatos e das bobinas é a essência da programação em Ladder.
Quando relés eletromecânicos são utilizados para implementar uma lógica, o fluxo de
energia pode ocorrer em qualquer sentido através dos contatos.
No entanto, diferentemente do que acontece com circuitos eletromecânicos, uma regra
importante para a linguagem Ladder em CLPs é que o fluxo reverso (da direita para a
esquerda) não é permitido, ou seja, o fluxo de corrente elétrica virtual em uma lógica Ladder
flui somente da esquerda para a direita.
Se a lógica a ser implementada necessita de um fluxo reverso, devemos refazer o
circuito de modo que o fluxo ocorra somente da esquerda para a direita. A Figura 9.3 mostra
um exemplo com a lógica errada e a lógica certa com fluxo de corrente.
Figura 9.3: Exemplo com um circuito com fluxo reverso no contato NA 10.3
Fonte: Adaptado de FRANCHI e CAMARGO, 2011.
Nos diagramas Ladder, uma bobina pode ter quantos contatos NA ou NF forem
necessários. Isso significa que um mesmo contato pode ser repetido diversas vezes ao longo
do programa. Cada conjunto de bobinas disponível e seus respectivos contatos no CLP são
identificados por um endereço de referência único, como indicado no capítulo anterior.
Além disso, em linguagem Ladder, também é permitido o uso de múltiplos contatos de
um dispositivo de entrada. A Figura 9.4 indica este conceito de repetibilidade de contatos.
Figura 9.5: Exemplo de leitura de linhas em Ladder – esquerda para a direita de cima para baixo
Fonte: Adaptado de FRANCHI e CAMARGO, 2011.
Outra maneira de fazer autorretenção de uma bobina é fazer uso da instrução set.
A instrução set liga uma saída e a mantém ligada mesmo que o contato da entrada
deixe de conduzir. Para desligar a saída é utilizada a instrução reset. A Figura 10.2 mostra
um exemplo de utilização na partida direta de um motor, equivalente ao circuito de contato
selo.
Vamos tomar como exemplo o problema no qual temos dois botões para acionar o
sentido de rotação de um motor. Quando pressionarmos o botão PB1 queremos que o motor
gire no sentido horário, e quando pressionarmos o botão PB2 queremos que o motor gire no
sentido anti-horário.
Por medida de segurança e proteção do motor, caso o motor esteja girando em
determinado sentido, por exemplo o sentido horário, é terminantemente proibido que o motor
possa girar no sentido anti-horário. Isto pode queimar o motor ou dar um curto-circuito no
sistema.
Em linhas gerais, ao pressionarmos o botão PB1 temos que proibir que os efeitos de
pressionar o botão PB2. Para isso, usamos a lógica de intertravamento. Veja como fica este
sistema com o intertravamento.
Figura 11.1: Detector de borda de subida (meio) e detector de borda de descida (baixo)
Fonte: Adaptado de FRANCHI e CAMARGO, 2011.
Resumindo:
Borda de subida
- Marca o instante exato em que o nível lógico do sinal mudou de 0 para 1.
Borda de descida
- Marca o instante exato em que o nível lógico do sinal mudou de 1 para 0.
Um ponto importante de destaque é que o evento é uma ação impulsional, ou seja,
só está disponível por um único ciclo de varredura.
Existem duas formas de detectar um evento, sendo através de contatos que detectam
impulsos colocados em série com o contato, a fim de perceber o evento, ou pela colocação
de uma bobina que detecta impulso na saída.
Objetivos
Essa semana é dedicada a apresentação dos conceitos dos
circuitos combinacionais e sequenciais aplicados ao CLP.
Para tanto, os capítulos a seguir irão tratar sobre a instrução
contator e a instrução temporizador.
12 Circuitos combinacionais
Como já vimos, a lógica boolena é definida como um conjunto de dois elementos, sendo
verdadeiro ou falso, ou seja, uma variável booleana representa se uma proposição lógica é
falsa ou verdadeira. Tendo em vista o CLP, podemos tratar, por exemplo, um contato um
elemento lógico, que pode estar aberto ou fechado, como ilustra a Figura 12.1. Ou seja,
podemos definir uma variável lógica “A” associada a esse elemento. Então, quando o contato
está fechado a variável A é verdadeira, e quando o contato está aberto, a variável A é falsa.
Uma denominação muito comum para os estados lógicos (falso ou verdadeiro) são
os termos baixo/alto ou nível lógico baixo/nível lógico alto, respectivamente. Os dois estados
lógicos de um sistema binário são correlacionados de várias maneiras, como, por exemplo,
os apresentados na Tabela 12.1:
Como já vimos, a operação inversora, ou de negação, atua sobre uma única variável de
entrada. O nível lógico de saída é sempre oposto ao nível lógico de entrada; ele inverte
(complementa) o sinal de entrada. A Figura 12.2 apresenta a simbologia da porta NOT, a
tabela verdade e o circuito elétrico correspondente a função inversora.
De maneira a fixarmos essas funções, lembre-se que a operação AND (E) é aquela
em que duas entradas em série ligam ou desligam uma saída. A entrada A E a entrada B só
habilitam a saída em 1 quando as duas entradas forem iguais a 1. Para o circuito elétrico
equivalente, a lâmpada só irá acender se os contatos A e B estiverem fechados, ou seja,
acionados (nível 1), conforme a Figura 12.4.
Figura 12.4: Simbologia, tabela verdade e circuito elétrico equivalente para função E
Fonte: Próprios autores.
O último operador que vimos no Capítulo 5, foi a operação OR (OU) em que duas
entradas em paralelo ligam ou desligam uma saída. A entrada A OU a entrada B só habilitam
a saída em 1 quando pelo menos uma das entradas for igual a 1. Para o circuito elétrico
equivalente, a lâmpada irá acender caso pelo menos um dos contatos (A ou B) estiverem
fechados, ou seja, acionados (nível 1), conforme ilustra a Figura 12.6.
Figura 12.6: Simbologia, tabela verdade e circuito elétrico equivalente para função OU
Fonte: Próprios autores.
Ao combinarmos os operadores NOT e AND, podemos gerar uma nova função: NAND
(Não-E),ou seja, após uma porta lógica do tipo E ocorre uma inversão. Para esse caso, ao
observar sua Tabela-Verdade, veremos que a saída será nível alto 1 sempre que pelo menos
uma das entradas esteja em 0. Em contrapartida, a saída será nível baixo 0, sempre que as
duas entradas estiverem em 1.
Por sua vez, ao combinarmos os operadores NOT e OR, podemos gerar uma nova
função: NÃO-OU (NOR), ou seja, após uma porta lógica do tipo OU ocorre uma inversão.
Para este caso, ao observar a TabelaVerdade, veremos que a saída será nível alto 1
somente quando as duas entradas estiverem em 0. Em contrapartida, a saída será nível
baixo 0, sempre que pelo menos uma das entradas estiverem em 1, como indicado na Figura
12.10.
A função OU-Exclusivo também pode ser vista como uma combinação dos
operadores básicos de tal maneira que a saída L é igual a 1 se A = 1 ou se B = 1, mas não
se ambos A e B forem 1. Ou seja, somente uma entrada deve estar exclusivamente em nível
alto para que a saída seja de nível alto 1. Isso pode ser verificado na tabela verdade desta
função.
Simbolicamente, temos L= A’.B+A.B’, que deve ser lido como: L é igual A negado E B
OU A E B negado.
Para a programação em Ladder, esta função é representada por duas linhas de contatos
NA e NF dispostos em série, como mostrado na Figura 12.13.
13 Instrução contador
Os contadores são blocos muito importantes para automação, pois na maioria das
aplicações, os processos evoluem em função de eventos, como, por exemplo, a contagem
de um certo número de peças.
Para o CLP, podemos definir três tipos básicos de contadores: crescente, decrescente
e bidirecional.
Tipo de
Símbolo Nome Entrada/Saída Descrição
dado
Entrada de contagem
BOOL,
CU Count Up Entrada crescente (borda de
R_EDGE
subida)
Entrada de reset do
R Reset Entrada BOOL
contador (faz CV = 0 )
Valor do limite
PV Preset Value Entrada superior desejado de INT
contagem
Contém o valor
CV Counter Value Saída acumulador da INT
contagem
É energizado quando
Q Quit Saída BOOL
CV ≥ PV
Tabela 13.1: Tipos de dados do contador crescente, conforme norma IEC 61131-3
Fonte: Adaptado de FRANCHI e CAMARGO, 2011.
Quando a entrada LD recebe um valor verdadeiro (nível lógico 1), o valor presente
em PV é transferido para CV (CV = PV).
A cada pulso recebido na entrada CD, o valor de CV é diminuído de uma unidade, e
a saída Q energiza (vai para nível lógico 1) quando o valor de CV for menor ou igual a zero
(CV ≤ 0). O diagrama de eventos é visto na Figura 13.4.
Variável Endereço
Botão Liga I00
Sensor Fotoelétrico I01
Válvula O00
Memória auxiliar M00
Tabela 13.3: Definição das variáveis e endereços do CLP para o exemplo
Fonte: Próprios autores.
Figura 13.7: Implementação do exemplo de contador: estratégia usando bobinas de autorretenção SET e
RESET
Fonte: Próprios autores.
Neste capítulo foi apresentado uma instrução muito importante para a automação por
meio de CLPs: o contador. Como visto, temos três tipos básicos de contadores – crescente,
decrescente e bidirecional. Estes elementos são utilizados em processos nos quais se
necessitam a contagem de eventos, por exemplo, a contagem de peças.
14 Instrução temporizador
O temporizador é uma das instruções mais utilizadas no CLP. Este capítulo trata como
os temporizadores utilizam o tempo para controlar determinada saída.
Em geral, a instrução de temporizador realiza a mesma função de um relé de tempo
dos comandos elétricos. Geralmente, são habilitados por contatos NA ou NF e, quando o
valor do tempo decorrido se iguala ao valor prefixado, o temporizador energiza um bit interno
que indica que já transcorreu o tempo pré-programado.
Tipo de
Símbolo Nome Entrada/Saída Descrição
dado
Bobina de energização do
IN Enable Entrada BOOL
temporizador
Programação do tempo
PT Preset Time Entrada TIME
desejado
ET Elapsed Time Saída Valor do tempo decorrido TIME
A base de tempo varia conforme o CLP utilizado. Alguns permitem a base de tempo
fixa, outros permitem a seleção na instrução, definida entre 0.01, 0.1 e 1 segundo. As três
instruções de temporização, segundo a IEC 61131-3 são:
TP (Pulse Timer): temporizador de pulso;
TON (Timer On Delay): retardo para ligar;
TOF (Timer Off Delay): retardo para desligar.
O diagrama de tempos para o temporizador de pulso pode ser visto na Figura 14.2.
A temporização começa quando o sinal na entrada IN vai para o nível lógico 1. Quando
isso ocorre, o registro que contém o valor acumulado ET é incrementado segundo a base de
tempo. Quando ET for igual ao valor PT, pré-selecionado, a saída Q do bloco é energizada.
O diagrama de tempo correspondente pode ser visto na Figura 14.4.
Figura 14.4: Diagrama de tempos para o temporizador com retardo para ligar (TON)
Fonte: Adaptado de FRANCHI e CAMARGO, 2011.
Figura 14.5: Solução para o exemplo usando Temporizador com retardo para ligar (TON)
Fonte: Próprios autores
14.3 Temporizador com retardo para desligar (TOF -Timer Off Delay)
Para o TOF, quando a entrada IN for para nível lógico 1, a saída Q também vai para
nível lógico 1. Quando a entrada IN vai para o nível lógico zero (borda de descida) a saída
Q permanece com nível lógico 1 até que o tempo previamente determinado (PT) se esgote.
A Figura 14.6 apresenta o diagrama de tempos para esse tipo de temporizador.
Figura 14.6: Diagrama de tempos para o temporizador com retardo para desligar (TOF)
Fonte: Adaptado de FRANCHI e CAMARGO, 2011
Figura 14.7: Solução para o exemplo usando Temporizador com retardo para desligar (TOF)
Fonte: Próprios autores
Neste capítulo foi apresentado a instrução temporizador. Como visto, temos três tipos
básicos de temporizadores – temporizador de pulso (TP); temporizador com retardo para
ligar (TON); temporizador com retardo para desligar (TOF). Estes elementos são utilizados
em processos nos quais se necessitam da contagem de tempo para determinados eventos,
por exemplo, tempo para ligar e desligar determinado equipamento.
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80
Currículo do autor
Pedro Henrique Ferreira Machado, doutor em Engenharia Elétrica com ênfase em
Controle e Automação de Processos na Universidade Federal de Itajubá (2019), com
período de doutoramento sanduíche no departamento Bio Electro And Mechanical
Systems (BEAMS) da Université libre de Bruxelles, Bélgica (2017). Atualmente, é
professor do Instituto Federal de Minas Gerais, lotado no Campus Ibirité. Líder do
Grupo de Estudos em Tecnologias em Automação e Energia Renovável (GETAER) e
membro do grupo de pesquisa Robotics and Intelligent Systems - EPIIBOTS.
Pesquisador na área de automação e controle de sistemas industriais e de sistemas
elétricos, modelagem de sistemas a eventos discretos, redes industriais, padrão IEC 61850, planejamento
estratégico de microrredes, geração distribuída, energia renovável, Smart Grid e Smart Cities.
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Glossário de códigos QR (Quick Response)
Mídia digital
Mídia digital
Scancycle – Ciclo de
Introdução Ladder
Varredura
Mídia digital
Mídia digital
CODESYS
Contador
(Simulador)
Mídia digital
Temporizador
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84
Plataforma +IFMG
Formação Inicial e Continuada EaD