Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Conceito de recurso
Recurso em um sentido amplo é todo e qualquer instrumento que pode se valer para poder
exercitar o interesse perante o poder judiciário. Nesse sentido amplo, é possível incluir nessa
categoria a petição inicial, porque ela é um instrumento para levar uma pretensão ao
judiciário. Na contestação também se exercita pretensões, e essa categoria inclui também
chamamento ao processo, apelação, recurso extraordinário.
“dentro do mesmo processo” – Para ser recurso, o ato que impugna a decisão brota da
mesma relação processual. Através do recurso se estende o curso do processo de forma a
atacar a decisão. Se está prolongando o curso, ele ainda é o mesmo, está no mesmo
processo.
Isso é importante porque existem formas de atacar uma decisão judicial que fazem surgir um
novo processo. Ou seja, terá um processo para discutir outro processo, como a ação
rescisória, em que se instaura um processo para questionar a decisão dada em outro
processo. Há o processo que originou a decisão e a ação rescisória, que caso seja procedente
desconstituiria a decisão dada em outro processo. A ação rescisória não é recurso porque
não é dentro do mesmo processo. O mandado de segurança também é um exemplo de um
processo para discutir outra decisão. É uma ação autônoma em que se cria uma nova relação
processual para discutir a decisão de outro processo.
Recurso, ação autônoma de impugnação e sucedâneo recursal – Os três permitem a
modificação de uma decisão.
O recurso é uma forma de mudar a decisão dentro do mesmo processo. Na ação autônoma
de impugnação é um processo distinto para desconstituir a decisão. Sucedâneo recursal é
tudo que não é recurso e não é ação autônoma de impugnação (ex.: remessa necessária,
pedido de reconsideração).
O artigo 489, §1º do CPC mostra como o juiz deve fundamentar uma decisão, avaliando os
precedentes. Nesse caso, se o juiz deixa de utilizar os precedentes, pode-se interpor
embargo de declaração para integração.
Justificativas para Existência Dos Recursos
A primeira grande justificativa para existência de recursos que a doutrina costuma apontar é
que ele serve para evitar injustiças, para evitar que decisões incorretas sejam proferidas;
julgar é um ato humano e por isso é suscetível a falhas e o recurso se abre como uma
possibilidade corretiva; como o recurso é julgado por órgãos colegiados (três
desembargadores), se existem mais pessoas apreciando a causa a possibilidade de
acontecerem erros diante de uma causa é menor, além disso, leva-se em consideração
também que são pessoas mais experientes; porém os críticos dizem que se a decisão
colegiada é tão boa, que comece logo por decisão colegiada; mas isso não significa que a
decisão do tribunal é perfeita, significa dizer que tem a chance de errar por último, muito
embora tenha essa crítica, o recurso busca corrigir equívocos de primeiro grau de instância;
O segundo fator que costumam atribuir como justificativa é a fiscalidade; a ideia é que se o
magistrado sabe que sua decisão é suscetível de ser examinada por um órgão de hierarquia
superior, a tendência natural é que o magistrado a ser supervisionado tende a errar menos,
pois será mais diligente no julgamento de seus processos; um dos critérios de ascensão na
carreira da magistratura é o merecimento que está diretamente ligado com a menor
quantidade de reformas em suas decisões;
A terceira justificativa é que o recurso contribui para uniformização do direito; se num
primeiro momento, em um nível inferior, pode haver grande número de decisões ímpares e
quanto mais sobe a hierarquia as decisões vão se aproximando e ficando mais uniformes; a
uniformização cessa as dúvidas em relação ao direito (isso de grosso modo); como existem
menos órgãos, dispersa as dúvidas sobre quais interpretações seriam mais adequadas ou
não;
Quanto ao direito aplicado: O recurso pode ser ordinário ou extraordinário (em sentido
amplo) ou excepcional.
Nos recursos ordinários há apelação, agravo de instrumento, agravo interno, recurso
ordinário etc. Num recurso ordinário, pode-se pedir a um Tribunal para analisar tanto
questões de direito como questões fático-probatórias. Avaliar o direito ou avaliar a prova do
processo, porque pode ser que nesse caso tenha conclusões diferentes do que antes. O
recurso ordinário é preocupado com a tutela do direito subjetivo da parte. Evitar a
ocorrência de injustiça.
Nos recursos excepcionais, o tribunal não faz simples revisão de prova. A preocupação do
Tribunal é a aplicação do direito. Pode dizer se em um determinado contexto é aplicado
determinado conceito. A função desses recursos é uniformizar a aplicação do direito. Não
serve para que simplesmente revise a prova processual.
Súmula 7 do STJ. A súmula não fala de recurso extraordinário porque quem julga esse tipo
de recurso é o STF. Não se pode, em sede de recurso excepcional, se avaliar prova. Isso
segue tanto para o recurso extraordinário como para o especial, muito embora tenha sido
editada pelo STJ. Se fosse do STF, falaria do recurso extraordinário.
Princípios
Embargos de divergência – Tentar mudar a decisão para uma que seja mais benéfica quando
há divergência nas decisões.
A consequência prática disso são as críticas feitas para o sistema judiciário pela lentidão que,
em tese, seria causada pelos recursos. Se entende-se recursos como princípio, é possível que
haja supressão para celeridade processual. Se o recurso for entendido como garantia, não é
possível suprimir porque deve estar em todos os processos.
Princípio da taxatividade
Só existem recursos previstos em lei. Só pode ser recurso a forma de impugnação já prevista
em lei, ou seja, muito embora esteja na moda falar de autonomia privada e da possibilidade
de as partes criarem no processo, as partes não têm a liberdade de criar um recurso. O
artigo 994 do NCPC cria um lista de recursos. Não significa dizer que só existem esses
recursos, mas só pode haver recursos previstos em lei. Ex.: na lei de juizado especial há
previsão de recurso; embargos infringentes de alçada na lei de execução fiscal.
A parte não tem autonomia para criar uma forma nova de impugnação à uma decisão.
Princípio da fungibilidade
Dá ideia de possibilidade de substituir. Não há como falar disso sem falar de
unirrecorribilidade. A regra é que só cabe um tipo de recurso, mas em algumas situações
excepcionais, o Tribunal pode conhecer um recurso incorreto como se correto fosse, desde
que observados alguns pressupostos. Atenuação da regra da unirrecorribilidade, porque se
ela fosse levada a ferro e fogo, a consequência prática seria que a interposição de um
recurso incorreto não haveria o que fazer e a pessoa perderia.
Decorre do princípio da instrumentalidade das formas, que diz que um processo não é um
fim em si mesmo, e mostra que o importante é o resultado do processo. Ao âmbito do
recurso, se torna o princípio da fungibilidade.
Há pressupostos para o STJ:
a. Não pode haver erro grosseiro. Não pode servir para salvar um advogado, procurador
e promotor ruim. O STJ entende erro grosseiro como contrariedade a texto de lei ou
a texto de súmula.
b. Para o STJ, o recurso incorreto deve ter sido interposto no prazo do recurso correto.
OU seja, além de não ser um erro grosseiro, a parte tem que, no mínimo, interpor o
recurso no prazo do recurso correto. Isso serve para evitar a mentira, no caso de
saber que usou o prazo errado e usar um recurso que tem um prazo maior para
tentar se safar. Diante de uma situação de dúvida, a pessoa deve usar o recurso com
menor prazo, porque se extravasar o prazo do recurso correto o STJ não vai aceitar.
O princípio da fungibilidade não era expresso no código passado, sendo construindo
praticamente por entendimentos jurisprudenciais. No NCPC, o princípio da fungibilidade foi
expressamente previsto. Não quer dizer que não será utilizado em outros casos, mas que
esses são os mais importantes.
Art. 1024, §3º. O recurso interposto foi embargo de declaração, mas o correto seria o agravo
interno. O relator entenderá como agravo interno, permitindo a fungibilidade entre os
recursos.
Art. 1032 – Se a parte interpôs um recurso especial, quando na verdade a violação não foi à
legislação federal, e sim a constituição, o relator vai intimar a parte para demonstrar a
repercussão geral, unindo as duas coisas e enviando para o STF analisar, convertendo para
recurso extraordinário.
Art. 1033 – violação à legislação federal, mas interpôs recurso extraordinário. Entende-se
como o recurso certo, sem necessidade de abrir prazo para demonstrar repercussão geral
porque isso não é requisito de recurso especial.
O recurso extraordinário serve, entre outras coisas, para fazer controle difuso de
constitucionalidade. Ou seja, quando há violação da Constituição Federal. Precisa observar
todos os pressupostos recursais e também a repercussão geral, e só há isso nesse recurso. A
repercussão geral é mostrar que transcende os interesses dos processos, tendo um aspecto
econômico, social, cultural que extravasa o interesse do litigante. A parte discute, mas
teoricamente poderia ser outra pessoa discutindo o mesmo tema.
O recurso especial serve para caso que viola a legislação federal. Não deve demonstrar
repercussão geral.
Princípio da Dialeticidade
Em todo recurso deve constar as razões do inconformismo do recorrente, ou seja, a crítica
que o recorrente faz à decisão, qual foi o ponto em que houve erro decisório. Não basta ter
o pedido, tem que ter causa de pedir. Se diz que a decisão está incorreta, deve mostrar o
porquê. A parte tem a obrigação de indicar fatos e fundamentos pelos quais ele se insurge
contra aquela decisão para viabilizar o contraditório.
No processo civil não existe recurso sem razões recursais. A parte deve sempre dizer o
porquê insatisfeito, sendo em relação ao conteúdo ou em relação à forma com a qual o juiz
aplicou. Art. 1010, II; art. 1016, II; art. 932, III.
No processo penal é diferente porque a defesa pode interpor recurso sem dizer quais são as
críticas àquela decisão. No processo civil isso não existe, devendo sempre dizer o motivo do
descontentamento.
Princípio da Colegialidade
A ideia é muito simples, a princípio; significa que as decisões dadas em sede recursal, são
decisões feitas por um grupo de magistrados, ou seja, é uma decisão tomada em conjunto;
Se tiver mais pessoas debruçadas sobre o caso, a chance de erro é menor; a ideia é de que a
análise será qualitativamente superior ou, pelo menos, com menores chances de
acontecerem erros do que um análise feita de forma individual;
Se espera de um colegiado efetivo é que todos os julgadores contribuam com a decisão;
para formar um decisão mais completa, complexa e multifacetada;
Muito embora se espere isso, ocorre um problema chamado pseudocolegialidade, ou seja,
parece que é colegiado, mas não é; um primeiro efeito é o que a doutrina tem chamado de
de acordo; não se analisa de forma mais detida o processo para decidir, é uma ideia no
sentido de que há um grupo de desembargadores, mas a decisão colegiado não houve;
Quando um desembargador discorda, ele tem que elaborar um voto explicando as razões ao
qual ele discorda; de acordo não é um problema quando a pessoa concorda realmente, a
falha se encontra quando o desembargador concorda devido ao fato de não ter realizado
sua função;
Ele tem sido utilizado para agilizar o processo; o problema é a falta de coerência, em um
momento se concorda com uma decisão e depois quando é relator, decide de forma
diferente; isso gera também congelamento/enrijecimento do direito, pois várias teses
começam minoritárias e depois de um tempo se tornam majoritárias;
Pode haver a pseudo-colegialidade quando não se sabe qual é decisão pois cada um decide
de uma forma diferente, que é o fenômeno chamado de dispersão de voto; é um problema
completamente oposto que o anterior;
Teoria da média aritmética: soma-se a dispersão quantitativa (cada desembargador fixa um
quantum diferente) toda e divide pelo número de colegiados; essa é uma teoria minoritária;
o STJ diz que essa teoria não pode ser adotada porque ocorre uma substituição de três votos
dados por nenhum voto dado;
Teoria do voto médio: O STJ defende a aplicação dessa teoria; dentre os votos da dispersão
quantitativa de votos, deve-se pegar o maior voto que houve um maior número de
adesões/concordâncias;
Não se aplica essas teorias em casos de dispersão qualitativa, apenas quando o problema for
quantitativa;
Quando a dispersão de voto for qualitativa, vai se aplicar a técnica de ampliação do
colegiado e chamar mais desembargadores para se formar o voto;
A partir da década de 1990, a legislação processual sofreu diversas alterações para aumentar
a celeridade; no NCPC houve uma ampliação de poderes decisórios do relator, ou seja,
decisões que a princípio deveriam ser tomadas de formas colegiadas, passaram a ser
tomadas de forma isolada pelo relator; que é a decisão monocrática;
Art. 932 II, III e IV - poderes do relator: vão falar das principais hipóteses em que o relator
pode decidir sozinho; essas possibilidades são exceções à regra; apreciar o pedido de tutela
provisória nos recursos e processos de competência originária do Tribunal, apreciar o pedido
de tutela provisória nos recursos e nos processos de competência originária do tribunal etc;
Alguns autores dizem que é inconstitucional esses poderes do relator de julgar sozinho fere
o princípio do juízo natural; falam que a legislação infra-constitucional retirou do colegiado a
possibilidade de julgar uma matéria que seria competência dele;
Alisson acredita que não é inconstitucional, pois existe a possibilidade de acionar o
colegiado, se não concordar com o relator, através do agravo interno; o código ainda
permite o relator julgar sozinho, mas de forma a seguir precedentes;
Se de um lado retirou a colegialidade, há uma tentativa de garantir a segurança devido aos
precedentes;
Ampliação do colegiado
Técnica de ampliação do colegiado: antes, no CPC/73, havia a figura dos embargos
infringentes, que tinha como função principal era fazer com que a tese vencida se tornasse a
tese vencedora; toda vez que houvesse divergências de votos, era um recurso que poderia
ser utilizado para reverter a votação; vez que o voto vencido, às vezes, pode ser o voto mais
adequado; na opinião de Alisson, era o recurso mais desnecessário da legislação, pois
estatisticamente os tribunais mudavam muito pouco as votações, que é a propensão
cognitiva do menor esforço; o problema maior é que gerava um maior problema do tribunal
sobre a mesma causa;
O CPC de 2015 acabou com esse recurso, na opinião do Alisson fizeram algo que ficou uma
bosta, que foi a técnica de ampliação do colegiado (art. 942), quando não se tem decisão
unânime no recurso de apelação, no agravo de instrumento que julga mérito do processo,
na ação rescisória que julga procedente o pedido, o tribunal vai aumentar automaticamente
o colegiado (ex: se há 3 desembargadores, serão aumentados os julgadores até que seja o
suficiente para alterar a (possibilidade) decisão, de maneira a conseguir encontrar uma
maioria);
No código passado precisava de um recurso para gerar um efeito similar, o código atual
simplificou o procedimento, mas aumentou a carga de trabalho dos tribunais, e isso, na
opinião do Alisson, piorou o sistema; e isso pode gerar um aumento do de acordo;
Apelação; ação rescisória provida e agravo de instrumento quando julga parcialmente o
mérito.
Princípio da Consumação
Uma vez exercitado o direito de recorrer, não se pode exercitar esse direito novamente;
("fale agora ou cale-se para sempre");
Esse princípio está diluído no processo civil em vários momentos;
Por exemplo, em uma decisão com dois capítulos, o advogado acha que um capítulo está
perfeito (mesmo que prejudicial) e somente recorre do outro capítulo, e, ao comentar com
outro colega, ele descobre uma forma de impugnação do capítulo, porém, agora ele não
pode fazer isso mais por causa do princípio da consumação;
Isso é importante em recursos que se precisa trazer documentos, que devem ser trazidos no
momento de proposição do recurso; então deve tudo ser feito de maneira completa, pois
não vai haver outra chance depois;
A jurisprudência defensiva era um conjunto de entendimento dos tribunais que dificultavam
o acesso do recurso ao tribunal; o princípio da consumação no CPC/73 era utilizado de forma
bizarra e não admitia de forma alguma a complementação de nada; porém, de certa forma,
esse princípio foi mitigado no NCPC, em seu art. 932 § único - antes de considerar
inadmissível o recurso, o relator abrirá prazo (5 dias) para complementação do recorrente
(para fixar documentos);
Princípio da Complementariedade
É uma exceção ao princípio da consumação;
Esse princípio se aplica no julgamento dos recursos de embargos de declaração; os
embargos de declaração é o único recurso do CPC em que o prazo é de 5 dias (os outros
recursos possuem prazo de 15 dias); que serve para sanar omissões do juiz no âmbito do
processo;
Via de regra, o que não se falou no recurso, não pode ser aditado; porém quando os
embargos de declaração, é possível que o recorrente complemente suas razões recursais
quando seu recurso for interposto antes da decisão que dá provimento à embargos de
declaração (integração/esclarecimentos) - art. 1024 § 4º;
Pode-se complementar de forma a atacar o que é novo, ou seja, essa faculdade de
complementação fica adstrita aquilo que é novo;
Art. 1024 § 5º - se os embargos forem julgados improcedentes ou acolhidos, mas não
alteram a conclusão do julgamento anterior, não faz sentido em se falar de aditamento;
Súmula 418 STJ - essa súmula quer dizer que um recurso interposto antes da publicação da
decisão do embargo de declaração, o recorrente tem que aguardar para ratificar o recurso;
ela dá impressão de que a parte tem direito a complementar suas razões de recurso, porém
o problema é que quando a decisão não modificava nada, o STJ dizia que a parte devia
ratificar, se o recorrente não o fazia o recurso era inadmitido; isso era bizarro, pois o sujeito
tinha que ratificar algo que não mudou; ou seja, claramente isso era uma jurisprudência
defensiva;
O art. 1024 § 5º acabou com a súmula 418; se não houve alteração, o recorrente não é
obrigado a ratificar; não se aplica mais essa súmula;
Súmula 579 STJ - parece que ela diz a mesma coisa que o art. 1024 § 5º, porém o STJ
interpreta que não precisa ratificar se não modificou, mas se modificar o recorrente deve
ratificar;
Se modificar tem uma faculdade de aditar, mas o STJ entende que é uma obrigação, se não
ratificar, pelo menos, vai ser recusado;
Em um segundo sentido, para Nelson Neves Júnior, não se olha as realidades distintas de
autos distintos. Interpreta que a decisão interlocutória não tem o poder de paralisar o
andamento do feito na decisão principal. O recurso contra a decisão interlocutória não obsta
o andamento da demanda. Enquanto tramita o recurso, essa tramitação não obsta o
andamento normal perante o juiz de 1º grau. Forma-se autos distintos justamente para dar
essa mobilidade.
Em última instância, isso significa que o recurso de agravo não suspende os autos principais,
que é a regra. Para que um recurso de agravo de uma decisão interlocutória suspenda o
andamento principal, o relator do caso deve dizer esse efeito. Isso serve para evitar a
procrastinação indevida do processo.
Para Alisson, nesse segundo sentido o processo se aplica perfeitamente ao processo civil.
1. Efeito impeditivo
Barbosa Moreira chama de efeito obstativo (esse nome também serve para outra
coisa, por isso Alisson prefere impeditivo). Quando se interpõe recurso, ele impede a
formação da coisa julgada ou da preclusão da matéria decidida se a pessoa recorrer
no prazo certo.
A corrente majoritária diz que todo recurso produz efeito impeditivo. A posição do
STJ é que só produz esse efeito os recursos tempestivos e cabíveis.
2. Efeito devolutivo
Significa dizer que o recurso transfere (devolve) a matéria impugnada para o órgão
ad quem. Ou seja, do juízo que decidiu para o que vai apreciar o recurso.
O juízo que proferiu a decisão é chamado de juízo a quo.
O juízo que vai apreciar o recurso é chamado de juízo ad quem.
Quem vai limitar o efeito devolutivo é o recorrente, porque ele não é obrigado a
recorrer de toda a decisão, podendo devolver apenas parte do que foi decidido no
tribunal. Isso significa que o tribunal ficará adstrito ao que foi devolvido. Tem
exceção, que é o caso, por exemplo, de haver a devolução de um capítulo principal,
mas que tem acessórios. O capítulo acessório segue o principal.
Há polêmica em relação a esse efeito, porque para alguns autores todo recurso
produz o efeito devolutivo, porque a ideia seria questionar a matéria para ser
apreciada. Para outros autores, nem todo recurso produz efeito devolutivo, porque
para isso o juízo a quo tem que ser diverso do juízo ad quem. Para eles, se quem
julgou o recurso foi a mesma pessoa que operou a decisão, o efeito é regressivo.
3. Efeito translativo
Há autores que tratam esse efeito de forma autônoma, como Nelson Neves Junior.
Para ele, é um efeito específico. Já Barbosa Moreira fala que o efeito translativo é um
aspecto vertical do efeito devolutivo.
O problema começa com autores que não reconhecem a autonomia desse recurso. O
efeito devolutivo atua na extensão e o efeito translativo atua na profundida. Tudo
aquilo que submete ao Tribunal é analisado na maior profundidade possível.
O efeito translativo é inspirado no Princípio Inquisitivo, que realça os poderes do juiz.
É um princípio que municia o juiz a agir sem estar provocado.
A grande crítica que se faz a esse princípio é que ele tem uma tendência de
comprometer a imparcialidade do julgador, por isso na maioria das vezes o processo
se rege pelo Princípio Dispositivo, evitando a contaminação do julgador.
Atualmente, significa dizer que o juiz está autorizado a conhecer de ofício matérias
de ordem pública ou matérias que a lei permite o conhecimento de ofício. Ex.:
nulidade de negócio jurídico, requisitos de admissibilidade da demanda, prescrição,
decadência legal, incompetência absoluta, nulidade absoluta, juros legais, correção
monetária, honorários advocatícios, despesas processuais etc.
Decisão de terceira via – Busca-se atualmente evitar decisões que não tenham nada a
ver com o que as partes pediram e nem debateram. Para isso, o Código estabelece a
ideia de contraditório prévio como regra expressa, prevista no art. 10 do CPC. Ainda
que a matéria possa ser decidida de ofício, as partes devem poder debater. Isso serve
para de certa forma controlar o viés cognitivo do tribunal. Essa ideia está prevista no
art. 933 novamente.
4. Efeito suspensivo
Significa conseguir que a decisão não produza efeitos. Que a decisão tenha seus
efeitos suspensos enquanto tramita o recurso. Isso significa na prática que enquanto
tramita o recurso, a decisão não precisa ser cumprida. Não são todos os recursos que
apresentam esse efeito, fazendo com que ainda que tenha recurso em trâmite, a
decisão deve ser cumprida.
Via de regra, a decisão produz efeito imediato e na regra o recurso não tem efeito
suspensivo. Essa regra está prevista no artigo 995 do NCPC. A resposta do recurso
pode mudar a decisão, precisando haver indenização para voltar ao estado de coisa
anterior. O simples fato de precisar ter interposto recurso não significa que não vai
cumprir a decisão, a não ser que haja disposição legal ou judicial em contrário.
Excepcionalmente, o legislador pode atribuir a algum tipo de recurso o efeito
suspensivo automático. Hoje, no sistema do processo civil, só tem um recurso que
tem esse efeito suspensivo automático, que é a apelação, de acordo o artigo 1012,
caput, do NCPC.
Há exceções a essa exceção, ou seja, hipóteses em que a apelação não tem efeito
suspensivo. Art. 1012, §1º do NCPC. Geralmente são hipóteses em que têm caráter
de urgência. Apesar disso, se houver comprovação de dano grave com o
cumprimento, o juiz pode modular essa decisão e permitir a suspensão.
A doutrina e a jurisprudência mostram que o artigo 995 é insuficiente. Para o
embargo de declaração o efeito suspensivo vai depender do recurso subsequente.
Por exemplo, se interpõe embargo de declaração de uma sentença, em que o
embargo subsequente é a apelação, gera efeito suspensivo.
Para os outros recursos que não têm efeito suspensivo, o juiz pode conceder porque
preenche determinados requisitos legais. Muito embora não haja uma previsão do
legislador do efeito suspensivo, o relator poderá atribuir o efeito suspensivo quando
daquela decisão houver risco de dano grave de difícil ou impossível reparação e ficar
demonstrada a probabilidade do provimento do recurso. O recorrente deve
demonstrar que se cumprir a obrigação, vai ser impossível voltar ao estado de coisa
anterior.
A parte pode pedir o cumprimento provisório de uma decisão, mas ele não é
automático porque deve ser requerida pela parte.
Efeito expansivo subjetivo – Acontece quando a decisão alcança alguém que não
recorreu. Isso vai ocorrer nas hipóteses de litisconsórcio unitário.
Efeito expansivo objetivo – Atinge capítulos diversos dos impugnados. Se divide em a.
interno e b. externo.
a. É interno quando vai afetar um capítulo dentro da própria decisão. Não foi
questionado, mas o que foi questionado afeta outros capítulos. Ex.: ação de
paternidade cumulada com alimentos (cumulação própria sucessiva do pedido).
Se o tribunal provê recurso e mostra que não há relação de paternidade,
automaticamente prejudica o capítulo dos alimentos, prejudicando o capítulo
que fixou honorário para o advogado. Geralmente acontece o efeito expansivo
objetivo interno quando há relação de prejudicialidade entre os pedidos.
b. É externo quando impacta em algo de fora da decisão. Normalmente acontece
com decisões que versam sobre nulidade de ato processual. Não anula só um ato,
como também tudo que decorreu dele. Gera o encerramento do processo
principal.
7. Efeito Substitutivo
Substitui uma decisão por outra. Espera-se que essa nova decisão não tenha os
problemas da decisão original, sendo uma decisão melhor, mas nem sempre
acontece isso.
Quando se fala de reforma de decisão diz que teve um error in judicando. Nesse caso
se retira uma decisão e coloca outra no lugar sem o vício original.
Não é possível falar de efeito substitutivo no caso de invalidação. Retira a decisão do
mundo jurídico e o Tribunal não coloca outra no lugar. O próprio juiz que prolatou a
decisão vai dar outra decisão.
Tradicionalmente o efeito substitutivo ocorre com decisões que reformam a decisão
(recurso provido). Sempre acontece quando se pede a reforma de decisão, há o
efeito substitutivo. Apenas o conhecimento do recurso já gera o efeito suspensivo.
Na situação de provimento é claro ver o efeito suspensivo. No caso do recurso
improvido ou desprovido, é como se houvesse a substituição de uma coisa pela
mesma coisa, mas houve a substituição porque o recurso já foi conhecido.
Pressupostos Recursais
O juízo de admissibilidade serve para evitar que o tribunal se ocupe com processos que não
podem ter seu mérito analisado, constituindo um filtro. No CPC/73 o recurso era interposto
perante o juízo a quo que analisava a admissibilidade. O recurso só era enviado para o
Tribunal após averiguação do juízo de admissibilidade. Apesar disso, o tribunal não está
vinculado à decisão positiva de admissibilidade feita pelo juiz a quo, já que quando o recurso
chegasse no tribunal haveria novamente a análise de admissibilidade.
O CPC de 2015 fez mudança em relação a isso, tirando a capacidade do juiz de 1º grau para
analisar a admissibilidade do recurso, já que ela deveria ser feita novamente pelo Tribunal.
Forma de economizar e dar celeridade processual, não ocupando tempo do juiz de 1º grau.
Agora é só analisado pelo Tribunal.
Em relação ao recurso de apelação, hoje em dia a análise é única porque é feita apenas pelo
Tribunal. Essa ideia de análise única do juízo de admissibilidade também foi originariamente
colocado para o recurso especial e extraordinário. Apesar disso, antes de o código entrar em
vigor, aprovou-se uma lei (3.150/16) reinstituindo o duplo juízo de admissibilidade no REsp e
RE, sendo feito pelo tribunal e também pelo STJ e pelo STF conforme for o recurso.
Pressupostos processuais
Cabimento
Adequação
Regularidade formal
Tempestividade
Sucumbência
Legitimidade
Preparo
1. Cabimento
A depender do autor, há autores que fazer uma interpretação mais elástica ou mais
restrita. Quem faz uma análise elástica estuda o cabimento junto com adequação.
Quem faz uma análise estreita fala que para saber se o recurso é adequado, a
primeira coisa que precisa saber é se cabe recurso da decisão. A primeira questão é
saber se é suscetível de recurso.
Ex.: questão de competência do juiz por alegar incompetência num caso que há
vínculo com a parte; não declaração de amicus curie.
Essas decisões irrecorríveis são exceção ao sistema.
2. Adequação
Se a decisão não é irrecorrível, cabe recurso. Se cabe recurso, a segunda questão é
saber qual é o recurso correto. Diz sobre a singularidade. Para cada tipo de decisão,
só há um tipo de recurso adequado.
A doutrina fala que a análise da adequação é a fusão do princípio da
unirrecorribilidade, taxatividade e no caso de REsp e RE, também precisa ter a
satisfação do princípio do prévio esgotamento das instâncias ordinárias.
É taxatividade pela impossibilidade de criar outros recursos diferentes daqueles
previstos no art. 994 e na legislação esparsa.
A adequação seria uma correlação entre a taxatividade e a singularidade. Se só há
recursos previstos e apenas um se adequa a cada decisão, é essa a análise a ser feita.
3. Legitimidade recursal
A terceira questão que surge é quem pode recorrer da decisão.
Art. 996, NCPC. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro
prejudicado e pelo MP.
Juiz não tem legitimidade recursal, porque ele mesmo decide. O recurso nasce de um
descontentamento da parte em relação à decisão. Excepcionalmente demais, a lei dá
para o juiz a legitimidade para recorrer em alguns incidentes processuais. Isso é a
exceção da exceção da exceção pra sempre. Além disso, o juiz nunca recorre da
própria decisão.
Ex.: quando o juiz não se declara suspeito e a parte acredita que será prejudicada,
pode pedir para que mude de juiz. Nesse caso, o juiz tem capacidade postulatória
para argumentar, mas apenas porque é parte na questão de suspeição.
Parte – parte vencida, e não qualquer parte. Parte que sucumbiu. Desde que tenha
perdido, pode ser tanto o autor como o réu. O réu revel pode recorrer porque
ingressa no processo no estágio em que ele se encontra. Pode recorrer se ainda
houver prazo. Apesar disso, se não habilitou advogado, dificilmente vai saber sobre
recorrer pela ausência de notificação.
Terceiros intervenientes – Deixa de ser terceiro e passa a ser parte do processo, não
como autor e réu, mas pode recorrer quando a decisão lhe prejudica. Ex.: assistente,
sócio que surge a partir da desconsideração da personalidade jurídica.
Terceiro prejudicado – Excepcionalmente pode resvalar sobre quem não foi parte no
processo. Essa pessoa também pode recorrer, mas terá que demonstrar a relação
com o processo e a pertinência com aquela decisão. Art. 996, parágrafo único. Ex.:
caso de formação de precedente (IRDR) que prejudica outros. A parte que se sentir
prejudicada pode questionar.
4. Sucumbência
Para Alisson o melhor nome é interesse recursal, porque não é sempre que só aquele
que sucumbiu vai recorrer.
Alguns autores chamam de interesse recursal. Esse requisito também está previsto
no art. 996 do NCPC na parte em que diz sobre a parte vencida.
Só vai poder recorrer aquele que perdeu. Se ganha parte e perde parte, pode
recorrer do capítulo em que saiu derrotado. Então a ideia básica desse pressuposto
significa que só tem interesse recursal quem perdeu, e perder é no dispositivo da
decisão. Se o juiz decidiu por uma linha argumentativa diferente, mas deu o que a
parte pediu, a princípio não cabe recurso. Isso porque o recurso tem que trazer um
resultado prático, sendo uma melhora na vida daquele que sucumbiu.
Excepcionalmente, mesmo a parte vencida pode recorrer da decisão. Via de regra,
aquele que recorre é quem perde.
Se tem uma sentença terminativa que transita em julgado, depois disso a parte pode
recorrer da demanda, porque só faz coisa julgada formal. Se tem uma sentença
definitiva faz coisa julgada material, não podendo entrar com a mesma demanda
posteriormente. Nesse caso, mesmo a parte que ganhou pode recorrer de uma
decisão terminativa na intenção de obter uma sentença definitiva.
Na ação coletiva, a ação de improcedência só faz coisa julgada material se houver
amplo esgotamento da prova. Depende do que aconteceu no processo.
No âmbito criminal por exemplo, o réu que foi absolvido por falta de provas também
tem interesse em ter um resultado que diz que o fato não ocorreu, porque a não
ocorrência impede que a pessoa seja perturbada de novo sobre o caso, enquanto a
ausência de provas pode fazer com que retorne o caso.
Aceitação
Comportamento da parte que demonstra sua aquiescência, sua conformação com a
decisão proferida.
Pode ser de duas formas: expressa e tácita.
A aceitação expressa é quando manifesta nos autos a aceitação da decisão. Essa
aceitação não gera efeito prático muito interessante.
A aceitação ocorre quando há um comportamento incompatível com o interesse de
recorrer. Ideia de non venire contra factum próprio. Não pode ter atos contraditórios.
Pratica ato que não representa manifestação de resignação em relação à decisão.
Muito pelo contrário, o comportamento parece que concorda com a decisão. O
exemplo mais comum é o cumprimento da decisão judicial quando é cabível recurso
com efeito suspensivo. Se liga à ideia de preclusão lógica pela prática de um ato
incompatível com o que deveria praticar.
Renúncia
Abrir mão do direito de recorrer, não exercitando-o. A renúncia também pode ser
expressa ou tácita.
A renúncia expressa é quando a parte expressamente nos autos mostra que não tem
interesse em recorrer. Ocorre muito para trazer o momento do trânsito em julgado,
porque apenas depois dele se expede o mandado de averbação. É importante para o
registro.
A renúncia tácita existe quando a pessoa não se pronuncia, mas pelas atitudes
interpreta-se como se houvesse renúncia. Ex.: possibilidade de recorrer de dois
capítulos, mas recorreu de só um. Há a interpretação de que renunciou do direito de
recorrer do outro capítulo.
A renúncia também pode ser total ou parcial. A total é quando não recorre de nada e
parcial é quando recorre de parte do que poderia recorrer. Isso acontece devido ao
efeito devolutivo.
Desistência
A parte desiste em prosseguir o recurso já em curso. Não vai adiante com o recurso
que já interpôs.
A diferença da renúncia é que nessa não exercia o direito de recorrer, enquanto na
desistência já interpôs um recurso e não quer prosseguir com ele.
** Pode desistir independente da anuência da parte adversária; Pode desistir
independente da anuência de outros litisconsortes.
Art. 998 e 999, NCPC.
Também pode acontecer de forma expressa e tácita; total e parcial.
O entendimento hoje é que a parte pode desistir do recurso repetitivo, mas não pode obstar
a formação do precedente, apesar de ele não vincular aquela parte. Enunciado 313 e 332.
6. Regularidade Formal
A ideia mais básica significa que os recursos precisam atender as exigências formais.
Ou seja, o recorrente deve observar as formalidades recursais estabelecidas pela
legislação.
Cada recurso tem exigências que lhe são próprias e peculiares. Ex.: no embargo de
divergência precisa mostrar que há jurisprudência divergindo; no agravo de
instrumento há documentos indispensáveis.
Deve ter endereçamento. Alguns recursos são interpostos ao juízo a quo e outros
recursos a parte vai endereçar para o juiz ad quem, mas a regra é ser ao juiz a quo.
Depois de processar, o juízo a quo remete ao ad quem. Isso nada mais é do que dizer
sobre a competência.
Todo recurso tem que ser motivado. É necessário, no processo civil, sempre, indicar
as razões pelas quais entende-se que a decisão está equivocada. Essa petição que se
faz a motivação é chamada de razões recursais. Recurso sem motivação viola o
princípio da dialeticidade.
Última parte no inciso III, art. 932 do NCPC. Súmula 182 do STJ. Por mais que o
agravo do artigo 527 não exista mais, a razão de ser da súmula ainda continua válida.
Não é repetir a petição inicial, e sim atacar a decisão especificamente.
Todo recurso deve ter pedido. É o mérito do recurso. Pode ser reforma, invalidação,
integração ou esclarecimento. Pode também ser mais de uma coisa, havendo
cumulação de pedidos.
O NCPC deu uma abrandada na regularidade formal. Muito do que não era sanável,
passou a ser por conta do art. 932, parágrafo único.
7. Tempestividade
Um recurso é tempestivo quando é praticado dentro do prazo legal instituído para a
sua prática. Não pode ultrapassar esse prazo.
O recurso prematuro acontecia antes do prazo, antes da intimação, e não antes da
decisão. O STJ falava que era intempestivo. Isso não seria válido porque a intimação
serve apenas para dar ciência, mas se a parte não precisou dela para saber da
decisão, poderia recorrer desde então.
Hoje em dia não há mais essa questão, porque entende-se que quando se diz dentro
do prazo é que ele não pode ser ultrapassado, porque na vigência do NCPC, não há
que se falar mais da figura do recurso prematuro.
Se passa desse prazo de recurso, diz-se que ele é intempestivo.
Contagem do prazo
Os prazos são contados em dias úteis, mas é importante saber também qual é o início
da contagem do prazo.
No direito processual civil, o prazo inicia no dia seguinte ao da intimação e inclui o dia
de término.
Quando a decisão é proferida em audiência a legislação considera intimados os
presentes. Se a parte não comparece de forma injustificada na AIJ, a pessoa que deve
buscar se informar sobre. Certifica do trânsito e começa a execução. É um risco que
se corre por deixar de comparecer em um ato processual.
Quando a decisão não é proferida em audiência, normalmente as partes são
intimadas via publicação no diário oficial.
Existem alguns órgãos que têm prerrogativa de intimação pessoal, como a defensoria
pública e o MP.
8. Preparo
Preparo é o encargo financeiro decorrente da tramitação do recurso. Para o recurso
ser processado. Via de regra, todo processo tem.
Geralmente o valor varia de acordo com o valor da causa.
Além do preparo, quando há algo físico ainda se paga a taxa de remessa e retorno de
autos. Envio dos autos e volta para a comarca de origem. Por isso só faz sentido
quando é físico.
Existem pessoas dispensadas de recolher o preparo. Ex.: quem litiga com base no
benefício da assistência jurídica gratuita; MP; União; estados; município; DF;
autarquias e demais entes que gozam de isenção legal (pessoas jurídicas de direito
público).
Quando o preparo deveria ser recolhido, mas a pessoa não recolheu, diz-se que o
recurso é deserto. A punição aplicável para o recurso deserto é que ele não é
conhecido.
Quem realiza o preparo incompleto tem direito a ser intimado para complementar o
recolhimento (recolhimento simples, que é simplesmente completar).
Quem não recolheu nada do preparo, o NCPC trouxe uma nova regra, que mostra
que antes de aplicar a pena de deserção, será intimado a recolher o preparo em
dobro.
O prazo para comprovar o preparo é o tempo de contestar porque deve ser
apresentado junto o comprovante.
RECURSOS EM ESPÉCIE
APELAÇÃO
Despacho não cabe recurso porque não tem conteúdo decisório. Apenas promove o
andamento do processo.
Apelação é um recurso que vai sempre incidir sobre a decisão de um juiz de 1º grau. Não
existe apelação de decisão dada por Tribunal. Muitas vezes a doutrina utiliza a palavra
sentença como sinônimo de decisão. Para ser apelação, deve ser de uma decisão dada por
juiz de primeiro grau.
Art. 203, §1º NCPC – Pode existir regra diversa no momento em que se cria em
procedimentos especiais, mas em regra traz o conceito de sentença. Não basta que tenha
um conteúdo. É indispensável que esse ato decisório encerre uma fase cognitiva do processo
ou a fase de execução. Conteúdo + encerramento de módulo processual.
Se faltar qualquer uma das duas coisas, há a decisão interlocutória.
Se identificar de forma incorreta qual o tipo de ação decisória que se tem, errará o tipo de
recurso a ser interposto. No caso do art. 178 o prazo para decadência é de 4 anos.
No CPC/73, a apelação só tinha uma finalidade, que era discutir sentença. Pouco importava
se era uma sentença terminativa ou definitiva, se houvesse uma sentença, o recurso seria
apelação.
O NCPC criou um sistema diferenciado de preclusão, que é chamado de sistema dinâmico de
preclusão. Quando tem decisões interlocutórias que não são agravadas de imediato porque
não estão no rol do art. 1015, essas decisões também passaram a ser objeto do recurso de
apelação. Hoje, então, uma apelação serve para atacar sentenças e decisões interlocutórias
não agraváveis de imediato. Elas são as decisões interlocutórias que não estão no rol do art.
1015.
Uma parte pode apelar muito embora tenha sido totalmente vencedor na demanda?
Hipótese em que a pessoa se sucumbiu em um incidente processual que não permite agravo
imediato, mesmo que tenha sido vencedor da demanda. Pode apelar posteriormente.
Art. 1009, §1º. Nas preliminares recursais geralmente se trata das questões de
admissibilidade recursal, porque são antecedentes lógicos ao julgamento do mérito. Além
dessas clássicas preliminares, pode haver preliminares discutindo decisões que não tiverem
sido possíveis via agravo de instrumento.
Pode também se fazer nas contrarrazões de apelação. Historicamente, contrarrazões é uma
peça só para defender. Quando recorre, diz que a decisão está errada. A contrarrazão
acredita que a decisão é boa. Normalmente quem contrarrazoa só quer que a decisão se
mantenha, porque se não quer isso vai recorrer. Quer que se mantenha tal qual ela está,
porque se tiver insatisfeito deve recorrer. Se não o fizer, aceitou de forma tácita a decisão.
As contrarrazões tem natureza de peça defensiva no sentido de não querer nada diferente
de como está.
Atualmente, a partir do NCPC, a contrarrazão ganhou natureza recursal. Ganhou natureza
híbrida. Pode-se na contrarrazão de apelação não só querer manter como ela foi proferida.
Pode manter uma coisa e questionar a outra. Hoje pode pedir nas contrarrazões de apelação
uma decisão das decisões interlocutórias que não teve chance de agravar antes. É por isso
que hoje a doutrina fala que a natureza jurídica da contrarrazão mudou. Pode ser um
comportamento de questionar outras decisões.
A petição de apelação é dirigida ao juiz a quo (1ª Vara Cível de GV – ex); quem vai julgar é o
TJ.
Depois do processamento regular (intimar a outra parte para contrarrazões) envia para o
tribunal.
Após ter apelado da sentença, o juiz deve intimar o recorrido para contrarrazoar. No prazo
de contrarrazão a parte também pode apresentar uma apelação adesiva ou então pode, no
bojo das contrarrazões dela, questionar uma decisão interlocutória não agravável. Após isso,
o juiz deve intimar a outra parte, já que também houve o contraditório para a outra parte.
Se não tiver havido decisão interlocutória e nem recurso adesivo, o juiz envia direto ao
Tribunal.
O passo do juiz após o recebimento das contrarrazões depende do que veio junto. Se teve
apelação adesiva ou apelação de decisão interlocutória não agravável, deve chamar a outra
parte para a realização do contraditório. Após isso, envia para o Tribunal.
Quem avalia pressuposto recursal é o tribunal.
Competência para julgar é diferente da competência para interpor, que é a competência
para receber o recurso.
Efeitos da apelação
Efeito Devolutivo – É a transferência de uma matéria decidida por um órgão inferior para um
órgão jurisdicional superior. Possibilidade de o tribunal reanalisar uma matéria decidida por
um outro órgão jurisdicional.
É vinculado ao ato recursal da parte. Se pode recorrer de uma parte da decisão, o efeito
devolutivo fica limitado ao que foi pedido pela parte. O que limita esse efeito é o pedido da
parte, já que não é obrigada a recorrer da decisão toda. A depender do que a parte pediu,
isso também vai influenciar o que o tribunal vai julgar, já que fica adstrito a essa parte.
Apesar disso, há capítulos que são prejudiciais a outros. Nesse caso, por extensão esses
capítulos também serão afetados.
Da mesma maneira que é possível cumular pedido, é possível cumular causa de pedir. Pode
ter mais de uma razão para fazer um pedido. No art. 1013, o código trata que o tribunal está
livre para analisar todas as causas de pedir caso tenha devolvido uma das partes para o
tribunal. Pode avaliar tudo que estiver afeto àquele capítulo.
A doutrina fala que esses dispositivos falam da profundidade do efeito devolutivo. (Art.
1013, §1º e 2º). Há autores que chamam o efeito translativo de profundidade do efeito
devolutivo. Poderia limitar verticalmente a atuação do tribunal, mas não horizontalmente.
Efeito translativo – É uma ficção. Muito embora a parte não tenha falado, é como se ela
tivesse suscitado aquela matéria.
Efeito suspensivo – Regra geral, os recursos não têm efeito suspensivo. Apesar disso, o
entendimento majoritário é que a apelação tem efeito suspensivo. Excepcionalmente,
haverá a apelação sem efeito suspensivo. Em uma decisão, há capítulos que podem ter
efeito suspensivo e outros não.
Ex.: condenação a alimentos e indenização. A obrigação alimentícia não tem efeito
suspensivo, mas a indenização tem. Se a parte recorre disso e há possibilidade de separar os
capítulos autônomos, é isso que vai acontecer; Ação demarcatória com indenização. O
primeiro não tem efeito suspensivo e o segundo tem.
A causa está madura quando está pronta para o julgamento, porque muitas vezes pode
julgar o mérito no sentido de improcedência, mas a causa não está madura. Diz-se que esse
processo está pronto para ser julgado quando já há os elementos de convicção necessários
para o julgamento. Isso é visto no julgamento conforme o estado do processo (julgamento
antecipado do mérito, no código passado). Não precisa mais de colhimento de provas ou
outros documentos.
Normalmente, esse instituto está atrelado à ideia de desnecessidade de produção
probatória. Pode ser um fato possível de comprovação só por via documental (petição inicial
para o autor e contestação para o réu) ou então pode ser desnecessária essa dilação
processual por ser “causa de direito”, que é aquela só discutida no plano legislativo. Não
envolve outras coisas ou questão de fato para saber sobre a existência desse direito.
A ideia dessa teoria é evitar que o processo se prolongue desnecessariamente. O processo já
está pronto para ter colhido seu fruto, que é a decisão. Se a decisão já tem elementos para
poder ser produzida, ou seja, se esse é o fruto que se quer colher, ela deve ser prolatada
logo.
Nos recursos, há algumas hipóteses, principalmente nas de invalidação, em que o tribunal
cassa uma sentença, que significa que retira essa sentença do lugar e retorna para o original
que proferiu a decisão, de forma que o juiz que proferiu a decisão deve colocar outra no
lugar sem os vícios.
É um tipo de instituto que mostra que os processos devem ter uma duração razoável. Em
algumas circunstâncias, quando o processo já tiver condição de ser decidido, o processo não
precisa ser retornado para a origem. O próprio Tribunal está autorizado a proferir desde logo
uma decisão.
Hipóteses (art. 1013, §3º): sentenças terminativas; quando o juiz de origem decidiu com
base em prescrição ou decadência (prescrição é uma defesa preliminar, de forma que o juiz
não precisa mais produzir prova, tanto é que o código permite o julgamento liminar do
pedido por prescrição ou decadência); nos casos em que a decisão não obedece a
congruência com o pedido ou causa de pedir (o juiz deu mais do que o que foi pedido).
Significa que deve se ater ao que foi pedido. Caso de extra, ultra e citra petita. O código
autoriza que o tribunal não precisa remeter de novo ao juiz, bastando que anule a parte que
extrapolou; A fundamentação da decisão se aplica também aos precedentes, devendo o juiz
explicar o porquê usou determinado precedente. Se o juiz não explicar de forma satisfatória
a sua decisão, constata-se omissão na fundamentação de um pedido que poderia ser
utilizado e há a possibilidade de fundamentar no momento da apelação.
Essa teoria nasce para acabar com os problemas de distorção dos juízes.
AGRAVO DE INSTRUMENTO
Cabimento
É um recurso cabível em face de algumas decisões interlocutórias, por causa do art. 1015 do
NCPC. A lista de incisos desse artigo só se aplica ao processo de conhecimento, porque o
parágrafo único mostra que cabe agravo de instrumento para decisões interlocutórias em
fase de liquidação, cumprimento ou no processo de execução ou inventário; o NCPC mostra
que de qualquer interlocutória cabe agravo, mas no processo de conhecimento só nas
hipóteses mencionadas.
No processo de conhecimento, para caber agravo de instrumento, tem que ser uma decisão
interlocutória. O agravo de instrumento tem como requisito a necessidade de ser uma
decisão interlocutória. Se a lista do 1015 acontecer na sentença, o recurso será apelação.
Em algumas hipóteses do 1015, não importa o conteúdo da decisão. Basta que a decisão
tenha como objeto aquele tema. Tanto faz o acolhimento quanto a rejeição do pedido, se
deferiu ou indeferiu. Apenas ter o tema como objeto permite haver o agravo, como o inc. I
do art. 1015.
Há algumas hipóteses em que só é possível a depender do resultado da decisão, como o inc.
V do art. 1.015, que só admite agravo para a rejeição do pedido de gratuidade da justiça.
Não basta que a decisão seja sobre o tema, depende do resultado.
A recorribilidade do agravo é secundum eventum litis.
O que não está no rol do art. 1015 não é irrecorrível, desde que seja decisão interlocutória.
Apesar disso, vai se recorrer na apelação ou nas contrarrazões de apelação.
O problema é que quando o legislador faz listas, pode acontecer de esquecer coisas
importantes. Nesse caso, pensa-se em utilizar o mandado de segurança. Apesar disso, a lei
12.016, art. 5º, I, mostra que não é possível se valer desse instrumento para decisões que
caiba recurso com efeito suspensivo. Isso gera problema porque quando não há a presença
no rol do artigo 1015, indica-se recorrer na apelação ou nas contrarrazões de apelação e a
apelação tem efeito suspensivo. Ou seja, não pode impetrar mandado de segurança. Para
Alisson, ainda com isso caberia o mandado de segurança.
Teoria do Recurso Inútil - Para o STJ, ainda que tenha o recurso, se o recurso se mostrar
inútil, seria cabível mandado de segurança. Ex.: inutilidade da apelação para versar sobre
incompetência, porque já vai ter tramitado o processo. Não vai adiantar mais nada.
No âmbito do TRF e TJ, não há essa permissão e nem a possibilidade de ampliação do rol do
art. 1015, deixando da forma mais rígida possível.
Na petição de agravo de instrumento, precisa-se do nome das partes, que se pode chamar
de recorrente e recorrido ou agravante e agravado. É necessária qualificação completa das
partes, inclusive é necessário indicar quem são os advogados que representam essas partes.
Essa indicação serve para facilitar o relator intimar as partes para manifestar o agravo. O
problema disso é que muitas vezes o réu ainda não tem advogado constituído nos autos.
Nesse caso, o autor deve dizer que deixa de indicar o advogado do réu por ainda não ter a
constituição dele.
É preciso tirar cópias de documentos que formam o processo principal para formar um
instrumento que vai tramitar perante o Tribunal. Vai ter os autos do processo tramitando na
primeira instância e no Tribunal vai correr os autos do recurso de agravo. Ou seja, é o
mesmo processo, mas com autos distintos.
A legislação determina alguns documentos que são obrigatórios, definidos no art. 1017, I
(obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a
decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro
documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos
advogados do agravante e do agravado). É necessário no mínimo esses documentos, há
situações que precisa de coisas além disso ou que a parte ache conveniente juntar.
Se falta, no processo, documentos definidos, é necessário juntar uma declaração de que
esses documentos não existem no processo. No NCPC, se o relator observar que não há
algum documento obrigatório ou que ele ache necessário para averiguar a questão, deve
abrir prazo de 5 dias para o agravante completar a documentação (art. 932, parágrafo
único).
Quando o agravo é feito em autos físicos, o agravante tem o prazo de 3 dias para juntar
cópia do agravo nos autos principais. Ela tem duas finalidades: a primeira delas é de facilitar
ou permitir que o agravado apresente contrarrazões ao recurso. Nos autos eletrônicos, não
há sentido em se falar nesses prazos. A segunda finalidade é de permitir que o juiz se retrate
da decisão agravada.
Efeitos
Efeito suspensivo – O agravo não tem efeito suspensivo, mas ele pode ser requerido desde
que se demonstre que há a possibilidade de a decisão gerar grave dano, dano de difícil ou
impossível reparação e a probabilidade de provimento do recurso.
Efeito regressivo – O agravo de instrumento permite esse efeito. Significa que o próprio juiz
que proferiu a decisão pode voltar atrás. Por isso, é sempre bom juntar a petição de agravo
nos autos principais. Essa decisão substitui a primeira.
Apesar disso, pode acontecer de a decisão chegar ao fim e o agravo só chegar ao fim muito
tempo depois. Decisão de agravo superveniente à sentença. É um tema muito complexo e
controvertido, porque quando se fala em decisão liminar é uma decisão dada em cognição
sumária, mas é um tribunal de hierarquia superior (juiz de cognição sumária). Apesar disso,
não teve contato com todas as provas. De outro lado, há um juízo de instância inferior que
esgotou todas as provas do caso (juiz de cognição exauriente).
AGRAVO INTERNO
Recurso cabível das decisões monocráticas proferidas pelo relator ou pelo presidente e vice-
presidente dos tribunais.
Em face das decisões de juízo de admissibilidade proferias pelo relator ou presidente dos
Tribunais, quase sempre o recurso será agravo interno.
O princípio da colegialidade pressupõe que haverá um conjunto de pessoas refletindo sobre
aquele caso, comprometidas para dar uma melhor resposta ao tema. Isso pressupõe que a
decisão dada por um grupo será melhor dada do que uma decisão monocrática. Por outro
lado, em uma tentativa de dar maior celeridade, o Código amplia os poderes decisórios do
relator. Apesar disso, a possibilidade de decisão do relator monocraticamente é uma
exceção. Essa exceção à regra geral está prevista no art. 932 do NCPC, que trata dos poderes
do relator. Como o relator também é falível, o Código queria o recurso de agravo interno
como instrumento para viabilizar a instauração da colegialidade. O objetivo do agravo
interno é permitir a decisão colegiada de um recurso que foi decidido monocraticamente.
Cada Tribunal vai deferir a competência para julgar o agravo interno. Em MG, quem julga o
agravo interno é a turma ao qual pertence o relator que decidiu monocraticamente.
Normalmente, o relator do agravo interno é o mesmo magistrado que decidiu
monocraticamente, conferindo agilidade.
Obs: O NCPC fala que o recorrente no agravo interno não pode simplesmente reiterar o seu
recurso. O relator precisa reiterar que forma específica a decisão monocrática. Art. 1.021,
§1º NCPC.
Art. 1.021, §3º - O relator não pode simplesmente reproduzir o conteúdo da decisão
agravada para improceder o agravo interno. Isso serve porque sendo o mesmo julgador, não
haveria garantia de que ele fosse julgar de forma diferente.
Para evitar a proliferação de agravo interno sem razão, que se chama de “recurso pelo
recurso”, o NCPC instituiu uma penalidade para o agravante.
Art. 1.021, §4º - O agravante paga multa de 1 a 5% do valor atualizado da causa, se for
manifestamente admissível ou for julgado unanimemente improcedente.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
O embargo de declaração só vai ser usado em prova se não couber mais nenhum outro tipo
de recurso, já que ele cabe em tudo.
Rol no art. 102 da CF sobre a competência de julgamento do STF. Ainda que não haja
disposição expressa no texto constitucional, há a competência do STF para julgar embargo
de declaração. Isso se justifica pela Teoria dos Poderes Implícitos.
I Obscuridade – Quando dela não se é possível extrair o que de fato foi decidido. É o caso em
que a decisão peca por falta de clareza.
III Omissão – É omissa quando o juiz deixa de se manifestar sobre pedido ou sobre causa de
pedir que sejam relevantes para a decisão. Aparece, nesse momento, a função integradora
dos recursos. A doutrina costuma falar que os embargos de declaração é um sistema de
aperfeiçoamento à prestação jurisdicional, porque precisa de respostas. Se houver a
omissão, corrige a má-prestação jurisdicional. Corrige decisões infra petita. Instrumento de
correção decisório. Se conecta com a garantia de inafastabilidade do controle jurisdicional,
em que nenhuma lesão ou ameaça ao direito deixará de ser apreciada. Prestação
jurisdicional realizada de forma incompleta.
A doutrina costuma conectar essa omissão com a garantia de inafastabilidade do controle
jurisdicional. Precisa ter um órgão que seja capaz de dirimir litígios e não se pode afastar da
avaliação jurisdicional. Só há um caso em que se pode protelar, já que não pode levar
imediatamente ao judiciário, que é a justiça desportiva. Antes de levar ao judiciário, utiliza-
se dela. Se não conseguir resolver a questão no prazo de 60 dias, pode ir ao judiciário.
Levar uma questão ao judiciário é também receber uma resposta. Por isso, se conecta à
garantia de inafastabilidade porque não basta submeter a questão ao judiciário. Se a
questão não foi devidamente apreciada, os embargos de declaração tem a função de
complementar a decisão.
Omissão direta – Legítima omissão. Quando o juiz realmente deixa de apreciar algo que foi
expressamente postulado pela parte. Hipóteses em que o juiz deve apreciar tudo, como é o
caso de cumulação sucessiva. Não inclui, por exemplo, caso de cumulação imprópria
subsidiária.
Omissão indireta – A rigor, não há pedido e nem causa de pedir. Na petição inicial, não se
identifica. Como a legislação permite que o juiz conheça algumas matérias de ofício e a
qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição, é possível utilizar embargos de declaração
como forma de questionar o juiz sobre essas matérias. É uma omissão indireta porque a
rigor não existe omissão, mas por uma espécie de ficção a legislação permite que conheça a
matéria, desde que não tenha transitado em julgado.
No efeito translativo, o juiz pode conhecer matérias de ordem pública ainda que não tenha
sido provocado para tanto, podendo analisar de ofício. Não está vinculado à manifestação da
parte, porque o que prepondera nesse caso é o princípio inquisitivo.
IV Erro material – Hipótese criada pelo NCPC. Normalmente, se constitui de erro de grafia ou
erros de cálculo, sendo erros que não impedem a compreensão da decisão. Geralmente,
uma vez publicada a decisão do juiz, ele não pode se retratar sem motivação. Há hipóteses
excepcionais previstas em lei. O que acontecia é que as vezes, o juiz ao decidir cometia erros
materiais que são comuns. A jurisprudência sempre admitiu correção de erro material a
qualquer tempo mediante a provocação por qualquer forma. Não precisava de um recurso
para isso, bastando uma petição no processo.
O problema é que às vezes a parte poderia entender erro material e o juiz não e vice-versa, o
que gerava trânsito em julgado. Por isso, criou-se hipóteses no rol de embargo de
declaração.
Efeito infringente não é a regra e só ocorre quando for indispensável para que o embargo de
declaração cumpra sua finalidade. Se para sanar contradição, obscuridade, omissão tiver que
modificar, pode fazê-lo. Apesar disso, o pedido não é primeiramente a modificação da
decisão. Ela é uma decorrência da correção do vício decisório.
Prequestionamento.
É um recurso de cabimento muito restrito. Em regra, não se utiliza. É muito específico e com
peculiaridades.
É um recurso de previsão constitucional – Art. 102, II, a e b.
Prevê cabimento de RO para o STJ e para o STF. Não há tribunal ordinário (TRF e TJ) julgando
RO.
Quando um recurso sai da instância ordinária (juízo tradicional de 1º grau e a jurisdição
exercida pelo TJ e TRF) e vai para as cortes de superposição, o rigor é extremamente
ampliado, muitas vezes até criando requisitos não presentes em lei.
Quando se fala de competência recursal, não começou no tribunal, e sim chegou lá porque
teve decisão e alguém descontente com aquela decisão total ou parcialmente, se insurgiu
contra ela. Então, quando se fala dessa competência, a prova já foi toda produzida na
instância ordinária, via de regra. A discussão é, então, sobre a melhor forma de interpretar
aquela prova e o direito. Normalmente os tribunais desenvolvem competências recursais,
configurando a maior parte de sua atividade.
Quando um tribunal julga um recurso ordinário, o que importa é a tutela do direito subjetivo
da parte, corrigindo injustiças e erro no julgamento. Quando o tribunal julga recursos
ordinários, está autorizado a reavaliar matéria do direito e do fato. Isso significa que quando
o Supremo julga um recurso ordinário, está autorizado a reavaliar provas, e não produzir.
Então, quando a CF fala que vai julgar em grau de recurso ordinário as matérias listadas,
quer dizer que o Supremo vai analisar se o juiz avaliou o direito corretamente, mas se for
necessário avaliar também prova, pode.
Quando se fala de competência extraordinária, se diz de recurso especial e extraordinário e
embargo de divergência nesses recursos. Quando se fala disso, o STF e o STJ têm como
preocupação principal a uniformização do direito. A questão central é definir qual a melhor
forma de interpretar a CF no caso do RE e, no caso do STJ, qual a melhor forma de
interpretar a legislação federal. Quando o STF e o STJ julgam o RE e o REsp, não estão
autorizados a fazer a mera revisão de prova (Súmula 7 do STJ, que se aplica também ao STF).
Ou seja, tem uma limitação na cognição.
O art. 1.027, I do NCPC trata sobre o recurso ordinário julgado pelo STF, mas não inclui
habeas corpus e nem do crime político, porque confia a matéria para o CPP.
O art. 1.027, II do NCP trata do recurso ordinário julgado pelo STJ, com a mesma diferença
do anterior.
Se o problema nasce em órgãos superiores (STJ, TSE, TST, STM), a competência é do STF.
Se o problema nasce no âmbito do TJ e o TRF, a competência é do STJ.
Súmula 272 do STF – Não se aplica fungibilidade recursal entre recurso ordinário e
extraordinário e nem no ordinário de competência do STJ e recurso especial. Há um recurso
específico. Ex.: recorrer depois que se perde um mandado de segurança. O recurso é o
ordinário. Não pode haver a fungibilidade porque para isso não pode haver erro grosseiro, e
se entende que essa confusão é grosseira porque tem expressamente na lei.
Só cabe recurso ordinário de acórdão, porque tanto o STF quanto o STJ entendem que só se
pode utilizar o RO se tiver esgotado previamente as instâncias ordinárias. Então,
normalmente recursos para tribunais superiores pressupõem o prévio esgotamento. Se há
decisão monocrática não cabe RO, porque antes dele sempre há o agravo interno.
Direito líquido e certo é aquele que se comprova por meio de prova documental. Se não há
um direito líquido e certo via mandado de segurança, a consequência é a resolução de
mérito. Após isso, pode propor a mesma demanda em instância ordinária para produção de
prova.
Mandado de segurança de juizado especial não se torna competência nem do STF nem do
STJ.
O objetivo dos recursos ordinários é tutelar o direito subjetivo das partes. Evitar injustiças
nos julgamentos de casos.
Para que se possa evitar injustiças o tribunal possui autorização legal e constitucional de
fazer análise de fato e prova, ou seja, é possível que o tribunal revise fatos (reavaliar provas),
para saber se o juiz fez aquilatação correta daquelas provas;
Súmula 281 STF - é inadmissível recurso extraordinário quando couber na justiça de origem
(estruturas do poder judiciário em que se originou a demanda) outro recurso que pode ser
manejado antes do recurso extraordinário. Previsão do prévio esgotamento das instâncias
ordinárias.
Art. 105 da CF/88 e Súmula 203 STJ - não cabe recurso especial de acórdão proferido por
turma recursal dos juizados especiais porque está listado em rol taxativo que cabe recurso
apenas de causas decididas pelos TJs e TRFs. Se ocorre violação à lei federal no âmbito dos
juizados especiais não há o que se fazer, pois o máximo que se admite é reclamação, que
nem é um recurso, em caso de violação de súmulas. Nessa situação cabe recurso
extraordinário porque a Constituição não limitou que as causas tenham sido esgotadas
perante TJ ou TRF;
Súmula 279 STF e Súmula 07 STJ - não cabe recurso extraordinário ou recurso especial para
apenas reexame de provas. No entanto, cabem esses recursos para se discutir o direito
probatório (ex: discutir prova ilícita, porque não precisa analisar o conteúdo da prova).
Prequestionamento
O requisito do prequestionamento nasce a partir da expressa causas decididas presente nos
art. 102 e 105 da Constituição Federal. Isso significa que o STJ e o STF não será primeira
manifestação do processo, será a última. O tema ser discutido não pode ser inédito.
Em um primeiro momento, o STJ entendia que o tribunal somente poderia manifestar sobre
a matéria de ordem pública se ela houvesse sido prequestionada expressamente. Porém,
isso não corresponde ao entendimento atual do STJ e do STF, entende-se hoje que desde
que tenha sido prequestionada qualquer matéria, não precisa ser especificamente, e o
recurso tenha sido admitido, o STJ e o STF podem analisar as matérias de ordem pública. Se
o recurso foi recebido porque prequestionou qualquer matéria, as matérias de ordem
pública podem ser analisadas.
No prequestionamento, não precisa que o dispositivo de lei (artigo) seja mencionado, basta
que a matéria seja suscitada.
Recurso Extraordinário
Requisitos cumulativos:
1. Decisão em única ou última instância proferida por TRF ou por TJ. Essa exigência se dá
por conta da ideia do prévio esgotamento das instâncias ordinárias. Não é possível
acionar o STF se existir na instância de origem um outro recurso capaz de reverter a
decisão. Se há um recurso que pode ser manejado antes de se valer do recurso
ordinário, deve se valer primeiro dele. É plenamente cabível recurso extraordinário
oriundo de turma do juizado especial tanto estadual quanto federal.
2. Prequestionamento. Não pode ser matéria inédita. Se houver prequestionamento e o
tribunal não se manifestar sobre ela, há a possibilidade de usar embargos de
declaração.
3. Repercussão geral** É um requisito ou pressuposto de admissibilidade recursal, mas é
muito peculiar, porque só há no recurso extraordinário. Ou seja, muito embora tenha
requisitos de admissibilidade comuns a todos os recursos, a repercussão geral é um
requisito de admissibilidade mas só se faz presente no recurso extraordinário. Como a
Constituição é prolixa, que não se limita a temas constitucionais, a possibilidade de
uma decisão judicial de alguma forma resvalar no texto constitucional é grande. Nesse
sentido, historicamente sempre houve a tentativa pelo STF de meios para conter a
quantidade de demandas que chegava ao judiciário. Em 2012-2013, surgiu a
repercussão geral, que não é um requisito originário. Quando institui essa
repercussão, quer que o recorrente demonstre a transcendência da matéria discutida,
ou seja, deve demonstrar que o tema que se leva a discussão importa não só para ele.
Vai além dos interesses da parte. Então, demonstrar a repercussão geral é demonstrar
que extravasa o interesse recursal do recorrente para impactar a própria sociedade.
Essa transcendência pode se quantitativa ou qualitativa.
Quando se fala da transcendência quantitativa, deve-se demonstrar que aquele tema
discutido se equipara à situação de várias outras pessoas. Isso quer dizer que um
número grande de pessoas pode ser beneficiada com aquele julgamento. Quando há
um recurso extraordinário com repercussão geral demonstrada, configura
precedente. Ou seja, o tribunal está obrigado a utilizar aquele julgamento em
decisões futuras. Depois daquela decisão, há um instrumento para utilizar e julgar
todas as decisões com ele. A transcendência aqui se dá por números.
Em contrapartida, há a ideia de transcendência qualitativa. Nada impede que haja
ambos. O que importa não é a repetição de casos, que muitas vezes nem se repete
muito, só que a discussão daquele tema é de suma importância para o
desenvolvimento do direito. O problema, então, não é a quantidade, e sim a
envergadura do tema discutido. Permitir que grupos invisibilizados socialmente
consigam ter voz e suas pretensões possam ser atingidas. Não é pela quantidade, e
sim pelo que o caso representa. Nem sempre haverá uma quantidade grande de
demanda sobre o mesmo assunto, mas ele tem uma representação forte. Ex.: uso de
banheiro de acordo a identificação social. Embora não aconteça todo dia, o tema é
importante.
A repercussão geral é um requisito que deve ser demonstrado pelo recorrente. O
código passado falava que o recorrente deveria abrir uma preliminar e discutir a
repercussão geral. Embora não fale mais, é importante deixar claro que aquele tema
tem repercussão geral. Alguns autores vão dizer que muito embora o código não exija
isso mais, serve par dizer que o STF poderia analisar de ofício. Apesar disso, pela
existência da jurisprudência defensiva que tem como ideia dificultar o conhecimento
de um recurso, é sempre bom demonstrar a repercussão geral.
O código traz algumas hipóteses de presunção de repercussão geral. Nesse caso, não
é necessário abrir preliminar porque ela já está presumida. Não deve demonstrar as
causas de transcendência, porque já se presume que é digna da apreciação. Acontece
em casos em que:
a. Quando contraria a decisão de súmula ou entendimento predominante do STF;
b. Quando a decisão declarar inconstitucional tratado ou lei federal. Quando a CF
fala de lei federal, deve-se ler lei nacional. Lei federal vincula só a União, enquanto
a lei nacional vincula todos os entes. Os tratados reconhecidos tem caráter de
emenda constitucional e o recurso cabível vai ser o extraordinário.
É um requisito de admissibilidade que só pode ser apreciado pelo STF. Quem tem
competência para dizer se uma matéria tem ou não repercussão geral, é apenas o
STF. Isso é importante porque via de regra o juízo de admissibilidade é do juízo ad
quem. No caso do recurso extraordinário e especial, esse juízo é duplo para todos os
requisitos de admissibilidade, exceto a repercussão geral. Depois da primeira análise,
o tribunal está autorizado a replicar.
A repercussão geral só vai ser negada pelo voto de 2/3 dos ministros do STF. Então, se
não atingir esse quórum, se presume que aquele recurso extraordinário tem
repercussão geral. Para julgar a repercussão geral, geralmente se faz pelo plenário
virtual. O prazo para julgar a repercussão geral é de 20 dias a partir da abertura do
prazo pelo relator. Se não se pronunciar de forma contrária à repercussão, significa
dizer que tem a repercussão. Ou seja, o silêncio importa a anuência.
Requisitos alternativos – art. 105, III da CF
1. Contrariar dispositivo constitucional. Como a constituição fala de muita coisa, e
muita coisa é repetida da legislação infraconstitucional, o STF tem um entendimento
histórico que só cabe recurso extraordinário se a ofensa for direta á constituição. Não
cabe se a ofensa for reflexa, que é quando para descobrir a ofensa constitucional é
necessário conhecer o desrespeito à legislação infraconstitucional primeiro. Não
cabe, nesse caso, recurso extraordinário. Só cabe se para descobrir se houve ou não
houve ofensa quando se avalia direto à Constituição. Ou seja, não precisa se socorrer
pela infraconstitucional. Ex.: a violação ao devido processo legal só pode ser
conhecida com a avaliação do NCPC. Seria uma ofensa reflexa.
As vezes o recorrente pode ter dúvida se houve violação de forma direta ou se violou
primeiro uma legislação infraconstitucional, como é o caso da coisa julgada. Nessa
situação, o STF entende que, via de regra, coisa julgada é tema constitucional. Por
conta dessa dificuldade de divisar o que seria uma ofensa reflexa ou direta à
constituição, o NCPC criou a nova espécie de fungibilidade para permitir o
conhecimento de um recurso extraordinário, sendo que o imposto foi o recurso
especial. Nesse caso, o relator vai abrir prazo para a parte demonstrar repercussão
geral e entender como extraordinário.
2. Decisão declarar a inconstitucionalidade de lei federal ou tratado. Se declarar
constitucional, não cabe recurso extraordinário.
3. Decisão que declara válida lei ou ato de governo local em face da Constituição.
4. Decisão que julgar válida lei de governo local (municipal ou estadual) contestada em
face de lei federal. Isso é uma pegadinha, porque se fosse seguir uma regra, seria um
recurso especial. É um problema constitucional. Na verdade, o que está de fundo é a
distribuição de competência legislativa.
Recurso Especial
Não cabe recurso especial de acórdão de turma recursal de juizado especial.
Os requisitos estão previstos no art. 105 da CF.
Os requisitos cumulativos são: a decisão em única ou última instância por TRF ou TJ e
prequestionamento.
Embargos de Divergência
Para caber embargos de divergência, tem que demonstrar que o acórdão recorrido tem uma
similitude fática, mas consequência jurídicas díspares. Muito embora o acórdão recorrido
trabalhe o mesmo tema do acórdão paradigma, a consequência do recorrido é diferente da
consequência jurídica do acórdão paradigma. É necessário fazer o cortejo analítico, ou seja,
é necessário demonstrar que o tema versado no acórdão recorrido se assemelha
(praticamente idêntico).
Os julgados devem espelhar um entendimento atual daqueles órgãos. Não serve como
acórdão paradigma um acórdão que não mais representa a opinião do Tribunal sobre aquele
tema. O recorrente deve demonstrar então que se a questão tivesse caído em outra turma,
o julgamento seria diferente, mostrando que ele agiu de forma aleatória em relação a um
tribunal com mesma hierarquia e competência. Esse acórdão recorrido deve partir de um
órgão fracionário. Se for pelo pleno, não faz sentido a resolução. Só é possível utilizar o
acórdão paradigma se a turma continua a ter competência para decidir aquela matéria
(súmula STJ).
O recorrente vai ter que demonstrar similitude fática discutida. Não cabe embargos de
divergência para discussão do valor do dano moral. Não há como mensurar o valor sem
necessariamente cotejar a particularidade das partes, porque teoricamente teria que
ponderar o poder econômico do ofensor, a condição econômica da vítima. Não cabe só em
relação ao valor porque se for analisar o valor é analisar peculiaridades do caso, e se há essa
análise significa que o caso não é igual.
Se a turma muda o entendimento sobre um tema, não seria cabível embargo de divergência
por conta da decisão proferida em primeira turma. O acórdão recorrido não pode ser da
mesma turma do acórdão paradigma, porque não há a ideia de separação, via de regra. No
caso de alteração substancial na composição da turma, pode haver embargos de divergência
porque é como se fosse um outro órgão. Isso é pessoalizar demais o entendimento
jurisprudencial.