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continuação benefício assistencial

Os critérios para aferição do requisito econômico são polêmicos.

Para STF Recursos Extraordinários 567.985 e 580.963. julgados


conjuntamente em 17 e 18 de abril de 2013 -por maioria de votos, o STF
pronunciou a inconstitucionalidade material incidental do §3°, do artigo 20,
da Lei 8.742/93, que prevê o critério legal da renda per capita familiar
inferior a ¼ do salário mínimo para a caracterização da miserabilidade.

Na Repercussão Geral – Tema 27, a tese fixada foi a seguinte: “É


inconstitucional o § 3º do artigo 20 da Lei 8.742/1993, que estabelece a
renda familiar mensal per capita inferior a um quarto do salário mínimo
como requisito obrigatório para concessão do benefício assistencial de
prestação continuada previsto no artigo 203, V, da Constituição.” (Leading
Case: RE 567.985, Tribunal Pleno, DJe 3.10.2013)

Reconheceu a inconstitucionalidade parcial por omissão, sem pronúncia


de nulidade e sem fixar prazo para o legislador eleger novo parâmetro (Rcl
n. 4.374, Tribunal Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em
18.4.2013, DJe de 4.9.2013).

O STF, também, reputou inconstitucional o parágrafo único do art. 34 do


Estatuto do Idoso por violar o princípio da isonomia, ao abrir exceção para
o recebimento de dois benefícios assistenciais de idoso, mas não permitir
a percepção conjunta de benefício de idoso com o de deficiente ou de
qualquer outro previdenciário. A tese fixada em Repercussão Geral
Tema 312: “É inconstitucional, por omissão parcial, o parágrafo único do
art. 34 da Lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso).” ( RE 580.963, Tribunal
Pleno, DJe 14.11.2013)

Embora reconhecidos como inconstitucionais, não houve a declaração de


nulidade do art. 20, § 3º, da LOAS, e do art. 34, parágrafo único, do
Estatuto do Idoso.
Entretanto, a aplicação desses dispositivos deve ser conjugada com o § 11
do art. 20 da Lei n. 8.742, de 1993 (redação conferida pela Lei n. 13.146,
de 2015), o qual prevê que poderão ser utilizados outros elementos
probatórios da condição de miserabilidade do grupo familiar e da situação
de vulnerabilidade, conforme regulamento (norma aplicável a partir de
3.1.2016).
§ 11. Para concessão do benefício de que trata o caput deste artigo, poderão ser utilizados
outros elementos probatórios da condição de miserabilidade do grupo familiar e da situação de
vulnerabilidade, conforme regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015)

Segundo orientação do STJ o magistrado não está sujeito a um sistema de


tarifação legal de provas, motivo pelo qual a delimitação do valor da renda
familiar per capita não deve ser tida como único meio de prova da
condição de miserabilidade do requerente (REsp 1.112.557/MG, 3ª Seção,
Rel. Min. Napoleão Maia Filho, DJe 20.11.2009).

O STJ julgou o tema em dois repetitivos fixando as seguintes teses:

Tema 185: “A limitação do valor da renda per capita familiar não deve ser
considerada a única forma de se comprovar que a pessoa não possui
outros meios para prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua
família, pois é apenas um elemento objetivo para se aferir a necessidade,
ou seja, presume-se absolutamente a miserabilidade quando comprovada
a renda per capita inferior a 1/4 do salário mínimo”.

Tema 640: “Aplica-se o parágrafo único do artigo 34 do Estatuto do Idoso


(Lei n. 10.741/03), por analogia, a pedido de benefício assistencial feito por
pessoa com deficiência a fim de que benefício previdenciário recebido por
idoso, no valor de um salário mínimo, não seja computado no cálculo da
renda per capita prevista no artigo 20, § 3º, da Lei n. 8.742/93”.

TRF4: A existência de miserabilidade deverá ser analisada no caso


concreto com base em critérios subjetivos, podendo até ser invocados os
que foram declarados inconstitucionais pela ausência de norma
substituidora, ou com aplicação de outros parâmetros, tal qual o de metade
do salário mínimo previsto para os demais benefícios sociais do Governo
Federal. Nesse sentido: TRF4, AC 0012820-58.2012.404.9999, 6ª Turma,
Rel. Des. Federal João Batista Pinto Silveira, DE de 16.7.2013.

Ainda sobre o critério renda, cabe destacar o IRDR (Incidente de resolução


de demandas repetitivas) Tema 12, do TRF da 4ª Região, cuja tese fixada
foi a seguinte: “O limite mínimo previsto no art. 20, § 3º, da Lei 8.742/93
(‘considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência
ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um
quarto) do salário mínimo’) gera, para a concessão do benefício
assistencial, uma presunção absoluta de miserabilidade.”

TNU- De acordo com a TNU, em incidente de uniformização representativo


de controvérsia julgado em 14 de abril de 2016, "a renda mensal familiar
per capta inferior a "1/4 do salário mínimo não exclui a utilização de outros
elementos de prova para aferição da condição socioeconômica, em face
da inexistência de presunção absoluta de miserabilidade para fins de
concessão de benefício assistencial" (processo 5000493-92.2014-4.D4-
7002), razão pela qual é possível o indeferimento judicial do benefício
mesmo que a renda per capita seja abaixo de "1/4 do salário mínimo, mas
outros elementos de prova produzidos no processo atestem a inexistência
de miserabilidade no caso concreto, conquanto, o INSS sempre defira na
seara administrativa por ainda utilizar como absoluto o critério da renda per
capita familiar abaixo de um salário mínimo.

APRENDIZ: ART. 20 PARAGRAFO 9º. DA LEI 8742/93


Art. 20 lei 8742/93 § 9o Os rendimentos decorrentes de estágio supervisionado e de
aprendizagem não serão computados para os fins de cálculo da renda familiar per capita a que
se refere o § 3o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)

A Lei n. 13.146, de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), alterou a


redação do § 9º do art. 20 da Lei n. 8.742/1991, para fixar que os
rendimentos decorrentes de estágio supervisionado e de aprendizagem
não serão computados para os fins de cálculo da renda familiar per capita,
Art. 21 da lei 8742/93 § 2o A contratação de pessoa com deficiência como aprendiz não
acarreta a suspensão do benefício de prestação continuada, limitado a 2 (dois) anos o
recebimento concomitante da remuneração e do benefício.

CAUSAS DE CESSAÇÃO DO BENEFÍCIO

A cessação do pagamento do benefício ocorrerá nas seguintes hipóteses:

1. superação das condições que lhe deram origem;


2. morte do beneficiário;
3. falta de comparecimento do beneficiário portador de deficiência ao
exame médico-pericial, por ocasião de revisão do benefício;
4. falta de apresentação pelo beneficiário da declaração de composição
do grupo familiar por ocasião da revisão do benefício.
5. constatar irregularidade na sua concessão ou utilização.

O benefício deve ser revisto a cada dois anos para avaliação da


continuidade das condições que lhe deram origem.
Lei 8742/93 Art. 21. O benefício de prestação continuada deve ser revisto a cada 2 (dois) anos
para avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem.

E, ainda, por força do Decreto n. 8.805/2016, o beneficiário que não


realizar a inscrição ou a atualização no CadÚnico, no prazo estabelecido
em convocação a ser realizada pelo Ministério do Desenvolvimento Social
e Agrário, terá o seu benefício suspenso.

De acordo com o art. 21-A da LOAS (introduzido pela Lei n. 12.470, de


2011), o benefício será suspenso pelo órgão concedente quando a
pessoa com deficiência exercer atividade remunerada, inclusive na
condição de microempreendedor individual.

Art. 21-A. O benefício de prestação continuada será suspenso pelo órgão


concedente quando a pessoa com deficiência exercer atividade remunerada, inclusive
na condição de microempreendedor individual. (Incluído pela Lei nº 12.470,
de 2011)
§ 1o Extinta a relação trabalhista ou a atividade empreendedora de que trata
o caput deste artigo e, quando for o caso, encerrado o prazo de pagamento do seguro-
desemprego e não tendo o beneficiário adquirido direito a qualquer benefício
previdenciário, poderá ser requerida a continuidade do pagamento do benefício
suspenso, sem necessidade de realização de perícia médica ou reavaliação da
deficiência e do grau de incapacidade para esse fim, respeitado o período de revisão
previsto no caput do art. 21. (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011)

§ 2o A contratação de pessoa com deficiência como aprendiz não acarreta a


suspensão do benefício de prestação continuada, limitado a 2 (dois) anos o
recebimento concomitante da remuneração e do benefício. (Incluído pela
Lei nº 12.470, de 2011)

O desenvolvimento das capacidades cognitivas, motoras ou educacionais


e a realização de atividades NÃO remuneradas de habilitação e
reabilitação, entre outras, não constituem motivo de suspensão ou
cessação do benefício da pessoa com deficiência .

Mas extinta a relação trabalhista ou a atividade empreendedora e, quando


for o caso, encerrado o prazo de pagamento do seguro-desemprego e não
tendo o beneficiário adquirido direito a qualquer benefício previdenciário,
poderá ser requerida a continuidade do pagamento do benefício suspenso,
sem necessidade de realização de perícia médica ou reavaliação da
deficiência e do grau de incapacidade para esse fim.

A cessação do benefício de prestação continuada concedido à pessoa


com deficiência, não impede nova concessão do benefício, desde que
atendidos os requisitos definidos em regulamento.

CARÁTER PERSONALÍSSIMO

O benefício assistencial é intransferível e, portanto, não gera pensão por


morte.

De acordo com a TNU "nada obstante se trate de benefício de natureza


personalíssima, o óbito daquele que postula benefício assistencial de
prestação continuada não gera a automática extinção do feito sem a
resolução de seu mérito, devendo ser analisado o direito dos herdeiros ou
sucessores ao recebimento dos valores residuais, compreendidos no
período que vai da data do requerimento do benefício até o óbito do
postulante" (informativo 9 - processo 0003238-8o.2o11.4.03.6318, de
14/9/2016)

O valor do resíduo não recebido em vida pelo beneficiário será pago aos
seus herdeiros ou sucessores, na forma da lei civil. Nesse sentido: TNU,
PEDILEF 0176818-18.2005.4.03.6301, Rel. Juiz Federal Frederico
Augusto Leopoldino Koehler, Sessão de 14.9.2016.

Sumula – 161 do STJ


SÚMULA N. 161 É da competência da Justiça Estadual autorizar o levantamento dos valores relativos ao
PIS/PASEP e FGTS, em decorrência do falecimento do titular da conta.

SUCESSÃO PROCESSUAL

Possibilidade – lei Civil – O que se transfere é o crédito

APURAÇÃO DA RENDA NO PROCESSO JUDICIAL

Perícia por assistente social ou auto de constatação por Oficial de Justiça

Quanto à apuração do requisito econômico para fins de concessão do


Benefício de Prestação Continuada, a questão relacionada com a
realização de laudo socioeconômico. A esse respeito destacamos:

TNU: Súmula n. 79 – Nas ações em que se postula benefício assistencial,


é necessária a comprovação das condições socioeconômicas do autor por
laudo de assistente social, por auto de constatação lavrado por oficial de
justiça ou, sendo inviabilizados os referidos meios, por prova testemunhal.

FONAJEF: Enunciado n. 50: Sem prejuízo de outros meios, a


comprovação da condição socioeconômica do autor pode ser feita por
laudo técnico confeccionado por assistente social, por auto de constatação
lavrado por Oficial de Justiça ou através de oitiva de testemunhas.
FONAJEF: Enunciado n. 122: É legítima a designação do oficial de justiça,
na qualidade de “longa manus” do juízo, para realizar diligência de
constatação de situação socioeconômica.

DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO

O benefício tem início a partir da data da entrada do requerimento, sendo


devido enquanto permanecerem as condições que deram origem à
concessão. Mesmo quando deferido por decisão judicial, seus efeitos
devem retroagir à data do requerimento administrativo, uma vez
caracterizado que, na oportunidade, o requerente já preenchia os
requisitos.

Súmula n. 22 da TNU que tem o seguinte teor: “Se a prova pericial


realizada em juízo dá conta de que a incapacidade já existia na data do
requerimento administrativo, esta é o termo inicial do benefício
assistencial”.

DIVERSOS

Em situações de equívoco da Administração, que ao invés de conceder o


benefício de natureza previdenciária (a que fazia jus o requerente),
concede uma LOAS, é cabível a modificação do benefício originário, com a
consequente concessão da pensão por morte aos dependentes.

Nesse sentido, decidiu a TNU no PEDILEF 0501349-


87.2012.4.05.8308/PE, Rel. Juiz Federal Frederico Koehler, DOU de
8.7.2016, inclusive quanto ao marco inicial da decadência para a revisão:
No presente caso, a situação mostra-se excepcional, na medida em que a
Administração, erroneamente, concedeu ao de cujus o benefício de Renda
Mensal Vitalícia, que não dá direito à pensão por morte a seus
dependentes, tendo a Turma Recursal de Pernambuco, mediante análise
das provas dos autos, acolhido a argumentação do autor de que sua
falecida esposa fazia jus à aposentadoria por invalidez, e não à Renda
Mensal Vitalícia. Dessa forma, especificamente nesse caso em que o
benefício originário foi concedido de forma equivocada, o prazo
decadencial deve ter como termo inicial o requerimento da pensão por
morte (STJ, REsp 1.502.460/PR 2014/0327686-7, Rel. Min. Humberto
Martins, DJ de 5.2.2015).

Acumulação com outros benefícios

O BPC não pode se acumulado com qualquer outro benefício (assim


entendidas as prestações de caráter pecuniário) no âmbito da Seguridade
Social ou de outro regime, inclusive o seguro-desemprego, ressalvados o
de assistência médica e a pensão especial de natureza indenizatória.
A pensão especial aos portadores da Síndrome de Talidomida, que é mantida pelo INSS por
conta da União (art. 4º), tem natureza indenizatória

A Pensão especial por hanseníase é um benefício devido às pessoas atingidas pela


hanseníase que tenham sido submetidas a isolamento e internação compulsórias em hospitais-
colônias até 31 de dezembro de 1986

A acumulação do benefício com a remuneração advinda do contrato de


aprendizagem pela pessoa com deficiência está limitada ao prazo máximo
de dois anos,

O Benefício de Prestação Continuada NÃO está sujeito a desconto de


qualquer contribuição e não gera direito ao pagamento de abono anual
–DÉCIMO TERCEIRO.

Para beneficiar as crianças como microcefalia decorrente de doenças


transmitidas pelo Aedes aegypti. De acordo com o artigo 18 da Lei
13.301/2016, "fará jus ao benefício de prestação continuada temporário, a
que se refere o art. 20 da Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993, pelo
prazo máximo de três anos, na condição de pessoa com deficiência a
criança vítima de microcefalia em decorrência de sequelas neurológicas
decorrentes de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti", sendo que o
benefício será concedido após a cessação do gozo do salário-maternidade
originado pelo nascimento da criança vítima de microcefalia.

Entende-se que a Lei 13.301/2016 objetivou ampliar a proteção ao


deficiente microcéfalo fruto de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.

Desta forma, nos primeiros três anos, se deve presumir de modo absoluto
que a microcefalia gera a deficiência de longo prazo, não sendo
necessária a perícia médico-social, desde que caracterizada a situação de
miserabilidade, pois se trata de exigência constitucional e a dispensa desta
prova foi objeto de veto presidencial.

Após o triênio, na situação de persistência da vulnerabilidade social, a


criança com microcefalia deverá se submeter normalmente à perícia
médico-social para verificação de deficiência de longo prazo, pois cada
situação não é idêntica a outra, na medida em que existem situações muito
mais severas de prejuízo da capacidade cognitiva da criança.

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