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Programador de Máquina CNC -

Torno

André Félix

Formação Inicial e
Continuada

+
IFMG
André Félix

Programador de Máquina CNC - Torno


1ª Edição

Belo Horizonte
Instituto Federal de Minas Gerais
2021
© 2021 by Instituto Federal de Minas Gerais
Todos os direitos autorais reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico
ou mecânico. Incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de
armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização por escrito do
Instituto Federal de Minas Gerais.

Pró-reitor de Extensão Carlos Bernardes Rosa Júnior


Diretor de Programas de Extensão Niltom Vieira Junior
Coordenação do curso André Félix
Arte gráfica Ângela Bacon
Diagramação Eduardo dos Santos Oliveira

FICHA CATALOGRÁFICA
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

F316p Félix, André Fonseca.


Programador de máquina CNC Torno [recurso eletrônico] /
André Félix. – Belo Horizonte : Instituto Federal de Minas Gerais,
2021.
58 p. : il. color.

E-book, no formato PDF.


Material didático para Formação Inicial e Continuada.
ISBN 978-65-5876-106-8

1. Manufatura. 2. Torno. 3. Programação. I. Félix, André. II.


Título.

CDD 670.425

Catalogação: Rejane Valéria Santos (a) - CRB-6/2907

Índice para catálogo sistemático:


Manufatura auxiliada por computador - 670.425

2021
Direitos exclusivos cedidos ao
Instituto Federal de Minas Gerais
Avenida Mário Werneck, 2590,
CEP: 30575-180, Buritis, Belo Horizonte – MG,
Telefone: (31) 2513-5157
Sobre o material

Este curso é autoexplicativo e não possui tutoria. O material didático,


incluindo suas videoaulas, foi projetado para que você consiga evoluir de forma
autônoma e suficiente.
Caso opte por imprimir este e-book, você não perderá a possiblidade de
acessar os materiais multimídia e complementares. Os links podem ser
acessados usando o seu celular, por meio do glossário de Códigos QR
disponível no fim deste livro.
Embora o material passe por revisão, somos gratos em receber suas
sugestões para possíveis correções (erros ortográficos, conceituais, links
inativos etc.). A sua participação é muito importante para a nossa constante
melhoria. Acesse, a qualquer momento, o Formulário “Sugestões para
Correção do Material Didático” clicando nesse link ou acessando o QR Code a
seguir:

Formulário de
Sugestões

Para saber mais sobre a Plataforma +IFMG acesse


https://mais.ifmg.edu.br/
Palavra do autor

Prezado aluno, você está prestes a entrar no mundo da Indústria 4.0 –


especificamente na programação de máquinas operatrizes comandada por
Controle Numérico Computadorizado (CNC).

Os profissionais das indústrias de manufatura metal-mecânica,


principalmente os trabalhadores formados no “chão de fábrica” perdem, muitas
vezes, a oportunidade de alcançar postos mais avançados na hierarquia por
não conseguirem compreender o avanço da Indústria 4.01.

A Indústria 4.0, apesar deste termo estar em grande discussão nestes


últimos anos, já estava presente com outros títulos nas máquinas operatrizes
desde muito tempo. Hoje, o forte dessa tecnologia não é só automatizar as
máquinas, mas sim, interligar os processos e agilizar a produção. Para isso
não basta só as máquinas evoluírem, as pessoas, os profissionais também
devem evoluir. O operador de máquinas sem um conhecimento de
programação não tem como fazer essa ligação com a eficácia esperada pela
indústria.

O que se busca ofertar aqui é habilitar o operador de máquina, seja ele


recém formado em engenharia, cursos técnicos ou de especialização como
ferramenteiros, ou até mesmo o iniciante na usinagem de metais a programar
a execução de usinagem de peças simples em tornos horizontais universais,
no comando Siemens Sinumerik facilitando o avanço do conhecimento e
diminuindo o gap existente entre o aprendiz e os que já trabalham com tal
tecnologia.

Para que se atenda a este objetivo o aluno será a) nivelado ao


conhecimento básico de desenho, onde serão apresentadas as tecnologias
inicias na interpretação de desenho técnico mecânico; b) Conhecerá os
códigos utilizados no comando Siemens 4.7, c) Executará programas na
linguagem G ISO, por meio do uso dos códigos já apresentados, e poderá
simular os programas acessando a página da Siemens onde fará o download.

Bons estudos!
André Félix.
Apresentação do curso

Este curso está dividido em três semanas, cujos objetivos de cada uma são
apresentados, sucintamente, a seguir.

Nivelamento de interpretação em desenho e nivelamento


SEMANA 1 dos conhecimentos de cálculos de RPM e Vc.

Nivelamento dos conhecimentos sobre coordenadas


cartesianas e ferramentas a serem utilizadas nas
SEMANA 2
usinagens em máquinas CNC.

Nivelamento de metodologia na execução de programação


SEMANA 3 de peças para usinagem em tornos universais.

Carga horária: 30 horas.


Estudo proposto: 2h por dia em cinco dias por semana (10 horas semanais).
Apresentação dos Ícones

Os ícones são elementos gráficos para facilitar os estudos, fique atento quando
eles aparecem no texto. Veja aqui o seu significado:

Atenção: indica pontos de maior importância no


texto.

Dica do professor: novas informações ou


curiosidades relacionadas ao tema em estudo.

Atividade: sugestão de tarefas e atividades para


o desenvolvimento da aprendizagem.

Mídia digital: sugestão de recursos audiovisuais


para enriquecer a aprendizagem.
Sumário

Semana 1 – Desenho: O início de tudo ......................................................... 15


1.1. Desenho Mecânico ............................................................................ 15
1.1.1. Vistas ................................................................................................. 16
1.1.2. Linhas ................................................................................................ 17
1.1.3. Cortes e Seções................................................................................. 19
1.2. Torneamento ...................................................................................... 20
1.2.1. Cálculos ............................................................................................. 24
Semana 2 – Preparação para programação .................................................. 27
2.1 Coordenadas Cartesianas .................................................................. 27
2.2 Os eixos nos tornos............................................................................ 30
Semana 3 – Programação em Máquina CNC................................................ 33
3.1 Programação em tornos - CNC .......................................................... 33
3.2 Lista de Comandos ............................................................................ 37
3.3 Programa para tornos ........................................................................ 43
3.4 Simulador ........................................................................................... 49
Referências ................................................................................................... 51
Currículo do autor.......................................................................................... 53
Glossário de códigos QR (Quick Response) ................................................. 55
Semana 1 – Desenho: O início de tudo Plataforma +IFMG

Objetivos
Nesta semana você poderá verificar seu conhecimento em
desenho técnico mecânico e relembrar conceitos que tenha
esquecido. Aprenderá sobre cálculos de velocidades de
usinagem e verá que é necessário os valores certos para uma
boa programação.

Mídia digital: Antes de iniciar os estudos, vá até a sala


virtual e assista ao vídeo “Apresentação do curso”.

1.1. Desenho Mecânico

A usinagem em máquinas CNC não difere da usinagem em máquinas convencionais


quando o assunto é interpretação do que se vai fazer, ou seja, o que vamos usinar.
Várias formas são utilizadas para que se possa informar ao operador de máquinas o
que queremos, contudo, nada melhor do que desenhar.
Agora! Desenhar não é rabiscar ou rascunhar, é fazer com que a informação que se
deseja passar, seja interpretada por todos que necessitam.
Vamos a um exemplo, a Figura 1 mostra um desenho que o cliente entregou ao
fabricante e que mais tarde, buscaria a peça.
quadrado de 5 cm
quad 2
cm

Figura 1 - Desenho feito pelo cliente.


Fonte: o próprio autor.

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Plataforma +IFMG

Dica do Professor: Fazer desenhos de peças de modo


rascunho é uma ferramenta importante para que
possamos entender de forma rápida o que o cliente está
pedindo; assim, sugiro que pegue uma folha e desenhe
o que você entendeu da solicitação do cliente no
exemplo.

É possível que o que o técnico entendeu do rascunho do cliente, não seja exatamente
o que o cliente desejava. Neste caso, um desenho dentro das normas técnicas deve ser
feito. É fundamental então, o entendimento das normas de desenho. Para quem desenha e
para quem interpreta.
Neste capítulo vamos abordar uma revisão de desenho, concentrando na
interpretação.

1.1.1. Vistas

As vistas do desenho mecânico estão baseadas na ABNT NBR 10067, onde descreve
o princípio geral da representação. Vamos iniciar pelos Diedros. Uma representação pode
ocorrer no 1º ou no 3º diedro, Figura 2.

Figura 2 – Simbologia de 1º e 3º diedros


Fonte: ABNT- NBR 10067 (1995).

Atenção: Entender em que diedro se encontra o


desenho é um facilitador para interpretar o desenho final.
Ele é responsável pelo rebatimento das vistas (Figura 3).

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Plataforma +IFMG

Figura 3 - Representações de desenho nos diedros


Fonte: adaptado de ABNT- NBR 10067 (1995).

1.1.2. Linhas

Outra questão a ser observada são as linhas utilizadas para desenhar: Linhas cheias,
tracejadas, traço e ponto, são importantíssimas para a definição clara da figura. A NBR 8403
caracteriza as linhas conforme Figura 4.

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Plataforma +IFMG

Figura 4 - Quadro sobre tipos de linhas conforme ABNT 8403


Fonte: ABNT – NBR 8403 (1984).

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Plataforma +IFMG

Interpretar corretamente as linhas pode ajudar a entender o desenho mesmo sem


todas as vistas, Figura 5.

Figura 5 - Uso de linhas não visíveis


Fonte: Adaptado de ABNT – NBR 10126 (1984).

Na Figura 5, o uso da linha tracejada ajudou a entender se o furo seria passante ou


não.

Dica do Professor: Uma observação importante que


não será abordada nesta revisão, diz respeito às cotas.
A cotagem, que você já deve conhecer, não pode ser
feita fora das normas; linhas de chamada que se cruzam,
cotagem em linhas tracejadas, falta de simbologia de
quadrado, simbologia de diâmetro ou simbologia de
roscas, devem ser observadas.

1.1.3. Cortes e Seções

A NBR 10067 ainda nos ajuda a entender os cortes e seções. São recursos técnicos
necessários para expor uma parte não visível do desenho, Figura 6.
Furos, ranhuras, detalhes, podem não ser expressos na primeira vista ou em vistas
auxiliares, mas fazem parte do conjunto ou são extremamente importantes.

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Plataforma +IFMG

Figura 6 - Corte em seção4


Fonte: Adaptado de ABNT – NBR 12298 (1995).

Atenção: Busquem aprofundar em desenho técnico


mecânico. Um operador de máquinas deve conhecer
muito bem dessa ferramenta que é a base auxiliadora na
produção de qualquer peça.

Dica do professor: Existem vários livros e materiais com


informações básicas sobre desenho. Atente-se ao
desenhar um rascunho, ele deve trazer todas as
informações necessárias para que outros possam lê-lo e
construir a peça proposta.

Atividade: Na nossa sala virtual, faça a Atividade_01,


com exercícios de interpretação para que possa melhorar
o aprendizado.

Mídia digital: Em breve entenderemos um pouco como


funciona um torno e os cálculos necessários para uma
boa operação.
Para facilidar a visualização, vá até o YouTube e digite
“torneamento industrial em aço”, escolha um filme e veja
o funcionamento do torno.

1.2. Torneamento

O torneamento, como todos os demais trabalhos executados com máquinas-


ferramentas, acontece mediante a retirada progressiva do cavaco da peça a ser trabalhada.

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Plataforma +IFMG

O cavaco é cortado por uma ferramenta de um só gume cortante, que deve ter uma dureza
superior ao do material a ser cortado Figuras 7 e 8.

Figura 7 – Tornos universais da Linha ROMI T– Marca ROMI


Fonte: https://www.romi.com/produtos/linha-romi-t/ (Acesso em 10 jul. de 2020).

Figura 8 – Painel do Torno CNC – Marca ROMI


Fonte: https://www.romi.com/produtos/linha-centur/ (Acesso em 10 jul. 2020).

No torneamento, a remoção do material ocorre porque a ferramenta (em forma de


cunha) penetra na matéria-prima deslizando sobre a superfície. De acordo com a
profundidade penetrada e a velocidade de deslizamento ocorre o arrancamento de material
no volume desejado Figura 9 e 10.

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Plataforma +IFMG

Figura 9 – Movimento de corte, avanço e penetração da ferramenta no processo de torneamento5.


Fonte: Pinto (2020).

Figura 10 – Usinagem de uma peça em cobre.


Fonte:https://youtu.be/C7WNAkQ5Q6M (Acesso em 30 set. 2020).

Para executar o torneamento, são necessários três movimentos relativos entre a peça
e a ferramenta de acordo com a Figura 11. São estes:

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1. Movimento de corte: é o movimento principal que permite cortar o material. O


movimento é rotativo e realizado pela peça.
2. Movimento de avanço: é o movimento que desloca a ferramenta ao longo da
superfície da peça.
3. Movimento de penetração: é o movimento que determina profundidade de corte ao
empurrar a ferramenta em direção ao interior da peça e, assim, regular a profundidade
do passe e a espessura do cavaco.

Figura 11 – Movimento de corte, avanço e penetração da ferramenta no processo de torneamento.


Fonte: www.sandvik.coromant.com (Acesso em 10 jul. 2020).

Os movimentos da Figura 11, permitem executar operações de formas diversas,


contudo para furação no sentido axial recomenda-se que o início ou o furo todo seja feito
com uma broca, Figura 12.

Figura 12 - Furo feito em torno com uso de broca.


Fonte: Adaptado SENAI https://pt.slideshare.net/EltonRicardo/aula-02-torno-mecnico (Acesso em 10 jul. 2020)

Uma operação especial feita nas máquinas torno são as roscas, estas podem ser
internas ou externas. As roscas podem ser feitas com acionamento de operação de
rosqueamento ou roscamento do torno ou de uso de ferramentas próprias como cossinetes
e machos.
Um resultado eficiente de uma usinagem depende não só da máquina e ou da
ferramenta mas também das velocidades de usinagem programadas mecanicamente (em
máquinas convencionais) ou eletronicamente (em máquinas automáticas). O cálculo certo

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Plataforma +IFMG

das velocidades depende da operação, da ferramenta, do torno, do montante a tirar, do


acabamento desejado e principalmente do tipo de matéria prima a ser usinada.

1.2.1. Cálculos

As operações no torno também dependem de cálculos. A velocidade (RPM ou S) e o


avanço (F) devem ser bem estabelecidos para que se garanta acabamento conforme
desejado e, principalmente, a durabilidade da ferramenta.
A rotação é a velocidade aplicada ao giro da matéria prima que no caso está presa
na placa do torno. É definida pela quantidade de rotação (de giro) da placa ou da matéria
prima que é possível em um minuto. O cálculo da rotação é dependente do tipo de material
a ser usinado, ou seja, qual a velocidade de corte (VC) do material. Esse dado é
comercialmente tabelado como mostrado na Tabela 1 - Velocidade de Corte para torneamento.
Assim calculamos a rotação e o avanço:
vc × 1000
𝑆=
𝜋×𝑑
S= rotação ( rpm)
vc= velocidade de corte (m/min)
 = pi
d = diâmetro da matéria prima (mm)

Além do cálculo da RPM para tornear, é necessário calcularmos a velocidade de


movimento da ferramenta sobre a matéria-prima que está presa. O avanço corresponde em
quantos milímetros a ferramenta desloca em um minuto sobre a matéria-prima a ser usinada.
O avanço é dado pela equação:

F  f s
F= avanço (mm/min)
f= avanço por rotação (mm/rotação)
S = rpm

Pratique!

Ativividade: Analise a figura 13 abaixo, vá até a sala


virtual e calcule a RPM para cada diâmetro externo.
DADOS: Aço ABNT 1020, material bruto Ø 60 x 130 –
acabamento com pastilha.

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Plataforma +IFMG

Figura 13 – Desenho de peça cilíndrica.


Fonte: Adaptado FEM http://www.fem.unicamp.br/~sergio1/graduacao/EM921/921aulas.html (Acesso em 10
jul. 2020)

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Plataforma +IFMG

Tabela 1 - Velocidade de Corte para torneamento.


Fonte: Adaptado ~de https://atividadesava.com.br/manufatura-mecanica-usinagem-u2 (Acesso em 10 jul.
2020)

Mídia digital: Vá até o YouTube e pesquise


“Fundamentos dos Processos de Usinagem”, para
complementar seus conhecimentos.

Dica do Professor: O avanço por dente mede o quanto


o dente de uma ferramenta pode avançar cortando a
matéria-prima. Também é um dado retirado de tabelas,
pois é variável tanto pelas características da matéria-
prima quanto pelo tipo de ferramenta de corte.
Atividade: Consulte alguns sites de fabricantes de
ferramentas e procure por ferramantas
“mitsubishicarbide". Para concluir a primeira semana de
estudos, vá até a sala virtual e faça a atividade final da
semana 1.

Nos encontramos na próxima semana.


Bons estudos!

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Semana 2 – Preparação para programação Plataforma +IFMG

Objetivos
Transferência de conhecimento e execução de exercícios
sobre coordenadas cartesianas, usinagem e pesquisa de
máquinas operatrizes.

Mídia digital: Agora que você já conhece as máquinas


de tornear e sabe fazer os cálculos para obter a RPM e
a Velocidade de Corte, inicie a semana visitando novas
páginas de internet em busca das imagens. Utilize das
palavras chaves como torno, Centro de Torneamento,
ROMI, DMT - tornos, ferramenta de tornear e outras.
Em seguida, vá até a sala virtual e assista a aula 2
“processamento”.

2.1 Coordenadas Cartesianas

Independente de qual máquina estamos falando, o sistema cartesiano é o princípio


orientativo para o movimento dos eixos da máquina.
Compreende em planos que, tomados por um ponto de referência (X=0, Y=0 e Z=0),
possa desenhar o trajeto da ferramenta.

Atenção: Como explicado no capítulo anterior para


entender ou até fazer um programa para máquina CNC
não basta saber as especificidades do comando ou os
cálculos. O entendimento da máquina em seu
movimento é dependente da forma da peça. O perfil do
produto é construído quando todos os pontos
cartesianos determinados são alcançados pela
ferramenta durante a usinagem.

Vejamos! Pegue uma folha quadriculada e desenhe os eixos cartesianos. Dê o nome


de eixo X ao eixo que está na horizontal e eixo Y ao eixo que está na vertical. Considere a
interseção desses eixos como o ponto zero. Distribua ao longo da linha vários pontos de
mesmo tamanho.

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Plataforma +IFMG

Dica do Professor: pegue uma régua e a cada 5 mm


coloque um traço sobre o eixo X e faça o mesmo sobre o
eixo Y.

Projete os valores da tabela abaixo no quadrante que você construiu.


pontos X Y
A 70 0
B 70 20
C 60 30
D 20 30
E 10 20
F 0 20

Faça Você!

pontos X Y pontos X Y
A 40 0 J 30 58
B 50 4 K 20 52
C 60 8 L 18 50
D 68 20 M 12 40
E 70 30 N 10 30
F 68 40 O 12 20
G 60 52 P 18 10
H 50 58 Q 20 08
I 40 60 R 30 2

Os comandos de máquina CNC conseguem interpretar os pontos cartesianos em duas


formas, na forma absoluta e na forma incremental.

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Plataforma +IFMG

Dica do Professor:

Coordenadas absolutas: são pontos definidos no sistema


cartesiano onde a referência sempre será o ponto zero,
ou seja, o cruzamento entre abscissa e ordenada. Os
valores dos exercícios-exemplos anteriores foram
inseridos pela forma absoluta.

Coordenadas incrementais: são pontos inseridos no


sistema cartesiano onde a cada ponto desenhado se
torna o ponto de referência para o próximo ponto. Isto é,
se o ponto 1 foi x=5 e y=5 e o próximo ponto for x=15 e
y=15 significa que o ponto final não será x=15 e y=15
mas sim x=20 e y=20.

Outra característica a ser observada nas coordenadas


incrementais é que o ponto negativo não significa que o
ponto estará noutro quadrante, mas sim, que será no
sentido esquerdo do ponto definido anteriormente.

Vamos construir a imagem do exercício-exemplo abaixo conforme coordenadas


incrementais.

pontos X Z
A 70 0
B 00 20
C -10 10
D -40 0
E -10 -10
F -10 0

Atenção: Na atividade anterior é justo chamar a atenção


para o seguinte ponto: que o resultado é realmente igual
ao resultado do exercício com coordenadas absolutas,
porém os números são diferentes, por causa do conceito
de coordenadas INCREMENTAIS – lembre-se!

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Plataforma +IFMG

Atividade: Vá até a sala virtual e faça a atividade


“Coordenadas”.

2.2 Os eixos nos tornos

Os tornos CNC apresentam dois eixos principais, Z e X além da rotação da placa.


Assim como nas fresadoras, os tornos podem permitir acessórios que trabalham outros
eixos. Tornos assim (com eixos além do X e do Z) são denominados Centros de
Torneamentos Figura 14.
Figura 14 - Centro de Torneamento7

Fonte: Coelho (2013).

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Plataforma +IFMG

Dica do Professor: Não foi muito explorado aqui nesta


semana o tipo de máquina, mas poderá ser feito por
você. Basta procurar na internet sobre tornos. Lá você
vai encontrar vários tipos de máquinas: Tornos verticais
que são indicados para serviços onde a matéria-prima
apresenta diâmetros em metros.

As máquinas horizontais, também conhecidas como


universais, são responsáveis pela manufatura de peças
mais comuns e atingem uma gama de formatos,
diâmetros e comprimentos.

As máquinas especiais utilizadas para usinagem em


série e, muitas vezes, com o perfil do produto já definido,
ou seja não permite mudanças de operações de uma
peça para outra sem que esteja previamente
programada.

As ferramentas trabalham em movimento linear, pois no torno o movimento rotatório


é dado à peça através do giro da placa onde a matéria-prima é presa. O avanço deve ser
observado na Figura 11, pois a ferramenta faz três movimentos, Movimento de corte,
Movimento de avanço e Movimento de penetração.

Mídia digital: Vamos terminar esta semana com visitas


à internet, pesquise por “ferramentas de torneamento”.

Existem empresas tradicionais na fabricação das


ferramentas para tornear, hoje (Outubro de 2020) estão
ativas as marcas como Sandivik, Mitsubishicarbide.net e
Iscar.

Cada empresa dessas tem sua página na internet e


oferece uma interface muito fácil para quem acessa a
página.

Esas empresas podem ter páginas educativas com as


quais você poderá interagir e experimentar os cálculos
que aprendemos e outros.

Nos encontramos na próxima semana.


Bons estudos!

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Plataforma +IFMG

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Semana 3 – Programação em Máquina CNC

Objetivos
Aqui você vai ver como se programa. Serão apresentados os
comandos, pequenos programas e oportunidades para você
programar, inserindo os códigos na estrutura do programa.

3.1 Programação em tornos - CNC

As máquinas CNC são máquinas operatrizes comandadas por Controle Numérico


Computadorizado. Esses controles, também conhecidos como comandos, podem ser
diferentes em uma mesma fabricante de máquinas.
Cada comando tem suas particularidades em códigos, ou seja, um comando pode ter
um código que o outro não tenha e executa tal função, contudo todos os comandos têm uma
base geral de códigos conhecida como Código ISO (International Organization for
Standardization).
Optamos por trabalhar com o comando SIEMENS é bem próximo do comando ISO e
de fácil aprendizagem.

Mídia digital: Visite a página da Siemens e conheça a


empresa. Procure na internet por “Siemens”.
Em seguida, vá até a sala virtual e assista a aula 3
“programação”.

Os tornos CNC apresentam 2 eixos conforme apresentado na Figura 15. O eixo Z


sempre em direção ao eixo árvore, ou seja, na direção da placa e o eixo X é o eixo em que
a ferramenta avança na direção da matéria prima (veja a Figura 11).

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Figura 15 - Representação dos eixos no torno
Fonte: Adaptado de http://www.etelg.com.br/paginaete/downloads/mecatronica/Torno_CNC-C5.pdf (Acesso
em fev de 2021)

Uma boa dica para sabermos o posicionamento dos eixos no torno é utilizar a regra
da mão direita. Esta regra permite localizar os eixos e seus sentidos, além de indicar se é
um centro de torneamento (apresentando mais de DOIS eixos) ou um torno CNC
(apresentando apenas DOIS eixos). Figura 16.

Figura 16 - Regra da mão para auxiliar na disposição dos eixos cartesianos


Fonte: http://cnctecnologia.no.comunidades.net/ (Acesso em out. de 2020)

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Dica do professor: Se a máquina tiver mais eixos que é
possível checar com a regra da mão direita, então
podemos afirmar que é um Centro de Torneamento.

A regra da mão direita para localização dos eixos é


similar à regra conhecida como a regra de Fleming – O
dedo médio sempre direcionado ao eixo árvore. Você
pode procurar mais informações sobre a regra da mão
direita procurando na internet por “regra da mão direita”
ou “ regra de Fleming”.

Muito Bem! Uma vez conhecida a máquina, vistos os eixos, podemos iniciar na
programação, e o início se dá com o entendimento do que deve ser feito e como fazê-lo.
Não confunda executar o programa com fazer o programa. Estamos fazendo o
programa, então precisamos de dados e uma certa organização: a) o que será feito? b)
Quais as ferramentas vou precisar? c) Quais os parâmetros definidos? d) Por onde
começar?
Atividade: A ordem é limpar, em um só passo, e facear,
uma barra de alumínio que está no  60 e comprimento
70 mm. Após a limpeza a peça ficará com  de 55 mm e
67 mm de comprimento. Isto é de área livre, não será
contabilizado a parte presa nas castanhas.
(f=0,3 mm/rot)

Procure responder:

a) o que será feito?


b) Quais as ferramentas vou precisar?
c) Quais os parâmetros definidos? Obter o valor de
S: e de F:
d) Por onde começar?

Dica do professor: Para ajudar nas respostas, é


interessante que se faça um rascunho do que você
entendeu do formato da peça e indique o ponto de
partida, ou melhor o zero peça – veja a Figura 17.

Uma vez a matéria prima já preparada e presa na placa, deve-se definir para a
máquina os pontos de referência chamados de zero peça e zero máquina. No caso de
usinagem em torno, o zero máquina é definido no eixo árvore e normalmente na placa. O
zero peça deve ser informado à máquina no processo de setup.
A usinagem sempre tem que começar por um ponto. A definição do ponto de início
pode caber ao operador, ao programador ou vir expresso no desenho do produto. Sempre

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Pró-Reitoria de Extensão 35
que esse ponto for indicado no desenho ou em um rascunho, devemos utilizar uma
simbologia própria (um círculo com um quadrante pintado) conforme Figura 17.

Figura 17 - Esquema da definição do zero peça na peça


Fonte: Siemens (2009).

Atenção: O ponto definido no esquema recebe o nome


de zero peça. Uma peça pode receber vários pontos de
referência e, para cada zero definido atribui-se um
código de programação.

Dica do professor: Analise bem o que será feito. Faça


um rascunho de onde a ferramenta vai começar, onde
está o zero peça e o zero máquina. Com as respostas
nas mãos podemos iniciar a programação.
Para executar o programa, deve-se preparar a máquina,
fixar a peça e iniciar o programa. Boa sorte!

Atenção: Este material e portanto a programação que


será vista a seguir, estão baseados na programação de
tornos (centro de torneamento) em comando Siemens
Sinumerik 828 d

As funções abaixo são utilizadas na maioria dos comandos:


Função N = Número seqüencial
Função G = Função preparatória
Funções X, Z = Funções de posicionamento

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Pró-Reitoria de Extensão 36
Função T = Seleciona ferramenta
Função S = Velocidade de Rotação
Função F = Velocidade de avanço
Função M = Funções Miscelâneas/auxiliar
Ciclos = Sub rotinas específicas para uma atividade

A função N determina o número da linha, isso ajuda na localização de operação


dentro do emaranhado de linhas de um programa.
As funções do grupo G, são funções preparatórias e determinam a operação que será
executa pelo comando, essas operações são tabeladas (Lista de Comandos) e podem ter
pequenas variações de comando para comando, no caso do comando Siemens para tornos,
essas funções são dadas pela letra G seguida de um número e podem ser, ainda, Modais e
Não Modais.

 MODAIS – São as funções que uma vez programadas permanecem na


memória do comando, valendo para todos os blocos posteriores, a menos que
modificados ou cancelados por outra função.
 NÃO MODAIS – São as funções que todas as vezes que requeridas, devem
ser programadas, ou seja, são válidas somente no bloco que as contém.

As funções de posicionamento determinam os pontos onde a ferramenta deslocará,


está totalmente ligado aos planos cartesianos estudados anteriormente.
A função T determina o número da ferramenta (do inglês Tools), isto é, para a primeira
ferramenta a ser utilizada determina T1, para segunda T2 e sucessivamente.
A função S é a velocidade (RPM) determinada para a usinagem em questão.
A função F é o avanço determinado para a usinagem em questão.
A função M são funções auxiliares, que ajudam um determinado comando. Pode
também apresentar pequenas variações entre comandos.
Os ciclos são funções pré programadas nas máquinas, executam tarefas específicas,
como rasgo, furos etc.

3.2 Lista de Comandos

Abaixo apresentamos uma lista de funções e ciclos utilizados em torneamento com


comando Siemens. Para alguns comandos, serão apresentados exemplos e ou explicações.

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Pró-Reitoria de Extensão 37
G00 - Avanço rápido
O avanço rápido pode ser utilizado sempre que precisa movimentar rapidamente a
ferramenta até um ponto determinado. Não utilizar o G0 com a ferramenta em corte,
recomenda-se não utilizar o G0 sem que a ferramenta esteja em rotação. Não respeitar
essas regras pode danificar a máquina, quebrar a ferramenta ou não ter a forma final da
usinagem conforme especificado. O comando G0 anula o comando G1 e vice e versa.

G01 - Interpolação linear


G02 - Interpolação circular Horária
G03 - Interpolação circular Anti-horária

Figura 18 - Esquema do movimento da ferramenta sob o comando G03


Fonte: o próprio autor.

Os comandos G2 e G3 anulam os comandos lineares (G0 e G1). Isso quer dizer que,
após o uso de G2 ou G3, deve-se inserir G0 ou G1 caso desejem movimentos lineares
(interpolação linear). Os comandos G2 e G3 executam atividades circulares. G2 sentido
horário e G3 sentido anti-horário. Para o uso desses comandos faça: a) leve a ferramenta
com G0 ou G1 para o início do arco (definir X e Z iniciais), b) Utilizando G2 ou G3 define-se
o X e Z do ponto final do arco e, na mesma linha complete com o raio do arco utilizando
CR=valor. Veja o exemplo: G3 X0 Z10 CR=25. Figura 18

G04 - Tempo de permanência


G17 – Plano de trabalho XY
G18 – Plano de trabalho XZ
Observando o esquema de planos da Figura 19, nota-se que no torno o plano XY não
é utilizado e, sim, o XZ. Assim, devemos iniciar o programa informando na linha de cabeçalho
o comando G18, pois ele confirma a posição de usinabilidade.
Uma característica importante na escolha do plano de trabalho para torneamento está
na operação de furar. Nesse caso, antes da função de furar, deve-se definir o plano XY ou
seja G17, retornando ao G18 após efetuar a operação. Veja a Figura 19 .

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Pró-Reitoria de Extensão 38
Figura 19 - Alteração de plano de trabalho para furação em torno8
Fonte: Siemens (2009).

G19 – Plano de trabalho YZ


G32/G33 - Rosqueamento
Roscas podem ser feitas no torno CNC por comando linha por linha ou por ciclo. No
comando linha pode-se ainda dividir em Comando ISO G32 ou Comando Siemens G33.
O comando é explicitado informando G.. Zfinal.. Xfinal.. F ou K (F ou K é o passo da
rosca).
Caso a rosca seja cônica, obtém-se a inclinação da rosca na indicação de um X
diferente do início.

G32
T4 ; ferramenta de rosquear
G291 ; habilitação ISO - garante o funcionamento do G32
G0 G54 Z105 M3 ; posicionamento rápido da ferramenta em Z inicial
X33 S2000 ; posicionamento rápido da ferramenta em X inicial
G32 Z65 X33 F1.5 ; rosqueamento com passo 1.5 X e Z finais
G0 X40 ; retirada da ferramenta
Z105 ; retorno da ferramenta para Z de origem
X32 ; posicionamento da ferramenta em X final
G32 Z65 ; rosqueamento no  final rosca M32x1.5
G0 X40 ; retirada da ferramenta
Z105 ; retorno da ferramenta no Z de origem
M2 ; término do programa

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Pró-Reitoria de Extensão 39
G33
T4 ; ferramenta de rosquear
;G291 ; desabilitar comando ISO
G0 G54 Z105 M3 ; posicionamento rápido da ferramenta em Z inicial
X33 S2000 ; posicionamento rápido da ferramenta em X inicial
G33 Z65 X33 K1.5 ; rosqueamento com passo 1.5 X e Z finais
G0 X40 ; retirada da ferramenta
Z105 ; retorno da ferramenta para Z de origem
X32 ; posicionamento da ferramenta em X final
G33 Z65 K1.5 ; rosqueamento no  final rosca M32x1.5
G0 X40 ; retirada da ferramenta
Z105 ; retorno da ferramenta no Z de origem
M2 ; término do programa

DIAMON/DIAMOF - definição de trabalho em diâmetro ou em raio

Os trabalhos em tornos podem ser feitos pelo seu diâmetro ou pelo raio. Essa opção
deve ser escolhida no início dos trabalhos e pode ser alterada conforme necessidade. A
Figura 20 exemplifica o uso de diâmetros ou raios na usinagem sob o eixo X.

Figura 20 - Explicação de uso do DIAMON e DIAMOF


Fonte: Siemens (2009).

N10 G54 G90 DIAMON; definição do plano de trabalho e especificação de usinagem por 

G40 – Cancela compensação do raio da ferramenta


G41 – Ativa compensação do raio da ferramenta (esquerda)
G42 – Ativa compensação do raio da ferramenta (direita)

Os comandos G40, G41 e G42 compreendem um conjunto de ações de compensação


de ferramenta. A compensação de ferramenta é utilizada quando não se quer calcular a
distância entre o centro da ferramenta e a tangência da ferramenta com a peça a ser cortada.
A Figura 21 ajuda a interpretar a questão. G41 é utilizado quando a usinagem é feita à

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Pró-Reitoria de Extensão 40
esquerda do perfil no sentido da seta. G42 é utilizado quando a usinagem é feita à direita
do perfil no sentido da seta. G40 é utilizado sempre que for cancelar a ação de
compensação, devendo ser inserido no final do programa ou quando houver uma operação
de furar utilizando broca.

sem sem
G41 G42
G41 G42

Figura 21 - Ação das funções G40, G41 e G42


Fonte: o próprio autor.

G53/G500 – Transferência do zero peça para zero máquina


G54 a G57 – Sistema de Coordenada de trabalho - zero peça
A definição de zero peça e zero máquina se resume em referência cartesiana para o
programa. Zero Máquina (G53) são os pontos em X, Y e Z onde se inicia a contagem métrica
na máquina. Nem sempre conseguimos coincidir o início da usinagem de uma peça com a
referência máquina e nem há necessidade de ser. O início de usinagem em uma peça se
dá pela referência que é determinada pelo operador. É onde vai se iniciar a usinagem. A
determinação é reconhecida pela máquina/programa através dos comandos G54 em diante.
Podemos ter mais de um zero peça, neste caso cada zero será alocado em um G. Por
exemplo zero 1 - G54, zero 2 - G55, zero 3 - G56... É muito importante definirmos ou
sabermos onde está alocado a referência peça. Exemplo: caso o zero peça em Z esteja na
placa do torno, qualquer valor negativo tenderá a ferramenta a entrar na máquina.

G60 – Posicionamento exato - deixando os cantos vivos, sem o contorno de


suavização
G64 – Controle contínuo da trajetória (chanfrando os cantos)
G70 – Referência unidade de medida (polegada)
G71 – Referência unidade de medida (métrico)
G90 – Sistema de coordenadas absolutas
G91 – Sistema de coordenadas incrementais
G94 – Estabelece avanço mm / minuto
G95 – Estabelece avanço mm / rotação

Lista das funções miscelâneas ou auxiliares

M00 - Parada de programa


M01 - Parada de programa opcional

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M02 - Final de programa
M03 - Gira eixo árvore sentido horário
M04 - Gira eixo árvore sentido anti-horário
M05 - Parada do eixo árvore
M06 – Troca de ferramenta
M07 – Liga refrigeração pelo centro da ferramenta
M08 - Liga refrigeração M09 - Desliga refrigeração
M17 - Fim de subprograma
M30 - Final de programa e retorno
REPEAT – Repetição de uma seção do programa
LABEL – Palavra de endereçamento
GO TO – Desvio de programa
MCALL – Chamada de sub-rotina
TRANS e ATRANS – Deslocamento de origem
ROT e AROT – Rotação do sistema de coordenadas
SCALE e ASCALE – Fator de escala
MIRROR e AMIRROR – Imagem espelho
CYCLE81 – Furação simples
CYCLE82 – Furação com tempo de permanência
CYCLE83 – Furação com quebra ou eliminação de cavacos
CYCLE84 – Roscamento macho rígido
CYCLE840 – Roscamento mandril flutuante
CYCLE85 – Mandrilamento com retração do eixo árvore em rotação
CYCLE86 – Mandrilamento com retração do eixo árvore parado
CYCLE87 – Mandrilamento
CYCLE88 – Mandrilamento
CYCLE89 – Mandrilamento
CYCLE90 – Interpolação helicoidal
CYCLE71 – Facear superfície
CYCLE72 – Fresar superfície M
HOLES1 – Linha de posições
HOLES2 – Círculo de posições
LONGHOLE – Rasgos em círculo
SLOT1 – Rasgos em círculo
SLOT2 – Rasgos circulares
POCKET1 – Alojamento retangular
POCKET2 – Alojamento circular
POCKET3 – Alojamento retangular
POCKET4 – Alojamento circular

Dica do professor: Para comandos de fabricantes


diferentes uma mesma função pode ter significados
diferentes.

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Pró-Reitoria de Extensão 42
3.3 Programa para tornos

Para construir um programa de usinagem para máquinas CNC devemos seguir alguns
princípios. A primeira ação a ser tomada é estudar o desenho, entender o que se pede, em
seguida, construir a sequência de usinagem, determinar as ferramentas, determinar os
parâmetros e, por fim, escrever o programa.
A escrita do programa inicia com um conjunto de linhas que se tornarão padrão em
nossos estudos, em média as 5 ou 6 primeiras linhas do programa que chamaremos de
cabeçalho. Novos grupos aparecerão em seguida. Grupo contorno, grupo furos etc. As linhas
de comando do programa podem ser acompanhadas por comentários. No final de cada linha
adiciona-se { ; } ponto e vírgula e escreve o que o grupo ou a linha executará na peça.

Dica do professor: Veja o exemplo de um programa


abaixo. Procure nas tabelas das páginas anteriores o que
cada código faz, ou seja, começamos com o código, por
exemplo:

G17 – o que significa?

Na linha N20 o G53 – porque foi usado?

Escreva na frente de cada linha o que o comando da linha


vai executar na peça, siga o exemplo em vermelho.

Não esqueça, N10, N20, N30 são apenas os números


das linhas

VAMOS AOS EXEMPLOS:

Figura 22 - Peça a ser usinada com desbaste básico


Fonte: https://cad.cursosguru.com.br/torneamento-fresamento-quais-calculos-usados-nesses-processo/ (Acesso em
fev de 2021).

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A peça da Figura 22 deverá ser limpa, retirando 5 mm de uma vez no diâmetro. A
matéria prima tem  60 x 70 mm livre (fora da placa).
Vamos neste primeiro exemplo, desconsiderar as variáveis de velocidade e
ferramentas, assim temos o primeiro programa:

;Programa 01 - Desbaste

N10 T1 ; escolha da ferramenta

N20 G0 Z10 ; aproximação rápida até próximo da peça

N30 X65 ; observe que aqui o default é DIAMON

N40 G1 X55 S2000 F100 M3; o avanço calculado foi de 100 mm por minutos

N50 Z-70

N60 G0 X70

N70 Z10

N80 M2; Termina-se o programa com M2 - sempre

Utilize uma folha para desenhar o perfil do programa acima e faça seus comentários.
Vamos incrementar neste segundo exemplo, incluindo raios, chanfro e cone!
Precisamos de uma peça conforme desenho. Observe a Figura 23. A matéria prima é fundida
e está 2 mm maior, entende-se que, com um passo podemos limpar a peça.

Figura 23 - Peça a ser usinada com inclusão de raios e inclinações


Fonte: https://pt.slideshare.net/renanribeiro/apostila-torno-cnc-fanuc-21i (Acesso em jul de 2020).

Dica do professor: Observe que não repetimos na linha


de baixo o ponto de posicionalmente X ou Z, isso significa
que o valor que falta de X ou de Z será igual ao da Linha
anterior.

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Pró-Reitoria de Extensão 44
;Programa 02 - Raios e inclinações; Comando G3

N10 T1 ;

N20 G0 Z10 ;

N30 X0 ;

N40 G1 Z0 S2000 F100 M3 ;

N50 X14 ;

N60 Z-18.50 ;

N70 X34 Z-34 ;

N80 X42 ;

N90 G3 X52 Z-39 CR=5 ; ver Figura 17

N100 G1 Z-59 ;

N110 G0 X60 ;

N120 Z10 ;

N130 M2 ;

Faça os comentários que achar pertinentes nas linhas acima, após o ponto e vírgula
(;)
O programa 3, necessário para a construção da peça conforme a Figura 24, é um
pouco mais complexo que os demais. Neste faremos uma rosca e trocaremos a ferramenta
de desbastar por ferramenta de fazer canal, também conhecida como bedame. A peça foi
pré- usinada deixando 2 mm de sobre metal, sem os canais, sem a rosca externa e sem o
furo. Não será feita a rosca interna.

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Pró-Reitoria de Extensão 45
Figura 24 - Peça a ser usinada com canais, furo e rosca externa
Fonte: http://www.eterfs.com.br/material/mecanica/LISTA_EXERCICIOS_TORNO_CNC.pdf (Acesso em: jul.
2020).

Vamos primeiro ao planejamento da peça e, para isto, algumas observações devem


ser elencadas:
 Deverá ter troca de ferramenta

1º vamos desbastar a peça com T1; fermenta de desbaste


2º vamos limpar o furo com T2; broca 16 em um só passo
3º vamos fazer os canais T3; ferramenta para canais
4º vamos fazer a rosca com T4; ferramenta de rosquear

 OBSERVAÇÕES:

zero peça encontra-se dentro da placa;


se tivéssemos que calcular a RPM utilizaríamos o  60;
A contra-ponta será acionada por comando no painel;

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;Programa 03 - Furos e rosca externa; Comando G32 pg51.txt

N10 T1 ; ferramenta para desbastar o perfil

N20 G0 G54 X100 Z120 ; ponto de troca da ferramenta

N30 X0 ;

N40 G1 Z100 F100 S2000 M3;

N50 X32 ;

N60 Z59 ;

N70 X60 ;

N80 Z20 ;

N90 X95 ;

N100 G0 X100 Z120 ; ponto de troca da ferramenta

N110 T2 ; Broca  16 - Bloco para furar

N120 G17 ; plano definido - necessário para furar no sentido axial

N130 G0 G54 Z105 ; ponto de troca da ferramenta (Z105)

N140 X0 ;

N150 G1 Z65.193 S2000 F30 M3;

N160 Z105 ;

N170 T3 ; ferramenta de rebaixo na largura do rasgo.

N180 G18 G54 ; voltar ao plano de trabalho para torneamento

N190 G0 X100 Z120 ; ponto de troca da ferramenta

N200 X36 Z64 ; primeiro posicionamento do bedame (final da rosca)

N210 G1 X24 S1000 M3 ;

N220 G0 X62 ;

N230 Z46 ; segundo posicionamento do bedame

N240 G1 X54 ;

N250 G0 X62 ;

N260 Z38 ; terceiro posicionamento do bedame

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N270 G1 X54 ;

N280 G0 X62 ;

N290 Z30 ; quarto posicionamento do bedame

N300 G1 X54 ;

N310 G0 X62 ;

N320 X100 Z120 ; ponto de troca da ferramenta

N330 T4 ; ferramenta de rosquear externa

N340 G291 ; código de comando ISO - garante o funcionamento do G32

N350 G0 G54 Z120 ; posicionamento rápido da ferramenta em Z

N360 X33 ; posicionamento rápido da ferramenta em X

N370 G32 Z66 X33 F1.5 M3 ; rosqueamento com passo 1.5 - no  34 mm

N380 G0 X40 ; retirada da ferramenta

N390 Z120 ; retorno da ferramenta para Z de origem

N400 X32 ; posicionamento da ferramenta em X final

N410 G32 Z66 ; rosqueamento no  final rosca M32x1.5

N420 G0 X40 ; retirada da ferramenta

N430 X100 Z120 ; retorno da ferramenta no Z de origem

N440 M2 ; término do programa

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3.4 Simulador

Este tópico será um adicional ao seu esforço de ter chegado até aqui, nele você terá
acesso ao simulador.
O simulador é um software gratuito da Siemens que ajuda na verificação dos
comandos utilizados em um programa – Acesse o QR Code abaixo e veja como instalar.
Siga os passos do QR Code e instale o seu simulador.Assim, bom trabalho!.... Ah!... mas
antes, faça os exercícios na sala virtual e responda às questões para que seja aprovado.
Boa sorte!

Mídia digital: Vá até a sala virtual e assista o vídeo


“Simulador”. Nele você aprenderá a fazer o download do
simulador de programação.

Atividade: Para concluir o curso e gerar o seu


certificado, vá até a sala virtual e responda ao
Questionário “Avaliação geral”.
Este teste é constituído por 10 perguntas de múltipla
escolha, que se baseiam em em programação.

Lá você verá que o foco é fazer com que o programa


desenvolvido execute a figura do produto.

Nas dicas apresentadas até aqui você encontrará muito mais do que foi passado.
Busque aprimorar seu conhecimento, aprofunde em Ciclos, ou até mesmo navegue por
outros comandos.
Nosso curso não acaba aqui, outras oportunidades estão ofertadas na Plataforma
+IFMG.

Parabéns pela conclusão do curso. Foi um prazer tê-lo conosco!

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Pró-Reitoria de Extensão 50
Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8403: Aplicação de linhas em


desenhos – Tipos de linhas - Larguras das linhas: Procedimento. Rio de Janeiro, 1984.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10067 – Princípios Gerais de
representação em desenho técnico. Rio de Janeiro: 1995.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10126: Cotagem em desenho
técnico: Procedimento. Rio de Janeiro, 1987.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12298: Representação de
área de corte por meio de hachuras em desenho técnico: Procedimento. Rio de Janeiro,
1995.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10126: Cotagem em desenho
técnico: Procedimento. Rio de Janeiro, 1987.COELHO, Reginaldo T.; DE OLIVEIRA, João
Fernando Gomes; SILVA, Eraldo Janonne. PRÁTICAS EM PROCESSOS DE
FABRICAÇÃO MECÂNICA. Apostila USP. Fev 2013. Acesso em <
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5565854/mod_resource/content/1/Torno%20CNC_
pr%C3%A1tica.pdf> Acessado em agosto de 2020.
NIANMENG, Luo; ZUAN, Xiao; LIN, Zhu. A system of engineering drawings and BOM
management based on design environment. Journal of Graphics, p. 141-146, 2012.
PINTO, Matheus Lima; SANTANA, Lucas Lima; DEL PINO, Gilberto Garcia. Análise das
Estruturas de Ferramentas de Corte da Usinagem. Semana Acadêmica Reista Científica.
Acesso em<
https://semanaacademica.org.br/system/files/artigos/artigo_matheus_e_lucas1.pdf>
Acessado em agosto de 2020.
SIEMENS. SINUMERIK 802D sl Torneamento - Manual de programação e de utilização.
Comando Versão de software 1.4. 2009.
STOETERAU, Rodrigo Lima. Fundamentos dos Processos de Usinagem. Apostila.
EPUSP. 2020. Acesso em <Sites.poli.usp.br.> Acessado em agosto de 2020.

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Currículo do autor
André Fonseca Félix: Doutor pela REDEMAT - UFOP/UEMG (2016) - Engenharia
de materiais - Desenvolvimento de Produto com reuso de materiais industriais
residuais. Reobtenção de título de Engenheiro de Produção FEAMIG (2009).
Mestrado em Engenharia de Materiais pela REDEMAT/UFOP (2003).
Especialização em Análise de Sistemas pela UNI-BH (2001). Graduação em
Design Industrial - Projeto de Produto pela Universidade do Estado de Minas
Gerias (1999). Experiência de 15 anos de atuação na Indústria de autopeças na
área de metal e polímero. Experiência de 15 anos na docência em cursos
Técnicos, Tecnológicos, Graduação e pós-graduação em instituições como PUC,
UNA, FUMEC e IFMG. Area de atuação: Meio Ambiente, Processamento Industrial
de Metais, Cerâmicas, Polímeros e Compósitos. Experiência na Direção de
Ensino, Pesquisa e Extensão do IFMG - Campus Betim

Currículo Lattes: lattes.cnpq.br/2817091444387181

Feito por (professor-autor) Data Revisão de layout Data Versão

Luiz Augusto Ferreira de


André Félix 11/08/2020 15/12/2020 1.0
Campos Viana

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Glossário de códigos QR (Quick Response)

Mídia digital Mídia digital


Vídeo Aula 01 Vídeo Aula 03

Mídia digital Mídia digital


Instalação do
Vídeo Aula 02
Simulador

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56
Plataforma +IFMG
Formação Inicial e Continuada EaD

A Pró-Reitoria de Extensão (Proex), neste ano de


2020 concentrou seus esforços na criação do Programa
+IFMG. Esta iniciativa consiste em uma plataforma de cursos
online, cujo objetivo, além de multiplicar o conhecimento
institucional em Educação à Distância (EaD), é aumentar a
abrangência social do IFMG, incentivando a qualificação
profissional. Assim, o programa contribui para o IFMG cumprir
seu papel na oferta de uma educação pública, de qualidade e
cada vez mais acessível.
Para essa realização, a Proex constituiu uma equipe
multidisciplinar, contando com especialistas em educação,
web design, design instrucional, programação, revisão de
texto, locução, produção e edição de vídeos e muito mais.
Além disso, contamos com o apoio sinérgico de diversos
setores institucionais e também com a imprescindível
contribuição de muitos servidores (professores e técnico-
administrativos) que trabalharam como autores dos materiais
didáticos, compartilhando conhecimento em suas áreas de
atuação.
A fim de assegurar a mais alta qualidade na produção destes cursos, a Proex adquiriu
estúdios de EaD, equipados com câmeras de vídeo, microfones, sistemas de iluminação e
isolação acústica, para todos os 18 campi do IFMG.
Somando à nossa plataforma de cursos online, o Programa +IFMG disponibilizará
também, para toda a comunidade, uma Rádio Web Educativa, um aplicativo móvel para
Android e IOS, um canal no Youtube com a finalidade de promover a divulgação cultural e
científica e cursos preparatórios para nosso processo seletivo, bem como para o Enem,
considerando os saberes contemplados por todos os nossos cursos.
Parafraseando Freire, acreditamos que a educação muda as pessoas e estas, por
sua vez, transformam o mundo. Foi assim que o +IFMG foi criado.

O +IFMG significa um IFMG cada vez mais perto de você!

Professor Carlos Bernardes Rosa Jr.


Pró-Reitor de Extensão do IFMG
Características deste livro:
Formato: A4
Tipologia: Arial e Capriola.
E-book:
1ª. Edição
Formato digital

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